SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
Baixar para ler offline
Música
                        Duas saídas para uma Intrada
                          Comparando interpretações
                     Two ways for Intrada - Comparing interpretations
                                                     por Antonio Marcos Souza Cardoso



Resumo
O acesso aos home studios possibilitou a edição e manipulação do som para diversas
finalidades, desde gravações pessoais até análises interpretativas complexas. Ao analisar
comparativamente duas interpretações musicais, num campo dominado pelo subjetivismo
das opiniões pessoais, apresentamos a música como ela é em termos físicos, “enxergan-
do” o uso do vibrato, o caminho das dinâmicas, a potência das intensidades sonoras e
os pontos de respiração e sua aplicação nas Práticas Interpretativas. Os procedimentos
metodológicos comparam as gravações a partir da interpretação gráfica de determinado
trecho e aspecto mesurado. O resultado alcançado demonstra que, além de corroborar
decisões musicais, a metodologia tem aplicação na pedagogia do trompete, no aperfeiço-
amento das ferramentas de investigação musicológica e no incremento da pesquisa em
práticas interpretativas.

Palavras-chave Interpretação musical, Trompete, Honegger


Abstract
The access to home studios has enabled the possibility to both the edition and manipula-
tion of sound to a variety of purposes, from personal recordings to complex interpretative
analysis. By analising comparatively two musical interpretations in a field predominantly 
restrained by subjetivism from personal opinions, we are presenting music as it is in physical
terms, “seeing” the use of vibrato, the path of dynamics, the potence of intense sonorities
and the marks of breathing and its implication on music inyterpretation. The methodology
procedures compare the recordings from grafical interpretation of determined excerpt and
from a mensurated aspect. The gained result demonstrates that besides to corroborate
the musical decisions, the methodology has application in teaching the trumpet, in the
refinement of research tools and in the increasing of the musicological research in perfor-
mance practice.

Keywords Musical Interpretation, Trumpet, Honegger




                                                                                           378
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações




Introdução
O presente trabalho compara gravações e tem como objetivo a compreensão do
relacionamento entre intérprete e a partitura, revelando elementos musicais im-
portantes para a didática dos instrumentos. Das diversas vertentes da pesquisa
em práticas interpretativas nos cabe tratar aqui da análise comparativa entre per-
formances gravadas.
Comparar duas interpretações é estabelecer diferenças e semelhanças entre duas
concepções nos aspectos de expressividade. É identificar os menores, e mais sig-
nificativos elementos que traduzem a música para os ouvintes.
Sobre a pesquisa em performance Clarke escreve:
        Uma preocupação central da pesquisa em performance tem sido a
        natureza e função da expressão. Uma questão crucial é como a expressão
        deve ser definida e caracterizada, e (e como) ela pode ser ser medida. (...)
        O racional para essa abordagem é que o que se faz como performance
        expressiva é o que o intérprete traz além do que o compositor especificou
        na partitura. (CLARKE, 2003, p. 84, tradução nossa)1.

Uma interpretação musical é a marca do intérprete e com o aparato tecnológico
dos programas de áudio disponível em “home studios” podemos literalmente en-
xergar aspectos interpretativos tais como: dinâmicas, vibratos, timbres e até arti-
culações utilizando-os como ferramenta didática.
A análise proposta por este trabalho “tenta” manter distante das observações pré-
-conceitos estéticos, que influenciariam as conclusões transformando a pesquisa
em crítica musical. Não estabeleceremos, a priori, teorias estilísticas ou conceitos,
simplesmente vamos nos ater a ler os gráficos eliminando redundâncias e focando
aspectos interpretativos que possam ser descritos e discutidos, com a utilização
de analogias para exemplificar os fatos. Não abordaremos o aspecto do timbre
dos instrumentos, pois esta característica é a mais passível de modificações por
produtores e técnicos de gravação.
A descrição do objeto apresenta características gerais da obra como: duração, in-
tensidades, forma e extensão.
Os aspectos mais discutidos são as intensidades (dinâmicas) e o vibrato. A inten-
sidade, pela leitura dos gráficos, é apresentada claramente pelos intérpretes não


1 A central preoccupation in research on performance has been the nature and function of
expression. A crucial question is how expression should be defined and characterized, and
whether (and how) it might be measured. (...)The rationale for this approach is that what makes
a performance expressive is what the performer brings to the piece beyond what the composer
has specified in the score.



                                                                                              379
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações



levantando dúvidas sobre suas intenções interpretativas e, ao entendermos como
os intérpretes se relacionam com as dinâmicas poderíamos fazer um processo de
engenharia reversa e grafar uma partitura conforme cada uma das interpretações.
Seashore resume a relação dinâmica vs partitura: “(...) A partitura musical mostra
a nota e o tempo a ser tocado com bastante precisão, mas é muito pobre em in-
dicações de intensidade.” (SEASHORE, 1967, p. 76)
Sobre vibrato, Johnson afirma: “Muitos aspectos da técnica instrumental são não-
-afetados pelas tecnologias de gravação; e um deles é o vibrato”. (JOHNSON, 2002,
p. 204) Por esta razão o vibrato é abordado nesse trabalho.
No aspecto respirações/fraseado identificamos os pontos onde os intérpretes res-
piram, ponto de delimitação de frases, pontos estratégicos para a sensação de
continuidade do texto musical.



O objeto: a Intrada

        “Honegger é, naturalmente, mais conhecido por suas cinco maravilhosas
        sinfonias e por importantes trabalhos corais / de oratório como “Jeanne
        d’Arc” e “Roi Duval”. Bastante prolífico, também escreveu cerca de
        quarenta partituras para filme e grande quantidade de música de
        câmara. Sua “Intrada”, uma peça modesta constituída numa forma
        simples ABA (Maestoso – Allegro – Maestoso), reflete bem sua linguagem
        musical pessoal: uma mistura livre e acessível do tonal, politonal e atonal
        (MARSALIS, 1993).”

“A “Intrada” para trompete e piano foi composta por Honegger em Agosto de 1947
como peça de competição para o estimado Concurso Internacional de Execução
Musical, realizado em Gênova naquele ano. Ela possui estrutura A-B-A e brilho com
bravura, nobreza e vigor (SCHLUETER, 2001).”
A obra possui as seguintes características:
> Extensão: Em seu Tratado de Instrumentação, Berlioz define a extensão do
trompete (BERLIOZ & STRAUSS, 1948, p. 281) (Figura 1):




Figura 1 - Extensão do Trompete segundo Berlioz




                                                                                 380
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações



A “Intrada” contempla praticamente toda a extensão do trompete, inclusive com
as notas Si bemol, Si e Dó5, classificadas por Berlioz como difíceis. (Figura 2)



                         Figura 2
                         Extensão do Trompete na Intrada




> Forma:




Figura 3 - Esquema formal da Intrada



> Tempo de duração: O compositor não grafou indicações metronômicas, somente
indicações de caráter, o que impede que matematicamente determinemos um
tempo referência. Sobre indicações de caráter, Magnani diz:
        (...) são, finalmente mais que vagas indicações psicológicas ou literárias.
        Ninguém poderia dizer onde e como o sentimento começa a ser profundo
        (...) elementos que podem ser avaliados em um processo intuitivo.
        (MAGNANI, 1989, p. 63)

A partir deste processo intuitivo estabelece-se o fazer arte, o criar e recriar a obra ba-
seado nas sugestões do compositor e materializar este processo é o nosso objetivo.



