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Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
ISSN 2177-3548
Resumo: Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) comumente apresentam in-
teresses restritos e, por esse motivo, pode ser muito difícil de atingir as metas de intervenção.
Para a instalação de novos comportamentos, a identificação e o condicionamento de novos
reforçadores são um passo essencial no atendimento de pessoas com TEA. Assim, este estudo
tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica de artigos que investiguem procedimentos
para tornar estímulos neutros em reforçadores condicionados para indivíduos com TEA.
Para tanto, foram utilizados os periódicos Journal Of Applied Behavior Analysis e Behavior
Interventions como base de dados para artigos publicados entre os anos de 2000 e 2018. Nesse
período, foram encontrados dez artigos que se encaixaram nos critérios estabelecidos, sendo
que, destes, quatro utilizaram observação como estratégia para condicionar novos reforça-
dores, quatro usaram pareamento de estímulos e dois, treinos de discriminação simples. Os
resultados indicaram que, dentre os dez artigos encontrados, oito atingiram seu objetivo, um
obteve resultados negativos e um apresentou resultados inconsistentes. Porém, dentre esses
oito com resultados positivos, dois artigos obtiveram apenas resultados imediatos (os estí-
mulos anteriormente neutros mantiveram sua função reforçadora por um período curto de
tempo). Além disso, o procedimento de observação foi o que apresentou melhores resultados
para criação de reforçadores condicionados.
Palavras-chave: transtorno do espectro autista; condicionamento de reforçadores; reforça-
dores condicionados.
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Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com
TEA: revisão de literatura
Procedures to condition reinforcers for people with ASD: literature review
Procedimentos para acondicionar reforzadores para personas com TEA:
revisión de literatura
Bárbara Araujo de Novais1
, Mateus Brasileiro2
[1] {2] Paradigma – Centro de Ciências do Comportamento - Paranaíba, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) | Título abreviado: Reforçador
Condicionado para pessoas com TEA | Endereço para correspondência: Rua Anibal dos Anjos Carvalho, 683/74, São Paulo – SP, CEP: 04810-050 | Email:
barbaraanovais@hotmail.com | doi: 10.18761/PAC.2020.v11.n2.09
241 www.revistaperspectivas.org
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
Abstract: Individuals with Autistic Spectrum Disorder (ASD) commonly have restricted in-
terests, and for this reason it can be fairly difficult to achieve the intervention goals. The iden-
tification and conditioning of new reinforcers is an essential step to acquire new behaviors in
the treatment of people with ASD. Therefore, this research aims to analyze bibliographic re-
view of articles that investigate procedures to turn neutral stimuli into conditioned reinforcers
for individuals with ASD. Accordingly, the Journal of Applied Behavior Analysis and Behavior
Interventions were used as a database for papers published between 2000 and 2018. In that
period, ten papers were found that fit the established criteria, four of which used observation
as a strategy to condition new reinforcers, four used stimulus pairing and two simple discrimi-
nation training. The results indicated that among the papers found, eight achieved their objec-
tive, one had negative results and one had inconsistent findings. However, among these eight
with positive results, two articles obtained only immediate results (the fomer neutral stimuli
maintained its conditioned reinforcer function for a short period of time). In addition, the
observation procedure showed the best results for creating conditioned reinforcers.
Keywords: Autism Spectrum Disorder; Conditioning of Reinforcers; Conditioned
Reinforcers.
Resumen: Las personas con Trastorno Del Espectro Autista (TEA) a menudo tienen intereses
restringidos y, por esa razón, puede resultar muy difícil lograr los objetivos de intervención
con esta población. Para la instalación de nuevos comportamientos, la identificación y acon-
dicionamiento de nuevos reforzadores es un paso fundamental en el cuidado de las personas
con TEA. Así, este estudio tiene como objetivo hacer una revisión bibliográfica de artículos
que investigan procedimientos para hacer estímulos neutrales, reforzadores condicionados,
para individuos con TEA. Para ello, los periódicos Journal Of Applied Behavior Analysis y
Behavior Interventions se utilizaron como base de datos para los artículos publicados entre
los años 2000 y 2018. En este período, se encontraron diez artículos que encajaban en los
criterios establecidos, de los cuales, cuatro autores utilizaron la observación como estrategia
para condicionar nuevos reforzadores, cuatro utilizaron emparejamiento de estímulos y dos,
entrenamiento de discriminación simple. Los resultados indicaron que, de los diez artículos
encontrados, ocho lograron su objetivo, uno tuvo resultados negativos y uno tuvo resultados
inconsistentes. Sin embargo, entre estos ocho con resultados positivos, dos artículos obtuvie-
ron solo resultados inmediatos (los estímulos previamente neutrales mantuvieron su función
de refuerzo por um corto período de tempo). Además, el procedimiento de observación mos-
tró los mejores resultados para la creación de reforzadores condicionados.
Palabras clave: trastorno del espectro autista; acondicionamiento de refuerzo; reforzadores
condicionados.
Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257
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242
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dis-
túrbio do neurodesenvolvimento com início preco-
ce, crônico, e com duas principais características:
prejuízo persistente na comunicação social em di-
ferentes contextos e comportamentos repetitivos/
restritos (American Psychiatric Association, 2014).
O comportamento repetitivo/restrito pode
aparecer tanto na falta de repertórios da criança
(exemplo: apresenta comportamentos que podem
ser chamados de estereotipados) como na restri-
ção de interesses (exemplo: fixação em determi-
nados brinquedos ou interesse por poucos itens)
(American Psychiatric Association, 2014).
Os interesses restritos podem limitar as oportu-
nidades de aprendizagem, bem como as oportuni-
dades de interagir com colegas que têm uma gama
mais ampla de interesses, restringindo o repertório
de um indivíduo e dificultando o seu acesso a uma
variedade de experiências. Além disso, por apresen-
tar poucos itens de interesse, a intervenção tende a
demorar mais para evoluir pela falta de reforçado-
res, visto que a criança terá pouca motivação para
aprender (Leaf, et al., 2012; Michael, 2000). Dessa
forma, para a boa fluência da intervenção, deve-se
pensar, inicialmente, em condicionar novos refor-
çadores.
Os reforçadores condicionados ou secundários
são estímulos que podem adquirir função reforça-
dora por meio de um processo de aprendizagem
(Skinner, 2003). Por exemplo, a união de um re-
forçador primário com um estímulo neutro, pode
torna-lo reforçador condicionado (Keller & Gollub,
1962).
O reforçamento condicionado pode ter a ori-
gem de seus efeitos a partir de uma relação res-
pondente, na qual a partir do pareamento de um
estímulo neutro com um estímulo incondiciona-
do, aquele passa a eliciar respostas condicionadas
parecidas com aquelas eliciadas pelo estímulo in-
condicionado. O estímulo condicionado, no en-
tanto, também pode passar a exercer efeitos sobre
respostas operantes, inclusive como reforçador
(Tomanari, 2000). Por exemplo, ao parear algumas
vezes uma boneca (estímulo neutro) com uma co-
mida (reforçador incondicionado), a boneca pode
tornar-se um reforçador condicionado para deter-
minadas respostas operantes.
Assim, para dizer que determinado estímulo
é condicionado, duas condições são necessárias: a
existência da associação com um reforçador já esta-
belecido (seja ele primário ou secundário) e o estí-
mulo deve aumentar a probabilidade futura da res-
posta reforçada que o produza (se associado com
um reforçador positivo) ou de uma resposta que o
elimine (se associado com um reforçador negativo)
(Tomanari, 2000).
O reforçador condicionado pode ser simples
ou generalizado. A diferença entre os dois é que,
enquanto o primeiro precisa estar relacionado à
apenas um reforçador específico, os reforçadores
condicionados generalizados precisam ter sido pa-
reados com diversos reforçadores primários e/ou
outros reforçadores condicionados. A vantagem do
reforçador condicionado generalizado é que as res-
postas por ele selecionadas não ficam dependentes
de nenhuma operação motivadora específica. O di-
nheiro é um bom exemplo, visto que, com dinheiro
o indivíduo pode emitir várias outras respostas que
terão como consequência final outros reforçadores
(como viajar, comprar um livro, comprar comi-
da). O indivíduo mantém-se emitindo respostas
que produzem dinheiro como consequência, sem
que exista nenhuma privação específica em vigor
(Moreira & Medeiros, 2007; Skinner, 2003)
Um outro aspecto importante sobre a criação
de estímulos reforçadores condicionados é que o
seu valor reforçador dependerá também de certas
condições presentes no procedimento de condicio-
namento, sendo elas:
• Função discriminativa dos estímulos: estímu-
los discriminativos exercem função de reforça-
dores condicionados para as respostas que os
produzem. Ou seja, indivíduos expõem-se mais
a situações que existem estímulos discriminati-
vos, porque, na presença dos estímulos discrim-
inativos, haverá reforçamento. Logo, o valor
reforçador dos estímulos se fortalece (Wyckoff,
1969 como citado em Tomanari, 2000, p. 69).
Portanto, quanto maior for o valor preditivo
de um estímulo discriminativo, maior será seu
valor como estímulo reforçador condicionado.
• Atraso do reforçamento primário: a força de
um reforçador condicionado está diretamente
ligada ao intervalo entre a sua apresentação e a
Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257
243 www.revistaperspectivas.org
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
do reforçador primário. Então, se esse intervalo
é pequeno, o reforçador condicionado tende a
ser mais fortalecido (Skinner, 2003; Tomanari,
2000). Portanto, quanto menor for o intervalo
entre a apresentação do reforçador primário e a
do reforçador condicionado, maior será a força
do reforçador condicionado.
• Magnitude do reforçador primário: a mag-
nitude do reforçador diz sobre a quantidade
de reforçador liberado após a emissão da res-
posta, a duração do reforçador ou a preferên-
cia do reforçador. A magnitude do reforçador
primário pode afetar, de forma geral, a força do
reforçador condicionado. Ou seja, quanto mais
alta a magnitude do reforçador primário, mais
alta será a força do reforçador condicionado
(Skinner, 2003).
• Esquemas de reforçamento primário: em um
esquema intermitente de apresentação do refor-
çador primário, o estabelecimento do reforça-
dor secundário (ou reforçador condicionado)
será mais efetivo do que em esquema de refor-
çamento contínuo. Isso acontece, pois, compor-
tamentos reforçados de maneira intermitente
são mais resistentes à extinção, logo, o reforça-
dor secundário estaria mais bem estabelecido
em um esquema como esse (Catania, 1999).
• Número de pareamentos: a efetividade de
um reforçador condicionado está diretamente
ligada à quantidade de pareamentos feitos com
o reforçador primário. Ou seja, quanto maior o
número de pareamentos realizados, maior será
o valor do reforçador condicionado. Além dis-
so, a resistência à extinção também será maior
em situações que houve pareamento com-
parativamente a situações em que não houve
(Skinner, 2003).
Comportamentos mantidos por reforço condi-
cionado são de especial importância para as rela-
ções humanas mais complexas, visto que, a partir
desses estímulos, muitas respostas que aparente-
mente não têm nenhuma função prática imediata
para o indivíduo, podem ser selecionadas e manti-
das em seu repertório por produzirem efeitos que
foram, no passado, associados a outros eventos re-
forçadores. Entretanto, indivíduos com TEA muitas
vezes apresentam como uma de suas características
marcantes, uma notada restrição de interesses e,
por conseguinte, terão poucos reforçadores em sua
vida, sejam eles primários ou secundários, prejudi-
cando a instalação e manutenção de comportamen-
tos socialmente relevantes.
Um objetivo central para a boa fluência do tra-
tamento de indivíduos com TEA, portanto, é a uti-
lização adequada de estratégias para condicionar
reforçadores. Os manuais para ensinar novas ha-
bilidades a crianças com TEA costumam indicar o
emparelhamento de estímulos neutros com reforça-
dores incondicionados, para que os neutros se tor-
nem reforçadores condicionados (Taylor-Santa et
al., 2014 como citado em Anderson et al., 2007, Leaf
& McEachin, 1999, Sundberg & Partington, 1998,
Leaf & McEachin, 1999, Sundberg & Partington,
1998). Todavia, estes manuais não costumam dar
instruções referentes ao tempo de pareamento en-
tre um estímulo e outro e nem a quantidade de pa-
reamentos que deve ser feito (Taylor-Santa et al.,
2014), podendo dificultar no momento de condi-
cionar novos reforçadores.
Além do emparelhamento, alguns pesquisado-
res (Leaf et al., 2016; Lugo et al., 2017; Moher et al.,
2008; Singer-Dudek e Oblak, 2013; Taylor-Santa et
al., 2014) estão utilizando outras estratégias para
condicionar reforçadores para pessoas com TEA,
como por exemplo observação e discriminação sim-
ples. Dessa forma, com a finalidade de sistematizar
os tipos de procedimentos atuais utilizados para
criar novos reforçadores para essa população, o ob-
jetivo desse estudo é fazer uma revisão bibliográfica
de pesquisas que investigaram procedimentos para
condicionar reforçadores para pessoas com TEA.
Método
As buscas do presente estudo foram realizadas na
biblioteca virtual da editora Wiley (http://online-
library.wiley.com/advanced/search). Como fonte
de dados, foram utilizados os seguintes jornais de
Análise do Comportamento: Journal Of Applied
Behavior Analysis (JABA) e Behavior Interventions
(BI), durante o período de 2000 a 2018, pois, em
Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257
www.revistaperspectivas.org
244
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
uma busca exploratória anterior ao início da pes-
quisa, observou-se que foram os periódicos que
mais retornaram resultados dos jornais citados,
além de serem dois dos principais veículos de pu-
blicações em análise aplicada do comportamento.
Para a busca por artigos utilizou-se as palavras-
-chave conditioned reinforcer [AND] autism” e “con-
ditioned reinforcement [AND] autism”, tendo sido
encontradas 912 publicações. Uma pré-seleção foi
realizada a partir da leitura dos títulos encontrados,
tendo sido descartados aqueles que não tinham al-
guma das seguintes palavras: preference, reinforcer,
conditioned reinforcer, reinforcement ou autism, au-
tism spectrum desorder. Posteriormente, foi reali-
zada uma leitura dos resumos de todos os artigos
para verificar se eles se encaixavam nos seguintes
critérios de inclusão estabelecidos: ter como parti-
cipantes pessoas com TEA; se tratar de um relato de
pesquisa aplicada (excluindo-se, portanto, artigos
teóricos e/ou de revisão); possuir como objetivo
principal de intervenção a criação de reforçadores
condicionados.
Depois da leitura dos resumos, foi realizada
uma leitura exploratória completa dos artigos sele-
cionados e, em seguida, uma segunda leitura para
a retirada e organização das informações a serem
analisadas (como nome dos autores e data de publi-
cação, descrição dos procedimentos, descrição dos
resultados e pontos principais de discussão). Após a
análise, os dados foram sistematizados e colocados
em tabelas e gráficos a partir das categorias de aná-
lise estabelecidas (Figuras 1 e 2 e Quadros 1, 2 e 3).
Resultados e Discussão
Após a busca inicial utilizando-se as palavras-cha-
ve selecionadas, foram encontrados 680 artigos no
JABA e 232 no BI (Quadro 1). Porém, apenas 14
artigos estudaram de fato o tema sendo pesquisa-
do, sendo que dois estudos tinham indivíduos tí-
picos como participantes principais, um tinha só
participantes com deficiência (mas não com TEA)
e um outro tinha o condicionamento de reforça-
dores como objetivo secundário. Restaram, assim,
apenas dez artigos que se encaixaram nos critérios
de busca, nos quais seis eram do JABA e quatro do
Behavior Interventions.
Quadro 1. Jornais, total de artigos encontrados e
artigos selecionados
Jornais Total de Artigos Artigos Selecionados
JABA 680 6
BI 232 4
Verifica-se na Figura 1 que, entre os anos de
2000 e 2011 apenas um relato de pesquisa sobre
procedimentos para criar reforçadores condicio-
nados para pessoas com TEA foi publicado (em
2008). Já a partir de 2012, observa-se uma curva de
crescimento constante, com um total de nove arti-
gos publicados até 2018.
