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TEXTOS E PROJETO CONFORME DIRETRIZES da SEE para o mês de agosto, previsto
em Calendário 2017.
Este material abre possibilidades para ser utilizado junto ao nosso público da escola,
aos sábados e domingos e SEMANA LETIVA em parceria com os Professores de ARTE
e LÍNGUA PORTUGUESA.
Teremos (Escola da família) oficinas de XILOGRAVURA e um estudo e ensaio para apre-
sentação de uma OPÇÃO DE CORDEL, escolhido a partir dos textos apresentado neste
documento.
Esta oficina pode ser extendida durante nossos encontros semanais, conteúdo este
que faz parte do nosso currículo e auxilia no processo ensino aprendizagem, trazendo
aos nossos alunos uma forma diferente de participação e aprendizagem.
1
Patativa: características, habitat, espécies, alimentação e reprodução
desta ave de fino canto.
A patativa é um pássaro de canto belo, melodioso. Este canto é usado pelo macho para
marcar seu território. Seu canto é tão atraente e lindo que o pássaro é citado em
poemas, versos e músicas, além de ter virado apelido de cantores do Nordeste.
As características da patativa são a cor cinza-azulado dos machos e parda de fêmeas e
dos jovens filhotes. Bico negro, cinza ou amarelo e comprimento de cerca de 10 cm.
Habitam campos, cerrados e baixadas de diversos estados brasileiros e também
Argentina e Paraguai.
No inverno não é muito vista, pois fica escondida trocando de penas. Depois de
setembro já aparece em casais. Com a primavera e aumento da alimentação, os machos
formam seus territórios e disputam fêmeas. Neste período os machos ficam no topo de
altas árvores cantando para marcar sua área e protegendo-a de possíveis invasores.
Alimentam-se de gramas e brotinhos de plantas. É uma ave que se adaptou muito bem
ao cativeiro.
Existem várias espécies desta bela ave, sendo que as principais são a Patativa Chorona,
o Coleirinho, o Brejal e a Patativa da Amazônia, entre outras.
No período reprodutivo, primavera e verão, a fêmea constrói seu ninho em forma de
uma taça, em árvores não muito altas. Ali ela fará a postura de 2 ou 3 ovinhos que serão
incubados por 13 dias. Depois de 35 dias os filhotes já se alimentam sozinhos e já se
separam dos pais.
Infelizmente, apesar do seu belo canto, a Patativa é um pássaro ameaçado na natureza.
São caçados, principalmente os machos pelo seu canto, sofrem com a destruição e
poluição do seu habitat natural e mais ainda pelo tráfico que ocorre em qualquer
período e lugar.
2
Imagens ilustrativas da patativa.
3
4
1
Ao artista Zenon Barreto
Patativa do Assaré
Querem saber quem eu sou ?
Eu nasci na Solidade
Onde nunca penetrou
A luz da civilidade,
Onde a história vigora
De lobisomem, caipora
E a acauã agoureira
Apavora meus irmãos,
Ali nasci sobre as mãos
Da sertaneja parteira.
Foi ali onde eu nasci
Ouvindo o pássaro cantar
E onde primeiro senti
A brisa branda soprar,
Guardo no peito a saudade
Da minha primeira idade
Onde tudo é ilusão,
Nesta quadra alvissareira
Eu brinquei de baladeira
De bodoque e de pião.
Ingênuo e pequeno infante
Rodeado de beleza,
Escutava a todo instante
As vozes da Natureza,
Sou cearense da gema
Terra da índia Iracema Criada por
Alencar, Me orgulho de ser nordestino
Nasci com o dom divino
Da cultura popular.
Eu nasci entre os roceiros, Fui criado
ouvindo lendas,
Cantadas pelos vaqueiros
Que vigiavam fazendas.
Já dancei cirandinha,
Já condenei a galinha
Quando canta como galo.
E nas festas animadas
Já fiz partes das jornadas
Nas danças de São Gonçalo.
Meu Nordeste terra amada,
Terra da mulher rendeira,
Do côco da embolada
E da velha benzedeira,
Que confiando em seu santo
Acaba com o quebranto,
Rezando forte oração.
Toda cheia de esperança
Fazendo cruz na criança
Com o ramo verde na mão.
2
De conservar o folclore
Nós temos obrigação
Para que sempre vigore
A popular tradição.
Muito me alegra e consola
O cantador de viola,
O grande improvisador
Que elogia e lisongeia
Comparando a mulher feia
Com a beleza da flor.
Do folclore a prova exata
Aos bons leitores remeto,
Mas muito melhor retrata
O grande Zenon Barreto,
Com o seu divino dom.
O xilógrafo Zenon
Esse artista verdadeiro Retrata em
xilogravura
Nossa popular cultura
Do Nordeste Brasileiro.
Quem já conhece esta arte,
Observando não nega
E sabe que nesta parte
O Zenon é meu colega.
No mesmo caminho vamos,
Nos amamos e mostramos
Desta sagrada cultura
A fiel fotografia,
Eu na simples poesia
E ele na xilogravura.
1
Patativa do Assaré:
Aposentadoria do Mané Riachão
Seu moço, fique ciente
de tudo que eu vou contar.
sou um pobre penitente
nasci no dia do azar;
por capricho eu vim ao mundo
perto de um riacho fundo
no mais feio grutião.
E como ali fui nascido,
fiquei sendo conhecido
por Mané do Riachão.
Passei a vida penando
no mais cruel padecê,
como tratô trabaiando
pro felizardo comê.
a minha sorte é torcida,
pra melhorá minha vida
já rezei e fiz promessa,
mas isto tudo é tolice.
Uma cigana me disse
que eu nasci foi de travessa.
Sofrendo grande canseira
virei bola de bilhá.
Trabalhando na carreira
daqui pra ali e pra acolá,
fui um eterno criado
sempre fazendo mandado,
ajudando aos home rico.
Eu andei de grau em grau,
tal e qual o pica-pau
caçando broca em angico.
Sempre entrando pelo cano
e sem podê trabalhá,
com sessenta e sete ano
procurei me aposentá.
Fui batê lá no escritório,
porém de nada valeu.
Veja o que foi, cidadão,
que aquele tabelião
achou de falá pra eu.
Me dise aquele escrivão
franzindo o couro da testa:
- Seu Mané do Riachão,
estes seus papéis não presta.
Isto aqui não vale nada,
quem fez esta papelada
era um cara vagabundo.
Pra fazê seu aposento,
tem que trazê documento
lá do começo do mundo.
E me disse que só dava
pra fazê meu aposento
com coisa que eu só achava
no Antigo Testamento.
Eu que tava prezenteiro
mode recebê dinheiro,
me disse aquele escrivão
que precisava dos nome
e também dos sobrenome
de Eva e seu marido Adão.
E além da identidade
de Eva e seu marido Adão,
nome da universidade
onde estudou Salomão.
Com outroas coisa custosa,
bem custosa e cabulosa,
que neste mundo revela
a Escritura Sagrada:
quatro dente da queixada
que Sansão brigou com ela.
Com manobra e mais manobra
pra podê me aposentá,
levá o nome da cobra
que mandou Eva pecá.
E além de tanto fuxico,
o regristro e o currico
de Nabucodonosô,
dizê onde ele morreu,
onde foi que ele nasceu
e onde se batizô.
Veja moço, que novela,
veja que grande caipora
e a pió de todas ela
o sinhô vai vê agora.
Para que eu me aposentasse,
disse que também levasse
terra de cada cratera
dos vulcão do estrangeiro
e o nome do vaqueiro
que amansou a Besta Fera.
Escutei achando ruim
com a paciência fraca,
e ele oiando pra mim
2
com os óio de jararaca.
Disse: - A coisa aqui é braba
precisa que você saiba
que eu aqui sou o escrivão.
Ou essas coisa apresenta,
ou você não se aposenta,
Seu Mané do Riachão.
Veja, moço, o grande horrô,
sei que vou morrê depressa,
bem que a cigana falou
que eu nasci foi de travessa.
Cheio de necessidade,
vou vivê de caridade.
Uma esmola, cidadão!
Lhe peço no Santo nome,
não deixe morrê de fome,
o Mané do Riachão.
1
BERTULINO E ZÉ TINGÓ
Patativa do Assaré
Zé Tingó
Meu bom dia, Bertulino,
como vai meu camarada?
Já faz uns pouco de dia
que eu ando em sua pisada.
Com muito cuidado e pressa,
fiz até uma promessa
pra não vortá sem lhe vê.
E vou logo lhe avisando,
eu ando lhe precurando
mode proseá com você.
Bertulino
Pois não, amigo Tingó,
agora nóis vamo a ela
vai já encontrá um texto
que dê na sua panela.
Vô preguntá pra você
e tem que respondê,
se é poeta porfundo,
e rima sem quebrá pé,
vá me dizendo qual é
a coisa maió do mundo.
Zé Tingó
Bertulino, essa pregunta
te respondo muito bem.
Das coisa que anda sem fôrgo
a mais maió é o trem,
mas porém de bicho vivo,
vou lhe falá positivo,
do que eu conheço hoje em dia
e agora tô lembrado,
é o boi zebu raciado
do Coroné Malaquia.
Bertulino
Zé Tingó, eu nunca vi
tão tolo assim como tu.
A coisa maió do mundo
não é trem nem boi zebu.
Colega, a coisa maió
e também a mais mió
eu vou lhe dizê qual é,
sem demorá um segundo:
a coisa maió do mundo
é o grande amô da muié.
Zé Tingó
Eu não creio, pois a minha
tem um gênio muito mau.
Já bateu até em mim
com um pedaço de pau.
Me tratando com rigô,
isto assim não é amô,
amô assim ninguém qué.
Hoje eu me julgo perdido
porque andava iludido
com trapaça de muié.
Bertulino
Tingó, o cabra valente
que briga com dois ou três,
tando perto de muié,
briga até com cinco ou seis.
Alguém diz que é valentão,
pula de faca na mão,
faz medo e faz rapapé.
Mas porém tudo é bobagem:
o home só tem coragem
com grande amô de muié.
Zé Tingó
Vou lhe mostrá um exemplo.
Eu vi o Chico Mutuca,
rapaz bom e de prestígio
que nunca gostou de infuca.
Amô a uma donzela,
ela rapou-lhe a canela,
deu nas venta com os pé.
E foi triste o resultado:
2
ele morreu enforcado
por causa desta muié.
Bertulino
Também te mostro um exemplo.
Eu vi o véio Jacó
cacundo, triste e bizungo
porque não tinha um xodó.
Mas topou uma cabrocha
com os dois óio de tocha
e a sua fala de mé.
E hoje o véio anda linheiro,
todo engomado e no cheiro,
com grande amô da muié.
Zé Tingó
O que eu sei é que a muié
de seu Mané Cajuêro
pegou com salto de bode,
fugiu com um miçangueiro.
E sabe o que aconteceu?
Seu Mané endoideceu,
da vida perdeu a fé.
Hoje o miserável tá
no asilo da capitá
por causa dessa muié.
Bertulino
Tingó, muié tem milagre.
O rapaz do Zé Vinvim
andava triste e calado,
tudo pra ele era ruim.
A vida não tinha graça,
só vivia na framaça
de um dotô de muita fé.
E o remédio não deu jeito,
mas ficou bom e perfeito
com o grande amô da muié.
Zé Tingó
Eu não lhe duvido não.
Muié tem umas mistura,
a muié é como veneno:
muié mata e muié cura.
Tem a bonita e mais feia,
umas anda como oveia
e outras como o jacaré.
Porém já conheço a fundo
que os desmantelo do mundo
é por causa de muié.
Bertulino
Zé Tingó, o dinheiro é grande,
com ele tudo se anima,
mas o amô da muié
derruba e passa por cima.
O trabaiadô da roça,
o vagabundo da troça,
o dotô e o coroné,
tudo isto que eu tô falando
só é feliz encontrando
um coração de muié.
Zé Tingó
Algum pode ser feliz,
porém outros corre estreito,
porque neste mundo tem
coração de todo jeito.
Todo vivente do chão
tem por certo um coração,
até mesmo a cascavé.
E por isto eu penso assim,
mora muita coisa ruim
no coração da muié.
Bertulino
Ninguém fale de muié,
seja lá que muié fô.
Ela foi sempre no mundo
jóia de grande valô,
desde os tempo de outrora.
Veja que Nossa Senhora
se casou com São José,
e com isto se conhece
que até o santo obedece
3
ao grande amô da muié.
Zé Tingó
Porém Eva era medonha,
era doida e sacudida,
teimou com Deus e comeu
uma fruta proibida,
e ao marido ofereceu.
E o pobre, quando comeu,
que da miséria deu fé,
soluçou de arrependido.
E o mundo ficou perdido
por causa dessa muié.
Bertulino
Colega, nunca estudei,
eu não sei lê nem contá.
Mas porém muitas das vez
pego sozinho a pensá
que a terra e sua montanha
com sua grandeza tamanha,
do mar com sua maré
e do mundo a redondeza,
ainda não tem grandeza
igual o amô da muié.
Zé Tingó
Bertulino, é seu engano,
ói minha comparação:
a muié é como a arapuca
e o home é como o cancão.
O cancão vê a arapuca
e pega naquela infuca
e mexe e remexe até
que fica preso e sujeito.
Pois é deste mesmo jeito
o bem-querer da muié.
Bertulino
Mas meu colega, Tingó,
tu bem pode avaliá
que uma cabeça bonita
com os óio de venha cá,
deixa o cabra sugigado.
Eu já tenho imaginado
que até mesmo o luçulé,
que anda procurando as arma,
se alvoroça e perde a carma
vendo as arma da muié.