Os intérpretes
Os intérpretes foram selecionados, dentre várias gravações existentes, sem cri-
térios definidos pelas diferenças interpretativas encontradas nas gravações que
serão o nosso objeto de estudo.
Os trompetistas Charles Schlueter, principal trompetista da Orquestra Sinfônica de
Boston e professor do New England Conservatory of Music e George Vosburgh, so-
lista internacionalmente aclamado por sua virtuosidade no trompete em gravações
e concertos.




                                                                                        381
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações




Andamento
Os tempos adotados, 4’24” (Schlueter) e 4’42” (Vosburgh), são decisões interpre-
tativas que não conflitam com as “instruções” do compositor. As indicações de
caráter (Maestoso – Andante – Maestoso) permitem liberdade interpretativa no
quesito andamento devido à ausência de indicações metronômicas.


Intensidades
A intensidade determina as dinâmicas utilizadas pelos intérpretes. A Figura 3 mos-
tra as dinâmicas sugeridas pelo compositor, porém é obvio que o intérprete, pela
sua função de leitura das entrelinhas musicais tem liberdade para variar e ampliar
a gama de dinâmicas nas seções, frases e motivos.




                                                    Figura 4
                                                    Quadro geral de intensidades/dinâmicas
                                                    conforme sugerido pelo compositor


A Figura 4 apresenta a relação de dinâmicas nos compassos 1 ao 16, em dinâmica
em forte. A analise do gráfico traz alguns pontos de considerações: Vosburgh inter-
preta a dinâmica com grandes variações na dinâmica, inclusive com um momento
em que a intensidade diminui consideravelmente (indicado pela seta).
Schlueter mantém a dinâmica mais constante, mas faz a opção por um crescendo
gradativo até o dó5 no compasso 14. As retas traçadas no gráfico do referido trom-
petista na Figura 52 comprovam esse crescendo delimitam a área do aumento da
intensidade sonora.




                                                                        Figura 5
                                                                        Comparação de
                                                                        intensidades/
                                                                        dinâmicas até o
                                                                        compasso 14



2 Gráfico extraído pelo programa “Cool Edit” significando a representação de tempo por
intensidade.

                                                                                             382
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações



O intensidade sonora em piano que se prolonga do compasso 17 ao 26, seguido de
um mezzo-forte do compasso 27 ao 34 demonstra a mesma concepção interpretativa
entre os trompetistas. Os gráficos diferem apenas em relação aos andamentos, porém
as relações entre as intensidades são equivalentes conforme observado na Figura 6.




Figura 6 - Comparação de intensidades/dinâmicas entre os compassos 17 e 34




Vibrato
O uso do vibrato difere muito entre os intérpretes. Segundo Seashore:
        Vibrato é o mais importante dos ornamentos musicais (...) É o mais
        importante porque ocorre em praticamente todas as notas cantadas e
        em todas as notas sustentadas nos instrumentos; porque, de todos os
        ornamentos, produz as maiores mudanças significativas na qualidade do
        som. (SEASHORE, 1967, p. 33)

Em seu artigo, Mathie define vibrato:
        É parte da qualidade do som, mas não deve ser pensado como uma
        prática isolada. Quando o estudante alcança o ponto onde tem um
        som cheio, com qualidades ressonantes, o vibrato vem como uma parte
        natural da expressividade. (MATHIE, 1990, p. 20)

Sobre o vibrato Schlueter relata em entrevista a Candelária & Sorenson: “influencia
a intensidade do som do trompete, naturalmente ocasionando mudanças tímbri-
cas as quais ocorrem simultaneamente com mudanças de nível de dinâmica”.
(CANDELARIA & SORENSON, 1983, p. 35)
Na nota fa, Figura 73, Vosburgh apresenta um vibrato muito mais intenso, enquan-


3 Para interpretarmos o gráfico da Figura 7 e os outros que se seguem se referindo ao vibrato,
temos que entender como vibrato a ondulação horizontal, mesmo que apareçam várias ao
mesmo tempo. As diversas ondulações representam as diferentes freqüências que compõem um
som complexo. Gráficos extraídos com auxílio do programa Spectrogram.



                                                                                             383
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações



to Schlueter, uma suave vibração. Observamos que na parte do gráfico denomina-
da “Signal” a vibração excessiva de Vosburgh aumenta a dinâmica, ocorrendo o
contrário com Schlueter, que decresce na nota.




                                                Figura 7
                                                Aplicação do vibrato e sua relação com a
                                                intensidade/dinâmica na nota média da
                                                extensão do instrumento



Na nota Dó, Figura 8, Vosburgh vibra na parte final da nota ocasionando um cres-
cendo que neste local, o ponto culminante da seção, enquanto Schlueter vibra
pouco e decresce.




                                                Figura 8
                                                Aplicação do vibrato e sua relação com a
                                                intensidade/dinâmica na nota aguda




Na figura 9, compasso 17, nota Sol2, o gráfico mostra Vosburgh vibrando mais do
que Schlueter, mesmo com esse último mantendo a nota mais presente4.



4 Para entendermos o “estar presente” da nota basta observar a parte superior do gráfico da
Figura 9 onde se localizam as freqüências superiores a 2 kHz: o som de Vosburgh não alcança
essas freqüências: perdendo intensidade.



                                                                                              384
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações




                                       Figura 9
                                       Aplicação do vibrato e sua relação com a
                                       intensidade/dinâmica no grave




A observação das figuras 7, 8 e 9, nos sugerem: ambos os trompetistas aplicam o
vibrato nas notas de maior duração. Diferenças aparecem na função do vibrato em
cada momento.
Comparando os gráficos de vibrato com o “Signal”, podemos concluir que vibrato é
uma ferramenta interpretativa de dinâmica. Nos pontos de maior vibração encontra-
mos maior intensidade sonora e, onde a nota é tocada mais “lisa”, a dinâmica tende a
ser mantida. Isto é notado principalmente observando-se a aplicação do vibrato: Vos-
burgh cresce em todas as notas “longas” enquanto Schlueter decresce nas mesmas.
Não podemos considerar a projeção sonora do trompete com características seme-
lhantes à projeção dos instrumentos de corda. Os instrumentos de corda e os can-
tores, e também trompetistas contemporâneos de Louis Armstrong, empregavam
um excesso de vibrato porque precisavam mais expressividade ou necessitavam
de maior projeção sonora de seus instrumentos.
Pelas características físicas dos instrumentos de corda e do canto, assim como
pela tecnologia dos amplificadores antigos, que não tinham a potência dos nossos
amplificadores, os trompetistas do passado tinham que vibrar todo o tempo.
Alguns conservadores ainda insistirão em dizer que o vibrato é expressividade,
então o piano ou o órgão deixou de ser um instrumento expressivo?
A resposta a essas questões define os aspectos quantitativos e qualitativos do
vibrato. Na Figura 10 vemos uma mostra das decisões sobre o uso do vibrato por
Vosburgh e fica claro, ao analisarmos o gráfico, o emprego constante de tal recurso
na maior parte das notas encontramos vibrato. A observação do “Signal” mostra o
incremento da dinâmica na medida do movimento da melodia à região aguda do
instrumento.