Vale ressaltar que, antes do ano de 2000, muitos
estudos sobre estratégias para o desenvolvimento
de novos reforçadores para crianças com TEA já
haviam sido publicados (Moher et al., 2008 como
citado em Pace et al.,1985; Taylor-Santa et al., 2014
como citado em Leaf & McEachin, 1999 e Sundberg
& Partington, 1998). Ainda assim, causa estranha-
mento que haja um período de 12 anos no qual um
tema tão central para a intervenção junto a indi-
víduos com autismo tenha sido negligenciado em
alguns dos principais periódicos de análise do com-
portamento aplicada. Em especial, por se tratar de
um tópico que ainda não existe consenso na lite-
ratura experimental básica (Tomanari, 2000) e se
apresenta bastante desafiador para aplicadores da
área. E é provavelmente pela possibilidade de pes-
quisas nessa linha poderem colaborar com a elu-
cidação de questões teóricas da própria análise do
comportamento e, principalmente, por refinarem
os procedimentos e parâmetros para a criação de
reforçadores condicionados para pessoas com TEA
(uma população para a qual a transferência de fun-
ção de estímulos comportamentais para eventos
comportamentalmente neutros se mostra, muitas
vezes, especialmente difícil) que observa-se uma
retomada de pesquisas aplicadas nos últimos anos.
Não obstante, os dados aqui apresentados parecem
apontar para a necessidade de que haja novas pes-
quisas sobre o assunto.
O Quadro 2 mostra os dados referentes aos au-
tores/ano das publicações, informações dos parti-
cipantes, procedimento utilizado para condicionar
Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257
245 www.revistaperspectivas.org
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
Figura 1. Total de artigos por ano.
Figura 2. Quantidade de estudos realizados por procedimento para criar SR condicionados.
reforçadores e os principais resultados encontrados
de cada um. Verifica-se que, além do pareamento,
existem outros procedimentos sendo utilizados
para condicionar reforçadores, como a observação
e a discriminação simples.
A observação é um procedimento no qual os
participantes observam um par/adulto brincando
com um item de baixo interesse, para que possam
fazer igual e tornar esse item, um reforçador con-
dicionado. A discriminação simples é o procedi-
mento no qual algumas respostas são reforçadas
na presença de um estímulo (chamado de estímulo
discriminativo ou SD), mas não são reforçadas na
presença de outro estímulo (chamado de S∆) (Sério
et al., 2012).
Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257
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246
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
Tabela 2. Autores/ano de publicação, procedimentos, informações dos participantes e resultados apresentados por cada
um dos artigos analisados.
Autor/Ano
Informações dos
participantes
Tipo de
Condicionamento
Procedimentos Resultados
Moher et al.
(2008)
Quantidade de
participantes: 5
Idade: entre 9 e 21
anos.
Obs: os participan-
tes já haviam traba-
lhado com sistema
de fichas.
Pareamento de
estímulos
Experimento 1: pareamento de item
de alta preferência com ficha de
baixa preferência. Após treinamen-
to com as fichas, avaliaram taxa de
uma resposta com as fichas.
Todos os participantes tiveram
aumento na taxa da resposta quando
contingente a ficha de alta preferência
e redução da taxa de resposta quando
contingente a ficha de baixa preferên-
cia, mostrando que a ficha adquiriu
eficácia reforçadora.
Experimento 2: na condição de
privação, o participante recebia
como SR o item de alta preferência
(que estava privado por 24h), após
realização de demanda. Na condi-
ção de saciedade, o participante
recebia como SR, o item de alta
preferência (que havia consumido
10 minutos antes da sessão).
Observação: 3 participantes parti-
ciparam.
Na condição de privação, a taxa de
resposta se manteve alta (ao usar
fichas ou reforçador incondicionado
de alta preferências) para todos os
participantes. Na condição de sacie-
dade, a taxa de resposta foi baixa para
todos os participantes.
Experimento 3: dois novos estí-
mulos de alta preferência foram
pareados com fichas. Avaliaram
a ficha como SR em condição de
saciedade e privação dos estímulos
de alta preferência.
Observação: 3 participantes parti-
ciparam.
A taxa de resposta dos três partici-
pantes foi insensível à saciedade dos
estímulos de alta preferência.
Dozier et al.
(2012)
Quantidade de
participantes: 12
Idade: entre 17 e
56 anos.
Pareamento de
estímulos
Experimento 1: pareamento de
elogios (estímulos neutros) com
estímulos reforçadores comestí-
veis (estímulos incondicionados)
num esquema de tempo fixo de
15 segundos (independente do
desempenho do participante),
durante 5 sessões consecutivas de
10 minutos cada.
4 pessoas participaram desse
experimento.
O pareamento não estabeleceu o
elogio como reforçador para três par-
ticipantes. Para o quarto participante,
os resultados foram inconclusivos.
Experimento 2: pareamento de
elogios (estímulo neutro) com
estímulo reforçador comestível
(estímulo incondicionado) em um
esquema de CRF (contingente a
uma resposta-alvo).
8 pessoas participaram desse
experimento.
Os elogios não foram eficazes para
aumentar resposta-alvo de 4 partici-
pantes. Para outros 4 participantes, as
respostas-alvo aumentaram de frequ-
ência quando contingentes ao elogio.
Além disso, novas respostas-alvo
aumentaram de frequência quando
tiveram elogios como reforçador.
Leaf et al.
(2012)
Quantidade de
participantes: 3
Idade: 5 e 6 anos.
Observação
Os participantes observavam um
adulto preferido escolher como
reforçador (após término de uma
tarefa) brincar com um item menos
preferido para o participante.
Os participantes passaram a escolher
os itens menos preferidos como refor-
çadores. Os dados foram replicados
em um experimento dois, para testar
generalização com novos estímulos, e
os resultados foram os mesmos.
Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257
247 www.revistaperspectivas.org
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Singer-
Dudek
e Oblak
(2013)
Quantidade de
participantes: 3
Idade: 3 e 4 anos
Observação
Os participantes observavam um
par realizando tarefas (de manuten-
ção e aquisição) e ganhando um
estímulo neutro como reforçador.
A taxa de resposta correta nas tarefas
de manutenção e aquisição aumentou
de frequência para os três participan-
tes.
Taylor-
Santa et al.
(2014)
Quantidade de
participantes: 3
Idade: 6 anos
Discriminação
simples
Na fase de treinamento de SD e
SDelta, os participantes eram refor-
çados após emitirem uma resposta
na presença de SD, mas não eram
reforçados, na presença de SDelta.
Após o treinamento, foi verificado
se a frequência de resposta dos
participantes aumentaria, após
receberem SD e SDelta como
reforçadores.
Houve aumento da resposta na pre-
sença de SD, na fase de treinamento
para os três participantes. Após a fase
de treinamento, inicialmente, a taxa
de respostas dos três participantes
aumentou do pré-teste para o pós-
-teste, indicando que o treinamento foi
efetivo para tornar estímulos neutros,
reforçadores condicionados. Porém,
a duração pela qual esse estímulo
funcionou como reforçador condicio-
nado foi baixa, até retornar aos níveis
da linha de base.
Fiske et al.
(2015)
Quantidade de
participantes: 2
Idade: 7 e 14 anos
Pareamento de
estímulos
Os participantes deveriam comple-
tar uma tarefa para ganhar fichas, e
após ganhar determinada quanti-
dade de fichas (estímulo neutro),
poderiam trocar por reforçadores
primários.
Os resultados mostraram respostas
inconsistentes para os dois partici-
pantes.
Leaf et al.
(2015)
Quantidade de
participantes: 4
Idade: entre 5 e 9
anos.
Observação
O participante deveria observar um
adulto escolher como reforçador
brincar com um item menos preferi-
do, após realização de uma tarefa.
Obs.: esse estudo é uma replica
do estudo de Leaf et. al., 2012.
Os autores conseguiram condicionar
a preferência de três dos quatro par-
ticipantes. Porém, precisaram mudar
alguns procedimentos da intervenção
para conseguir com que esses partici-
pantes mudassem suas preferências.
Leaf et al.
(2016)
Quantidade de
participantes: 3.
Idade: 5 anos.
Obs.: os partici-
pantes já tinham
experiência com
procedimento de
observação.
Observação
Os participantes deveriam observar
um par conhecido escolher uma
atividade social de baixa preferên-
cia como SR, após realização de
uma tarefa.
Os três participantes mudaram sua
preferência de item tangível de alta
preferência para atividade social de
baixa preferência. Porém, após a
intervenção ser removida, um dos
participantes voltou a escolher o item
tangível de alta preferência como re-
forçador. Os outros dois participantes
se mantiveram escolhendo a atividade
social.
Lugo et al.
(2017)
Quantidade de
participantes: 4
Idade: 2 e 3 anos.
Obs: todos
receberam 8h
de Intervenção
Comportamental de
2 a 4 meses antes
do estudo.
Discriminação
simples
Os participantes deveriam emitir a
resposta de pegar um comestível
(reforçador), após um SD ser apre-
sentado (elogio – estímulo neutro).
Comer o comestível funcionaria
como um reforçador para a respos-
ta de pegar o item e o SD estaria
pareado a este item (aumentando
as chances de se tornar um refor-
çador condicionado).
O SD era apresentado em um tem-
po variável de 3 a 9 segundos após
o comestível ter sido disposto na
mesa. O SDelta era o tempo antes
do SD ser apresentado.
Os autores puderam observar que
o elogio funcionou como um SR
condicionado imediato para os quatro
participantes. Ou seja, após duas ses-
sões do término do treinamento, os
elogios não funcionaram mais como
reforçador.
Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257
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248
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
No Quadro 2, nota-se que 4 estudos utilizaram
procedimento de observação, 4 utilizaram proce-
dimento de pareamento e 2, procedimento de dis-
criminação simples. De 10 estudos encontrados, 9
conseguiram tornar um estímulo neutro, reforça-
dor condicionado – sendo que, desses 9, um obteve
resultados inconsistentes e dois, o reforçador con-
dicionado durou por pouco tempo.
Neste quadro verifica-se que os procedimentos
de observação e pareamento de estímulos foram as
estratégias mais utilizadas para criar reforçadores
condicionados em crianças com TEA no perío-
do investigado (cada uma utilizada em quatro es-
tudos). No entanto, vale destacar que dos quatro
estudos que utilizaram o procedimento de obser-
vação, três tiveram o mesmo autor principal. Este
dado leva à pergunta se este trata-se, de fato, de
um procedimento bem disseminado na área ou
se o número elevado de pesquisas que o utilizam
(comparando-se à utilização dos outros procedi-
mentos) deve-se meramente ao fato de um deter-
minado autor estar sendo especialmente prolífico
na publicação de trabalhos sobre condicionamento
de reforçadores para indivíduos com autismo. O
procedimento de discriminação simples foi, por
sua vez, a estratégia menos utilizada (descrita em
sois estudos). Sendo que uma das pesquisas (Lugo
et al., 2017) que utilizou esse procedimento é bem
recente, apontando para o fato de que os pesquisa-
dores podem estar tentando encontrar novos pro-
cedimentos para condicionar novos reforçadores
para essa população, indo além dos procedimentos
respondentes.
Já no Quadro 3, verifica-se que os procedi-
mentos que mais obtiveram resultados positivos
foram os de observação (foram 4 estudos totais e
4 com resultados positivos) e discriminação (2 es-
tudos totais e 2 com resultados positivos), seguido
pelo de pareamento (4 estudos totais, sendo que
3 obtiveram resultados positivos e 1 com resulta-
do negativo). Porém, é importante destacar que
os resultados dos estudos de discriminação sim-
ples tiveram durabilidade baixa e um dos estudos
que utilizou pareamento (Fiske et al., 2015) teve
resultados inconsistentes. De acordo com Taylor-
Santa et al. (2014) o procedimento que os estudos
Russell et
al. (2018)
Quantidade de
participantes: 3
Idade: 7 e 8 anos
Obs: os participan-
tes já haviam traba-
lhado com sistema
de fichas.
Pareamento de
estímulos
Na fase 1 existiam três condições
(comestível, lazer, fichas). Após
completar uma tarefa corretamente,
o participante ganhava uma ficha,
um comestível ou uma atividade de
lazer. A ficha poderia ser trocada
por um comestível ou por uma
atividade de lazer por 1 minuto.
Na fase 2 existiam duas condições
(comestível e ficha). Os partici-
pantes poderiam comer os itens
comestíveis por 5 ou 10 minutos
antes do início da tarefa.
Os resultados da fase 1 sugeriram
que, quando as fichas foram usadas
como reforçador, as respostas se
mantinham por mais tempo e se man-
tinham num esquema mais lento de
reforço se comparado aos comestí-
veis. Porém, esses dados não foram
replicados, então, não é possível
concluir sobre a eficácia das fichas
enquanto reforçadoras.
Os resultados da fase 2 sugeriram
que as fichas funcionaram como refor-
çadores condicionados generalizados.
Tabela 3. Procedimento, quantidade de resultados positivos, quantidade com teste de generalização.
Procedimento Quantidade com resultados positivos Quantidade com teste de Gneralização
Observação 4 1 (reforçador)
Discriminação simples 2** --
Pareamento 2 2 (reforçador)
1* 1 (de respostas)
Tabela que indica a quantidade de artigos que tiveram resultados positivos (conseguiram condicionar reforçadores) e a
quantidade de artigos que realizaram testes de generalização de reforçador (com novos estímulos) e de respostas (com respostas
que não foram treinadas). **Os reforçadores condicionados tiveram efeito por pouco tempo. *Resultados inconsistentes.
Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257
249 www.revistaperspectivas.org
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
mais utilizam é o pareamento de estímulos, entre-
tanto, nota-se que o procedimento de observação
também foi bastante utilizado e os autores (Leaf
et al., 2012; Singer-Dudek & Oblak, 2013; Leaf et
al., 2015; Leaf et al., 2016) tiveram bons resultados
com esse procedimento. O pareamento teve resul-
tado negativo em uma das pesquisas e 1 dos resul-
tados positivos foi inconsistente. Isso nos mostra
que é importante investir em outros procedimen-
tos ou investigar mais afundo o pareamento, para
adquirir melhores resultados.
Os artigos analisados serão agora descritos um
por um e posteriormente discutidos por grupos,
estabelecidos a partir do tipo de procedimento de
condicionamento utilizado.
Artigos que utilizaram emparelhamento de
estímulos:
Com relação aos autores que utilizaram parea-
mento de estímulos como procedimento de ensino
(Dozier et al., 2012; Fiske et al., 2015; Russel et al.,
2018; Moher et al., 2008), Moher et al. (2008) reali-
zaram três experimentos sobre o pareamento de re-
forçadores incondicionados com fichas (estímulos
neutros), com duas crianças com TEA e uma com
atraso no desenvolvimento. Um dos experimen-
tos investigou se a ficha se tornaria um reforçador
condicionado, o outro investigou se a saciedade dos
reforçadores influenciaria nas respostas dos partici-
pantes e o outro investigou sobre a generalização da
ficha enquanto reforçador condicionado.
O primeiro experimento desse estudo teve
sete fases: 1. avaliação de preferência de 4 itens
comestíveis; 2. avaliação do reforçador; 3. avalia-
ção de preferência com os comestíveis (um de alta
preferência e um de baixa preferência) e as fichas
(quando o participante escolhia um item, ele tinha
acesso a uma ficha; ficha escolhida com mais/me-
nos frequência era usada na fase de treinamento);
4. avaliação de reforçador com novas fichas; 5. em-
parelhamento das fichas de alta preferência com
itens comestíveis de baixa preferência e fichas de
baixa preferência com itens comestíveis de alta pre-
ferência; 6. avaliação de preferência com as fichas
de alta/baixa preferência; e 7. avaliação de reforça-
dor com ficha de alta/baixa preferência e reforçador
primário de alta/baixa preferência.
As avaliações de reforçador serviam para ava-
liar se a resposta alvo era sensível aos reforçadores
específicos de cada fase (fichas e/ou comestíveis).
Durante essas sessões (exceto a de linha de base), a
ficha era entregue em um esquema de FR1 ou FR2,
após a resposta alvo, e as sessões tinham duração de
2 minutos, sendo realizadas 2 a 3 sessões eram por
dia, 1 a 3 dias por semana. Os participantes não ti-
nham experiência prévia com essas fichas. Durante
a sessão de emparelhamento, eram realizados blo-
cos de 10 tentativas e as fichas eram pareadas com
os reforçadores comestíveis em até 5 segundos de-
pois que o participante entregava a ficha. O número
total de pareamentos foi determinado individual-
mente para cada participante (entre 80 a 200 pare-
amentos) (Moher et al., 2008).
Os resultados do experimento 1 demonstraram
que a taxa de resposta de todos os participantes au-
mentou quando a ficha e o comestível de alta prefe-
rência foram usados como reforçadores e diminuiu
quando a ficha e o reforçador de baixa preferência
foram usados como reforçadores, o que significa
que as fichas se tornaram reforçadores condicio-
nados. Isso é condizente com a literatura básica,
que afirma que a força do reforçador condicionado
está associada a magnitude do reforçador primário.