Zé Tingó
Colega, vamo dexá,
nem eu nem você tem sorte,
porque questão de muié
só quem resorve é a morte.
Decidi é impossíve,
neste assunto imcompreensive
cada um diz o que qué.
E até logo Bertulino,
glosadô, véio mofino
aduladô de muié.
1
Patativa do Assaré
Biografia, obras, poemas, repentes, literatura de cordel e outras
informações sobre sua vida
Patativa do Assaré (1909-2002) foi um poeta popular, compositor, cantor e repentista
brasileiro. Foi um dos maiores poetas populares do Brasil. Com uma linguagem simples,
porém poética, retratava a vida sofrida e árida do povo do sertão. Projetou-se com a
música "Triste Partida" em 1964, uma toada de retirantes, gravada por Luiz Gonzaga, o
rei do baião. Seus livros, traduzidos em vários idiomas, foram tema de estudos na
Sorbonne, na cadeira de Literatura Popular Universal.
Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva) (1909-2002) nasceu no município de
Assaré, interior do Ceará, a 623 km da capital Fortaleza. Filho dos agricultores Pedro
Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva, ainda pequeno ficou cego do olho direito.
Órfão de pai aos oito anos de idade começou a trabalhar no cultivo da terra.
Com pouco acesso à educação, frequentou durante quatro meses sua primeira e única
escola onde aprendeu a ler e escrever e se tornou apaixonado pela poesia.
Logo começou a fazer repentes e se apresentar em festas locais. Antônio Gonçalves da
Silva recebeu o apelido de Patativa, pois sua poesia era comparada à beleza do canto
2
dessa ave. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos. Com vinte anos começou
a viajar por várias cidades nordestinas e diversas vezes se apresentou na Rádio Araripe.
Com uma linguagem simples, porém poética, retratava em suas poesias o árido universo
da caatinga nordestina e de seu povo sofrido e valente do sertão. Viajou para o Pará em
companhia de um parente José Alexandre Montoril, que lá morava, onde passou cinco
meses fazendo grande sucesso como cantador. De volta ao Ceará continuou na mesma
vida de pobre agricultor e cantador. Sua projeção em todo o Brasil se iniciou a partir da
gravação de "Triste Partida" em 1964, toada de retirante de sua autoria gravada por Luiz
Gonzaga, o Rei do Baião.
Teve inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais e publicou
"Inspiração Nordestina" (1956), "Cantos de Patativa" (1966). Figueiredo Filho publicou
seus poemas comentados em Patativa do Assaré (1970). Gravou seu primeiro LP
"Poemas e Canções" (1979) uma produção do cantor e compositor cearense Fagner.
Apresentou-se com o cantor Fagner no Festival de Verão do Guarujá (1981), período em
que gravou seu segundo LP, "A Terra é Naturá", lançado também pela CBS.
A política também foi tema da obra e de sua vida. Durante o regime militar, ele criticava
os militares e chegou a ser perseguido. Participou da campanha das Diretas já, em 1984
e publicou o poema "Inleição Direta 84".
Ao completar 85 anos foi homenageado com o LP "Patativa do Assaré - 85 Anos de
Poesia" (1994), com participação das duplas de repentistas Ivanildo Vila Nova e Geraldo
Amâncio e Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Tido como fenômeno da poesia popular
nordestina, com sua versificação límpida sobre temas como o homem sertanejo e a luta
pela vida, seus livros foram traduzidos em diversos idiomas e tornaram-se temas de
estudo na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do
Professor Raymond Cantel.
3
Antônio Gonçalves da Silva, sem audição e cego desde o final dos anos 90, morre em
consequência de falência múltipla dos órgãos, no dia 8 de julho de 2002, em sua casa,
em Assaré, Ceará, aos 93 anos.
• Poesias de Patativa do Assaré
• A Festa da Natureza
• ABC do Nordeste Flagelado
• Aos Poetas Clássicos
• A Terra dos Posseiros de Deus
• A Terra é Naturá
• A Triste Partida
• Caboclo Roceiro
• Cante Lá, Que Eu Canto Cá
• Dois Quadros
• Eu Quero
• Flores Murchas
• Inspiração Nordestina
• Linguagem dos Óio
• Mãe Preta
• Nordestino Sim, Nordestino Não
• O Burro
• O Peixe
• O Poeta da Roça
• O Sabiá e o Gavião
• O Vaqueiro
• Vaca Estrela e Boi Fubá
4
1
Cada um no seu lugar
Patativa do Assaré
O cassaco, de cabreiro
Vive vagando aos pinotes
E como não tem dinheiro
Leva no bolso os filhotes
O vagalume inocente
Fazendo suas defesas
Leva sempre em sua frente
Duas lanternas acesas.
A lição bastante amiga
Que precisamos tomar
É na escola da formiga
Ensinando a trabalhar.
Diz o mocho em seu recanto:
Nada aqui acho esquisito,
Por aqui eu mesmo canto
Para eu mesmo achar bonito.
Diz a preguiçosa lesma
Exibindo o caracol:
Minha vida é sempre a mesma,
Não temos chuva nem sol
E a mosca, toda vaidosa,
Sobre a carniça dizendo:
Não há comida gostosa
Igual à que estou comendo.
Diz o sapo: dor e mágoa
Minha vida não encerra,
Quando quero estar na água,
vou passear pela terra.
Diz o beija-flor contente:
Faço o que outra ave não faz,
eu sei voar para frente
eu sei voar para traz.
Diz a aranha prevenida:
Sou feliz na vida minha
Teço até o fim da vida,
Sem nunca me faltar linha.
1
Cante Lá Que Eu Canto Cá
Patativa do Assaré
Poeta, cantô de rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.
Se aí você teve estudo,
Aqui, Deus me ensinou tudo,
Sem de livro precisá
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá, que eu canto cá.
Você teve inducação,
Aprendeu munta ciença,
Mas das coisa do sertão
Não tem boa esperiença.
Nunca fez uma paioça,
Nunca trabaiou na roça,
Não pode conhecê bem,
Pois nesta penosa vida,
Só quem provou da comida
Sabe o gosto que ela tem.
Pra gente cantá o sertão,
Precisa nele morá,
Tê armoço de fejão
E a janta de mucunzá,
Vivê pobre, sem dinhêro,
Socado dentro do mato,
2
De apragata currelepe,
Pisando inriba do estrepe,
Brocando a unha-de-gato.
Você é muito ditoso,
Sabe lê, sabe escrevê,
Pois vá cantando o seu gozo,
Que eu canto meu padecê.
Inquanto a felicidade
Você canta na cidade,
Cá no sertão eu infrento
A fome, a dô e a misera.
Pra sê poeta divera,
Precisa tê sofrimento.
Sua rima, inda que seja
Bordada de prata e de ôro,
Para a gente sertaneja
É perdido este tesôro.
Com o seu verso bem feito,
Não canta o sertão dereito,
Porque você não conhece
Nossa vida aperreada.
E a dô só é bem cantada,
Cantada por quem padece.
Só canta o sertão dereito,
Com tudo quanto ele tem,
Quem sempre correu estreito,
Sem proteção de ninguém,
Coberto de precisão
Suportando a privação
Com paciença de Jó,
Puxando o cabo da inxada,
Na quebrada e na chapada,
Moiadinho de suó.
Amigo, não tenha quêxa,
Veja que eu tenho razão
Em lhe dizê que não mêxa
Nas coisa do meu sertão.
Pois, se não sabe o colega
De quá manêra se pega
Num ferro pra trabaiá,
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.
Repare que a minha vida
É deferente da sua.
A sua rima pulida
3
Nasceu no salão da rua.
Já eu sou bem deferente,
Meu verso é como a simente
Que nasce inriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obra da criação.
Mas porém, eu não invejo
O grande tesôro seu,
Os livro do seu colejo,
Onde você aprendeu.
Pra gente aqui sê poeta
E fazê rima compreta,
Não precisa professô;
Basta vê no mês de maio,
Um poema em cada gaio
E um verso em cada fulô.
Seu verso é uma mistura,
É um tá sarapaté,
Que quem tem pôca leitura
Lê, mais não sabe o que é.
Tem tanta coisa incantada,
Tanta deusa, tanta fada,
Tanto mistéro e condão
E ôtros negoço impossive.
Eu canto as coisa visive
Do meu querido sertão.
Canto as fulô e os abróio
Com todas coisa daqui:
Pra toda parte que eu óio
Vejo um verso se bulí.
Se as vêz andando no vale
Atrás de curá meus male
Quero repará pra serra
Assim que eu óio pra cima,
Vejo um divule de rima
Caindo inriba da terra.
Mas tudo é rima rastêra
De fruita de jatobá,
De fôia de gamelêra
E fulô de trapiá,
De canto de passarinho
E da poêra do caminho,
Quando a ventania vem,
Pois você já tá ciente:
4
Nossa vida é deferente
E nosso verso também.
Repare que deferença
Iziste na vida nossa:
Inquanto eu tô na sentença,
Trabaiando em minha roça,
Você lá no seu descanso,
Fuma o seu cigarro mando,
Bem perfumado e sadio;
Já eu, aqui tive a sorte
De fumá cigarro forte
Feito de paia de mio.
Você, vaidoso e facêro,
Toda vez que qué fumá,
Tira do bôrso um isquêro
Do mais bonito metá.
Eu que não posso com isso,
Puxo por meu artifiço
Arranjado por aqui,
Feito de chifre de gado,
Cheio de argodão queimado,
Boa pedra e bom fuzí.
Sua vida é divirtida
E a minha é grande pená.
Só numa parte de vida
Nóis dois samo bem iguá:
É no dereito sagrado,
Por Jesus abençoado
Pra consolá nosso pranto,
Conheço e não me confundo
Da coisa mió do mundo
Nóis goza do mesmo tanto.
Eu não posso lhe invejá
Nem você invejá eu,
O que Deus lhe deu por lá,
Aqui Deus também me deu.
Pois minha boa muié,
Me estima com munta fé,
Me abraça, beja e qué bem
E ninguém pode negá
Que das coisa naturá
Tem ela o que a sua tem.
Aqui findo esta verdade
Toda cheia de razão:
Fique na sua cidade
5
Que eu fico no meu sertão.
Já lhe mostrei um ispeio,
Já lhe dei grande conseio
Que você deve tomá.
Por favô, não mexa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.
1
Município de Assaré
"Terra da Poesia Popular - Berço da Poesia"
Assaré é um município brasileiro do interior do Estado do Ceará, localiza-se a oeste da
Chapada do Araripe, na Mesorregião do Sul Cearense e na Microrregião da Chapada do
Araripe
De acordo com a estimativa feita pelo IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
no ano de 2013 o Município de Assaré contava com uma população estimada em 22.988
habitantes.. Seus 22.988 habitantes estão distribuídos em 1.116,320 km² de área. Fica a
520 km de Fortaleza, a capital do Estado do Ceará e a 1.640 Km de Brasília, a capital da
República Federativa do Brasil.
Assaré constitui um entroncamento rodoviário que viabiliza o acesso entre o Cariri com
o Sertão dos Inhamuns. Assaré é conhecida por ser a terra natal do ilustre poeta popular,
cantor, compositor e improvisador Patativa do Assaré, que até hoje se mantém vivo na
memória do povo assareense. Por conta disso, o Município de Assaré é conhecido por
muitos como " A Terra da Poesia Popular".
O Município de Assaré também representa um grande polo turístico do Ceará, seus
casarões históricos, a Igreja Matriz construída em 1842, o Açude Banguê o mais antigo
da cidade datado de 1844, o sobrado de arquitetura antiga e imponente que abriga toda
a vida de Patativa do Assaré, os atrativos culturais e naturais do município e a Barragem
Canoas que abastece o município, todos os anos atraem pessoas de vários estados do
Brasil.
1
Ladrão de Roça
Patativa do Assaré
Eu botei minha roça na chapada
Plantei milho, feijão e melancia,
Mas com roça não há quem faça nada
No lugar onde mora Zé Maria.
Neste mundo nasceu este espantalho
Que pertence também aos irracionais
Mas não quis aprender um só trabalho,
O que é roubar e nada mais.
Ele foi lá na roça da chapada
Meia-noite, pois nunca anda de dia
E voltando ao romper da madrugada
Trouxe milho, feijão e melancia.
No seu rancho fiquei muito surpreso,
Vi feijão, vi melancia e pamonha
E gritei: Zé Maria, esteja preso!
Seu malandro, safado, sem-vergonha.
1
Lição do pinto
Patativa do Assaré
(Versos recitados pelo autor em um comício em favor da anistia)
Vamos meu irmão,
A grande lição
Vamos aprender,
É belo o instinto
Do pequeno pinto
Antes de nascer.
O pinto dentro do ovo
Está ensinando ao povo
Que é preciso trabalhar,
Bate o bico, bate o bico
Bate o bico tico-tico
Pra poder se libertar.
Vamos minha gente,
Vamos para frente
Arrastando a cruz
Atrás da verdade,
Da fraternidade
Que pregou Jesus.
O pinto prisioneiro
Pra sair do cativeiro
Vive bastante a lutar,
Bate o bico, bate o bico,
Bate o bico tico-tico
Pra poder se libertar.
Se direito temos,
Todos nós queremos
Liberdade e paz,
No direito humano
Não existe engano,
Todos são iguais.
O pinto dentro do ovo
Aspirando um mundo novo
Não deixa de beliscar
Bate o bico, bate o bico,
Bate o bico tico-tico
Pra poder se libertar.
1
O Bode de Miguel Boato e o
Efeito da Maconha.
