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ARTIGO
DE REVISÃO
Atividade física e envelhecimento: aspectos epidemiológicos
Sandra Mahecha Matsudo1,2, Victor Keihan Rodrigues Matsudo2 e Turíbio Leite Barros Neto3
M
1. Coordenadora do Projeto Longitudinal de Envelhecimento e Aptidão Fí-
sica de São Caetano do Sul.
2. Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do
Sul – Celafiscs.
3. Cemafe – Escola Paulista de Medicina – Unifesp.
Recebido em: 15/10/2000.
Aceito em: 22/12/2000.
Endereço para correspondência:
Avenida Goiás, 1.400
09521-300 – São Caetano do Sul, SP
E-mail: celafiscs@celafiscs.com.br
INTRODUÇÃO
A relação entre atividade física, saúde, qualidade de vida
e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e ana-
lisada cientificamente. Atualmente é praticamente um con-
senso entre os profissionais da área da saúde que a ativida-
de física é um fator determinante no sucesso do processo
do envelhecimento. É o objetivo desta revisão estabelecer
os principais fatores determinantes do nível de atividade
física durante o envelhecimento e os benefícios do estilo
de vida ativo na prevalência de doenças crônicas não trans-
missíveis, na mortalidade e na manutenção da capacidade
funcional durante esse processo.
Alguns dos conceitos que serão utilizados ao longo da
discussão dos assuntos aqui tratados têm sido adequada-
mente definidos e compilados pelos melhores especialis-
tas da área, que em reunião especial chegaram a alguns
consensos1. Dentre aqueles, os conceitos que merecem es-
pecial atenção são:
a) Atividade física: definida como qualquer movimento
corporal produzido em conseqüência da contração muscu-
lar que resulte em gasto calórico.
b) Exercício: definido como uma subcategoria da ativi-
dade física que é planejada, estruturada e repetitiva; resul-
tando na melhora ou manutenção de uma ou mais variá-
veis da aptidão física.
c) Aptidão física: é considerada não como um compor-
tamento, mas uma característica que o indivíduo possui ou
atinge, como a potência aeróbica, endurance muscular, for-
ça muscular, composição corporal e flexibilidade.
Desta forma poderíamos também considerar a própria
definição dos autores1, de epidemiologia da atividade físi-
ca, como a parte da epidemiologia que se preocupa com:
a) a associação entre os comportamentos da atividade físi-
ca e a doença; b) a distribuição e determinantes dos com-
portamentos da atividade física em populações específi-
cas; e c) a associação entre atividade física e outros com-
portamentos.
Nível de atividade física, barreiras e motivação nos adul-
tos de maior idade
Dentre essas associações propostas pela epidemiologia
da atividade física, têm surgido pesquisas tentando estabe-
lecer o padrão do nível de atividade física em diferentes
populações de indivíduos de maior idade. Em 1994, Cas-
persen et al.1 compilaram informação de cinco grandes le-
vantamentos realizados na população do sexo masculino
maior de 65 anos da Inglaterra, Estados Unidos e Holanda.
De acordo com aquelas pesquisas, a caminhada foi uma
das atividades mais realizadas, variando de 38% a 72%,
seguida pela jardinagem, que foi prevalente entre 37% e
67%. Já atividades como correr, trotar, jogar tênis e golfe
foram realizadas por menos que um em cada dez indiví-
duos.
Dados provenientes de 2.783 homens e 5.018 mulheres
maiores de 65 anos de idade da Pesquisa Nacional de Saú-
de dos Estados Unidos de 19902 determinaram a prevalên-
cia de atividade física regular, que naquele estudo foi defi-
nida como a participação em atividades físicas no tempo
livre por três ou mais vezes por semana e por mais de 30
minutos nas últimas duas semanas. Com esses parâmetros
os autores encontraram uma prevalência de atividade físi-
ca regular de 37% no sexo masculino e 24% no sexo femi-
nino. Mais uma vez, conforme os dados apresentados an-
teriormente, as atividades mais comumente realizadas fo-
ram a caminhada (69% dos homens e 75% das mulheres) e
a jardinagem (45% dos homens e 35% das mulheres).
O processo de avaliação diagnóstica do Programa Agita
São Paulo realizado na Região Metropolitana e no Interior
do Estado de São Paulo determinou o nível de conheci-
mento, barreiras e facilitadores à prática da atividade físi-
ca em uma amostra de mais de 2.000 indivíduos maiores
de 50 anos. De acordo com os dados encontrados por An-
drade et al.3, constatou-se que as barreiras mais freqüentes
para ambos os sexos em cidades pequenas do Interior do
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 3
Estado foram: a) falta de equipamento; b) necessidade de
repouso; c) falta de local; d) falta de clima adequado; e e)
falta de habilidade. Quando analisamos as barreiras na
Capital e nas cidades da Região Metropolitana encontra-
mos que as barreiras mais freqüentemente citadas foram:
a) falta de equipamento; b) falta de tempo; c) falta de co-
nhecimento; d) medo de lesão; e e) necessidade de repou-
so. Foi claramente evidenciado que as barreiras diferem
segundo o sexo e o tamanho da cidade, como também são
barreiras ligadas à condição de saúde e à vontade do indi-
víduo. No entanto, eram barreiras que poderiam ser supe-
radas com a divulgação das novas mensagens de promo-
ção da atividade física, que mostram como não há necessi-
dade de equipamento, local, habilidade ou conhecimento
para uma pessoa ser regularmente ativa.
