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BUREAUDEINTELIGÊNCIA
COMPETITIVADOCAFÉ
RELATÓRIOINTERNACIONAL
DETENDÊNCIASDOCAFÉ
VOL.5| Nº.06|27JULHO2016
www.icafebr.com
SOBRENÓS
	 O Bureau de Inteligência Competitiva do Café
é um programa que busca oferecer informações e
análises relevantes para o setor cafeeiro nacional. A
informação se tornou crucial para a competitividade
de qualquer atividade econômica e com a cafeicultura
não é diferente. Por isso, buscamos reunir, analisar
e divulgar dados e informações que permitam aos
agentes da cadeia agroindustrial do café planejar e
tomar decisões melhores.
	 Nosso trabalho se iniciou em 2010, com apoio
financeiro da FAPEMIG. O mentor do projeto é o prof.
Luiz Gonzaga de Castro Junior, doutor em Economia
Aplicada e pesquisador do mercado de café desde
2002. As atividades são realizadas no Centro de Inte-
ligência em Mercado (CIM), sediado na Universidade
Federal de Lavras (UFLA). O CIM tem se consolidado
como uma organização especializada em pesquisas
e prestação de serviços para agentes do agronegó-
cio.
	 O convênio com a FAPEMIG terminou em
2012, o que poderia ter paralisado as atividades do
programa. No entanto, com o apoio do Pólo de Ex-
celência do Café, da UFLA e dos pesquisadores en-
volvidos, as atividades continuaram. Ainda em 2012,
o Bureau publicou relatórios sobre a Terceira Onda
do consumo de café a sobre a indústria de cápsulas.
Estes trabalhos foram muito bem recebidos pelo setor
e consolidaram o Bureau como fonte de informações
e análises relevantes. Em outubro daquele ano foi
elaborado o primeiro Relatório Internacional de Ten-
dências do Café, publicação que já é referência para
os agentes da cadeia agroindustrial do café. Os últi-
mos relatórios alcançaram cerca de 10 mil downloads
mensais no site do Bureau (icafebr.com.br).
	 Atualmente o Bureau integra a Agência de Ino-
vação do Café (InovaCafé), uma organização geren-
ciada pela UFLA, que busca integrar os conhecimen-
tos das diferentes áreas relacionadas ao café e criar
soluções e inovações para o setor. Já em seu sexto
ano de atividade, o programa conta atualmente com o
apoio da Embrapa e do Pólo de Excelência do Café.
Equipe do Bureau de Inteligência Competitiva do Café
ÍNDICE
1. PRODUÇÃO
2. INDÚSTRIA
3. CAFETERIAS
4. INSIGHTS
2
5
7
11
1
PRODUÇÃO
A
sustentabilidade se tornou o grande objetivo do se-
tor produtivo de café. Governos, inciativa privada e
ONGs trabalham em inúmeras iniciativas que bus-
cam resolver os problemas ambientais enfrentados pelo
setor. Neste número, os exemplos apresentados lidam
com o fornecimento de água em regiões produtoras e o
treinamento dos cafeicultores.
	 Nas últimas décadas ocorreram mudanças ex-
pressivas nos diversos países produtores. Brasil, Vietnã e
Honduras, por exemplo, apresentaram grande aumento na
produção, enquanto outros perderam participação no mer-
cado. Nestes casos, uma característica compartilhada por
diversos países é o ambiente institucional hostil à cafeicul-
tura, o que é causado por inúmeros fatores, mas podem
ser destacados o monopólio estatal da comercialização do
café, impostos e burocracia excessiva, predomínio dos in-
teresses da elite política e econômica sobre os interesses
dos cafeicultores, insegurança jurídica e a existência de
condições que facilitam a fraude e a violência.
AMÉRICA CENTRAL
Cuba
	 Depois de reatarem os laços, o primeiro produto
cubano a entrar nos EUA será o café, segundo o site USA
TODAY. A Nespresso pretende comercializar cápsulas com
café cubano no outono. Inicialmente, será oferecida uma
edição limitada com o nome Cafecito de Cuba, mas a in-
tenção é que a oferta do café cubano seja constante. Para
isso, buscou uma parceria com a TechnoServe, uma ONG
norte-americana sediada em Washington e que possui
experiência com o treinamento de cafeicultores em vários
países. As duas organizações ajudarão os cafeicultores
cubanos com treinamentos e informações para melhorar a
qualidade do produto.
	 David Browning, vice-presidente da TechnoServe,
esteve em Cuba para inspecionar as lavouras. O café é
produzido por pequenos cafeicultores, organizados em
cooperativas, que vendem os grãos ao governo, detentor
do monopólio de comércio do produto. O governo distri-
bui o café para o consumo interno da ilha e exporta para
outros países.
	 Até o início da década de 1960, Cuba era um pro-
dutor relevante no mercado de café. Dados da FAO indi-
cam uma colheita de 870 mil sacas em 1962. No entan-
to, após a Revolução, políticas equivocadas do governo
levaram ao declínio da atividade, com uma produção de
apenas 148 mil sacas em 2013.
El Salvador
	 El Salvador teve a cafeicultura como um de seus
pilares, porém, a produção está em declínio, na contra-
mão da tendência mundial de aumento do consumo. Nas
décadas de 1960 e 1970, o país era um dos maiores pro-
dutores mundiais de café, mas após uma longa guerra
civil no auge da década de 1980, que durou mais de 12
anos, a produção cafeeira passou a registrar números
baixos.
Dados do USDA mostram uma produção próxima de 1,5
milhão de sacas em 1960/1961, quantidade que se man-
teve em 1988/1989. Nesse período, apesar da estabilida-
de, o país perdeu participação do mercado devido ao au-
mento da oferta global. Em 2014/2015 a produção havia
caído para 700 mil sacas.
	 Apesar de 24 anos sem guerra civil, El Salvador
ainda não conseguiu voltar ao seu patamar de produtor
de café e muito dessa situação se dá por uma fraca polí-
tica nacional de incentivo. Embora o Governo invista na
doação de plantas resistentes, assistência e pesticidas,
essas medidas não foram capazes de reanimar o setor.
Além disso, há os fatores climáticos e a ação de quadri-
lhas que extorquem os produtores de café e promovem
o medo. Muitos cafeicultores acabam por abandonar a
atividade.
Além disso, é difícil conseguir crédito e os cafeicul-
tores possuem poucos conhecimentos gerenciais. Muitas
lavouras são velhas e a renovação é muito baixa devido à
falta de recursos e tecnologia. Segundo análise do portal
Perfect Daily Grind, também falta união entre os produto-
res salvadorenhos. Segundo a análise publicada no portal,
o desenvolvimento da cafeicultura no país depende de po-
líticas que priorizem a produtividade e o nicho dos cafés
especiais.
AMÉRICA DO SUL
Colômbia
	 Um programa com investimento de mais de 25 mi-
lhões de euros busca garantir o fornecimento de água aos
cafeicultores colombianos. Denominado Manos al Agua, o
programa abrange, de modo integralizado, 25 bacias hi-
drográficas da Colômbia e é coordenado pela Federação
dos Cafeicultores da Colômbia (FNC) em conjunto com
a Agência Presidencial para a Cooperação Internacional
(APC Colômbia), o Ministério Holandês dos Negócios Es-
trangeiros, as empresas multinacionais Nestlé e Nespres-
so, a Universidade de Wageningen e o Centro de Pesquisa
em Café (Cenicafé).
	 O programa Gestão Inteligente da Água 2013 –
2018, conta atualmente com mais de 11 mil famílias de
cafeicultores, mais de 50 organizações públicas, civis ou
privadas ligadas à gestão da água e já cobre uma área de
150 mil hectares.
	 Ao longo desses cincos anos, o programa preten-
de reduzir a pobreza, proteger o ambiente e promover me-
lhorias para o setor cafeeiro colombiano. O programa con-
ta com aparatos tecnológicos e um modelo de gestão de
adaptação climática que reduzem em até 30% as perdas
com os riscos climáticos, além de reduzir os impactos am-
bientais, com a implantação de técnicas de bioengenharia
e reflorestamento para estabilizar os ecossistemas das ba-
cias hidrográficas das regiões produtoras.
ÁFRICA
	 Segundo o Departamento de Agricultura dos Es-
tados Unidos (USDA), a cafeicultura africana está se des-
locando, cada vez mais, para regiões de maior altitude.
Isso ocorre devido à possibilidade das regiões mais altas
serem menos afetadas pelas mudanças climáticas. Alguns
estudos relacionam essas mudanças com a queda da pro-
dutividade em países africanos. O Coffea arabica é mais
vulnerável que o C. canephora ao clima, o que leva os pro-
dutores da primeira espécie a buscarem locais mais altos.
Desafio Café Sustentável
	 México e Ruanda se uniram para se tornarem os
primeiros a aderir ao Desafio Café Sustentável, programa
desenvolvido pela Conservation International com o apoio
da Starbucks, do Órgão do Governo para o Desenvolvi-
mento e Expansão das Exportações Agrícolas de Ruanda
(NAEB) e outros 18 parceiros. O programa visa fazer do
café o primeiro produto agrícola sustentável do mundo. O
objetivo deste “desafio” é oferecer técnicas de produção
sustentável aos produtores, aumentar a produção das la-
vouras, fortalecer as organizações de agricultores, incen-
tivar o aumento do consumo interno de café e preservar a
natureza, a água e o solo.
	 Enquanto Ruanda possui aproximadamente 355
mil famílias de pequenos produtores de café, o México
possui 500 mil famílias. Em ambos os países a produção
de café é de subsistência. Mudanças climáticas, a volati-
lidade dos preços, a falta de manejo adequado e plantas
velhas, criam situações que impactam negativamente os
produtores.
	 Desse modo, o projeto pretende aumentar a
transparência da produção nesses países, compartilhar
os conhecimentos obtidos durante o processo, promover
uma cafeicultura sustentável em outras nações e otimizar
a rastreabilidade.
Quênia
	 A partir de agora os pequenos produtores quenia-
nos, inclusive os cafeicultores, passarão a pagar imposto
sobre a produção, informa a Agência Tributária do Quênia
(KRA). Com isto, a KRA pretende angariar cerca de Sh 2
milhões (Shilling Queniano) com a nova lei. Apesar disso,
acredita-se que os pequenos e médios produtores não
irão se cadastrar voluntariamente ao Fisco, ao passo que,
aqueles que assim fizerem, talvez não consigam honrar
com seus compromissos, como registros fiscais, liquidar
débito junto à KRA e manter os registros em dia.
3
Ruanda
	 Uma delegação de torrefadores e investidores
japoneses visitou Ruanda para avaliar novas oportunida-
des de negócios entre os dois países. Segundo o chefe
da delegação japonesa, Yuko Itoi, o objetivo da visita foi
conhecer melhor a cadeia do café e fortalecer a comer-
cialização do café ruandês no Japão.
	O The Coffee Chain Division at National Agri-
culture Export Board (NAEB), órgão do governo para o
desenvolvimento e expansão das exportações agrícolas
de Ruanda, busca agregar valor ao café e incentivar co-
operativas e produtores a terem boas práticas agrícolas,
como o melhor uso de fertilizantes e melhor aproveita-
mento das estações de lavagem do café, para aumen-
tar a qualidade para exportações. Além disso, o Governo
está comprometido em contribuir com essas práticas no
setor e reduzir o déficit comercial por meio dessas medi-
das.