O praciano e o roceiro
Já sabem Miguel quem é,
Este grande caixãozeiro
Do mercado de Assaré,
Sua língua é uma mola,
fala mais do que vitrola,
é amigo muito exato,
seu nome é Miguel de Souza,
mas devido tanta causa
lhe chamam Miguel Boato.
Miguel é negociante
É um grande caixãozeiro,
Mas também banca o marchante
Comprando bode e carneiro,
Só compra para ganhar
Porq1ue sabe avaliar
O peso da criação,
Mas desta vez se lascou
Com um bode que comprou
No sítio do Boqueirão.
Totonho de Zé Candinha
Que anda atrás de melhora
Vendendo um bode que tinha
Fez grande recurso agora,
Miguel foi o preferente
E o Totonho inteligente
Fingindo ser bem fiel,
Chegou de cara risonha
E um cigarro de maconha
Fumou perto de Miguel.
Totonho por um capricho,
Vendo Miguel maconhado
Disse: vamos ver o bicho
Que está ali no cercado
E na vista do marchante
Era um bode extravagante
Do tamanho de um camelo
Miguel com gosto sorria,
Coitadinho! Não sabia
Do seu grande desmantelo.
Perguntou achando graça:
Totonho, responda a mim
Onde encontrou esta raça
De bode tão grande assim?
Este é para mais do contrato
Por quinhentos é barato
O seu bonito animal,
O monstro parece um boi,
Faço de conta que foi
Um presente de Natal.
Se despediu de Totonho,
Cheio de vida e contente
E saiu muito risonho
Tocando o bode na frente,
Alegre pelo caminho
Dizia mesmo sozinho
Agora eu ganho um pacote,
Desta vez eu dei um bolo
E a custa daquele tolo
Eu vou aprumar o chote.
Porém quando se sumiu
O efeito da maconha,
O bode diminuiu
De fazer raiva e vergonha
E o marchante encabulado
Dizia impressionado:
O bode que era um sendeiro
Se transformou de repente!
Foi quando ficou ciente
Que o Totonho é maconheiro.
Com uma raiva medonha
Dizia: o bode mudou
Só tendo sido maconha
Que aquele diabo fumou,
Pensando em sua caipora,
Seguindo de estrada afora
Sem prazer, sem alegria
Na frente o bode tocava
E quando mais reparava
Mais ele diminuía.
2
Bastante desiludido
Quando chegou na rodagem
Achou que tinha perdido
O dinheiro e a viagem,
Olhava e naquilo tudo
Via um bodete pançudo,
Pequeno e muito esquisito
E o povo que o encontrava
Sorria e lhe perguntava
Cadê a mãe do cabrito?
Quando ele chegou na rua,
Enfadado e sem prazer
Foi grande a vergonha sua
Para o bodete abater
E assim que o mesmo esfolou
O povo se alvoroçou
Tudo queria comprar
Com algazarra e pagode
Porém o diabo do bode
Não deu nem pra começar.
Lojas, bancas e bodegas
Iam comprar um quinhão
e os marchantes seus colegas
fazendo chateação,
chegava um e dizia
com a maior anarquia:
só negocia quem pode!
E Miguel encabulado,
Calado, muito calado
Pesando a carne do bode
Depois que a carne pesou,
Somou tudo, dividiu,
Com jeito multiplicou
E depois diminuiu,
Com a sua grande prática
Abalou a matemática
Sem perder operação,
E sabe o que aconteceu?
Oitenta contos perdeu
No bode do Boqueirão.
A matança foi tão louca
Que o Miguel perdeu a feira
E além da carne ser pouca
A pele não deu primeira,
Ficou sem jeito o marchante
Com a droga embriagante
Totonho lhe tapeou,
Com o negócio horroroso.
Miguel ficou desgostoso
E nunca mais boatou.
Não quer negócio fazer
Com gente do Boqueirão,
o seu negócio é vender
farinha, milho e feijão,
assim mesmo no mercado
não pode estar sossegado,
nem se livra do pagode,
por onde ele vai passando
o povo fica gritando:
Seu Miguel, me compre um bode!
1
Cordel Paraíba: espaço destinado à publicação de poemas e informações diversas
relacionadas à literatura de cordel
Publicamos neste espaço
Do poeta renomado
Ao escritor não famoso,
Do doutor ao não letrado.
Verso seja rico ou pobre,
Aqui todo mundo é nobre
E seu respeito é sagrado.
Cordelista iniciante
Não fique desanimado
Caso tenha seu poema
Por algum deus desdenhado.
Todo e qualquer aprendiz
Tem o direito motriz
De compor verso quebrado.
Bem-vindos, peguem carona
Na cadência do cordel,
Cujo dono conhecemos:
Não é nenhum coronel.
O cordel pertence ao povo
Do velho a sair no novo
Saboreiam deste mel.
(Manoel Belizario)
João Melquíades Ferreira Da Silva - Pavão Misterioso
João Melquíades Ferreira da Silva nasceu em Bananeiras, no brejo da Paraíba, em 7 de
julho de 1869 e faleceu em João Pessoa em 10 de dezembro de 1933. Foi cantador e
2
poeta de bancada, segundo Francisco das Chagas Batista, seu amigo e principal editor.
É considerado um dos grandes poetas da primeira geração da literatura de cordel.
Sentou praça no Exército. Participou das campanhas de Canudos em 1897 e do Acre em
1903. Em 1904, já promovido a sargento, deu baixa do Exército, fixando residência na
capital do Estado da Paraíba, onde se casou e teve quatro filhos. Manteve vínculo com
a região rural de sua origem e escreveu diversos poemas com descrições da Paraíba,
especialmente da Serra da Borborema. Adotou o título de cantor da Borborema. (Fonte:
site Casa de Rui Barbosa)
Outra versão da autoria do romance
A obra Romance do Pavão Misterioso é o maior clássico do cordel. Folheto mais vendido
em todos os tempos, foi escrito por José Camelo de Melo Rezende no final dos anos 20.
João Melquíades Ferreira da Silva tomou posse da história e a publicou como se fosse
dele, antes de Rezende.
A palavra "romance" no título garante tratar-se de uma narrativa feita nos moldes
tradicionais: tem 32 páginas, em versos de sete sílabas ou redondilhas maiores, e sua
matéria diz respeito a uma aventura de amor e de heroísmo.
O enredo do Romance do Pavão Misterioso é a aventura de um rapaz, chamado
Evangelista, que ao contemplar, em um retrato, a beleza de Creuza, donzela conservada
prisioneira pelo conde (seu pai), sente-se invadido por um forte desejo: tirar a moça do
sobrado do conde e tomá-la como mulher. Evangelista foge com Creuza, ajudado por
um pavão mecânico.
Título: Romance do Pavão Misterioso História Completa
Autor: João Melquíades Ferreira da Silva
Ano: N/C
N° de páginas: 32
Editor Proprietário: José Bernardo da Silva
Impressão: Tipografia São Francisco
Local: Juazeiro do Norte - CE
Fonte: FCRB
3
Obs. No final da década de 1920 João Melchíades publicou na Paraíba o romance
“História do Pavão Misterioso”, obra creditada a José Camelo, que denuncia o plágio.
Entretanto, a autoria do romance continua a ser atribuída a João Melchíades, sendo que
até hoje se discute a verdadeira autoria da obra.
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Pavão Mysteriozo
Ednardo
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Mas se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha pra contar
Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse seu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha pra contar
Pavão misterioso
Pássaro formoso
No escuro dessa noite
Me ajuda, cantar
Derrama essas faíscas
Despeja esse trovão
Desmancha isso tudo, oh!
Que não é certo não
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Um conde raivoso
Não tarda a chegar
Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos
Mas não podem voar
_______///_________
A canção foi composta com base na
literatura de cordel e possui mais de 20
regravações, tanto no Brasil (Belchior,
Elba Ramalho, Ney Matogrosso) como
no exterior (Paul Mauriat). Lançada em
plena vigência da ditadura militar em
nosso país, possui uma crítica ferrenha
ao autoritarismo e a ausência da
liberdade individual.
O cordel no qual Ednardo baseou sua
grande composição chama-se "O
Romance do Pavão Misterioso", escrito
por José Camelo de Melo Rezende, em
1923. Conta uma aventura
aparentemente despretensiosa, mas de
grande apelo popular, com raízes nos
contos das Mil e uma Noites. "O Pavão
Misterioso” possui 141 estrofes de seis
versos (sextilhas) de sete sílabas
(redondilha maior). É narrada a história
da Condessa Creuza, a moça mais
bonita da Grécia, conservada pelo pai
trancada desde a infância no mais alto
quarto de um sobrado. Uma vez no ano,
a moça aparece por uma hora ao povo,
que vem de longe, só para contemplar-
lhe a beleza. Um retrato dela chega até a
Turquia, onde mora Evangelista, que se
apaixona pela bela figura da jovem.
Dirigindo-se à Grécia, ele encomenda a
um engenheiro um mecanismo alado – o
Pavão Misterioso do título – a bordo do
qual consegue chegar até o quarto da
moça, raptando-a, depois de vários
perigos e dificuldades.
A música é considerada sagrada pelos
índios do Xingu nos rituais religiosos.
Também usada por outros tantos como
hino à liberdade, a beleza humana e sua
capacidade de realizar a vida acima das
aparentes impossibilidades.
___________________________________
A música Pavão Misterioso, do cantor
Ednardo, é o tema de João Gibão na
trilha sonora da novela Saramandaia,
personagem interpretado por Sérgio
Guizé. O som que é cheio de mistérios,
igual aos personagens encantados da
trama original de Dias Gomes, que foi
exibida originalmente em 1976 na Rede
Globo, traz um ritmo bem cadenciado.
Sendo a canção mais conhecida do
cantor cearense Ednardo, e tendo
ganhado várias regravações, como de
Ney Matogrosso e Elba Ramalho, o
som foi o tema de abertura da primeira
versão da novela.
1
1
Sou Nordestino
Patativa do Assaré
Meu Nordeste terra amada
Terra da mulher rendeira
Do coco, da embolada
E da velha benzedeira
Nesta terra idolatrada
Quero minha vida inteira
Refrão
Por ordem celeste
eu sou do nordeste
Sou cabra da Peste,
de tudo aqui tem,
Canta o violeiro,
aboia o vaqueiro
E o bom sanfoneiro
toca o xem-nhém-nhém.
Não há coisa mais bonita
Do que se ouvir do Sertão
O Sabiá sonoroso
Cantando sua canção
E se ver o sol brilhante
Cobrindo a face do chão
Refrão
Por ordem celeste
eu sou do nordeste
Sou cabra da Peste
de tudo aqui tem
Canta o violeiro,
aboia o vaqueiro
E o bom sanfoneiro
toca o xem nhém-nhém.
Refrão
Por ordem celeste
eu sou do nordeste
Sou cabra da Peste ,
de tudo aqui tem,
Canta o violeiro,
aboia o vaqueiro
E o bom sanfoneiro
toca o xem-nhém-nhém.
Sou nordestino e me orgulho
Da terra que Deus me deu.
Aqui com a natureza
Foi que o artista aprendeu
Nesta terra abençoada
O rei do baião nasceu.
Refrão
Por ordem celeste
eu sou do nordeste
Sou cabra da Peste
de tudo aqui tem,
Canta o violeiro,
aboia o vaqueiro
E o bom sanfoneiro
toca o xem-nhém-nhém.
1
Programa Escola da Família
Projeto Sarau
“Boca de Cordel”
2
Gosto de agosto anuncia
Que todos querem escutar
É mais do que melodia
É Boca de Cordel que vai chegar.
Ana Maria Stuginski
3
I – Introdução
Sarau é uma reunião festiva, normalmente noturna, para compartilhar experiências
culturais e o convívio social.
A origem da palavra sarau deriva do latim seranus / serum, termos que fazem referência
ao “entardecer” ou ao “pôr do sol”. Justamente por ter esta etimologia, convencionou-
se realizar os saraus durante o fim da tarde ou noite.
Normalmente, um sarau é composto por um grupo de pessoas que se reúnem com o
propósito de fazer atividades lúdicas e recreativas, como dançar, ouvir músicas, recitar
poesias, conversar, ler livros, e demais atividades culturais.
Este tipo de evento era muito comum durante o século XIX, principalmente entre grupos
de aristocratas e burgueses.
Atualmente, escolas, universidades, associações artísticas e culturais são algumas das
instituições que reavivaram o costume da realização dos saraus nos últimos anos, como
um modo de promover o desenvolvimento cultural da população.
II – Histórico
Ao longo da História é possível observar que a tradição cordelista já existia, sendo
possível encontrar seus vestígios nos povos greco-romanos e fenícios por exemplo. Foi
somente por volta do século XVI que esta prática chegou à Península Ibérica (Portugal e
Espanha). Interessante perceber que naquela época este tipo de publicação era
4
chamado de “folhas soltas” ou “volantes”. Foi neste momento histórico (Renascimento)
que se popularizou a impressão de relatos orais.
Vale lembrar que o nome “cordel” se origina do modo de venda destas publicações em
Portugal, onde em feiras, era comum encontrar estes relatos pendurados em barbantes
ou cordéis.
Ao chegar no Brasil por meio da colonização, os principais cordelistas se concentraram
na região nordeste, onde até os fins de 1700, ficava capital do reino
Os saraus chegaram ao Brasil com a família real movidos a erudição, requinte e soberba.
Literatura, música, champanhe e vinhos eram alguns dos ingredientes dos saraus do
Brasil do século XIX. Então privilégio de seleto público, esse tipo de encontro chegou ao
Brasil em 1808, com D. João, e seguia os moldes dos salões franceses. Inicialmente, eram
realizados no Rio de Janeiro, mas logo fazendeiros de São Paulo resolveram aderir à
moda e já na metade do século XIX estavam espalhados por todas as capitais.