Considerando os agentes facilitadores no ambiente para
o envolvimento regular com a atividade física os dados de
Andrade et al.3 revelaram que, em ordem de prioridade, as
pessoas maiores de 50 anos de idade realizavam atividade
física por causa de indicação de:
Sexo feminino:
1) Orientação médica (38,3%)
2) Amigos (33,3%)
3) Familiares (10,4%)
4) Procura por companhia (10,4%)
5) Colegas de trabalho (4,2%)
6) Programa Agita São Paulo (3,3%)
Sexo masculino:
1) Orientação médica (50,3%)
2) Amigos (25,8%)
3) Procura por companhia (7,0%)
4) Programa Agita São Paulo (7,0%)
5) Familiares (6,3%)
6) Colegas de trabalho (3,5%)
Os dados claramente evidenciam a relevância do profis-
sional da saúde, particularmente do médico, como vetor
para o envolvimento regular com a atividade física nessa
faixa etária. De forma similar, Yusuf et al.2
ressaltaram a
importância da orientação médica sobre o nível de prática
de atividade física de adultos e idosos como uma forma
não só da prevenção primária das doenças crônicas, mas
também da prevenção secundária em pacientes com doen-
ças cardiovasculares e outras enfermidades.
Como parte de um estudo longitudinal de envelhecimento
e aptidão física, Satariano et al.4
investigaram em 2.046
indivíduos maiores de 55 anos as barreiras para a prática
da atividade física no tempo livre e encontraram que as
mulheres reportaram mais barreiras para a prática do que
os homens e as razões médicas incrementaram com a ida-
de. As diminuições na velocidade de andar e sintomas de
depressão figuram entre as razões não médicas citadas como
obstáculos em homens e mulheres. Entre as primeiras cin-
co barreiras para a prática da atividade física nas mulheres
foram citadas: a) a falta de companhia; b) a falta de inte-
resse (mais comum nas mulheres de 65 a 74 anos); c) a
fadiga; d) problemas de saúde; e e) a artrite. Nas mulheres
maiores de 75 anos de idade problemas de saúde e funcio-
nais, como medo às quedas, foram as principais barreiras
mencionadas. Esses dados são similares aos já previamen-
te reportados por Andrade et al.3 no levantamento feito no
Estado de São Paulo. Desta forma a promoção da ativida-
de física na terceira idade deve levar em consideração a
falta de companhia e a falta de interesse, principais barrei-
ras citadas, no momento de estabelecer políticas de saúde
pública.
O nível de conhecimento em relação ao novo padrão da
atividade física para a promoção da saúde mostrou ter um
comportamento diferente de acordo com o sexo e o local
analisado5. De acordo com o CDC/ACSM6 o novo paradig-
ma da atividade física para a promoção da saúde recomen-
da que os indivíduos devem realizar atividade física de in-
tensidade moderada, por pelo menos 30 minutos por dia,
na maior parte dos dias da semana, de preferência todos,
de forma contínua ou acumulada. Este diagnóstico foi rea-
lizado mediante a elaboração de um questionário aplicado
em diversas cidades do Estado. Nas cidades pequenas o
padrão de conhecimento sobre o novo paradigma da ativi-
dade física foi positivo em 32% da população feminina e
em 35% da masculina. De forma similar, 36% das mulhe-
res e 31% dos homens consideraram que a atividade física
deveria ser feita de três a quatro vezes por semana e por
mais de 30 minutos por sessão. Na Região Metropolitana e
grandes cidades do Estado, o padrão foi relativamente me-
lhor: praticamente 40% das mulheres e 51% dos homens
responderam de acordo com o novo paradigma.
Mas os dados mais interessantes foram encontrados na
relação entre o nível de conhecimento e o nível de ativida-
de física da população idosa7
. Nos dados das cidades mais
populosas, menos de 23% daqueles que tinham conheci-
mento do novo paradigma praticavam atividade física de
acordo com essas novas recomendações. Entre 25% (sexo
masculino) e 32% (sexo feminino) deles eram irregular-
mente ativos, enquanto 48% das mulheres e 53% dos ho-
mens eram sedentários. Nas cidades menores os dados são
mais preocupantes: somente 14% dos indivíduos que têm
conhecimento do novo paradigma praticam atividade físi-
ca de acordo com estas recomendações. No sexo feminino,
34% eram irregularmente ativas e 41% sedentárias. No
4 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001
masculino, 25,2% eram irregularmente ativos e praticamen-
te 40% sedentários.
Estes dados corroboram a premissa de que o nível ade-
quado de conhecimento não necessariamente reflete em um
envolvimento regular com atividade física de acordo com
os novos paradigmas. Assim, a promoção da atividade físi-
ca nesta população deveria enfatizar não somente o incre-
mento no nível de conhecimento, mas também as estraté-
gias para superar as barreiras, o que facilitaria a adoção de
um estilo de vida ativo. Estas afirmações vão de acordo
com aquelas postuladas por Yusuf et al.2
, que encontraram
na população analisada um nível adequado de conhecimen-
to em relação ao exercício, mas ao mesmo tempo essas
pessoas consideravam importantes as barreiras relaciona-
das ao conhecimento. Tal fato poderia explicar, como en-
contrado nos nossos levantamentos, por que muitos idosos
acreditam na necessidade de diminuir o exercício com o
passar da idade ou crer que conseguem um nível adequado
de atividade física com as suas rotinas diárias de ativida-
des.