	 Com mais de 400 mil produtores dependentes do
cultivo do café para a subsistência, a NAEB traçou um
plano de crescimento das exportações em cinco anos,
com incremento da produtividade de 2,3 Kg, por planta,
em 2013, para 3,1 Kg em 2018.
Produtividade
	 A produtividade das lavouras de café é importan-
te indicador de competitividade. Produtividades elevadas
significam um uso eficiente dos fatores de produção e,
até certo limite, contribuem para a redução do custo, com
impacto direto sobre a rentabilidade da atividade. Nas últi-
mas, décadas o Brasil apresentou significativo incremen-
to da produtividade média das lavouras de café, fato que,
entre outras causas, foi proporcionado pela utilização de
variedades desenvolvidas pelo IAC a partir de meados
do século passado, avanços nas técnicas de manejo e
novos conhecimentos sobre nutrição mineral, controle de
praga e doenças, entre outros. Isso permitiu que o país
recuperasse sua participação no mercado internacional
após os anos do Acordo Internacional do Café.
	 O Bureau de Inteligência Competitiva analisou os
dados de produtividade dos 4 maiores produtores de café
arábica do mundo em 2015. A análise foi feita a partir de
dados compilados pela Food and Agriculture Organiza-
tion (FAO) para o período entre 1961 e 2013. A figura 1
apresenta a série histórica.
	 Ao longo do período, a produtividade brasileira
obteve aumento de 179,6%. Entre 1961 e 1980 o país
obteve apenas 4 safras com produtividade acima de 10
sacas/ha. Os avanços começaram efetivamente na dé-
cada de 1990, com produtividade sempre acima de 10
sacas/ha a partir de 1996. Entre 2010 e 2013 a média
permaneceu acima de 20 sacas/ha.
	 Entre os principais concorrentes, a produtividade
colombiana avançou 56,5%, enquanto a Etiópia obteve
ganho um pouco maior, de 65,5%. Os dois países foram
mais produtivos que o Brasil durante boa parte do perío-
do, mas, principalmente a partir dos anos 2000, passa-
ram a ter problemas e foram superados. Honduras, por
outro lado, apresentou a maior elevação da série, com
258%. No entanto, o país contava com a menor produtivi-
dade dentre os quatro no período inicial e, em 2013, sua
média foi inferior a brasileira.
	 No longo prazo, o aumento ou a redução da
produtividade é reflexo de fatores tecnológicos e insti-
tucionais do país produtor, no entanto, clima atípico e a
incidência de pragas e doenças podem causar quedas
temporárias. No caso específico da Colômbia, a recente
redução foi decorrente de um programa de renovação de
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013
Brasil Etiópia Honduras Colômbia
Figura 1 - Produtividade média dos quatro maiores produtores de C. arabica em 2015, em sacas de 60 kg/ha.
Fonte: Elaborada pelo Bureau de Inteligência Competitiva do Café a partir de dados da FAO (2016).
A
inovação se tornou fundamental para o sucesso em-
presarial, principalmente em ambientes altamente
competitivos, como é o caso da indústria de café.
Novos produtos podem atrair e atender melhor as prefe-
rências dos consumidores e, ainda, proteger a organiza-
ção dos seus concorrentes.
	 As grandes torrefadoras continuam a inovar em di-
versas áreas. Produtos para públicos específicos são cada
vez mais comuns, como o café solúvel gourmet, feito com
100% de grãos de café arábica. A proposta é combinar a
praticidade do solúvel com a maior exigência por qualidade
dos consumidores.
	 A sustentabilidade da cadeia produtiva está cada
vez mais presente nas inovações do setor. Além de ampliar
o alcance da reciclagem de cápsulas, há investimentos em
programas sociais que beneficiam a população.
	 Mas nem sempre os novos produtos alcançam o
sucesso esperado. A Keurig Green Mountain tentou repetir
o sucesso das cápsulas de café com cápsulas de bebidas
geladas, mas alguns fatores fizeram com que o investi-
mento bilionário fracassasse.
	 No segmento de cápsulas de café, a concorrência
já é acirrada e engloba empresas grandes e pequenas. A
líder do mercado, Nespresso, agora enfrenta a rivalidade
de uma marca irmã, a Nescafé Dolce Gusto.
KEURIG GREEN MOUNTAIN
	 Keurig Kold é uma máquina que utiliza cápsulas
para produzir diferentes tipos de bebidas geladas, com op-
ções de refrigerantes, chás, bebidas esportivas e outras.
A máquina era uma aposta para ampliar as vendas da
companhia, mas nove meses após seu lançamento e um
investimento superior a US$ 1 bilhão, a linha Kold foi des-
continuada. Os consumidores que tiverem interesse serão
reembolsados pela compra.
	 A Keurig Kold foi uma aposta da Keurig Green
Mountain (KGM) para capitalizar sobre a tendência de
conveniência e praticidade que proporcionou o sucesso do
café em dose única. A premissa era a mesma, oferecer aos
consumidores uma ampla variedade de bebidas geladas
que poderiam ser preparadas com rapidez e praticidade
dentro de casa. O projeto contou com a parceria da Coca
Cola, que adquiriu parte das ações da KGM e disponibili-
zou algumas de suas bebidas para comercialização no for-
mato de cápsulas. O alto investimento reflete a confiança
que os executivos depositaram no produto, mas as vendas
não decolaram.
	 Entre os motivos do fracasso, analistas apontam
o próprio mercado de refrigerantes que está em declínio.
Além disso, o preço da máquina e das cápsulas era eleva-
do. O custo do equipamento variava entre US$ 299 e US$
369 e as cápsulas necessárias para o preparo das bebidas
tinham preço entre US$ 0,99 e US$ 1,29. As cápsulas da
ÍNDUSTRIA
concorrente SodaStream, que também prepara refrigeran-
tes, são obtidas por preços que variam entre US$ 0,08 e
US$ 0,20. Por último, de acordo com consumidores, a má-
quina é grande, barulhenta e inconveniente.
	 A porta-voz da companhia, Suzanne DuLong, as-
sume que “não importa o quanto você teste as coisas, as
vezes não é possível prever o comportamento do consumi-
dor até que o produto esteja na casa dele”. Mesmo após 6
anos de desenvolvimento, o equipamento frustrou expec-
tativas.
LAVAZZA
	 Em junho, a Lavazza lançou novos produtos, com
destaque para um blend com predomínio de café robusta e
um café solúvel gourmet. O blend com 40% de café arábi-
ca e 60% de café robusta faz parte da linha Gusto Crema e
foi criado para o mercado indiano. Os grãos utilizados são
todos da Índia e a bebida é descrita como achocolatada.
	 Já o Prontíssimo! é o primeiro café solúvel pre-
mium produzido pela companhia italiana. Feito com 100%
de café arábica proveniente da Colômbia, ele possui 10%
de café torrado e moído misturado aos grânulos. A novi-
dade foi lançada inicialmente no Reino Unido, em 2014, e
agora estará disponível na Itália, onde pesquisas indicam
um consumo expressivo de solúvel. Para o lançamento,
a empresa fará um tour em diferentes locais na Itália tais
como praças, parques, estações de metrô, universidades
e outros. Além disso, estará disponível para todos os via-
jantes da viação aérea Alitalia, com a qual foi firmado um
contrato de 3 anos para distribuição do produto dentro dos
aviões da companhia.
NESPRESSO
Nova boutique brasileira
	 Em 24 de junho, a Nespresso inaugurou sua 12ª
boutique no país. Localizada em um shopping de Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, a boutique oferece todos os
Grand Crus da marca, máquinas, acessórios e chocolates.
A loja também possui um ponto de coleta de cápsulas usa-
das, o que ajuda na expansão de um dos pilares do pro-
grama de sustentabilidade “The Positive Cup”. A empresa,
que em 2016 comemora 10 anos de atuação no país, tem
o intuito de reforçar sua presença no mercado nacional por
meio de investimentos. A nova loja segue a estratégia de
priorizar os grandes centros urbanos do país.
Novo modelo de boutique
	 Em 15 de junho, a Nespresso inaugurou em Lon-
dres uma nova boutique com o conceito de autosserviço,
Self-Selection, onde os clientes escolhem e pagam seus
produtos em minutos, sem a ajuda de funcionários.
5
Com um serviço automatizado e intuitivo, os clien-
tes devem apenas escolher seus Grands Crus e utilizar
uma máquina para processar o pagamento. Um vídeo
disponível no YouTube mostra como a nova loja funciona:
https://www.youtube.com/watch?v=INFTyv_x5KI
	 De acordo com Francisco Nogueira, diretor da
Nespresso no Reino Unido, o modelo de Self-Selection é
o mais recente entre os serviços inovadores concebidos
pela companhia com o intuito de satisfazer as necessida-
des dos clientes para conveniência.
Nespresso x Nescafé Dolce Gusto
	 A Nespresso enfrenta a concorrência de uma
“marca irmã” no mercado de café em cápsulas. A empresa,
que é uma subsidiária da Nestlé com autonomia para de-
senvolver e comercializar seus próprios produtos, perdeu
espaço para a marca Nescafé Dolce Gusto, mantida pela
matriz.
	 Segundo o portal Bloomberg, o crescimento da
Nespresso caiu de 30% ao ano, durante a última década,
para 7% em 2015. Na Europa Ocidental, principal merca-
do da companhia, a participação caiu de 32% para 25%,
enquanto a fatia da Nescafé Dolce Gusto saltou de 8,1%
para 12%, de acordo com dados da Euromonitor. No mun-
do, a participação da Nespresso caiu de 30% para 18%,
enquanto a Dolce Gusto passou de 7,7% para 7%. A figura
2 compara a participação das duas marcas.
	 Desde que foi criada em 1986, a Nespresso tor-
nou-se uma marca reconhecida globalmente, com forte
apelo aos consumidores de luxo e um dos produtos mais
rentáveis da Nestlé. Sua queda na participação de mer-
cado pode ser explicada pela quebra da patente das cáp-
sulas, o que aumentou a concorrência no setor. Hoje, inú-
meras empresas fabricam cápsulas compatíveis com as
máquinas Nespresso.
	 A linha Dolce Gusto foi introduzida no mercado
em 2006 e se consolidou como uma opção mais acessí-
vel de máquinas e cápsulas, além de possuir uma maior
variedade de bebidas, como cappuccinos e lattes, e
maior potencial para mercados emergentes. De modo ge-
ral, os jovens apreciam mais as bebidas disponíveis na li-
nha Dolce Gusto do que o café espresso. Segundo Patrik
Schwendimann, analista do Zuercher Kantonalbank, com
a Nescafé Dolce Gusto a Nestlé consolidou sua liderança
no mercado de café e pode atender todos as preferên-
cias, orçamentos e faixas etárias.
	 Apesar dos desafios, a Nestlé sinaliza que não
abandonará a Nespresso. Nos Estados Unidos, por
exemplo, a companhia trabalha para aumentar sua par-
ticipação em um mercado que é dominado pela Keurig
Green Moutain. Os esforços incluem o desenvolvimento
de produtos que atendam especificamente as preferên-
cias dos estadunidenses, como a máquina Vertuoline,
projetada para fazer grandes xícaras de café, e a criação
de novos anúncios protagonizados por celebridades, em
uma tentativa de aumentar as vendas.
