SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 15
LUNDU
•Dança típica Brasileira, nascida da miscigenação e da
hibridização cultural.
Autor: Shirley Rycbczak
Ano: 2021
Quando falamos em Arte devemos pensar na relação
Arte/Cultura/Sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que as
diversas manifestações artístico-culturais brasileiras, sejam elas de
qualquer uma das matrizes culturais ou de qualquer uma de suas
áreas: música, dança, teatro ou artes visuais, refletem visões de
mundo, formas de pensar e de lidar com diferentes realidades, em
diferentes sociedades e nos mais variados contextos históricos.
Neste contexto, tomamos como exemplo, o Lundu, também
conhecido como Lundu Colonial ou mesmo como Lundum,
caracterizado como gênero musical e como dança tipicamente
brasileira, nascida da miscigenação, da hibridização cultural.
Em sua origem, podem ser encontrados
elementos das culturas africana e portuguesa.
O Lundu carrega como herança
características típicas de danças ibéricas,
como o estalar de dedos, a melodia, a
postura do corpo, a elevação dos braços e
o uso de instrumentos, como o bandolim,
ao mesmo tempo em que sua base rítmica
faz o uso de instrumentos como tambores,
com a presença de rebolados e umbigadas,
típicos das manifestações herdadas dos
africanos. Fonte: VERGER, Pierre. I I 46
O Lundu era um dos ritmos
dominantes no século XIX, praticado,
em sua maioria, pelos negros
africanos, porém aceito pela sociedade
“branca”
Não obstante, o interesse pelo lundu foi tamanho que ele não se restringiu
apenas às fronteiras coloniais, sendo também incorporado à modinha (o que
facilitaria sua aceitação na metrópole) e depois levado a Portugal.
Representação do lundu na cidade de
Lisboa, conforme gravura de Sketches of
Portuguese Life, de A. P. D. G., sob o
título Begging for the Festival of N. S.
D'Atalaya (1826, p. 284)
Nas "Cartas Chilenas", coleção de poemas de crítica ao governo, de autoria do
inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, há uma descrição de uma cena muito viva de
um funcionário público sendo atraído pelo apelo sensual de um lundu:
"Fingindo a moça que levanta a saia
E voando na ponta dos dedinhos,
Prega no machacaz, de quem gosta,
A lasciva umbigada, abrindo os braços;
Então o machacaz, mexendo a bunda,
Pondo uma mão na testa, outra na ilharga,
Ou dando alguns estalos com os dedos,
Seguindo das violas o compasso,
Lhe diz - 'eu pago, eu pago' - e, de repente,
Sobre a torpe michela atira o salto.
Ó dança venturosa! Tu entravas
Nas humildes choupanas, onde negras,
Aonde as vis mulatas, apertando
Por baixo do bandulho a larga cinta,
Te honravam e' os marotos e brejeiros,
Batendo sobre o chão o pé descalço,
Agora já consegues ter entrada
Nas casas mais honestas e palácios!
Ah! tu, famoso chefe, dás exemplo.
Tu já, tu já batucas, escondido
Debaixo dos teus tetos, com a moça
Que furtou, ao senhor, o teu Robério!"
“
”
Os pretos, divididos em nações e com instrumentos próprios de cada uma,
dançam e fazem voltas como arlequins, e outros dançam com diversos
movimentos do corpo, que, ainda que não sejam os mais indecentes, são
como os fandangos em Castela e fofas de Portugal, o lundi dos brancos e
pardos daquele país...
Os pesquisadores parecem concordar que a origem do lundu é o batuque dos
escravos, sendo esta a razão por que se barrava sua entrada nos salões familiares. A
primeira referência ao lundu, segundo Bruno Kiefer e J. R. Tinhorão, aparece em uma
carta do governador de Pernambuco ao governo português, em 1780.
Como consequência dessas informações, o
governo da Metrópole baixou um Aviso ao
Governador de Pernambuco informando: "...que
sua Majestade ordenava que não permitisse as danças
supersticiosas e gentilicas, enquanto as dos pretos, ainda que
pouco inocentes, podiam ser toleradas, com o fim de evitar-
se, com este menor mal, outros males maiores".
O Lundu pode ser dançado em pares ou então em roda, mas em ambos,
podemos encontrar elementos que nos permitem pensar questões referentes à
sexualidade. Quando dançado em roda, o movimento que marca a mudança de
dançarinos, no centro dessa roda, geralmente é a umbigada.
No início do século XX, entretanto, esse “ar” de sensualidade passa a
ser entendido como um “ar lascivo”, e a dança a ser interpretada,
principalmente quando realizada entre casais, como um “convite” ao
ato sexual (o que, em muitos casos, não deixava de ser), o que levou a
sociedade branca a proibir a manifestação do Lundu, por considerá-la
um atentado ao pudor. Nos dias atuais, o Lundu já não é proibido,
mas também não é mais uma dança predominante na sociedade dita
brasileira. Há, no norte do país, em especial na Ilha de Marajó, alguns
grupos que ainda se manifestam artisticamente por meio do Lundu e,
em outros estados, grupos que o dançam de maneira folclórica.
Uma modalidade do lundu, a dança de roda, ainda é praticada
na Ilha de Marajó e nos arredores de Belém, no estado do
Pará, recentemente grupos culturais do entorno do DF
reiniciaram essa prática. O lundu na suas origens tinha
sistemática simples, a qual ainda podemos observar na dança
de roda.
No Lundu de Marajoara, os homens vestem calças
preferencialmente branca. Essa dança utiliza instrumentos como o
banjo, cavaquinho e clarinete.
Bibliografia:
http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/bitstream/123456789/934/5/Arte%20e%20cultura.pdf
https://musicabrasilis.org.br/temas/lundu-origem-da-musica-popular-brasileira
http://www.terrabrasileira.com.br/folclore2/e95outrasv.html

