O documento discute a importância da mansidão, paciência e afabilidade ensinadas por Jesus. Apregoa que a violência e cólera são contrárias aos ensinamentos cristãos e que devemos nos esforçar para dominar nossos impulsos agressivos através da vontade, já que isso nos aproxima de Deus e do progresso espiritual.
2. Injúria:
Ação ou dito ofensivo; em que há insulto, ofensa que
prejudica a dignidade de alguém: dano por injúria.
Ação de violar o direito de outra pessoa; injustiça.
Violência:
Ação ou efeito de empregar força física ou
intimidação moral contra; ato violento.
INJURIA E VIOLÊNCIA
3. “Bem-aventurados os mansos, pois eles
possuirão a Terra.” (Mateus,V:5).
“Bem-aventurados os pacíficos, pois serão
chamados filhos de Deus.” (Mateus,V:9)
INJURIA E VIOLÊNCIA
4. Mansos:
“De gênio afável, sossegado, bom; dócil, pacato.
Em estado de tranquilidade; apaziguado, calmo.”
Dóceis:
Que aprende com facilidade. que se submete a
alguém ou a algo, sem oferecer resistência.
MANSOS E PACÍFICOS:
5. “Aprendestes o que foi dito aos antigos: Não matarás, e
aquele que matar merecerá ser réu no juízo final. Mas
Eu vos digo que qualquer um que se encolerizar contra
seu irmão merecerá ser réu no juízo; que aquele que
disser ao seu irmão: Raca, merecerá ser réu no conselho;
e aquele que disser: és louco, merecerá ser
condenado...”
INJURIA E VIOLÊNCIA
6. 115- Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e
outros maus?
“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem
saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de
esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição,
pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si.
621-Onde está escrita a Lei de Deus?
“Na consciência.”
SEMPRE FUI ASSIM!!
7. Por essas máximas, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a
moderação, a afabilidade e a paciência. Condena, em razão disso, a
violência, a cólera, e mesmo toda expressão descortês com relação
aos seus semelhantes.
É evidente, tanto aqui como em qualquer circunstância, que a
intenção agrava ou atenua a falta. Mas por que uma simples
palavra (raca) pode ter tamanha gravidade, para merecer uma
reprovação tão severa? É que toda palavra ofensiva é a expressão de
um sentimento contrário à lei de amor e de caridade, que deve
regular as relações humanas, mantendo a concórdia e a união. É
um atentado à benevolência recíproca e à fraternidade, entretendo
o ódio e a animosidade. Enfim, depois da humildade perante Deus,
a caridade para com o próximo é a primeira lei de todo cristão.
INJURIA E VIOLÊNCIA
8. Mas o que quer dizer Jesus com estas palavras?
“Bem-aventurados os mansos, pois eles possuirão a Terra?”.
Esperando pelos bens do céu, o homem necessita dos bens
da Terra para viver. O que Ele recomenda, simplesmente, é
não dar a estes últimos mais importância do que aos
primeiros. Por essas palavras, Jesus quer dizer que, até
agora, os bens terrenos foram subtraídos pelos violentos, em
detrimento dos mansos e pacíficos; que para estes falta,
muitas vezes, até o necessário, enquanto que os outros
dispõem do supérfluo.
9. A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor
ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a
sua manifestação.
Afabilidade:
Qualidade ou comportamento de quem é afável; atributo de
quem é cortês, delicado;
Doçura:
Pessoa meiga, atenciosa, agradável
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
A AFABILIDADE E A DOÇURA
10. Quantos há, cuja fingida simplicidade não passa
de uma máscara exterior, uma roupa cujo corte
bem calculado dissimula as deformidades
ocultas! O mundo está cheio dessas pessoas que
têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração;
que são doces, contanto que ninguém as moleste,
mas que mordem à menor contrariedade, cuja
língua, dourada quando falam cara a cara, se
transforma em dardos envenenados, quando
falam por trás.