Ampliação do programaThe Positive Cup
na Argentina
	 Presente na Argentina desde 2014, o programa
de sustentabilidade “The Positive Cup” tem como objetivo
facilitar, para os membros do Club Nespresso, o envio
das cápsulas usadas para reciclagem.
	 Este ano, a empresa decidiu dar mais um passo
em seu projeto no país e, para isso, solicitou a assistência
da ONG Manos Verdes, grupo de especialistas em sus-
tentabilidade. A organização não governamental possui
como objetivo a promoção da consciência ambiental e o
Figura 2 – Participação da Nespresso e Dolce Gusto no mercado de cápsulas da Europa Ocidental.
Fonte: Elaborado pela Bloomberg a partir de dados de Euromonitor.
intercâmbio de conhecimento e tecnologia entre a Euro-
pa e América Latina. Este intercâmbio tem o intuito de
promover questões ambientais e o desenvolvimento de
soluções e propostas inovadoras para o uso sustentável
dos recursos naturais.
	 Segundo o portal El Pais, a Nespresso possui
hoje na Argentina uma quantidade significativa de pontos
de coleta de cápsulas já utilizadas e, além de contribuir
com o meio ambiente, a empresa também colabora com
o programa de empreendedorismo social Pecohue, dedi-
cado à produção orgânica de hortaliças e compostagem.
O programa atende jovens entre 16 e 21 anos que pos-
suem dificuldades de integração social e laboral.
	 A cooperação da Nespresso com o projeto de-
senvolvido pela Pecohue é feita por meio da doação da
borra do café, devidamente separada das cápsulas no
processo de reciclagem, para que seja transformada em
adubo.
	 De acordo com o portal Mercado, o programa de
reciclagem funciona da seguinte maneira: primeiramente
a empresa fornece aos membros do seu clube sacos her-
méticos para o armazenamento das cápsulas que, poste-
riormente, serão entregues nos postos de coleta ou reco-
lhidas em casa. Neste caso, os clientes devem solicitar a
retirada via telefone ou internet. Em seguida, as cápsulas
são transportadas para uma unidade de transformação,
onde o café e o alumínio são devidamente separados.
	 Enquanto o café é destinado ao projeto Pecohue,
o alumínio é reutilizado como matéria-prima para a indús-
tria de construção. Os rendimentos da venda do alumínio
são doados integralmente para o programa de empreen-
dedorismo social.
Ajuda ao Banco Alimentar Italiano
	 No Relatório Internacional de Tendências v. 5 n.
05 apresentamos o projeto “Reciclar é Alimentar”, desen-
volvido pela Nespresso Portugal juntamente com a ONG
Banco Alimentar Contra a Fome, cujo objetivo é reapro-
veitar a borra do café das cápsulas destinadas para reci-
clagem em plantações de arroz.
	 Iniciativa semelhante é realizada pela Nespresso
Itália por meio do projeto “The Positive Cup” em parceria
com o Banco Alimentar da Itália, CIAL (Consórcio Nacio-
nal para o Recolhimento e Reciclagem de Embalagens
de Alumínio), Federambiente (Federação Italiana de Ser-
viços Públicos e Higiene Ambiental) e CIC (Consórcio Ita-
liano de Compostagem).
	 Segundo o site La Stampa, as cápsulas de café
usadas são recolhidas em pontos disponíveis nas 36 bou-
tiques Nespresso presentes no país e em 46 pontos de
coleta. As cápsulas recolhidas são enviadas para a reci-
clagem, onde o alumínio é separado do composto orgâ-
nico e vendido, o café é destinado para a compostagem,
torna-se adubo e é utilizado como fertilizante nos campos
de arroz. O arroz produzido é adquirido pela Nespresso e
doado para o Banco de Alimentos, que possui mais de 8
mil instalações na Itália e distribui refeições para, aproxi-
madamente, 93 mil pessoas por dia.
	 De acordo com a Nespresso Itália, entre novem-
bro de 2011 e novembro de 2014, já foram recolhidas e
recicladas 775 toneladas de cápsulas que ajudaram a
produzir 1 mil toneladas de arroz.
7
A
s bebidas geladas, especialmente no período de
verão no hemisfério norte, ganham grande popu-
laridade, com destaque para o cold brew e o nitro
cold brew, que já podem ser encontrados em algumas ca-
feterias brasileiras. Tais opções tornam-se muito populares
entre o público jovem, curioso acerca da bebida e disposto
a experimentar novas combinações e métodos de preparo.
	 A mudança de percepção do produto também es-
timula a valorização, especialmente em países desenvol-
vidos, de pequenas cafeterias especializadas e indepen-
dentes, com maior foco e atenção ao café, atendimento
diferenciado e personalizado e grande senso de comuni-
dade. Esta mudança também envolve maior exigência por
sustentabilidade ambiental, social e econômica em todos
os elos da cadeia, o que incentiva as organizações a de-
senvolverem novas tecnologias e meios para o gerencia-
mento de resíduos, exemplificado, aqui, pelo caso da borra
do café.
STARBUCKS
Índia
	 A Starbucks e a Tata Global Beverages anuncia-
ram a ampliação de sua parceria, por meio de múltiplas
estratégias, para expandir a presença de ambas no país
e fortalecer sua joint-venture, denominada Tata Starbucks.
Pela primeira vez, a Starbucks comercializará, nos Esta-
dos Unidos, cafés indianos de origem única e em peque-
nos lotes. Este será o primeiro café indiano a ser torrado
na Starbucks Reserve ® Roastery and Tasting Room, mo-
delo premium de negócio da empresa, sendo disponibiliza-
do em Seattle até o final do ano.
	 A companhia também planeja aumentar sua capa-
cidade de torrefação para abastecer suas lojas indianas e,
posteriormente, também outros mercados. A parceria Tata-
-Starbucks já resultou na abertura de mais de 80 lojas em
seis cidades no país. Atualmente, a Tata Coffee torra os
cafés Starbucks® India Estates Blend e Espresso Roast e,
em breve, incluirá também cafés do Quênia e de Sumatra
para comercialização nas cafeterias Starbucks no país.
	 Outra novidade é a oferta dos cafés da rede ameri-
cana nos voos da Vistara, companhia aérea indiana resul-
tado de joint-venture entre a Tata Sons e a Singapore Air-
lines. A empresa disponibilizará o café Starbucks em mais
de 450 voos semanais para 17 destinos em toda a Índia.
	 Outras estratégias foram anunciadas visando à
melhoria da experiência do cliente no mercado indiano, a
exemplo do lançamento de um aplicativo móvel para paga-
mento, aliado à um programa de fidelidade; da inserção da
marca de chá, Teavana, em 2017, uma grande oportunida-
de em um país tradicionalmente consumidor da bebida; e
descontos para aqueles que levam seus próprios copos,
ação já adotada em lojas de outros países.
China
	 A Starbucks planeja a inauguração de um novo
modelo de loja em Shangai, aliando uma torrefadora a
uma loja de conceito premium, em 2017. Será o primeiro
Starbucks Roastery e Reserve Tasting Room fora dos Es-
tados Unidos.
	 A China apresenta um mercado propício para a
inserção da marca, em seus diversos formatos: a com-
panhia já conta com mais de 2.100 lojas em mais de 100
cidades chinesas, planejando alcançar 3.400 estabeleci-
mentos até 2019.
	 Há previsão de aumento nas vendas de café, por
cafeterias especializadas, na região Ásia-Pacífico nos
próximos cinco anos, sendo que 60% desse aumento é
representado pela China, segundo pesquisa realizada
pela Euromonitor, divulgado pelo portal china.org.
OCTÁVIO CAFÉ
	 A Octavio Café, cafeteria brasileira inaugurada
em 2007 e focada em cafés especiais, inaugurou recen-
temente três novas lojas no Estado de São Paulo, sendo
uma no Shopping Eldorado, na capital, e duas no Aero-
porto de Viracopos, em Campinas.
	 A companhia renovou sua marca e estabeleceu
um novo design de lojas, cujo cardápio será mais enxu-
to que aquele disponibilizado em sua matriz, com ape-
nas vinte itens mais pedidos e quatro opções de preparo
manual do café, além do espresso: prensa francesa, Ae-
ropress, filtrado tradicional e Hario V60. O café servido
nestes estabelecimentos será abastecido pelas próprias
fazendas da empresa, que também comprará microlotes
específicos para disponibilização sazonal.
	 Segundo Jonas Picirillo, gerente geral de opera-
ções do Octavio Café, em entrevista à Revista Espresso,
o objetivo é abrir 25 lojas próprias até 2020. O executivo
declarou que a ampliação será em todo o Brasil, mas que
as primeiras unidades serão no Estado de São Paulo.
	 A Octávio Café também disponibiliza seus cafés
em empórios, supermercados, restaurantes e cafeterias
em várias regiões brasileiras.
CUPPY’S COFFEE
	 A rede americana, Cuppy’s Coffee, que trabalha
no modelo de franquia e drive-thru, já é uma das empre-
sas de varejo de café e smoothies que mais cresce nos
Estados Unidos. Suas franquias são gerenciadas de for-
ma independente e há planos de inaugurar 1.500 novas
lojas por todo o país, nos próximos cinco anos.
	 A companhia busca firmar fortes parcerias para
garantir um rápido crescimento, bem como o sucesso a
longo prazo. Ademais, oferece uma variedade de flexíveis
modelos de franquia para apoiar os objetivos individuais
de cada franqueado.
CAFETERIAS
CREMA.CO
	
	 A Crema.co é uma plataforma online para venda
de cafés. Criada em 2015, a startup permite que várias
torrefadoras independentes listem seus cafés de origem
única para venda e sejam contatadas diretamente pelos
consumidores para compra dos grãos.
	 Dentre as suas funcionalidades, a empresa nor-
te-americana desenvolveu um inovador aplicativo, o Brew
Log, que funciona como um mecanismo de recomenda-
ção de cafés com base em um detalhado perfil de cada
consumidor, estabelecido a partir de suas experiências
sensoriais. A tecnologia está amparada pelo Léxico Sen-
sorial do Café, lançado este ano pelo World Coffee Rese-
arch (WCR), no qual são identificados cerca de 110 atri-
butos distintos ligados aos sabores do café. Este preciso
mapeamento permitiu que a Crema.co pudesse classifi-
car todos os grãos listados em sua plataforma, viabilizan-
do a formação dos perfis de consumo.
	 Tyler Tate, CEO e fundador da Crema.co, afirmou
ao portal PRWeb que o Brew Log utiliza as mais recentes
técnicas de pesquisa sensorial para descobrir atributos
fundamentais das características de cada café, e então o
mecanismo de recomendação fornece sugestões perso-
nalizadas para o consumidor com base nestas mesmas
características. Tate acredita que o aplicativo de reco-
mendação é o próximo passo para o mercado de café
inteligente do futuro.
