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Mulheres no coração do esforço de guerra durante o primeiro conflito mundial
Falar sobre mulheres para muitos ainda parece algo novo. Pouco se lê sobre elas nos livros de História.
É sempre pequena sua participação em filmes históricos e pouco se ouve sobre elas em palestras e aulas. E,
quando falamos sobre mulheres e guerras, a ideia soa quase antagônica. Mas, afinal, elas participavam dos
conflitos? Estavam presentes em que níveis e com quais funções? Eram convocadas ou se voluntariavam?
A primeira guerra mundial (1914-1918)
No final do século XIX e começo do século XX, a Europa assistia a um fortalecimento dos movimentos
feministas. Mulheres reivindicavam maior participação política e maior espaço no mercado de trabalho. O
trabalho nas fábricas resumia-se aos setores têxteis, às escolas e a alguns postos do governo. No âmbito
doméstico, trabalhavam como faxineiras, babás ou em creches. A Primeira Guerra Mundial, no entanto,
interrompe o movimento, ao mobilizar as mulheres para o esforço de guerra. Na Grã-Bretanha, elas foram
trabalhar em fábricas e em serviços auxiliares, e ainda foram convocadas para compor o efetivo de grupamentos
femininos das diferentes forças armadas. Entretanto, elas recebiam bem menos que os homens pelo mesmo
serviço.
"Sem mulheres, não há vitória rápida". A frase, pronunciada em 1915 por David Lloyd George, futuro
premier britânico, ilustra o envolvimento determinante das mulheres no esforço de guerra durante o primeiro
conflito mundial, em todas as nações participantes.
No começo das hostilidades, a partir de 7 de agosto de 1914, o presidente do Conselho francês, René
Viviani, esperando uma guerra curta, convoca as camponesas a substituir, "no campo de trabalho, aqueles que se
encontram no campo de batalha". É o período das colheitas, e é fundamental não desperdiçá-las.
Substituir os homens da frente
Mas o conflito se estende e, tanto na França quanto na Alemanha, muitas mulheres têm que cuidar
sozinhas das plantações, chegando a substituir os cavalos. Segundo o historiador Benjamin Ziemann, 44% das
granjas bávaras eram administradas por mulheres em 1916. Na França, 800 mil mulheres cuidavam de
propriedades agrícolas.
Em toda a Europa, as mulheres também substituem os homens em ofícios até então masculinos, como
os de cobrador, condutor, funcionário dos Correios, bancário e professor em escolas para homens. ​Neste
período, as mulheres provaram suas habilidades em todos os setores.
Muitas trabalham como voluntárias, para apoiar os combatentes, como a enfermeira inglesa Vera
Brittain, que descreveria a experiência em suas memórias.
A partir de 1915, na Europa e depois nos Estados Unidos, a indústria começa a contratar mulheres, que
são poupadas da guerra até 1917. ​Quebrando recordes de produção e como exemplo de eficiência, construíram
um legado que viria a se repetir na Segunda Guerra Mundial.
Trinta e cinco toneladas diárias
Batizadas de "munitionnettes" na França, as operárias das fábricas de armas "tornam-se símbolos da
entrada das mulheres em um setor masculino", ressalta à AFP a historiadora Françoise Thébaud. Quatrocentas
mil mulheres trabalham na indústria armamentista francesa no começo de 1918, um quarto da mão de obra do
setor.
"O trabalho de torneiro de morteiros é esgotante. "Cada morteiro pesa sete quilos. Em períodos de
produção normal, 2.500 morteiros passam em 11 horas por suas mãos. Como você tem que levantar duas vezes
cada artefato, diariamente você levanta 35 toneladas, conta a jornalista Marcelle Capy, que trabalhou por
algumas semanas em uma fábrica de armamentos.
No fim de 1917, na França, a mão de obra feminina no comércio e na indústria era 20% superior ao
nível de antes da guerra, de acordo o Ministério do Trabalho francês. Esse crescimento foi mais limitado do que
na Grã-Bretanha, onde era estimado em 50%.
"As francesas já trabalhavam muito antes de 1914, eram 7,7 milhões de mulheres, ou 36% da
população economicamente ativa, muito mais do que em Grã-Bretanha e Alemanha", explica Françoise
Thébaut. Essas mulheres eram principalmente de classes mais baixas, e a guerra favoreceu a entrada das de
classe média no mercado de trabalho.