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Encontros consonantais
Encontros consonantaisEncontros consonantais
Encontros consonantaisJohnny Freitas
 
Artigo de divulgação científica
Artigo de divulgação científicaArtigo de divulgação científica
Artigo de divulgação científicaMariany Dutra
 
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURAAULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURAMarcelo Cordeiro Souza
 
A importância da música na vida humana 2
A importância da música na vida humana 2A importância da música na vida humana 2
A importância da música na vida humana 2Mauro Sousa
 
Aula de inglês 08 conjunções
Aula de inglês 08   conjunçõesAula de inglês 08   conjunções
Aula de inglês 08 conjunçõespytheasenglish
 
redação - dissertativa argumentativa
redação - dissertativa argumentativa redação - dissertativa argumentativa
redação - dissertativa argumentativa Luciene Gomes
 
Literatura contemporânea
Literatura contemporâneaLiteratura contemporânea
Literatura contemporâneaBeatriz Araujo
 
Fonologia 1º ano Ensino Médio
Fonologia 1º ano Ensino MédioFonologia 1º ano Ensino Médio
Fonologia 1º ano Ensino MédioProf Palmito Rocha
 
Texto argumentativo dissertação escolar. (1)
Texto argumentativo dissertação escolar. (1)Texto argumentativo dissertação escolar. (1)
Texto argumentativo dissertação escolar. (1)CharlesMarlon1
 
As vanguardas Brasileiras e Vanguardas Europeias
As vanguardas Brasileiras e Vanguardas Europeias As vanguardas Brasileiras e Vanguardas Europeias
As vanguardas Brasileiras e Vanguardas Europeias Fernando Pereira
 

Mais procurados (20)

Encontros consonantais
Encontros consonantaisEncontros consonantais
Encontros consonantais
 
São Bernardo
São BernardoSão Bernardo
São Bernardo
 
Fábulas 1
Fábulas 1Fábulas 1
Fábulas 1
 
Figuras de sintaxe
Figuras de sintaxeFiguras de sintaxe
Figuras de sintaxe
 
Artigo de divulgação científica
Artigo de divulgação científicaArtigo de divulgação científica
Artigo de divulgação científica
 
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURAAULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
 
Parnasianismo brasileiro
Parnasianismo brasileiroParnasianismo brasileiro
Parnasianismo brasileiro
 
A importância da música na vida humana 2
A importância da música na vida humana 2A importância da música na vida humana 2
A importância da música na vida humana 2
 
