1. MODELO DE COMPARAÇÃO ENTRE RENDIMENTOS OBTIDOS COM PLANTIOS DE EUCALIPTO
COM MANEJO CONVENCIONAL E COM MANEJO PARA USO MÚLTIPLO.
Fevereiro, 2008
IVO PERA EBOLI.
ENG. FLORESTAL M.Sc.
EMATER-MG.
RESUMO.
FORAM COMPARADOS OS RETORNOS FINANCEIROS
ENTRE PLANTIOS DE EUCALIPTO NO
ESTADO DE MINAS GERAIS MANEJADOS CONVENCIONALMENTE, COM DESTINAÇÃO DA
MADEIRA PARA USOS TAMBÉM CONVENCIONAIS (FREQUENTEMENTE FINS ENERGÉTICOS), E
PLANTIOS HIPOTÉTICOS MANEJADOS PARA USO MÚLTIPLO, COM DESTINAÇÃO DA MADEIRA
PARTE PARA USOS CONVENCIONAIS, E PARTE PARA SERRARIA.
A EXPLORAÇÃO SOB MANEJO CONVENCIONAL, COM UM CICLO CONSIDERADO DE 21 ANOS (3
CORTES DE 7 EM 7 ANOS), RESULTOU NUMA TAXA INTERNA DE RETORNO* DE 15,37%,
ENQUANTO A EXPLORAÇÃO SOB MANEJO PARA USO MÚLTIPLO, COM UM CICLO CONSIDERADO
DE 16 ANOS, RESULTOU NUMA TAXA INTERNA DE RETORNO DE 24,51%.
*TAXA INTERNA DE RETORNO - REMUNERAÇÃO ANUAL
OBTIDA PELO CAPITAL INVESTIDO NO
EMPREENDIMENTO.
1. - CONCEITUAÇÃO DOS TIPOS DE MANEJO.
1.1. - MANEJO CONVENCIONAL
PARA
OS
FINS
DESTE
TRABALHO,
SERÁ
ADOTADO
COMO
CONCEITO
DE
MANEJO
CONVENCIONAL AQUELE QUE É PRATICADO PELA MAIORIA DOS PRODUTORES RURAIS DE
MINAS GERAIS QUE SE DEDICAM AO PLANTIO DO EUCALIPTO, COMO SEGUE:
A MAIOR PARTE DA MADEIRA É USUALMENTE DESTINADA PARA FINS ENERGÉTICOS (CARVÃO
OU LENHA), SENDO COMUM ENTRETANTO ENCONTRAR-SE OUTROS USOS,
TAIS COMO
CONSUMO EM BENFEITORIAS NO PRÓPRIO IMÓVEL RURAL, CONSTRUÇÃO CIVIL, ETC.
NO QUE DIZ RESPEITO AOS TRATOS CULTURAIS, ESTES SÃO RESTRITOS
REPLANTIO E COMBATE À FORMIGAS.
A CAPINAS,

2. NA FASE DE EXPLORAÇÃO, SÃO FEITOS CORTES RASOS NOS POVOAMENTOS ENTRE 5 E 7
ANOS APÓS O PLANTIO, SENDO FREQUENTE
DEIXAR QUE A REBROTA RECOMPONHA O
POVOAMENTO ENTRE O DÉCIMO E DÉCIMO QUARTO ANO, REPETINDO-SE O PROCEDIMENTO
ENTRE O DÉCIMO QUINTO E VIGÉSIMO PRIMEIRO ANO. TAIS VARIAÇÕES OCORREM MUITAS
VEZES EM FUNÇÃO DE CARACTERÍSTICAS REGIONAIS DE CLIMA E SOLO.
1.2. - MANEJO PARA USO MÚLTIPLO
PARA USO MÚLTIPLO, PRETENDE-SE QUE O MANEJO PERMITA A DESTINAÇÃO DO PRODUTO DE
FLORESTAS DE EUCALIPTO TANTO PARA OS USOS JÁ CONSAGRADOS NO BRASIL, QUANTO
PARA SERRARIA, POSTES PARA ELETRICIDADE, ETC.
