Mais uma publicação no afã de difundir a mais pura exposição do ensino genuíno da Palavra de Deus, especialmente do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, fundamentada nos escritos dos puritanos históricos e daqueles que foram os seus seguidores até o presente.
2. 2
“O nosso Deus é o Deus da salvação; e a DEUS,
o Senhor, pertencem os livramentos da morte.
Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de seus
inimigos e o crânio cabeludo do que anda em suas
culpas.” (Salmos 68:20,21)
Não importa o que for dito sobre a dispensação
do Antigo Testamento, e embora de forma tênue
ela possa ter revelado algumas verdades de Deus,
contudo havia uma questão que era clara como o
sol, sob a economia do Antigo Testamento, a
saber, o Senhor Deus de Israel é sempre
muitíssimo notável. Deus está em tudo e sobre
tudo, e a partir das páginas dos profetas, assim
como dos lábios dos coros do templo, ouvimos
soando alto a nota: “O Senhor reinará
eternamente; o teu Deus, ó Sião, de geração em
geração. Louvai ao Senhor” (Salmos 146:10).
Pelo sacerdote e profeta, santo e vidente, o
testemunho único é confirmado: “O SENHOR
reina”. Você não pode ler o livro de Jó sem tremer
na majestosa presença do Altíssimo. Também não
podemos nos voltar para os Salmos sem sermos
tomados com solene reverência, à medida que
você vê Davi, Asafe, Hemã adorando o Senhor
que fez o céu, a terra e o mar.
Em todas as passagens, desde Abraão até
Malaquias, o homem é tido em pouca
3. 3
consideração e Deus é tudo em todos.
Pouquíssima atenção é dada para quaisquer
direitos imaginários e reivindicações do homem,
e o espanto é demonstrado no fato do Criador
atentar para o homem. Não lemos nenhum
discurso sobre a dignidade da natureza humana,
ou sobre a beleza do caráter humano, mas Deus,
por Si só, é santo e quando Ele olha do Céu Ele
não vê ninguém que faça o bem, nenhum sequer!
O homem é envolvido no pó de onde ele surgiu e
para o qual ele retornará. Todo o seu orgulho é
extirpado e sua formosura mirrada e, acima de
tudo somente Deus é visto e ninguém ao lado
dEle.
Será uma grande ofensa se, entrando na luz mais
brilhante do Novo Testamento, formos menos
vívidos em nossas concepções sobre a glória de
Deus. Se Deus for menos claramente visto na
Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo do que
quando Ele estava sob os símbolos da Lei, será
culpa de nossos corações cegos. Será prejudicial
para nós transformarmos o dia em noite e, como
corujas, vejamos menos porque a luz é
aumentada! Que não seja assim entre nós, mas que
seja em nossas igrejas como no antigo Israel, do
qual foi dito: “Conhecido é Deus em Judá; grande
é o seu nome em Israel” [Salmos 76:1]. “Havendo
Deus antigamente falado muitas vezes, e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós
4. 4
falou-nos nestes últimos dias pelo Filho”
[Hebreus 1:1], e por Ele, como o Verbo
encarnado, Ele se revelou com um esplendor
sétuplo, portanto, deve ser o grande deleite de
nossa alma perceber Deus em todas as coisas, nos
alegrarmos em Sua presença e engrandecê-lo em
todas as coisas como Rei dos reis e Senhor dos
senhores!
O Salmista, neste caso particular, atribui ao
Senhor a ação universal e poder sobre nós, pois
ele atribui a Ele as misericórdias da vida e as
questões da morte. Ele diz: “Bendito seja o
Senhor, que de dia em dia nos carrega de
benefícios” [Salmos 68:19]. O Senhor amontoa
Seus favores até que seu número se acumula na
memória e seu valor sobrecarrega os ombros da
gratidão. Ele nos concede tantas misericórdias que
a mente é dominada no esforço para calcular o seu
valor! Somos sobrecarregados com um senso de
Sua bondade e a consciência de que não podemos
retornar algum agradecimento adequado para tal
abundância de graça diária. Esse é o nosso Deus
na vida, Ele será na morte? Ficaremos sem Ele ali?
Não, bendito seja o Seu nome, “a DEUS, o
Senhor, pertencem os livramentos da morte”
[Salmos 68:20]. Seu reino inclui a terra da sombra
da morte e todos os seus termos. Nós não
morreremos sem Sua permissão, nem sem a Sua
5. 5
presença! Embora misericórdias temporais
encontrarão o seu fim quando a vida terminar,
ainda existem misericórdias eternas que ao longo
da vida eterna devem manifestar a bondade do
Altíssimo. E enquanto isso, por salvamentos,
recuperações e fugas, seremos preservados de
descer ao túmulo prematuramente.
Se qualquer um de vocês, queridos amigos, foram
trazidos para perto das portas da morte; se foram
derrubados pela doença cansativa; se o seu
coração se afundou dentro de você em uma
espécie de morte mental, você irá, ao voltar à
saúde e à força, mais cordialmente bendizer ao
Senhor, que encontra para nós um caminho para
retornarmos das proximidades do sepulcro! Ele
não somente é o Deus da vida, mas o Deus na
morte. Ele nos mantém em vida e torna a vida
feliz. Ele nos impede da morte e das agências
ferozes que esperam arrastar-nos para o túmulo.
Há questões fora da sombria terra limítrofe da
doença, perigo e desespero, e o Senhor nos conduz
pela Sua própria mão direita, para conduzir-nos ao
livramento. Será que Ele não diz: “Eu os farei
voltar de Basã, farei voltar o meu povo das
profundezas do mar”? [Salmos 68:22]. Devemos
e vamos louvá-lo por isso com um novo cântico!
Eu entendo a partir de nosso texto que a morte está
na mão de Deus; que os livramentos da morte são
6. 6
manifestações de Seu poder Divino e que Ele é
digno de ser louvado por eles.