Os dados encontrados nas avaliações feitas no Estado de
São Paulo, anteriormente mencionados, diferem em termos
de gênero do nível de atividade física encontrado por Yu-
suf et al.2
, que relataram menor prevalência de mulheres
regularmente ativas do que homens. Oyama e Oliveira8
consideram também que não existiu diferença na adapta-
ção ao meio entre idosos (homens e mulheres) que partici-
param de programas de educação física. Com o objetivo
de analisar os padrões de atividade física durante o curso
da vida em mulheres idosas ativas e sedentárias, Cousins e
Keating9 encontraram que eventos similares aconteceram
na vida desses dois grupos de mulheres. No entanto, as
mulheres ativas deram um destino diferente aos desafios e
começaram ou mantiveram a prática da atividade física,
enquanto que as inativas responderam de forma diferente
tentando “conservar energia” e assim reduziram ou para-
ram o movimento. Em uma abordagem similar, Young et
al.10 analisaram os fatores determinantes do nível de exer-
cício de 2.668 indivíduos de 50-65 anos de idade, que fo-
ram classificados como sedentários (7,8% homens e 12,2%
mulheres), pouco ativos (76,7% homens e 72,3% mulhe-
res) e regularmente ativos (15,5% homens e mulheres). Os
resultados sugerem que os homens solteiros, mulheres que
reportaram pouca saúde, fumantes e indivíduos com so-
brepeso foram os grupos com maior probabilidade de ser
completamente sedentários. Da mesma forma, os sedentá-
rios tiveram maior prevalência de hipertensão arterial, aci-
dente vascular cerebral e limitações físicas. As taxas de
aderência a um programa de um ano de exercício foram
menores entre aqueles que eram inicialmente sedentários
(39,5%) do que naqueles pouco ativos (71,6%), mas au-
mentaram nos programas de baixa intensidade realizados
em casa em comparação com aqueles que usaram exercí-
cios de alta intensidade (em grupo ou em casa), o que é de
grande relevância na hora de formular estratégias de pro-
moção de atividade física em grupos de idosos. Neste caso
a promoção do novo paradigma, já aqui postulado6, de ati-
vidades físicas moderadas, convenientes e ligadas à rotina
diária pode ser o mais efetivo para os grupos de idosos
sedentários.
Programas de atividade física na terceira idade
Um dos aspectos que devem ser considerados na relação
atividade física, doença e saúde em termos populacionais
é a escolha do tipo de atividade física a ser prescrito na
terceira idade. Recentemente têm surgido recomendações
específicas de programas de atividade física para atender a
população de adultos maiores de 60 anos de idade, tais
como as normas propostas pela Organização Mundial da
Saúde11 ou o Programa de Promoção da Atividade Física:
Agita São Paulo na população do Estado de São Paulo (Go-
verno do Estado de São Paulo12). De acordo com novos
paradigmas e evidências, Ettinger et al.13, sumarizando os
critérios de realização de testes em indivíduos idosos, su-
geriram a necessidade dos mesmos somente para indiví-
duos acima de 50 anos nos casos de exercícios vigorosos.
No caso de exercícios moderados, somente deveriam ser
submetidos a testes de esforço aqueles com doenças crôni-
cas, ou com presença de fatores de alto risco e ainda aque-
les sintomáticos.
Embora o Colégio Americano de Medicina Esportiva
recomende um teste de esforço para todo indivíduo acima
de 50 anos que queira começar um programa de treina-
mento vigoroso, esta recomendação provavelmente não será
necessária para indivíduos idosos que simplesmente quei-
ram caminhar ou participar de um programa de treinamen-
to de resistência, como sugerido recentemente por Evans14
.
Esse autor recomenda nestes casos a aplicação de um ques-
tionário simples para identificar os sujeitos que precisam
de uma avaliação médica. Esta conclusão foi conseqüên-
cia de sua experiência com o programa Keep Moving – Fit-
ness after 50, que envolvia mais de 8.000 homens e mu-
lheres em programas de caminhada, no qual não foram re-
gistrados casos de morte durante a atividade física.
Atividades aeróbicas, treinamento de força muscular e
tai chi chuan
Quanto ao tipo de atividade aeróbica a ser realizada, é
recomendada a prescrição de atividades de baixo impacto,
como a caminhada, o ciclismo ou pedalar na bicicleta, a
natação, a hidroginástica, o remo, subir escadas, dançar,
ioga, tai chi chuan e dança aeróbica de baixo impacto. Es-
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 5
tas atividades são preferíveis àquelas chamadas de alto im-
pacto, como o jogging, a corrida, esportes que envolvam
saltos, como o vôlei e o basquete, pular corda e a dança
aeróbica de alto impacto, que acarretam grande incidência
de lesões nessa época da vida. A caminhada é com certeza
a atividade física ideal para os indivíduos idosos que resul-
ta em importantes efeitos benéficos para a saúde por ser
uma atividade que sustenta o peso corporal e de baixo im-
pacto, que pode ser feita em diferentes intensidades, em
qualquer local, envolvendo grandes grupos musculares,
contribuindo para aumentar o contato social, principalmente
em grupos em risco de isolamento, depressão e demên-
cia15. Neste aspecto, de acordo com recente metanálise rea-
lizada por Arent et al.16, o exercício está associado com
melhora significante do humor em pessoas idosas, sendo
que os efeitos têm sido encontrados com qualquer tipo de
exercício, mas em especial com o treinamento de força
muscular, realizado em intensidade leve a moderada. Da
mesma forma, a melhora do condicionamento aeróbico
parece estar associada em indivíduos que envelhecem com
melhor função neurocognitiva17.
