1.
----------- CONTOS -----------
A
Casa
Após
mas
um
dia
de
colégio,
voltava
para
casa,
tinha
a
sensação
de
que
aquela
manhã
passara
dormindo.
Me
lembrava
vagamente
das
aulas
e
da
pouca
conversa
que
tive
com
alguns
amigos,
me
vinha
a
cabeça
apenas
o
laço
de
fita
vermelho
de
cetim
da
aluna
que
sentava
a
minha
frente;
-‐
Como
se
chama
ela
mesmo?
Não
sei,
já
soube
um
dia,
e
tinha
o
resto
dos
cabelos
soltos
caídos
nas
costas
que
hora
ou
outra
caia
para
frente
e
ela
com
uma
das
mãos
os
jogava
para
trás.
Minha
timidez
excessiva
me
tirava
a
possibilidade
de
aproximação
das
pessoas,
então
perdia
muito
com
isso.
Neste
momento
me
peguei
no
meio
da
rua,
por
sorte
não
passava
ninguém
e
pensei;
-‐
Não
estou
atento
ao
dia,
devo
prestar
mais
atenção,
poderia
ter
me
ferido
seriamente.
Mas
antes
de
atravessar
a
rua
novamente,
olhei
para
a
praça
que
fica
na
frente
de
casa,
e
haviam
plantado
uma
nova
árvore,
pensei;
-‐
Como
estou
desligado,
a
tempos
que
passo
por
aqui
e
não
havia
percebido
o
quanto
esta
árvore
germinou.
Então
segui
para
casa,
onde
o
conforto
do
lar
me
dará
vigor
para
este
dia
que
passa
quase
que
em
câmera
lenta,
no
modo
espectador.
Mas
quando
adentrei
em
minha
casa,
nela
haviam
muitas
pessoas.
Pessoas
desconhecidas,
achei
que
era
algum
acontecimento
sério,
que
algo
teria
ocorrido
na
família,
poderiam
ser
curiosos
a
saber
o
que
passava.
Mas
aos
poucos
notei
algumas
exclamações
contidas
no
silêncio
e
pensei;
-‐
É
certo
que
alguém
morreu.
Passei
então
rapidamente
pelos
cômodos,
procurando
por
meus
pais
e
irmãos,
e
em
cada
aposento
que
entrava,
novos
estranhos
encontrava.
O
que
me
admirava
era
a
concentração
das
pessoas
diante
dos
objetos,
pareciam
hipnotizadas
a
ponto
de
não
me
verem.
2
2.
Pensei
em
chamar,
hora
essa,
estava
em
minha
casa;
-‐
Vou
gritar,
alguém
há
de
aparecer.
Mas
com
o
silêncio
e
decoro
das
pessoas
eu
me
contive
e
então
após
procurar
por
toda
parte,
me
sentei
nas
escadas
que
davam
para
o
quintal,
pensei
em
perguntar
para
os
senhores
que
passaram
por
mim
na
escadaria,
mas
as
palavras
não
saiam.
Apoiei
meus
cotovelos
nos
joelhos
e
meu
rosto
nas
mãos
e
fiquei
a
bufar
e
esperar,
e
logo
veio
até
mim
uma
senhora
dizendo;
-‐
Não
pode
se
sentar
ai.
Assustado
com
a
frase
sem
sentido,
afinal
todos
os
dias
após
o
almoço
era
ali
que
nós
reuníamos
para
aproveitar
o
calorzinho
do
verão.
-‐ Levante-‐se
garoto,
já
disse,
não
pode
ficar
sentado
aí.
-‐ Mas
quem
é
a
senhora?
-‐ Hora
que
pergunta
mas
sem
hora!
-‐ Não
entendo,
essas
pessoas
e
agora
a
senhora.
-‐ O
que
tem,
as
pessoas
vem
todos
os
dias
é
comum,
o
que
a
de
mal
nisso?