Auxiliares do Exército
Na Grã-Bretanha, saem para trabalhar mulheres casadas de todas as classes sociais. "Em 1911, menos
de 10% das mulheres casadas tinham emprego na Grã-Bretanha. Na França, era cerca da metade", destaca a
professora Laura Lee Downs, do Instituto Universitário Europeu de Florença. Nas fábricas de guerra britânicas,
a mão de obra feminina atinge 1 milhão de operárias em 1918.
Na Alemanha, a mobilização de mulheres na indústria bélica tem menos sucesso. "Não eram bem
remuneradas, nem bem tratadas. Retiraram-se rapidamente, para colocar sua força de trabalho a serviço de suas
famílias e prover comida", em uma época de penúria nos impérios centrais, submetidos ao bloqueio marítimo
aliado, explica Laura Lee Downs.
As mulheres também atuaram na frente, como enfermeiras ou auxiliares do Exército. Na Grã-Bretanha,
mais de 80 mil mulheres se alistaram nos corpos femininos auxiliares do Exército (Women's Army Auxiliary
Corps, WAAC), criados em 1917, como motoristas de caminhões e ambulâncias, cozinheiras ou mecânicas.
Já as mulheres combatentes eram minoria. Participaram, por exemplo, da frente russa, onde foram
criados, na primavera de 1917, "batalhões femininos da morte", por iniciativa de Maria Boshkareva, camponesa
e soldado.
Em 1918, a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim e, com isso, os órgãos femininos foram sendo
pouco a pouco desmobilizados. Nas fábricas, os desligamentos não foram totais, mas significativos. Pesquisas
mostraram que, ao final da guerra, as mulheres voltaram para o ambiente familiar, tamanha tragédia e
sofrimento trazidos pelo conflito.
Texto adaptado a partir de:
MELLO, Ana Claudia R. Costa D. ​As Mulheres na Guerra​. Disponível em: <http://pre.univesp.br/
as-mulheres-na-guerra#.Wt_EmYjwbIV>. Acesso em: 24 de abril de 2018.
Estado de Minas. ​Mulheres no coração do esforço de guerra durante o primeiro conflito mundial​.
Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2014/06/28/interna_internacional,542499/mu
lheres-no-coracao-do-esforco-de-guerra-durante-o-primeiro-conflito-mundial.shtml>. Acesso em 24 de abril de
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  • 1. Mulheres no coração do esforço de guerra durante o primeiro conflito mundial Falar sobre mulheres para muitos ainda parece algo novo. Pouco se lê sobre elas nos livros de História. É sempre pequena sua participação em filmes históricos e pouco se ouve sobre elas em palestras e aulas. E, quando falamos sobre mulheres e guerras, a ideia soa quase antagônica. Mas, afinal, elas participavam dos conflitos? Estavam presentes em que níveis e com quais funções? Eram convocadas ou se voluntariavam? A primeira guerra mundial (1914-1918) No final do século XIX e começo do século XX, a Europa assistia a um fortalecimento dos movimentos feministas. Mulheres reivindicavam maior participação política e maior espaço no mercado de trabalho. O trabalho nas fábricas resumia-se aos setores têxteis, às escolas e a alguns postos do governo. No âmbito doméstico, trabalhavam como faxineiras, babás ou em creches. A Primeira Guerra Mundial, no entanto, interrompe o movimento, ao mobilizar as mulheres para o esforço de guerra. Na Grã-Bretanha, elas foram trabalhar em fábricas e em serviços auxiliares, e ainda foram convocadas para compor o efetivo de grupamentos femininos das diferentes forças armadas. Entretanto, elas recebiam bem menos que os homens pelo mesmo serviço. "Sem mulheres, não há vitória rápida". A frase, pronunciada em 1915 por David Lloyd George, futuro premier britânico, ilustra o envolvimento determinante das mulheres no esforço de guerra durante o primeiro conflito mundial, em todas as nações participantes. No começo das hostilidades, a partir de 7 de agosto de 1914, o presidente do Conselho francês, René Viviani, esperando uma guerra curta, convoca as camponesas a substituir, "no campo de trabalho, aqueles que se encontram no campo de batalha". É o período das colheitas, e é fundamental não desperdiçá-las. Substituir os homens da frente Mas o conflito se estende e, tanto na França quanto na Alemanha, muitas mulheres têm que cuidar sozinhas das plantações, chegando a substituir os cavalos. Segundo o historiador Benjamin Ziemann, 