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LUIS FERNANDO VERÍSSIMO
Luis Fernando Verissimo
Escritor
Luis Fernando Verissimo é um escritor brasileiro. Mais conhecido por
suas crônicas e textos de humor, mais precisamente de sátiras de
costumes, publicados diariamente em vários jornais brasileiros,
Nascimento: 26 de setembro de 1936 (78 anos), Porto Alegre, Rio Grande
do Sul
Cônjuge: Lúcia Helena Massa (desde 1964)
Filiação: Mafalda Halfen Volpe, Érico Veríssimo
Filhos: Pedro Verissimo, Mariana Veríssimo, Fernanda Verissimo
le é considerado pelos amigos e familiares como um homem bastante
tímido;
Curiosidades:
- Nos anos 1960, fez parte de um grupo musical chamado Renato e seu
Sexteto, que chegou a se apresentar profissionalmente em bailes;
- Atualmente, ele toca saxofone no grupo Jazz 6;
- O Internacional é o time do coração de Veríssimo.
PRINCIPAIS OBRAS
O Popular (1973, ed. José Olympio)
A Grande Mulher Nua (1975, ed. José Olympio)
Amor Brasileiro (1977, ed. José Olympio)
O Rei do Rock (1978, ed. Globo)
Ed Mort e Outras Histórias (1979, ed. L&PM)
Sexo na Cabeça (1980, ed. L&PM)
O Analista de Bagé (1981, ed. L&PM)
A Mesa Voadora (1982, ed. Globo)
Outras do Analista de Bagé (1982, ed. L&PM)
A Velhinha de Taubaté (1983, ed. L&PM)
A Mulher do Silva (1984, ed. L&PM)
A Mãe de Freud (1985, ed. L&PM)
O Marido do Doutor Pompeu (1987, ed. L&PM)
Zoeira (1987, ed. L&PM)
Noites do Bogart (1988)
Orgias (1989, ed. L± relançado em 2005 pela Objetiva)
Pai Não Entende Nada (1990, ed. L&PM)
Peças Íntimas (1990, ed. L&PM)
O Santinho (1991, ed. L&PM)
Humor Nos Tempos do Collor (1992, ed. L&PM Com Millôr Fernandes e Jô Soares)
O Suicida e o Computador (1992, ed. L&PM)
Comédias da Vida Pública (1995, ed. L&PM)
A Versão dos Afogados - Novas Comédias da Vida Pública (1997, ed. L&PM)
A Mancha (2004, ed. Cia das Letras, coleção Vozes do Golpe)
Em algum lugar do paraíso (2011, ed. Objetiva)
Diálogos impossíveis (2012, ed. Objetiva)
Os Últimos quartetos de Beethoven (2013, ed. Objetiva)
Lembro-me com clareza de todas as minhas professoras, mas me lembro de
uma em particular. Ela se chamava Dona Ilka. Curioso: porque escrevi "Dona Ilka"
e não Ilka? Talvez por medo de que ela se materializasse aqui do meu lado e
exigisse o "Dona", onde se viu tratar professora pelo primeiro nome, menino? No
meu tempo ainda não se usava o "tia". Elas podiam ser boas e até maternais, mas
decididamente não eram nossas tias. A Dona Ilka não era maternal. Era uma
mulher pequena com um perfil de passarinho. Um pequeno passarinho loiro. E
uma fera.
Eu era um aluno "bem-comportado". Era um vagabundo, não aprendia nada,
vivia distraído. Mas comportamento, 10. Por isto até hoje faço verdadeiras
faxinas na memória, procurando embaixo de tudo e em todos os nichos a razão
de ter sido, um dia, castigado pela Dona Ilka. Alguma eu devo ter feito, mas não
consigo lembrar o quê. O fato é que fui posto de castigo. Que consistia em ficar
de pé num canto da sala de aula, com a cara virada para a parede. (Isto tudo, já
dá para ver, foi mais ou menos lá pela Idade Média.) Mas o que eu nunca
esqueci foi a Dona llka ter me chamado de "santinho do pau oco".