O esboço do discurso desta manhã, como indicado
pelo texto, é apenas isso: Em primeiro lugar, a
prerrogativa soberana de Deus: “a DEUS, o
Senhor, pertencem os livramentos da morte”. Em
segundo lugar, o caráter do Soberano a quem essa
prerrogativa pertence: “O nosso Deus é o Deus da
salvação”. E, em seguida, em terceiro lugar, a
solene advertência que este grande Soberano dá
em referência ao exercício de Sua prerrogativa.
Severas são as palavras! Que o Espírito Santo nos
conduza a sentir o Seu poder: “Deus ferirá
gravemente a cabeça de seus inimigos e o crânio
cabeludo do que anda em suas culpas”.
I. Primeiro, então, com profunda reverência,
falaremos sobre A SOBERANA
PRERROGATIVA DE DEUS. “A DEUS, o
Senhor, pertencem os livramentos da morte”. Reis
estiveram acostumados a deter o poder da vida e
da morte em suas próprias mãos. O grande Rei dos
reis, o Governante soberano e Senhor absoluto de
todos os mundos reserva isso mesmo a Si, Ele
permitirá que os homens morram ou lhes dará
livramento da morte segundo aprouver à Sua
própria boa vontade e prazer. Ele pode igualmente
criar e destruir. Ele envia o Seu Espírito e eles são
criados e em Seu próprio prazer Ele diz: “Voltai,
7. 7
ó filhos dos homens”, e eis que eles caem diante
dEle como as folhas caídas no outono!
A prerrogativa da vida ou morte pertence a Deus
em uma ampla gama de sentidos. Primeiro de
tudo, quanto à vida natural somos todos
dependentes de Sua boa vontade. Nós não
morreremos até o tempo que Ele indica, pois o
tempo de nossa morte, como todo o nosso tempo,
está em Suas mãos. Nossas orlas podem roçar nos
portais do sepulcro e ainda atravessarmos o portão
de ferro ilesos se o Senhor for o nosso Protetor.
Os lobos da doença nos caçam em vão até que
Deus permite-lhes vencer-nos.
Os inimigos mais desesperados podem nos atacar
de surpresa, mas nenhuma bala encontrará o seu
destino em qualquer coração sem que o Senhor o
permita. Nossa vida nem sequer depende do
cuidado dos anjos, nem a nossa morte pode ser
causada pela malícia dos demônios. Somos
imortais até que nosso trabalho esteja concluído!
Somos imortais até que o Rei imortal chame-nos
de volta à terra onde seremos imortais em um
sentido ainda mais elevado.
Quando estamos muito doentes e mais prontos
para desfalecer na sepultura, não precisamos nos
desesperar por causa da recuperação, uma vez que
as questões da morte estão nas mãos do Todo-
8. 8
Poderoso: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz
descer à sepultura e faz tornar a subir dela” [1
Samuel 2:6]. Quando o nosso estado estiver além
da habilidade do médico, não estamos além do
socorro do nosso Deus, a quem pertence os
livramentos da morte. Espiritualmente também,
essa prerrogativa está em Deus. Estamos, por
natureza, sob a condenação da Lei por causa dos
nossos pecados, e nós somos como criminosos
julgados, condenados, sentenciados e enviados
para a morte. Pertence a Deus, como o grande
Juiz, ver a sentença executada, ou emitir um
perdão gratuito, de acordo com o que Lhe agrada!
E Ele nos fará saber que é do Seu supremo prazer
que este assunto depende.
Sobre a cabeça de um universo de pecadores, eu
ouço esta frase retumbante: “Compadecer-me-ei
de quem me compadecer, e terei misericórdia de
quem eu tiver misericórdia” [Romanos 9:15].
Presos nos laços da morte, como os homens estão
devido aos seus pecados, pertence a Deus perdoar
quem Ele quer, ninguém tem qualquer pretensão
de Seu favor e este deve ser exercido mediante
mera prerrogativa, porque Ele é o Senhor Deus,
misericordioso e clemente e Ele tem prazer em
perdoar a transgressão e o pecado. Assim,
também, o Senhor liberta Seu próprio povo crente
da “morte, muitas vezes”, que faz parte da
experiência deles. Embora, em Cristo Jesus, nós
9. 9
sejamos libertos da morte como penalidade,
entretanto muitas vezes sentimos uma morte
interior causada pela velha natureza, que exerce
uma influência mortal dentro de nós. Sentimos a
sentença de morte em nós mesmos que não
podemos confiar em nós mesmos, mas em Jesus,
em quem a nossa vida está escondida.
Pode ser que por algum tempo as nossas alegrias
estejam amortecidas, o nosso vigor espiritual
desvaneça, e dificilmente possamos saber se
temos alguma vida espiritual remanescente dentro
de nós. Tornamo-nos como as árvores de inverno
cuja substância existe em si, mas a seiva deixa de
fluir e não há nem fruto nem folha para acusar a
vida interior secreta. Nós quase não sentimos uma
emoção espiritual nestes tempos tristes e não nos
atrevemos a nos incluir entre os vivos em Sião!
Nesses momentos, o Senhor pode nos devolver a
plenitude da vida! Só Ele pode restaurar nossa
alma da cova da corrupção e levar-nos não
somente para a vida, mas para tê-la mui
abundantemente. Os livramentos da morte estão
com o Espírito vivificador e quando nossas almas
apegam-se ao pó, Ele pode nos revivificar
novamente, até que exultemos com alegria
indizível!
Como o clímax de tudo, quando realmente
viermos a morrer e quando esses nossos corpos
10. 10
descerão ao túmulo sem piedade, como
provavelmente eles irão, nas mãos de nosso
Senhor Redentor estão os livramentos da morte!
O arcanjo está agora mesmo esperando o sinal,
uma rajada de sua trombeta será suficiente para
reunir os eleitos de todas as terras, do leste ao
oeste, do sul ao norte! Então, a morte, em si, deve
desaparecer, e os justos se levantarão:
“Dos leitos de pó e barro silencioso,
Para os reinos do dia eterno.”