                                                                                  385
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações




                                                 Figura 10
                                                 Vosburgh, vibrato e intensidade
                                                 das notas



Schlueter utiliza o vibrato de maneira mais discreta. Observamos o incremento
do vibrato no aumento de dinâmicas e no reforço das anacruzes, sem prolongar
as notas de maior duração, o que, define bem as frases de cada seção conforme
mostra a Figura 11.




                                                               Figura 11
                                                               Schlueter, vibrato
                                                               e intensidade das
                                                               notas




                                                                                    386
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações




Fraseado - Respirações
Um desafio para os instrumentistas de sopro é conciliar os pontos de respiração com
a estrutura interna da obra, por exemplo, nas frases. Frases muito longas podem
comprometer a sonoridade de um instrumentista que não utiliza a plena capacidade
de seus pulmões, picotando a frase em partes pequenas sem sentido musical.
Respirações ideais deveriam ser naturais e não simplesmente ser um ponto de
reabastecer o ar dos pulmões, mas deveria delinear o texto musical com forma de
linguagem falada e suas inflexões.
A “Intrada” não possui frases longas, o caráter maestoso permite uma cadência
pausada que possibilita ao intérprete respirar constantemente.
A Figura 12 marca os pontos onde Vosburgh respira (determinado pelas vírgulas).
Chama a atenção as respirações no compasso 12 que fogem do padrão de respira-
ções anacrústicas5 encontradas nos outros momentos.
Vosburgh não faz questão de disfarçar, ou melhor, de ser mais discreto nas res-
pirações (Figura 12). As notas anteriores à respiração são cortadas bruscamente.




Figura 12 - Vosburgh: respiração



Schlueter realiza dez respirações, duas a mais que Vosburg, todas anacrústicas
(Figura 13).




5 Respiração anacrústica é a tomada de ar antes da nota em parte fraca de tempo ou depois da
nota em tempo forte.



                                                                                          387
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações




Figura 13 - Schlueter: respiração

Iremos à seção A’ (reexposição – Figura 14), compasso 149 ao fim, cujos elementos
já citados se repetem, mas será que os intérpretes se manterão fiéis ao que pro-
puseram no início da obra?




Figura 14 - Vosburgh: respiração na reexposição


Na Figura 14 observamos as respirações de Vosburgh. Ele modifica suas respira-
ções, que na primeira seção eram anacrústicas, passam a ser realizadas após as
últimas notas do compasso (compassos 155, 156 e 157). Esta respiração interrom-
pe o movimento da melodia visto que o tempo forte do compasso seguinte é ponto
de repouso, o impulso para movimento da melodia é proporcionado pela nota em
parte fraca de tempo.
Schlueter, conforme Figura 15, permanece com respirações anacrústicas. Faz duas
respirações no compasso 156 devido ao trecho longo que se segue em dinâmica
forte. Marca a interpretação de Schlueter, a coerência às ideias apresentadas na
primeira seção da obra.




                                                                               388
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações




Figura 15 - Schlueter: respiração na reexposição



Agrupamento
Uma ferramenta interpretativa muito importante e atualmente muito discutida é
a Teoria do Agrupamento de Notas (THURMOND, 1991), que resumidamente pode
ser definida como o tempo fraco (arsis) sempre conduz ao tempo forte (tesis).
Thurmond propõe que a tesis é o tempo de chegada, o ponto de relaxamento e o
ponto de conclusão. Os compassos 27 e 28 exemplificam a teoria (Figuras 15 e 16).
Vamos nos ater a comparar as semicolcheias apontadas pelas setas. Vosburgh
interpreta essas colcheias bem menores que as notas que se seguem – notar que
todas as semicolcheias são arsis (Figura 15). As notas de valores maiores são privi-
legiadas com mais intensidade (eixo vertical do gráfico) e, a semicolcheia marcada
com a seta cinza foi abafada pela importância dada à colcheia pontuada que se
segue; não mencionaremos mais o uso do vibrato que já foi discutido anteriormen-
te e contribui para o reforço da intensidade.




Figura 16 - Vosburgh: Agrupamento de notas


A Figura 16 ilustra o pensamento interpretativo de Schlueter. A leitura do gráfico
mostra a preocupação do intérprete com as anacruzes (semicolcheias apontadas),
inclusive com as duas últimas notas das tercinas, que são interpretadas como
anacruzes da semínima que se segue. As intensidades (eixo vertical) comprovam
a utilização da Teoria do Agrupamento de notas.




                                                                                  389
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações




Figura 17 - Schlueter: Agrupamento de notas


Conclusão
Ao final do trabalho, concluímos que a utilização de programas de áudio proporcio-
na um “ver” a música e suas componentes interpretativas. Em um universo cada
vez mais tecnológico, a informática auxilia professores e intérpretes na discussão
de aspectos musicais.
Com os avanços da física e da psicofísica as sugestões técnicas-interpretativas são
corroboradas pela ciência. Mas então, se as teorias científicas são válidas, por que
tantas interpretações? Porque o belo na arte, além de subjetivo e pessoal, está
presente em todos os momentos: basta um olhar receptivo.
A comparação entre as gravações através da análise gráfica mostra que o ritmo
sempre ansioso de Vosburgh, assim como um intenso e constante vibrato não
torna sua música melhor ou pior que a de Schlueter. O que não podemos negar é
a coerência de Schlueter com pulso, ritmo e dinâmicas. O caráter Maestoso denota
“com majestade” e nesse aspecto, Schlueter marcha com pompa e garbo.
Posicionei-me o mais distante possível das opiniões pessoais, e graças ao aparato
tecnológico, observação e análise dos resultados, acredito ter obtido êxito. Pode-
mos discordar quanto aos aspectos estéticos e estilísticos da interpretação, porém,
com a pesquisa científica em performance a discussão sobre o assunto assume
uma dimensão qualitativa, com pouco espaço para opiniões pessoais.
A comparação de gravações é, ao meu ver, uma ferramenta imprescindível à com-
preensão e à didática das concepções interpretativas em qualquer universo mu-
sical, seja em um duo ou em uma obra sinfônica. O importante é definir o foco
e selecionar os softwares necessários para nos fazer enxergar o som. No futuro
novos programas e estudos avançados em psicologia e física ampliarão o âmbito
e a profundidade das pesquisas.




                                                                                  390
Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações



Referências Bibliográficas
> BERLIOZ, H., & STRAUSS, R. Treatise on Instrumentation. Nova Iorque: Edwin F.
Kalmus, 1948.
> CANDELARIA, L., & SORENSON, S. Charles Schlueter: Trumpet Playng as a
Conceptual Process. International Trumpet Guild Journal, Setembro 1993
> CLARKE, E. Empirical Methods in the Study of Performance. In: N. COOK,
Empirical Musicology (p. Capítulo V). Cambridge: Cambridge University Press,
2003.
> JOHNSON, P. The Legacy of recordings. In: J. RINK, Musical Performance (pp. Cap.
XIV, p.204). Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
> MAGNANI, S. Expressão e Comunicação na Linguagem da Música. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 1989.
> MARSALIS, W. On the Twentieth Century. CD, Sony Music Entertainement, 1993.
> MATHIE, G. Teaching Musicality to Young Players. International Trumpet Guild
journal, Outubro 1990.
> SCHLUETER, C. Virtuoso Trumpet. CD, Kleos Classic, 2001.
> SEASHORE, C. Loudness: Intensity. In: C. SEASHORE, Psycology of Music. Nova
Iorque: Dover Publication, 1967.
> THURMOND, J. Note Grouping: A Method for Achieving Expression and Style in
Musical performance. Meredith Publications, 1991.