Portanto, quanto maior a preferência pelo reforça-
dor primário pareado o estímulo neutro, maior a
probabilidade dele se tornar reforçador condiciona-
do (Skinner, 2003). Como uma importante implica-
ção deste estudo, os autores afirmam que é impor-
tante fazer avaliação de preferência individual antes
de iniciar o procedimento para conseguir identifi-
car qual é o momento em que a ficha se torna um
reforçador (Moher et al., 2008).
Quanto ao experimento 2 de Moher et al.
(2008), os participantes passavam pela fase 7 (igual
ao experimento 1) em uma condição de saciedade
(na qual poderiam consumir um item reforçador
por 2 minutos, 10 minutos antes da sessão) e em
uma condição de privação (na qual não poderia
consumir o item reforçador por 24h antes da ses-
são). Para todos os participantes, na condição de
saciedade, não foi emitida nenhuma resposta. Ou
seja, a saciação funcionou como uma operação
abolidora para a efetividade das fichas como re-
forçadores condicionados. Uma implicação clara
deste experimento, portanto, é que deve-se levar
em conta o papel das operações motivadoras que
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Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
alteram a eficácia dos reforçadores incondiciona-
dos aos quais os reforçadores condicionados estão
relacionados. Não apenas porque elas também afe-
tam momentaneamente o valor dos reforçadores
condicionados, mas porque alterações no valor
dos reforçadores incondicionados no momento
do pareamento, poderiam ter impacto na força do
reforçador condicionado produzido. Sobe este úl-
timo aspecto, nenhum estudo foi encontrado na
literatura da área.
Já no experimento 3 do mesmo estudo, dois
novos estímulos reforçadores foram pareados com
ficha em condições de saciedade e privação para
verificar se ao parear maior quantidade de refor-
çadores, as fichas se tornariam insensíveis à sacie-
dade. A taxa de resposta dos três participantes foi
insensível à saciedade dos estímulos de alta prefe-
rência (Moher et al., 2008). Esse dado demonstra
a importância dos reforçadores se tornarem gene-
ralizados, uma vez que as respostas selecionadas
por ele, não dependeriam de nenhuma operação
motivadora (Moreira & Medeiros, 2007; Skinner,
2003). Ou seja, poderiam ser selecionadas novas
respostas no repertório do indivíduo e essas res-
postas poderiam se manter no repertório, através
do reforçador generalizado.
Dozier et al. (2012) tiveram dois objetivos na
mesma pesquisa. O objetivo do primeiro estudo era
verificar se ao parear elogio (estímulo neutro) com
um item comestível (estímulo incondicionado),
independentemente do desempenho em relação a
uma tarefa proposta, o elogio se tornaria um es-
tímulo reforçador condicionado. Ou seja, em um
esquema de tempo fixo de 15 segundos durante 10
minutos cada, o experimentador elogiava a criança
e, em seguida, entregava a ela um item comestível
(o experimentador usou 10 elogios diferentes). Isso
acontecia durante 5 sessões consecutivas e, portan-
to, foi realizado um total de 200 pareamentos “elo-
gio – item comestível” para cada participante. Os
resultados desse experimento mostraram que o pa-
reamento não estabeleceu o elogio como reforçador
para três participantes, enquanto para o quarto os
resultados foram inconclusivos.
O objetivo do segundo estudo era similar ao
primeiro, com a diferença de que o elogio e o item
comestível eram entregues contingentemente ao
término de uma tarefa correta. Portanto, um dos
10 elogios e o item comestível só eram liberados
pelo experimentador após a criança emitir resposta
previamente estabelecida como critério para refor-
çamento, em um esquema de reforçamento contí-
nuo – nesse estudo, não há a quantidade de parea-
mentos que foi realizado pelo experimentador. Os
elogios não foram eficazes para aumentar resposta-
-alvo de 4 participantes; para os outros 4, as respos-
tas-alvo aumentaram de frequência quando contin-
gentes ao elogio. Além disso, novas respostas-alvo
aumentaram de frequência quando tiveram elogios
como reforçador, ou seja, esse estímulo se tornou
generalizado (Dozier et al., 2012).
Esses resultados mostram que o procedimento
de pareamento foi mais eficaz quando o reforçador
incondicionado era liberado de forma contingente
a uma dada resposta. No entanto, algumas questões
adicionais sobre o procedimento merecem ser le-
vantadas. Primeiramente, qual era a latência entre
a apresentação dos elogios e a entrega dos refor-
çadores condicionados? Uma vez que a literatura
(Skinner, 2003; Tomanari, 2000) aponta para este
como um dos parâmetros relevantes para a força de
novos estímulos como reforçadores condicionados,
ele deveria ser planejado e não aleatório. Ademais,
a descrição de tal parâmetro facilitaria a compara-
ção entre diferentes estudos e, consequentemente,
na otimização dos procedimentos de condiciona-
mento por pareamento. Um segundo ponto que
foi destacado pelos próprios autores é que, neste
experimento, o pareamento dos reforçadores co-
mestíveis foi feito com 10 elogios diferentes. Uma
vez que esta decisão experimental reduz a quanti-
dade total de pareamento entre itens comestíveis
e um determinado elogio específico, o número de
paramentos poderia ter sido insuficiente para al-
guns participantes e, com isto, explicar a falta de
sistematicidade entre sujeitos nos resultados. Além
disso, Dozier et al. (2012) questionam a adequação
do esquema utilizado no primeiro (alegando que
um esquema de tempo variável poderia ser mais
eficaz), a não verificação da magnitude dos refor-
çadores incondicionados e possíveis inadequações
da resposta alvo escolhida (os participantes pode-
riam não conseguir emiti-la), como variáveis a se-
rem isoladas e pesquisadas em estudos posteriores.
Fiske et al. (2015) utilizaram pareamento de fi-
chas com reforçadores comestíveis após término de
Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257
251 www.revistaperspectivas.org
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uma tarefa acadêmica, para verificar se as fichas se
tornariam estímulos reforçadores condicionados.
O participante ganhava uma ficha após completar
uma tarefa e tinha 5 segundos para colocar a ficha
em um aparato de fichas. Ao completar determinada
quantidade de fichas (que era individual para cada
participante), ele poderia ter acesso ao reforçador
comestível escolhido previamente por 5 segundos.
Os resultados mostraram respostas inconsis-
tentes para os dois participantes, ou seja, na con-
dição de ficha emparelhada, inicialmente tiveram
suas respostas aumentadas, ao passo que, com o
passar das sessões, as respostas caíram e, ao fi-
nal das sessões, as respostas subiram novamente.
Apesar disso, as respostas de um dos participantes
foram maiores nessa condição do que na condi-
ção de comestível. Os autores sugerem que, para
uma eficácia do procedimento, os reforçadores in-
condicionados deveriam ser testados com alguma
frequência, visto que como apontaram Moher et
al. (2008), variações na eficácia reforçadora dos
estímulos condicionados produzem também uma
variação no valor reforçador das fichas. Além dis-
so, Fiske et al. (2015) sugerem que a quantidade
de fichas utilizadas para cada participante pode
ter sido muito alta e que, para o bom funciona-
mento do procedimento, é importante reavaliar
seu uso com tarefas acadêmicas ou em tarefas de
baixa probabilidade de resposta. Em outras pala-
vras, para que o procedimento e condicionamento
tenha sucesso, o aplicador deverá balancear a exi-
gência da resposta requerida e a magnitude (es-
quema utilizado, valor reforçador imediato etc.)
dos reforçadores a serem utilizados. Por fim, colo-
cam que pesquisas futuras deveriam isolar melhor
a condição de ficha, já que os participantes já ti-
nham histórico longo de pareamento de ficha com
reforçador, portanto, mesmo após um período de
desemparelhamento, a ficha poderia sinalizar a
chegada de um reforçador.
A pesquisa de Russel et al. (2018) foi composta
por duas fases, que eram realizadas de três a cinco
dias por semana, com uma sessão por dia. A ses-
são era encerrada quando o participante dizia ter
acabado a tarefa ou quando ficava 2 minutos sem
se engajar em nenhuma resposta. Na fase 1, exis-
tiam três condições: comestível (participantes es-
colhiam previamente comestíveis preferidos), lazer
(os participantes escolhiam previamente atividades
de lazer preferidas) e fichas (os participantes pode-
riam trocar suas fichas por itens comestíveis ou de
lazer). O participante poderia ganhar algum des-
ses itens (a depender da condição) após completar
tarefas em um esquema de razão 1 (ou seja, após
completar corretamente uma tarefa, ganharia um
item, a depender da condição). Na condição de “la-
zer” ou “comestível”, o participante tinha acesso ao
reforçador escolhido previamente por 1 minuto. Na
condição “ficha”, o participante recebia uma ficha,
que poderia ser trocada por um comestível ou uma
atividade de lazer por 1 minuto. A quantidade de
fichas variava para cada participante.
Os resultados da fase 1 indicaram que as três
condições serviram para aumentar a frequência de
resposta dos participantes, mas observou-se que
a taxa de respostas mantida pelas fichas perdura-
va por uma maior quantidade de tempo e em es-
quemas mais pobres do que nas outras condições,
apesar de ocorrer em um ritmo mais lento do que
na condição de reforço comestível. Os autores suge-
rem, no entanto, que tais resultados devem ser vis-
tos com cuidado, visto que cada participante pas-
sou por cada uma das condições apenas uma vez,
sugerindo que um delineamento experimental mais
sólido deve ser feito para chegar a uma conclusão
mais segura.
Na fase 2, os autores avaliaram se as fichas fun-
cionaram como reforçadores condicionados ge-
neralizados. Assim, havia apenas as condições de
ficha e comestível, sendo que os participantes não
escolhiam os itens previamente (como na fase 1),
e sim após o término da tarefa. Além disso, antes
da tarefa, os participantes poderiam comer os itens
comestíveis preferidos por 5 minutos. Os resultados
mostraram que a frequência das respostas diminuía
na condição comestível, mas não na condição fi-
cha, e que os participantes passaram a escolher
mais itens de lazer após trocar as fichas. Logo, as-
sim como foi observado no estudo de Moher et al.
(2008), tais resultados parecem sugerir que o acesso
aos comestíveis antes da sessão, aboliu o valor re-
forçador desses estímulos, mas não aboliu o valor
reforçador das fichas, visto que elas não estavam
associadas a apenas um reforçador e, portanto, a
uma única condição de privação específica. Pode-
se afirmar, então, que as fichas se tornaram um
Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257
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Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
reforçador condicionado generalizado. Os autores
sugerem, ainda, que novos estudos devem utilizar
uma variedade de reforçadores para testar a eficá-
cia das fichas quando houver saciação de diversos
tipos de reforçadores, assim como fizeram Fiske et
al. (2015). Por fim, embora os resultados tenham
demonstrado que as fichas se tornaram reforçado-
ras, por questões práticas, os autores não realizaram
linha de base da condição de ficha para determinar
se estas já eram reforçadoras previamente para os
participantes (sugerem como implicação para pró-
ximos estudos).
Os estudos descritos até o momento (Moher
et al;, 2008; Dozier et al., 2012; Fiske et al., 2015;
Russell et al., 2018) utilizaram o procedimento
de pareamento de estímulos. Três deles (Moher
et al., 2008; Fiske et al., 2015; Russell, 2018) ava-
liaram fichas enquanto reforçador condicionado
e o outro (Dozier et al., 2012) avaliou o elogio.
Para todos, observou-se a possibilidade de se criar
reforçadores condicionados a partir do procedi-
mento de pareamento de estímulos. No entanto,
de maneira geral, houve algumas inconsistências
dos dados (nem sempre se obteve sucesso no con-
dicionamento de novos reforçadores). Tal resul-
tado chama atenção, visto que a literatura vem
mostrando que este tem sido o procedimento
mais comumente indicado por manuais quando
falam sobre a criação de reforçadores condicio-
nados (Taylor-Santa et al., 2014 como citado em
Anderson et al., 2007, Leaf & McEachin, 1999,
Sundberg & Partington, 1998, Leaf & McEachin,
1999, Sundberg & Partington, 1998). O que parece
ser evidenciado na revisão aqui apresentada é que
existem inúmeros parâmetros que devem ser ob-
servados e controlados para que o procedimento
de pareamento de estímulos tenha mais sucesso
em produzir a transferência da função reforçado-
ra para um estímulo neutro. Parâmetros que pa-
recem ser ainda pouco sistematizados (visto que
cada estudo estabelece os seus) e discutidos e, por
este motivo, serão melhor discutidos a seguir.
Três estudos (Moher et al., 2008; Fiske et al.,
2015; Russell et al., 2018) utilizaram esquema de
razão para condicionar reforçadores e o outro
(Dozier et al., 2012) avaliou pareamento em es-
quemas de reforçamento diferentes (tempo fixo em
uma fase e razão fixa em outra fase). Todos os que
utilizaram esquema de razão conseguiram con-
dicionar reforçadores, enquanto que o único que
utilizou esquema de tempo não obteve resultado
positivo. Isso sugere que é mais provável que o
procedimento seja eficaz quando se utiliza esque-
ma de reforço de razão. Por outro lado, Fiske et al.
(2015) colocam que é necessário um cuidado com
a razão estabelecida, pois o custo na produção do
reforço pode dificultar o condicionamento de no-
vos estímulos como reforçadores. Uma possibilida-
de é utilizar uma razão progressiva como descrita
por Russell et al. (2018), mas, ainda assim, parece
necessário que sejam pesquisados e discutidos pa-
râmetros para se equilibrar o valor do reforço e o
nível de exigência proposto.
Um outro aspecto que também foi abordado pela
maioria das pesquisas que utilizaram o procedimen-
to de pareamento de estímulos (Moher et al., 2008;
Dozier et al., 2012; Russell et al., 2018) foi a com-
paração entre estímulos neutros associados a apenas
um estímulo reforçador e estímulos neutros associa-
dos a dois ou mais reforçadores. Os resultados mos-
tram que os reforçadores condicionados simples,
por vezes têm sua eficácia variando de acordo com
uma operação motivadora específica, enquanto os
reforçadores condicionados generalizados tendem a
manter seu valor independente de variações em uma
determinada Operação Moivadora, demonstrando
mais uma vez a vantagem de se realizar pareamento
com múltiplos reforçadores para a criação de refor-
çadores condicionados.
Ainda entre os estudos de pareamento, existem
outros parâmetros importantes que não estão sen-
do devidamente pesquisados, analisados, discuti-
dos ou até mesmo descrito por todos, como a quan-
tidade necessária de pareamentos (que, na maioria,
foi individual para cada participante), o tempo en-
tre apresentação do estímulos neutro e do estímulo
incondicionado (apenas Moher et al. (2008) apre-
sentaram uma afirmação quanto a isso) e o tempo
transcorrido entre a apresentação do estímulo neu-
tro e do estímulo incondicionado. Parece, portanto,
que longe de ser um procedimento já bem defini-
do, cabe a área se debruçar sobre estas diferentes
variáveis podem afetar o resultado o pareamento
de estímulos, tanto de forma individual como de
forma combinada.
Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257
253 www.revistaperspectivas.org
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
Artigos que utilizaram procedimento de
observação
Com relação aos autores que investigaram o proce-
dimento de observação (Leaf et al., 2012; Leaf et al.,
2015; Leaf et al., 2016; Singer-Dudek e Oblak, 2013)
como forma de criar reforçadores condicionados,
Leaf et al. (2012) realizaram um experimento no
qual buscaram identificar se brinquedos de baixa
preferência poderiam se tornar estímulos de alta
preferência apenas fazendo com que os participan-
tes observassem um adulto brincando com eles.
Antes da intervenção de observação, os autores
fizeram uma avaliação de preferência de adulto (es-
ses adultos já faziam parte da vida da criança ante-
riormente), na qual a criança poderia brincar com o
adulto que quisesse, após realização de uma dada ta-
refa (levar objetos a copos que estavam diretamente
ligados com os adultos em questão). Caso a criança
não realizasse a tarefa, recebia ajuda física para tal,
até atingir critério de independência estabelecido
pelo estudo. Dessa forma, conseguiram identificar
qual era o adulto preferido pelas crianças e este fez
parte do restante da pesquisa (Leaf et al., 2012).
Após completar uma tarefa, o adulto começava
a brincar com os brinquedos de menor preferência
por parte das crianças com TEA de alto funciona-
mento. Enquanto a criança observava, ele brinca-
va de forma empolgante, da forma como a criança
brincava com os seus itens preferidos. O adulto
fazia isso após completar cinco tarefas e, depois, a
criança também poderia completar suas tarefas e
escolher entre os itens preferidos, não preferidos e
de controle (um cartão branco, que serviu para ava-
liar se o participante não escolheria aleatoriamente
entre os reforçadores de maior ou menor preferên-
cia), por 10 tentativas.