Modo subjuntivo
Modo subjuntivoModo subjuntivo
Modo subjuntivo
 
Aula de inglês 08 conjunções
Aula de inglês 08   conjunçõesAula de inglês 08   conjunções
Aula de inglês 08 conjunções
 
redação - dissertativa argumentativa
redação - dissertativa argumentativa redação - dissertativa argumentativa
redação - dissertativa argumentativa
 
Literatura de informação
Literatura de informaçãoLiteratura de informação
Literatura de informação
 
Literatura contemporânea
Literatura contemporâneaLiteratura contemporânea
Literatura contemporânea
 
Aula arcadismo
Aula arcadismoAula arcadismo
Aula arcadismo
 
SLIDES – PARÓDIA.
SLIDES – PARÓDIA.SLIDES – PARÓDIA.
SLIDES – PARÓDIA.
 
Sinais de pontuação
Sinais de pontuaçãoSinais de pontuação
Sinais de pontuação
 
Fonologia 1º ano Ensino Médio
Fonologia 1º ano Ensino MédioFonologia 1º ano Ensino Médio
Fonologia 1º ano Ensino Médio
 
Texto argumentativo dissertação escolar. (1)
Texto argumentativo dissertação escolar. (1)Texto argumentativo dissertação escolar. (1)
Texto argumentativo dissertação escolar. (1)
 
Realismo no brasil
Realismo no brasilRealismo no brasil
Realismo no brasil
 
As vanguardas Brasileiras e Vanguardas Europeias
As vanguardas Brasileiras e Vanguardas Europeias As vanguardas Brasileiras e Vanguardas Europeias
As vanguardas Brasileiras e Vanguardas Europeias
 

Semelhante a O Lundu, dança típica brasileira nascida da miscigenação cultural

Historia do teatro de rua no brasil finalização1
Historia do teatro de rua no brasil finalização1Historia do teatro de rua no brasil finalização1
Historia do teatro de rua no brasil finalização1andredejesus
 
23 12 link pet cultural informativo
23 12 link pet cultural   informativo23 12 link pet cultural   informativo
23 12 link pet cultural informativoYgor El Hireche
 
Historia do teatro de rua no brasil finalização1
Historia do teatro de rua no brasil finalização1Historia do teatro de rua no brasil finalização1
Historia do teatro de rua no brasil finalização1andredejesus
 
Literatura Trovadorismo Humanismo by Trabalho da hora
Literatura Trovadorismo Humanismo by Trabalho da horaLiteratura Trovadorismo Humanismo by Trabalho da hora
Literatura Trovadorismo Humanismo by Trabalho da horaDouglas Maga
 
Aspectos Culturais de Bom Jardim Maranhão
Aspectos Culturais de Bom Jardim   MaranhãoAspectos Culturais de Bom Jardim   Maranhão
Aspectos Culturais de Bom Jardim MaranhãoAdilson P Motta Motta
 
16.governo hermes da fonseca
16.governo hermes da fonseca16.governo hermes da fonseca
16.governo hermes da fonseca22leozao
 
Conceito de dança Professor Rodrigo Costa
Conceito de dança Professor Rodrigo CostaConceito de dança Professor Rodrigo Costa
Conceito de dança Professor Rodrigo CostaRODRIGO COSTA DE LIMA
 
Trovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismoTrovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismorosangelajoao
 
As origens da literatura portuguesa - Parte 2 - Humanismo
As origens da literatura portuguesa - Parte 2 - HumanismoAs origens da literatura portuguesa - Parte 2 - Humanismo
As origens da literatura portuguesa - Parte 2 - HumanismoKaren Olivan
 
literatura modernismo brasileiro 1 fase.pdf
literatura modernismo brasileiro 1 fase.pdfliteratura modernismo brasileiro 1 fase.pdf
literatura modernismo brasileiro 1 fase.pdfGustavoSantos252007
 

Semelhante a O Lundu, dança típica brasileira nascida da miscigenação cultural (20)

[Danca][26 05][2a]gabarito (1)
[Danca][26 05][2a]gabarito (1)[Danca][26 05][2a]gabarito (1)
[Danca][26 05][2a]gabarito (1)
 
Historia do teatro de rua no brasil finalização1
Historia do teatro de rua no brasil finalização1Historia do teatro de rua no brasil finalização1
Historia do teatro de rua no brasil finalização1
 