 Antonio Marcos Souza Cardoso, professor de trompete, Escola de Música e Artes
 Cênicas da Universidade Federal de Goiás
 tonico@cardoso.mus.br



                                                                                  391

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula de Fabiane Viana Dantas - Educação Musical
Aula de Fabiane Viana Dantas - Educação MusicalAula de Fabiane Viana Dantas - Educação Musical
Aula de Fabiane Viana Dantas - Educação Musicalfabianedantas
 
Curso de arranjo gabriel
Curso de arranjo gabrielCurso de arranjo gabriel
Curso de arranjo gabrielMILTON ALVES
 
Harmonia funcional carlos almada
Harmonia funcional   carlos almadaHarmonia funcional   carlos almada
Harmonia funcional carlos almadaLeandro Vieira
 
Apostila de gaita de boca (Marcelo Mello)
Apostila de gaita de boca (Marcelo Mello)Apostila de gaita de boca (Marcelo Mello)
Apostila de gaita de boca (Marcelo Mello)Marcelo Mello
 
Resumos - Artigos
Resumos - ArtigosResumos - Artigos
Resumos - Artigossavembap
 
6ano 01 elementos da musica
6ano 01 elementos da musica6ano 01 elementos da musica
6ano 01 elementos da musicaEliezer REIS
 
Atividade de Arte - Música
Atividade de Arte  - MúsicaAtividade de Arte  - Música
Atividade de Arte - MúsicaMary Alvarenga
 
Matematica E A Musica
Matematica E A MusicaMatematica E A Musica
Matematica E A MusicaHOME
 
Linguagem e estrutura musical by sidnei
Linguagem e estrutura musical by sidneiLinguagem e estrutura musical by sidnei
Linguagem e estrutura musical by sidneisidtkt
 
Método básico para sax alto
Método básico para sax altoMétodo básico para sax alto
Método básico para sax altoPartitura de Banda
 
Arte atividades complementares - 3 anos
Arte   atividades complementares - 3 anosArte   atividades complementares - 3 anos
Arte atividades complementares - 3 anosDilcea Lopes
 

Mais procurados (20)

Teoriamusical
TeoriamusicalTeoriamusical
Teoriamusical
 
Aula de Fabiane Viana Dantas - Educação Musical
Aula de Fabiane Viana Dantas - Educação MusicalAula de Fabiane Viana Dantas - Educação Musical
Aula de Fabiane Viana Dantas - Educação Musical
 
Curso de arranjo gabriel
Curso de arranjo gabrielCurso de arranjo gabriel
Curso de arranjo gabriel
 
A forma musical
 A forma musical A forma musical
A forma musical
 
Congresso Anppom 2014
Congresso Anppom 2014Congresso Anppom 2014
Congresso Anppom 2014
 
Harmonia funcional carlos almada
Harmonia funcional   carlos almadaHarmonia funcional   carlos almada
Harmonia funcional carlos almada
 
Teoria Cintra
Teoria CintraTeoria Cintra
Teoria Cintra
 
Apostila de gaita de boca (Marcelo Mello)
Apostila de gaita de boca (Marcelo Mello)Apostila de gaita de boca (Marcelo Mello)
Apostila de gaita de boca (Marcelo Mello)
 
Resumos - Artigos
Resumos - ArtigosResumos - Artigos
Resumos - Artigos
 
6ano 01 elementos da musica
6ano 01 elementos da musica6ano 01 elementos da musica
6ano 01 elementos da musica
 
Atividade de Arte - Música
Atividade de Arte  - MúsicaAtividade de Arte  - Música
Atividade de Arte - Música
 
Flauta doce respiração
Flauta doce   respiraçãoFlauta doce   respiração
Flauta doce respiração
 
O pixel-da-voz
O pixel-da-vozO pixel-da-voz
O pixel-da-voz
 
Matematica E A Musica
Matematica E A MusicaMatematica E A Musica
Matematica E A Musica
 
Sintaxe musical
Sintaxe musicalSintaxe musical
Sintaxe musical
 
Baião de Lacan
Baião de LacanBaião de Lacan
Baião de Lacan
 
Linguagem e estrutura musical by sidnei
Linguagem e estrutura musical by sidneiLinguagem e estrutura musical by sidnei
Linguagem e estrutura musical by sidnei
 
Método básico para sax alto
Método básico para sax altoMétodo básico para sax alto
Método básico para sax alto
 
eBook Harmonia Funcional
eBook Harmonia FuncionaleBook Harmonia Funcional
eBook Harmonia Funcional
 
Arte atividades complementares - 3 anos
Arte   atividades complementares - 3 anosArte   atividades complementares - 3 anos
Arte atividades complementares - 3 anos
 

Semelhante a Duas saídas para uma Intrada

Anais anppom 2012 exemplos
Anais anppom 2012 exemplosAnais anppom 2012 exemplos
Anais anppom 2012 exemplosRonaldo Novaes
 
Apresentação ot física
Apresentação ot   físicaApresentação ot   física
Apresentação ot físicaRonaldo Pimenta
 
Heitor vila lobos e o conceito maestro parte 3
Heitor vila lobos  e o conceito maestro parte 3Heitor vila lobos  e o conceito maestro parte 3
Heitor vila lobos e o conceito maestro parte 3Crezeomar Alves
 
Elementos básicos da linguagem da música
Elementos básicos da linguagem da músicaElementos básicos da linguagem da música
Elementos básicos da linguagem da músicaprofjuliaalvino
 
elementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.pptelementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.pptfagnerlopes11
 
elementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.pptelementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.pptBiancaVaz10
 
Música . arquitetura (ensaio)
Música . arquitetura (ensaio)Música . arquitetura (ensaio)
Música . arquitetura (ensaio)Paula Marla
 
Anais anppom 2012 Epizeuxis em André da Silva Gomes
Anais anppom 2012 Epizeuxis em André da Silva GomesAnais anppom 2012 Epizeuxis em André da Silva Gomes
Anais anppom 2012 Epizeuxis em André da Silva GomesRonaldo Novaes
 
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdfArena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdfEmmanuelSalathiel
 
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdfArena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdfEmmanuelSalathiel
 
Apostila teoria musical_i
Apostila teoria musical_iApostila teoria musical_i
Apostila teoria musical_iMikathews
 
Elementos básicos da música serie cadernos de musica da universidade de cambr...
Elementos básicos da música serie cadernos de musica da universidade de cambr...Elementos básicos da música serie cadernos de musica da universidade de cambr...
Elementos básicos da música serie cadernos de musica da universidade de cambr...Saulo Gomes
 
Artigo do IV Encontro de Musicologia de Ribeirão Preto
Artigo do IV Encontro de Musicologia de Ribeirão PretoArtigo do IV Encontro de Musicologia de Ribeirão Preto
Artigo do IV Encontro de Musicologia de Ribeirão PretoRonaldo Novaes
 