Ao final do estudo, os pesquisadores observa-
ram que os participantes escolheram mais os itens
que antes eram de menor preferência, mostrando
que o procedimento foi eficaz para condicionar no-
vos reforçadores. Mas, os autores sugerem que pes-
quisas futuras devem avaliar maneiras de manter os
efeitos observacionais após descontinuar o treina-
mento por um período. Ou seja, após um período
sem nenhuma intervenção, realizar um follow-up
nos participantes, para verificar se os efeitos da
observação ainda funcionavam (Leaf et al., 2012).
Esse dado mostra que seria interessante que todas
as pesquisas realizassem follow-up para verificar a
manutenção dos resultados.
Leaf et al. (2015) replicaram o estudo de Leaf et
al. (2012) com quatro crianças diferentes, mas desta
vez os autores conseguiram modificar a preferência
pelos reforçadores para apenas dois dos participan-
tes. Uma das explicações dos autores é que os dois
participantes para os quais o procedimento não
funcionou tinham muitos comportamentos auto-
-estimulatórios (algo que pode ter competido com
o reforçador de baixa preferência), que eles pode-
riam não apresentar a resposta alvo no repertório
ou que eles poderiam precisar de habilidades pré-
-requisito para emitir a resposta alvo. De qualquer
forma, fica claro que a escolha do procedimento de
condicionamento escolhido deve levar em conta
também o repertório prévio dos participantes. Seria
interessante que futuras pesquisas pudessem ava-
liar, por exemplo, quais pré-requisitos são necessá-
rios para a transferência do valor reforçador entre
estímulos apenas pela observação. Tal procedimen-
to deveria ser também realizado com participantes
com TEA de diferentes faixas etárias e de diferentes
graus de comprometimento.
Além disso, Leaf et al. (2012; 2015) só avaliaram
a mudança de preferência dos reforçadores e não
avaliaram a generalidade dos resultados, identifi-
cando se reforçariam respostas novas no repertório
das crianças. Então, os próprios autores colocam
essa como uma questão a ser respondida por pes-
quisas futuras.
Leaf et al. (2016) verificaram se, através de ob-
servação de pares (que eram conhecidos dos parti-
cipantes), as atividades sociais (de baixa preferên-
cia) se tornariam reforçadores condicionados para
crianças com TEA. Para que isso fosse possível, o
experimentador dava uma tarefa para o colega rea-
lizar e, logo em seguida, pedia para que escolhesse
entre uma atividade social ou um tangível como
reforçador, e os colegas (que foram treinados pre-
viamente) escolhiam sempre uma atividade social e
poderiam se engajar nessa atividade por 30 segun-
dos. Enquanto eles interagiam com os pesquisado-
res, os participantes ficavam olhando. Após 5 tenta-
tivas de tarefas realizadas (ganhando um reforçador
por cada tentativa), o colega saia da sala e os parti-
cipantes deveriam fazer as tarefas por 5 tentativas e
poderiam escolher entre tangível e atividade social.
Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257
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Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
Os resultados indicaram que, para todos os par-
ticipantes, suas preferências mudaram de item tangí-
vel de alta preferência para atividade social de baixa
preferência, apenas observando o colega. Para dois
dos participantes, quando a intervenção foi remo-
vida, continuaram a preferir pela atividade social,
enquanto que, para um deles, quando a intervenção
foi removida, voltou a escolher pelo item tangível (os
autores não fizeram uma análise do motivo pelo qual,
para esse participante, os resultados foram negati-
vos). Esses resultados mostram que esse procedimen-
to funciona, não só para brinquedos, mas também,
para atividades sociais, como sugerido por Leaf et al.
(2015). Isso é de alta relevância para intervenção com
população com TEA, visto que, uma das caracterís-
ticas do transtorno é a dificuldade com habilidades
sociais e então, um procedimento como esse poderia
ser extremamente útil no ensino de diversas habilida-
des que envolvem comunicação social.
Uma limitação do estudo é que os autores não
avaliaram a eficácia do procedimento em tarefas de
aquisição, portanto, não foram capazes de avaliar o
efeito do reforço e sim, apenas a mudança de pre-
ferência de reforçadores (Leaf et al., 2016). É bem
importante avaliar a generalidade dos resultados,
para que pessoas que trabalhem com essa popula-
ção consigam utilizar o mesmo procedimento no
tratamento de pessoas com TEA. Outra limitação
importante é que eles avaliaram com poucos parti-
cipantes e estes eram de alto funcionamento. Esse é
um dado importante das pesquisas que utilizaram
procedimento de observação, porque nos mostra
que é possível que seja mais fácil de condicionar
reforçadores em pessoas com TEA de alto funcio-
namento do que de baixo funcionamento.
Já Singer-Dudek e Oblak (2013) pretenderam
pesquisar um procedimento de observação de pa-
res com dois participantes com atraso no desenvol-
vimento (com características de TEA) e uma crian-
ça com desenvolvimento típico. Para isso, existiam
duas condições, uma que tinha um colega e outra
que não tinha um colega. Na intervenção sem pa-
res, o participante deveria responder a uma tarefa e
após 2 segundos da resposta, o pesquisador coloca-
va um estímulo neutro dentro de uma xícara que fi-
cava distante do participante (ele não tinha acesso).
Na intervenção com pares, acontecia o mesmo, po-
rém, o participante e o par eram separados por um
aparato, no qual não conseguiam ver as respostas
um do outro, apenas poderiam ver a xícara corres-
pondente de cada um. O examinador dava tarefas
para os dois e, quando o par respondia corretamen-
te, tinha um estímulo neutro colocado dentro de
sua xícara e o participante não recebia nada, porém,
poderia ver o par ganhando esse estímulo.
Os resultados mostraram que, na intervenção
sem os pares, os estímulos neutros não funcio-
naram como reforçadores para os participantes.
Enquanto que, quando a intervenção com os pa-
res foi instalada, os estímulos neutros se tornaram
reforçadores condicionados para os participantes,
mostrando a eficácia do procedimento. Isso mostra
que os pares desempenham um papel importante
em motivar a criança a se comportar de formas di-
ferentes e, inclusive, de condicionar novos reforça-
dores, a partir da observação.
Uma das questões trazidas para os próximos es-
tudos é utilizar pares de diferentes idades e diferen-
tes habilidades sociais e de linguagem, para identi-
ficar se haverá algum resultado diferente. Também,
acreditam que podem usar grupos de pares ao invés
de um único par por participante (Singer-Dudek &
Oblak, 2013).
Os quatro estudos que utilizaram procedimento
observacional para criar novos reforçadores atingi-
ram seus objetivos. Mas, talvez novos estudos sejam
importantes para avaliar o motivo pelo qual, os in-
divíduos começaram a adquirir novos reforçadores
sob essa condição, sendo que, em diversos momen-
tos da vida, eles observam seus pares interagindo
com reforçadores e os estímulos não se tornam re-
forçadores condicionados dessa maneira. Uma das
especulações é que o par deve ser altamente refor-
çador para a criança e, também, a criança deve ter
habilidade de imitação para que essa intervenção
produza algum efeito. Ademais, para que essa in-
tervenção funcione, as crianças devem ter um bom
contato visual e devem ser capazes de permanecer
atentos aos movimentos dos outros por um perío-
do. Não obstante, parece ainda importante deter-
minar que outras habilidades podem contribuir
ou atrapalhar para o sucesso de tal procedimento.
Finalmente, mostra-se relevante que futuras pes-
quisas investiguem como o condicionamento de
reforçadores por observação podem manter seus
efeitos ao longo do tempo.
Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257
255 www.revistaperspectivas.org
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
Artigos que utilizaram treino de
discriminação simples
Taylor-Santa et al. (2014) utilizaram o procedimen-
to de discriminação simples, assim como Lugo et al.
(2017). No primeiro estudo, diante de um estímulo
neutro seria o SD (que ficava na frente do partici-
pante por 2 a 4 segundos), ele precisava emitir uma
resposta e, caso emitisse, tinha acesso a um refor-
çador incondicionado (escolhido pelo participante
previamente), enquanto na presença de outro estí-
mulo (considerado S∆), esta mesma resposta não
produziria nenhuma consequência programada. As
sessões consistiam de 20 tentativas, 10 de apresen-
tação de SD e 10 de S∆ (realizados de forma alter-
nada), sendo que o tempo entre tentativas era de 4
a 6 segundos.
Após o estímulo neutro ter se tornado um estí-
mulo discriminativo para a resposta do participante,
o experimentador realizava um teste de reforçado.
Esse teste consistia no experimentador exigir uma
resposta que não estava no repertório do partici-
pante e entregar o SD ou S∆ para o participante (por
2 a 4 segundos) para verificar se essa resposta au-
mentava de frequência. Cada sessão desse teste teve
duração de 5 minutos e foi finalizada até os dados
atingirem estabilidade (Taylor-Santa et al., 2014).
Os resultados indicaram que houve aumento da
resposta exigida na presença do SD e diminuição
de resposta na presença do S∆. Isso mostra que o
procedimento foi eficaz para criar estímulos refor-
çadores condicionados para todos os participantes.
Entretanto, é importante ressaltar que a duração
com que esse estímulo se tornou reforçador variou
para cada participante. Assim, em algum momen-
to, as respostas caíram para zero após o pós-teste,
mostrando que o procedimento foi eficaz, mas por
pouco tempo. Uma das especulações é que utiliza-
ram apenas um reforçador para ser pareado com
o estímulo neutro e isso pode ter interferido nos
resultados. Os autores sugerem que novas pesquisas
sejam feitas com a finalidade de encontrar métodos
para que a duração desse reforçador se mantenha
com o tempo (Taylor-Santa et al., 2014).
Lugo et al. (2017) investigaram se, com um trei-
namento de discriminação simples com reforçado-
res incondicionados, estímulos neutros (elogios) se
tornariam reforçadores condicionados para crianças
com TEA. Fizeram esse treinamento em três passos,
de modo que, no passo 1, uma bandeja era colocada
na frente do participante com 3 a 7 itens comestí-
veis (estímulos incondicionados) e o participante
deveria estender a mão para pegar o item dentro
de 5 segundos e, tinha 20 segundos para comer.
Quando o participante pegasse o item de forma in-
dependente em 5 tentativas, começava o segundo
passo, no qual, era dado um elogio como SD para
pegar o item. Se o participante pegava o item den-
tro de 3 segundos, a resposta era reforçada com o
item comestível (e o participante tinha 20 segundos
para comer o item, até iniciar a próxima tentativa).
Esse tempo de 3 segundos para o SD ser apresen-
tado foi aumentado até 9 segundos. Portanto, se o
participante pegasse o item antes do tempo deter-
minado (S∆), não havia consequências. Após atingir
o critério, o passo 3 era iniciado, no qual havia uma
verificação de manutenção do SD como reforçador,
durante 5 tentativas, tendo ocorrido após 24 horas
do participante ter atingido o critério da fase 3.
Após atingir o critério do terceiro passo, o
participante era conduzido para a fase de pós tes-
te, no qual, após emitir uma resposta alvo (tocar
um cartão), recebia elogio como reforçador, para
verificar se esse elogio havia se tornado reforça-
dor condicionado. Dessa forma, o experimentador
dava ajuda para que o participante tocasse no car-
tão por 4 vezes seguidas sem nenhum reforçador
e depois disso, a cada emissão dessa resposta, ele
recebia elogio como reforçador (em um esquema
de razão contínuo). As sessões tiveram duração de
5 minutos ou 120 segundos sem nenhuma resposta
do participante.
Ao final do estudo, os autores mostraram que
o elogio se tornou um reforçador condicionado.
No entanto, o elogio parece ter perdido sua fun-
ção como função rapidamente quando o treino de
discriminação simples foi interrompido. Os auto-
res sugerem que aumentar o tempo de treinamento
pode melhorar os dados e fazer com que o elogio
tivesse sua função como reforçador condicionado
mantida por mais tempo (Lugo et al., 2017).
Nas duas últimas pesquisas descritas (Taylor-
Santa et al., 2014; Lugo et al., 2017), o reforçador
se tornou condicionado por pouco tempo. Existem
duas hipóteses para que os reforçadores não te-
nham se estabelecido com o tempo: a operação
motivadora da criança variou ou não houve aquisi-
Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257
www.revistaperspectivas.org
256
Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257
ção do reforçador condicionado de fato. Isso mos-
tra que ainda é necessária a realização de estudos
futuros que mudem parte do procedimento para
garantir efeitos duradouros.
Um outro aspecto interessante e que não foi
avaliado por nenhuma das pesquisas aqui descritas
é a possibilidade de se condicionar reforçadores de
segunda ordem a partir dos reforçadores condicio-
nados associados a reforçadores incondicionados.
Em outras palavras, pesquisas posteriores pode-
riam estender a estratégia de discriminação sim-
ples para verificar se o pareamento dos estímulos
que se tornaram reforçadores condicionados com
outros estímulos neutros, poderia gerar novos re-
forçadores condicionados. Ainda, se estes estímulos
poderiam se tornar equivalentes entre si. Isso seria
de muita ajuda para as pessoas que trabalham com
pessoas com TEA, já que, caso funcione, o tempo
para encontrar novos reforçadores seria reduzido
e, consequentemente, o trabalho com a população
teria uma boa fluência.
Uma limitação importante de todas as pesqui-
sas é que utilizaram um número pequeno de parti-
cipantes por estudo (2 a 12 participantes). Ou seja,
as intervenções ficam limitadas apenas a este nú-
mero de pessoas e pensando que o TEA é um es-
pectro, é importante que outros estudos repliquem
os procedimentos com uma quantidade maior de
participantes e com participantes de diferentes fai-
xas etárias e graus, para verificar sua eficácia em
uma gama de indivíduos.
Além disso, é importante ressaltar que, duran-
te o período de 2000 a 2018, mais quatro pesqui-
sas (Helton & Ivy, 2016; Singer-Dudek et al., 2011;
Solberg et al., 2007; Tarbox et al., 2006) se propu-
seram a estudar procedimentos para condicionar
reforçadores, mas, seus participantes não apresen-
tavam TEA ou não tinham como objetivo principal,
condicionar reforçadores e estes foram critérios de
exclusão para a presente revisão. Portanto, novas
pesquisas podem replicar esses estudos em crianças
com TEA para investigar se as estratégias também
seriam efetivas para essa população.
O processo de reforçamento é muito impor-
tante para as relações humanas mais complexas, já
que, é a partir dele que muitas respostas podem ser
fortalecidas e, também, muitas podem ser instala-
das (Moreira e Medeiros, 2007; Tomanari, 2000).
Portanto, conclui-se que esses procedimentos po-
dem fornecer aos terapeutas e pessoas que traba-
lham com TEA, maneiras de ampliar o interesse
dessas crianças, levando a uma maior diversidade
de brinquedos e brincadeiras apropriadas a idade.
Também, podem criar mais oportunidades de inte-
ração social com os colegas da mesma idade.