-‐ Não
sei,
há
muito
esta
é
minha
casa
e
nunca
os
vi
aqui
antes.
-‐ Garoto,
andou
comendo
besteira
na
escola?
Moro
aqui
desde
meu
nascimento
e
nunca
o
vi
antes.
-‐ Não,
não
senhora!
E
que
tolice
é
está
que
está
dizendo,
eu
moro
aqui
junto
com
meus
pais
e
irmãos.
A
senhora
deve
estar
sofrendo
da
cabeça.
A
senhora
saiu
andando
para
o
quintal
a
resmungar,
eu
me
levantei
com
rispidez
e
voltei
para
dentro
da
casa;
-‐
Que
asneira
dessa
anciã
dizendo
absurdos.
Mas
ao
entrar
minha
impaciência
só
aumentou,
fui
até
a
sala
de
música
e
avistei
duas
mulheres
conversando
diante
do
piano,
pensei
em
ficar
rodeando
para
ouvir
o
que
falavam,
já
que
minha
timidez
me
impede
até
de
discutir
com
loucos.
-‐ O
caso
é
que
este
piano
foi
encontrado
em
Paris
e
resgatado
pelo
diretor.
-‐ Não
acredito,
mas
quem
garante
de
que
é
o
legítimo.
-‐ Hora,
nós
que
somos
leigos
nunca
saberíamos,
mas
um
profissional
sabe
avaliar,
e
me
parece
ser
feito
de
uma
madeira
encontrada
apenas
nos
países
tropicais.
-‐ Sim
e
deve
ser,
porque
reluz
como
ouro,
olhe
esse
brilho,
parece
nunca
ter
sido
tocado.
Ao
lado
da
arpa
um
homem
explicava
ao
garoto;
3.
-‐ O
som
que
produz
são
as
asas
dos
anjos
batendo,
não
há
instrumento
mais
delicado
que
este.
Segui
para
sala
de
jantar,
a
mesa
estava
posta,
de
certo
receberíamos
convidados,
poderia
ser
esse
o
motivo
de
tantos
estranhos.
Então
me
sentei
no
sofá
e
fiquei
observando
e
esperando.
Espontaneamente
tive
a
brilhante
ideia
de
seguir
ao
gabinete
do
papai,
mas
era
lógico,
nele
não
se
permitia
entrar
estranhos,
eu
mesmo
pouquíssimas
vezes
entrei
lá,
apenas
o
chamava
da
porta
quando
mamãe
precisava
falar.
-‐ Papai,
o
senhor?
Procurava
por
todos
à
horas
e
não
encontrei
ninguém,
o
que
houve
aqui?
-‐ Tardou
a
chegar
meu
filho,
o
espero
a
muito
tempo.
-‐ Mas
porque,
onde
estão
todos?
E
quem
são
essas
pessoas?
Havia
uma
senhora
dizendo
bobagens...
-‐ Sim,
ela
passa
por
aqui
todos
os
dias,
me
obriga
a
sair
e
diz
que
não
me
permite
usar
sua
mobília.
-‐ Mas
e
as
pessoas,
mamãe?
Não
os
vejo
desde
que
cheguei.
Papai
era
um
homem
muito
sábio
e
inteligente,
passava
dias
e
dias
lendo,
estudando
e
teve
até
livros
publicados.
Mas
naquele
momento
me
parecia
sem
resposta,
perdido
no
tempo,
olhou
para
um
casal
que
entrou
no
gabinete
e
apontavam
a
escrivaninha,
dizendo;
-‐
Não
a
época
melhor
que
essa,
aqui
veja
está
escrivaninha,
esta
madeira
está
aqui
a
mais
de
cem
anos,
e
nunca
perdeu
seu
brilho,
continua
como
nova.
Veja
a
cadeira,
tem
o
estofado
impecável,
me
diz
se
hoje
conseguem
fazer
algo
que
dure
para
mais
de
uma
vida.
Autora:
Cássia
Xavier
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