44% das granjas bávaras eram administradas por mulheres em 1916. Na França, 800 mil mulheres cuidavam de propriedades agrícolas. Em toda a Europa, as mulheres também substituem os homens em ofícios até então masculinos, como os de cobrador, condutor, funcionário dos Correios, bancário e professor em escolas para homens. ​Neste período, as mulheres provaram suas habilidades em todos os setores. Muitas trabalham como voluntárias, para apoiar os combatentes, como a enfermeira inglesa Vera Brittain, que descreveria a experiência em suas memórias. A partir de 1915, na Europa e depois nos Estados Unidos, a indústria começa a contratar mulheres, que são poupadas da guerra até 1917. ​Quebrando recordes de produção e como exemplo de eficiência, construíram um legado que viria a se repetir na Segunda Guerra Mundial. Trinta e cinco toneladas diárias Batizadas de "munitionnettes" na França, as operárias das fábricas de armas "tornam-se símbolos da entrada das mulheres em um setor masculino", ressalta à AFP a historiadora Françoise Thébaud. Quatrocentas mil mulheres trabalham na indústria armamentista francesa no começo de 1918, um quarto da mão de obra do setor. "O trabalho de torneiro de morteiros é esgotante. "Cada morteiro pesa sete quilos. Em períodos de produção normal, 2.500 morteiros passam em 11 horas por suas mãos. Como você tem que levantar duas vezes cada artefato, diariamente você levanta 35 toneladas, conta a jornalista Marcelle Capy, que trabalhou por algumas semanas em uma fábrica de armamentos. No fim de 1917, na França, a mão de obra feminina no comércio e na indústria era 20% superior ao nível de antes da guerra, de acordo o Ministério do Trabalho francês. Esse crescimento foi mais limitado do que na Grã-Bretanha, onde era estimado em 50%. "As francesas já trabalhavam muito antes de 1914, eram 7,7 milhões de mulheres, ou 36% da população economicamente ativa, muito mais do que em Grã-Bretanha e Alemanha", explica Françoise
  • 2. Thébaut. Essas mulheres eram principalmente de classes mais baixas, e a guerra favoreceu a entrada das de classe média no mercado de trabalho. Auxiliares do Exército Na Grã-Bretanha, saem para trabalhar mulheres casadas de todas as classes sociais. "Em 1911, menos de 10% das mulheres casadas tinham emprego na Grã-Bretanha. Na França, era cerca da metade", destaca a professora Laura Lee Downs, do Instituto Universitário Europeu de Florença. Nas fábricas de guerra britânicas, a mão de obra feminina atinge 1 milhão de operárias em 1918. Na Alemanha, a mobilização de mulheres na indústria bélica tem menos sucesso. "Não eram bem remuneradas, nem bem tratadas. Retiraram-se rapidamente, para colocar sua força de trabalho a serviço de suas famílias e prover comida", em uma época de penúria nos impérios centrais, submetidos ao bloqueio marítimo aliado, explica Laura Lee Downs. As mulheres também atuaram na frente, como enfermeiras ou auxiliares do Exército. Na Grã-Bretanha, mais de 80 mil mulheres se alistaram nos corpos femininos auxiliares do Exército (Women's Army Auxiliary Corps, WAAC), criados em 1917, como motoristas de caminhões e ambulâncias, cozinheiras ou mecânicas. Já as mulheres combatentes eram minoria. Participaram, por exemplo, da frente russa, onde foram criados, na primavera de 1917, "batalhões femininos da morte", por iniciativa de Maria Boshkareva, camponesa e soldado. Em 1918, a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim e, com isso, os órgãos femininos foram sendo pouco a pouco desmobilizados. Nas fábricas, os desligamentos não foram totais, mas significativos. Pesquisas mostraram que, ao final da guerra, as mulheres voltaram para o ambiente familiar, tamanha tragédia e sofrimento trazidos pelo conflito. Texto adaptado a partir de: MELLO, Ana Claudia R. Costa D. ​As Mulheres na Guerra​. Disponível em: <http://pre.univesp.br/ as-mulheres-na-guerra#.Wt_EmYjwbIV>. Acesso em: 24 de abril de 2018. Estado de Minas. ​Mulheres no coração do esforço de guerra durante o primeiro conflito mundial​. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2014/06/28/interna_internacional,542499/mu lheres-no-coracao-do-esforco-de-guerra-durante-o-primeiro-conflito-mundial.shtml>. Acesso em 24 de abril de 2018.