1. Capitulo 1.
Cidade - Becos.
Neon, uma cidade feita de ferro e outras incontáveis ligas metálicas, ligada a vapor e energia,
nada de magico sobre esta cidade, além é claro, de que é a capital do segundo maior reino do
Continente de Kelewan. Nasci e cresci aqui em Neon, o som das fabricas e das locomotivas
está impregnado até nas minhas memorias mais longínquas, aliás, ainda mais para min que
vivo em baixo da terra, essa cidade parece o inferno. Não que eu viva em um buraco na terra,
mas sim em um porão em baixo do prostíbulo que o Frojack, meu criador, chama de bordel.
Frojack é um negão alto que tem uma cicatriz que corre do pescoço até o seu queixo e que anda
sempre vestido com roupas coloridas, pomposas e de veludo. Frojack gosta de me vestir bem
as vezes para acompanha-lo em encontros com mulheres de bairros mais ricos, afinal eu sou
um garoto bonito e não aparento ser um pobretão meio órfão que viveu a vida inteira em
cronogamo, na verdade usando as roupas pomposas do Frojack eu fico até parecendo um
cavalheiro apresentável, veja bem, meu cabelo tem a cor castanho claro e é um pouco
encaracolado, também tenho olhos verdes bem claros e apesar de eu ser um pouco bronzeado
devido a ficar cozinhando nas ruas da cidade, minha pele é naturalmente muito branca. passei
boa parte da minha infância vendo homens sebosos e mulheres nuas, porém, além de alguns
malditos porcos que me assediavam com palavras, nunca tive maiores problemas naquele lugar
quando criança. Frojack nunca me deu nada, mas me cobrava uma série de coisas, então vivia
ajudando ele a cobrar prostitutas e a mandar recadinhos para as pessoas que ele me indicava,
acabava até conhecendo pessoas uteis nesse processo. Nunca quis ficar lá, mas nunca tive a
opção de ir para um lugar melhor, então continuo por aqui, agora com 17 anos estou
independente e até fazendo alguns trabalhos por fora, como por exemplo cobrando dividas de
alguns manés em nome de vendedores da região de cronogamo, bairro aonde só existe pessoas
nefastas e homens a procura de algumas pernas que se abram por dinheiro, aliás, esse é também
o bairro aonde eu vivo, uma verdadeira merda. Nesses trabalhos acabei criando o que eu chamo
de Companhia dos biqueiros de cronogamo, que é nada mais que eu e os garotos do bairro que
me ajudam a completar meu serviço e para minha sorte eles me adoram, pois acham que
conheço todos os mafiosos e ladroes da região e que eu tenho alguma moral com eles, o que é
uma idiotice, no máximo conheço alguns deles por causa do Frojack e só. Durante esses anos
criei algumas expectativas para meu futuro e também alguns hobbies, como por exemplo,
gostaria de ser um viajante, sim, quero conhecer todos os 7 continentes e os 23 reinos dentro
deles e também os 2 impérios de Midkemia e todas as raças que existem nesses territórios, já
que aqui em Neon a maioria da população é de humanos, apesar de que já conheci alguns anões
e elfos e certa vez conheci também um gnomo, que por incrível que pareça tinha habilidades
magicas, e isto me interessou muito, ser um mago não é grande coisa na maioria das vezes,
entretanto os grandes magos entram para a história, não que eu ligue para entrar para a história,
todavia o que eu quero mesmo é ter o poder que esses magos tinham, mas para isso teria que
ter talento e um bom mestre, o que está completamente fora de mão no momento, portanto meu
foco agora é ganhar dinheiro e dar o fora dessa cidade mecânica. Também costumo estudar
quando não estou ocupado no bordel e sem nenhum bico, uso a biblioteca central para buscar
sobre as coisas que gostaria de saber, além de estudar as línguas de outras raças, até hoje
dominei a escrita élfica e a linguagem geral dos anões, conheço também algumas coisas em
rúnico e espero que um dia tudo isso seja útil em minhas viagens.
2. Um dia chuvoso nesta cidade porca, é a pior coisa que você pode imaginar, pois o cheiro do
lixo jogado pelas ruas se levanta e persegue em especial o meu nariz, ou pelo menos é o que
me parece... e hoje está chovendo muito, ainda bem que tive a ótima ideia de decidir vir para a
biblioteca da cidade, costumo vir para cá com frequência, ver aqueles animais analfabetos que
frequentam o bordel do Frojack me motiva a ter cultura. Hoje estou folheando alguns livros
sobre a escrita rúnica e sua importância para os cultos antigos e o uso dela em magias, e sim,
está biblioteca é gigantesca, repleta de sessões e áreas que eu sequer já explorei, após algumas
horas na sessão de livros de línguas, decidi aproveitar que estou ilhado aqui devido à chuva, e
vou explorar toda a biblioteca. Andando pelos salões vazios encontrei uma entrada de porta
dupla, decidi entrar, ao abrir a porta eu notei algo de diferente nessa sessão, na verdade é uma
cúpula com estantes em volta das paredes e uma mesa no meio, e a pintura no teto lembra uma
floresta mística, algo muito estranho, afinal de contas aqui só se vê prédios, estruturas e fumaça.