Referências
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Informações do Artigo
Histórico do artigo:
Submetido em: 22 de setembro de 2019
Decisão final em: 26 de Novembro de 2020
Editor associado: Adriano Alves Barboza

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Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA

  • 1. 240 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 ISSN 2177-3548 Resumo: Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) comumente apresentam in- teresses restritos e, por esse motivo, pode ser muito difícil de atingir as metas de intervenção. Para a instalação de novos comportamentos, a identificação e o condicionamento de novos reforçadores são um passo essencial no atendimento de pessoas com TEA. Assim, este estudo tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica de artigos que investiguem procedimentos para tornar estímulos neutros em reforçadores condicionados para indivíduos com TEA. Para tanto, foram utilizados os periódicos Journal Of Applied Behavior Analysis e Behavior Interventions como base de dados para artigos publicados entre os anos de 2000 e 2018. Nesse período, foram encontrados dez artigos que se encaixaram nos critérios estabelecidos, sendo que, destes, quatro utilizaram observação como estratégia para condicionar novos reforça- dores, quatro usaram pareamento de estímulos e dois, treinos de discriminação simples. Os resultados indicaram que, dentre os dez artigos encontrados, oito atingiram seu objetivo, um obteve resultados negativos e um apresentou resultados inconsistentes. Porém, dentre esses oito com resultados positivos, dois artigos obtiveram apenas resultados imediatos (os estí- mulos anteriormente neutros mantiveram sua função reforçadora por um período curto de tempo). Além disso, o procedimento de observação foi o que apresentou melhores resultados para criação de reforçadores condicionados. Palavras-chave: transtorno do espectro autista; condicionamento de reforçadores; reforça- dores condicionados. www.revistaperspectivas.org Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura Procedures to condition reinforcers for people with ASD: literature review Procedimentos para acondicionar reforzadores para personas com TEA: revisión de literatura Bárbara Araujo de Novais1 , Mateus Brasileiro2 [1] {2] Paradigma – Centro de Ciências do Comportamento - Paranaíba, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) | Título abreviado: Reforçador Condicionado para pessoas com TEA | Endereço para correspondência: Rua Anibal dos Anjos Carvalho, 683/74, São Paulo – SP, CEP: 04810-050 | Email: barbaraanovais@hotmail.com | doi: 10.18761/PAC.2020.v11.n2.09
  • 2. 241 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 Abstract: Individuals with Autistic Spectrum Disorder (ASD) commonly have restricted in- terests, and for this reason it can be fairly difficult to achieve the intervention goals. The iden- tification and conditioning of new reinforcers is an essential step to acquire new behaviors in the treatment of people with ASD. Therefore, this research aims to analyze bibliographic re- view of articles that investigate procedures to turn neutral stimuli into conditioned reinforcers for individuals with ASD. Accordingly, the Journal of Applied Behavior Analysis and Behavior Interventions were used as a database for papers published between 2000 and 2018. In that period, ten papers were found that fit the established criteria, four of which used observation as a strategy to condition new reinforcers, four used stimulus pairing and two simple discrimi- nation training. The results indicated that among the papers found, eight achieved their objec- tive, one had negative results and one had inconsistent findings. However, among these eight with positive results, two articles obtained only immediate results (the fomer neutral stimuli maintained its conditioned reinforcer function for a short period of time). In addition, the observation procedure showed the best results for creating conditioned reinforcers. Keywords: Autism Spectrum Disorder; Conditioning of Reinforcers; Conditioned Reinforcers. Resumen: Las personas con Trastorno Del Espectro Autista (TEA) a menudo tienen intereses restringidos y, por esa razón, puede resultar muy difícil lograr los objetivos de intervención con esta población. Para la instalación de nuevos comportamientos, la identificación y acon- dicionamiento de nuevos reforzadores es un paso fundamental en el cuidado de las personas con TEA. Así, este estudio tiene como objetivo hacer una revisión bibliográfica de artículos que investigan procedimientos para hacer estímulos neutrales, reforzadores condicionados, para individuos con TEA. Para ello, los periódicos Journal Of Applied Behavior Analysis y Behavior Interventions se utilizaron como base de datos para los artículos publicados entre los años 2000 y 2018. En este período, se encontraron diez artículos que encajaban en los criterios establecidos, de los cuales, cuatro autores utilizaron la observación como estrategia para condicionar nuevos reforzadores, cuatro utilizaron emparejamiento de estímulos y dos, entrenamiento de discriminación simple. Los resultados indicaron que, de los diez artículos encontrados, ocho lograron su objetivo, uno tuvo resultados negativos y uno tuvo resultados inconsistentes. Sin embargo, entre estos ocho con resultados positivos, dos artículos obtuvie- ron solo resultados inmediatos (los estímulos previamente neutrales mantuvieron su función de refuerzo por um corto período de tempo). Además, el procedimiento de observación mos- tró los mejores resultados para la creación de reforzadores condicionados. Palabras clave: trastorno del espectro autista; acondicionamiento de refuerzo; reforzadores condicionados.
  • 3. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257 www.revistaperspectivas.org 242 Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dis- túrbio do neurodesenvolvimento com início preco- ce, crônico, e com duas principais características: prejuízo persistente na comunicação social em di- ferentes contextos e comportamentos repetitivos/ restritos (American Psychiatric Association, 2014). O comportamento repetitivo/restrito pode aparecer tanto na falta de repertórios da criança (exemplo: apresenta comportamentos que podem ser chamados de estereotipados) como na restri- ção de interesses (exemplo: fixação em determi- nados brinquedos ou interesse por poucos itens) (American Psychiatric Association, 2014). Os interesses restritos podem limitar as oportu- nidades de aprendizagem, bem como as oportuni- dades de interagir com colegas que têm uma gama mais ampla de interesses, restringindo o repertório de um indivíduo e dificultando o seu acesso a uma variedade de experiências. Além disso, por apresen- tar poucos itens de interesse, a intervenção tende a demorar mais para evoluir pela falta de reforçado- res, visto que a criança terá pouca motivação para aprender (Leaf, et al., 2012; Michael, 2000). Dessa forma, para a boa fluência da intervenção, deve-se pensar, inicialmente, em condicionar novos refor- çadores. Os reforçadores condicionados ou secundários são estímulos que podem adquirir função reforça- dora por meio de um processo de aprendizagem (Skinner, 2003). Por exemplo, a união de um re- forçador primário com um estímulo neutro, pode torna-lo reforçador condicionado (Keller & Gollub, 1962). O reforçamento condicionado pode ter a ori- gem de seus efeitos a partir de uma relação res- pondente, na qual a partir do pareamento de um estímulo neutro com um estímulo incondiciona- do, aquele passa a eliciar respostas condicionadas parecidas com aquelas eliciadas pelo estímulo in- condicionado. O estímulo condicionado, no en- tanto, também pode passar a exercer efeitos sobre respostas operantes, inclusive como reforçador (Tomanari, 2000). Por exemplo, ao parear algumas vezes uma boneca (estímulo neutro) com uma co- mida (reforçador incondicionado), a boneca pode tornar-se um reforçador condicionado para deter- minadas respostas operantes. Assim, para dizer que determinado estímulo é condicionado, duas condições são necessárias: a existência da associação com um reforçador já esta- belecido (seja ele primário ou secundário) e o estí- mulo deve aumentar a probabilidade futura da res- posta reforçada que o produza (se associado com um reforçador positivo) ou de uma resposta que o elimine (se associado com um reforçador negativo) (Tomanari, 2000). O reforçador condicionado pode ser simples ou generalizado. A diferença entre os dois é que, enquanto o primeiro precisa estar relacionado à apenas um reforçador específico, os reforçadores condicionados generalizados precisam ter sido pa- reados com diversos reforçadores primários e/ou outros reforçadores condicionados. A vantagem do reforçador condicionado generalizado é que as res- postas por ele selecionadas não ficam dependentes de nenhuma operação motivadora específica. O di- nheiro é um bom exemplo, visto que, com dinheiro o indivíduo pode emitir várias outras respostas que terão como consequência final outros reforçadores (como viajar, comprar um livro, comprar comi- da). O indivíduo mantém-se emitindo respostas que produzem dinheiro como consequência, sem que exista nenhuma privação específica em vigor (Moreira & Medeiros, 2007; Skinner, 2003) Um outro aspecto importante sobre a criação de estímulos reforçadores condicionados é que o seu valor reforçador dependerá também de certas condições presentes no procedimento de condicio- namento, sendo elas: • Função discriminativa dos estímulos: estímu- los discriminativos exercem função de reforça- dores condicionados para as respostas que os produzem. Ou seja, indivíduos expõem-se mais a situações que existem estímulos discriminati- vos, porque, na presença dos estímulos discrim- inativos, haverá reforçamento. Logo, o valor reforçador dos estímulos se fortalece (Wyckoff, 1969 como citado em Tomanari, 2000, p. 69). Portanto, quanto maior for o valor preditivo de um estímulo discriminativo, maior será seu valor como estímulo reforçador condicionado. • Atraso do reforçamento primário: a força de um reforçador condicionado está diretamente ligada ao intervalo entre a sua apresentação e a
  • 4. Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257 243 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 do reforçador primário. Então, se esse intervalo é pequeno, o reforçador condicionado tende a ser mais fortalecido (Skinner, 2003; Tomanari, 2000). Portanto, quanto menor for o intervalo entre a apresentação do reforçador primário e a do reforçador condicionado, maior será a força do reforçador condicionado. • Magnitude do reforçador primário: a mag- nitude do reforçador diz sobre a quantidade de reforçador liberado após a emissão da res- posta, a duração do reforçador ou a preferên- cia do reforçador. A magnitude do reforçador primário pode afetar, de forma geral, a força do reforçador condicionado. Ou seja, quanto mais alta a magnitude do reforçador primário, mais alta será a força do reforçador condicionado (Skinner, 2003). • Esquemas de reforçamento primário: em um esquema intermitente de apresentação do refor- çador primário, o estabelecimento do reforça- dor secundário (ou reforçador condicionado) será mais efetivo do que em esquema de refor- çamento contínuo. Isso acontece, pois, compor- tamentos reforçados de maneira intermitente são mais resistentes à extinção, logo, o reforça- dor secundário estaria mais bem estabelecido em um esquema como esse (Catania, 1999). • Número de pareamentos: a efetividade de um reforçador condicionado está diretamente ligada à quantidade de pareamentos feitos com o reforçador primário. Ou seja, quanto maior o número de pareamentos realizados, maior será o valor do reforçador condicionado. Além dis- so, a resistência à extinção também será maior em situações que houve pareamento com- parativamente a situações em que não houve (Skinner, 2003). Comportamentos mantidos por reforço condi- cionado são de especial importância para as rela- ções humanas mais complexas, visto que, a partir desses estímulos, muitas respostas que aparente- mente não têm nenhuma função prática imediata para o indivíduo, podem ser selecionadas e manti- das em seu repertório por produzirem efeitos que foram, no passado, associados a outros eventos re- forçadores. Entretanto, indivíduos com TEA muitas vezes apresentam como uma de suas características marcantes, uma notada restrição de interesses e, por conseguinte, terão poucos reforçadores em sua vida, sejam eles primários ou secundários, prejudi- cando a instalação e manutenção de comportamen- tos socialmente relevantes. Um objetivo central para a boa fluência do tra- tamento de indivíduos com TEA, portanto, é a uti- lização adequada de estratégias para condicionar reforçadores. Os manuais para ensinar novas ha- bilidades a crianças com TEA costumam indicar o emparelhamento de estímulos neutros com reforça- dores incondicionados, para que os neutros se tor- nem reforçadores condicionados (Taylor-Santa et al., 2014 como citado em Anderson et al., 2007, Leaf & McEachin, 1999, Sundberg & Partington, 1998, Leaf & McEachin, 1999, Sundberg & Partington, 1998). Todavia, estes manuais não costumam dar instruções referentes ao tempo de pareamento en- tre um estímulo e outro e nem a quantidade de pa- reamentos que deve ser feito (Taylor-Santa et al., 2014), podendo dificultar no momento de condi- cionar novos reforçadores. Além do emparelhamento, alguns pesquisado- res (Leaf et al., 2016; Lugo et al., 2017; Moher et al., 2008; Singer-Dudek e Oblak, 2013; Taylor-Santa et al., 2014) estão utilizando outras estratégias para condicionar reforçadores para pessoas com TEA, como por exemplo observação e discriminação sim- ples. Dessa forma, com a finalidade de sistematizar os tipos de procedimentos atuais utilizados para criar novos reforçadores para essa população, o ob- jetivo desse estudo é fazer uma revisão bibliográfica de pesquisas que investigaram procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA. Método As buscas do presente estudo foram realizadas na biblioteca virtual da editora Wiley (http://online- library.wiley.com/advanced/search). Como fonte de dados, foram utilizados os seguintes jornais de Análise do Comportamento: Journal Of Applied Behavior Analysis (JABA) e Behavior Interventions (BI), durante o período de 2000 a 2018, pois, em
  • 5. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257 www.revistaperspectivas.org 244 Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 uma busca exploratória anterior ao início da pes- quisa, observou-se que foram os periódicos que mais retornaram resultados dos jornais citados, além de serem dois dos principais veículos de pu- blicações em análise aplicada do comportamento. Para a busca por artigos utilizou-se as palavras- -chave conditioned reinforcer [AND] autism” e “con- ditioned reinforcement [AND] autism”, tendo sido encontradas 912 publicações. Uma pré-seleção foi realizada a partir da leitura dos títulos encontrados, tendo sido descartados aqueles que não tinham al- guma das seguintes palavras: preference, reinforcer, conditioned reinforcer, reinforcement ou autism, au- tism spectrum desorder. Posteriormente, foi reali- zada uma leitura dos resumos de todos os artigos para verificar se eles se encaixavam nos seguintes critérios de inclusão estabelecidos: ter como parti- cipantes pessoas com TEA; se tratar de um relato de pesquisa aplicada (excluindo-se, portanto, artigos teóricos e/ou de revisão); possuir como objetivo principal de intervenção a criação de reforçadores condicionados. Depois da leitura dos resumos, foi realizada uma leitura exploratória completa dos artigos sele- cionados e, em seguida, uma segunda leitura para a retirada e organização das informações a serem analisadas (como nome dos autores e data de publi- cação, descrição dos procedimentos, descrição dos resultados e pontos principais de discussão). Após a análise, os dados foram sistematizados e colocados em tabelas e gráficos a partir das categorias de aná- lise estabelecidas (Figuras 1 e 2 e Quadros 1, 2 e 3). Resultados e Discussão Após a busca inicial utilizando-se as palavras-cha- ve selecionadas, foram encontrados 680 artigos no JABA e 232 no BI (Quadro 1). Porém, apenas 14 artigos estudaram de fato o tema sendo pesquisa- do, sendo que dois estudos tinham indivíduos tí- picos como participantes principais, um tinha só participantes com deficiência (mas não com TEA) e um outro tinha o condicionamento de reforça- dores como objetivo secundário. Restaram, assim, apenas dez artigos que se encaixaram nos critérios de busca, nos quais seis eram do JABA e quatro do Behavior Interventions. Quadro 1. Jornais, total de artigos encontrados e artigos selecionados Jornais Total de Artigos Artigos Selecionados JABA 680 6 BI 232 4 Verifica-se na Figura 1 que, entre os anos de 2000 e 2011 apenas um relato de pesquisa sobre procedimentos para criar reforçadores condicio- nados para pessoas com TEA foi publicado (em 2008). Já a partir de 2012, observa-se uma curva de crescimento constante, com um total de nove arti- gos publicados até 2018. Vale ressaltar que, antes do ano de 2000, muitos estudos sobre estratégias para o desenvolvimento de novos reforçadores para crianças com TEA já haviam sido publicados (Moher et al., 2008 como citado em Pace et al.,1985; Taylor-Santa et al., 2014 como citado em Leaf & McEachin, 1999 e Sundberg & Partington, 1998). Ainda assim, causa estranha- mento que haja um período de 12 anos no qual um tema tão central para a intervenção junto a indi- víduos com autismo tenha sido negligenciado em alguns dos principais periódicos de análise do com- portamento aplicada. Em especial, por se tratar de um tópico que ainda não existe consenso na lite- ratura experimental básica (Tomanari, 2000) e se apresenta bastante desafiador para aplicadores da área. E é provavelmente pela possibilidade de pes- quisas nessa linha poderem colaborar com a elu- cidação de questões teóricas da própria análise do comportamento e, principalmente, por refinarem os procedimentos e parâmetros para a criação de reforçadores condicionados para pessoas com TEA (uma população para a qual a transferência de fun- ção de estímulos comportamentais para eventos comportamentalmente neutros se mostra, muitas vezes, especialmente difícil) que observa-se uma retomada de pesquisas aplicadas nos últimos anos. Não obstante, os dados aqui apresentados parecem apontar para a necessidade de que haja novas pes- quisas sobre o assunto. O Quadro 2 mostra os dados referentes aos au- tores/ano das publicações, informações dos parti- cipantes, procedimento utilizado para condicionar
  • 6. Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257 245 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 Figura 1. Total de artigos por ano. Figura 2. Quantidade de estudos realizados por procedimento para criar SR condicionados. reforçadores e os principais resultados encontrados de cada um. Verifica-se que, além do pareamento, existem outros procedimentos sendo utilizados para condicionar reforçadores, como a observação e a discriminação simples. A observação é um procedimento no qual os participantes observam um par/adulto brincando com um item de baixo interesse, para que possam fazer igual e tornar esse item, um reforçador con- dicionado. A discriminação simples é o procedi- mento no qual algumas respostas são reforçadas na presença de um estímulo (chamado de estímulo discriminativo ou SD), mas não são reforçadas na presença de outro estímulo (chamado de S∆) (Sério et al., 2012).