O sarau era a realização mais elegante da sociedade, com direito a piano de cauda e
frequentada apenas por pessoas “iluminadas” cultural e financeiramente. A maioria dos
saraus tinha participação de poetas e músicos ilustres, mas artistas anônimos também
gostavam de sondá-los à procura de um mecenas, proteção financeira e social.
Com o tempo, essas reuniões passaram a ser organizadas também por pessoas de
influência, interessadas em cultura e em bancar estudos e movimentos artísticos. Foi o
que Freitas Vale fez. Conhecido como Senador Freitas Vale, de família paulistana rica e
tradicional, abriu o salão Villa Kyrial (do grego Kyrios = Deus, Senhor), na Vila Mariana,
em São Paulo. Durante as primeiras décadas do século XX, a Villa Kyrial passou a ser ponto
paulistano para o encontro de boêmios, artistas, poetas - com ou sem recursos – como também,
de políticos - com ou em busca de cargos – que se reuniam em magníficos saraus com aromas e
sabores da “Belle Époque” parisiense, organizados e patrocinados por este mecenas. Neste
salão, Freitas Vale reuniu modernistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e
5
Manuel Bandeira. Depois, surgiram outros salões, mais modestos como o do próprio
Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Paulo Prado e de Dona Olívia Guedes Penteado.
Hoje, os saraus não precisam mais de pianos de cauda nem de trajes a rigor. Eles
precisam, apenas, de pessoas que queiram compartilhar arte.
“Cem anos após seu surgimento, no Nordeste, esse tipo de poesia encontra-se numa fase
de pouca produção e leitura; tornou-se mais urbano no conteúdo e, em certo sentido, é
apenas relíquia de um passado glorioso. E constatamos que embora tenha diminuído, o
cordel sobrevive, cumprindo ainda as funções de informar, ensinar e principalmente
divertir o público. Há pouca produção de histórias novas - uma mudança importante
desde sua época de ouro, na primeira década deste século e, depois, nos anos de 1920 a
1950.”
CURRAN, Mark. História do Brasil em Cordel. São Paulo: Edusp, 2009 – 2ª edição
< http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/02/da-corte-para-o-povo>
III – Justificativa
O sarau se popularizou e passou a ser encontro cultural entre amigos.
A ideia inicial permanece: fazer amigos, cantar boa música, recitar poesias, encenar
performances teatrais, expor peças e trabalhos de artistas plásticos, mostrar a beleza da
nossa dança e tudo mais que possa transformar esse encontro em um profícuo evento
cultural.
O clima de descontração desses encontros é o que os torna ainda mais especiais e tão
tradicionais.
Entendendo a importância que as artes de maneira geral exercem no desenvolvimento
humano e conhecedora da frequente presença dessa ação no contexto escolar, a
Coordenação Geral do Programa Escola da Família propõe às suas coordenações
6
regionais e locais a realização de um sarau concentrando suas ações e atividades no
tema Cordel, oportunizando um contato com o universo da literatura, da música, do
teatro, da dança, enfim da arte, enriquecendo culturalmente a comunidade por meio de
estratégias e metodologias com diferentes produções socioculturais.
IV – Objetivo
A proposta deste sarau terá o Cordel como tema. Essa manifestação artística, que se
popularizou no Nordeste do Brasil, é um tipo de poesia popular, em que a musicalidade
e a oralidade se fazem presentes.
Seu objetivo principal é propor o maior aproveitamento da rica cultura do Cordel, sua
divulgação e difusão em meio a jovens e seus respectivos núcleos familiares e socais.
Simultaneamente, este projeto busca promover a manifestação artística do público a
quem o projeto Boca de Cordel é destinado, por meio de outras linguagens como o
teatro, a música, a dança, as declamações poéticas, as artes plásticas, a fotografia e
outros recursos audiovisuais, realçando a diversidade cultural presente nessas
expressões.
http://sarauoreencontro.blogspot.com.br/2015/03/origem-do-sarau.html
V – Organização
Depois de pensada a finalidade do Sarau, alguns aspectos importantes devem ser
planejados.
A decoração, a iluminação, as bebidas e a alimentação devem fazer parte da organização
do evento.
7
Como se trata de um evento cultural, a decoração deve estimular a criatividade e a
criticidade. O cenário para um Sarau de Cordel pode ser constituído de motivos que
instiguem a curiosidade e simbolizem o cerne da produção artística a ser apresentada.
Uma iluminação apropriada a um Sarau pode ser constituída de uma meia-luz, de luzes
coloridas em focos diferentes ou focadas em um único ponto.
A gastronomia do evento fica por conta de aperitivos variados e leves. O intuito do
evento não é a alimentação, esta é apenas um complemento. Portanto a comida não
deve ser mais atrativa que o resto da festividade.
Bebidas leves, como sucos e chás são mais apropriadas ao objetivo do encontro.
O clima de receptividade em um sarau favorece a interação, a integração dos
participantes. Uma dinâmica de grupo poderá facilitar a inclusão ao início do evento.
Como música ambiente para apresentação da literatura de cordel, um sanfoneiro e/ou
violeiro poderiam executar músicas nordestinas famosas ou não.
Sugestões de programação:
• Apresentação da produção literária de escritores cordelistas que falam/falaram
sobre a cultura nordestina.
 Patativa do Assaré (Antonio Gonçalves da Silva) - maior representante
da poesia de Cordel - Cante lá que eu Canto Cá
 Ariano Suassuna: Auto da Compadecida
• Apresentação de um cordelista consagrado, membro da Academia Brasileira de
Literatura de Cordel – ABLC, com sede à rua Leopoldo Fróes, 37, no bairro
de Santa Teresa.
• Exposição de xilogravuras/isogravuras. A xilogravura de J. Borges. Técnicas de
xilogravura/isogravura
8
• Temas sugeridos para xilogravura/isogravura:
 O cangaço
 A Seca
 A Fauna
 A Flora
 As frutas
 O Casamento
 A Religião
 Os Retirantes
 As Danças
• Música: ritmos:
 coco (estilo de dança),
 xaxado,
 samba de roda,
 baião,
 xote,
 forró,
 axé,
 frevo,
• Culinária: mugunzá (Ceará e Pernambuco); moqueca, o vatapá, o acarajé, o
bobó, azeite de dendê (Bahia); o cuxá, o bobó, o peixe pedra, a torta de camarão
e o famoso refrigerante Jesus ou Guaraná Jesus que é patrimônio maranhense
(Maranhão); o bolo-de-rolo (Pernambuco ); comidas típicas da região nordeste:
baião-de-dois, carne-de-sol, queijo de coalho, vatapá, acarajé, panelada, frutos
do mar, peixe (no Litoral); carne (no sertão); doces feitos de mamão, abóbora,
laranja.
• Festas
- Carnaval
Falando em Carnaval, os grandes atrativos são as festas de Salvador e Olinda:
desfiles dos trios elétricos, os bonecos gigantes, o frevo e o maracatu;
9
- Bumba-Meu-Boi: registrado como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Boi Bumbá Caprichoso e Boi Bumbá Garantido - Festival Folclórico de
Parintins, no Amazonas.
- Festas juninas
O Nordeste inteiro, em junho e julho, entra em festa. Os “arraiás” famosos
são de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), que disputam o título de maior
São João do mundo e ocorrem durante todo o mês. As festas juninas de
Aracaju, Salvador, Juazeiro do Norte, Mossoró e Teresina são igualmente
famosas.
Nelas, destacam-se os concursos de quadrilha, o forró pé-de-serra e as
comidas típicas, como pé de moleque, canjica, buchada de bode, tapioca,
goma (cuscuz) etc.
• Abertura para participação de artistas e poetas cordelistas da comunidade
VI – Atividades
Um sarau é uma ótima opção alternativa de encontro entre amigos e um meio de trocar
experiências. O público deve ser incentivado a participar ativamente, criando e se
apresentando em clima de confraternização.
Dia 1º de agosto – Dia do Poeta da Literatura de Cordel.
Sugestões:
 narrativas tradicionais;
 contação de histórias;
 musical e danças objetivando enaltecer as raízes brasileiras;
 brincadeiras de faz de conta;
 brincadeiras populares, folclóricas;
 observação e manuseio de materiais impressos, como livros e textos;
10
 assistência a vídeos de sarais retirados da internet
 dramatizações com fantoches/marionetes
 performances teatrais
 leitura e produção de textos;
 recitais: os participantes podem se inscrever para declamar textos cordelistas
(de sua autoria ou não);
 confecção de: xilogravuras, isogravuras, dobraduras, origami, pipas, lanternas
etc;
 jogos: bolinha de gude, pião, corda etc;
 leitura/desenvolvimento de lendas e temas tradicionais e folclóricos.
• Há algum cordelista no bairro? Convide-o a fazer uma oficina de criação de
cordéis, que depois podem ficar expostos num varal.
• Jogral abordando a literatura de cordel.
• Repentistas tocando violão, cantando e recitando versos de improviso.
• Organização de uma barraca com frutas e outras guloseimas típicas do
nordeste brasileiro.
• Exposição de trabalhos de artistas locais
 Os artistas locais são convidados a se expressarem, nas suas diferentes
linguagens, sobre o tema do sarau. Os trabalhos ficam expostos no pátio da
escola.
• Quintal de brincadeiras
 Convidar membros da comunidade a organizar um espaço onde possam
ensinar para as crianças brincadeiras de sua época.
• Cantinho mágico, onde podem acontecer oficinas de construção de brinquedos
com sucata.
11
• Momento de liberdade poética e musical: espaço aberto para que qualquer
pessoa possa apresentar algo que tenha interesse em expor na hora.
• Exposição de arte
 Murais onde podem ficar expostos desenhos, pinturas e outros trabalhos
de arte visual alusivos ao tema, feitos pelos participantes do PEF.
• Roda de contação de histórias.
 Professores, funcionários, pais ou mesmo alunos mais velhos podem
conduzir esta atividade, voltada para as crianças. Sentadas em roda, elas
ouvem a história contada pelo adulto e devem continuá-la imaginando novos
rumos para a trama. Em seguida, elas podem criar livros ilustrando a história.
Para isso, basta entregar folhas de sulfite dobradas ao meio e giz de cera. Eles
podem ser finalizados grampeando ou amarrando um barbante na lombada.
• Seção de cinema
 Reservar uma das salas de aula (ou a própria sala de vídeo da escola, caso
exista) para passar filmes que tenham relação com o tema do sarau. Ao final
de cada seção, promover uma discussão sobre o assunto. Exemplos:
 YouTube
→ Lampião e Maria Bonita. (filme completo)
→ Lampião O Rei do Cangaço – Documentário
→ Lampião Cangaço
→ História do Lampião
→ Corisco – Um Cabra de Lampião – Documentário
→ O cordel na TV: Vídeo da abertura da novela “Cordel Encantado".
→ A evolução do cordel, edições modernas: “A Bela e a Fera” em cordel.
→ Vídeo de Ariano Suassuna recitando cordel que originou a peça “O auto da
compadecida”, de 1957. Trecho do filme “O auto da compadecida”.
• Leandro Gomes de Barros, o pai do cordel no Brasil. YouTube.
• Cantores nordestinos: L. Gonzaga, Gonzaguinha, Alceu Valença. YouTube.
12
• Memória viva
 Rodas de conversa com moradores antigos do bairro: entrevistá-los sobre
sua infância, seus tempos de escola, suas formas de diversão etc.
• Apresentações musicais
 Convidar grupos locais a se apresentarem. Estipular um tempo ou número
de músicas para cada um, orientando-os a se inspirarem no tema do sarau.
• Oficina de artesanato
 Membros da comunidade podem ensinar a fazer pequenos objetos de
artesanato, de acordo com suas habilidades manuais.
• Brincando com poemas
 Criar uma série de desafios com a escrita a partir de poemas conhecidos.
Alguns exemplos:
- completar lacunas com as palavras que estiverem faltando;
- entregar versos separados em pequenos pedaços de papel e pedir que o
grupo junte-os para formar poesias, criação de rimas etc.
• Teatro
 Convidar grupos de teatro da escola ou comunidade local a montarem peças
ou esquetes inspirados no tema do sarau.
Recomendações
Em cada sarau, deixar uma caixa de sugestões em local visível para que os convidados
possam sugerir temas para o próximo encontro.
Durante toda a organização do evento, é importante incentivar o trabalho em equipe, a
auto-organização, a criatividade e a improvisação, além de trabalhar valores como
cooperação, ética e solidariedade. O processo é muitas vezes tão importante quanto o
produto final.
13
É importante que os educadores do PEF façam o registro dos saraus: fotos, desenhos,
relatos. Esse registro pode ser compartilhado em murais expostos na escola.
As famílias podem ficar responsáveis por organizar a área de comida, montando
barracas de lanches e comidas típicas.
Além de ser um momento de descontração e resgate permanente da cultura popular,
o sarau é também uma oportunidade de conhecer melhor o universo da comunidade,
informações que poderão servir de base para enriquecer o currículo da escola.
O sarau pode fazer parte do planejamento anual da escola se estiver integrado às
atividades de sala de aula.
O sarau permite a circulação das famílias pela escola. Por isso, é conveniente espalhar
as atividades pelos diferentes espaços: biblioteca, salas de aula, sala de leitura, quadra,
sala de vídeo e outros locais normalmente esquecidos.
Registrar a atividade no site do Programa Escola da Família.