23 12 link pet cultural informativo
23 12 link pet cultural   informativo23 12 link pet cultural   informativo
23 12 link pet cultural informativo
 
Historia do teatro de rua no brasil finalização1
Historia do teatro de rua no brasil finalização1Historia do teatro de rua no brasil finalização1
Historia do teatro de rua no brasil finalização1
 
Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano B 2013
Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano B 2013Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano B 2013
Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano B 2013
 
02 kalewska
02 kalewska02 kalewska
02 kalewska
 
Literatura Trovadorismo Humanismo by Trabalho da hora
Literatura Trovadorismo Humanismo by Trabalho da horaLiteratura Trovadorismo Humanismo by Trabalho da hora
Literatura Trovadorismo Humanismo by Trabalho da hora
 
Aspectos Culturais de Bom Jardim Maranhão
Aspectos Culturais de Bom Jardim   MaranhãoAspectos Culturais de Bom Jardim   Maranhão
Aspectos Culturais de Bom Jardim Maranhão
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
16.governo hermes da fonseca
16.governo hermes da fonseca16.governo hermes da fonseca
16.governo hermes da fonseca
 
Trovadorismo ao Barroco
Trovadorismo ao BarrocoTrovadorismo ao Barroco
Trovadorismo ao Barroco
 
Humanismo português
Humanismo portuguêsHumanismo português
Humanismo português
 
Palavras do mundo
Palavras do mundoPalavras do mundo
Palavras do mundo
 
Conceito de dança Professor Rodrigo Costa
Conceito de dança Professor Rodrigo CostaConceito de dança Professor Rodrigo Costa
Conceito de dança Professor Rodrigo Costa
 
Trovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismoTrovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismo
 
7 tabuletas e visões d'ópio
7   tabuletas e visões d'ópio7   tabuletas e visões d'ópio
7 tabuletas e visões d'ópio
 
As origens da literatura portuguesa - Parte 2 - Humanismo
As origens da literatura portuguesa - Parte 2 - HumanismoAs origens da literatura portuguesa - Parte 2 - Humanismo
As origens da literatura portuguesa - Parte 2 - Humanismo
 
literatura modernismo brasileiro 1 fase.pdf
literatura modernismo brasileiro 1 fase.pdfliteratura modernismo brasileiro 1 fase.pdf
literatura modernismo brasileiro 1 fase.pdf
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
São tomé e príncipe
São tomé e príncipeSão tomé e príncipe
São tomé e príncipe
 

Último

William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisas
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisasNova BNCC Atualizada para novas pesquisas
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisasraveccavp
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.MrPitobaldo
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfManuais Formação
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 

Último (20)

William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisas
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisasNova BNCC Atualizada para novas pesquisas
Nova BNCC Atualizada para novas pesquisas
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 