  • 7. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257 www.revistaperspectivas.org 246 Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 Tabela 2. Autores/ano de publicação, procedimentos, informações dos participantes e resultados apresentados por cada um dos artigos analisados. Autor/Ano Informações dos participantes Tipo de Condicionamento Procedimentos Resultados Moher et al. (2008) Quantidade de participantes: 5 Idade: entre 9 e 21 anos. Obs: os participan- tes já haviam traba- lhado com sistema de fichas. Pareamento de estímulos Experimento 1: pareamento de item de alta preferência com ficha de baixa preferência. Após treinamen- to com as fichas, avaliaram taxa de uma resposta com as fichas. Todos os participantes tiveram aumento na taxa da resposta quando contingente a ficha de alta preferência e redução da taxa de resposta quando contingente a ficha de baixa preferên- cia, mostrando que a ficha adquiriu eficácia reforçadora. Experimento 2: na condição de privação, o participante recebia como SR o item de alta preferência (que estava privado por 24h), após realização de demanda. Na condi- ção de saciedade, o participante recebia como SR, o item de alta preferência (que havia consumido 10 minutos antes da sessão). Observação: 3 participantes parti- ciparam. Na condição de privação, a taxa de resposta se manteve alta (ao usar fichas ou reforçador incondicionado de alta preferências) para todos os participantes. Na condição de sacie- dade, a taxa de resposta foi baixa para todos os participantes. Experimento 3: dois novos estí- mulos de alta preferência foram pareados com fichas. Avaliaram a ficha como SR em condição de saciedade e privação dos estímulos de alta preferência. Observação: 3 participantes parti- ciparam. A taxa de resposta dos três partici- pantes foi insensível à saciedade dos estímulos de alta preferência. Dozier et al. (2012) Quantidade de participantes: 12 Idade: entre 17 e 56 anos. Pareamento de estímulos Experimento 1: pareamento de elogios (estímulos neutros) com estímulos reforçadores comestí- veis (estímulos incondicionados) num esquema de tempo fixo de 15 segundos (independente do desempenho do participante), durante 5 sessões consecutivas de 10 minutos cada. 4 pessoas participaram desse experimento. O pareamento não estabeleceu o elogio como reforçador para três par- ticipantes. Para o quarto participante, os resultados foram inconclusivos. Experimento 2: pareamento de elogios (estímulo neutro) com estímulo reforçador comestível (estímulo incondicionado) em um esquema de CRF (contingente a uma resposta-alvo). 8 pessoas participaram desse experimento. Os elogios não foram eficazes para aumentar resposta-alvo de 4 partici- pantes. Para outros 4 participantes, as respostas-alvo aumentaram de frequ- ência quando contingentes ao elogio. Além disso, novas respostas-alvo aumentaram de frequência quando tiveram elogios como reforçador. Leaf et al. (2012) Quantidade de participantes: 3 Idade: 5 e 6 anos. Observação Os participantes observavam um adulto preferido escolher como reforçador (após término de uma tarefa) brincar com um item menos preferido para o participante. Os participantes passaram a escolher os itens menos preferidos como refor- çadores. Os dados foram replicados em um experimento dois, para testar generalização com novos estímulos, e os resultados foram os mesmos.
  • 8. Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257 247 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 Singer- Dudek e Oblak (2013) Quantidade de participantes: 3 Idade: 3 e 4 anos Observação Os participantes observavam um par realizando tarefas (de manuten- ção e aquisição) e ganhando um estímulo neutro como reforçador. A taxa de resposta correta nas tarefas de manutenção e aquisição aumentou de frequência para os três participan- tes. Taylor- Santa et al. (2014) Quantidade de participantes: 3 Idade: 6 anos Discriminação simples Na fase de treinamento de SD e SDelta, os participantes eram refor- çados após emitirem uma resposta na presença de SD, mas não eram reforçados, na presença de SDelta. Após o treinamento, foi verificado se a frequência de resposta dos participantes aumentaria, após receberem SD e SDelta como reforçadores. Houve aumento da resposta na pre- sença de SD, na fase de treinamento para os três participantes. Após a fase de treinamento, inicialmente, a taxa de respostas dos três participantes aumentou do pré-teste para o pós- -teste, indicando que o treinamento foi efetivo para tornar estímulos neutros, reforçadores condicionados. Porém, a duração pela qual esse estímulo funcionou como reforçador condicio- nado foi baixa, até retornar aos níveis da linha de base. Fiske et al. (2015) Quantidade de participantes: 2 Idade: 7 e 14 anos Pareamento de estímulos Os participantes deveriam comple- tar uma tarefa para ganhar fichas, e após ganhar determinada quanti- dade de fichas (estímulo neutro), poderiam trocar por reforçadores primários. Os resultados mostraram respostas inconsistentes para os dois partici- pantes. Leaf et al. (2015) Quantidade de participantes: 4 Idade: entre 5 e 9 anos. Observação O participante deveria observar um adulto escolher como reforçador brincar com um item menos preferi- do, após realização de uma tarefa. Obs.: esse estudo é uma replica do estudo de Leaf et. al., 2012. Os autores conseguiram condicionar a preferência de três dos quatro par- ticipantes. Porém, precisaram mudar alguns procedimentos da intervenção para conseguir com que esses partici- pantes mudassem suas preferências. Leaf et al. (2016) Quantidade de participantes: 3. Idade: 5 anos. Obs.: os partici- pantes já tinham experiência com procedimento de observação. Observação Os participantes deveriam observar um par conhecido escolher uma atividade social de baixa preferên- cia como SR, após realização de uma tarefa. Os três participantes mudaram sua preferência de item tangível de alta preferência para atividade social de baixa preferência. Porém, após a intervenção ser removida, um dos participantes voltou a escolher o item tangível de alta preferência como re- forçador. Os outros dois participantes se mantiveram escolhendo a atividade social. Lugo et al. (2017) Quantidade de participantes: 4 Idade: 2 e 3 anos. Obs: todos receberam 8h de Intervenção Comportamental de 2 a 4 meses antes do estudo. Discriminação simples Os participantes deveriam emitir a resposta de pegar um comestível (reforçador), após um SD ser apre- sentado (elogio – estímulo neutro). Comer o comestível funcionaria como um reforçador para a respos- ta de pegar o item e o SD estaria pareado a este item (aumentando as chances de se tornar um refor- çador condicionado). O SD era apresentado em um tem- po variável de 3 a 9 segundos após o comestível ter sido disposto na mesa. O SDelta era o tempo antes do SD ser apresentado. Os autores puderam observar que o elogio funcionou como um SR condicionado imediato para os quatro participantes. Ou seja, após duas ses- sões do término do treinamento, os elogios não funcionaram mais como reforçador.
  • 9. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257 www.revistaperspectivas.org 248 Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 No Quadro 2, nota-se que 4 estudos utilizaram procedimento de observação, 4 utilizaram proce- dimento de pareamento e 2, procedimento de dis- criminação simples. De 10 estudos encontrados, 9 conseguiram tornar um estímulo neutro, reforça- dor condicionado – sendo que, desses 9, um obteve resultados inconsistentes e dois, o reforçador con- dicionado durou por pouco tempo. Neste quadro verifica-se que os procedimentos de observação e pareamento de estímulos foram as estratégias mais utilizadas para criar reforçadores condicionados em crianças com TEA no perío- do investigado (cada uma utilizada em quatro es- tudos). No entanto, vale destacar que dos quatro estudos que utilizaram o procedimento de obser- vação, três tiveram o mesmo autor principal. Este dado leva à pergunta se este trata-se, de fato, de um procedimento bem disseminado na área ou se o número elevado de pesquisas que o utilizam (comparando-se à utilização dos outros procedi- mentos) deve-se meramente ao fato de um deter- minado autor estar sendo especialmente prolífico na publicação de trabalhos sobre condicionamento de reforçadores para indivíduos com autismo. O procedimento de discriminação simples foi, por sua vez, a estratégia menos utilizada (descrita em sois estudos). Sendo que uma das pesquisas (Lugo et al., 2017) que utilizou esse procedimento é bem recente, apontando para o fato de que os pesquisa- dores podem estar tentando encontrar novos pro- cedimentos para condicionar novos reforçadores para essa população, indo além dos procedimentos respondentes. Já no Quadro 3, verifica-se que os procedi- mentos que mais obtiveram resultados positivos foram os de observação (foram 4 estudos totais e 4 com resultados positivos) e discriminação (2 es- tudos totais e 2 com resultados positivos), seguido pelo de pareamento (4 estudos totais, sendo que 3 obtiveram resultados positivos e 1 com resulta- do negativo). Porém, é importante destacar que os resultados dos estudos de discriminação sim- ples tiveram durabilidade baixa e um dos estudos que utilizou pareamento (Fiske et al., 2015) teve resultados inconsistentes. De acordo com Taylor- Santa et al. (2014) o procedimento que os estudos Russell et al. (2018) Quantidade de participantes: 3 Idade: 7 e 8 anos Obs: os participan- tes já haviam traba- lhado com sistema de fichas. Pareamento de estímulos Na fase 1 existiam três condições (comestível, lazer, fichas). Após completar uma tarefa corretamente, o participante ganhava uma ficha, um comestível ou uma atividade de lazer. A ficha poderia ser trocada por um comestível ou por uma atividade de lazer por 1 minuto. Na fase 2 existiam duas condições (comestível e ficha). Os partici- pantes poderiam comer os itens comestíveis por 5 ou 10 minutos antes do início da tarefa. Os resultados da fase 1 sugeriram que, quando as fichas foram usadas como reforçador, as respostas se mantinham por mais tempo e se man- tinham num esquema mais lento de reforço se comparado aos comestí- veis. Porém, esses dados não foram replicados, então, não é possível concluir sobre a eficácia das fichas enquanto reforçadoras. Os resultados da fase 2 sugeriram que as fichas funcionaram como refor- çadores condicionados generalizados. Tabela 3. Procedimento, quantidade de resultados positivos, quantidade com teste de generalização. Procedimento Quantidade com resultados positivos Quantidade com teste de Gneralização Observação 4 1 (reforçador) Discriminação simples 2** -- Pareamento 2 2 (reforçador) 1* 1 (de respostas) Tabela que indica a quantidade de artigos que tiveram resultados positivos (conseguiram condicionar reforçadores) e a quantidade de artigos que realizaram testes de generalização de reforçador (com novos estímulos) e de respostas (com respostas que não foram treinadas). **Os reforçadores condicionados tiveram efeito por pouco tempo. *Resultados inconsistentes.
  • 10. Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257 249 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 mais utilizam é o pareamento de estímulos, entre- tanto, nota-se que o procedimento de observação também foi bastante utilizado e os autores (Leaf et al., 2012; Singer-Dudek & Oblak, 2013; Leaf et al., 2015; Leaf et al., 2016) tiveram bons resultados com esse procedimento. O pareamento teve resul- tado negativo em uma das pesquisas e 1 dos resul- tados positivos foi inconsistente. Isso nos mostra que é importante investir em outros procedimen- tos ou investigar mais afundo o pareamento, para adquirir melhores resultados. Os artigos analisados serão agora descritos um por um e posteriormente discutidos por grupos, estabelecidos a partir do tipo de procedimento de condicionamento utilizado. Artigos que utilizaram emparelhamento de estímulos: Com relação aos autores que utilizaram parea- mento de estímulos como procedimento de ensino (Dozier et al., 2012; Fiske et al., 2015; Russel et al., 2018; Moher et al., 2008), Moher et al. (2008) reali- zaram três experimentos sobre o pareamento de re- forçadores incondicionados com fichas (estímulos neutros), com duas crianças com TEA e uma com atraso no desenvolvimento. Um dos experimen- tos investigou se a ficha se tornaria um reforçador condicionado, o outro investigou se a saciedade dos reforçadores influenciaria nas respostas dos partici- pantes e o outro investigou sobre a generalização da ficha enquanto reforçador condicionado. O primeiro experimento desse estudo teve sete fases: 1. avaliação de preferência de 4 itens comestíveis; 2. avaliação do reforçador; 3. avalia- ção de preferência com os comestíveis (um de alta preferência e um de baixa preferência) e as fichas (quando o participante escolhia um item, ele tinha acesso a uma ficha; ficha escolhida com mais/me- nos frequência era usada na fase de treinamento); 4. avaliação de reforçador com novas fichas; 5. em- parelhamento das fichas de alta preferência com itens comestíveis de baixa preferência e fichas de baixa preferência com itens comestíveis de alta pre- ferência; 6. avaliação de preferência com as fichas de alta/baixa preferência; e 7. avaliação de reforça- dor com ficha de alta/baixa preferência e reforçador primário de alta/baixa preferência. As avaliações de reforçador serviam para ava- liar se a resposta alvo era sensível aos reforçadores específicos de cada fase (fichas e/ou comestíveis). Durante essas sessões (exceto a de linha de base), a ficha era entregue em um esquema de FR1 ou FR2, após a resposta alvo, e as sessões tinham duração de 2 minutos, sendo realizadas 2 a 3 sessões eram por dia, 1 a 3 dias por semana. Os participantes não ti- nham experiência prévia com essas fichas. Durante a sessão de emparelhamento, eram realizados blo- cos de 10 tentativas e as fichas eram pareadas com os reforçadores comestíveis em até 5 segundos de- pois que o participante entregava a ficha. O número total de pareamentos foi determinado individual- mente para cada participante (entre 80 a 200 pare- amentos) (Moher et al., 2008). Os resultados do experimento 1 demonstraram que a taxa de resposta de todos os participantes au- mentou quando a ficha e o comestível de alta prefe- rência foram usados como reforçadores e diminuiu quando a ficha e o reforçador de baixa preferência foram usados como reforçadores, o que significa que as fichas se tornaram reforçadores condicio- nados. Isso é condizente com a literatura básica, que afirma que a força do reforçador condicionado está associada a magnitude do reforçador primário. Portanto, quanto maior a preferência pelo reforça- dor primário pareado o estímulo neutro, maior a probabilidade dele se tornar reforçador condiciona- do (Skinner, 2003). Como uma importante implica- ção deste estudo, os autores afirmam que é impor- tante fazer avaliação de preferência individual antes de iniciar o procedimento para conseguir identifi- car qual é o momento em que a ficha se torna um reforçador (Moher et al., 2008). Quanto ao experimento 2 de Moher et al. (2008), os participantes passavam pela fase 7 (igual ao experimento 1) em uma condição de saciedade (na qual poderiam consumir um item reforçador por 2 minutos, 10 minutos antes da sessão) e em uma condição de privação (na qual não poderia consumir o item reforçador por 24h antes da ses- são). Para todos os participantes, na condição de saciedade, não foi emitida nenhuma resposta. Ou seja, a saciação funcionou como uma operação abolidora para a efetividade das fichas como re- forçadores condicionados. Uma implicação clara deste experimento, portanto, é que deve-se levar em conta o papel das operações motivadoras que