CAFÉS GELADOS
Cold Brew
	 O aumento do consumo de bebidas geladas si-
naliza que esta tendência pode se consolidar e gerar um
impacto duradouro no mercado. No Canadá, de acor-
do com dados do Google Trends, as buscas pelo termo
“Cold Brew”, um tipo de café extraído a frio em um longo
processo (12 a 18 horas), aumentou 200% em 2016, em
relação aos anos de 2014 e 2015. Esta bebida tende a
ser mais leve e adocicada, em comparação aos cafés ex-
traídos de forma tradicional, apresentando também me-
nor acidez e cerca de 30% menos cafeína.
	 Grandes redes já enxergam o potencial de mer-
cado das bebidas geladas como uma forma de expan-
dir seus negócios em café. A Starbucks já planeja dispor
seus cafés gelados não só em suas lojas, mas também
nas prateleiras dos supermercados e lojas de conveniên-
cia americanas, ainda neste verão. A Dunkin’ Donuts, por
sua vez, já é o varejista número um nos EUA de bebidas
geladas e também introduziu em seu cardápio uma oferta
no estilo Cold Brew. No Brasil, a bebida já pode ser en-
contrada na Octávio Café, Bergamota Café, Gava Café,
dentre outras cafeterias.
	 O que era considerado exclusivo e restrito, até
então uma categoria de bebidas que apenas poderia ser
encontrada em cafeterias independentes e em alguns
estabeleciementos comerciais, agora já promete apare-
cer como uma linha de produtos popularizada e de fácil
acesso. Vale ressaltar, contudo, que quando produzido de
forma artesanal, apresenta curto prazo de validade, de 20
a 30 dias.
Nitro Cold Brew
	 O Nitro Cold Brew, bebida gelada à base de café,
introduzida pela rede americana Stumptown no ano de
2013, tornou-se um produto extremamente popular entre
os norte-americanos. A bebida é preparada basicamente
como qualquer café gelado. Contudo, o habitual processo
de fermentação e filtragem é aliado à infusão de gás nitro-
gênio, por meio de uma válvula pressurizada, um método
característico das cervejarias. O gás nitrogênio cria um
efeito cremoso e dá à bebida uma textura suave e uma cor
bastante peculiar, que lembra as cervejas do tipo Stout.
	 Diversas companhias investem no sucesso dos
cafés gelados e o Nitro Cold Brew já aparece nos cardá-
pios das grandes redes, como a Starbucks, que oferece a
bebida até agora apenas no Starbucks Reserve Roastery
de Seatlle (EUA). Contudo, a rede pretende colocar o Nitro
Cold Brew à disposição em mais de 500 lojas até o final
do verão, começando com lojas adicionais em Seattle e
Portland, seguido por Nova York, Chicago, Boston, San
Francisco e Los Angeles. No Brasil, a bebida já pode ser
encontrada em diversas cafeterias paulistanas.
	 Versões enlatadas deste produto já são comercia-
lizadas pela Blue Bottle e pela La Colombe, nos EUA. Elas
são mais baratas que aquelas comercializadas em cafete-
rias, também apresentando maior conveniência de consu-
mo pela possibilidade do consumo on the go.
CAFETERIAS INDEPENDENTES
	 Uma onda de novas cafeterias especializadas e
independentes, que procuram inovar e desafiar normas
estabelecidas, transforma radicalmente o mercado de café
em diversas regiões do mundo, em especial nos EUA e
no Reino Unido. Tais estabelecimentos tendem a disponi-
bilizar cafés de qualidade superior àquele encontrado em
grandes redes, bem como um serviço mais personalizado
e ambiente mais aconchegante. Outro benefício atribuído
a estas empresas é a valorização do senso de comunida-
de e de apoio a empreendedores locais, constantemente
prejudicados pela abertura de grandes lojas de multinacio-
nais.
	 De acordo com o portal Character Magazine, em
Londres, desde o ano de 2010, o número de inaugurações
de estabelecimentos independentes é praticamente igual
ao das grandes cadeias. Neste intervalo, em Nova York
o número de cafeterias independentes já ultrapassou a
quantidade de estabelecimentos gerenciados pelas gran-
des redes.
	 Cherryl Carrol, diretora do Caffè Culture Show,
afirma em entrevista ao portal Hospitality & Catering News
que, apesar de enfrentar grande concorrência das redes
tradicionais, supermercados e outros, as cafeterias inde-
pendentes vêm cumprindo seu papel de forma brilhante.
Carrol salienta que é muito gratificante ver o quanto os
negócios independentes estão contribuindo para a indús-
tria de café no Reino Unido.
	 Enfim, as cafeterias independentes elevam as
expectativas dos consumidores sobre a qualidade do
café. O segmento independente mostra-se mais forte do
que nunca e seus clientes estão cada vez mais bem infor-
mados e imersos na cultura amparada pela terceira onda
do café, ligada à percepção do café como produto mais
artesanal, único e de alta qualidade.
SUSTENTABILIDADE
	 O maior destaque e visibilidade dados às ações
de sustentabilidade empresarial, bem como maior exigên-
cia dos consumidores acerca de questões ambientais,
levaram diversas empresas a investir em novas tecnolo-
gias voltadas à correta destinação dos resíduos. Além da
reciclagem de cápsulas e copos descartáveis, o mercado
volta sua atenção para a borra de café e seus inúmeros
potenciais.
	 A Starbucks criou alternativas mais sustentáveis
para o aproveitamento desses resíduos, sendo uma de-
las a sua distribuição, para produtores coreanos, como
forma de adubo para o cultivo de produtos agrícolas. Em
março deste ano, a companhia doou 300 toneladas do
composto, o suficiente para ser utilizado em uma área
de 130 hectares. Tal ação fez com que a marca fosse
considerada pelo Ministério da Agricultura, Alimentação
e Assuntos Rurais (MAFRA) do país como exemplo de
cooperação com os produtores locais. Em outra iniciativa,
a empresa desenvolveu, há alguns anos e em parceria
com a Menicon Co. Ltd., uma tecnologia de fermentação,
permitindo a transformação da borra de café, que possui
alto valor nutricional, em ração animal para vacas leitei-
ras, resultando num leite com baixa contagem de células
somáticas - característica de um leite de boa qualidade.
	 Recentemente, dois designers colombianos de-
senvolveram a Hifa, uma cafeteira que, após o preparo
do café, transfere esse resíduo para um compartimento
escuro e úmido, criando as condições ideais para proli-
feração do fungo micélio, que dá origem a cogumelos. O
consumidor precisa apenas acrescentar água e aguardar
alguns dias para colher este alimento.
	 Outra utilização interessante foi descoberta pelo
professor Julião Pereira, em sua tese de doutorado na
Universidade Federal de Goiás (UFG): este resíduo,
após um processamento que resulta da “torta do café”,
constitui uma alternativa de baixo custo para obtenção
de água potável, sendo um filtro considerado três vezes
mais eficiente que o carvão ativado. A borra do café tam-
bém é utilizada para confecção de artesanatos e, devido
a seu alto número de antioxidantes, como base para fa-
bricação de alguns tipos de cosméticos.
10
PRODUÇÃO
	 A análise do ambiente institucional da cafeicultura
dos principais concorrentes brasileiros, feita ao longo dos
últimos números deste relatório, oferece indícios de que o
Brasil possui boas condições para manter sua posição no
mercado mundial nos próximos anos. Embora os desafios
sejam muitos, como em todos os concorrentes, os pontos
fortes da cafeicultura brasileira são relevantes, enquanto
os pontos fracos são menos graves do que em outros paí-
ses.
	 A produção de cafés especiais e certificados
cresce a cada ano no país, o que mostra a capacidade
de coordenação das organizações e atores envolvidos. O
problema da escassez de mão de obra está, progressiva-
mente, sendo amenizado com a adoção da mecanização.
O aumento da produtividade evidencia que há difusão de
tecnologia e o interesse dos cafeicultores nacionais em au-
mentar a competitividade. De modo independente, novas
áreas de produção se consolidam, como em Rondônia e
no Cerrado Mineiro. Tudo isso contribui para a adaptação
da cafeicultura brasileira às novas demandas do mercado.
INDÚSTRIA
	 A quebra da patente da Nespresso criou oportunida-
des para inúmeras empresas concorrentes, das grandes às pe-
quenas, mas está cada vez mais claro que também prejudicou
o domínio que a companhia possui no setor. Apesar do foco na
qualidade, das economias de escala e do pioneirismo, o cres-
cimento da Nespresso já não é tão grande quanto há alguns
anos. Mesmo na Europa Ocidental, o principal mercado da
marca, a participação caiu.
	 A perda de espaço para a irmã Nescafé Dolce Gusto
ajuda a entender os desafios da marca nos próximos anos. O
café espresso não é o método de preparo mais comum em
muitas regiões, como nos Estados Unidos e no Brasil, o que
pode dificultar a conquista de mercado. Além disso, muitos
consumidores preferem máquinas capazes de preparar outras
bebidas quentes, como chás e achocolatados. O café espres-
so ainda tem seu nicho de mercado, mas há indícios de que a
maior fatia ficará com as máquinas multi bebidas.
	 Por outro lado, a crescente preocupação com o des-
tino das cápsulas usadas pode ser algo favorável à Nespresso.
Em comparação com seus maiores concorrentes, a companhia
está adiantada em sua estratégia de reciclagem e isso pode pe-
sar na decisão final dos consumidores.
CAFETERIAS
	 Os cafés gelados apresentam grande potencial
no mercado brasileiro, já que atendem, também, a um
crescente público jovem e curioso acerca das novas for-
mas de consumo da bebida. Sua variedade de preparos
atende aos mais variados consumidores, desde aque-
les aficionados, com preferência pela bebida mais pura,
até aqueles que desejam um drink de café com diversos
complementos, como sorvete, chocolate, chantilly, entre
outros.
	 Para os consumidores mais exigentes, uma boa
opção são os clubes de assinatura, com foco em cafés
especiais, de variadas origens e com torra recente, den-
tre outros fatores. É uma oportunidade de acesso a cafés
únicos, com baixa disponibilidade no país, especialmente
em regiões interioranas, ampliando a biblioteca sensorial
do consumidor.
	 Outra oportunidade para as cafeterias brasileiras
consiste nas diversas formas de aproveitamento da borra
de café, que vão desde sua utilização como adubo até
como matéria-prima para artesanatos. É também uma
forma de atuação mais sustentável, benéfica tanto eco-
nômica como ambientalmente.
INSIGHTS
Coordenador do Centro de Inteligência em Mercados:
Prof. Dr. Luiz Gonzaga de Castro Junior.
Coordenadores do Bureau:
Me. Eduardo Cesar Silva
Me. Elisa Reis Guimarães
Equipe de Analistas:
Angélica da Silva Azevedo
Diego Humberto de Oliveira
Gislene Nogueira de Souza
Gustavo Costa Prado Alves
Lucas da Silva Pereira
Marina de Barros
Nilmar Diogo dos Reis
Analista Internacional (Europa)
Dr. José Márcio Carvalho
EQUIPE
Endereço: Centro de Inteligência em Mercados, Agência
de Inovação e Desenvolvimento do Café, Universidade
Federal de Lavras, CEP: 37200-000.