VII – Conclusão
O cordel, que era vendido nas barracas das feiras livres pendurado em cordões e
recitado ou cantado pelos poetas violeiros para atrair os compradores, hoje sofre dos
males do esquecimento e do abandono, explicado pelo advento da era tecnológica e
assimilação desenfreada da cultura estrangeira. Ele já foi, no interior do Nordeste, o
jornal, a música, o lazer de um povo que se reunia nos salões ou terreiros das casas para
fantasiar histórias, lidas por aqueles que dominavam os códigos da leitura e servia
também para alfabetizar tantos outros que às vezes sabia de cor folhetos famosos. O
hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no Nordeste poetas de expressão como
14
Patativa do Assaré e revelar ao mundo a música inigualável de Luiz Gonzaga, valores que
sintetizam a grandiosidade da nossa arte popular.
Quando a escola e a comunidade escolar procurar conscientizar a todos da real
necessidade de se preservar o cordel enquanto saber histórico, estaremos caminhando
em direção a sua revitalização.
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_professor_virtual_perguntas_00223_3.pdf

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Patativa - Lieratura de Cordel

  • 1. TEXTOS E PROJETO CONFORME DIRETRIZES da SEE para o mês de agosto, previsto em Calendário 2017. Este material abre possibilidades para ser utilizado junto ao nosso público da escola, aos sábados e domingos e SEMANA LETIVA em parceria com os Professores de ARTE e LÍNGUA PORTUGUESA. Teremos (Escola da família) oficinas de XILOGRAVURA e um estudo e ensaio para apre- sentação de uma OPÇÃO DE CORDEL, escolhido a partir dos textos apresentado neste documento. Esta oficina pode ser extendida durante nossos encontros semanais, conteúdo este que faz parte do nosso currículo e auxilia no processo ensino aprendizagem, trazendo aos nossos alunos uma forma diferente de participação e aprendizagem.
  • 2.
  • 3. 1 Patativa: características, habitat, espécies, alimentação e reprodução desta ave de fino canto. A patativa é um pássaro de canto belo, melodioso. Este canto é usado pelo macho para marcar seu território. Seu canto é tão atraente e lindo que o pássaro é citado em poemas, versos e músicas, além de ter virado apelido de cantores do Nordeste. As características da patativa são a cor cinza-azulado dos machos e parda de fêmeas e dos jovens filhotes. Bico negro, cinza ou amarelo e comprimento de cerca de 10 cm. Habitam campos, cerrados e baixadas de diversos estados brasileiros e também Argentina e Paraguai. No inverno não é muito vista, pois fica escondida trocando de penas. Depois de setembro já aparece em casais. Com a primavera e aumento da alimentação, os machos formam seus territórios e disputam fêmeas. Neste período os machos ficam no topo de altas árvores cantando para marcar sua área e protegendo-a de possíveis invasores. Alimentam-se de gramas e brotinhos de plantas. É uma ave que se adaptou muito bem ao cativeiro. Existem várias espécies desta bela ave, sendo que as principais são a Patativa Chorona, o Coleirinho, o Brejal e a Patativa da Amazônia, entre outras. No período reprodutivo, primavera e verão, a fêmea constrói seu ninho em forma de uma taça, em árvores não muito altas. Ali ela fará a postura de 2 ou 3 ovinhos que serão incubados por 13 dias. Depois de 35 dias os filhotes já se alimentam sozinhos e já se separam dos pais. Infelizmente, apesar do seu belo canto, a Patativa é um pássaro ameaçado na natureza. São caçados, principalmente os machos pelo seu canto, sofrem com a destruição e poluição do seu habitat natural e mais ainda pelo tráfico que ocorre em qualquer período e lugar.
  • 5. 3
  • 6. 4
  • 7. 1 Ao artista Zenon Barreto Patativa do Assaré Querem saber quem eu sou ? Eu nasci na Solidade Onde nunca penetrou A luz da civilidade, Onde a história vigora De lobisomem, caipora E a acauã agoureira Apavora meus irmãos, Ali nasci sobre as mãos Da sertaneja parteira. Foi ali onde eu nasci Ouvindo o pássaro cantar E onde primeiro senti A brisa branda soprar, Guardo no peito a saudade Da minha primeira idade Onde tudo é ilusão, Nesta quadra alvissareira Eu brinquei de baladeira De bodoque e de pião. Ingênuo e pequeno infante Rodeado de beleza, Escutava a todo instante As vozes da Natureza, Sou cearense da gema Terra da índia Iracema Criada por Alencar, Me orgulho de ser nordestino Nasci com o dom divino Da cultura popular. Eu nasci entre os roceiros, Fui criado ouvindo lendas, Cantadas pelos vaqueiros Que vigiavam fazendas. Já dancei cirandinha, Já condenei a galinha Quando canta como galo. E nas festas animadas Já fiz partes das jornadas Nas danças de São Gonçalo. Meu Nordeste terra amada, Terra da mulher rendeira, Do côco da embolada E da velha benzedeira, Que confiando em seu santo Acaba com o quebranto, Rezando forte oração. Toda cheia de esperança Fazendo cruz na criança Com o ramo verde na mão.
  • 8. 2 De conservar o folclore Nós temos obrigação Para que sempre vigore A popular tradição. Muito me alegra e consola O cantador de viola, O grande improvisador Que elogia e lisongeia Comparando a mulher feia Com a beleza da flor. Do folclore a prova exata Aos bons leitores remeto, Mas muito melhor retrata O grande Zenon Barreto, Com o seu divino dom. O xilógrafo Zenon Esse artista verdadeiro Retrata em xilogravura Nossa popular cultura Do Nordeste Brasileiro. Quem já conhece esta arte, Observando não nega E sabe que nesta parte O Zenon é meu colega. No mesmo caminho vamos, Nos amamos e mostramos Desta sagrada cultura A fiel fotografia, Eu na simples poesia E ele na xilogravura.
  • 9. 1 Patativa do Assaré: Aposentadoria do Mané Riachão Seu moço, fique ciente de tudo que eu vou contar. sou um pobre penitente nasci no dia do azar; por capricho eu vim ao mundo perto de um riacho fundo no mais feio grutião. E como ali fui nascido, fiquei sendo conhecido por Mané do Riachão. Passei a vida penando no mais cruel padecê, como tratô trabaiando pro felizardo comê. a minha sorte é torcida, pra melhorá minha vida já rezei e fiz promessa, mas isto tudo é tolice. Uma cigana me disse que eu nasci foi de travessa. Sofrendo grande canseira virei bola de bilhá. Trabalhando na carreira daqui pra ali e pra acolá, fui um eterno criado sempre fazendo mandado, ajudando aos home rico. Eu andei de grau em grau, tal e qual o pica-pau caçando broca em angico. Sempre entrando pelo cano e sem podê trabalhá, com sessenta e sete ano procurei me aposentá. Fui batê lá no escritório, porém de nada valeu. Veja o que foi, cidadão, que aquele tabelião achou de falá pra eu. Me dise aquele escrivão franzindo o couro da testa: - Seu Mané do Riachão, estes seus papéis não presta. Isto aqui não vale nada, quem fez esta papelada era um cara vagabundo. Pra fazê seu aposento, tem que trazê documento lá do começo do mundo. E me disse que só dava pra fazê meu aposento com coisa que eu só achava no Antigo Testamento. Eu que tava prezenteiro mode recebê dinheiro, me disse aquele escrivão que precisava dos nome e também dos sobrenome de Eva e seu marido Adão. E além da identidade de Eva e seu marido Adão, nome da universidade onde estudou Salomão. Com outroas coisa custosa, bem custosa e cabulosa, que neste mundo revela a Escritura Sagrada: quatro dente da queixada que Sansão brigou com ela. Com manobra e mais manobra pra podê me aposentá, levá o nome da cobra que mandou Eva pecá. E além de tanto fuxico, o regristro e o currico de Nabucodonosô, dizê onde ele morreu, onde foi que ele nasceu e onde se batizô. Veja moço, que novela, veja que grande caipora e a pió de todas ela o sinhô vai vê agora. Para que eu me aposentasse, disse que também levasse terra de cada cratera dos vulcão do estrangeiro e o nome do vaqueiro que amansou a Besta Fera. Escutei achando ruim com a paciência fraca, e ele oiando pra mim
  • 10. 2 com os óio de jararaca. Disse: - A coisa aqui é braba precisa que você saiba que eu aqui sou o escrivão. Ou essas coisa apresenta, ou você não se aposenta, Seu Mané do Riachão. Veja, moço, o grande horrô, sei que vou morrê depressa, bem que a cigana falou que eu nasci foi de travessa. Cheio de necessidade, vou vivê de caridade. Uma esmola, cidadão! Lhe peço no Santo nome, não deixe morrê de fome, o Mané do Riachão.
  • 11. 1 BERTULINO E ZÉ TINGÓ Patativa do Assaré Zé Tingó Meu bom dia, Bertulino, como vai meu camarada? Já faz uns pouco de dia que eu ando em sua pisada. Com muito cuidado e pressa, fiz até uma promessa pra não vortá sem lhe vê. E vou logo lhe avisando, eu ando lhe precurando mode proseá com você. Bertulino Pois não, amigo Tingó, agora nóis vamo a ela vai já encontrá um texto que dê na sua panela. Vô preguntá pra você e tem que respondê, se é poeta porfundo, e rima sem quebrá pé, vá me dizendo qual é a coisa maió do mundo. Zé Tingó Bertulino, essa pregunta te respondo muito bem. Das coisa que anda sem fôrgo a mais maió é o trem, mas porém de bicho vivo, vou lhe falá positivo, do que eu conheço hoje em dia e agora tô lembrado, é o boi zebu raciado do Coroné Malaquia. Bertulino Zé Tingó, eu nunca vi tão tolo assim como tu. A coisa maió do mundo não é trem nem boi zebu. Colega, a coisa maió e também a mais mió eu vou lhe dizê qual é, sem demorá um segundo: a coisa maió do mundo é o grande amô da muié. Zé Tingó Eu não creio, pois a minha tem um gênio muito mau. Já bateu até em mim com um pedaço de pau. Me tratando com rigô, isto assim não é amô, amô assim ninguém qué. Hoje eu me julgo perdido porque andava iludido com trapaça de muié. Bertulino Tingó, o cabra valente que briga com dois ou três, tando perto de muié, briga até com cinco ou seis. Alguém diz que é valentão, pula de faca na mão, faz medo e faz rapapé. Mas porém tudo é bobagem: o home só tem coragem com grande amô de muié. Zé Tingó Vou lhe mostrá um exemplo. Eu vi o Chico Mutuca, rapaz bom e de prestígio que nunca gostou de infuca. Amô a uma donzela, ela rapou-lhe a canela, deu nas venta com os pé. E foi triste o resultado:
  • 12. 2 ele morreu enforcado por causa desta muié. Bertulino Também te mostro um exemplo. Eu vi o véio Jacó cacundo, triste e bizungo porque não tinha um xodó. Mas topou uma cabrocha com os dois óio de tocha e a sua fala de mé. E hoje o véio anda linheiro, todo engomado e no cheiro, com grande amô da muié. Zé Tingó O que eu sei é que a muié de seu Mané Cajuêro pegou com salto de bode, fugiu com um miçangueiro. E sabe o que aconteceu? Seu Mané endoideceu, da vida perdeu a fé. Hoje o miserável tá no asilo da capitá por causa dessa muié. Bertulino Tingó, muié tem milagre. O rapaz do Zé Vinvim andava triste e calado, tudo pra ele era ruim. A vida não tinha graça, só vivia na framaça de um dotô de muita fé. E o remédio não deu jeito, mas ficou bom e perfeito com o grande amô da muié. Zé Tingó Eu não lhe duvido não. Muié tem umas mistura, a muié é como veneno: muié mata e muié cura. Tem a bonita e mais feia, umas anda como oveia e outras como o jacaré. Porém já conheço a fundo que os desmantelo do mundo é por causa de muié. Bertulino Zé Tingó, o dinheiro é grande, com ele tudo se anima, mas o amô da muié derruba e passa por cima. O trabaiadô da roça, o vagabundo da troça, o dotô e o coroné, tudo isto que eu tô falando só é feliz encontrando um coração de muié. Zé Tingó Algum pode ser feliz, porém outros corre estreito, porque neste mundo tem coração de todo jeito. Todo vivente do chão tem por certo um coração, até mesmo a cascavé. E por isto eu penso assim, mora muita coisa ruim no coração da muié. Bertulino Ninguém fale de muié, seja lá que muié fô. Ela foi sempre no mundo jóia de grande valô, desde os tempo de outrora. Veja que Nossa Senhora se casou com São José, e com isto se conhece que até o santo obedece
  • 13. 3 ao grande amô da muié. Zé Tingó Porém Eva era medonha, era doida e sacudida, teimou com Deus e comeu uma fruta proibida, e ao marido ofereceu. E o pobre, quando comeu, que da miséria deu fé, soluçou de arrependido. E o mundo ficou perdido por causa dessa muié. Bertulino Colega, nunca estudei, eu não sei lê nem contá. Mas porém muitas das vez pego sozinho a pensá que a terra e sua montanha com sua grandeza tamanha, do mar com sua maré e do mundo a redondeza, ainda não tem grandeza igual o amô da muié. Zé Tingó Bertulino, é seu engano, ói minha comparação: a muié é como a arapuca e o home é como o cancão. O cancão vê a arapuca e pega naquela infuca e mexe e remexe até que fica preso e sujeito. Pois é deste mesmo jeito o bem-querer da muié. Bertulino Mas meu colega, Tingó, tu bem pode avaliá que uma cabeça bonita com os óio de venha cá, deixa o cabra sugigado. Eu já tenho imaginado que até mesmo o luçulé, que anda procurando as arma, se alvoroça e perde a carma vendo as arma da muié. Zé Tingó Colega, vamo dexá, nem eu nem você tem sorte, porque questão de muié só quem resorve é a morte. Decidi é impossíve, neste assunto imcompreensive cada um diz o que qué. E até logo Bertulino, glosadô, véio mofino aduladô de muié.