Apostila teoria musical fundamental i - Alberto Damián
Apostila teoria musical fundamental i - Alberto DamiánApostila teoria musical fundamental i - Alberto Damián
Apostila teoria musical fundamental i - Alberto DamiánPartitura de Banda
 
00 estrutura tonal - harmonia - maria lúcia pascoal e alexandre pascoal neto
00    estrutura tonal - harmonia - maria lúcia pascoal e alexandre pascoal neto00    estrutura tonal - harmonia - maria lúcia pascoal e alexandre pascoal neto
00 estrutura tonal - harmonia - maria lúcia pascoal e alexandre pascoal netoNertan Silva
 
Aula de violão
Aula de violão Aula de violão
Aula de violão Lah Mikrute
 
Plano de aula de fabiane viana dantas educação musical
Plano de aula de fabiane viana dantas   educação musicalPlano de aula de fabiane viana dantas   educação musical
Plano de aula de fabiane viana dantas educação musicalfabianedantas
 
A concepção intervalar na poética pós-ruptura: uma análise da Sonata n. 3 de ...
A concepção intervalar na poética pós-ruptura: uma análise da Sonata n. 3 de ...A concepção intervalar na poética pós-ruptura: uma análise da Sonata n. 3 de ...
A concepção intervalar na poética pós-ruptura: uma análise da Sonata n. 3 de ...EDSON HANSEN SANT ' ANA
 

Semelhante a Duas saídas para uma Intrada (20)

Anais anppom 2012 exemplos
Anais anppom 2012 exemplosAnais anppom 2012 exemplos
Anais anppom 2012 exemplos
 
Apresentação ot física
Apresentação ot   físicaApresentação ot   física
Apresentação ot física
 
Música e matemática
Música e matemáticaMúsica e matemática
Música e matemática
 
Heitor vila lobos e o conceito maestro parte 3
Heitor vila lobos  e o conceito maestro parte 3Heitor vila lobos  e o conceito maestro parte 3
Heitor vila lobos e o conceito maestro parte 3
 
Elementos básicos da linguagem da música
Elementos básicos da linguagem da músicaElementos básicos da linguagem da música
Elementos básicos da linguagem da música
 
elementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.pptelementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.ppt
 
elementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.pptelementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.ppt
 
elementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.pptelementosbasicosdamusica.ppt
elementosbasicosdamusica.ppt
 
Música . arquitetura (ensaio)
Música . arquitetura (ensaio)Música . arquitetura (ensaio)
Música . arquitetura (ensaio)
 
Anais anppom 2012 Epizeuxis em André da Silva Gomes
Anais anppom 2012 Epizeuxis em André da Silva GomesAnais anppom 2012 Epizeuxis em André da Silva Gomes
Anais anppom 2012 Epizeuxis em André da Silva Gomes
 
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdfArena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
 
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdfArena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
Arena_Solidaria_Apostila_Teoria_Musical MUSICA CONCEITO.pdf
 
Apostila teoria musical_i
Apostila teoria musical_iApostila teoria musical_i
Apostila teoria musical_i
 
Elementos básicos da música serie cadernos de musica da universidade de cambr...
Elementos básicos da música serie cadernos de musica da universidade de cambr...Elementos básicos da música serie cadernos de musica da universidade de cambr...
Elementos básicos da música serie cadernos de musica da universidade de cambr...
 
Artigo do IV Encontro de Musicologia de Ribeirão Preto
Artigo do IV Encontro de Musicologia de Ribeirão PretoArtigo do IV Encontro de Musicologia de Ribeirão Preto
Artigo do IV Encontro de Musicologia de Ribeirão Preto
 
Apostila teoria musical fundamental i - Alberto Damián
Apostila teoria musical fundamental i - Alberto DamiánApostila teoria musical fundamental i - Alberto Damián
Apostila teoria musical fundamental i - Alberto Damián
 
00 estrutura tonal - harmonia - maria lúcia pascoal e alexandre pascoal neto
00    estrutura tonal - harmonia - maria lúcia pascoal e alexandre pascoal neto00    estrutura tonal - harmonia - maria lúcia pascoal e alexandre pascoal neto
00 estrutura tonal - harmonia - maria lúcia pascoal e alexandre pascoal neto
 
Aula de violão
Aula de violão Aula de violão
Aula de violão
 
Plano de aula de fabiane viana dantas educação musical
Plano de aula de fabiane viana dantas   educação musicalPlano de aula de fabiane viana dantas   educação musical
Plano de aula de fabiane viana dantas educação musical
 
A concepção intervalar na poética pós-ruptura: uma análise da Sonata n. 3 de ...
A concepção intervalar na poética pós-ruptura: uma análise da Sonata n. 3 de ...A concepção intervalar na poética pós-ruptura: uma análise da Sonata n. 3 de ...
A concepção intervalar na poética pós-ruptura: uma análise da Sonata n. 3 de ...
 

Mais de Tonico Cardoso

A Distonia Focal nos Instrumentistas de Metal
A Distonia Focal nos Instrumentistas de MetalA Distonia Focal nos Instrumentistas de Metal
A Distonia Focal nos Instrumentistas de MetalTonico Cardoso
 
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPAN...
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPAN...CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPAN...
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPAN...Tonico Cardoso
 
Entrevista Flavio Gabriel
Entrevista Flavio GabrielEntrevista Flavio Gabriel
Entrevista Flavio GabrielTonico Cardoso
 
Manual De Editoração 2005
Manual De Editoração 2005Manual De Editoração 2005
Manual De Editoração 2005Tonico Cardoso
 
20th Century Brazilian Solo Trumpet Works
20th  Century Brazilian Solo Trumpet Works20th  Century Brazilian Solo Trumpet Works
20th Century Brazilian Solo Trumpet WorksTonico Cardoso
 
O Brassil e a Música do Maestro DUDA para Quinteto de Metais.
O Brassil e a Música do Maestro DUDA para Quinteto de Metais.O Brassil e a Música do Maestro DUDA para Quinteto de Metais.
O Brassil e a Música do Maestro DUDA para Quinteto de Metais.Tonico Cardoso
 
O Trompete nos Choros de Heitor Villa-Lobos
O Trompete nos Choros de Heitor Villa-LobosO Trompete nos Choros de Heitor Villa-Lobos
O Trompete nos Choros de Heitor Villa-LobosTonico Cardoso
 

Mais de Tonico Cardoso (9)

A Distonia Focal nos Instrumentistas de Metal
A Distonia Focal nos Instrumentistas de MetalA Distonia Focal nos Instrumentistas de Metal
A Distonia Focal nos Instrumentistas de Metal
 
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPAN...
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPAN...CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPAN...
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPAN...
 
Entrevista Flavio Gabriel
Entrevista Flavio GabrielEntrevista Flavio Gabriel
Entrevista Flavio Gabriel
 
Família Finale
Família FinaleFamília Finale
Família Finale
 
Família Finale
Família FinaleFamília Finale
Família Finale
 
Manual De Editoração 2005
Manual De Editoração 2005Manual De Editoração 2005
Manual De Editoração 2005
 
20th Century Brazilian Solo Trumpet Works
20th  Century Brazilian Solo Trumpet Works20th  Century Brazilian Solo Trumpet Works
20th Century Brazilian Solo Trumpet Works
 
O Brassil e a Música do Maestro DUDA para Quinteto de Metais.
O Brassil e a Música do Maestro DUDA para Quinteto de Metais.O Brassil e a Música do Maestro DUDA para Quinteto de Metais.
O Brassil e a Música do Maestro DUDA para Quinteto de Metais.
 