“Eu sou a ressurreição e a vida” [João 11:25], diz
Cristo, e Ele é ambos para todo o Seu povo. Não
é Ele a Vida, pois Ele diz: “quem crê em mim,
ainda que esteja morto, viverá”? Não é Ele a
Ressurreição, pois Ele diz: “quem crê em mim,
ainda que esteja morto, viverá”? Aquele
resplandecente dia brilhante em que os santos hão
de subir com o seu Senhor mostrará como a Deus,
o Senhor, pertencem os livramentos da morte!
A nossa tradução é muito feliz, porque ela traz
tantas representações e inclui não apenas o
livramento da morte, a libertação da condenação,
renascimento da morte espiritual e o levantar-se
da mortal depressão mental, mas o resgate de
estragos diretos da morte pelo nosso ser
11. 11
ressuscitado novamente do túmulo! Em todos
estes aspectos, o Senhor Jesus tem a chave da
morte, Ele abre e ninguém fecha, Ele fecha e
ninguém abre. Quanto a esta prerrogativa,
podemos dizer, primeiro, que a Deus pertence o
direito de exercê-la. Este direito advém, em
primeiro lugar, dEle ser o nosso Criador. Ele diz:
“todas as almas são minhas” [Ezequiel 18:4]. Ele
tem um direito absoluto de fazer conosco o que
Lhe agrada, vendo que Ele nos fez e não nós a si
próprios. Os homens se esquecem do que eles são
e vangloriam-se de grandes coisas, mas, na
verdade, eles são apenas como o barro na roda do
oleiro e Ele pode formá-los ou pode quebrá-los
como Lhe aprouver. Eles não pensam assim, mas
Ele sabe que seus pensamentos são vãos.
Oh! a dignidade do homem! Que tema para um
discurso sarcástico! Como o sapo da fábula se
inchou até que explodiu, o mesmo acontece com
o homem, em seu orgulho e despeito contra o seu
Criador, que está assentado sobre o círculo da
terra, cujos moradores são para ele como
gafanhotos [Isaías 40:22], e as nações são
consideradas por Ele como a gota de um balde, e
como o pó miúdo das balanças [v. 15]. A
prerrogativa do Senhor sobre a criação é
manifestamente ampliada moralmente pela nossa
perda de qualquer consideração que possa ter
surgido por obediência e retidão se os tivéssemos
12. 12
possuído. Nossa culpa envolveu a perda de
reivindicações na qualidade de criatura, qualquer
que elas pudessem ter sido. Somos todos culpados
de alta traição, e cada um de nós é culpado de
rebelião pessoal; portanto, não temos os direitos
dos cidadãos, mas jazemos sob sentença de
condenação.
O que diz a voz infalível de Deus? “Maldito todo
aquele que não permanecer em todas as coisas que
estão escritas no livro da lei, para fazê-las”
(Gálatas 3:10). Estamos debaixo dessa maldição;
a justiça nos sentenciou como culpados, e, por
natureza, nós permanecemos condenados. Se,
então, o Senhor terá o prazer de nos livrar da
morte, isto permanece com Ele para fazê-lo; mas
não temos direito a tal libertação, nem podemos
usar qualquer argumento que seria proveitoso nos
tribunais de justiça para a reversão da pena ou
suspensão da execução. Antes, no tribunal de
justiça no que diz respeito ao nosso caso será
difícil fazer qualquer alegação de direito. Seremos
expulsos com o desdém do Juiz imparcial, se nós
apelarmos o nosso processo sobre essa base.
Nosso procedimento mais sábio é apelar para a
Sua misericórdia e Sua graça soberana, pois
somente isto é a nossa esperança.
Compreenda-me claramente: Se o Senhor fizer
com que todos nós pereçamos, nós apenas
13. 13
receberemos o que merecemos, e nós não temos,
nenhum de nós, sequer uma sombra de
reivindicação de Sua misericórdia; nós estamos,
portanto, absolutamente nas mãos de Deus, e a Ele
pertencem as questões da morte. Este direito de
Deus para salvar é ainda manifestado pela
redenção de Seu povo. Poderia ter sido dito que
Deus não tinha direito de salvar, se ao salvar, Ele
diminuísse a Sua justiça. Mas agora que Ele
colocou o socorro sobre Alguém que é poderoso e
Seu Filho unigênito tornou-se uma vítima em
nosso lugar, para magnificar a Lei e torná-la
gloriosa, o Senhor Deus tem um direito
inquestionável de libertar da morte os Seus
próprios redimidos por quem o Substituto morreu!
Nosso Deus salva o Seu povo, em coerência com
a justiça, ninguém pode questionar Seu agir
corretamente, mesmo quando Ele justifica o
ímpio. Seu direito e poder sobre os livramentos de
morte são, no caso de Seus próprios entes
comprados por sangue, claros como o sol ao meio-
dia e quem discutirá com Ele?
Nosso texto, no entanto, coloca a prerrogativa
sobre o único fundamento de senhorio e nós
preferimos voltar a isso. “A DEUS, o Senhor,
pertencem os livramentos da morte”. Esta é uma
doutrina que é muito desagradável nestes dias,
mas, no entanto, deve ser sustentada e ensinada:
que Deus é um soberano absoluto e age como
14. 14
quer. As palavras de Paulo não podem ser
silenciadas: “Mas, ó homem, quem és tu, que a
Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao
que a formou: Por que me fizeste assim?”
[Romanos 9:20]. O Senhor não pode agir errado.
Sua natureza perfeita é a lei em si! No caso
dele Rex é Lex — o Rei é a Lei! Ele é o manancial
e fonte de todos os direitos, verdade, regra e
ordem. Sendo absolutamente perfeito em Si
mesmo e compreendendo todas as coisas, não é
possível para Ele fazer o contrário do que é
correto. Ele é a bondade, verdade e justiça em Si
e, portanto, as prerrogativas do Seu trono não são
limitadas e ao Senhor do Céu e da terra pertencem
os livramentos da morte!
Falamos o suficiente sobre essa questão de direito.