Telefone: (35) 3829-1443
E-mail: cim@nucleoestudo.ufla.br
FONTES
Produção: AFK Insider, Agrimoney, All Africa, Comunicaffe, Exchan-
ge, FAO, Perfect Daily Grind, Phys.org, USAToday,Vending MarketWa-
tch, Wageningen UR. Indústria: Bloomberg, Boston Globe, Business
Insider, CafePoint, El País, ESMMagazine, Falando de Varejo, Finance,
Globo Rural, La Stampa, Manos Verdes, Mercado, Nespresso Itália, Pe-
cohue, PRNewswire, Retail Times, The Verge, Vending Market, Wired.
it Cafeterias: Aabaco Small Business, Bitterwallet, Business Insider,
Business Journal, Business Wire, Café do Mercado, Caveman Coffee
Co., Character Magazine, China.org.cn, Clube Café, Colombia Reports,
Crema.co, CTV News Vancouver, Enterprise Innovation, Esquire, Folha
Uol, Food & Beverage Magazine, Foodbev Media, Forbes, Fortune,
Franchise India Bureau, Franchising.com, Freshcup Magazine, G1 Goi-
ás, Hospitality and Catering News, India Infoline News, Isle of Man, Jo-
etap.com, Live Mint, Octávio Café, Quem Inova, Pilot Coffee Roasters,
Press Release Rocket, Prolific North, Prweb, Revista Espresso, Scholar
Works of Walden University, Sprugde, Starbucks 1912pike, Starbucks
News, The Financial Express, The Food Institute, The Korea Bizwire,
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Tendências do café: produção sustentável e desafios dos países

  • 2. SOBRENÓS O Bureau de Inteligência Competitiva do Café é um programa que busca oferecer informações e análises relevantes para o setor cafeeiro nacional. A informação se tornou crucial para a competitividade de qualquer atividade econômica e com a cafeicultura não é diferente. Por isso, buscamos reunir, analisar e divulgar dados e informações que permitam aos agentes da cadeia agroindustrial do café planejar e tomar decisões melhores. Nosso trabalho se iniciou em 2010, com apoio financeiro da FAPEMIG. O mentor do projeto é o prof. Luiz Gonzaga de Castro Junior, doutor em Economia Aplicada e pesquisador do mercado de café desde 2002. As atividades são realizadas no Centro de Inte- ligência em Mercado (CIM), sediado na Universidade Federal de Lavras (UFLA). O CIM tem se consolidado como uma organização especializada em pesquisas e prestação de serviços para agentes do agronegó- cio. O convênio com a FAPEMIG terminou em 2012, o que poderia ter paralisado as atividades do programa. No entanto, com o apoio do Pólo de Ex- celência do Café, da UFLA e dos pesquisadores en- volvidos, as atividades continuaram. Ainda em 2012, o Bureau publicou relatórios sobre a Terceira Onda do consumo de café a sobre a indústria de cápsulas. Estes trabalhos foram muito bem recebidos pelo setor e consolidaram o Bureau como fonte de informações e análises relevantes. Em outubro daquele ano foi elaborado o primeiro Relatório Internacional de Ten- dências do Café, publicação que já é referência para os agentes da cadeia agroindustrial do café. Os últi- mos relatórios alcançaram cerca de 10 mil downloads mensais no site do Bureau (icafebr.com.br). Atualmente o Bureau integra a Agência de Ino- vação do Café (InovaCafé), uma organização geren- ciada pela UFLA, que busca integrar os conhecimen- tos das diferentes áreas relacionadas ao café e criar soluções e inovações para o setor. Já em seu sexto ano de atividade, o programa conta atualmente com o apoio da Embrapa e do Pólo de Excelência do Café. Equipe do Bureau de Inteligência Competitiva do Café
  • 3. ÍNDICE 1. PRODUÇÃO 2. INDÚSTRIA 3. CAFETERIAS 4. INSIGHTS 2 5 7 11 1
  • 4. PRODUÇÃO A sustentabilidade se tornou o grande objetivo do se- tor produtivo de café. Governos, inciativa privada e ONGs trabalham em inúmeras iniciativas que bus- cam resolver os problemas ambientais enfrentados pelo setor. Neste número, os exemplos apresentados lidam com o fornecimento de água em regiões produtoras e o treinamento dos cafeicultores. Nas últimas décadas ocorreram mudanças ex- pressivas nos diversos países produtores. Brasil, Vietnã e Honduras, por exemplo, apresentaram grande aumento na produção, enquanto outros perderam participação no mer- cado. Nestes casos, uma característica compartilhada por diversos países é o ambiente institucional hostil à cafeicul- tura, o que é causado por inúmeros fatores, mas podem ser destacados o monopólio estatal da comercialização do café, impostos e burocracia excessiva, predomínio dos in- teresses da elite política e econômica sobre os interesses dos cafeicultores, insegurança jurídica e a existência de condições que facilitam a fraude e a violência. AMÉRICA CENTRAL Cuba Depois de reatarem os laços, o primeiro produto cubano a entrar nos EUA será o café, segundo o site USA TODAY. A Nespresso pretende comercializar cápsulas com café cubano no outono. Inicialmente, será oferecida uma edição limitada com o nome Cafecito de Cuba, mas a in- tenção é que a oferta do café cubano seja constante. Para isso, buscou uma parceria com a TechnoServe, uma ONG norte-americana sediada em Washington e que possui experiência com o treinamento de cafeicultores em vários países. As duas organizações ajudarão os cafeicultores cubanos com treinamentos e informações para melhorar a qualidade do produto. David Browning, vice-presidente da TechnoServe, esteve em Cuba para inspecionar as lavouras. O café é produzido por pequenos cafeicultores, organizados em cooperativas, que vendem os grãos ao governo, detentor do monopólio de comércio do produto. O governo distri- bui o café para o consumo interno da ilha e exporta para outros países. Até o início da década de 1960, Cuba era um pro- dutor relevante no mercado de café. Dados da FAO indi- cam uma colheita de 870 mil sacas em 1962. No entan- to, após a Revolução, políticas equivocadas do governo levaram ao declínio da atividade, com uma produção de apenas 148 mil sacas em 2013. El Salvador El Salvador teve a cafeicultura como um de seus pilares, porém, a produção está em declínio, na contra- mão da tendência mundial de aumento do consumo. Nas décadas de 1960 e 1970, o país era um dos maiores pro- dutores mundiais de café, mas após uma longa guerra civil no auge da década de 1980, que durou mais de 12 anos, a produção cafeeira passou a registrar números baixos. Dados do USDA mostram uma produção próxima de 1,5 milhão de sacas em 1960/1961, quantidade que se man- teve em 1988/1989. Nesse período, apesar da estabilida- de, o país perdeu participação do mercado devido ao au- mento da oferta global. Em 2014/2015 a produção havia caído para 700 mil sacas. Apesar de 24 anos sem guerra civil, El Salvador ainda não conseguiu voltar ao seu patamar de produtor de café e muito dessa situação se dá por uma fraca polí- tica nacional de incentivo. Embora o Governo invista na doação de plantas resistentes, assistência e pesticidas, essas medidas não foram capazes de reanimar o setor. Além disso, há os fatores climáticos e a ação de quadri- lhas que extorquem os produtores de café e promovem o medo. Muitos cafeicultores acabam por abandonar a atividade.
  • 5. Além disso, é difícil conseguir crédito e os cafeicul- tores possuem poucos conhecimentos gerenciais. Muitas lavouras são velhas e a renovação é muito baixa devido à falta de recursos e tecnologia. Segundo análise do portal Perfect Daily Grind, também falta união entre os produto- res salvadorenhos. Segundo a análise publicada no portal, o desenvolvimento da cafeicultura no país depende de po- líticas que priorizem a produtividade e o nicho dos cafés especiais. AMÉRICA DO SUL Colômbia Um programa com investimento de mais de 25 mi- lhões de euros busca garantir o fornecimento de água aos cafeicultores colombianos. Denominado Manos al Agua, o programa abrange, de modo integralizado, 25 bacias hi- drográficas da Colômbia e é coordenado pela Federação dos Cafeicultores da Colômbia (FNC) em conjunto com a Agência Presidencial para a Cooperação Internacional (APC Colômbia), o Ministério Holandês dos Negócios Es- trangeiros, as empresas multinacionais Nestlé e Nespres- so, a Universidade de Wageningen e o Centro de Pesquisa em Café (Cenicafé). O programa Gestão Inteligente da Água 2013 – 2018, conta atualmente com mais de 11 mil famílias de cafeicultores, mais de 50 organizações públicas, civis ou privadas ligadas à gestão da água e já cobre uma área de 150 mil hectares. Ao longo desses cincos anos, o programa preten- de reduzir a pobreza, proteger o ambiente e promover me- lhorias para o setor cafeeiro colombiano. O programa con- ta com aparatos tecnológicos e um modelo de gestão de adaptação climática que reduzem em até 30% as perdas com os riscos climáticos, além de reduzir os impactos am- bientais, com a implantação de técnicas de bioengenharia e reflorestamento para estabilizar os ecossistemas das ba- cias hidrográficas das regiões produtoras. ÁFRICA Segundo o Departamento de Agricultura dos Es- tados Unidos (USDA), a cafeicultura africana está se des- locando, cada vez mais, para regiões de maior altitude. Isso ocorre devido à possibilidade das regiões mais altas serem menos afetadas pelas mudanças climáticas. Alguns estudos relacionam essas mudanças com a queda da pro- dutividade em países africanos. O Coffea arabica é mais vulnerável que o C. canephora ao clima, o que leva os pro- dutores da primeira espécie a buscarem locais mais altos. Desafio Café Sustentável México e Ruanda se uniram para se tornarem os primeiros a aderir ao Desafio Café Sustentável, programa desenvolvido pela Conservation International com o apoio da Starbucks, do Órgão do Governo para o Desenvolvi- mento e Expansão das Exportações Agrícolas de Ruanda (NAEB) e outros 18 parceiros. O programa visa fazer do café o primeiro produto agrícola sustentável do mundo. O objetivo deste “desafio” é oferecer técnicas de produção sustentável aos produtores, aumentar a produção das la- vouras, fortalecer as organizações de agricultores, incen- tivar o aumento do consumo interno de café e preservar a natureza, a água e o solo. Enquanto Ruanda possui aproximadamente 355 mil famílias de pequenos produtores de café, o México possui 500 mil famílias. Em ambos os países a produção de café é de subsistência. Mudanças climáticas, a volati- lidade dos preços, a falta de manejo adequado e plantas velhas, criam situações que impactam negativamente os produtores. Desse modo, o projeto pretende aumentar a transparência da produção nesses países, compartilhar os conhecimentos obtidos durante o processo, promover uma cafeicultura sustentável em outras nações e otimizar a rastreabilidade. Quênia A partir de agora os pequenos produtores quenia- nos, inclusive os cafeicultores, passarão a pagar imposto sobre a produção, informa a Agência Tributária do Quênia (KRA). Com isto, a KRA pretende angariar cerca de Sh 2 milhões (Shilling Queniano) com a nova lei. Apesar disso, acredita-se que os pequenos e médios produtores não irão se cadastrar voluntariamente ao Fisco, ao passo que, aqueles que assim fizerem, talvez não consigam honrar com seus compromissos, como registros fiscais, liquidar débito junto à KRA e manter os registros em dia. 3
  • 6. Ruanda Uma delegação de torrefadores e investidores japoneses visitou Ruanda para avaliar novas oportunida- des de negócios entre os dois países. Segundo o chefe da delegação japonesa, Yuko Itoi, o objetivo da visita foi conhecer melhor a cadeia do café e fortalecer a comer- cialização do café ruandês no Japão. O The Coffee Chain Division at National Agri- culture Export Board (NAEB), órgão do governo para o desenvolvimento e expansão das exportações agrícolas de Ruanda, busca agregar valor ao café e incentivar co- operativas e produtores a terem boas práticas agrícolas, como o melhor uso de fertilizantes e melhor aproveita- mento das estações de lavagem do café, para aumen- tar a qualidade para exportações. Além disso, o Governo está comprometido em contribuir com essas práticas no setor e reduzir o déficit comercial por meio dessas medi- das. Com mais de 400 mil produtores dependentes do cultivo do café para a subsistência, a NAEB traçou um plano de crescimento das exportações em cinco anos, com incremento da produtividade de 2,3 Kg, por planta, em 2013, para 3,1 Kg em 2018. Produtividade A produtividade das lavouras de café é importan- te indicador de competitividade. Produtividades elevadas significam um uso eficiente dos fatores de produção e, até certo limite, contribuem para a redução do custo, com impacto direto sobre a rentabilidade da atividade. Nas últi- mas, décadas o Brasil apresentou significativo incremen- to da produtividade média das lavouras de café, fato que, entre outras causas, foi proporcionado pela utilização de variedades desenvolvidas pelo IAC a partir de meados do século passado, avanços nas técnicas de manejo e novos conhecimentos sobre nutrição mineral, controle de praga e doenças, entre outros. Isso permitiu que o país recuperasse sua participação no mercado internacional após os anos do Acordo Internacional do Café. O Bureau de Inteligência Competitiva analisou os dados de produtividade dos 4 maiores produtores de café arábica do mundo em 2015. A análise foi feita a partir de dados compilados pela Food and Agriculture Organiza- tion (FAO) para o período entre 1961 e 2013. A figura 1 apresenta a série histórica. Ao longo do período, a produtividade brasileira obteve aumento de 179,6%. Entre 1961 e 1980 o país obteve apenas 4 safras com produtividade acima de 10 sacas/ha. Os avanços começaram efetivamente na dé- cada de 1990, com produtividade sempre acima de 10 sacas/ha a partir de 1996. Entre 2010 e 2013 a média permaneceu acima de 20 sacas/ha. Entre os principais concorrentes, a produtividade colombiana avançou 56,5%, enquanto a Etiópia obteve ganho um pouco maior, de 65,5%. Os dois países foram mais produtivos que o Brasil durante boa parte do perío- do, mas, principalmente a partir dos anos 2000, passa- ram a ter problemas e foram superados. Honduras, por outro lado, apresentou a maior elevação da série, com 258%. No entanto, o país contava com a menor produtivi- dade dentre os quatro no período inicial e, em 2013, sua média foi inferior a brasileira. No longo prazo, o aumento ou a redução da produtividade é reflexo de fatores tecnológicos e insti- tucionais do país produtor, no entanto, clima atípico e a incidência de pragas e doenças podem causar quedas temporárias. No caso específico da Colômbia, a recente redução foi decorrente de um programa de renovação de 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 Brasil Etiópia Honduras Colômbia Figura 1 - Produtividade média dos quatro maiores produtores de C. arabica em 2015, em sacas de 60 kg/ha. Fonte: Elaborada pelo Bureau de Inteligência Competitiva do Café a partir de dados da FAO (2016).