O SANTINHO
Ser bem-comportado em aula não era uma decisão minha nem era nada
de que me orgulhasse. Era só o meu temperamento. Mas a frase terrível da
Dona Ilka sugeria que a minha boa conduta era uma simulação. Eu era um
falso. Um santo falsificado! Não vou dizer que todas as minhas dúvidas
existenciais datem do epíteto da Dona Ilka, mas, depois disso, pelo resto da
vida, não foram poucas as vezes em que um passarinho imaginário com perfil
de professora pousou no meu ombro e me chamou de fingido. Os santinhos do
pau oco passam a vida se questionando.
Já outra professora quase destruiu para sempre qualquer pretensão
minha à originalidade literária. Era para fazer uma redação em aula sobre a
ociosidade, e eu não tinha a menor ideia do que era ociosidade. Se a palavra
fora mencionada em aula, tinha certamente sido num dos meus períodos de
devaneio, em que o corpo ficava ali, mas a mente ia passear. E então, me
achando formidável, fiz uma redação inteira sobre um aluno que precisa
fazer uma redação sobre a ociosidade sem saber o que é isso, sua agonia e
finalmente sua decisão de fazer uma redação sobre a ociosidade, etc. A
professora chamou a atenção de toda a classe para a minha redação. Eu era
um exemplo de quem acha que com esperteza pode-se deixar de estudar e
por isto estava ganhando um zero exemplar. Só faltou me chamar de original
do pau oco.
Enfim, sobrevivi. No ginásio, todos os professores eram homens, mas
não lembro de nenhuma marca que algum deles tenha deixado. As
relações com as nossas pseudo-mães, no primário, eram muito mais
profundas. As duas histórias que eu contei não têm nenhuma importância.
Mas olha as cicatrizes.
Vale a pena ler outras crônicas deste
livro:
Vítor e seu irmão, O diamante, Dois
mais dois, Experiência, A história, mais
ou menos, O "flete“, O pleito,
Conversa, Relógio Digital, A solução,
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Escritor brasileiro Luis Fernando Verissimo e suas memórias de professores

  • 2. Luis Fernando Verissimo Escritor Luis Fernando Verissimo é um escritor brasileiro. Mais conhecido por suas crônicas e textos de humor, mais precisamente de sátiras de costumes, publicados diariamente em vários jornais brasileiros, Nascimento: 26 de setembro de 1936 (78 anos), Porto Alegre, Rio Grande do Sul Cônjuge: Lúcia Helena Massa (desde 1964) Filiação: Mafalda Halfen Volpe, Érico Veríssimo Filhos: Pedro Verissimo, Mariana Veríssimo, Fernanda Verissimo le é considerado pelos amigos e familiares como um homem bastante tímido; Curiosidades: - Nos anos 1960, fez parte de um grupo musical chamado Renato e seu Sexteto, que chegou a se apresentar profissionalmente em bailes; - Atualmente, ele toca saxofone no grupo Jazz 6; - O Internacional é o time do coração de Veríssimo.