O Trompete nos Choros de Heitor Villa-Lobos
O Trompete nos Choros de Heitor Villa-LobosO Trompete nos Choros de Heitor Villa-Lobos
O Trompete nos Choros de Heitor Villa-Lobos
 

Último

Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTailsonSantos1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 

Último (20)

Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 

Duas saídas para uma Intrada

  • 1. Música Duas saídas para uma Intrada Comparando interpretações Two ways for Intrada - Comparing interpretations por Antonio Marcos Souza Cardoso Resumo O acesso aos home studios possibilitou a edição e manipulação do som para diversas finalidades, desde gravações pessoais até análises interpretativas complexas. Ao analisar comparativamente duas interpretações musicais, num campo dominado pelo subjetivismo das opiniões pessoais, apresentamos a música como ela é em termos físicos, “enxergan- do” o uso do vibrato, o caminho das dinâmicas, a potência das intensidades sonoras e os pontos de respiração e sua aplicação nas Práticas Interpretativas. Os procedimentos metodológicos comparam as gravações a partir da interpretação gráfica de determinado trecho e aspecto mesurado. O resultado alcançado demonstra que, além de corroborar decisões musicais, a metodologia tem aplicação na pedagogia do trompete, no aperfeiço- amento das ferramentas de investigação musicológica e no incremento da pesquisa em práticas interpretativas. Palavras-chave Interpretação musical, Trompete, Honegger Abstract The access to home studios has enabled the possibility to both the edition and manipula- tion of sound to a variety of purposes, from personal recordings to complex interpretative analysis. By analising comparatively two musical interpretations in a field predominantly  restrained by subjetivism from personal opinions, we are presenting music as it is in physical terms, “seeing” the use of vibrato, the path of dynamics, the potence of intense sonorities and the marks of breathing and its implication on music inyterpretation. The methodology procedures compare the recordings from grafical interpretation of determined excerpt and from a mensurated aspect. The gained result demonstrates that besides to corroborate the musical decisions, the methodology has application in teaching the trumpet, in the refinement of research tools and in the increasing of the musicological research in perfor- mance practice. Keywords Musical Interpretation, Trumpet, Honegger 378
  • 2. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Introdução O presente trabalho compara gravações e tem como objetivo a compreensão do relacionamento entre intérprete e a partitura, revelando elementos musicais im- portantes para a didática dos instrumentos. Das diversas vertentes da pesquisa em práticas interpretativas nos cabe tratar aqui da análise comparativa entre per- formances gravadas. Comparar duas interpretações é estabelecer diferenças e semelhanças entre duas concepções nos aspectos de expressividade. É identificar os menores, e mais sig- nificativos elementos que traduzem a música para os ouvintes. Sobre a pesquisa em performance Clarke escreve: Uma preocupação central da pesquisa em performance tem sido a natureza e função da expressão. Uma questão crucial é como a expressão deve ser definida e caracterizada, e (e como) ela pode ser ser medida. (...) O racional para essa abordagem é que o que se faz como performance expressiva é o que o intérprete traz além do que o compositor especificou na partitura. (CLARKE, 2003, p. 84, tradução nossa)1. Uma interpretação musical é a marca do intérprete e com o aparato tecnológico dos programas de áudio disponível em “home studios” podemos literalmente en- xergar aspectos interpretativos tais como: dinâmicas, vibratos, timbres e até arti- culações utilizando-os como ferramenta didática. A análise proposta por este trabalho “tenta” manter distante das observações pré- -conceitos estéticos, que influenciariam as conclusões transformando a pesquisa em crítica musical. Não estabeleceremos, a priori, teorias estilísticas ou conceitos, simplesmente vamos nos ater a ler os gráficos eliminando redundâncias e focando aspectos interpretativos que possam ser descritos e discutidos, com a utilização de analogias para exemplificar os fatos. Não abordaremos o aspecto do timbre dos instrumentos, pois esta característica é a mais passível de modificações por produtores e técnicos de gravação. A descrição do objeto apresenta características gerais da obra como: duração, in- tensidades, forma e extensão. Os aspectos mais discutidos são as intensidades (dinâmicas) e o vibrato. A inten- sidade, pela leitura dos gráficos, é apresentada claramente pelos intérpretes não 1 A central preoccupation in research on performance has been the nature and function of expression. A crucial question is how expression should be defined and characterized, and whether (and how) it might be measured. (...)The rationale for this approach is that what makes a performance expressive is what the performer brings to the piece beyond what the composer has specified in the score. 379
  • 3. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações levantando dúvidas sobre suas intenções interpretativas e, ao entendermos como os intérpretes se relacionam com as dinâmicas poderíamos fazer um processo de engenharia reversa e grafar uma partitura conforme cada uma das interpretações. Seashore resume a relação dinâmica vs partitura: “(...) A partitura musical mostra a nota e o tempo a ser tocado com bastante precisão, mas é muito pobre em in- dicações de intensidade.” (SEASHORE, 1967, p. 76) Sobre vibrato, Johnson afirma: “Muitos aspectos da técnica instrumental são não- -afetados pelas tecnologias de gravação; e um deles é o vibrato”. (JOHNSON, 2002, p. 204) Por esta razão o vibrato é abordado nesse trabalho. No aspecto respirações/fraseado identificamos os pontos onde os intérpretes res- piram, ponto de delimitação de frases, pontos estratégicos para a sensação de continuidade do texto musical. O objeto: a Intrada “Honegger é, naturalmente, mais conhecido por suas cinco maravilhosas sinfonias e por importantes trabalhos corais / de oratório como “Jeanne d’Arc” e “Roi Duval”. Bastante prolífico, também escreveu cerca de quarenta partituras para filme e grande quantidade de música de câmara. Sua “Intrada”, uma peça modesta constituída numa forma simples ABA (Maestoso – Allegro – Maestoso), reflete bem sua linguagem musical pessoal: uma mistura livre e acessível do tonal, politonal e atonal (MARSALIS, 1993).” “A “Intrada” para trompete e piano foi composta por Honegger em Agosto de 1947 como peça de competição para o estimado Concurso Internacional de Execução Musical, realizado em Gênova naquele ano. Ela possui estrutura A-B-A e brilho com bravura, nobreza e vigor (SCHLUETER, 2001).” A obra possui as seguintes características: > Extensão: Em seu Tratado de Instrumentação, Berlioz define a extensão do trompete (BERLIOZ & STRAUSS, 1948, p. 281) (Figura 1): Figura 1 - Extensão do Trompete segundo Berlioz 380