No Brasil existem alguns programas de educação física
especificamente direcionados à terceira idade. Desde 1994
o Programa para Autonomia da Atividade Física (PAAF),
da Faculdade de Educação Física da USP, visa dar condi-
ções ao idoso de autogerir um programa de atividade físi-
ca. O programa se constitui de atividades teóricas e práti-
cas em duas sessões semanais de 90 minutos, durante 18
meses, em que são desenvolvidas: a reestruturação corpo-
ral, atividades de relaxamento e respiratórias, atividades
aeróbicas e atividades direcionadas à força muscular, fle-
xibilidade, controle motor, locomoção, equilíbrio e ritmo18.
Da mesma forma, o esquema IMMA (Idosos em Movimen-
to Mantendo a Autonomia), da Universidade do Estado de
Rio de Janeiro, é um programa que inclui aulas de ginásti-
ca e dança objetivando trabalhar a flexibilidade, mobilida-
de articular, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação,
deslocamento e relaxamento. Desta forma as aulas são ela-
boradas obedecendo a um esquema pedagógico mais fle-
xível às alterações do envelhecimento19.
Um aspecto fundamental do programa de exercício é o
fortalecimento da musculatura procurando incrementar a
massa muscular e, por conseguinte, a força muscular, evi-
tando assim uma das principais causas de inabilidade e de
quedas. Além disso, a massa muscular é o principal estí-
mulo para incrementar a densidade óssea. Recentemente
têm sido estabelecidas14,20
as normas de prescrição do trei-
namento de resistência na população idosa, incluindo até
os grupos de hipertensos e pacientes com artrite reumatói-
de e osteoartrite. De acordo com essas recomendações o
treinamento de resistência deve estar dirigido aos grandes
grupos musculares que são importantes nas atividades da
vida diária. Entretanto, qualquer tipo de sobrecarga pode e
deve ser utilizado nos programas de força muscular na po-
pulação acima de 50 anos.Assim pode-se fazer uso de qual-
quer peso confeccionado com tecido, areia e velcro para
ser colocado nos membros superiores e inferiores, ou ain-
da o simples uso de garrafas, latas, sacos ou qualquer obje-
to doméstico com água, areia, feijão, que viabilizariam o
treinamento de resistência21. Os benefícios encontrados nes-
tes pacientes incluem: aumento da força dinâmica, do pico
da capacidade de exercício, da endurance submáxima, di-
minuição dos valores de percepção subjetiva de esforço
durante exercício intenso e relatos de melhora da função
nas atividades vigorosas da vida diária. As evidências,
embora limitadas, deste tipo de treinamento na auto-eficá-
cia de pacientes com doença coronariana sugerem que este
tem um impacto positivo nas tarefas relacionadas à força e
na melhora da qualidade de vida22,23. Segundo Fiatarone24,
o treinamento de força muscular deve ser preferido ao trei-
namento aeróbico nas seguintes circunstâncias: artrite gra-
ve, inabilidade para suportar o peso corporal, ulcerações
no pé, desordens do equilíbrio, amputação, doença pulmo-
nar obstrutiva crônica e baixo limiar para isquemia. Embo-
ra sejam recomendados para a população idosa tanto os
programas de atividades aeróbicas como os de treinamen-
to de força muscular, são estes últimos que realmente po-
dem parar ou reverter de alguma forma a perda de massa
muscular, sendo portanto as atividades de preferência na
manutenção da capacidade funcional e independência14
.
Na escolha das atividades aeróbicas ou de treinamento
de força muscular vários aspectos devem ser considera-
dos, mas especialmente os objetivos a serem atingidos. As
evidências disponíveis e amplamente analisadas por Hur-
ley e Hagberg25 indicam claramente que tanto o treinamento
aeróbico quanto o treinamento de força no idoso têm efei-
tos benéficos. Os autores sintetizam que os dois tipos de
treinamento melhoram a densidade mineral óssea, a ho-
meostase da glicose e o risco de queda; porém, se o objeti-
vo for melhorar o condicionamento cardiovascular, dimi-
nuir a hipertensão arterial, melhorar o perfil de lipoproteí-
nas plasmáticas ou amenizar a hipertrofia do ventrículo
esquerdo, o treinamento aeróbico parece ser o método mais
eficaz. Por outro lado, se o objetivo for aumentar a massa e
a força muscular, o treinamento de resistência é a melhor
opção. No entanto, nenhum dos tipos de treinamento tem
mostrado piorar algum dos parâmetros-chaves cardiovas-
culares e músculo-esqueléticos. Dessa forma, concordamos
integramente com a posição dos autores que a melhor op-
ção para o indivíduo que está envelhecendo é a realização
de um programa de atividade física que inclua tanto o trei-
namento aeróbico como o de força muscular e que ainda
6 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001
incorpore exercícios específicos de flexibilidade e equilí-
brio.