  • 7. A inovação se tornou fundamental para o sucesso em- presarial, principalmente em ambientes altamente competitivos, como é o caso da indústria de café. Novos produtos podem atrair e atender melhor as prefe- rências dos consumidores e, ainda, proteger a organiza- ção dos seus concorrentes. As grandes torrefadoras continuam a inovar em di- versas áreas. Produtos para públicos específicos são cada vez mais comuns, como o café solúvel gourmet, feito com 100% de grãos de café arábica. A proposta é combinar a praticidade do solúvel com a maior exigência por qualidade dos consumidores. A sustentabilidade da cadeia produtiva está cada vez mais presente nas inovações do setor. Além de ampliar o alcance da reciclagem de cápsulas, há investimentos em programas sociais que beneficiam a população. Mas nem sempre os novos produtos alcançam o sucesso esperado. A Keurig Green Mountain tentou repetir o sucesso das cápsulas de café com cápsulas de bebidas geladas, mas alguns fatores fizeram com que o investi- mento bilionário fracassasse. No segmento de cápsulas de café, a concorrência já é acirrada e engloba empresas grandes e pequenas. A líder do mercado, Nespresso, agora enfrenta a rivalidade de uma marca irmã, a Nescafé Dolce Gusto. KEURIG GREEN MOUNTAIN Keurig Kold é uma máquina que utiliza cápsulas para produzir diferentes tipos de bebidas geladas, com op- ções de refrigerantes, chás, bebidas esportivas e outras. A máquina era uma aposta para ampliar as vendas da companhia, mas nove meses após seu lançamento e um investimento superior a US$ 1 bilhão, a linha Kold foi des- continuada. Os consumidores que tiverem interesse serão reembolsados pela compra. A Keurig Kold foi uma aposta da Keurig Green Mountain (KGM) para capitalizar sobre a tendência de conveniência e praticidade que proporcionou o sucesso do café em dose única. A premissa era a mesma, oferecer aos consumidores uma ampla variedade de bebidas geladas que poderiam ser preparadas com rapidez e praticidade dentro de casa. O projeto contou com a parceria da Coca Cola, que adquiriu parte das ações da KGM e disponibili- zou algumas de suas bebidas para comercialização no for- mato de cápsulas. O alto investimento reflete a confiança que os executivos depositaram no produto, mas as vendas não decolaram. Entre os motivos do fracasso, analistas apontam o próprio mercado de refrigerantes que está em declínio. Além disso, o preço da máquina e das cápsulas era eleva- do. O custo do equipamento variava entre US$ 299 e US$ 369 e as cápsulas necessárias para o preparo das bebidas tinham preço entre US$ 0,99 e US$ 1,29. As cápsulas da ÍNDUSTRIA concorrente SodaStream, que também prepara refrigeran- tes, são obtidas por preços que variam entre US$ 0,08 e US$ 0,20. Por último, de acordo com consumidores, a má- quina é grande, barulhenta e inconveniente. A porta-voz da companhia, Suzanne DuLong, as- sume que “não importa o quanto você teste as coisas, as vezes não é possível prever o comportamento do consumi- dor até que o produto esteja na casa dele”. Mesmo após 6 anos de desenvolvimento, o equipamento frustrou expec- tativas. LAVAZZA Em junho, a Lavazza lançou novos produtos, com destaque para um blend com predomínio de café robusta e um café solúvel gourmet. O blend com 40% de café arábi- ca e 60% de café robusta faz parte da linha Gusto Crema e foi criado para o mercado indiano. Os grãos utilizados são todos da Índia e a bebida é descrita como achocolatada. Já o Prontíssimo! é o primeiro café solúvel pre- mium produzido pela companhia italiana. Feito com 100% de café arábica proveniente da Colômbia, ele possui 10% de café torrado e moído misturado aos grânulos. A novi- dade foi lançada inicialmente no Reino Unido, em 2014, e agora estará disponível na Itália, onde pesquisas indicam um consumo expressivo de solúvel. Para o lançamento, a empresa fará um tour em diferentes locais na Itália tais como praças, parques, estações de metrô, universidades e outros. Além disso, estará disponível para todos os via- jantes da viação aérea Alitalia, com a qual foi firmado um contrato de 3 anos para distribuição do produto dentro dos aviões da companhia. NESPRESSO Nova boutique brasileira Em 24 de junho, a Nespresso inaugurou sua 12ª boutique no país. Localizada em um shopping de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, a boutique oferece todos os Grand Crus da marca, máquinas, acessórios e chocolates. A loja também possui um ponto de coleta de cápsulas usa- das, o que ajuda na expansão de um dos pilares do pro- grama de sustentabilidade “The Positive Cup”. A empresa, que em 2016 comemora 10 anos de atuação no país, tem o intuito de reforçar sua presença no mercado nacional por meio de investimentos. A nova loja segue a estratégia de priorizar os grandes centros urbanos do país. Novo modelo de boutique Em 15 de junho, a Nespresso inaugurou em Lon- dres uma nova boutique com o conceito de autosserviço, Self-Selection, onde os clientes escolhem e pagam seus produtos em minutos, sem a ajuda de funcionários. 5
  • 8. Com um serviço automatizado e intuitivo, os clien- tes devem apenas escolher seus Grands Crus e utilizar uma máquina para processar o pagamento. Um vídeo disponível no YouTube mostra como a nova loja funciona: https://www.youtube.com/watch?v=INFTyv_x5KI De acordo com Francisco Nogueira, diretor da Nespresso no Reino Unido, o modelo de Self-Selection é o mais recente entre os serviços inovadores concebidos pela companhia com o intuito de satisfazer as necessida- des dos clientes para conveniência. Nespresso x Nescafé Dolce Gusto A Nespresso enfrenta a concorrência de uma “marca irmã” no mercado de café em cápsulas. A empresa, que é uma subsidiária da Nestlé com autonomia para de- senvolver e comercializar seus próprios produtos, perdeu espaço para a marca Nescafé Dolce Gusto, mantida pela matriz. Segundo o portal Bloomberg, o crescimento da Nespresso caiu de 30% ao ano, durante a última década, para 7% em 2015. Na Europa Ocidental, principal merca- do da companhia, a participação caiu de 32% para 25%, enquanto a fatia da Nescafé Dolce Gusto saltou de 8,1% para 12%, de acordo com dados da Euromonitor. No mun- do, a participação da Nespresso caiu de 30% para 18%, enquanto a Dolce Gusto passou de 7,7% para 7%. A figura 2 compara a participação das duas marcas. Desde que foi criada em 1986, a Nespresso tor- nou-se uma marca reconhecida globalmente, com forte apelo aos consumidores de luxo e um dos produtos mais rentáveis da Nestlé. Sua queda na participação de mer- cado pode ser explicada pela quebra da patente das cáp- sulas, o que aumentou a concorrência no setor. Hoje, inú- meras empresas fabricam cápsulas compatíveis com as máquinas Nespresso. A linha Dolce Gusto foi introduzida no mercado em 2006 e se consolidou como uma opção mais acessí- vel de máquinas e cápsulas, além de possuir uma maior variedade de bebidas, como cappuccinos e lattes, e maior potencial para mercados emergentes. De modo ge- ral, os jovens apreciam mais as bebidas disponíveis na li- nha Dolce Gusto do que o café espresso. Segundo Patrik Schwendimann, analista do Zuercher Kantonalbank, com a Nescafé Dolce Gusto a Nestlé consolidou sua liderança no mercado de café e pode atender todos as preferên- cias, orçamentos e faixas etárias. Apesar dos desafios, a Nestlé sinaliza que não abandonará a Nespresso. Nos Estados Unidos, por exemplo, a companhia trabalha para aumentar sua par- ticipação em um mercado que é dominado pela Keurig Green Moutain. Os esforços incluem o desenvolvimento de produtos que atendam especificamente as preferên- cias dos estadunidenses, como a máquina Vertuoline, projetada para fazer grandes xícaras de café, e a criação de novos anúncios protagonizados por celebridades, em uma tentativa de aumentar as vendas. Ampliação do programaThe Positive Cup na Argentina Presente na Argentina desde 2014, o programa de sustentabilidade “The Positive Cup” tem como objetivo facilitar, para os membros do Club Nespresso, o envio das cápsulas usadas para reciclagem. Este ano, a empresa decidiu dar mais um passo em seu projeto no país e, para isso, solicitou a assistência da ONG Manos Verdes, grupo de especialistas em sus- tentabilidade. A organização não governamental possui como objetivo a promoção da consciência ambiental e o Figura 2 – Participação da Nespresso e Dolce Gusto no mercado de cápsulas da Europa Ocidental. Fonte: Elaborado pela Bloomberg a partir de dados de Euromonitor.