  • 4. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações A “Intrada” contempla praticamente toda a extensão do trompete, inclusive com as notas Si bemol, Si e Dó5, classificadas por Berlioz como difíceis. (Figura 2) Figura 2 Extensão do Trompete na Intrada > Forma: Figura 3 - Esquema formal da Intrada > Tempo de duração: O compositor não grafou indicações metronômicas, somente indicações de caráter, o que impede que matematicamente determinemos um tempo referência. Sobre indicações de caráter, Magnani diz: (...) são, finalmente mais que vagas indicações psicológicas ou literárias. Ninguém poderia dizer onde e como o sentimento começa a ser profundo (...) elementos que podem ser avaliados em um processo intuitivo. (MAGNANI, 1989, p. 63) A partir deste processo intuitivo estabelece-se o fazer arte, o criar e recriar a obra ba- seado nas sugestões do compositor e materializar este processo é o nosso objetivo. Os intérpretes Os intérpretes foram selecionados, dentre várias gravações existentes, sem cri- térios definidos pelas diferenças interpretativas encontradas nas gravações que serão o nosso objeto de estudo. Os trompetistas Charles Schlueter, principal trompetista da Orquestra Sinfônica de Boston e professor do New England Conservatory of Music e George Vosburgh, so- lista internacionalmente aclamado por sua virtuosidade no trompete em gravações e concertos. 381
  • 5. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Andamento Os tempos adotados, 4’24” (Schlueter) e 4’42” (Vosburgh), são decisões interpre- tativas que não conflitam com as “instruções” do compositor. As indicações de caráter (Maestoso – Andante – Maestoso) permitem liberdade interpretativa no quesito andamento devido à ausência de indicações metronômicas. Intensidades A intensidade determina as dinâmicas utilizadas pelos intérpretes. A Figura 3 mos- tra as dinâmicas sugeridas pelo compositor, porém é obvio que o intérprete, pela sua função de leitura das entrelinhas musicais tem liberdade para variar e ampliar a gama de dinâmicas nas seções, frases e motivos. Figura 4 Quadro geral de intensidades/dinâmicas conforme sugerido pelo compositor A Figura 4 apresenta a relação de dinâmicas nos compassos 1 ao 16, em dinâmica em forte. A analise do gráfico traz alguns pontos de considerações: Vosburgh inter- preta a dinâmica com grandes variações na dinâmica, inclusive com um momento em que a intensidade diminui consideravelmente (indicado pela seta). Schlueter mantém a dinâmica mais constante, mas faz a opção por um crescendo gradativo até o dó5 no compasso 14. As retas traçadas no gráfico do referido trom- petista na Figura 52 comprovam esse crescendo delimitam a área do aumento da intensidade sonora. Figura 5 Comparação de intensidades/ dinâmicas até o compasso 14 2 Gráfico extraído pelo programa “Cool Edit” significando a representação de tempo por intensidade. 382
  • 6. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações O intensidade sonora em piano que se prolonga do compasso 17 ao 26, seguido de um mezzo-forte do compasso 27 ao 34 demonstra a mesma concepção interpretativa entre os trompetistas. Os gráficos diferem apenas em relação aos andamentos, porém as relações entre as intensidades são equivalentes conforme observado na Figura 6. Figura 6 - Comparação de intensidades/dinâmicas entre os compassos 17 e 34 Vibrato O uso do vibrato difere muito entre os intérpretes. Segundo Seashore: Vibrato é o mais importante dos ornamentos musicais (...) É o mais importante porque ocorre em praticamente todas as notas cantadas e em todas as notas sustentadas nos instrumentos; porque, de todos os ornamentos, produz as maiores mudanças significativas na qualidade do som. (SEASHORE, 1967, p. 33) Em seu artigo, Mathie define vibrato: É parte da qualidade do som, mas não deve ser pensado como uma prática isolada. Quando o estudante alcança o ponto onde tem um som cheio, com qualidades ressonantes, o vibrato vem como uma parte natural da expressividade. (MATHIE, 1990, p. 20) Sobre o vibrato Schlueter relata em entrevista a Candelária & Sorenson: “influencia a intensidade do som do trompete, naturalmente ocasionando mudanças tímbri- cas as quais ocorrem simultaneamente com mudanças de nível de dinâmica”. (CANDELARIA & SORENSON, 1983, p. 35) Na nota fa, Figura 73, Vosburgh apresenta um vibrato muito mais intenso, enquan- 3 Para interpretarmos o gráfico da Figura 7 e os outros que se seguem se referindo ao vibrato, temos que entender como vibrato a ondulação horizontal, mesmo que apareçam várias ao mesmo tempo. As diversas ondulações representam as diferentes freqüências que compõem um som complexo. Gráficos extraídos com auxílio do programa Spectrogram. 383
  • 7. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações to Schlueter, uma suave vibração. Observamos que na parte do gráfico denomina- da “Signal” a vibração excessiva de Vosburgh aumenta a dinâmica, ocorrendo o contrário com Schlueter, que decresce na nota. Figura 7 Aplicação do vibrato e sua relação com a intensidade/dinâmica na nota média da extensão do instrumento Na nota Dó, Figura 8, Vosburgh vibra na parte final da nota ocasionando um cres- cendo que neste local, o ponto culminante da seção, enquanto Schlueter vibra pouco e decresce. Figura 8 Aplicação do vibrato e sua relação com a intensidade/dinâmica na nota aguda Na figura 9, compasso 17, nota Sol2, o gráfico mostra Vosburgh vibrando mais do que Schlueter, mesmo com esse último mantendo a nota mais presente4. 4 Para entendermos o “estar presente” da nota basta observar a parte superior do gráfico da Figura 9 onde se localizam as freqüências superiores a 2 kHz: o som de Vosburgh não alcança essas freqüências: perdendo intensidade. 384
  • 8. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Figura 9 Aplicação do vibrato e sua relação com a intensidade/dinâmica no grave A observação das figuras 7, 8 e 9, nos sugerem: ambos os trompetistas aplicam o vibrato nas notas de maior duração. Diferenças aparecem na função do vibrato em cada momento. Comparando os gráficos de vibrato com o “Signal”, podemos concluir que vibrato é uma ferramenta interpretativa de dinâmica. Nos pontos de maior vibração encontra- mos maior intensidade sonora e, onde a nota é tocada mais “lisa”, a dinâmica tende a ser mantida. Isto é notado principalmente observando-se a aplicação do vibrato: Vos- burgh cresce em todas as notas “longas” enquanto Schlueter decresce nas mesmas. Não podemos considerar a projeção sonora do trompete com características seme- lhantes à projeção dos instrumentos de corda. Os instrumentos de corda e os can- tores, e também trompetistas contemporâneos de Louis Armstrong, empregavam um excesso de vibrato porque precisavam mais expressividade ou necessitavam de maior projeção sonora de seus instrumentos. Pelas características físicas dos instrumentos de corda e do canto, assim como pela tecnologia dos amplificadores antigos, que não tinham a potência dos nossos amplificadores, os trompetistas do passado tinham que vibrar todo o tempo. Alguns conservadores ainda insistirão em dizer que o vibrato é expressividade, então o piano ou o órgão deixou de ser um instrumento expressivo? A resposta a essas questões define os aspectos quantitativos e qualitativos do vibrato. Na Figura 10 vemos uma mostra das decisões sobre o uso do vibrato por Vosburgh e fica claro, ao analisarmos o gráfico, o emprego constante de tal recurso na maior parte das notas encontramos vibrato. A observação do “Signal” mostra o incremento da dinâmica na medida do movimento da melodia à região aguda do instrumento. 385