Apesar de ser uma arte marcial chinesa milenar, que en-
coraja a concentração mental e o controle dos movimentos
corporais, foi somente nos últimos anos que começaram a
surgir as primeiras publicações científicas sobre os efeitos
do tai chi chuan na aptidão física e capacidade funcional
do idoso. Essa atividade representa uma alternativa de ati-
vidade efetiva e funcional, particularmente para os idosos
que freqüentemente estão em risco por causa de alguns
problemas associados ao envelhecimento, como artrite, dis-
função neurológica, declínio geral do equilíbrio, coorde-
nação e função locomotora. Isso se deve a sua natureza de
respeito ao ritmo da própria pessoa, não estressora e não
competitiva, assim como sua habilidade de economizar tem-
po, espaço e equipamento26. As evidências científicas têm
mostrado efeitos benéficos significativos da prática regu-
lar do tai chi chuan no equilíbrio e nos movimentos suaves
dos braços27, no consumo máximo de oxigênio, na flexibi-
lidade toracolombar, na força muscular de extensão e da
flexão do joelho28, assim como na função cardiorrespirató-
ria de pacientes com cirurgia de revascularização cardía-
ca29
. No nosso grupo de pesquisa, Oliveira et al.30
analisa-
ram os efeitos de três meses de um programa de tai chi
chuan praticado uma vez só por semana e mesmo assim
verificaram efeitos significantes na diminuição de gordura
corporal e no aumento da força muscular dos membros in-
feriores, equilíbrio e flexibilidade do tronco. Os mesmos
autores31
analisaram o efeito de um período de 12 semanas
de destreinamento na aptidão física do mesmo grupo, não
encontrando diferenças significativas nas variáveis anali-
sadas no período.
No entanto, os efeitos benéficos do tai chi chuan têm
sido demonstrados também em variáveis relacionadas à
saúde, como é o caso do estudo realizado por Young et
al.32
com idosos sedentários hipertensos, encontrando uma
redução estatisticamente significante na pressão arterial sis-
tólica e diastólica. O conjunto de informações científicas
recentes permite concluir que o tai chi chuan pode ser uma
grande alternativa em termos de saúde pública para con-
trolar ou reduzir a pressão arterial, assim como para me-
lhorar outras variáveis da aptidão física relacionadas à saúde
e à qualidade de vida de indivíduos idosos.
Promoção do estilo de vida ativo
Os programas de promoção da atividade física na comu-
nidade para indivíduos acima de 50 anos de idade têm cres-
cido em popularidade nos últimos anos. Considerando as
novas propostas internacionais de atividade física como
forma de promover saúde na população, surgiu o Progra-
ma Agita São Paulo, que tem como objetivo aumentar o
nível de conhecimento da população sobre os benefícios
da atividade física e aumentar o nível de atividade física da
população do Estado de São Paulo33. Um dos focos princi-
pais do programa é a população da terceira idade e a pro-
posta de prescrição de atividade para essa população é rea-
lizar atividades físicas de intensidade moderada, por pelo
menos 30 minutos por dia, na maior parte dos dias da se-
mana, se possível todos, de forma contínua ou acumulada.
O mais importante deste novo conceito é que qualquer ati-
vidade da vida cotidiana é válida e que as atividades po-
dem ser realizadas de forma contínua ou intervaladas, ou
seja, o importante é acumular durante o dia 30 minutos de
atividade34.
Uma das mais relevantes contribuições feitas nos últi-
mos anos pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva
na área da atividade física e o envelhecimento tem sido o
recente posicionamento oficial sobre exercício e atividade
física para o idoso23. Os mais renomados especialistas da
área concluem que: a) participação em um programa de
exercício regular é uma modalidade de intervenção efetiva
para reduzir e/ou prevenir alguns dos declínios associados
com o envelhecimento; b) o treinamento aeróbico é efetivo
para manter e melhorar as funções cardiovasculares e, por-
tanto, o desempenho físico, assim como tem um papel fun-
damental na prevenção e tratamento de diversas doenças
crônico-degenerativas, contribuindo para aumentar a ex-
pectativa de vida. O treinamento de força, por sua parte,
está relacionado, de acordo com os autores, com a com-
pensação na perda da massa e força muscular, melhorando
a capacidade funcional e conseqüentemente a qualidade
de vida.
Os autores recomendam naquele documento ênfase ao
treinamento do equilíbrio (embora as evidências científi-
cas neste aspecto não sejam ainda suficientes), trabalhan-
do com posturas progressivamente mais difíceis que redu-
zem a base de apoio, que necessitem de movimentos dinâ-
micos que ativem o centro de gravidade e estresse de gru-
pos musculares posturalmente importantes. No idoso frá-
gil ou debilitado, no entanto, a prescrição mais difícil é a
do treinamento aeróbico devido à presença de algumas
condições clínicas, como desordens do andar, artrite, de-
mência, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos
e dos pés, incontinência e alterações visuais. Nessas cir-
cunstâncias a prioridade é o treinamento de força e do equi-
líbrio que garantam as condições para iniciar um progra-
ma de caminhada. Nos casos em que esta atividade não
seja possível, podem ser recomendadas atividades como
ergômetro de braços, de pernas ou exercícios sentados den-
tro da água. Neste sentido, um ponto em comum entre esse
posicionamento oficial ou de outros pesquisadores da
área24,36,37 como também da nossa própria visão da ativida-
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 7
de física para os indivíduos idosos são as variáveis que
devem ser priorizadas para prescrever atividade física na
terceira idade para manter a independência funcional do
indivíduo: a) força muscular; b) equilíbrio; c) potência aeró-
bica; d) movimentos corporais totais; e e) por último, mas
não menos importante, as mudanças do estilo de vida, sem
as quais não acreditamos que seja possível manter na tota-
lidade a capacidade funcional do idoso.