ALERTAM OS ESPÍRITOS:
11. A estes são os homens que são bondosos na aparência, mas
tiranos domésticos, que fazem sofrer a família e os subordinados
com o peso do seu orgulho e do seu despotismo. Não ousando se
impor perante os estranhos, que os colocariam em seu lugar,
querem ao menos ser temidos por aqueles que não podem
resistir-lhes. Envaidecem-se de poderem dizer: “Aqui eu mando e
sou obedecido”, sem imaginar que poderiam acrescentar, mais
seguramente: “E sou detestado”
Não basta que dos lábios destilem leite e mel, pois, se o coração
nada tem com isso, trata-se apenas de hipocrisia. Aquele cuja
afabilidade e doçura não são fingidas jamais se contradiz. É o
mesmo diante do mundo ou na intimidade, e sabe que, além
disso, se pode enganar os homens pelas aparências, não pode
enganar a Deus.
12. Sede pacientes, pois a paciência também é uma caridade, e deveis
praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A
caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de
todas, mas há uma bem mais penosa e, consequentemente, bem
mais meritória: a de perdoar àqueles que Deus colocou em
nosso caminho, para serem os instrumentos de nossos
sofrimentos e colocar nossa paciência à prova.
Coragem, amigos, o Cristo é o vosso modelo. Ele sofreu muito
mais do que qualquer um de vós, e nada tinha de que se acusar,
enquanto vós tendes a expiar o vosso passado e de fortalecer-vos
para o futuro. Sede, então, pacientes, sede cristãos: esta palavra
resume tudo.
A PACIÊNCIA
13. A doutrina de Jesus ensina sempre a obediência e a resignação,
duas virtudes companheiras da doçura, muito ativas, embora os
homens as confundam erroneamente com a negação do sentimento
e da vontade.
A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o
consentimento do coração.
Cada época é assim marcada pelo cunho da virtude ou do vício que
devem salvá-la ou perdê-la. A virtude de vossa geração é a atividade
intelectual, seu vício é a indiferença moral. Toda resistência
orgulhosa deverá ceder, cedo ou tarde. Mas bem-aventurados os
que são mansos, porque darão ouvidos, docilmente, aos
ensinamentos.
OBEDIÊNCIA E
RESIGNAÇÃO
14. Procurai a origem desses acessos de demência passageira, que vos
assemelham aos brutos, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão;
procurai-a e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido.
Em seu frenesi, o homem encolerizado se volta contra tudo, à própria
natureza bruta, aos objetos inanimados, que despedaça por não lhe
obedecerem. Ah! Se nesses momentos ele pudesse ver-se a sangue-frio,
teria aversão a si mesmo ou se reconheceria ridículo!
Se ele percebesse que a cólera não leva a nada, que lhe altera a saúde,
compromete a sua própria vida, veria que é ele mesmo a sua primeira
vítima.
Enfim, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede
que se faça o bem, podendo levar à prática do mal. Isto deve bastar para
que haja esforços em dominá-la. O espírita, além disso, é solicitado por
um outro motivo: a cólera é contrária à caridade e à humildade cristãs.
A CÓLERA
15. Segundo a ideia muito falsa de que não se pode modificar a própria
natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir
dos defeitos nos quais se compraz voluntariamente... Em vez de se julgar
culpado, atribui a falta à sua natureza...
Mas não acrediteis que seja essa a causa fundamental da cólera, e sim
que um Espírito pacífico, mesmo num corpo bilioso, será sempre
pacífico, enquanto um Espírito violento, num corpo débil, não seria mais
dócil. O corpo não dá impulsos de cólera àquele que não os possui,
assim como não dá outros vícios.
A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da
vontade pelas transformações verdadeiramente miraculosas que se
operam aos vossos olhos? Dizei, então, que o homem somente
permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se,
sempre o pode fazer, pois se assim não fosse, a lei de progresso não
existiria para ele.
HAHNEMANN – PARIS, 1863