DE MANEIRA GERAL, A PROPOSTA É IR RETIRANDO AS ÁRVORES DO PLANTIO MENOS
DESENVOLVIDAS, OU MAL POSICIONADAS. COM MAIOR ESPAÇO PARA SE DESENVOLVEREM, AS
ÁRVORES REMANESCENTES, QUE JÁ SÃO SUPERIORES, TERÃO AINDA MELHORES CONDIÇÕES
PARA CRESCER.
COMO
OS
NÓS
DESVALORIZAM
A
MADEIRA
SERRADA,
AS
ÁRVORES
QUE
SERÃO
ENCAMINHADAS PARA SERRARIA DEVEM ESTAR LIVRES DELES. COMO SÃO OS GALHOS QUE
FORMAM OS NÓS, SUGERE-SE QUE EM NOVOS PLANTIOS OS GALHOS LATERAIS SEJAM
RETIRADOS, PORÉM SOMENTE NAS MELHORES ÁRVORES, QUE SERÃO SERRADAS NO FINAL
DO CICLO. ESTAS ÁRVORES DEVEM SER IDENTIFICADAS A PARTIR DO PRIMEIRO ANO DE
PLANTIO,
MARCADAS E DESRAMADAS, QUANDO OS GALHOS LATERAIS ALCANCAREM A
ESPESSURA DE UM DEDO DA MÃO, MANTENDO-SE AO LONGO DO TEMPO SOMENTE O TERÇO
SUPERIOR DE SUAS COPAS, ENQUANTO A ALTURA DAS ÁRVORES PERMITIR.
NOTE-SE QUE AS ALTERNATIVAS DE COMERCIALIZAÇÃO VARIAM CONFORME A REGIÃO,
DEVENDO O PRODUTOR MANTER-SE ATENTO ÀS OPORTUNIDADES DE MERCADO.
ATUALMENTE ESTÃO SENDO SERRADAS DIFERENTES ESPÉCIES DE EUCALIPTO, QUE NÃO
FORAM
ORIGINALMENTE
PLANTADAS
COM
ESSA
DESTINAÇÃO.
A
OBSERVAÇÃO
DO
COMPORTAMENTO DESSAS ESPÉCIES QUANDO SERRADAS CONSTITUEM UM IMPORTANTE
PONTO DE PARTIDA PARA CONDUÇÃO DE PESQUISAS QUE LEVEM À ESPECIMENS OTIMIZADOS
PARA
O
BINÔMIO
SERRARIA/CARVOEJAMENTO.
OUTROSSIM,
ESSA
LACUNA
NÃO
TEM
INVIABILIZADO O USO PARA SERRARIA DOS MACIÇOS EXISTENTES.
BUSCANDO O MELHOR RETORNO FINANCEIRO, ATRAVÉS DO CÁLCULO DAS TAXAS INTERNAS
DE RETORNO, FORAM FEITAS ADAPTAÇÕES DE ESQUEMAS DE MANEJO ATUALMENTE EM USO
POR GRANDES EMPRESAS, ALÉM DE OUTROS SUGERIDOS POR INSTITUIÇÕES DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA.
RESSALTE-SE QUE ESTE AINDA É UM CAMPO EM ESTUDO, COM
ALTERNATIVAS EM DISCUSÃO. PELO FATO DAS ATIVIDADES
MUITAS
DE SILVICULTURA SEREM DE
LONGO PRAZO, AINDA DECORRERÃO VÁRIOS ANOS ATÉ QUE SE CHEGUE A UM MANEJO
“ÓTIMO”. COMO O MERCADO É SOBERANO, DEVE-SE TER SEMPRE EM VISTA A POSSIBILIDADE
DE AJUSTES AO LONGO DO TEMPO.