  • 9. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Figura 10 Vosburgh, vibrato e intensidade das notas Schlueter utiliza o vibrato de maneira mais discreta. Observamos o incremento do vibrato no aumento de dinâmicas e no reforço das anacruzes, sem prolongar as notas de maior duração, o que, define bem as frases de cada seção conforme mostra a Figura 11. Figura 11 Schlueter, vibrato e intensidade das notas 386
  • 10. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Fraseado - Respirações Um desafio para os instrumentistas de sopro é conciliar os pontos de respiração com a estrutura interna da obra, por exemplo, nas frases. Frases muito longas podem comprometer a sonoridade de um instrumentista que não utiliza a plena capacidade de seus pulmões, picotando a frase em partes pequenas sem sentido musical. Respirações ideais deveriam ser naturais e não simplesmente ser um ponto de reabastecer o ar dos pulmões, mas deveria delinear o texto musical com forma de linguagem falada e suas inflexões. A “Intrada” não possui frases longas, o caráter maestoso permite uma cadência pausada que possibilita ao intérprete respirar constantemente. A Figura 12 marca os pontos onde Vosburgh respira (determinado pelas vírgulas). Chama a atenção as respirações no compasso 12 que fogem do padrão de respira- ções anacrústicas5 encontradas nos outros momentos. Vosburgh não faz questão de disfarçar, ou melhor, de ser mais discreto nas res- pirações (Figura 12). As notas anteriores à respiração são cortadas bruscamente. Figura 12 - Vosburgh: respiração Schlueter realiza dez respirações, duas a mais que Vosburg, todas anacrústicas (Figura 13). 5 Respiração anacrústica é a tomada de ar antes da nota em parte fraca de tempo ou depois da nota em tempo forte. 387
  • 11. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Figura 13 - Schlueter: respiração Iremos à seção A’ (reexposição – Figura 14), compasso 149 ao fim, cujos elementos já citados se repetem, mas será que os intérpretes se manterão fiéis ao que pro- puseram no início da obra? Figura 14 - Vosburgh: respiração na reexposição Na Figura 14 observamos as respirações de Vosburgh. Ele modifica suas respira- ções, que na primeira seção eram anacrústicas, passam a ser realizadas após as últimas notas do compasso (compassos 155, 156 e 157). Esta respiração interrom- pe o movimento da melodia visto que o tempo forte do compasso seguinte é ponto de repouso, o impulso para movimento da melodia é proporcionado pela nota em parte fraca de tempo. Schlueter, conforme Figura 15, permanece com respirações anacrústicas. Faz duas respirações no compasso 156 devido ao trecho longo que se segue em dinâmica forte. Marca a interpretação de Schlueter, a coerência às ideias apresentadas na primeira seção da obra. 388
  • 12. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Figura 15 - Schlueter: respiração na reexposição Agrupamento Uma ferramenta interpretativa muito importante e atualmente muito discutida é a Teoria do Agrupamento de Notas (THURMOND, 1991), que resumidamente pode ser definida como o tempo fraco (arsis) sempre conduz ao tempo forte (tesis). Thurmond propõe que a tesis é o tempo de chegada, o ponto de relaxamento e o ponto de conclusão. Os compassos 27 e 28 exemplificam a teoria (Figuras 15 e 16). Vamos nos ater a comparar as semicolcheias apontadas pelas setas. Vosburgh interpreta essas colcheias bem menores que as notas que se seguem – notar que todas as semicolcheias são arsis (Figura 15). As notas de valores maiores são privi- legiadas com mais intensidade (eixo vertical do gráfico) e, a semicolcheia marcada com a seta cinza foi abafada pela importância dada à colcheia pontuada que se segue; não mencionaremos mais o uso do vibrato que já foi discutido anteriormen- te e contribui para o reforço da intensidade. Figura 16 - Vosburgh: Agrupamento de notas A Figura 16 ilustra o pensamento interpretativo de Schlueter. A leitura do gráfico mostra a preocupação do intérprete com as anacruzes (semicolcheias apontadas), inclusive com as duas últimas notas das tercinas, que são interpretadas como anacruzes da semínima que se segue. As intensidades (eixo vertical) comprovam a utilização da Teoria do Agrupamento de notas. 389
  • 13. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Figura 17 - Schlueter: Agrupamento de notas Conclusão Ao final do trabalho, concluímos que a utilização de programas de áudio proporcio- na um “ver” a música e suas componentes interpretativas. Em um universo cada vez mais tecnológico, a informática auxilia professores e intérpretes na discussão de aspectos musicais. Com os avanços da física e da psicofísica as sugestões técnicas-interpretativas são corroboradas pela ciência. Mas então, se as teorias científicas são válidas, por que tantas interpretações? Porque o belo na arte, além de subjetivo e pessoal, está presente em todos os momentos: basta um olhar receptivo. A comparação entre as gravações através da análise gráfica mostra que o ritmo sempre ansioso de Vosburgh, assim como um intenso e constante vibrato não torna sua música melhor ou pior que a de Schlueter. O que não podemos negar é a coerência de Schlueter com pulso, ritmo e dinâmicas. O caráter Maestoso denota “com majestade” e nesse aspecto, Schlueter marcha com pompa e garbo. Posicionei-me o mais distante possível das opiniões pessoais, e graças ao aparato tecnológico, observação e análise dos resultados, acredito ter obtido êxito. Pode- mos discordar quanto aos aspectos estéticos e estilísticos da interpretação, porém, com a pesquisa científica em performance a discussão sobre o assunto assume uma dimensão qualitativa, com pouco espaço para opiniões pessoais. A comparação de gravações é, ao meu ver, uma ferramenta imprescindível à com- preensão e à didática das concepções interpretativas em qualquer universo mu- sical, seja em um duo ou em uma obra sinfônica. O importante é definir o foco e selecionar os softwares necessários para nos fazer enxergar o som. No futuro novos programas e estudos avançados em psicologia e física ampliarão o âmbito e a profundidade das pesquisas. 390
  • 14. Duas saídas para uma Intrada – Comparando interpretações Referências Bibliográficas > BERLIOZ, H., & STRAUSS, R. Treatise on Instrumentation. Nova Iorque: Edwin F. Kalmus, 1948. > CANDELARIA, L., & SORENSON, S. Charles Schlueter: Trumpet Playng as a Conceptual Process. International Trumpet Guild Journal, Setembro 1993 > CLARKE, E. Empirical Methods in the Study of Performance. In: N. COOK, Empirical Musicology (p. Capítulo V). Cambridge: Cambridge University Press, 2003. > JOHNSON, P. The Legacy of recordings. In: J. RINK, Musical Performance (pp. Cap. XIV, p.204). Cambridge: Cambridge University Press, 2002. > MAGNANI, S. Expressão e Comunicação na Linguagem da Música. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1989. > MARSALIS, W. On the Twentieth Century. CD, Sony Music Entertainement, 1993. > MATHIE, G. Teaching Musicality to Young Players. International Trumpet Guild journal, Outubro 1990. > SCHLUETER, C. Virtuoso Trumpet. CD, Kleos Classic, 2001. > SEASHORE, C. Loudness: Intensity. In: C. SEASHORE, Psycology of Music. Nova Iorque: Dover Publication, 1967. > THURMOND, J. Note Grouping: A Method for Achieving Expression and Style in Musical performance. Meredith Publications, 1991. Antonio Marcos Souza Cardoso, professor de trompete, Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás tonico@cardoso.mus.br 391