  • 14. 1 Patativa do Assaré Biografia, obras, poemas, repentes, literatura de cordel e outras informações sobre sua vida Patativa do Assaré (1909-2002) foi um poeta popular, compositor, cantor e repentista brasileiro. Foi um dos maiores poetas populares do Brasil. Com uma linguagem simples, porém poética, retratava a vida sofrida e árida do povo do sertão. Projetou-se com a música "Triste Partida" em 1964, uma toada de retirantes, gravada por Luiz Gonzaga, o rei do baião. Seus livros, traduzidos em vários idiomas, foram tema de estudos na Sorbonne, na cadeira de Literatura Popular Universal. Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva) (1909-2002) nasceu no município de Assaré, interior do Ceará, a 623 km da capital Fortaleza. Filho dos agricultores Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva, ainda pequeno ficou cego do olho direito. Órfão de pai aos oito anos de idade começou a trabalhar no cultivo da terra. Com pouco acesso à educação, frequentou durante quatro meses sua primeira e única escola onde aprendeu a ler e escrever e se tornou apaixonado pela poesia. Logo começou a fazer repentes e se apresentar em festas locais. Antônio Gonçalves da Silva recebeu o apelido de Patativa, pois sua poesia era comparada à beleza do canto
  • 15. 2 dessa ave. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos. Com vinte anos começou a viajar por várias cidades nordestinas e diversas vezes se apresentou na Rádio Araripe. Com uma linguagem simples, porém poética, retratava em suas poesias o árido universo da caatinga nordestina e de seu povo sofrido e valente do sertão. Viajou para o Pará em companhia de um parente José Alexandre Montoril, que lá morava, onde passou cinco meses fazendo grande sucesso como cantador. De volta ao Ceará continuou na mesma vida de pobre agricultor e cantador. Sua projeção em todo o Brasil se iniciou a partir da gravação de "Triste Partida" em 1964, toada de retirante de sua autoria gravada por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Teve inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais e publicou "Inspiração Nordestina" (1956), "Cantos de Patativa" (1966). Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados em Patativa do Assaré (1970). Gravou seu primeiro LP "Poemas e Canções" (1979) uma produção do cantor e compositor cearense Fagner. Apresentou-se com o cantor Fagner no Festival de Verão do Guarujá (1981), período em que gravou seu segundo LP, "A Terra é Naturá", lançado também pela CBS. A política também foi tema da obra e de sua vida. Durante o regime militar, ele criticava os militares e chegou a ser perseguido. Participou da campanha das Diretas já, em 1984 e publicou o poema "Inleição Direta 84". Ao completar 85 anos foi homenageado com o LP "Patativa do Assaré - 85 Anos de Poesia" (1994), com participação das duplas de repentistas Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio e Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Tido como fenômeno da poesia popular nordestina, com sua versificação límpida sobre temas como o homem sertanejo e a luta pela vida, seus livros foram traduzidos em diversos idiomas e tornaram-se temas de estudo na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel.
  • 16. 3 Antônio Gonçalves da Silva, sem audição e cego desde o final dos anos 90, morre em consequência de falência múltipla dos órgãos, no dia 8 de julho de 2002, em sua casa, em Assaré, Ceará, aos 93 anos. • Poesias de Patativa do Assaré • A Festa da Natureza • ABC do Nordeste Flagelado • Aos Poetas Clássicos • A Terra dos Posseiros de Deus • A Terra é Naturá • A Triste Partida • Caboclo Roceiro • Cante Lá, Que Eu Canto Cá • Dois Quadros • Eu Quero • Flores Murchas • Inspiração Nordestina • Linguagem dos Óio • Mãe Preta • Nordestino Sim, Nordestino Não • O Burro • O Peixe • O Poeta da Roça • O Sabiá e o Gavião • O Vaqueiro • Vaca Estrela e Boi Fubá
  • 17. 4
  • 18. 1 Cada um no seu lugar Patativa do Assaré O cassaco, de cabreiro Vive vagando aos pinotes E como não tem dinheiro Leva no bolso os filhotes O vagalume inocente Fazendo suas defesas Leva sempre em sua frente Duas lanternas acesas. A lição bastante amiga Que precisamos tomar É na escola da formiga Ensinando a trabalhar. Diz o mocho em seu recanto: Nada aqui acho esquisito, Por aqui eu mesmo canto Para eu mesmo achar bonito. Diz a preguiçosa lesma Exibindo o caracol: Minha vida é sempre a mesma, Não temos chuva nem sol E a mosca, toda vaidosa, Sobre a carniça dizendo: Não há comida gostosa Igual à que estou comendo. Diz o sapo: dor e mágoa Minha vida não encerra, Quando quero estar na água, vou passear pela terra. Diz o beija-flor contente: Faço o que outra ave não faz, eu sei voar para frente eu sei voar para traz. Diz a aranha prevenida: Sou feliz na vida minha Teço até o fim da vida, Sem nunca me faltar linha.
  • 19. 1 Cante Lá Que Eu Canto Cá Patativa do Assaré Poeta, cantô de rua, Que na cidade nasceu, Cante a cidade que é sua, Que eu canto o sertão que é meu. Se aí você teve estudo, Aqui, Deus me ensinou tudo, Sem de livro precisá Por favô, não mêxa aqui, Que eu também não mexo aí, Cante lá, que eu canto cá. Você teve inducação, Aprendeu munta ciença, Mas das coisa do sertão Não tem boa esperiença. Nunca fez uma paioça, Nunca trabaiou na roça, Não pode conhecê bem, Pois nesta penosa vida, Só quem provou da comida Sabe o gosto que ela tem. Pra gente cantá o sertão, Precisa nele morá, Tê armoço de fejão E a janta de mucunzá, Vivê pobre, sem dinhêro, Socado dentro do mato,
  • 20. 2 De apragata currelepe, Pisando inriba do estrepe, Brocando a unha-de-gato. Você é muito ditoso, Sabe lê, sabe escrevê, Pois vá cantando o seu gozo, Que eu canto meu padecê. Inquanto a felicidade Você canta na cidade, Cá no sertão eu infrento A fome, a dô e a misera. Pra sê poeta divera, Precisa tê sofrimento. Sua rima, inda que seja Bordada de prata e de ôro, Para a gente sertaneja É perdido este tesôro. Com o seu verso bem feito, Não canta o sertão dereito, Porque você não conhece Nossa vida aperreada. E a dô só é bem cantada, Cantada por quem padece. Só canta o sertão dereito, Com tudo quanto ele tem, Quem sempre correu estreito, Sem proteção de ninguém, Coberto de precisão Suportando a privação Com paciença de Jó, Puxando o cabo da inxada, Na quebrada e na chapada, Moiadinho de suó. Amigo, não tenha quêxa, Veja que eu tenho razão Em lhe dizê que não mêxa Nas coisa do meu sertão. Pois, se não sabe o colega De quá manêra se pega Num ferro pra trabaiá, Por favô, não mêxa aqui, Que eu também não mêxo aí, Cante lá que eu canto cá. Repare que a minha vida É deferente da sua. A sua rima pulida
  • 21. 3 Nasceu no salão da rua. Já eu sou bem deferente, Meu verso é como a simente Que nasce inriba do chão; Não tenho estudo nem arte, A minha rima faz parte Das obra da criação. Mas porém, eu não invejo O grande tesôro seu, Os livro do seu colejo, Onde você aprendeu. Pra gente aqui sê poeta E fazê rima compreta, Não precisa professô; Basta vê no mês de maio, Um poema em cada gaio E um verso em cada fulô. Seu verso é uma mistura, É um tá sarapaté, Que quem tem pôca leitura Lê, mais não sabe o que é. Tem tanta coisa incantada, Tanta deusa, tanta fada, Tanto mistéro e condão E ôtros negoço impossive. Eu canto as coisa visive Do meu querido sertão. Canto as fulô e os abróio Com todas coisa daqui: Pra toda parte que eu óio Vejo um verso se bulí. Se as vêz andando no vale Atrás de curá meus male Quero repará pra serra Assim que eu óio pra cima, Vejo um divule de rima Caindo inriba da terra. Mas tudo é rima rastêra De fruita de jatobá, De fôia de gamelêra E fulô de trapiá, De canto de passarinho E da poêra do caminho, Quando a ventania vem, Pois você já tá ciente:
  • 22. 4 Nossa vida é deferente E nosso verso também. Repare que deferença Iziste na vida nossa: Inquanto eu tô na sentença, Trabaiando em minha roça, Você lá no seu descanso, Fuma o seu cigarro mando, Bem perfumado e sadio; Já eu, aqui tive a sorte De fumá cigarro forte Feito de paia de mio. Você, vaidoso e facêro, Toda vez que qué fumá, Tira do bôrso um isquêro Do mais bonito metá. Eu que não posso com isso, Puxo por meu artifiço Arranjado por aqui, Feito de chifre de gado, Cheio de argodão queimado, Boa pedra e bom fuzí. Sua vida é divirtida E a minha é grande pená. Só numa parte de vida Nóis dois samo bem iguá: É no dereito sagrado, Por Jesus abençoado Pra consolá nosso pranto, Conheço e não me confundo Da coisa mió do mundo Nóis goza do mesmo tanto. Eu não posso lhe invejá Nem você invejá eu, O que Deus lhe deu por lá, Aqui Deus também me deu. Pois minha boa muié, Me estima com munta fé, Me abraça, beja e qué bem E ninguém pode negá Que das coisa naturá Tem ela o que a sua tem. Aqui findo esta verdade Toda cheia de razão: Fique na sua cidade
  • 23. 5 Que eu fico no meu sertão. Já lhe mostrei um ispeio, Já lhe dei grande conseio Que você deve tomá. Por favô, não mexa aqui, Que eu também não mêxo aí, Cante lá que eu canto cá.
  • 24. 1 Município de Assaré "Terra da Poesia Popular - Berço da Poesia" Assaré é um município brasileiro do interior do Estado do Ceará, localiza-se a oeste da Chapada do Araripe, na Mesorregião do Sul Cearense e na Microrregião da Chapada do Araripe De acordo com a estimativa feita pelo IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ano de 2013 o Município de Assaré contava com uma população estimada em 22.988 habitantes.. Seus 22.988 habitantes estão distribuídos em 1.116,320 km² de área. Fica a 520 km de Fortaleza, a capital do Estado do Ceará e a 1.640 Km de Brasília, a capital da República Federativa do Brasil. Assaré constitui um entroncamento rodoviário que viabiliza o acesso entre o Cariri com o Sertão dos Inhamuns. Assaré é conhecida por ser a terra natal do ilustre poeta popular, cantor, compositor e improvisador Patativa do Assaré, que até hoje se mantém vivo na memória do povo assareense. Por conta disso, o Município de Assaré é conhecido por muitos como " A Terra da Poesia Popular". O Município de Assaré também representa um grande polo turístico do Ceará, seus casarões históricos, a Igreja Matriz construída em 1842, o Açude Banguê o mais antigo da cidade datado de 1844, o sobrado de arquitetura antiga e imponente que abriga toda a vida de Patativa do Assaré, os atrativos culturais e naturais do município e a Barragem Canoas que abastece o município, todos os anos atraem pessoas de vários estados do Brasil.
  • 25. 1 Ladrão de Roça Patativa do Assaré Eu botei minha roça na chapada Plantei milho, feijão e melancia, Mas com roça não há quem faça nada No lugar onde mora Zé Maria. Neste mundo nasceu este espantalho Que pertence também aos irracionais Mas não quis aprender um só trabalho, O que é roubar e nada mais. Ele foi lá na roça da chapada Meia-noite, pois nunca anda de dia E voltando ao romper da madrugada Trouxe milho, feijão e melancia. No seu rancho fiquei muito surpreso, Vi feijão, vi melancia e pamonha E gritei: Zé Maria, esteja preso! Seu malandro, safado, sem-vergonha.
  • 26. 1 Lição do pinto Patativa do Assaré (Versos recitados pelo autor em um comício em favor da anistia) Vamos meu irmão, A grande lição Vamos aprender, É belo o instinto Do pequeno pinto Antes de nascer. O pinto dentro do ovo Está ensinando ao povo Que é preciso trabalhar, Bate o bico, bate o bico Bate o bico tico-tico Pra poder se libertar. Vamos minha gente, Vamos para frente Arrastando a cruz Atrás da verdade, Da fraternidade Que pregou Jesus. O pinto prisioneiro Pra sair do cativeiro Vive bastante a lutar, Bate o bico, bate o bico, Bate o bico tico-tico Pra poder se libertar. Se direito temos, Todos nós queremos Liberdade e paz, No direito humano Não existe engano, Todos são iguais. O pinto dentro do ovo Aspirando um mundo novo Não deixa de beliscar Bate o bico, bate o bico, Bate o bico tico-tico Pra poder se libertar.