3. O ESQUEMA SUGERIDO É O SEGUINTE, PARA POVOAMENTOS PLANTADOS NO ESPAÇAMENTO
DE 3m POR 2m, TOTALIZANDO 1.667 ÁRVORES/ha:
CORTES
IDADE
% DE
NÚMERO DE
NÚMERO DE
ESTIMATIVA DE
(ANOS)
ÁRVORES
ÁRVORES
ÁRVORES QUE
MADEIRA PRO-
RETIRADAS
RETIRADAS
PERMANECEM
DUZIDA
667*
400
250
350
1000
600
350
0
43,2 st**
57,6 st***
150,0m 3****
245,0m3*****
DO
Desbaste 1
4
Desbaste 2
8
Desbaste 3
12
Corte final
16
*Inclui árvores falhadas
TOTAL
40
24
15
21
**(40% X 30 st/ha/ano X 4 anos) menos 10% de árvores falhadas
***(24% X 30 st/ha/ano X 8 anos)
****(250 árvores X 0,60 m 3/árvore)
*****350 árvores X 0,70 m 3 /árvore
APESAR DE NÃO SEREM CONHECIDOS PLANTIOS CONDUZIDOS COM O MANEJO PARA USO
MÚLTIPLO
AQUI
SUGERIDO,
OS
PARÂMETROS
UTILIZADOS
SÃO
CONSERVADORES,
CONFERINDO RAZOAVEL GRAU DE CONFIABILIDADE AOS RESULTADOS OBTIDOS.
A MADEIRA A SER RETIRADA DO QUARTO AO OITAVO ANO TEVE SEU PREÇO COMPUTADO
PELO MERCADO CONVENCIONAL DE MADEIRA DE EUCALIPTO, ENQUANTO QUE A MADEIRA A
SER RETIRADA DO DÉCIMO SEGUNDO AO DÉCIMO SEXTO ANO TEVE SEU PREÇO COMPUTADO
PELO PREÇO QUE TEM SIDO PAGO A PRODUTORES POR TORAS DE EUCALIPTO EM PÉ,
ORIUNDAS DE PLANTIOS CONVENCIONAIS COM ESSA IDADE E DAP (diâmetro medido a 1,30m do
solo) EM TORNO DE 30 CM, DESTINADAS A SERRARIA OU POSTES PARA LINHAS DE ENERGIA.
ESTES CRITÉRIOS NÃO PRETENDEM ESGOTAR AS POSSIBILIDADES DE MANEJO, QUE DEVEM
SER OBJETO DE PESQUISA.
2. - CONSIDERAÇÕES GERAIS.
PARA OS FINS DESTE TRABALHO, FORAM UTILIZADOS VALORES DE PRODUTIVIDADE MÉDIOS.
ASSIM, PARA O INCREMENTO DOS POVOAMENTOS FOI CONSIDERADO O VALOR DE 30 st/ha/ano,
SENDO QUE ALGUMAS REGIÕES DE MINAS GERAIS PROPORCIONAM INCREMENTOS MAIORES
(ZONA DA MATA) E OUTRAS MENORES (SOLOS ARENOSOS DO TRIÂNGULO).
PARA O MANEJO CONVENCIONAL, ACOMPANHANDO A LITERATURA E A PRÁTICA DE CAMPO, FOI
CONSIDERADA UMA REDUÇÃO DE PRODUTIVIDADE DE 20% NA PRIMEIRA REBROTA E 30% NA
SEGUNDA REBROTA, COM CICLO DE 7 ANOS EM QUALQUER CASO.
NO MANEJO PARA USO MÚLTIPLO, O RENDIMENTO ESPERADO DE 120 st/ha NO QUARTO ANO
NÃO TERÁ UMA REDUÇÃO LINEAR AO DESBASTE, UMA VEZ QUE SERÃO CORTADAS
AS
ÁRVORES MENOS DESENVOLVIDAS. SEGUINDO O RACIOCÍNIO, DEVE HAVER ENTRETANTO UM
AUMENTO DE PRODUTIVIDADE NOS ANOS SEGUINTES. POR NÃO TEREM SIDO ENCONTRADOS

4. DADOS ESTATÍSTICOS CONFIAVEIS NESSE PARTICULAR, ESSE ASPECTO DEIXOU DE SER AQUI
CONSIDERADO.
CONSIDEROU-SE PLANTIOS NO ESPAÇAMENTO DE 3 x 2m, COM MACIÇOS DE 1.667 ÁRVORES
POR ha, COM UM ÍNDICE DE PERDA DE 10%.
QUANTO AOS PREÇOS RECEBIDOS PELO PRODUTOR, FOI ADOTADO O VALOR DE R$ 20,00/st
PAGO PELA
MADEIRA DE EUCALIPTO EM PÉ COM 7 ANOS, COMO MÉDIA DA MAIORIA DAS
REGIÕES DO ESTADO DE MINAS GERAIS.