lendo os livros entendi o porquê de uma sala tão singular para guarda-los, esses livros se
tratavam de histórias e ritos de várias criaturas e raças dos reinos do Leste, aonde vivem seres
como elfos, fadas entre outras raças que se abrigam em florestas nativas e com forte intensidade
mágica... tal cúpula deve ter sido criada em homenagem a arquitetura dessas raças, apesar dos
livros serem bem interessantes e singulares, está sessão me parece ser bem esquecida, e o
motivo disso não me parece um segredo, afinal de contas todos os livros aqui estão em dialetos
diferentes dos que são usados normalmente em Neon. Passei o resto da tarde lendo alguns
livros daqui e separei alguns para levar, me dirigi até a porta e algo me chamou a atenção, do
angulo da porta pude notar um livro todo negro, diferente dos livros de capas desenhadas que
tinha encontrado nesta tarde neste lugar, subi a escada para pegar mas ele estava bem no topo
da prateleira, me estiquei o máximo que pude para pega-lo, porém, quando alcancei ele eu me
desequilibrei e cai de bunda no chão, não me machuquei muito pois consegui dar uma segurada
nas prateleiras mais baixas, acabei me arranhando um pouco nos braços, mas o pior de tudo é
que derrubei vários livros, reparei que dos livros que derrubei, além do de capa preta outro me
chamou a atenção, dessa vez não era a cor da capa, mas sim o fato de eles estar fechado por
uma cinta com um dragão cravejado em sua fivela, peguei ele e o livro de capa preta e os
coloquei na mesa, o livro de capa preta era um livro sobre a história de uma invasão de elfos
negros, criaturas malignas até aonde eu sei, aos fortes montanhosos dos anões de alta montanha,
uma grande nação de anões que vivem no continente de Nozkrat, um continente gelado, cheio
de neve e muitas montanhas, assim como o nome sugeri, de qualquer forma este livro me parece
interessante apesar de não ter intenção real de lê-lo..., portanto, fui analisar o outro livro e algo
me chamou ainda mais a atenção, quando abri a fivela, embaixo tinha uma runa que simboliza
magia arcana antiga, fiquei pasmo, será que encontrei um exemplar de livro de magia? E o que
caralhos um livro desse está fazendo na biblioteca da cidade? Foda-se, agora é meu! haha, tirei
sorte grande, percebi que deveria sair dali, afinal de contas alguém poderia ter escutado o
barulho da minha queda e estar vindo ver o que aconteceu e eu duvido que deixem eu sair daqui
com este tomo, eu nem sequer abri ele para ver se realmente era o que eu pensava, relacrei ele
com a cinta e escondi na minha capa de chuva e larguei os livros que queria emprestar da
biblioteca ali mesmo, deixei aquela bagunça e fui direto para o salão principal, aonde fica a
porta, para não levantar suspeitas fui para o balcão da secretaria da biblioteca conversar com
uma garota que era secretária ali, ela gostava de min e eu sabia disso, nunca liguei para ela,
mas hoje vou dar bola para que possa passar por ali sem problemas, chegando no balcão eu à
disse:
— Olá, prazer em conhecer você, me desculpa perguntar, mas qual é o seu nome?
3. Ela se virou para min e tomou uma espécie de susto, notei que ela ficou nervosa, e então ela
disse com uma voz desajeitada:
— Ah, oi, é... m-meu nome é Carline. — Sorrindo, ela disse. — E o seu?
— Que nome lindo. — Eu pontuei — Meu nome é Medívi.
— A que legal, o que deseja? — disse ela desviando o olhar.
— Então, eu sempre te vejo quando venho aqui na biblioteca, e sempre te achei muito bonita
e tal... então queria te perguntar se quer sair comigo qualquer dia desses? — disse eu me
aproximando dela.
— Sim, gostaria muito, também já tinha reparado em você por aqui, quando você quer sair?
— disse ela com um sorriso largo no rosto.
— Bom, não sabia se você aceitaria, então não tinha preparado nada. — Sorri e diminui o
tom. — Mas amanhã eu venho aqui e combino tudo com você, tudo bem?
— Sim, não tem problema. — disse ela, que aparentava estar voltando a ficar com vergonha.
— Então está feito! Amanhã a gente se fala. — Eu afirmei
— Feito! até amanhã. — disse ela.
— Até! — completei.
e então eu sai do balcão e fui direto até a porta principal, e quando sai da biblioteca me senti
aliviado, notei que a chuva tinha sessado, passei ao menos umas 12 horas na biblioteca hoje,
cheguei as 7 da manhã e estou saindo daqui às 19 horas, foi o meu dia mais lucrativo nesse
lugar, e se esse livro se trata do que eu imagino, nunca mais vou voltar! Estou pouco me
fodendo para aquela menina, ela nem é tão bonita, e as pessoas do bairro central costumam ser
imbecis de tão ingênuas. Apertei o passo em direção ao metro para cronogamo, que por sinal é
o em pior estado de toda a cidade, parece mais um monte de contêineres enfileirados e movidos
por trilhos velhos... de qualquer forma é melhor do que atravessar a cidade inteira andando.
Entrando no trem fiquei calado a viajem inteira, só observando as pessoas que entravam e
saiam, afinal tendo em vista o que eu posso estar carregando, ficar meio paranoico é quase
instintivo.