Eu prossigo para observar que o Senhor tem o
poder dessa prerrogativa. Com Ele está a
capacidade de libertar os homens da morte
natural. Jeová Rafá é um Médico que nunca fica
perplexo. Medicamentos podem falhar, mas não o
grande Criador de todas as plantas, ervas e
medicamentos úteis! Estudos e experiências
podem não ser inovadores, mas Aquele que
formou o corpo humano conhece suas partes mais
complexas e em breve pode corrigir seus
distúrbios! Deus pode restaurar nossa saúde
mesmo quando uma centena de doenças nos
acometem ao mesmo tempo. Coragem, vocês
15. 15
desfalecidos, e olhem para cima! Certamente,
quanto à alma, não há nenhum caso de homem tão
distante que Deus não possa encontrar um
livramento de sua morte. Ele pode expulsar sete
demônios e uma legião de pecados diabólicos!
Pois a Deus, o Senhor, pertence os livramentos da
morte, embora o pecado seja sujo e desesperadora
seja a condição causada pela transgressão. Aquele
que ressuscitou Lázaro dentre os mortos depois de
quatro dias pode levantar o mais corrupto da
sepultura de suas iniquidades. Oh! que pecadores
despertados cressem nisso!
Lembro de ter lido sobre um antigo ministro que
tinha, há alguns anos, caído em desânimo
profundo. Ele desistiu de seu púlpito e manteve-
se por muito tempo isolado, sempre escrevendo
coisas amargas contra si mesmo. Por fim, quando
ele estava em seu leito de enfermidade, um servo
de Deus foi enviado a ele, que lidou sabiamente
com ele. Este bom homem disse ao
desesperançado: “Irmão, você crê nesta
passagem: “Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus.”?
“Eu creio nisso”, ele disse, “com todo o meu
coração, estou convencido”, aqui o outro o deteve:
“Eu não perguntei quais são as suas convicções,
nem o que seus sentimentos podem ser, mas eu
vim para te dizer que o homem que confia nessa
promessa vive”. Esta declaração simples do
16. 16
Evangelho foi feita, pelo Consolador Divino, o
meio de suprema consolação para o
desesperançado!
Que ela possa ser igualmente útil a todos aqueles
que a ouvem. Aquele que pode pendurar a
esperança de sua alma sobre a capacidade infinita
de Cristo para salvar, é um homem salvo! Aquele
que crê nEle tem a vida eterna! Que bênção é essa!
O Diabo pode me dizer que eu nunca escaparei da
morte merecida e que eu estou preso para sempre
por causa dos justos resultados das minhas
transgressões. Minha própria consciência,
conhecendo minha indignidade também pode me
condenar milhares de vezes! Mas a Deus, o
Senhor, pertencem os livramentos da morte e Ele
pode e me arrebatará do meio das garras da morte,
pois acredito nEle! Ele é capaz de trazer aqueles
que Ele ordena, para poupar até mesmo da
extrema profundeza do desespero!
O direito absoluto de Deus é apoiado pela
onipotência e, portanto, Sua prerrogativa torna-se
um fato. E isso não é tudo, o Senhor tem
efetivamente exercido essa prerrogativa em
abundantes casos. Quanto a esses livramentos de
morte, que são vistos na restauração da doença,
não preciso lembrar que estes são abundantes o
suficiente. Às vezes, estes têm vindo de forma
milagrosa, como quando Ezequias teve sua vida
17. 17
prolongada em resposta à oração, e quando muitos
outros foram curados pelo Salvador e Seus
Apóstolos. A vida tem sido preservada na cova
dos leões e na barriga de um peixe; em uma
fornalha ardente e no coração do mar. A morte não
tem flecha na sua aljava que possa ferir o homem
a quem Deus ordena viver! Fora do perigo
iminente, o Senhor ainda liberta em meio ao curso
normal da providência e há pessoas presentes,
nesta manhã, que são provas de Seu poder de
interposição. Ele levantou alguns de nós a partir
de prostração do corpo e da depressão de espírito.
Ele salvou outros de naufrágio e incêndio de
forma muito singular e aqui estamos nós, vivendo
para louvar a Deus, como fazemos neste dia!
Deus tem exercido essa prerrogativa
espiritualmente. Em que miríade de casos Ele
libertou almas da morte! Pergunte acolá, aos
anfitriões vestidos de branco no céu: “Deus não
demonstrou a vocês o Seu poder soberano para
salvar?”. Pergunte a muitos aqui abaixo que
provaram que Ele é misericordioso e eles te dirão:
“Ele me salvou”. De acordo com a Sua
misericórdia, concedeu um perdão gratuito,
assinado por Sua mão real, dizendo: “Livre-o de
descer à cova, pois eu encontrei um resgate”. Por
que Sua soberania foi interposta para nos resgatar
da morte não sabemos explicar. Nós muitas vezes
perguntamos: “Por que eu fui levado a ouvir Sua
18. 18
voz? Como eu fui escolhido para viver?”.
Contudo, permanecemos em silêncio, com grata
admiração, e não inventamos nenhuma resposta!
A vontade Divina, apoiada pelo poder Divino,
operou o propósito soberano de amor e aqui
estamos, salvos de uma morte tão grande por meio
do amor invencível. Sim, de fato, a Deus, o
Senhor, pertencem os livramentos da morte!
Venham, então, irmãos e irmãs, que Ele tenha
toda a glória por isso! Se vocês estão vivos depois
de uma longa doença, bendigam o Senhor, que
perdoa todas as nossas iniquidades, quem sara
todas as nossas enfermidades! Se vocês estão
salvos da condenação nesta manhã e o sabem,
bendigam o Senhor que nos aceita no Amado! Se
vocês sentem, neste momento, que a morte do
pecado não tem domínio sobre vocês, pois a vida
da graça reina interiormente, então bendigam ao
Senhor, que nos vivificou e nos fez andar em
novidade de vida! Glorifiquem o Seu nome neste
dia, a Quem, em amor por suas almas, libertou-os
do abismo da corrupção e lançou todos os seus
pecados para trás de Suas costas! Outrossim, se
vocês têm uma gloriosa esperança de uma
ressurreição abençoada e sentem que podem sorrir
na morte porque Deus sorri para vocês, então
bendigam ao Senhor, que lhes ressuscitará no
último dia! Seu Redentor vive e vocês viverão,
porque Ele vive! Portanto batam palmas com
19. 19
santa alegria! Bendigam ao Nome todo-glorioso
dAquele a Quem pertencem os livramentos ou
libertações da morte.