Atividade física, mortalidade e longevidade
Um dos aspectos mais fascinantes que tem sido motivo
de várias pesquisas é a relação entre o exercício, atividade
física e a longevidade. Alguns dados obtidos com atletas
mostraram que, apesar de não continuarem realizando ati-
vidade física de forma sistemática, eles possuem maior
capacidade física (VO2
máx.) do que seus companheiros
não-atletas sedentários, possivelmente pelos altos padrões
de atividade de lazer destes ex-atletas38. A partir dos tradi-
cionais estudos realizados por Paffenbarger39 com o segui-
mento de aproximadamente 16.000 ex-alunos de Harvard
por 16 anos, foi observado que os indivíduos que pararam
de praticar esportes tiveram 35% de incremento no risco
de morte sobre aqueles que continuaram sedentários, pro-
vavelmente porque as condições pré-mórbidas causaram
diminuição da atividade e morte precoce. Porém, aqueles
que começaram a praticar esportes experimentaram um
índice 21% menor de morte que aqueles habitualmente
sedentários. Aqueles que se tornaram mais vigorosos ex-
perimentaram um índice 28% menor de morte que aqueles
que sempre se mantiveram vigorosos, um índice 37% me-
nor que os que nunca fizeram exercícios vigorosos. Com a
mesma amostra dividida em três grupos de acordo com a
energia gasta em atividades como caminhar, subir escadas
e praticar esportes, o autor achou um incremento na ex-
pectativa de vida maior nos indivíduos que eram mais jo-
vens quando entraram no estudo e como também nos mais
ativos (2.000cal/sem), quando comparados com os menos
ativos (500kcal/sem) e moderadamente ativos (501-
1.999kcal/sem). Quando os mais ativos foram comparados
com os menos ativos, o aumento na expectativa de vida foi
em média de 2,51 anos para indivíduos de 35-39 anos de
idade no início do estudo e de 0,42 anos nos indivíduos de
75-79 anos. Um dado também interessante foi o fato de
que a percentagem de indivíduos maiores de 80 anos foi
maior nos indivíduos mais ativos (69,7%) do que nos me-
nos ativos (59,8%).
Em estudo similar publicado na mesma época, Blair et
al.40
, analisando uma amostra de mais de 13.000 homens e
mulheres seguidos durante oito anos, encontraram, como
Paffenbarger39, uma associação inversa forte, gradativa e
consistente entre aptidão física e mortalidade em homens
e mulheres. Foram observadas menores taxas de mortali-
dade total, assim como por doenças cardiovasculares e cân-
cer em indivíduos com melhores níveis de condicionamento
físico. Alguns anos depois, utilizando a mesma amostra
dos alunos de Harvard do estudo de Paffenbarger, Lee et
al.41 analisaram em indivíduos do sexo masculino as asso-
ciações entre a atividade física vigorosa e não vigorosa com
a longevidade. Evidenciaram nesse caso que a relação in-
versa entre a atividade física e longevidade somente foi
encontrada com as atividades físicas vigorosas (> 6 MET:
taxa metabólica de repouso).
Por outro lado, dados provenientes de uma amostra de
mulheres suecas avaliadas em um intervalo de 20 anos42
evidenciaram que a diminuição nos níveis de atividade fí-
sica, assim como baixos níveis iniciais de atividade física,
foram um forte fator de risco de mortalidade. Assim, os
autores sugerem que a manutenção de um adequado nível
de atividade física é um importante fator de promoção da
saúde na população idosa. Um dos maiores estudos feitos
com mulheres foi o realizado com 40.417 pós-menopáusi-
cas43 seguidas por sete anos. Foi encontrado que aquelas
que reportaram atividade física regular tiveram um risco
significativamente menor de morte (30%) quando compa-
radas com as mulheres que não reportaram atividade físi-
ca. O menor risco de morte foi evidente tanto para o risco
por doenças cardiovasculares como por enfermidades res-
piratórias, sendo menor quanto maior o nível de atividade
física. Um fato interessante encontrado naquele estudo e
quenãocorroboraoutrosautoresaquiexpostosfoiqueobene-
fício também se observou entre aquelas mulheres que reali-
zavam atividades físicas moderadas uma vez por semana.
