A sociologia surgiu no Brasil em 1865, inicialmente influenciada pelo positivismo. Grandes sociólogos como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda e Caio Prado Junior analisaram temas como a formação do povo brasileiro, a escravidão e o processo de colonização. Florestan Fernandes fundou a sociologia crítica no Brasil e estudou estruturas de classe e o capitalismo dependente.
2. Histórico: Sociologia no Brasil
Começa a surgir em 1865.
Grande influência do positivismo (Augusto Comte).
Obras de referência:
“A escravatura no Brasil” (Brandão Júnior)
“Etnologia Selvagem” (Silvio Romero)
“Etnografia brasileira” (Silvio Romero)
1920 - Sociologia torna-se disciplina de Ensino
Médio em São Paulo e Rio de Janeiro.
Décadas de 1930 e 1940 – iniciam-se a formação
dos primeiros sociólogos nas Universidades do
país.
3. Histórico: Sociologia no Brasil
1933 – Fundação da Escola Livre de Sociologia e
Política (ELSP).
1934 e 1935 – USP e UDF passam a formar
professores de Sociologia para Ensino Médio.
Década de 30 – o sociólogo tem mercado de
trabalho: presta serviço para governo, ou vira
professor.
Década de 50/60 – Sociólogos formados para
produzir soluções para problemas nacionais,
utilizando razão e ciência.
Ex: Florestan Fernandes.
4. Histórico: Sociologia no Brasil
1942 – Sociologia obrigatória nos magistérios.
1964-1982 – Ditadura Militar:
Sociologia desaparece das escolas brasileiras.
1980-2008 – Leis de Diretrizes e Bases (LDB)
recola Sociologia como não obrigatória. Cabe aos
governos estaduais e municipais inserir a
disciplina como obrigatória.
2009 – Ao lado da Filosofia, a Sociologia se torna
disciplina obrigatória no Ensino Médio.
5. Grandes Sociólogos Brasileiros
Brandão Filho
Silvio Romero
Gilberto Freyre
Oliveira Viana
Fernando Azevedo
Sérgio Buarque de
Hollanda
Caio Prado Junior
Florestan Fernandes
Antônio Cândido
Octavio Ianni
Fernando Henrique
Cardoso
Francisco Weffort
José de Souza Martins
Maurício Tragtemberg
Darcy Ribeiro
Roberto DaMatta
Raymundo Faoro
6. Geração de 1930
Discussões sobre o Brasil “verdadeiro” e o
“colonizado”.
Descrições etnográficas, sentimento nacionalista,
proteção à indústria e comércio nacional.
Valorização do cientificismo.
7. Gilberto Freyre (1900 – 1987)
Obra principal:
“Casa-grande e Senzala”
(1933)
Formação do povo brasileiro:
mestiçagem (brancos, negros e
índios).
Estrutura social brasileira:
Casa-Grande e o
patriarcalismo.
8. Gilberto Freyre (1900 – 1987)
A Casa-Grande incorpora os elementos sociais ao
seu redor e não os exclui.
O patriarca se torna dono de todos ao seu redor:
escravos, parentes, esposa e filhos.
Miscigenação:
Freyre refuta a existência de uma raça inferior no Brasil.
Exalta o lado positivo dessa mistura de raças.
9. Sérgio Buarque de Hollanda (1902 – 1982)
Obra principal:
Raízes do Brasil
Cordialidade do brasileiro:
O brasileiro é cordial quase que por
natureza. (É um exemplo de tipo
ideal weberiano)
“A cordialidade... a lhaneza* no trato, a
hospitalidade, a generosidade, virtudes
tão gabadas por estrangeiros que nos
visitam, representam com efeito um
traço definitivo do caráter brasileiro...”
(Sérgio Buarque de Hollanda - Raízes do Brasil, 1936)
*lhaneza = sinceridade
10. Sérgio Buarque de Hollanda (1902 – 1982)
Colonização brasileira: semeadores e ladrilhadores
Também são Tipos Ideais
Semeadores: portugueses
Queixou-se veemente da má vontade deles para com as letras,
para com a imprensa e a educação, deixando o Brasil colônia
mergulhado por três séculos numa ignorância estratégica.