JÁ PARA ÁRVORES DE EUCALIPTO EM PÉ, ACIMA DE 12 ANOS DE IDADE, FOI ADOTADO O VALOR
DE MERCADO PRATICADO NA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS, QUE CORRESPONDE A UM
VALOR MÉDIO DE R$ 70,00 POR m 3. NESTE TRABALHO ASSUMIU-SE 0,60m 3 O VOLUME MÉDIO
PARA ÁRVORES COM 12 ANOS E 0,70m 3 PARA ÁRVORES COM 16 ANOS. RESSALTE-SE QUE EM
OUTRAS REGIÕES FORAM REPORTADOS VALORES PAGOS POR m 3 SUPERIORES AOS AQUI
ADOTADOS.
3. - ANÁLISE FINANCEIRA.
3.1 - MANEJO CONVENCIONAL.
ANO
INVESTIMENTO
0
1
7
14
21
CUSTEIO
2300,00
223,00
392,00
392,00
PRODUÇÃO
RECEITAS
210 st
170 st
150 st
TOTAL RECEITAS
5.250,00
4.250,00
3.750,00
13.250,00
TAXA INTERNA DE RETORNO – 15,37%
3.2 - MANEJO PARA USO MÚLTIPLO.
ANO
INVESTIMENTO
0
1
4
8
12
16
CUSTEIO
PRODUÇÃO
RECEITAS
2.300,00
43,2 st
57,6 st
150,0 m 3
245,0 m 3
TOTAL
1.080,00
1.440,00
15.000,00
29.400,00
46.920,00
450,00*
RECEITAS
*Incluídas despesas com desrama
TAXA INTERNA DE RETORNO - 24,51 %
4. CONCLUSÃO.

5. A ANÁLISE DOS FLUXOS DE CAIXA MOSTRA A VANTAGEM DO MANEJO PARA USO MÚLTIPLO,
DENTRO DOS PARÂMETROS AQUI ASSUMIDOS, SUGERINDO QUE ESSA ALTERNATIVA SEJA
LEVADA
AO PRODUTOR RURAL PELOS SERVIÇOS DE EXTENSÃO. ENTRETANTO, DEVE-SE
NOTAR TAMBÉM QUE AS RECEITAS ACONTECEM MAIS TARDE NO MANEJO PARA USO MÚLTIPLO,
QUANDO COMPARADAS COM O MANEJO CONVENCIONAL.
POR OUTRO LADO, NÃO SE VISLUMBRAM GRANDES RISCOS PARA O PRODUTOR NA APLICAÇÃO
DO MANEJO PARA USO MÚLTIPLO DE EUCALIPTAIS.
DEMANDA DE MADEIRA SERRADA, E NA
NÃO É DE SE ESPERAR QUEDA NA
HIPÓTESE DE QUE ISSO ACONTEÇA, É GRANDE A
FLEXIBILIDADE NO QUE DIZ RESPEITO À DESTINAÇÃO FINAL DA MADEIRA OBTIDA.

6. A ANÁLISE DOS FLUXOS DE CAIXA MOSTRA A VANTAGEM DO MANEJO PARA USO MÚLTIPLO,
DENTRO DOS PARÂMETROS AQUI ASSUMIDOS, SUGERINDO QUE ESSA ALTERNATIVA SEJA
LEVADA
AO PRODUTOR RURAL PELOS SERVIÇOS DE EXTENSÃO. ENTRETANTO, DEVE-SE
NOTAR TAMBÉM QUE AS RECEITAS ACONTECEM MAIS TARDE NO MANEJO PARA USO MÚLTIPLO,
QUANDO COMPARADAS COM O MANEJO CONVENCIONAL.
POR OUTRO LADO, NÃO SE VISLUMBRAM GRANDES RISCOS PARA O PRODUTOR NA APLICAÇÃO
DO MANEJO PARA USO MÚLTIPLO DE EUCALIPTAIS.
DEMANDA DE MADEIRA SERRADA, E NA
NÃO É DE SE ESPERAR QUEDA NA
HIPÓTESE DE QUE ISSO ACONTEÇA, É GRANDE A
FLEXIBILIDADE NO QUE DIZ RESPEITO À DESTINAÇÃO FINAL DA MADEIRA OBTIDA.