  • 9. intercâmbio de conhecimento e tecnologia entre a Euro- pa e América Latina. Este intercâmbio tem o intuito de promover questões ambientais e o desenvolvimento de soluções e propostas inovadoras para o uso sustentável dos recursos naturais. Segundo o portal El Pais, a Nespresso possui hoje na Argentina uma quantidade significativa de pontos de coleta de cápsulas já utilizadas e, além de contribuir com o meio ambiente, a empresa também colabora com o programa de empreendedorismo social Pecohue, dedi- cado à produção orgânica de hortaliças e compostagem. O programa atende jovens entre 16 e 21 anos que pos- suem dificuldades de integração social e laboral. A cooperação da Nespresso com o projeto de- senvolvido pela Pecohue é feita por meio da doação da borra do café, devidamente separada das cápsulas no processo de reciclagem, para que seja transformada em adubo. De acordo com o portal Mercado, o programa de reciclagem funciona da seguinte maneira: primeiramente a empresa fornece aos membros do seu clube sacos her- méticos para o armazenamento das cápsulas que, poste- riormente, serão entregues nos postos de coleta ou reco- lhidas em casa. Neste caso, os clientes devem solicitar a retirada via telefone ou internet. Em seguida, as cápsulas são transportadas para uma unidade de transformação, onde o café e o alumínio são devidamente separados. Enquanto o café é destinado ao projeto Pecohue, o alumínio é reutilizado como matéria-prima para a indús- tria de construção. Os rendimentos da venda do alumínio são doados integralmente para o programa de empreen- dedorismo social. Ajuda ao Banco Alimentar Italiano No Relatório Internacional de Tendências v. 5 n. 05 apresentamos o projeto “Reciclar é Alimentar”, desen- volvido pela Nespresso Portugal juntamente com a ONG Banco Alimentar Contra a Fome, cujo objetivo é reapro- veitar a borra do café das cápsulas destinadas para reci- clagem em plantações de arroz. Iniciativa semelhante é realizada pela Nespresso Itália por meio do projeto “The Positive Cup” em parceria com o Banco Alimentar da Itália, CIAL (Consórcio Nacio- nal para o Recolhimento e Reciclagem de Embalagens de Alumínio), Federambiente (Federação Italiana de Ser- viços Públicos e Higiene Ambiental) e CIC (Consórcio Ita- liano de Compostagem). Segundo o site La Stampa, as cápsulas de café usadas são recolhidas em pontos disponíveis nas 36 bou- tiques Nespresso presentes no país e em 46 pontos de coleta. As cápsulas recolhidas são enviadas para a reci- clagem, onde o alumínio é separado do composto orgâ- nico e vendido, o café é destinado para a compostagem, torna-se adubo e é utilizado como fertilizante nos campos de arroz. O arroz produzido é adquirido pela Nespresso e doado para o Banco de Alimentos, que possui mais de 8 mil instalações na Itália e distribui refeições para, aproxi- madamente, 93 mil pessoas por dia. De acordo com a Nespresso Itália, entre novem- bro de 2011 e novembro de 2014, já foram recolhidas e recicladas 775 toneladas de cápsulas que ajudaram a produzir 1 mil toneladas de arroz. 7
  • 10. A s bebidas geladas, especialmente no período de verão no hemisfério norte, ganham grande popu- laridade, com destaque para o cold brew e o nitro cold brew, que já podem ser encontrados em algumas ca- feterias brasileiras. Tais opções tornam-se muito populares entre o público jovem, curioso acerca da bebida e disposto a experimentar novas combinações e métodos de preparo. A mudança de percepção do produto também es- timula a valorização, especialmente em países desenvol- vidos, de pequenas cafeterias especializadas e indepen- dentes, com maior foco e atenção ao café, atendimento diferenciado e personalizado e grande senso de comuni- dade. Esta mudança também envolve maior exigência por sustentabilidade ambiental, social e econômica em todos os elos da cadeia, o que incentiva as organizações a de- senvolverem novas tecnologias e meios para o gerencia- mento de resíduos, exemplificado, aqui, pelo caso da borra do café. STARBUCKS Índia A Starbucks e a Tata Global Beverages anuncia- ram a ampliação de sua parceria, por meio de múltiplas estratégias, para expandir a presença de ambas no país e fortalecer sua joint-venture, denominada Tata Starbucks. Pela primeira vez, a Starbucks comercializará, nos Esta- dos Unidos, cafés indianos de origem única e em peque- nos lotes. Este será o primeiro café indiano a ser torrado na Starbucks Reserve ® Roastery and Tasting Room, mo- delo premium de negócio da empresa, sendo disponibiliza- do em Seattle até o final do ano. A companhia também planeja aumentar sua capa- cidade de torrefação para abastecer suas lojas indianas e, posteriormente, também outros mercados. A parceria Tata- -Starbucks já resultou na abertura de mais de 80 lojas em seis cidades no país. Atualmente, a Tata Coffee torra os cafés Starbucks® India Estates Blend e Espresso Roast e, em breve, incluirá também cafés do Quênia e de Sumatra para comercialização nas cafeterias Starbucks no país. Outra novidade é a oferta dos cafés da rede ameri- cana nos voos da Vistara, companhia aérea indiana resul- tado de joint-venture entre a Tata Sons e a Singapore Air- lines. A empresa disponibilizará o café Starbucks em mais de 450 voos semanais para 17 destinos em toda a Índia. Outras estratégias foram anunciadas visando à melhoria da experiência do cliente no mercado indiano, a exemplo do lançamento de um aplicativo móvel para paga- mento, aliado à um programa de fidelidade; da inserção da marca de chá, Teavana, em 2017, uma grande oportunida- de em um país tradicionalmente consumidor da bebida; e descontos para aqueles que levam seus próprios copos, ação já adotada em lojas de outros países. China A Starbucks planeja a inauguração de um novo modelo de loja em Shangai, aliando uma torrefadora a uma loja de conceito premium, em 2017. Será o primeiro Starbucks Roastery e Reserve Tasting Room fora dos Es- tados Unidos. A China apresenta um mercado propício para a inserção da marca, em seus diversos formatos: a com- panhia já conta com mais de 2.100 lojas em mais de 100 cidades chinesas, planejando alcançar 3.400 estabeleci- mentos até 2019. Há previsão de aumento nas vendas de café, por cafeterias especializadas, na região Ásia-Pacífico nos próximos cinco anos, sendo que 60% desse aumento é representado pela China, segundo pesquisa realizada pela Euromonitor, divulgado pelo portal china.org. OCTÁVIO CAFÉ A Octavio Café, cafeteria brasileira inaugurada em 2007 e focada em cafés especiais, inaugurou recen- temente três novas lojas no Estado de São Paulo, sendo uma no Shopping Eldorado, na capital, e duas no Aero- porto de Viracopos, em Campinas. A companhia renovou sua marca e estabeleceu um novo design de lojas, cujo cardápio será mais enxu- to que aquele disponibilizado em sua matriz, com ape- nas vinte itens mais pedidos e quatro opções de preparo manual do café, além do espresso: prensa francesa, Ae- ropress, filtrado tradicional e Hario V60. O café servido nestes estabelecimentos será abastecido pelas próprias fazendas da empresa, que também comprará microlotes específicos para disponibilização sazonal. Segundo Jonas Picirillo, gerente geral de opera- ções do Octavio Café, em entrevista à Revista Espresso, o objetivo é abrir 25 lojas próprias até 2020. O executivo declarou que a ampliação será em todo o Brasil, mas que as primeiras unidades serão no Estado de São Paulo. A Octávio Café também disponibiliza seus cafés em empórios, supermercados, restaurantes e cafeterias em várias regiões brasileiras. CUPPY’S COFFEE A rede americana, Cuppy’s Coffee, que trabalha no modelo de franquia e drive-thru, já é uma das empre- sas de varejo de café e smoothies que mais cresce nos Estados Unidos. Suas franquias são gerenciadas de for- ma independente e há planos de inaugurar 1.500 novas lojas por todo o país, nos próximos cinco anos. A companhia busca firmar fortes parcerias para garantir um rápido crescimento, bem como o sucesso a longo prazo. Ademais, oferece uma variedade de flexíveis modelos de franquia para apoiar os objetivos individuais de cada franqueado. CAFETERIAS
  • 11. CREMA.CO A Crema.co é uma plataforma online para venda de cafés. Criada em 2015, a startup permite que várias torrefadoras independentes listem seus cafés de origem única para venda e sejam contatadas diretamente pelos consumidores para compra dos grãos. Dentre as suas funcionalidades, a empresa nor- te-americana desenvolveu um inovador aplicativo, o Brew Log, que funciona como um mecanismo de recomenda- ção de cafés com base em um detalhado perfil de cada consumidor, estabelecido a partir de suas experiências sensoriais. A tecnologia está amparada pelo Léxico Sen- sorial do Café, lançado este ano pelo World Coffee Rese- arch (WCR), no qual são identificados cerca de 110 atri- butos distintos ligados aos sabores do café. Este preciso mapeamento permitiu que a Crema.co pudesse classifi- car todos os grãos listados em sua plataforma, viabilizan- do a formação dos perfis de consumo. Tyler Tate, CEO e fundador da Crema.co, afirmou ao portal PRWeb que o Brew Log utiliza as mais recentes técnicas de pesquisa sensorial para descobrir atributos fundamentais das características de cada café, e então o mecanismo de recomendação fornece sugestões perso- nalizadas para o consumidor com base nestas mesmas características. Tate acredita que o aplicativo de reco- mendação é o próximo passo para o mercado de café inteligente do futuro. CAFÉS GELADOS Cold Brew O aumento do consumo de bebidas geladas si- naliza que esta tendência pode se consolidar e gerar um impacto duradouro no mercado. No Canadá, de acor- do com dados do Google Trends, as buscas pelo termo “Cold Brew”, um tipo de café extraído a frio em um longo processo (12 a 18 horas), aumentou 200% em 2016, em relação aos anos de 2014 e 2015. Esta bebida tende a ser mais leve e adocicada, em comparação aos cafés ex- traídos de forma tradicional, apresentando também me- nor acidez e cerca de 30% menos cafeína. Grandes redes já enxergam o potencial de mer- cado das bebidas geladas como uma forma de expan- dir seus negócios em café. A Starbucks já planeja dispor seus cafés gelados não só em suas lojas, mas também nas prateleiras dos supermercados e lojas de conveniên- cia americanas, ainda neste verão. A Dunkin’ Donuts, por sua vez, já é o varejista número um nos EUA de bebidas geladas e também introduziu em seu cardápio uma oferta no estilo Cold Brew. No Brasil, a bebida já pode ser en- contrada na Octávio Café, Bergamota Café, Gava Café, dentre outras cafeterias. O que era considerado exclusivo e restrito, até então uma categoria de bebidas que apenas poderia ser encontrada em cafeterias independentes e em alguns estabeleciementos comerciais, agora já promete apare-