  • 11. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257 www.revistaperspectivas.org 250 Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 alteram a eficácia dos reforçadores incondiciona- dos aos quais os reforçadores condicionados estão relacionados. Não apenas porque elas também afe- tam momentaneamente o valor dos reforçadores condicionados, mas porque alterações no valor dos reforçadores incondicionados no momento do pareamento, poderiam ter impacto na força do reforçador condicionado produzido. Sobe este úl- timo aspecto, nenhum estudo foi encontrado na literatura da área. Já no experimento 3 do mesmo estudo, dois novos estímulos reforçadores foram pareados com ficha em condições de saciedade e privação para verificar se ao parear maior quantidade de refor- çadores, as fichas se tornariam insensíveis à sacie- dade. A taxa de resposta dos três participantes foi insensível à saciedade dos estímulos de alta prefe- rência (Moher et al., 2008). Esse dado demonstra a importância dos reforçadores se tornarem gene- ralizados, uma vez que as respostas selecionadas por ele, não dependeriam de nenhuma operação motivadora (Moreira & Medeiros, 2007; Skinner, 2003). Ou seja, poderiam ser selecionadas novas respostas no repertório do indivíduo e essas res- postas poderiam se manter no repertório, através do reforçador generalizado. Dozier et al. (2012) tiveram dois objetivos na mesma pesquisa. O objetivo do primeiro estudo era verificar se ao parear elogio (estímulo neutro) com um item comestível (estímulo incondicionado), independentemente do desempenho em relação a uma tarefa proposta, o elogio se tornaria um es- tímulo reforçador condicionado. Ou seja, em um esquema de tempo fixo de 15 segundos durante 10 minutos cada, o experimentador elogiava a criança e, em seguida, entregava a ela um item comestível (o experimentador usou 10 elogios diferentes). Isso acontecia durante 5 sessões consecutivas e, portan- to, foi realizado um total de 200 pareamentos “elo- gio – item comestível” para cada participante. Os resultados desse experimento mostraram que o pa- reamento não estabeleceu o elogio como reforçador para três participantes, enquanto para o quarto os resultados foram inconclusivos. O objetivo do segundo estudo era similar ao primeiro, com a diferença de que o elogio e o item comestível eram entregues contingentemente ao término de uma tarefa correta. Portanto, um dos 10 elogios e o item comestível só eram liberados pelo experimentador após a criança emitir resposta previamente estabelecida como critério para refor- çamento, em um esquema de reforçamento contí- nuo – nesse estudo, não há a quantidade de parea- mentos que foi realizado pelo experimentador. Os elogios não foram eficazes para aumentar resposta- -alvo de 4 participantes; para os outros 4, as respos- tas-alvo aumentaram de frequência quando contin- gentes ao elogio. Além disso, novas respostas-alvo aumentaram de frequência quando tiveram elogios como reforçador, ou seja, esse estímulo se tornou generalizado (Dozier et al., 2012). Esses resultados mostram que o procedimento de pareamento foi mais eficaz quando o reforçador incondicionado era liberado de forma contingente a uma dada resposta. No entanto, algumas questões adicionais sobre o procedimento merecem ser le- vantadas. Primeiramente, qual era a latência entre a apresentação dos elogios e a entrega dos refor- çadores condicionados? Uma vez que a literatura (Skinner, 2003; Tomanari, 2000) aponta para este como um dos parâmetros relevantes para a força de novos estímulos como reforçadores condicionados, ele deveria ser planejado e não aleatório. Ademais, a descrição de tal parâmetro facilitaria a compara- ção entre diferentes estudos e, consequentemente, na otimização dos procedimentos de condiciona- mento por pareamento. Um segundo ponto que foi destacado pelos próprios autores é que, neste experimento, o pareamento dos reforçadores co- mestíveis foi feito com 10 elogios diferentes. Uma vez que esta decisão experimental reduz a quanti- dade total de pareamento entre itens comestíveis e um determinado elogio específico, o número de paramentos poderia ter sido insuficiente para al- guns participantes e, com isto, explicar a falta de sistematicidade entre sujeitos nos resultados. Além disso, Dozier et al. (2012) questionam a adequação do esquema utilizado no primeiro (alegando que um esquema de tempo variável poderia ser mais eficaz), a não verificação da magnitude dos refor- çadores incondicionados e possíveis inadequações da resposta alvo escolhida (os participantes pode- riam não conseguir emiti-la), como variáveis a se- rem isoladas e pesquisadas em estudos posteriores. Fiske et al. (2015) utilizaram pareamento de fi- chas com reforçadores comestíveis após término de
  • 12. Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257 251 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 uma tarefa acadêmica, para verificar se as fichas se tornariam estímulos reforçadores condicionados. O participante ganhava uma ficha após completar uma tarefa e tinha 5 segundos para colocar a ficha em um aparato de fichas. Ao completar determinada quantidade de fichas (que era individual para cada participante), ele poderia ter acesso ao reforçador comestível escolhido previamente por 5 segundos. Os resultados mostraram respostas inconsis- tentes para os dois participantes, ou seja, na con- dição de ficha emparelhada, inicialmente tiveram suas respostas aumentadas, ao passo que, com o passar das sessões, as respostas caíram e, ao fi- nal das sessões, as respostas subiram novamente. Apesar disso, as respostas de um dos participantes foram maiores nessa condição do que na condi- ção de comestível. Os autores sugerem que, para uma eficácia do procedimento, os reforçadores in- condicionados deveriam ser testados com alguma frequência, visto que como apontaram Moher et al. (2008), variações na eficácia reforçadora dos estímulos condicionados produzem também uma variação no valor reforçador das fichas. Além dis- so, Fiske et al. (2015) sugerem que a quantidade de fichas utilizadas para cada participante pode ter sido muito alta e que, para o bom funciona- mento do procedimento, é importante reavaliar seu uso com tarefas acadêmicas ou em tarefas de baixa probabilidade de resposta. Em outras pala- vras, para que o procedimento e condicionamento tenha sucesso, o aplicador deverá balancear a exi- gência da resposta requerida e a magnitude (es- quema utilizado, valor reforçador imediato etc.) dos reforçadores a serem utilizados. Por fim, colo- cam que pesquisas futuras deveriam isolar melhor a condição de ficha, já que os participantes já ti- nham histórico longo de pareamento de ficha com reforçador, portanto, mesmo após um período de desemparelhamento, a ficha poderia sinalizar a chegada de um reforçador. A pesquisa de Russel et al. (2018) foi composta por duas fases, que eram realizadas de três a cinco dias por semana, com uma sessão por dia. A ses- são era encerrada quando o participante dizia ter acabado a tarefa ou quando ficava 2 minutos sem se engajar em nenhuma resposta. Na fase 1, exis- tiam três condições: comestível (participantes es- colhiam previamente comestíveis preferidos), lazer (os participantes escolhiam previamente atividades de lazer preferidas) e fichas (os participantes pode- riam trocar suas fichas por itens comestíveis ou de lazer). O participante poderia ganhar algum des- ses itens (a depender da condição) após completar tarefas em um esquema de razão 1 (ou seja, após completar corretamente uma tarefa, ganharia um item, a depender da condição). Na condição de “la- zer” ou “comestível”, o participante tinha acesso ao reforçador escolhido previamente por 1 minuto. Na condição “ficha”, o participante recebia uma ficha, que poderia ser trocada por um comestível ou uma atividade de lazer por 1 minuto. A quantidade de fichas variava para cada participante. Os resultados da fase 1 indicaram que as três condições serviram para aumentar a frequência de resposta dos participantes, mas observou-se que a taxa de respostas mantida pelas fichas perdura- va por uma maior quantidade de tempo e em es- quemas mais pobres do que nas outras condições, apesar de ocorrer em um ritmo mais lento do que na condição de reforço comestível. Os autores suge- rem, no entanto, que tais resultados devem ser vis- tos com cuidado, visto que cada participante pas- sou por cada uma das condições apenas uma vez, sugerindo que um delineamento experimental mais sólido deve ser feito para chegar a uma conclusão mais segura. Na fase 2, os autores avaliaram se as fichas fun- cionaram como reforçadores condicionados ge- neralizados. Assim, havia apenas as condições de ficha e comestível, sendo que os participantes não escolhiam os itens previamente (como na fase 1), e sim após o término da tarefa. Além disso, antes da tarefa, os participantes poderiam comer os itens comestíveis preferidos por 5 minutos. Os resultados mostraram que a frequência das respostas diminuía na condição comestível, mas não na condição fi- cha, e que os participantes passaram a escolher mais itens de lazer após trocar as fichas. Logo, as- sim como foi observado no estudo de Moher et al. (2008), tais resultados parecem sugerir que o acesso aos comestíveis antes da sessão, aboliu o valor re- forçador desses estímulos, mas não aboliu o valor reforçador das fichas, visto que elas não estavam associadas a apenas um reforçador e, portanto, a uma única condição de privação específica. Pode- se afirmar, então, que as fichas se tornaram um
  • 13. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257 www.revistaperspectivas.org 252 Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 reforçador condicionado generalizado. Os autores sugerem, ainda, que novos estudos devem utilizar uma variedade de reforçadores para testar a eficá- cia das fichas quando houver saciação de diversos tipos de reforçadores, assim como fizeram Fiske et al. (2015). Por fim, embora os resultados tenham demonstrado que as fichas se tornaram reforçado- ras, por questões práticas, os autores não realizaram linha de base da condição de ficha para determinar se estas já eram reforçadoras previamente para os participantes (sugerem como implicação para pró- ximos estudos). Os estudos descritos até o momento (Moher et al;, 2008; Dozier et al., 2012; Fiske et al., 2015; Russell et al., 2018) utilizaram o procedimento de pareamento de estímulos. Três deles (Moher et al., 2008; Fiske et al., 2015; Russell, 2018) ava- liaram fichas enquanto reforçador condicionado e o outro (Dozier et al., 2012) avaliou o elogio. Para todos, observou-se a possibilidade de se criar reforçadores condicionados a partir do procedi- mento de pareamento de estímulos. No entanto, de maneira geral, houve algumas inconsistências dos dados (nem sempre se obteve sucesso no con- dicionamento de novos reforçadores). Tal resul- tado chama atenção, visto que a literatura vem mostrando que este tem sido o procedimento mais comumente indicado por manuais quando falam sobre a criação de reforçadores condicio- nados (Taylor-Santa et al., 2014 como citado em Anderson et al., 2007, Leaf & McEachin, 1999, Sundberg & Partington, 1998, Leaf & McEachin, 1999, Sundberg & Partington, 1998). O que parece ser evidenciado na revisão aqui apresentada é que existem inúmeros parâmetros que devem ser ob- servados e controlados para que o procedimento de pareamento de estímulos tenha mais sucesso em produzir a transferência da função reforçado- ra para um estímulo neutro. Parâmetros que pa- recem ser ainda pouco sistematizados (visto que cada estudo estabelece os seus) e discutidos e, por este motivo, serão melhor discutidos a seguir. Três estudos (Moher et al., 2008; Fiske et al., 2015; Russell et al., 2018) utilizaram esquema de razão para condicionar reforçadores e o outro (Dozier et al., 2012) avaliou pareamento em es- quemas de reforçamento diferentes (tempo fixo em uma fase e razão fixa em outra fase). Todos os que utilizaram esquema de razão conseguiram con- dicionar reforçadores, enquanto que o único que utilizou esquema de tempo não obteve resultado positivo. Isso sugere que é mais provável que o procedimento seja eficaz quando se utiliza esque- ma de reforço de razão. Por outro lado, Fiske et al. (2015) colocam que é necessário um cuidado com a razão estabelecida, pois o custo na produção do reforço pode dificultar o condicionamento de no- vos estímulos como reforçadores. Uma possibilida- de é utilizar uma razão progressiva como descrita por Russell et al. (2018), mas, ainda assim, parece necessário que sejam pesquisados e discutidos pa- râmetros para se equilibrar o valor do reforço e o nível de exigência proposto. Um outro aspecto que também foi abordado pela maioria das pesquisas que utilizaram o procedimen- to de pareamento de estímulos (Moher et al., 2008; Dozier et al., 2012; Russell et al., 2018) foi a com- paração entre estímulos neutros associados a apenas um estímulo reforçador e estímulos neutros associa- dos a dois ou mais reforçadores. Os resultados mos- tram que os reforçadores condicionados simples, por vezes têm sua eficácia variando de acordo com uma operação motivadora específica, enquanto os reforçadores condicionados generalizados tendem a manter seu valor independente de variações em uma determinada Operação Moivadora, demonstrando mais uma vez a vantagem de se realizar pareamento com múltiplos reforçadores para a criação de refor- çadores condicionados. Ainda entre os estudos de pareamento, existem outros parâmetros importantes que não estão sen- do devidamente pesquisados, analisados, discuti- dos ou até mesmo descrito por todos, como a quan- tidade necessária de pareamentos (que, na maioria, foi individual para cada participante), o tempo en- tre apresentação do estímulos neutro e do estímulo incondicionado (apenas Moher et al. (2008) apre- sentaram uma afirmação quanto a isso) e o tempo transcorrido entre a apresentação do estímulo neu- tro e do estímulo incondicionado. Parece, portanto, que longe de ser um procedimento já bem defini- do, cabe a área se debruçar sobre estas diferentes variáveis podem afetar o resultado o pareamento de estímulos, tanto de forma individual como de forma combinada.
  • 14. Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257 253 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 Artigos que utilizaram procedimento de observação Com relação aos autores que investigaram o proce- dimento de observação (Leaf et al., 2012; Leaf et al., 2015; Leaf et al., 2016; Singer-Dudek e Oblak, 2013) como forma de criar reforçadores condicionados, Leaf et al. (2012) realizaram um experimento no qual buscaram identificar se brinquedos de baixa preferência poderiam se tornar estímulos de alta preferência apenas fazendo com que os participan- tes observassem um adulto brincando com eles. Antes da intervenção de observação, os autores fizeram uma avaliação de preferência de adulto (es- ses adultos já faziam parte da vida da criança ante- riormente), na qual a criança poderia brincar com o adulto que quisesse, após realização de uma dada ta- refa (levar objetos a copos que estavam diretamente ligados com os adultos em questão). Caso a criança não realizasse a tarefa, recebia ajuda física para tal, até atingir critério de independência estabelecido pelo estudo. Dessa forma, conseguiram identificar qual era o adulto preferido pelas crianças e este fez parte do restante da pesquisa (Leaf et al., 2012). Após completar uma tarefa, o adulto começava a brincar com os brinquedos de menor preferência por parte das crianças com TEA de alto funciona- mento. Enquanto a criança observava, ele brinca- va de forma empolgante, da forma como a criança brincava com os seus itens preferidos. O adulto fazia isso após completar cinco tarefas e, depois, a criança também poderia completar suas tarefas e escolher entre os itens preferidos, não preferidos e de controle (um cartão branco, que serviu para ava- liar se o participante não escolheria aleatoriamente entre os reforçadores de maior ou menor preferên- cia), por 10 tentativas. Ao final do estudo, os pesquisadores observa- ram que os participantes escolheram mais os itens que antes eram de menor preferência, mostrando que o procedimento foi eficaz para condicionar no- vos reforçadores. Mas, os autores sugerem que pes- quisas futuras devem avaliar maneiras de manter os efeitos observacionais após descontinuar o treina- mento por um período. Ou seja, após um período sem nenhuma intervenção, realizar um follow-up nos participantes, para verificar se os efeitos da observação ainda funcionavam (Leaf et al., 2012). Esse dado mostra que seria interessante que todas as pesquisas realizassem follow-up para verificar a manutenção dos resultados. Leaf et al. (2015) replicaram o estudo de Leaf et al. (2012) com quatro crianças diferentes, mas desta vez os autores conseguiram modificar a preferência pelos reforçadores para apenas dois dos participan- tes. Uma das explicações dos autores é que os dois participantes para os quais o procedimento não funcionou tinham muitos comportamentos auto- -estimulatórios (algo que pode ter competido com o reforçador de baixa preferência), que eles pode- riam não apresentar a resposta alvo no repertório ou que eles poderiam precisar de habilidades pré- -requisito para emitir a resposta alvo. De qualquer forma, fica claro que a escolha do procedimento de condicionamento escolhido deve levar em conta também o repertório prévio dos participantes. Seria interessante que futuras pesquisas pudessem ava- liar, por exemplo, quais pré-requisitos são necessá- rios para a transferência do valor reforçador entre estímulos apenas pela observação. Tal procedimen- to deveria ser também realizado com participantes com TEA de diferentes faixas etárias e de diferentes graus de comprometimento. Além disso, Leaf et al. (2012; 2015) só avaliaram a mudança de preferência dos reforçadores e não avaliaram a generalidade dos resultados, identifi- cando se reforçariam respostas novas no repertório das crianças. Então, os próprios autores colocam essa como uma questão a ser respondida por pes- quisas futuras. Leaf et al. (2016) verificaram se, através de ob- servação de pares (que eram conhecidos dos parti- cipantes), as atividades sociais (de baixa preferên- cia) se tornariam reforçadores condicionados para crianças com TEA. Para que isso fosse possível, o experimentador dava uma tarefa para o colega rea- lizar e, logo em seguida, pedia para que escolhesse entre uma atividade social ou um tangível como reforçador, e os colegas (que foram treinados pre- viamente) escolhiam sempre uma atividade social e poderiam se engajar nessa atividade por 30 segun- dos. Enquanto eles interagiam com os pesquisado- res, os participantes ficavam olhando. Após 5 tenta- tivas de tarefas realizadas (ganhando um reforçador por cada tentativa), o colega saia da sala e os parti- cipantes deveriam fazer as tarefas por 5 tentativas e poderiam escolher entre tangível e atividade social.