II. Assim, eu expus a prerrogativa. E agora, em
segundo lugar, sigam-me com os seus
pensamentos enquanto eu mostro O CARÁTER
DO SOBERANO em quem essa prerrogativa é
investida. Não podemos, em cima desta terra,
exibir muito amor a príncipes humanos que
afirmam domínio absoluto. O imperialismo não é
a nossa posição. Entre as piores maldições que já
caíram sobre a humanidade estão os monarcas
absolutistas, hoje em dia os homens os repelem
como Paulo sacudiu a víbora no fogo. Que o
Senhor conceda que vejamos o fim da última das
dinastias despóticas e que as nações sejam livres.
Não podemos suportar um tirano e ainda se
pudéssemos ter déspotas absolutamente perfeitos,
humanamente falando, essa não poderia ser a
melhor forma de governo.
Certamente, o grande e eterno Deus, que é o Rei
dos reis e Senhor dos senhores, é absolutamente
perfeito e podemos estar muito contentes em
deixar todas as prerrogativas e investir todos os
poderes em Suas mãos. Ele nunca pisou os
direitos do mais vil, nem esqueceu o mais fraco.
Seu pé não esmaga um verme
desnecessariamente, nem Ele matou uma mosca
20. 20
com injustiça. Ele nunca fez uma maldade, nem
operou uma injustiça. Nós oprimimos os outros,
mas o Juiz de todos não oprime a ninguém! O
Senhor é santo em todos os Seus caminhos e Sua
misericórdia dura para sempre e as prerrogativas
mais amplas são apresentadas de forma segura em
tais mãos.
Nosso texto nos diz ainda mais, isto é, nas mãos
de quem os livramentos da vida e da morte são
deixados: “O nosso Deus é o Deus da salvação”.
Pecador, a sua salvação pertence a Deus, mas, por
isso, não fique desencorajado, pois este Deus, em
quem o assunto repousa é o Deus da salvação, ou
de “salvações”, pois assim está no Hebraico. O
que queremos dizer com isso? A Escritura quer
dizer, em primeiro lugar, que a salvação é o mais
glorioso de todos os desígnios de Deus. Desde que
o mundo foi feito, o trabalho de salvação foi
executado por meio de Sua história como um fio
de prata. O Senhor fez o mundo e iluminou a lua
e as estrelas e estabeleceu o céu, a terra e o mar
em ordem, com os Seus olhos sobre a salvação em
todo o arranjo. Ele regulou todas as coisas pelo
Seu supremo governo, com o mesmo fim.
As grandes rodas de Sua providência estiveram
girando esses 6.000 anos diante dos olhos dos
homens e entre eles. E em suas costas uma mão
sempre esteve se movendo para realizar cada
21. 21
movimento quanto à questão final, que é a
salvação dos que estão na Aliança! Este é o objeto
mais querido para o coração de Jeová. Ele ama
salvar! Deus estava contente com a criação, mas
não como Ele está com a redenção. Quando Ele
fez os céus e a terra, foi uma obra comum para
Ele. Ele apenas falou e disse: “É bom”. Mas
quando Ele deu Seu Filho para morrer, de modo a
redimir o Seu povo, e quando os Seus eleitos iam
sendo salvos, Ele não falou de maneira breve
como na criação: Ele cantou! Não está escrito:
“calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com
cânticos”? (Sofonias 3:17, tradução literal).
A redenção é uma questão sobre a qual o Senhor
canta! Você é capaz de imaginar o que deve
acontecer para Deus cantar? Para o Pai, Filho e
Espírito Santo irromperem em um hino de júbilo
sobre a obra da salvação? Isso ocorre porque a
salvação é muitíssimo querida ao coração de
Deus, e na qual toda a Sua natureza está mais
intensamente envolvida. O juízo é a Sua obra
estranha, mas Ele Se deleita na misericórdia! Ele
tem demonstrado muitos atributos na realização
de outras obras, mas nesta, Ele revelou todo o seu
Ser. Ele é visto nesta como mui poderoso para
salvar. Nisto, Ele desnudou Seu braço. Para isso,
Ele tomou o Seu Filho do Seu seio. Para isso, Ele
fez com que Seu Unigênito fosse ferido e levado
a sofrer. A salvação é o propósito eterno do mais
22. 22
íntimo do coração de Deus e por meio dela Sua
maior glória é revelada! Esse, então, é o Deus a
quem pertencem os livramentos da morte, o Deus
cujo desígnio grandioso é a salvação! Cantai ao
Seu nome e exultai que o Senhor reina, o Senhor
é a minha força e o meu cântico, e também se
tornou a minha salvação.
Se você perguntar, mais uma vez, o que isso
significa: “O nosso Deus é o Deus da salvação”,
lembramos que as obras mais encantadoras que o
Senhor tem realizado foram as obras de salvação.
Salvar os nossos primeiros pais no portão do Éden
e dar-lhes uma promessa de vitória sobre a
serpente foi a alegria de Deus. Abrigar Noé na
arca também foi Seu prazer. O afogamento de um
mundo culpado era necessário, mas a salvação de
Noé foi agradável ao Senhor, nosso Deus. Ele
destruiu a terra com a mão esquerda, mas com a
mão direita Ele guardou os únicos justos que
encontrou. Salvar o Seu povo é sempre a Sua
alegria, Ele prossegue nisso avidamente! Montou
um querubim e voou, sim, voou sobre as asas do
vento, quando Ele veio libertar Seus escolhidos!
Que proclamação Ele faz sobre a Sua obra
salvadora no Mar Vermelho! Toda a Escritura está
cheia de alusões à grande salvação da escravidão
no Egito e até no Céu eles cantam o cântico de
Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro.