Dois dos autores mais reconhecidos nesta área, Paffen-
barger e Lee, realizaram em 199644 uma das mais extensas
revisõ es sobre a relação entre atividade física, aptidão fí-
sica e longevidade, analisando criticamente cada uns dos
trabalhos feitos até então nesta área do conhecimento. De
acordo com os dados apresentados pelos autores, os sujei-
tos com altos níveis de atividade física e aptidão física ex-
perimentaram menor risco de doenças cardiovasculares e
viveram mais (em torno de dois anos) assim como aqueles
que adotaram um estilo de vida ativo. No entanto, a maio-
ria destes dados provém de estudos observacionais e não
randomizados. Outros estudos analisados pelos autores
mostraram que a atividade física também tem um impacto
positivo em variáveis intermediárias, como a pressão arte-
rial, o perfil de lipoproteínas e a tolerância à glicose, que
influenciam a saúde e a longevidade. De forma similar,
Farrell et al.45
, com 25.341 pacientes do sexo masculino
seguidos em média por 8,4 anos e classificados em três
níveis de condicionamento físico (alto, médio e baixo), ob-
servaram uma forte associação inversa entre o nível de
8 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001
condicionamento e mortalidade por doenças cardiovascu-
lares em indivíduos sem outros fatores de risco (fumo, co-
lesterol e pressão arterial elevadas), mas também em indi-
víduos fumantes e com colesterol elevado. Não foram en-
contradas associações em hipertensos ou sujeitos com dois
ou mais fatores de risco.
Dando continuidade à análise da mais importante fonte
de dados sobre fatores de risco, mortalidade e longevidade
(os alunos de Harvard analisados consecutivamente nos
anos 60, 70, 80 e 90), foram avaliados46 os dados das taxas
de mortalidade; encontrou-se que os homens que caminha-
ram menos de 15km por semana, subiram menos de 20
andares por semana ou não participaram em esportes mo-
deradamente vigorosos tiveram 10%, 20% e 38% maior
risco de morte, respectivamente, do que aqueles indivíduos
que realizaram estas atividades em uma intensidade maior
de 4,5 MET. Para explorar a hipótese de que as mudanças
favoráveis na atividade física poderiam melhorar a quali-
dade de vida e retardar a mortalidade, os autores analisa-
ram essas mudanças nos alunos e encontraram reduções
evidentes na mortalidade com o incremento no nível de
atividade física e aumentos gradativos na mortalidade com
a diminuição no nível de atividade física. Segundo os cál-
culos feitos, o ganho em expectativa de vida pela mudança
do estilo de vida ativo foi de 1,5 ano. Conclusões similares
foram feitas por Kushi et al.43 com mulheres, em que o
incremento no nível de atividade física, ou seja, aquelas
que nunca ou raramente se engajavam em atividade física
regular e que passaram a fazer atividade pelo menos qua-
tro vezes por semana, foi associado significativamente com
uma redução no risco de morte.
Evidências epidemiológicas mais recentes47 em 5.567
homens de 40 a 59 anos de idade sustentam mais uma vez
que o hábito de realizar atividades físicas leves ou mode-
radas reduz a taxa de mortalidade total e a de mortalidade
por causa cardiovascular em homens de idade avançada.
Já com dados de uma amostra bem menor, Sihvonen et
al.48 evidenciaram decréscimo no nível de atividade física
entre os 75 e 80 anos de idade e uma associação signifi-
cante entre atividade física e melhor sobrevivência no gru-
po de mulheres de 80 anos e dos homens de 75 anos. De
forma similar, os achados de um grupo de homens segui-
dos por 12 anos49 demonstraram que as taxas de mortalida-
de foram quase duas vezes superiores nos homens que ca-
minhavam menos de 1,6km por dia, do que naqueles que
andavam mais do que 3,2km diários. A distância caminha-
da nesse caso permaneceu inversamente relacionada à
mortalidade, mesmo quando ajustada a outras medidas de
atividade e outros fatores de risco. De acordo com os da-
dos de um dos últimos estudos realizados com os ex-alu-
nos de Harvard, Lee e Paffenbarger50 verificaram em uma
amostra de 13.485 homens que a distância caminhada e as
escadas subidas predisseram a longevidade independente-
mente, mas as atividades leves não foram associadas com
menores taxas de mortalidade. No entanto, os autores con-
cluem que parece ser que as atividades físicas de alguma
forma são benéficas e as vigorosas claramente predizem
taxas baixas de mortalidade. Em estudo mais recente, Lee
et al.51 utilizaram uma coorte prospectiva de 13.905 ho-
mens do tradicional estudo de alunos de Harvard para ve-
rificar a associação entre atividade física e risco de câncer.
Ajustando os resultados para idade, fumo e índice de mas-
sa corporal, atividades como caminhar, subir escadas e rea-
lizar atividades físicas de intensidade moderada (mais de
4,5 MET) foram inversamente relacionadas com o risco de
câncer de pulmão. No entanto, esta associação não foi en-
contrada com as atividades leves. Desta forma, os dados
indicam que provavelmente seis a oito horas por semana
de atividade física de intensidade moderada podem signi-
ficativamente diminuir o risco de câncer de pulmão em ho-
mens. Esses dados trazem uma nova perspectiva, pois até
então essa associação não tinha sido verificada.
Estudos longitudinais mais recentes têm verificado a
associação entre atividade física e risco de doenças cardio-
vasculares, principal causa de mortalidade na população52,53
.