  • 3. PRINCIPAIS OBRAS O Popular (1973, ed. José Olympio) A Grande Mulher Nua (1975, ed. José Olympio) Amor Brasileiro (1977, ed. José Olympio) O Rei do Rock (1978, ed. Globo) Ed Mort e Outras Histórias (1979, ed. L&PM) Sexo na Cabeça (1980, ed. L&PM) O Analista de Bagé (1981, ed. L&PM) A Mesa Voadora (1982, ed. Globo) Outras do Analista de Bagé (1982, ed. L&PM) A Velhinha de Taubaté (1983, ed. L&PM) A Mulher do Silva (1984, ed. L&PM) A Mãe de Freud (1985, ed. L&PM) O Marido do Doutor Pompeu (1987, ed. L&PM) Zoeira (1987, ed. L&PM) Noites do Bogart (1988) Orgias (1989, ed. L± relançado em 2005 pela Objetiva) Pai Não Entende Nada (1990, ed. L&PM) Peças Íntimas (1990, ed. L&PM) O Santinho (1991, ed. L&PM) Humor Nos Tempos do Collor (1992, ed. L&PM Com Millôr Fernandes e Jô Soares) O Suicida e o Computador (1992, ed. L&PM) Comédias da Vida Pública (1995, ed. L&PM) A Versão dos Afogados - Novas Comédias da Vida Pública (1997, ed. L&PM) A Mancha (2004, ed. Cia das Letras, coleção Vozes do Golpe) Em algum lugar do paraíso (2011, ed. Objetiva) Diálogos impossíveis (2012, ed. Objetiva) Os Últimos quartetos de Beethoven (2013, ed. Objetiva)
  • 4. Lembro-me com clareza de todas as minhas professoras, mas me lembro de uma em particular. Ela se chamava Dona Ilka. Curioso: porque escrevi "Dona Ilka" e não Ilka? Talvez por medo de que ela se materializasse aqui do meu lado e exigisse o "Dona", onde se viu tratar professora pelo primeiro nome, menino? No meu tempo ainda não se usava o "tia". Elas podiam ser boas e até maternais, mas decididamente não eram nossas tias. A Dona Ilka não era maternal. Era uma mulher pequena com um perfil de passarinho. Um pequeno passarinho loiro. E uma fera. Eu era um aluno "bem-comportado". Era um vagabundo, não aprendia nada, vivia distraído. Mas comportamento, 10. Por isto até hoje faço verdadeiras faxinas na memória, procurando embaixo de tudo e em todos os nichos a razão de ter sido, um dia, castigado pela Dona Ilka. Alguma eu devo ter feito, mas não consigo lembrar o quê. O fato é que fui posto de castigo. Que consistia em ficar de pé num canto da sala de aula, com a cara virada para a parede. (Isto tudo, já dá para ver, foi mais ou menos lá pela Idade Média.) Mas o que eu nunca esqueci foi a Dona llka ter me chamado de "santinho do pau oco". O SANTINHO
  • 5. Ser bem-comportado em aula não era uma decisão minha nem era nada de que me orgulhasse. Era só o meu temperamento. Mas a frase terrível da Dona Ilka sugeria que a minha boa conduta era uma simulação. Eu era um falso. Um santo falsificado! Não vou dizer que todas as minhas dúvidas existenciais datem do epíteto da Dona Ilka, mas, depois disso, pelo resto da vida, não foram poucas as vezes em que um passarinho imaginário com perfil de professora pousou no meu ombro e me chamou de fingido. Os santinhos do pau oco passam a vida se questionando. Já outra professora quase destruiu para sempre qualquer pretensão minha à originalidade literária. Era para fazer uma redação em aula sobre a ociosidade, e eu não tinha a menor ideia do que era ociosidade. Se a palavra fora mencionada em aula, tinha certamente sido num dos meus períodos de devaneio, em que o corpo ficava ali, mas a mente ia passear. E então, me achando formidável, fiz uma redação inteira sobre um aluno que precisa fazer uma redação sobre a ociosidade sem saber o que é isso, sua agonia e finalmente sua decisão de fazer uma redação sobre a ociosidade, etc. A professora chamou a atenção de toda a classe para a minha redação. Eu era um exemplo de quem acha que com esperteza pode-se deixar de estudar e por isto estava ganhando um zero exemplar. Só faltou me chamar de original do pau oco.
  • 6. Enfim, sobrevivi. No ginásio, todos os professores eram homens, mas não lembro de nenhuma marca que algum deles tenha deixado. As relações com as nossas pseudo-mães, no primário, eram muito mais profundas. As duas histórias que eu contei não têm nenhuma importância. Mas olha as cicatrizes. Vale a pena ler outras crônicas deste livro: Vítor e seu irmão, O diamante, Dois mais dois, Experiência, A história, mais ou menos, O "flete“, O pleito, Conversa, Relógio Digital, A solução, Minhas férias .