  • 27. 1 O Bode de Miguel Boato e o Efeito da Maconha. O praciano e o roceiro Já sabem Miguel quem é, Este grande caixãozeiro Do mercado de Assaré, Sua língua é uma mola, fala mais do que vitrola, é amigo muito exato, seu nome é Miguel de Souza, mas devido tanta causa lhe chamam Miguel Boato. Miguel é negociante É um grande caixãozeiro, Mas também banca o marchante Comprando bode e carneiro, Só compra para ganhar Porq1ue sabe avaliar O peso da criação, Mas desta vez se lascou Com um bode que comprou No sítio do Boqueirão. Totonho de Zé Candinha Que anda atrás de melhora Vendendo um bode que tinha Fez grande recurso agora, Miguel foi o preferente E o Totonho inteligente Fingindo ser bem fiel, Chegou de cara risonha E um cigarro de maconha Fumou perto de Miguel. Totonho por um capricho, Vendo Miguel maconhado Disse: vamos ver o bicho Que está ali no cercado E na vista do marchante Era um bode extravagante Do tamanho de um camelo Miguel com gosto sorria, Coitadinho! Não sabia Do seu grande desmantelo. Perguntou achando graça: Totonho, responda a mim Onde encontrou esta raça De bode tão grande assim? Este é para mais do contrato Por quinhentos é barato O seu bonito animal, O monstro parece um boi, Faço de conta que foi Um presente de Natal. Se despediu de Totonho, Cheio de vida e contente E saiu muito risonho Tocando o bode na frente, Alegre pelo caminho Dizia mesmo sozinho Agora eu ganho um pacote, Desta vez eu dei um bolo E a custa daquele tolo Eu vou aprumar o chote. Porém quando se sumiu O efeito da maconha, O bode diminuiu De fazer raiva e vergonha E o marchante encabulado Dizia impressionado: O bode que era um sendeiro Se transformou de repente! Foi quando ficou ciente Que o Totonho é maconheiro. Com uma raiva medonha Dizia: o bode mudou Só tendo sido maconha Que aquele diabo fumou, Pensando em sua caipora, Seguindo de estrada afora Sem prazer, sem alegria Na frente o bode tocava E quando mais reparava Mais ele diminuía.
  • 28. 2 Bastante desiludido Quando chegou na rodagem Achou que tinha perdido O dinheiro e a viagem, Olhava e naquilo tudo Via um bodete pançudo, Pequeno e muito esquisito E o povo que o encontrava Sorria e lhe perguntava Cadê a mãe do cabrito? Quando ele chegou na rua, Enfadado e sem prazer Foi grande a vergonha sua Para o bodete abater E assim que o mesmo esfolou O povo se alvoroçou Tudo queria comprar Com algazarra e pagode Porém o diabo do bode Não deu nem pra começar. Lojas, bancas e bodegas Iam comprar um quinhão e os marchantes seus colegas fazendo chateação, chegava um e dizia com a maior anarquia: só negocia quem pode! E Miguel encabulado, Calado, muito calado Pesando a carne do bode Depois que a carne pesou, Somou tudo, dividiu, Com jeito multiplicou E depois diminuiu, Com a sua grande prática Abalou a matemática Sem perder operação, E sabe o que aconteceu? Oitenta contos perdeu No bode do Boqueirão. A matança foi tão louca Que o Miguel perdeu a feira E além da carne ser pouca A pele não deu primeira, Ficou sem jeito o marchante Com a droga embriagante Totonho lhe tapeou, Com o negócio horroroso. Miguel ficou desgostoso E nunca mais boatou. Não quer negócio fazer Com gente do Boqueirão, o seu negócio é vender farinha, milho e feijão, assim mesmo no mercado não pode estar sossegado, nem se livra do pagode, por onde ele vai passando o povo fica gritando: Seu Miguel, me compre um bode!
  • 29. 1 Cordel Paraíba: espaço destinado à publicação de poemas e informações diversas relacionadas à literatura de cordel Publicamos neste espaço Do poeta renomado Ao escritor não famoso, Do doutor ao não letrado. Verso seja rico ou pobre, Aqui todo mundo é nobre E seu respeito é sagrado. Cordelista iniciante Não fique desanimado Caso tenha seu poema Por algum deus desdenhado. Todo e qualquer aprendiz Tem o direito motriz De compor verso quebrado. Bem-vindos, peguem carona Na cadência do cordel, Cujo dono conhecemos: Não é nenhum coronel. O cordel pertence ao povo Do velho a sair no novo Saboreiam deste mel. (Manoel Belizario) João Melquíades Ferreira Da Silva - Pavão Misterioso João Melquíades Ferreira da Silva nasceu em Bananeiras, no brejo da Paraíba, em 7 de julho de 1869 e faleceu em João Pessoa em 10 de dezembro de 1933. Foi cantador e
  • 30. 2 poeta de bancada, segundo Francisco das Chagas Batista, seu amigo e principal editor. É considerado um dos grandes poetas da primeira geração da literatura de cordel. Sentou praça no Exército. Participou das campanhas de Canudos em 1897 e do Acre em 1903. Em 1904, já promovido a sargento, deu baixa do Exército, fixando residência na capital do Estado da Paraíba, onde se casou e teve quatro filhos. Manteve vínculo com a região rural de sua origem e escreveu diversos poemas com descrições da Paraíba, especialmente da Serra da Borborema. Adotou o título de cantor da Borborema. (Fonte: site Casa de Rui Barbosa) Outra versão da autoria do romance A obra Romance do Pavão Misterioso é o maior clássico do cordel. Folheto mais vendido em todos os tempos, foi escrito por José Camelo de Melo Rezende no final dos anos 20. João Melquíades Ferreira da Silva tomou posse da história e a publicou como se fosse dele, antes de Rezende. A palavra "romance" no título garante tratar-se de uma narrativa feita nos moldes tradicionais: tem 32 páginas, em versos de sete sílabas ou redondilhas maiores, e sua matéria diz respeito a uma aventura de amor e de heroísmo. O enredo do Romance do Pavão Misterioso é a aventura de um rapaz, chamado Evangelista, que ao contemplar, em um retrato, a beleza de Creuza, donzela conservada prisioneira pelo conde (seu pai), sente-se invadido por um forte desejo: tirar a moça do sobrado do conde e tomá-la como mulher. Evangelista foge com Creuza, ajudado por um pavão mecânico. Título: Romance do Pavão Misterioso História Completa Autor: João Melquíades Ferreira da Silva Ano: N/C N° de páginas: 32 Editor Proprietário: José Bernardo da Silva Impressão: Tipografia São Francisco Local: Juazeiro do Norte - CE Fonte: FCRB
  • 31. 3 Obs. No final da década de 1920 João Melchíades publicou na Paraíba o romance “História do Pavão Misterioso”, obra creditada a José Camelo, que denuncia o plágio. Entretanto, a autoria do romance continua a ser atribuída a João Melchíades, sendo que até hoje se discute a verdadeira autoria da obra.
  • 32. 4
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  • 64. Pavão Mysteriozo Ednardo Pavão misterioso Pássaro formoso Tudo é mistério Nesse teu voar Mas se eu corresse assim Tantos céus assim Muita história Eu tinha pra contar Pavão misterioso Nessa cauda Aberta em leque Me guarda moleque De eterno brincar Me poupa do vexame De morrer tão moço Muita coisa ainda Quero olhar Pavão misterioso Pássaro formoso Tudo é mistério Nesse seu voar Ai se eu corresse assim Tantos céus assim Muita história Eu tinha pra contar Pavão misterioso Pássaro formoso No escuro dessa noite Me ajuda, cantar Derrama essas faíscas Despeja esse trovão Desmancha isso tudo, oh! Que não é certo não Pavão misterioso Pássaro formoso Um conde raivoso Não tarda a chegar Não temas minha donzela Nossa sorte nessa guerra Eles são muitos Mas não podem voar _______///_________ A canção foi composta com base na literatura de cordel e possui mais de 20 regravações, tanto no Brasil (Belchior, Elba Ramalho, Ney Matogrosso) como no exterior (Paul Mauriat). Lançada em plena vigência da ditadura militar em nosso país, possui uma crítica ferrenha ao autoritarismo e a ausência da liberdade individual. O cordel no qual Ednardo baseou sua grande composição chama-se "O Romance do Pavão Misterioso", escrito por José Camelo de Melo Rezende, em 1923. Conta uma aventura aparentemente despretensiosa, mas de grande apelo popular, com raízes nos contos das Mil e uma Noites. "O Pavão Misterioso” possui 141 estrofes de seis versos (sextilhas) de sete sílabas (redondilha maior). É narrada a história da Condessa Creuza, a moça mais bonita da Grécia, conservada pelo pai trancada desde a infância no mais alto quarto de um sobrado. Uma vez no ano, a moça aparece por uma hora ao povo, que vem de longe, só para contemplar- lhe a beleza. Um retrato dela chega até a Turquia, onde mora Evangelista, que se apaixona pela bela figura da jovem. Dirigindo-se à Grécia, ele encomenda a um engenheiro um mecanismo alado – o Pavão Misterioso do título – a bordo do qual consegue chegar até o quarto da moça, raptando-a, depois de vários perigos e dificuldades. A música é considerada sagrada pelos
  • 65. índios do Xingu nos rituais religiosos. Também usada por outros tantos como hino à liberdade, a beleza humana e sua capacidade de realizar a vida acima das aparentes impossibilidades. ___________________________________ A música Pavão Misterioso, do cantor Ednardo, é o tema de João Gibão na trilha sonora da novela Saramandaia, personagem interpretado por Sérgio Guizé. O som que é cheio de mistérios, igual aos personagens encantados da trama original de Dias Gomes, que foi exibida originalmente em 1976 na Rede Globo, traz um ritmo bem cadenciado. Sendo a canção mais conhecida do cantor cearense Ednardo, e tendo ganhado várias regravações, como de Ney Matogrosso e Elba Ramalho, o som foi o tema de abertura da primeira versão da novela.
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  • 67. 1 Sou Nordestino Patativa do Assaré Meu Nordeste terra amada Terra da mulher rendeira Do coco, da embolada E da velha benzedeira Nesta terra idolatrada Quero minha vida inteira Refrão Por ordem celeste eu sou do nordeste Sou cabra da Peste, de tudo aqui tem, Canta o violeiro, aboia o vaqueiro E o bom sanfoneiro toca o xem-nhém-nhém. Não há coisa mais bonita Do que se ouvir do Sertão O Sabiá sonoroso Cantando sua canção E se ver o sol brilhante Cobrindo a face do chão Refrão Por ordem celeste eu sou do nordeste Sou cabra da Peste de tudo aqui tem Canta o violeiro, aboia o vaqueiro E o bom sanfoneiro toca o xem nhém-nhém. Refrão Por ordem celeste eu sou do nordeste Sou cabra da Peste , de tudo aqui tem, Canta o violeiro, aboia o vaqueiro E o bom sanfoneiro toca o xem-nhém-nhém. Sou nordestino e me orgulho Da terra que Deus me deu. Aqui com a natureza Foi que o artista aprendeu Nesta terra abençoada O rei do baião nasceu. Refrão Por ordem celeste eu sou do nordeste Sou cabra da Peste de tudo aqui tem, Canta o violeiro, aboia o vaqueiro E o bom sanfoneiro toca o xem-nhém-nhém.