23. 23
O Antigo Testamento parece tocar esta nota:
“Cantai ao Senhor, porque gloriosamente
triunfou; e lançou no mar o cavalo com o seu
cavaleiro” [Êxodo 15:21]. O Senhor se alegrou
muito ao fazer um caminho através do deserto e
um caminho através das profundezas para o Seu
próprio povo, para que pudesse operar a salvação
para eles no meio da terra. Depois, no Antigo
Testamento, como eles mantêm os registros de
salvações! Há o registro dos reis que oprimiam o
povo, mas quão dedicadamente eles gastam tempo
descrevendo a maneira em que Deus redimiu
Israel de seus adversários. Que nota de alegria há
sobre Golias que foi morto e o filho de Jessé
trazendo sua cabeça ensanguentada, e Israel
liberto da jactância da Filístia! Eles bem disseram:
“O nosso Deus é o Deus da salvação”. Ele tem
prazer nos atos da graça, estes são os Seus
deleites. Estas são Suas recreações. Ele sai em
Suas vestes reais e coloca a Sua coroa com joias
quando Ele se levanta para salvar o Seu povo e,
portanto, Seus servos, clamam bem alto:
“Bendizei, povos, ao nosso Deus, e fazei ouvir a
voz do seu louvor, ao que sustenta com vida a
nossa alma, e não consente que sejam abalados os
nossos pés” [Salmos 66:8-9].
Este, então, é o Deus em quem está investida toda
a soberania sobre os livramentos da morte. Ele
tem prazer, não na destruição, mas na salvação
24. 24
dos filhos dos homens! Onde a prerrogativa
estaria melhor colocada? “O nosso Deus é o Deus
da salvação”, também significa que no tempo
presente o Deus que é pregado para nós é o Deus
da salvação. Vivemos, neste momento, sob a
dispensação da misericórdia. A espada é
embainhada, a balança da justiça é afastada. Essa
balança não está destruída e aquela espada não
está quebrada, nem mesmo está anulada, mas, por
um tempo, ela repousa em sua bainha. Hoje, sobre
todas as nossas cabeças se estende o cetro de prata
do amor eterno. Um coro angelical ouvido pela
primeira vez pelos pastores em Belém, persiste,
ainda, nas regiões celestes, se você tem ouvidos
para ouvi-lo: “Glória a Deus nas alturas, paz na
terra, boa vontade para com os homens” [Lucas
2:14].
O reinado mediatório de Cristo é aquele de
múltiplas salvações. “Vinde a mim, todos os que
estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”
[Mateus 11:28] é o anúncio salvífico do Deus que
reina! O Deus da era Cristã é o Deus da salvação.
Ele é apresentado diante de nós como vindo
buscar e salvar o perdido! Ele habita entre nós
pelo Seu Espírito permanentemente, não como um
Juiz punindo criminosos, mas como um Pai
recebendo Seus filhos errantes em Seu seio e
alegrando-se com eles, uma vez mortos, mas
agora vivos! Deus, em Cristo Jesus, nosso Deus e
25. 25
Salvador Jesus Cristo, é Aquele que vivifica a
quem Ele quer e é ordenado a dar a vida eterna a
todos quantos o Pai Lhe deu. Onde mais todo o
poder poderia ser colocado com mais segurança?
Mais uma vez: “O nosso Deus é o Deus da
salvação”, ou seja, para aqueles que pertencem à
Sua Aliança, aqueles que podem chamá-lo de
“nosso Deus”, Ele é especial e enfaticamente o
Deus da salvação. Não há destruição para aqueles
que O chamam de “nosso Deus”, pois, “agora
nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus” [Romanos 8:1]. Jesus não veio para
condenar o mundo, mas para que o mundo, por
meio dEle, fosse salvo. “Porque este Deus é o
nosso Deus para sempre; ele será...”, nosso
destruidor? Não, “Ele será nosso guia até à morte”
[Salmos 48:14]. Este Deus é o nosso sol e escudo
e Ele dará graça e glória. Agora, observem bem
este fato: nós, que com fé invocamos ao Senhor,
“nosso Deus”, nesta manhã lhes diremos que
fomos salvos inteiramente pela graça soberana de
Deus e não através de qualquer melhoria natural
provinda de nós mesmos, nem através de qualquer
coisa que nós tenhamos feito para merecer o Seu
favor.
Foi porque Ele olhou para nós com consideração
piedosa e bondosa, quando estávamos mortos em
pecado que, portanto, vivemos! Quando
estávamos deitados em nosso sangue e em nossa
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imundícia, Ele passou no tempo de amor e nos
disse: “Vive”. Se Ele tivesse passado e nos
deixado para morrer, Ele teria sido infinitamente
justo ao fazê-lo, mas Seu coração O inclinou a
fazer de outra maneira. Ele olhou para nós e disse:
“Vive”, e nós vivemos e nós bendizemos ao Seu
nome, de forma que ainda estamos vivendo e
louvando a Sua eterna e infinita misericórdia!
Aquele que diz: “eu mato, e eu faço viver”
[Deuteronômio 32:39] é Aquele que nos
vivificou, embora nós estivéssemos mortos em
nossos delitos e pecados! Certamente, Aquele que
exerceu Sua prerrogativa, tão gentilmente para
conosco, pode ser confiável para exercê-la para
com todos os que vêm a Ele de acordo com o Seu
convite gracioso!
Se houver qualquer homem que diz: “Alegro-me
com a eleição de Deus, porque, embora Ele tenha
me salvado, deixou os outros a morrer”, eu não
desejo ter nenhuma simpatia com o seu espírito.
Minha alegria é de um tipo muito diferente, pois
eu argumento que Aquele que salvou um indigno
como eu sou, não lançará fora ninguém que vem
a Ele pela fé! Sua eleição não é estreita, pois
abrange um número que ninguém pode contar,
sim, todos os que hão de crer em Jesus! Ele espera
para ser misericordioso e aquele que vem a Ele,
Ele de maneira nenhuma o lançará fora. A festa de
casamento precisa de inúmeros convidados e
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todos os assentos devem ser preenchidos.
