3. João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos.
Os tijolos são caríssimos. Também os mísseis são
caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço.
Segundo a teoria da Relatividade o espaço é
curvo. A geometria rimaniana dá conta desse
fenômeno.” (MARCUSCHI, 1983, p. 31)
4. As pedras são muito mais lentas que os animais. As
plantas exalam mais cheiro quando a chuva cai. As
andorinhas quando chega o inverno voam até o
verão. Os pombos gostam de milho e de migalhas de
pão. As chuvas vêm da água que o sol evapora. Os
homens quando vêm de longe trazem malas. Os
peixes quando nadam juntos formam um cardume.
As larvas viram borboletas dentro dos casulos. Os
dedos dos pés evitam que se caia. Os sábios ficam
em silêncio quando os outros falam. As máquinas
de fazer nada não estão quebradas. Os rabos dos
macacos servem como braços. Os rabos dos
cachorros servem como risos. As vacas comem duas
vezes a mesma comida. As páginas foram escritas
para serem lidas. As árvores podem viver mais
tempo que as pessoas.
5. Os elefantes e golfinhos têm boa memória. Palavras
podem ser usadas de muitas maneiras. Os fósforos
só podem ser usados uma vez. Os vidros quando
estão bem limpos quase não se vê. Chicletes são pra
mastigar mas não para engolir. Os dromedários têm
uma corcova e os camelos duas. As meia-noites
duram menos do que os meio-dias. As tartarugas
nascem em ovos mas não são aves. As baleias vivem
na água mas não são peixes. Os dentes quando a
gente escova ficam brancos. Cabelos quando ficam
velhos ficam brancos. As músicas dos índios fazem
cair chuva. Os corpos dos mortos enterrados
adubam a terra. Os carros fazem muitas curvas
para subir a serra. Crianças gostam de fazer
perguntas sobre tudo. Nem todas as respostas
cabem num adulto.
ARNALDO ANTUNES
6. TEXTO - ocorrência linguística escrita ou oral,
de qualquer extensão, dotada de unidade
sociocomunicativa, semântica e formal;
TEXTO - unidade de linguagem em uso,
cumprindo função sociocomunicativa.
Toda a comunicação (verbal ou oral) se dá
através de textos.
8. Não importa o quanto de problemas ortográficos
ou sintáticos tenha um
texto, ele produzirá os efeitos desejado se estiver
em uma cultura e circular
entre sujeitos que dominam a língua em que ele
foi escrito (MARCUSCHI, 2008, p. 90)
9. Um texto é uma proposta de sentido.
Na construção do sentido não entram apenas
conhecimentos estritamente linguísticos.
10. Fatores que contribuem para a construção e
interpretação do texto:
as intenções do produtor/redator;
conhecimentos de mundo partilhados por autor
e leitor;
o contexto sociocultural em que se insere o
discurso.
11. Subi a porta e fechei a escada.
Tirei minhas orações e recitei meus sapatos.
Desliguei a cama e deitei-me na luz.
Tudo porque
Ele me deu um beijo de boa noite...
(Autor anônimo)
12. Uma garota precisa de prática para
entender os relacionamentos amorosos, no
entanto Priscila, que já namorou mais de
quinze rapazes, se considera apta para dar
conselhos a outras meninas.
Uma garota precisa de prática para
entender os relacionamentos amorosos, por
isso Priscila, que já namorou mais de
quinze rapazes, se considera apta para dar
conselhos a outras meninas.
13. O que faz de um texto, um texto?
Coerência;
Coesão;
Intencionalidade;
Aceitabilidade;
Situacionalidade;
Informatividade;
Intertextualidade.
Fatores conceituais
e linguísticos
Fatores
pragmáticos
14. Coerência – fator fundamental da textualidade -
responsável pelo sentido do texto.
Envolve não só aspectos lógicos e semânticos,
mas também cognitivos (depende do partilhar de
conhecimentos entre os interlocutores).
15. Coerência interna: entende-se por coerência
interna a organização conceitual de seu texto;
ou seja, deve haver continuidade, não-
contradição, articulação de elementos
coesivos.
16. O gato comeu o peixe que meu pai pescou. O
peixe era grande. Meu pai é alto. Eu gosto de
meu pai. Minha mãe também gosta. O gato é
branco. Tenho roupas muito brancas.
17. Meu pai pescou um peixe enorme, quase do
seu tamanho - e olha que ele é um homem
bem alto! Só que, quando chegou em casa,
depois da pescaria, ele esqueceu o peixão
sobre a mesa e o nosso gato o comeu todinho.