  • 15. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257 www.revistaperspectivas.org 254 Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 Os resultados indicaram que, para todos os par- ticipantes, suas preferências mudaram de item tangí- vel de alta preferência para atividade social de baixa preferência, apenas observando o colega. Para dois dos participantes, quando a intervenção foi remo- vida, continuaram a preferir pela atividade social, enquanto que, para um deles, quando a intervenção foi removida, voltou a escolher pelo item tangível (os autores não fizeram uma análise do motivo pelo qual, para esse participante, os resultados foram negati- vos). Esses resultados mostram que esse procedimen- to funciona, não só para brinquedos, mas também, para atividades sociais, como sugerido por Leaf et al. (2015). Isso é de alta relevância para intervenção com população com TEA, visto que, uma das caracterís- ticas do transtorno é a dificuldade com habilidades sociais e então, um procedimento como esse poderia ser extremamente útil no ensino de diversas habilida- des que envolvem comunicação social. Uma limitação do estudo é que os autores não avaliaram a eficácia do procedimento em tarefas de aquisição, portanto, não foram capazes de avaliar o efeito do reforço e sim, apenas a mudança de pre- ferência de reforçadores (Leaf et al., 2016). É bem importante avaliar a generalidade dos resultados, para que pessoas que trabalhem com essa popula- ção consigam utilizar o mesmo procedimento no tratamento de pessoas com TEA. Outra limitação importante é que eles avaliaram com poucos parti- cipantes e estes eram de alto funcionamento. Esse é um dado importante das pesquisas que utilizaram procedimento de observação, porque nos mostra que é possível que seja mais fácil de condicionar reforçadores em pessoas com TEA de alto funcio- namento do que de baixo funcionamento. Já Singer-Dudek e Oblak (2013) pretenderam pesquisar um procedimento de observação de pa- res com dois participantes com atraso no desenvol- vimento (com características de TEA) e uma crian- ça com desenvolvimento típico. Para isso, existiam duas condições, uma que tinha um colega e outra que não tinha um colega. Na intervenção sem pa- res, o participante deveria responder a uma tarefa e após 2 segundos da resposta, o pesquisador coloca- va um estímulo neutro dentro de uma xícara que fi- cava distante do participante (ele não tinha acesso). Na intervenção com pares, acontecia o mesmo, po- rém, o participante e o par eram separados por um aparato, no qual não conseguiam ver as respostas um do outro, apenas poderiam ver a xícara corres- pondente de cada um. O examinador dava tarefas para os dois e, quando o par respondia corretamen- te, tinha um estímulo neutro colocado dentro de sua xícara e o participante não recebia nada, porém, poderia ver o par ganhando esse estímulo. Os resultados mostraram que, na intervenção sem os pares, os estímulos neutros não funcio- naram como reforçadores para os participantes. Enquanto que, quando a intervenção com os pa- res foi instalada, os estímulos neutros se tornaram reforçadores condicionados para os participantes, mostrando a eficácia do procedimento. Isso mostra que os pares desempenham um papel importante em motivar a criança a se comportar de formas di- ferentes e, inclusive, de condicionar novos reforça- dores, a partir da observação. Uma das questões trazidas para os próximos es- tudos é utilizar pares de diferentes idades e diferen- tes habilidades sociais e de linguagem, para identi- ficar se haverá algum resultado diferente. Também, acreditam que podem usar grupos de pares ao invés de um único par por participante (Singer-Dudek & Oblak, 2013). Os quatro estudos que utilizaram procedimento observacional para criar novos reforçadores atingi- ram seus objetivos. Mas, talvez novos estudos sejam importantes para avaliar o motivo pelo qual, os in- divíduos começaram a adquirir novos reforçadores sob essa condição, sendo que, em diversos momen- tos da vida, eles observam seus pares interagindo com reforçadores e os estímulos não se tornam re- forçadores condicionados dessa maneira. Uma das especulações é que o par deve ser altamente refor- çador para a criança e, também, a criança deve ter habilidade de imitação para que essa intervenção produza algum efeito. Ademais, para que essa in- tervenção funcione, as crianças devem ter um bom contato visual e devem ser capazes de permanecer atentos aos movimentos dos outros por um perío- do. Não obstante, parece ainda importante deter- minar que outras habilidades podem contribuir ou atrapalhar para o sucesso de tal procedimento. Finalmente, mostra-se relevante que futuras pes- quisas investiguem como o condicionamento de reforçadores por observação podem manter seus efeitos ao longo do tempo.
  • 16. Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257 255 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 Artigos que utilizaram treino de discriminação simples Taylor-Santa et al. (2014) utilizaram o procedimen- to de discriminação simples, assim como Lugo et al. (2017). No primeiro estudo, diante de um estímulo neutro seria o SD (que ficava na frente do partici- pante por 2 a 4 segundos), ele precisava emitir uma resposta e, caso emitisse, tinha acesso a um refor- çador incondicionado (escolhido pelo participante previamente), enquanto na presença de outro estí- mulo (considerado S∆), esta mesma resposta não produziria nenhuma consequência programada. As sessões consistiam de 20 tentativas, 10 de apresen- tação de SD e 10 de S∆ (realizados de forma alter- nada), sendo que o tempo entre tentativas era de 4 a 6 segundos. Após o estímulo neutro ter se tornado um estí- mulo discriminativo para a resposta do participante, o experimentador realizava um teste de reforçado. Esse teste consistia no experimentador exigir uma resposta que não estava no repertório do partici- pante e entregar o SD ou S∆ para o participante (por 2 a 4 segundos) para verificar se essa resposta au- mentava de frequência. Cada sessão desse teste teve duração de 5 minutos e foi finalizada até os dados atingirem estabilidade (Taylor-Santa et al., 2014). Os resultados indicaram que houve aumento da resposta exigida na presença do SD e diminuição de resposta na presença do S∆. Isso mostra que o procedimento foi eficaz para criar estímulos refor- çadores condicionados para todos os participantes. Entretanto, é importante ressaltar que a duração com que esse estímulo se tornou reforçador variou para cada participante. Assim, em algum momen- to, as respostas caíram para zero após o pós-teste, mostrando que o procedimento foi eficaz, mas por pouco tempo. Uma das especulações é que utiliza- ram apenas um reforçador para ser pareado com o estímulo neutro e isso pode ter interferido nos resultados. Os autores sugerem que novas pesquisas sejam feitas com a finalidade de encontrar métodos para que a duração desse reforçador se mantenha com o tempo (Taylor-Santa et al., 2014). Lugo et al. (2017) investigaram se, com um trei- namento de discriminação simples com reforçado- res incondicionados, estímulos neutros (elogios) se tornariam reforçadores condicionados para crianças com TEA. Fizeram esse treinamento em três passos, de modo que, no passo 1, uma bandeja era colocada na frente do participante com 3 a 7 itens comestí- veis (estímulos incondicionados) e o participante deveria estender a mão para pegar o item dentro de 5 segundos e, tinha 20 segundos para comer. Quando o participante pegasse o item de forma in- dependente em 5 tentativas, começava o segundo passo, no qual, era dado um elogio como SD para pegar o item. Se o participante pegava o item den- tro de 3 segundos, a resposta era reforçada com o item comestível (e o participante tinha 20 segundos para comer o item, até iniciar a próxima tentativa). Esse tempo de 3 segundos para o SD ser apresen- tado foi aumentado até 9 segundos. Portanto, se o participante pegasse o item antes do tempo deter- minado (S∆), não havia consequências. Após atingir o critério, o passo 3 era iniciado, no qual havia uma verificação de manutenção do SD como reforçador, durante 5 tentativas, tendo ocorrido após 24 horas do participante ter atingido o critério da fase 3. Após atingir o critério do terceiro passo, o participante era conduzido para a fase de pós tes- te, no qual, após emitir uma resposta alvo (tocar um cartão), recebia elogio como reforçador, para verificar se esse elogio havia se tornado reforça- dor condicionado. Dessa forma, o experimentador dava ajuda para que o participante tocasse no car- tão por 4 vezes seguidas sem nenhum reforçador e depois disso, a cada emissão dessa resposta, ele recebia elogio como reforçador (em um esquema de razão contínuo). As sessões tiveram duração de 5 minutos ou 120 segundos sem nenhuma resposta do participante. Ao final do estudo, os autores mostraram que o elogio se tornou um reforçador condicionado. No entanto, o elogio parece ter perdido sua fun- ção como função rapidamente quando o treino de discriminação simples foi interrompido. Os auto- res sugerem que aumentar o tempo de treinamento pode melhorar os dados e fazer com que o elogio tivesse sua função como reforçador condicionado mantida por mais tempo (Lugo et al., 2017). Nas duas últimas pesquisas descritas (Taylor- Santa et al., 2014; Lugo et al., 2017), o reforçador se tornou condicionado por pouco tempo. Existem duas hipóteses para que os reforçadores não te- nham se estabelecido com o tempo: a operação motivadora da criança variou ou não houve aquisi-
  • 17. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura 240-257 www.revistaperspectivas.org 256 Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 ção do reforçador condicionado de fato. Isso mos- tra que ainda é necessária a realização de estudos futuros que mudem parte do procedimento para garantir efeitos duradouros. Um outro aspecto interessante e que não foi avaliado por nenhuma das pesquisas aqui descritas é a possibilidade de se condicionar reforçadores de segunda ordem a partir dos reforçadores condicio- nados associados a reforçadores incondicionados. Em outras palavras, pesquisas posteriores pode- riam estender a estratégia de discriminação sim- ples para verificar se o pareamento dos estímulos que se tornaram reforçadores condicionados com outros estímulos neutros, poderia gerar novos re- forçadores condicionados. Ainda, se estes estímulos poderiam se tornar equivalentes entre si. Isso seria de muita ajuda para as pessoas que trabalham com pessoas com TEA, já que, caso funcione, o tempo para encontrar novos reforçadores seria reduzido e, consequentemente, o trabalho com a população teria uma boa fluência. Uma limitação importante de todas as pesqui- sas é que utilizaram um número pequeno de parti- cipantes por estudo (2 a 12 participantes). Ou seja, as intervenções ficam limitadas apenas a este nú- mero de pessoas e pensando que o TEA é um es- pectro, é importante que outros estudos repliquem os procedimentos com uma quantidade maior de participantes e com participantes de diferentes fai- xas etárias e graus, para verificar sua eficácia em uma gama de indivíduos. Além disso, é importante ressaltar que, duran- te o período de 2000 a 2018, mais quatro pesqui- sas (Helton & Ivy, 2016; Singer-Dudek et al., 2011; Solberg et al., 2007; Tarbox et al., 2006) se propu- seram a estudar procedimentos para condicionar reforçadores, mas, seus participantes não apresen- tavam TEA ou não tinham como objetivo principal, condicionar reforçadores e estes foram critérios de exclusão para a presente revisão. Portanto, novas pesquisas podem replicar esses estudos em crianças com TEA para investigar se as estratégias também seriam efetivas para essa população. O processo de reforçamento é muito impor- tante para as relações humanas mais complexas, já que, é a partir dele que muitas respostas podem ser fortalecidas e, também, muitas podem ser instala- das (Moreira e Medeiros, 2007; Tomanari, 2000). Portanto, conclui-se que esses procedimentos po- dem fornecer aos terapeutas e pessoas que traba- lham com TEA, maneiras de ampliar o interesse dessas crianças, levando a uma maior diversidade de brinquedos e brincadeiras apropriadas a idade. Também, podem criar mais oportunidades de inte- ração social com os colegas da mesma idade. Referências Bordini, D., Caviochini, D. A. N., Cole, C. G. D., Cunha, G. R., Machado, F. S. N., Paula, C. S. (2014). Entendendo o autismo: uma visão atu- alizada da clínica ao tratamento. São Paulo: Conectfarma Publicações Científicas Ltda. Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: compor- tamento, linguagem e cognição. / A. Charles Catania; trad. Deisy das Graças de Souza... [et al.]. 4.ed. - Porto Alegre: Artes Médicas. Dozier, C. I., Iwata, A. B., Thomason-Sassi, J., Wordsdell, A. S., Wilson, D. M. (2012). A com- parison of two pairing procedures to estab- lish praise as a reinforcer. Journal of Applied Behavior Analysis, 4(45), 721-735. doi: 10.1901/ jaba.2012.45-721. Fiske, K. E., Isenhower, R. W., Bamond, M. J., Delmolino, L., Sloman, K., N., LaRue, R., H. (2015). Assessing the value of token reinforce- ment for individuals with autism. Journal of Applied Behavior Analysis, 2(48), 448-453. doi: 10.1002/jaba.207. Garcia, A. G. e Benjumea, S. (2002). Orígenes, am- pliación y aplicaciones de la equivalência de es- tímulos. Apuntes de Psicologia, 2(20). Helton, M. R., Ivy, J. W. (2016). A preliminar ex- amination of a vocal generalized conditioned reinforcer. Behavioral Interventions, (31), 62-69. doi: 10.1002/bin.1437 Keller, R. T. e Gollub, L. R. (1962). A review of positive conditioned reinforcement. Journal of Experimental Analysis of Behavior, (5), 543-597. doi: 10.1901/jeab.1962.5-s543 Leaf, J. B., Oppenheim-Leaf, M. L., Leaf, R., Courtemanche, A. B., Taubman, M., McEachin, J. . . . Sherman, J. A. (2012). Observational ef- fects on the preferences of children with autism. Journal of Applied Behavior Analysis, 3(45), 473-
  • 18. Bárbara Araujo de Novais, Mateus Brasileiro 240-257 257 www.revistaperspectivas.org Revista Perspectivas 2020 vol.11 n°02 pp. 240-257 483. doi: 10.1901/jaba.2012.45-473. Leaf, J. B., Kassardjian, A., Oppenheim-Leaf, M. L., Tsuji, H. K., Dale, S., Alcalay, A. . . . McEachin, J. (2015). Observational effects on preference selection for four children on the autismo spec- trum: a replication. Behavioral Interventions, (30), 256-269. doi: 10.1002/bin.1411. Leaf, J. B., Oppenheim-Leaf, M. L., Townley- Cochran, D., Leaf, J. A., Alcalay, A., Milne, C. . . . McEachin, J. (2016). Changing prefer- ence from tangible to social activities through na observation procedure. Journal of Applied Behavior Analysis, 1(49), 49-57. doi: 10.1002/ jaba.276 Lugo, A. M., Mathews, T. L., King, M. L., Lamphere, J. C., Damme, A. M. (2017). Operant discrimi- nation training to establish praise as a rein- forcer. Behavioral Interventions, (32), 1-16. doi: 10.1002/bin.1485 Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5 / [American Psychiatric Association (2014); tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli ... [et al.]. – 5. Ed. – Porto Alegre: Artmed. Michael, J. (2000). Implications and Refinements of the Establishing Operation Concept. Journal of Applied Behavior Analysis, 4(33), 401-410. doi: 10.1901/jaba.2000.33-401 Moher, C. A., Gould, D. D., Hegg, E., Mahoney, A. M. (2008). Non-generalized and generalized conditioned reinforcers: establishment and validation. Behavioral Interventions, (23), 13- 38. doi: 10.1002/bin.253 Moreira, M. B. e Medeiros, C. A. (2007). Princípios Básicos da Análise do Comportamento. Porto Alegre: ArtMed. Organização Mundial da Saúde (1997). CID- 10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; vol.1. Russel, D., Ingvarsson, E., T.; Haggar, J., L.; Joshua, J. (2018). Using progressive ratio schedules to evaluate token as generalized conditioned re- inforcers. Journal Of Behavior Analysis, 1 (51), 40-52. doi: 10.1002/jaba.424. Sério, T. M. A P., Andery, M. A., Gioia, P. S., Miqueletto, N. (2012). Controle de estímulos e comportamento operante: uma (nova) introdu- ção. 3 ed. Revisada. São Paulo: Educ. Singer-Dudek, J., Oblak, M., Greer, R. D. (2011). Establishing books as conditioned reinforc- ers por preschool children as function of na observational intervention. Journal Of Behavior Analysis, 3(44), 421-434. doi: 10.1901/ jaba.2011.44-421 Singer-Dudek, J., Oblak M. (2013). Peer Presence and the emergenc of conditioned reinforcement from observation. Journal of Applied Behavior Analysis, 3(46), 592-602. doi: 10.1002/jaba.72 Solberg, K. M., Hanley, G. P., Layer, S. A., Ingvarsson, E. T. (2007). The Effects of Reinforcer Pairing and Fading on Preschoolers’ Snack Selections. Journal of Applied Behavior Analysis, 4(40), 633–644. doi: 10.1901/jaba.2007.633-644 Skinner, B. F. (2003). Ciência e Comportamento Humano. Tradução João Carlos Todorov, Rodolfo Azzi. - 1 Ia ed. - Sao Paulo: Martins Fontes. Tarbox, R. S. F., Ghezzi, P. M., Wilson, G. (2006). The effects of token reinforcement on attend- ing in a young child with autism. Behavioral Interventions, 3(21), 155–164. doi:10.1002/ bin.213 Taylor-Santa, C., Sidener, T. M., Carr, J. E., Reeve, K. F. (2014). A discrimination training proce- dure to establish conditioned reinforcers for children with autismo. Behavioral Interventions, (29), 157-176. doi: 10.1002/bin.1384 Tomanari, G. Y. (2000). Reforçamento Condicionado. Revista brasileira de terapia comportamental e cognitiva, 1(2), 61-77. Informações do Artigo Histórico do artigo: Submetido em: 22 de setembro de 2019 Decisão final em: 26 de Novembro de 2020 Editor associado: Adriano Alves Barboza