Viu-os como simples semeadores que mal queriam sair do
litoral.
Ladrilhadores: espanhóis
Embrenhou-se no coração da América, ocupando-a com
cidades planejadas, abrindo escolas, gráficas e universidades,
desbugrando o Novo Mundo
11. Sérgio Buarque de Hollanda (1902 – 1982)
A escravidão teve um papel fundamental na
formação do Brasil, que cunhou duas ideias
principais:
O trabalho é desvalorizado.
A busca por “prosperidade sem custos”.
Aventura e trabalho:
Existem dois tipos de homens: um com olhar mais amplo, o
aventureiro, e outro com olhar mais restrito, o trabalhador. No
entanto, esses dois homens se confundem dentro de si mesmo.
12. Sérgio Buarque de Hollanda (1902 – 1982)
Entraves para a democracia:
O brasileiro tem um apego muito forte ao recinto doméstico,
uma relutância em aceitar a superindividualidade.
Poucos profissionais se limitam a ser apenas homens de sua
profissão.
Há um grande desejo em alcançar prestígio e dinheiro sem
esforço.
Para o autor a democracia foi “sempre um mal-entendido” no
Brasil: os grandes movimentos sociais e políticos vieram de
cima para baixo, o povo ficou indiferente a tudo.
13. Caio Prado Junior (1907 – 1990)
Obra principal:
Formação do Brasil
Contemporâneo
Inaugura uma sociologia
brasileira de cunho marxista.
Processo colonial é
fundamental na formação do
Brasil contemporâneo.
14. Caio Prado Junior (1907 – 1990)
Colônia: razão de ser era o trabalho voltado para
exportação, com base no trabalho escravo. Isso
marca profundamente as instituições brasileiras.
Sentido da Colonização:
Linha “mestra da História”.
Análise da parte pelo todo.
Navegação e pioneirismo português.
Colonização exploradora
Outros povos que colonizam.
15. Caio Prado Junior (1907 – 1990)
Sentido da Colonização:
Papel da América p/ os europeus.
Inaptibilidade dos brancos nos trópicos
Colonização de Povoamento x Colonização de Exploração.
Ideia de Revolução Brasileira
Influência marxista
Contexto: golpe militar
Fala de uma burguesia brasileira.
Questão dos negros
São os mais alienados do país.
Envolveu-se em um episódio de racismo com Milton Santos.
16. Florestan Fernandes (1920 – 1995)
Obra principal:
Revolução Burguesa no
Brasil
Proposta de estudar a
sociedade por padrões ou
estruturas fundamentadas
pela organização social e
pelos dilemas (conjunturas
históricas) reflexão teórica.
17. Florestan Fernandes (1920 – 1995)
A sociedade podia ser estudada pelos padrões ou
estrutura, isto é, os fundamentos da organização
social pelos dilemas (conjunturas históricas), que
eram contradições geradas pela dinâmica interna
da estrutura.
18. Florestan Fernandes (1920 – 1995)
Em suas análises foi capaz de basear seus estudos em
diversos sociólogos clássicos como:
Spencer, Comte, Marx, Durkheim, Weber, Mannheim,
Parsons, Merton e Marcuse, entre outros.
Principais estudos:
As relações sociais;
Estrutura de classes da sociedade brasileira;
O capitalismo dependente;
O papel do intelectual.
19. Florestan Fernandes (1920 – 1995)
Escravização: Fetichismo de cor e o “mito da
democracia racial”
Foi o primeiro a tratar academicamente, com mais
vigor, da questão da democracia racial.
Foi o que mais estudou e atacou.
Ele caracterizou a noção de democracia racial
brasileira como um instrumento de luta de classes
para a manutenção do sistema de classes vigente,
além de ver na democracia racial um instrumento
contra os movimentos antirracistas no Brasil.
20. Florestan Fernandes (1920 – 1995)
Tema recorrente: possibilidade de revolução.
Fundador da sociologia crítica no Brasil. Toda a sua
produção intelectual está impregnada de um estilo
de reflexão que questiona a realidade social e o
pensamento.