Não tem problema, meu pai é atrapalhado,
mas a gente gosta dele assim mesmo.
18. Coerência externa: É preciso que os
conhecimentos apresentados no texto sejam
compatíveis com aquilo que o recebedor
reconhece como verdadeiro e relacionado ao
mundo real.
Durante o inverno, a população do Rio de
Janeiro aguarda a neve que rotineiramente
cobre as ruas da cidade.
19. O texto não significa exclusivamente por si
mesmo. Seu sentido é construído não só pelo
produtor como também pelo recebedor, que
precisa deter os conhecimentos necessários à
sua interpretação. (VAL, p. 6)
O produtor não ignora essa participação do
interlocutor e conta com ela.
20.
21. A coerência do texto deriva da sua lógica interna,
resultante dos significados que sua rede de
conceitos e relações põe em jogo, mas também
da compatibilidade entre essa rede conceitual – o
mundo textual – e o conhecimento de mundo de
quem processa o discurso. (VAL. 1994, p. 6)
22. Coesão – manifestação linguística da coerência.
Responsável pela unidade formal do texto;
Constrói-se a partir de mecanismos gramaticais
e lexicais.
23. 1) Mulheres de três gerações enfrentam o
preconceito e revelam suas experiências.
2) Elas resolveram falar. Quebrando o muro
de silêncio, oito dezenas de mulheres
decidiram contar como aconteceu o fato
que marcou sua vida.
3) Do alto de sua ignorância, os seres
humanos costumam achar que dominam
a terra e todos os outros seres vivos.
24. Coesão referencial: estabelecida entre dois ou
mais componentes da superfície textual que
remetem ou permitem recuperar um mesmo
referente. É obtida por meio de dois processos:
pela utilização de formas gramaticais; e pelo
emprego de lexemas.
André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol.
Apesar disso, são diferentes. Este não briga com
quem torce para outro time; aquele o faz.
25. Pronomes: As crianças viajaram. Elas só
voltarão no final de semana.
Advérbios: Perto da estação havia uma
estalagem. Lá reuniam-se os
trabalhadores.
26. Coesão lexical
Reiteração – repetição de um item léxico e
também por nominalização.
João Paulo II esteve no Brasil. O Papa visitou
vários estados.
Alunos protestam contra a alta das
mensalidades. O protesto reuniu 200
estudantes.
27. Em 1937, quando a Ipiranga foi fundada, muitos
afirmavam que seria difícil uma refinaria brasileira dar
certo.
Quando a Ipiranga começou a produzir querosene
de padrão internacional, muitos afirmavam, também,
que dificilmente isso seria possível.
[...]
E, a cada passo que a Ipiranga deu nesses anos
todos, nunca faltaram previsões que indicavam outra
direção.
Quem poderia imaginar que a partir de uma
refinaria como aquela a Ipiranga se transformaria numa
das principais empresas do país, com 5600 postos de
abastecimento anual de 5,4 bilhões de dólares?
[...]
(Revista VEJA, nº 37, setembro/97)
28. Coesão lexical
Substituição – Inclui a sinonímia, a
antonímia, a hiponímia (carroça / veículo) e a
hiperonímia (objeto/caneta).
Sinonímia: A porta abriu-se e apareceu uma
menina. A garotinha tinha olhos azuis.
29. Aos 26 anos, o zagueiro Júnior Baiano deu uma
grande virada em sua carreira. Conhecido por suas
inconseqüentes "tesouras voadoras", ele passou a agir
de maneira mais sensata, atitude que já levou até a
Seleção Brasileira.
Patrícia, a esposa, e os filhos Patrícia Caroline e Patrick
são as maiores alegrias desse baiano nascido na cidade
de Feira de Santana. "Eles são a minha razão de viver e
lutar por coisas boas", comenta o zagueiro.
Na galeria do ídolos, Júnior Baiano coloca três
craques: Leandro, Mozer a Aldair. "Eles sabem tudo de
bola, diz o jogador. O zagueiro da Seleção só questiona
se um dia terá o mesmo prestígio deles [...]
(Jornal dos Sports, 24/08/97)
30. Antonímia - É a seleção de expressões
lingüísticas com traços semânticos opostos.
Exemplos:
Gelada no inverno, a praia de Garopaba oferece no
verão uma das mais belas paisagens catarinenses.
(JB, Caderno Viagem, 25/08/93)
31. Hiperonímia (todo/parte) e Hiponímia
(parte/todo)
Vimos o carro aproximar-se. Alguns minutos
depois, o veículo estacionava.
Tão grande quanto as baleias é a sua discrição.