  • 12. cer como uma linha de produtos popularizada e de fácil acesso. Vale ressaltar, contudo, que quando produzido de forma artesanal, apresenta curto prazo de validade, de 20 a 30 dias. Nitro Cold Brew O Nitro Cold Brew, bebida gelada à base de café, introduzida pela rede americana Stumptown no ano de 2013, tornou-se um produto extremamente popular entre os norte-americanos. A bebida é preparada basicamente como qualquer café gelado. Contudo, o habitual processo de fermentação e filtragem é aliado à infusão de gás nitro- gênio, por meio de uma válvula pressurizada, um método característico das cervejarias. O gás nitrogênio cria um efeito cremoso e dá à bebida uma textura suave e uma cor bastante peculiar, que lembra as cervejas do tipo Stout. Diversas companhias investem no sucesso dos cafés gelados e o Nitro Cold Brew já aparece nos cardá- pios das grandes redes, como a Starbucks, que oferece a bebida até agora apenas no Starbucks Reserve Roastery de Seatlle (EUA). Contudo, a rede pretende colocar o Nitro Cold Brew à disposição em mais de 500 lojas até o final do verão, começando com lojas adicionais em Seattle e Portland, seguido por Nova York, Chicago, Boston, San Francisco e Los Angeles. No Brasil, a bebida já pode ser encontrada em diversas cafeterias paulistanas. Versões enlatadas deste produto já são comercia- lizadas pela Blue Bottle e pela La Colombe, nos EUA. Elas são mais baratas que aquelas comercializadas em cafete- rias, também apresentando maior conveniência de consu- mo pela possibilidade do consumo on the go. CAFETERIAS INDEPENDENTES Uma onda de novas cafeterias especializadas e independentes, que procuram inovar e desafiar normas estabelecidas, transforma radicalmente o mercado de café em diversas regiões do mundo, em especial nos EUA e no Reino Unido. Tais estabelecimentos tendem a disponi- bilizar cafés de qualidade superior àquele encontrado em grandes redes, bem como um serviço mais personalizado e ambiente mais aconchegante. Outro benefício atribuído a estas empresas é a valorização do senso de comunida- de e de apoio a empreendedores locais, constantemente prejudicados pela abertura de grandes lojas de multinacio- nais. De acordo com o portal Character Magazine, em Londres, desde o ano de 2010, o número de inaugurações de estabelecimentos independentes é praticamente igual ao das grandes cadeias. Neste intervalo, em Nova York o número de cafeterias independentes já ultrapassou a quantidade de estabelecimentos gerenciados pelas gran- des redes. Cherryl Carrol, diretora do Caffè Culture Show, afirma em entrevista ao portal Hospitality & Catering News que, apesar de enfrentar grande concorrência das redes tradicionais, supermercados e outros, as cafeterias inde- pendentes vêm cumprindo seu papel de forma brilhante. Carrol salienta que é muito gratificante ver o quanto os negócios independentes estão contribuindo para a indús- tria de café no Reino Unido. Enfim, as cafeterias independentes elevam as expectativas dos consumidores sobre a qualidade do café. O segmento independente mostra-se mais forte do que nunca e seus clientes estão cada vez mais bem infor- mados e imersos na cultura amparada pela terceira onda do café, ligada à percepção do café como produto mais artesanal, único e de alta qualidade. SUSTENTABILIDADE O maior destaque e visibilidade dados às ações de sustentabilidade empresarial, bem como maior exigên- cia dos consumidores acerca de questões ambientais, levaram diversas empresas a investir em novas tecnolo- gias voltadas à correta destinação dos resíduos. Além da reciclagem de cápsulas e copos descartáveis, o mercado volta sua atenção para a borra de café e seus inúmeros potenciais. A Starbucks criou alternativas mais sustentáveis para o aproveitamento desses resíduos, sendo uma de- las a sua distribuição, para produtores coreanos, como forma de adubo para o cultivo de produtos agrícolas. Em março deste ano, a companhia doou 300 toneladas do composto, o suficiente para ser utilizado em uma área de 130 hectares. Tal ação fez com que a marca fosse considerada pelo Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais (MAFRA) do país como exemplo de cooperação com os produtores locais. Em outra iniciativa, a empresa desenvolveu, há alguns anos e em parceria com a Menicon Co. Ltd., uma tecnologia de fermentação, permitindo a transformação da borra de café, que possui alto valor nutricional, em ração animal para vacas leitei- ras, resultando num leite com baixa contagem de células somáticas - característica de um leite de boa qualidade. Recentemente, dois designers colombianos de- senvolveram a Hifa, uma cafeteira que, após o preparo do café, transfere esse resíduo para um compartimento escuro e úmido, criando as condições ideais para proli- feração do fungo micélio, que dá origem a cogumelos. O consumidor precisa apenas acrescentar água e aguardar alguns dias para colher este alimento. Outra utilização interessante foi descoberta pelo professor Julião Pereira, em sua tese de doutorado na Universidade Federal de Goiás (UFG): este resíduo, após um processamento que resulta da “torta do café”, constitui uma alternativa de baixo custo para obtenção de água potável, sendo um filtro considerado três vezes mais eficiente que o carvão ativado. A borra do café tam- bém é utilizada para confecção de artesanatos e, devido a seu alto número de antioxidantes, como base para fa- bricação de alguns tipos de cosméticos. 10
  • 13. PRODUÇÃO A análise do ambiente institucional da cafeicultura dos principais concorrentes brasileiros, feita ao longo dos últimos números deste relatório, oferece indícios de que o Brasil possui boas condições para manter sua posição no mercado mundial nos próximos anos. Embora os desafios sejam muitos, como em todos os concorrentes, os pontos fortes da cafeicultura brasileira são relevantes, enquanto os pontos fracos são menos graves do que em outros paí- ses. A produção de cafés especiais e certificados cresce a cada ano no país, o que mostra a capacidade de coordenação das organizações e atores envolvidos. O problema da escassez de mão de obra está, progressiva- mente, sendo amenizado com a adoção da mecanização. O aumento da produtividade evidencia que há difusão de tecnologia e o interesse dos cafeicultores nacionais em au- mentar a competitividade. De modo independente, novas áreas de produção se consolidam, como em Rondônia e no Cerrado Mineiro. Tudo isso contribui para a adaptação da cafeicultura brasileira às novas demandas do mercado. INDÚSTRIA A quebra da patente da Nespresso criou oportunida- des para inúmeras empresas concorrentes, das grandes às pe- quenas, mas está cada vez mais claro que também prejudicou o domínio que a companhia possui no setor. Apesar do foco na qualidade, das economias de escala e do pioneirismo, o cres- cimento da Nespresso já não é tão grande quanto há alguns anos. Mesmo na Europa Ocidental, o principal mercado da marca, a participação caiu. A perda de espaço para a irmã Nescafé Dolce Gusto ajuda a entender os desafios da marca nos próximos anos. O café espresso não é o método de preparo mais comum em muitas regiões, como nos Estados Unidos e no Brasil, o que pode dificultar a conquista de mercado. Além disso, muitos consumidores preferem máquinas capazes de preparar outras bebidas quentes, como chás e achocolatados. O café espres- so ainda tem seu nicho de mercado, mas há indícios de que a maior fatia ficará com as máquinas multi bebidas. Por outro lado, a crescente preocupação com o des- tino das cápsulas usadas pode ser algo favorável à Nespresso. Em comparação com seus maiores concorrentes, a companhia está adiantada em sua estratégia de reciclagem e isso pode pe- sar na decisão final dos consumidores. CAFETERIAS Os cafés gelados apresentam grande potencial no mercado brasileiro, já que atendem, também, a um crescente público jovem e curioso acerca das novas for- mas de consumo da bebida. Sua variedade de preparos atende aos mais variados consumidores, desde aque- les aficionados, com preferência pela bebida mais pura, até aqueles que desejam um drink de café com diversos complementos, como sorvete, chocolate, chantilly, entre outros. Para os consumidores mais exigentes, uma boa opção são os clubes de assinatura, com foco em cafés especiais, de variadas origens e com torra recente, den- tre outros fatores. É uma oportunidade de acesso a cafés únicos, com baixa disponibilidade no país, especialmente em regiões interioranas, ampliando a biblioteca sensorial do consumidor. Outra oportunidade para as cafeterias brasileiras consiste nas diversas formas de aproveitamento da borra de café, que vão desde sua utilização como adubo até como matéria-prima para artesanatos. É também uma forma de atuação mais sustentável, benéfica tanto eco- nômica como ambientalmente. INSIGHTS
  • 14. Coordenador do Centro de Inteligência em Mercados: Prof. Dr. Luiz Gonzaga de Castro Junior. Coordenadores do Bureau: Me. Eduardo Cesar Silva Me. Elisa Reis Guimarães Equipe de Analistas: Angélica da Silva Azevedo Diego Humberto de Oliveira Gislene Nogueira de Souza Gustavo Costa Prado Alves Lucas da Silva Pereira Marina de Barros Nilmar Diogo dos Reis Analista Internacional (Europa) Dr. José Márcio Carvalho EQUIPE Endereço: Centro de Inteligência em Mercados, Agência de Inovação e Desenvolvimento do Café, Universidade Federal de Lavras, CEP: 37200-000. Telefone: (35) 3829-1443 E-mail: cim@nucleoestudo.ufla.br FONTES Produção: AFK Insider, Agrimoney, All Africa, Comunicaffe, Exchan- ge, FAO, Perfect Daily Grind, Phys.org, USAToday,Vending MarketWa- tch, Wageningen UR. Indústria: Bloomberg, Boston Globe, Business Insider, CafePoint, El País, ESMMagazine, Falando de Varejo, Finance, Globo Rural, La Stampa, Manos Verdes, Mercado, Nespresso Itália, Pe- cohue, PRNewswire, Retail Times, The Verge, Vending Market, Wired. it Cafeterias: Aabaco Small Business, Bitterwallet, Business Insider, Business Journal, Business Wire, Café do Mercado, Caveman Coffee Co., Character Magazine, China.org.cn, Clube Café, Colombia Reports, Crema.co, CTV News Vancouver, Enterprise Innovation, Esquire, Folha Uol, Food & Beverage Magazine, Foodbev Media, Forbes, Fortune, Franchise India Bureau, Franchising.com, Freshcup Magazine, G1 Goi- ás, Hospitality and Catering News, India Infoline News, Isle of Man, Jo- etap.com, Live Mint, Octávio Café, Quem Inova, Pilot Coffee Roasters, Press Release Rocket, Prolific North, Prweb, Revista Espresso, Scholar Works of Walden University, Sprugde, Starbucks 1912pike, Starbucks News, The Financial Express, The Food Institute, The Korea Bizwire, The Star, Times Union , TNT Magazine, Wired, World Coffee Portal. PROJETO GRÁFICO: INOUT COMUNICAÇÃO CONTATO