21. Fernando Henrique Cardoso (1931 – ____)
Como sociólogo, escreveu obras
importantes para a teoria do
desenvolvimento econômico e
das relações internacionais.
Dedicou-se ao aprofundamento
de suas teorias durante o
período em que viveu no exílio
durante o golpe militar de 1964.
22. Fernando Henrique Cardoso (1931 – ____)
Um dos ideólogos da corrente dependentista ou
desenvolvimentista. Participando dos grupos de
estudos que resultaram na elaboração da Teoria da
Dependência, diferenciando-se porém, da vertente
marxista, liderada por Theotonio dos Santos e Ruy
Mauro Marini.
Sua teoria sugere que os países subdesenvolvidos
devam se associar entre si, buscando um caminho
capitalista alternativo para o desenvolvimento,
livrando-se da dependência das grandes potências.
23. Fernando Henrique Cardoso (1931 – ____)
Era contrário à tese de que os países do terceiro
mundo se desenvolveriam só se tivessem uma
revolução socialista.
Em julho de 1995, foi homenageado com os graus de
doutor honoris causa da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra e da Faculdade de
Economia da Universidade do Porto.
24. Darcy Ribeiro (1922 – 1997)
Obra principal:
“O Povo Brasileiro: a
formação e o sentido do
Brasil”
25. Darcy Ribeiro (1922 – 1997)
Mestiçagem:
Pilares: as matrizes que compuseram o nosso povo; as
proporções que essa mistura tomou em nosso país; as
condições ambientais em que ela ocorreu; e os objetivos de
vida e produção assumidos por cada uma dessas matrizes.
Forças: ecologia, economia e imigração.
Temos um cultura inédita, baseada no escravismo e
mercantilismo.
Mistura de raças:
Gestação étnica – mais intensa no período da mineração.
Conflitos interétnicos: índios x colonos
26. Darcy Ribeiro (1922 – 1997)
Cunhadismo:
Prática indígena que tornou possível incorporar estranhos às
comunidades.
Consistia em se oferecer uma moça índia como esposa aos
recém-chegados.
A partir de então, o estranho estabelecia uma relação de
parentesco com os índios dessa família.
Esse processo acabou influenciando decisivamente no
processo de formação do brasileiro
27. Darcy Ribeiro (1922 – 1997)
Racismo assimilacionista:
O brasileiro não discrimina pela origem racial, mas sim pela
cor da pele.
Os Brasis:
Crioulo (origem negra)
Caboclo (origem indígena)
Sertanejo (origem rural – grandes fazendas)
Caipira (origem pós mineração - interior)
Sulistas
Brasil: nova Roma – grande mestiçagem.
28. Raymundo Faoro (1925 – 2003)
Obra principal:
Os donos do poder
Absorção da burguesia pelo
Estado: estamento burocrático
(colônia, império e república).
A característica básica da vida
política brasileira é a existência
de um Estado forte e
centralizador: patrimonialismo
estamental.
29. Raymundo Faoro (1925 – 2003)
• Estado é analisado segundo a esfera de atuação dos ensejos
pessoais do rei – até a República Velha e o Estado
Autoritário Varguista – pelo qual permaneceram estreitos
os laços entre a esfera pública (a burocracia) e a privada (o
estamento que controla a primeira).
• Absorção da burguesia pelo Estado – estamento
burocrático (colônia, império e república)
• A característica básica da vida política brasileira é a
existência de um Estado forte e centralizador:
patrimonialismo estamental
30. Raymundo Faoro (1925 – 2003)
Feudalismo constituiria a divisão social
predominante da Idade Média que daria origem às
conquistas políticas de um dos estamentos –
considerados as divisões da sociedade segundo a
posição não somente econômica mas, sobretudo,
cultural (o status, prestígio) – sob a forma
corporativa (burocrática) e, consequentemente, o
usufruto deste estamento da esfera de atuação
política (gerando os laços patrimonialistas nas
instâncias do Estado).
31. Celso Furtado (1920 – 2004)
Obra: “Formação
Econômica do Brasil”.
O subdesenvolvimento
não é etapa para o
desenvolvimento.
No entanto, é condição
de existência do
desenvolvimento.