Nunca um ser humano presenciou uma cópula de
jubartes, mas sabe-se que seu intercurso é muito
rápido, dura apenas alguns segundos. (Revista
VEJA, no 30, julho/97).
32. Em Abrolhos, as jubartes fazem a maior
esbórnia. Elas se reúnem em grupos de três a
oito animais, sempre com uma única fêmea
no comando. É ela, por exemplo, que
determina a velocidade e a direção a seguir.
(Idem)
33. O nexo, apesar de necessário para que uma
sequência linguística seja reconhecida como
texto, nem sempre precisa estar explícito na
superfície textual por um mecanismo de coesão
gramatical.
O Pedro vai buscar as bebidas. A Sandra tem
que ficar com os meninos. A Tereza arruma a
casa. Hoje vou precisar da ajuda de todos.
34. No rádio toca um rock. O rock é um ritmo
moderno. O coração também tem ritmo. Ele é
um músculo oco composto de duas aurículas e
dois ventrículos.
35. A máquina parou. Está faltando energia
elétrica.
Choveu. O chão está molhado.
36. FATORES PRAGMÁTICOS: Tipos de fala,
contexto de situação, intenção comunicativa,
características e crenças do produtor e receptor.
Intencionalidade – fator pragmático -
Redator/produtor- emissor.
Empenho do produtor em construir um discurso
coerente, coeso e capaz de satisfazer os objetivos
que tem em mente numa determinada situação
comunicativa: informar, impressionar, alarmar,
convencer, pedir, ofender, etc.
37. Aceitabilidade - expectativa do recebedor de
que o conjunto de ocorrências com que se
defronta seja um texto coerente, coeso, útil e
relevante, capaz de levá-lo a adquirir
conhecimentos ou a cooperar com os objetivos
do produtor.
38. O produtor conta com a tolerância e o trabalho
de inferência do recebedor na construção do
sentido do texto. Por outro lado, o recebedor,
supondo coerência no texto e se dispondo a
contribuir para construí-la, se orienta por
conhecimentos prévios e partilhados, que são
estabelecidos social e culturalmente, sobre os
tipos de texto, as ações e metas possíveis em
determinados contextos e situações.
•“Implicatura conversacional”
•“Crédito de coerência”
(p. 13)
40. O produtor precisa saber com que
conhecimentos do recebedor pode contar.
Maria teve uma indigestão embora o relógio
estivesse estragado.
(coerência pragmática)
41. Informatividade: Quantidade de informação –
Suficientes para que seja compreendido com o
sentido que o redator pretende.
O nível de informação ideal é o mediano, no
qual se alternam ocorrências de processamento
imediato, que falem do conhecido, mas que
trazem informação.
42. Discurso menos previsível – mais
informativo (recepção mais trabalhosa, mais
envolvente). Discurso mais previsível –
menos informativo ( tendência à rejeição).
43. Exemplificando...
Quanto aos seus aspectos positivos, ela nos dá
informação sobre o mundo, assim como o Jornal
Nacional da Globo. Alguns programas e até mesmo
propagandas nos divertem. Exemplo: A Grande
Família e Zorra Total. A tevê também serve como
um passatempo com diversas atrações: filmes,
programas de auditório, desenhos, etc.
TEXTO 1
44. Até os estudos de Fink e Schoenemberger, os
resultados ainda eram controversos. A dupla pôde
medir diretamente a corrente elétrica graças a um
tipo especial de microscópio eletrônico, capaz de
aproximações tão diminutas da amostra que entram
em ação fenômenos de mecânica quântica, segundo
a qual a energia não é absorvida ou gerada em um
fluxo contínuo, mas em pequenos pacotes, os
quanta (plural de “quantum”, quantidade em latim).
TEXTO 2
45. Texto 1
Conceitos
específicos da Física
Alto grau de
informatividade
Círculo de leitores
restrito
Texto 2
Informações
previsíveis
Baixo grau de
informatividade
Não acrescentam
nada de novo ao
conhecimento do
leitor comum
46. A maior parte dos textos de circulação social
apresenta um nível médio de
informatividade. Assim, consegue mobilizar
o repertório cultural do leitor e, ao mesmo
tempo, acrescentar-lhe novas informações.
47. Intertextualidade Concerne aos fatores que
fazem a utilização de um texto dependente de
outro(s) texto(s).
Inúmeros textos só fazem sentido quando
entendidos em relação a outros textos.
48.
49.
50.
51. Mona Lisa, Fernando Botero, 1978. Monalisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.
52. (BRANSFORD, 1979 apud MEURER, 19XX)
O texto pode ser
considerado coerente?
Você poderia resumir
do que trata esse
texto?