  • 68. 1 Programa Escola da Família Projeto Sarau “Boca de Cordel”
  • 69. 2 Gosto de agosto anuncia Que todos querem escutar É mais do que melodia É Boca de Cordel que vai chegar. Ana Maria Stuginski
  • 70. 3 I – Introdução Sarau é uma reunião festiva, normalmente noturna, para compartilhar experiências culturais e o convívio social. A origem da palavra sarau deriva do latim seranus / serum, termos que fazem referência ao “entardecer” ou ao “pôr do sol”. Justamente por ter esta etimologia, convencionou- se realizar os saraus durante o fim da tarde ou noite. Normalmente, um sarau é composto por um grupo de pessoas que se reúnem com o propósito de fazer atividades lúdicas e recreativas, como dançar, ouvir músicas, recitar poesias, conversar, ler livros, e demais atividades culturais. Este tipo de evento era muito comum durante o século XIX, principalmente entre grupos de aristocratas e burgueses. Atualmente, escolas, universidades, associações artísticas e culturais são algumas das instituições que reavivaram o costume da realização dos saraus nos últimos anos, como um modo de promover o desenvolvimento cultural da população. II – Histórico Ao longo da História é possível observar que a tradição cordelista já existia, sendo possível encontrar seus vestígios nos povos greco-romanos e fenícios por exemplo. Foi somente por volta do século XVI que esta prática chegou à Península Ibérica (Portugal e Espanha). Interessante perceber que naquela época este tipo de publicação era
  • 71. 4 chamado de “folhas soltas” ou “volantes”. Foi neste momento histórico (Renascimento) que se popularizou a impressão de relatos orais. Vale lembrar que o nome “cordel” se origina do modo de venda destas publicações em Portugal, onde em feiras, era comum encontrar estes relatos pendurados em barbantes ou cordéis. Ao chegar no Brasil por meio da colonização, os principais cordelistas se concentraram na região nordeste, onde até os fins de 1700, ficava capital do reino Os saraus chegaram ao Brasil com a família real movidos a erudição, requinte e soberba. Literatura, música, champanhe e vinhos eram alguns dos ingredientes dos saraus do Brasil do século XIX. Então privilégio de seleto público, esse tipo de encontro chegou ao Brasil em 1808, com D. João, e seguia os moldes dos salões franceses. Inicialmente, eram realizados no Rio de Janeiro, mas logo fazendeiros de São Paulo resolveram aderir à moda e já na metade do século XIX estavam espalhados por todas as capitais. O sarau era a realização mais elegante da sociedade, com direito a piano de cauda e frequentada apenas por pessoas “iluminadas” cultural e financeiramente. A maioria dos saraus tinha participação de poetas e músicos ilustres, mas artistas anônimos também gostavam de sondá-los à procura de um mecenas, proteção financeira e social. Com o tempo, essas reuniões passaram a ser organizadas também por pessoas de influência, interessadas em cultura e em bancar estudos e movimentos artísticos. Foi o que Freitas Vale fez. Conhecido como Senador Freitas Vale, de família paulistana rica e tradicional, abriu o salão Villa Kyrial (do grego Kyrios = Deus, Senhor), na Vila Mariana, em São Paulo. Durante as primeiras décadas do século XX, a Villa Kyrial passou a ser ponto paulistano para o encontro de boêmios, artistas, poetas - com ou sem recursos – como também, de políticos - com ou em busca de cargos – que se reuniam em magníficos saraus com aromas e sabores da “Belle Époque” parisiense, organizados e patrocinados por este mecenas. Neste salão, Freitas Vale reuniu modernistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e
  • 72. 5 Manuel Bandeira. Depois, surgiram outros salões, mais modestos como o do próprio Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Paulo Prado e de Dona Olívia Guedes Penteado. Hoje, os saraus não precisam mais de pianos de cauda nem de trajes a rigor. Eles precisam, apenas, de pessoas que queiram compartilhar arte. “Cem anos após seu surgimento, no Nordeste, esse tipo de poesia encontra-se numa fase de pouca produção e leitura; tornou-se mais urbano no conteúdo e, em certo sentido, é apenas relíquia de um passado glorioso. E constatamos que embora tenha diminuído, o cordel sobrevive, cumprindo ainda as funções de informar, ensinar e principalmente divertir o público. Há pouca produção de histórias novas - uma mudança importante desde sua época de ouro, na primeira década deste século e, depois, nos anos de 1920 a 1950.” CURRAN, Mark. História do Brasil em Cordel. São Paulo: Edusp, 2009 – 2ª edição < http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/02/da-corte-para-o-povo> III – Justificativa O sarau se popularizou e passou a ser encontro cultural entre amigos. A ideia inicial permanece: fazer amigos, cantar boa música, recitar poesias, encenar performances teatrais, expor peças e trabalhos de artistas plásticos, mostrar a beleza da nossa dança e tudo mais que possa transformar esse encontro em um profícuo evento cultural. O clima de descontração desses encontros é o que os torna ainda mais especiais e tão tradicionais. Entendendo a importância que as artes de maneira geral exercem no desenvolvimento humano e conhecedora da frequente presença dessa ação no contexto escolar, a Coordenação Geral do Programa Escola da Família propõe às suas coordenações
  • 73. 6 regionais e locais a realização de um sarau concentrando suas ações e atividades no tema Cordel, oportunizando um contato com o universo da literatura, da música, do teatro, da dança, enfim da arte, enriquecendo culturalmente a comunidade por meio de estratégias e metodologias com diferentes produções socioculturais. IV – Objetivo A proposta deste sarau terá o Cordel como tema. Essa manifestação artística, que se popularizou no Nordeste do Brasil, é um tipo de poesia popular, em que a musicalidade e a oralidade se fazem presentes. Seu objetivo principal é propor o maior aproveitamento da rica cultura do Cordel, sua divulgação e difusão em meio a jovens e seus respectivos núcleos familiares e socais. Simultaneamente, este projeto busca promover a manifestação artística do público a quem o projeto Boca de Cordel é destinado, por meio de outras linguagens como o teatro, a música, a dança, as declamações poéticas, as artes plásticas, a fotografia e outros recursos audiovisuais, realçando a diversidade cultural presente nessas expressões. http://sarauoreencontro.blogspot.com.br/2015/03/origem-do-sarau.html V – Organização Depois de pensada a finalidade do Sarau, alguns aspectos importantes devem ser planejados. A decoração, a iluminação, as bebidas e a alimentação devem fazer parte da organização do evento.
  • 74. 7 Como se trata de um evento cultural, a decoração deve estimular a criatividade e a criticidade. O cenário para um Sarau de Cordel pode ser constituído de motivos que instiguem a curiosidade e simbolizem o cerne da produção artística a ser apresentada. Uma iluminação apropriada a um Sarau pode ser constituída de uma meia-luz, de luzes coloridas em focos diferentes ou focadas em um único ponto. A gastronomia do evento fica por conta de aperitivos variados e leves. O intuito do evento não é a alimentação, esta é apenas um complemento. Portanto a comida não deve ser mais atrativa que o resto da festividade. Bebidas leves, como sucos e chás são mais apropriadas ao objetivo do encontro. O clima de receptividade em um sarau favorece a interação, a integração dos participantes. Uma dinâmica de grupo poderá facilitar a inclusão ao início do evento. Como música ambiente para apresentação da literatura de cordel, um sanfoneiro e/ou violeiro poderiam executar músicas nordestinas famosas ou não. Sugestões de programação: • Apresentação da produção literária de escritores cordelistas que falam/falaram sobre a cultura nordestina.  Patativa do Assaré (Antonio Gonçalves da Silva) - maior representante da poesia de Cordel - Cante lá que eu Canto Cá  Ariano Suassuna: Auto da Compadecida • Apresentação de um cordelista consagrado, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, com sede à rua Leopoldo Fróes, 37, no bairro de Santa Teresa. • Exposição de xilogravuras/isogravuras. A xilogravura de J. Borges. Técnicas de xilogravura/isogravura
  • 75. 8 • Temas sugeridos para xilogravura/isogravura:  O cangaço  A Seca  A Fauna  A Flora  As frutas  O Casamento  A Religião  Os Retirantes  As Danças • Música: ritmos:  coco (estilo de dança),  xaxado,  samba de roda,  baião,  xote,  forró,  axé,  frevo, • Culinária: mugunzá (Ceará e Pernambuco); moqueca, o vatapá, o acarajé, o bobó, azeite de dendê (Bahia); o cuxá, o bobó, o peixe pedra, a torta de camarão e o famoso refrigerante Jesus ou Guaraná Jesus que é patrimônio maranhense (Maranhão); o bolo-de-rolo (Pernambuco ); comidas típicas da região nordeste: baião-de-dois, carne-de-sol, queijo de coalho, vatapá, acarajé, panelada, frutos do mar, peixe (no Litoral); carne (no sertão); doces feitos de mamão, abóbora, laranja. • Festas - Carnaval Falando em Carnaval, os grandes atrativos são as festas de Salvador e Olinda: desfiles dos trios elétricos, os bonecos gigantes, o frevo e o maracatu;
  • 76. 9 - Bumba-Meu-Boi: registrado como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Boi Bumbá Caprichoso e Boi Bumbá Garantido - Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas. - Festas juninas O Nordeste inteiro, em junho e julho, entra em festa. Os “arraiás” famosos são de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), que disputam o título de maior São João do mundo e ocorrem durante todo o mês. As festas juninas de Aracaju, Salvador, Juazeiro do Norte, Mossoró e Teresina são igualmente famosas. Nelas, destacam-se os concursos de quadrilha, o forró pé-de-serra e as comidas típicas, como pé de moleque, canjica, buchada de bode, tapioca, goma (cuscuz) etc. • Abertura para participação de artistas e poetas cordelistas da comunidade VI – Atividades Um sarau é uma ótima opção alternativa de encontro entre amigos e um meio de trocar experiências. O público deve ser incentivado a participar ativamente, criando e se apresentando em clima de confraternização. Dia 1º de agosto – Dia do Poeta da Literatura de Cordel. Sugestões:  narrativas tradicionais;  contação de histórias;  musical e danças objetivando enaltecer as raízes brasileiras;  brincadeiras de faz de conta;  brincadeiras populares, folclóricas;  observação e manuseio de materiais impressos, como livros e textos;
  • 77. 10  assistência a vídeos de sarais retirados da internet  dramatizações com fantoches/marionetes  performances teatrais  leitura e produção de textos;  recitais: os participantes podem se inscrever para declamar textos cordelistas (de sua autoria ou não);  confecção de: xilogravuras, isogravuras, dobraduras, origami, pipas, lanternas etc;  jogos: bolinha de gude, pião, corda etc;  leitura/desenvolvimento de lendas e temas tradicionais e folclóricos. • Há algum cordelista no bairro? Convide-o a fazer uma oficina de criação de cordéis, que depois podem ficar expostos num varal. • Jogral abordando a literatura de cordel. • Repentistas tocando violão, cantando e recitando versos de improviso. • Organização de uma barraca com frutas e outras guloseimas típicas do nordeste brasileiro. • Exposição de trabalhos de artistas locais  Os artistas locais são convidados a se expressarem, nas suas diferentes linguagens, sobre o tema do sarau. Os trabalhos ficam expostos no pátio da escola. • Quintal de brincadeiras  Convidar membros da comunidade a organizar um espaço onde possam ensinar para as crianças brincadeiras de sua época. • Cantinho mágico, onde podem acontecer oficinas de construção de brinquedos com sucata.
  • 78. 11 • Momento de liberdade poética e musical: espaço aberto para que qualquer pessoa possa apresentar algo que tenha interesse em expor na hora. • Exposição de arte  Murais onde podem ficar expostos desenhos, pinturas e outros trabalhos de arte visual alusivos ao tema, feitos pelos participantes do PEF. • Roda de contação de histórias.  Professores, funcionários, pais ou mesmo alunos mais velhos podem conduzir esta atividade, voltada para as crianças. Sentadas em roda, elas ouvem a história contada pelo adulto e devem continuá-la imaginando novos rumos para a trama. Em seguida, elas podem criar livros ilustrando a história. Para isso, basta entregar folhas de sulfite dobradas ao meio e giz de cera. Eles podem ser finalizados grampeando ou amarrando um barbante na lombada. • Seção de cinema  Reservar uma das salas de aula (ou a própria sala de vídeo da escola, caso exista) para passar filmes que tenham relação com o tema do sarau. Ao final de cada seção, promover uma discussão sobre o assunto. Exemplos:  YouTube → Lampião e Maria Bonita. (filme completo) → Lampião O Rei do Cangaço – Documentário → Lampião Cangaço → História do Lampião → Corisco – Um Cabra de Lampião – Documentário → O cordel na TV: Vídeo da abertura da novela “Cordel Encantado". → A evolução do cordel, edições modernas: “A Bela e a Fera” em cordel. → Vídeo de Ariano Suassuna recitando cordel que originou a peça “O auto da compadecida”, de 1957. Trecho do filme “O auto da compadecida”. • Leandro Gomes de Barros, o pai do cordel no Brasil. YouTube. • Cantores nordestinos: L. Gonzaga, Gonzaguinha, Alceu Valença. YouTube.
  • 79. 12 • Memória viva  Rodas de conversa com moradores antigos do bairro: entrevistá-los sobre sua infância, seus tempos de escola, suas formas de diversão etc. • Apresentações musicais  Convidar grupos locais a se apresentarem. Estipular um tempo ou número de músicas para cada um, orientando-os a se inspirarem no tema do sarau. • Oficina de artesanato  Membros da comunidade podem ensinar a fazer pequenos objetos de artesanato, de acordo com suas habilidades manuais. • Brincando com poemas  Criar uma série de desafios com a escrita a partir de poemas conhecidos. Alguns exemplos: - completar lacunas com as palavras que estiverem faltando; - entregar versos separados em pequenos pedaços de papel e pedir que o grupo junte-os para formar poesias, criação de rimas etc. • Teatro  Convidar grupos de teatro da escola ou comunidade local a montarem peças ou esquetes inspirados no tema do sarau. Recomendações Em cada sarau, deixar uma caixa de sugestões em local visível para que os convidados possam sugerir temas para o próximo encontro. Durante toda a organização do evento, é importante incentivar o trabalho em equipe, a auto-organização, a criatividade e a improvisação, além de trabalhar valores como cooperação, ética e solidariedade. O processo é muitas vezes tão importante quanto o produto final.
  • 80. 13 É importante que os educadores do PEF façam o registro dos saraus: fotos, desenhos, relatos. Esse registro pode ser compartilhado em murais expostos na escola. As famílias podem ficar responsáveis por organizar a área de comida, montando barracas de lanches e comidas típicas. Além de ser um momento de descontração e resgate permanente da cultura popular, o sarau é também uma oportunidade de conhecer melhor o universo da comunidade, informações que poderão servir de base para enriquecer o currículo da escola. O sarau pode fazer parte do planejamento anual da escola se estiver integrado às atividades de sala de aula. O sarau permite a circulação das famílias pela escola. Por isso, é conveniente espalhar as atividades pelos diferentes espaços: biblioteca, salas de aula, sala de leitura, quadra, sala de vídeo e outros locais normalmente esquecidos. Registrar a atividade no site do Programa Escola da Família. VII – Conclusão O cordel, que era vendido nas barracas das feiras livres pendurado em cordões e recitado ou cantado pelos poetas violeiros para atrair os compradores, hoje sofre dos males do esquecimento e do abandono, explicado pelo advento da era tecnológica e assimilação desenfreada da cultura estrangeira. Ele já foi, no interior do Nordeste, o jornal, a música, o lazer de um povo que se reunia nos salões ou terreiros das casas para fantasiar histórias, lidas por aqueles que dominavam os códigos da leitura e servia também para alfabetizar tantos outros que às vezes sabia de cor folhetos famosos. O hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no Nordeste poetas de expressão como
  • 81. 14 Patativa do Assaré e revelar ao mundo a música inigualável de Luiz Gonzaga, valores que sintetizam a grandiosidade da nossa arte popular. Quando a escola e a comunidade escolar procurar conscientizar a todos da real necessidade de se preservar o cordel enquanto saber histórico, estaremos caminhando em direção a sua revitalização. http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_professor_virtual_perguntas_00223_3.pdf