O Lundu, dança típica brasileira nascida da miscigenação cultural

  • 1.
  • 2. LUNDU •Dança típica Brasileira, nascida da miscigenação e da hibridização cultural.
  • 4. Quando falamos em Arte devemos pensar na relação Arte/Cultura/Sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que as diversas manifestações artístico-culturais brasileiras, sejam elas de qualquer uma das matrizes culturais ou de qualquer uma de suas áreas: música, dança, teatro ou artes visuais, refletem visões de mundo, formas de pensar e de lidar com diferentes realidades, em diferentes sociedades e nos mais variados contextos históricos. Neste contexto, tomamos como exemplo, o Lundu, também conhecido como Lundu Colonial ou mesmo como Lundum, caracterizado como gênero musical e como dança tipicamente brasileira, nascida da miscigenação, da hibridização cultural.
  • 5. Em sua origem, podem ser encontrados elementos das culturas africana e portuguesa. O Lundu carrega como herança características típicas de danças ibéricas, como o estalar de dedos, a melodia, a postura do corpo, a elevação dos braços e o uso de instrumentos, como o bandolim, ao mesmo tempo em que sua base rítmica faz o uso de instrumentos como tambores, com a presença de rebolados e umbigadas, típicos das manifestações herdadas dos africanos. Fonte: VERGER, Pierre. I I 46
  • 6. O Lundu era um dos ritmos dominantes no século XIX, praticado, em sua maioria, pelos negros africanos, porém aceito pela sociedade “branca”
  • 7. Não obstante, o interesse pelo lundu foi tamanho que ele não se restringiu apenas às fronteiras coloniais, sendo também incorporado à modinha (o que facilitaria sua aceitação na metrópole) e depois levado a Portugal. Representação do lundu na cidade de Lisboa, conforme gravura de Sketches of Portuguese Life, de A. P. D. G., sob o título Begging for the Festival of N. S. D'Atalaya (1826, p. 284)
  • 8. Nas "Cartas Chilenas", coleção de poemas de crítica ao governo, de autoria do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, há uma descrição de uma cena muito viva de um funcionário público sendo atraído pelo apelo sensual de um lundu: "Fingindo a moça que levanta a saia E voando na ponta dos dedinhos, Prega no machacaz, de quem gosta, A lasciva umbigada, abrindo os braços; Então o machacaz, mexendo a bunda, Pondo uma mão na testa, outra na ilharga, Ou dando alguns estalos com os dedos, Seguindo das violas o compasso, Lhe diz - 'eu pago, eu pago' - e, de repente, Sobre a torpe michela atira o salto. Ó dança venturosa! Tu entravas Nas humildes choupanas, onde negras, Aonde as vis mulatas, apertando Por baixo do bandulho a larga cinta, Te honravam e' os marotos e brejeiros, Batendo sobre o chão o pé descalço, Agora já consegues ter entrada Nas casas mais honestas e palácios! Ah! tu, famoso chefe, dás exemplo. Tu já, tu já batucas, escondido Debaixo dos teus tetos, com a moça Que furtou, ao senhor, o teu Robério!"
  • 9. “ ” Os pretos, divididos em nações e com instrumentos próprios de cada uma, dançam e fazem voltas como arlequins, e outros dançam com diversos movimentos do corpo, que, ainda que não sejam os mais indecentes, são como os fandangos em Castela e fofas de Portugal, o lundi dos brancos e pardos daquele país... Os pesquisadores parecem concordar que a origem do lundu é o batuque dos escravos, sendo esta a razão por que se barrava sua entrada nos salões familiares. A primeira referência ao lundu, segundo Bruno Kiefer e J. R. Tinhorão, aparece em uma carta do governador de Pernambuco ao governo português, em 1780.
  • 10. Como consequência dessas informações, o governo da Metrópole baixou um Aviso ao Governador de Pernambuco informando: "...que sua Majestade ordenava que não permitisse as danças supersticiosas e gentilicas, enquanto as dos pretos, ainda que pouco inocentes, podiam ser toleradas, com o fim de evitar- se, com este menor mal, outros males maiores".
  • 11. O Lundu pode ser dançado em pares ou então em roda, mas em ambos, podemos encontrar elementos que nos permitem pensar questões referentes à sexualidade. Quando dançado em roda, o movimento que marca a mudança de dançarinos, no centro dessa roda, geralmente é a umbigada.
  • 12. No início do século XX, entretanto, esse “ar” de sensualidade passa a ser entendido como um “ar lascivo”, e a dança a ser interpretada, principalmente quando realizada entre casais, como um “convite” ao ato sexual (o que, em muitos casos, não deixava de ser), o que levou a sociedade branca a proibir a manifestação do Lundu, por considerá-la um atentado ao pudor. Nos dias atuais, o Lundu já não é proibido, mas também não é mais uma dança predominante na sociedade dita brasileira. Há, no norte do país, em especial na Ilha de Marajó, alguns grupos que ainda se manifestam artisticamente por meio do Lundu e, em outros estados, grupos que o dançam de maneira folclórica.
  • 13. Uma modalidade do lundu, a dança de roda, ainda é praticada na Ilha de Marajó e nos arredores de Belém, no estado do Pará, recentemente grupos culturais do entorno do DF reiniciaram essa prática. O lundu na suas origens tinha sistemática simples, a qual ainda podemos observar na dança de roda. No Lundu de Marajoara, os homens vestem calças preferencialmente branca. Essa dança utiliza instrumentos como o banjo, cavaquinho e clarinete.
  • 14.