Desejamos que toda a raça humana pudesse vir e
aceitar as disposições do amor infinito e estamos
ansiosos para ir para as ruas e valados e compeli-
los a entrar! Nós nos alegramos em saber que, se
qualquer homem está excluído de Cristo e da
esperança, ele trancou a si mesmo do lado de fora,
embora, ao mesmo tempo, sentimos que, se
alguém está sendo trazido para o lado de dentro,
este alguém não levou a si mesmo para dentro,
antes a graça imerecida operou a sua salvação. A
justiça governa na condenação, mas a graça reina
na salvação!
Na salvação devemos atribuir tudo à graça, de
forma absoluta e sem reservas. Não deve haver
nenhuma gagueira sobre esta verdade de Deus!
Alguns começam a dizer “graça”, mas eles não
terminam com a palavra, eles a gaguejam
terminando em “livre-arbítrio”. Isso nunca
funcionará! Isso não está de acordo com o
ensinamento da Sagrada Escritura, não está de
acordo com os fatos. Se há aqui alguém que pensa
que foi salvo como o resultado de sua própria
vontade, à parte da poderosa graça de Deus, deixe-
o jogar o chapéu para cima e engrandecer a si
mesmo para sempre: “Glória à minha boa
disposição!”. Mas, quanto a mim, cairei aos pés
do trono de Deus e direi: “A graça reina pela
justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo.
28. 28
Tivesse Tu, ó Deus, me deixado em minha própria
vontade, eu ainda continuaria a desprezar o Teu
amor e a rejeitar a Tua misericórdia”.
Certamente, todo o povo de Deus concorda que
este é o fato em seu próprio caso, no entanto,
embora isso seja diferente, teoricamente, da
declaração geral. Sim, a prerrogativa de vida e
morte está em boas mãos, está nas mãos dAquele
que é o Deus da nossa salvação e rogo a todos aqui
presentes que não são salvos, a serem encorajados
a se curvarem diante do trono do grande Rei e
clamarem pela misericórdia dAquele que está
sempre pronto para salvar! Vá para casa e tente
merecer a salvação e você perderá os seus
esforços! Prossiga em adequar a si mesmo para
receber a misericórdia e forjar algum bem que
possa atrair a atenção de Deus e você enganará a
si mesmo e insultará a majestade do Céu!
Mas, venha como você está, totalmente culpado,
vazio, sem mérito e caído diante do grande Rei
que você tão frequentemente provocou e rogue a
Ele, que em Sua infinita misericórdia, apague as
suas transgressões, mude a sua natureza e faça de
você uma propriedade Sua e veja se Ele te
rejeitará! Não está escrito: “Mas contigo está o
perdão, para que sejas temido” [Salmos 130:4]? E
mais uma vez: “o que vem a mim de maneira
nenhuma o lançarei fora” [João 6:37]. Seu trono é
29. 29
um trono da graça! A misericórdia está para
sempre posta diante dEle! Ele é o Senhor, Deus
misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e
grande em benignidade! Alguma vez, foi rejeitado
algum penitente que pediu perdão aos Seus pés
soberanos? Nunca! Nem tal caso ocorrerá
enquanto a terra permanecer.
Se você tentar comprar o Seu favor, você será
recusado. Se você reivindicá-lo como um direito,
você será rejeitado. Mas se você vier e aceitar a
salvação da caridade Divina e a receber por meio
da expiação de Cristo Jesus, o Senhor, você
encontrará um livramento da morte! Ouça o
testemunho de Jeremias e seja encorajado a
prostrar-se diante do Senhor: “Invoquei o teu
nome, Senhor, desde a mais profunda masmorra.
Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido
ao meu suspiro, ao meu clamor. Tu te aproximaste
no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.
Pleiteaste, Senhor, as causas da minha alma,
remiste a minha vida” [Lamentações 3:55-58].
III. Nosso último dever é ouvir A SOLENE
ADVERTÊNCIA DE NOSSO SOBERANO
SENHOR. Um novo deus tem sido ultimamente
criado entre os homens, o deus do “cristianismo”
moderno, o deus do pensamento moderno, um
deus feito de mel ou açúcar. Ele é todo clemência,
bondade, mansidão e indiferente quanto à questão
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do pecado. Justiça não há nele e quanto à punição
pelo pecado, ele não a conhece. O Antigo
Testamento, como você está, sem dúvida, ciente
por meio dos sábios deste mundo, tem uma visão
muito severa de Deus e, portanto, a sabedoria
moderna coloca-O de lado. Na verdade, metade da
Palavra de Deus está desatualizada e tornou-se um
desperdício de papel!
Embora o nosso Senhor Jesus não veio “destruir a
Lei ou os Profetas”, mas cumpri-los, contudo os
avançados pensadores destes tempos iluminados
nos dizem que a ideia de Deus no Antigo
Testamento é falsa. Temos que acreditar em um
novo deus que não se importa se o que fazemos é
certo ou errado! “Por sua disposição todos virão
para o mesmo fim. Pode haver alguma distorção
por algum tempo por alguns que são bastante
incorrigíveis, mas, finalmente tudo se endireitará.
Viva como você gosta! Vá e blasfeme e beba. Vá
e oprima os povos e faça guerras sangrentas e aja
como quiser. Por meio do patriotismo, você estará
bem quando tudo acabar!”. Este é
aproximadamente o credo moderno que envenena
toda a nossa literatura.
Mas deixe-me dizer por Jeová: isso não será como
os homens sonham! Jeová, o Juiz de toda a terra,
tem que cumprir o direito. O Deus de Abraão, de
Isaque e de Jacó é o Deus de nosso Senhor e
31. 31
Salvador Jesus Cristo, Ele será chamado o Deus
de toda a terra. Ele não mudou nem uma partícula
na severa integridade de Sua natureza e Ele, de
modo algum, poupará o culpado! Leia, a seguir, o
último versículo do nosso texto e creia que é tão
verdadeiro hoje como quando foi escrito pela
primeira vez e que, se o próprio Jesus estivesse
aqui, o Ser manso e humilde, Ele poderia dizer
isso em tom de terna solenidade, mas Ele
proferiria dizer o mesmo, a saber: “Deus ferirá
gravemente a cabeça de seus inimigos e o crânio
cabeludo do que anda em suas culpas”. É evidente
a partir destas palavras que Deus não é indiferente
ao caráter humano. Nosso Deus conhece os Seus
inimigos. Ele não os confunde com os amigos,
nem os trata como tais. Ele considera a iniquidade
como uma transgressão e, portanto, Ele não
quebrou os limites da Lei, nem as fronteiras do
direito, ainda há ofensas e Deus as percebe e as
observa, e os tais que continuam em seus pecados
estão provocando a Sua longanimidade e
provocando a Sua justiça! Deus não dorme, nem
dormita diante do pecado humano, mas convoca a
todos os homens em todos os lugares que se
arrependam! E é claro, também, que Deus tem o
poder para ferir aqueles que se rebelam contra Ele.
Não sonhem confiando que leis naturais
resguardarão os ímpios: “Deus ferirá gravemente
a cabeça de seus inimigos”. Eles podem erguer
32. 32
aquelas cabeças tão alto quanto quiserem, mas não
podem estar fora do alcance das Suas mãos! Ele
não apenas ferirá seus calcanhares, ou ferirá as
costas com golpes que podem ser curados, mas em
suas cabeças Ele fará golpes fatais e abatera até o
pó. Ele pode fazê-lo e Ele o fará! Eles podem ser
muito fortes e seu couro cabeludo coberto de pelos
pode indicar força inabalável, mas eles não podem
resistir à onipotência! Pode não haver nenhum
sinal até agora da calvície, que advém da fraqueza
ou da escassez de cabelo que é um sinal de
velhice, mas vãos são aqueles que se vangloriam
do vigor, mesmo em seu apogeu Ele pode fazê-los
murchar como a erva do campo!
O orgulho pode gloriar-se de sua beleza — seu
crânio cabeludo, como o de Absalão, pode ser sua
glória —, mas como o Senhor fez o cabelo de
Absalão ser o instrumento de sua desgraça, assim
Ele pode fazer a vanglória do homem ser a sua
ruína. O orgulho vem antes da destruição e um
espírito altivo, antes da queda. Ninguém está fora
do alcance de Deus, e nenhuma nação também!
Os grandes estão altivos sobre os seus lugares
elevados e eles falam sobre a “multidão vulgar”, e
desprezam os piedosos da terra. Quanto às raças
estrangeiras, quão pouco eles O estimam, embora
o Deus único fez a todos eles! Populações e
nações, o que são? Mera comida para o pó quando
uma nação orgulhosa é estabelecida sobre o seu
33. 33
próprio engrandecimento. Derrubam seus reinos,
abatem seus defensores patrióticos, avermelham a
terra com sangue, queimam suas casas, fazem
passar fome as suas mulheres e crianças. Deus não
os conhece e não há ali julgamentos do Altíssimo?
Nós somos um grande povo, e temos homens,
navios e dinheiro. Quem nos convocaria a prestar
contas? No entanto, deixem, ainda, a pequena fala
ser ouvida! Assim diz o Senhor para uma grande
nação do passado: “Porque confiaste na tua
maldade e disseste: Ninguém me pode ver; a tua
sabedoria e o teu conhecimento, isso te fez
desviar, e disseste no teu coração: Eu sou, e fora
de mim não há outra. Portanto sobre ti virá o mal,
sem que saibas a sua origem, e tal destruição cairá
sobre ti, sem que a possas evitar; e virá sobre ti de
repente desolação que não poderás conhecer”
[Isaías 47:10-11]. De tais castigos, bom Senhor,
livrai-nos! Quando o Senhor coloca as mãos à
obra de vingança, Sua matança será terrível,
mesmo até uma derrota total, pois fará cair um
uma matança sobre a cabeça!
Se Ele não ferir os Seus inimigos até a hora da
morte, que golpe eles receberão! Eles se gabam de
sua justiça própria, ou de sua grandeza, mas, o
terror os acometerá, no último momento;
enquanto eles sonham com o céu, eles serão
lançados para dentro da insondável profundidade,
34. 34
ali receberão a recompensa eterna de sua rebelião
audaz contra o seu Rei! Guerreiros da antiguidade,
quando iam para a batalha, muitas vezes raspavam
todo o cabe-lo, exceto aqueles cachos que estão na
parte de trás do couro cabeludo. No entanto,
quando se viravam para fugir frequentemente
acontecia que eles eram agarrados por seus
perseguidores pela sua cabeleira! Deus não
costuma pegar os ímpios pelo topete, pois Ele tem
muita paciência e tolerância com eles. Em casos
especiais, como quando os homens jovens por
meio de hábitos dissipados apressam a sua
condenação, ele os toma pela frente, mas como
regra, Ele espera para ter misericórdia. E mesmo
assim Ele os suporta enquanto eles permanecem
impunes, pois por fim, Ele agarra o seu crânio
cabeludo. Se por oitenta anos a infinita paciência
permitiu que um homem continue em sua
rebelião, contudo se ele continua em suas culpas,
ao fim, Deus deve enfiar a mão em seu crânio
cabeludo e o agarrará para a sua própria
destruição!
Convertei-vos, sim, vocês que não conhecem a
Deus! Convertam-se diante de Sua repreensão,
nesta manhã, pois a repreensão significa amor! E
se eu usei palavras duras, é porque o meu coração
está honestamente desejoso de que vocês se
arrependam e escapem para Aquele que tem em
Seu poder os livramentos da morte! Eu não sou
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como os bajuladores acolá que lhe dizem que há
um pequeno inferno e um pequeno deus, de onde
vocês naturalmente inferem que podem viver
como quiserem. Ambos, você e eles perecerão
eternamente, se acreditarem neles! Há um inferno
terrível, pois há um Deus justo!
Convertei-vos a Ele, suplico-vos, enquanto ainda,
em Cristo Jesus, Deus coloca a misericórdia
diante de vocês! Ele é o Deus da salvação e
suplica-lhes para que venham e aceitem a Sua
grande graça em Cristo Jesus. Que o Senhor
abençoe esta palavra de acordo com Sua própria
mente e a Ele seja o louvor, para sempre e sempre.
Amém.