A caminhada mostrou novamente ser um fator protetor
importante de risco de doenças cardiovasculares52. Embo-
ra não tenha sido encontrada uma associação entre a ativi-
dade física total (gasto energético total caminhando, su-
bindo escadas e praticando esportes) e o risco de doenças
cardiovasculares em mulheres, caminhar dez ou mais quar-
teirões por dia (em torno de 9,7km por semana) foi asso-
ciado com uma diminuição de 33% no risco. De forma si-
milar, Mensink et al.53, estudando aproximadamente 11.000
homens e mulheres de 50 a 69 anos de idade, encontraram
que os níveis atualmente recomendados de atividade física
(cinco ou mais vezes e 3,5 horas ou mais por semana) fo-
ram associados com menor prevalência de fatores de risco
para doenças cardiovasculares como hipertensão arterial e
aumento do índice de massa corporal.
Relevantes dados epidemiológicos em relação à ativida-
de física e o risco de acidente vascular cerebral (AVC) fo-
ram recentemente publicados por Evenson et al.54
, mos-
trando que a prevalência deste problema foi maior nos in-
divíduos classificados em menor nível de atividade física
realizada, como esporte, no trabalho e no tempo livre. Mas
essa relação foi considerada como fraca pelos autores. Por
outro lado, analisando prospetivamente a relação entre ati-
vidade física e acidente vascular cerebral (AVC), Hu et al.55
,
seguindo durante oito anos mais de 72.000 enfermeiras de
40 a 65 anos de idade, mostraram valores mais consisten-
tes de associação entre essas duas variáveis. O incremento
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 9
no nível de atividade física foi associado significantemen-
te com a diminuição no risco de AVC isquêmico (não para o
AVC hemorrágico), mesmo quando controlado em relação
à idade, índice de massa corporal e história de hipertensão.
Porém, os dados mais interessantes foram que a caminha-
da rápida mostrou o mesmo nível de associação com a di-
minuição do risco de AVC do que a atividade física vigoro-
sa e que as mulheres sedentárias que se tornaram ativas na
meia-idade ou no final desta apresentaram menor risco de
AVC do que aquelas que permaneceram sedentárias. Esse
estudo é, portanto, uma das grandes evidências de que a
inclusão de uma atividade tão popular e econômica como
a caminhada pode ter um impacto significante na redução
do risco de acidente vascular cerebral em mulheres, sendo
assim uma estratégia prática em termos de saúde pública
para controlar uma das principais causas de morte.
Com base em todos os dados expostos anteriormente
podemos inferir que as evidências epidemiológicas dispo-
níveis, tanto em homens quanto em mulheres, sugerem for-
temente uma associação inversa entre atividade física e
mortalidade (principalmente por doenças cardiovasculares),
sendo que esta associação é mais forte com o nível de ati-
vidade física atual. Desta forma, os dados suportam a ne-
cessidade do estímulo à atividade física regular após os 50
anos, mesmo que o indivíduo seja sedentário, visto que é a
manutenção da atividade física regular ou a mudança a um
estilo de vida ativo que tem um impacto real na mortalida-
de e longevidade.
Atividade física, capacidade funcional e mobilidade
Um dos conceitos mais relevantes ao tratar do envelhe-
cimento e sua relação com a saúde, a aptidão física e a
qualidade de vida é sem dúvida o da capacidade funcional,
definido também como estado funcional. Dados apresen-
tados por Brill et al.56
avaliando 3.069 homens e 589 mu-
lheres de 30 a 82 anos de idade durante cinco anos revela-
ram que nesse período 7% dos homens e 12% das mulhe-
res reportaram pelo menos uma limitação funcional, que
foi mensurada pela capacidade de realizar atividades da
vida diária, atividades domésticas e de cuidado pessoal,
assim como atividades leves, moderadas e vigorosas no
tempo livre. No entanto, quando a limitação funcional foi
analisada levando em consideração o nível de força mus-
cular, os sujeitos que apresentaram maiores níveis mostra-
ram também menos prevalência de limitações funcionais.
Esse estudo se converte em mais uma evidência científica
da importância da força muscular, na meia-idade e na ter-
ceira idade, na manutenção e/ou menor declínio da capaci-
dade funcional com o envelhecimento.
Lee57, estudando em um período de seis anos um pouco
mais de 7.500 sujeitos de mais de 70 anos de idade, mediu
o impacto da auto-avaliação da saúde geral como fator de-
terminante do declínio funcional e da mortalidade. De for-
ma geral, os riscos de declínio na capacidade funcional e
de mortalidade foram maiores nos idosos que avaliaram
sua saúde geral, física e mental de forma menos favorável.
Uma das mais interessantes conclusões daquele estudo foi
que a habilidade do indivíduo tomar cuidado de si é um
fator preditivo significante e independente de mortalidade
e capacidade funcional.
Com um objetivo similar ao anteriormente apresentado,
Laukkanen et al.58
descreveram, como parte do estudo lon-
gitudinal realizado com mais de 600 homens e mulheres
de 75 anos e 80 anos de idade seguidos durante cinco anos,
o papel da saúde e da capacidade funcional como fatores
preditivos da habilidade do idoso de viver em sua própria
casa. As variáveis medidas incluíram a capacidade funcio-
nal, pela auto-avaliação da realização de 10 atividades da
vida diária (AVD), força muscular, velocidade de andar, ca-
pacidade cognitiva e estado de saúde. A avaliação longitu-
dinal do papel preditivo das dificuldades na realização das
AVD evidenciou que a necessidade de ajuda para realizar
uma ou mais das 10 AVD predizia significativamente a ne-
cessidade de cuidado institucional. As diferenças foram
mais acentuadas no primeiro ano, mas mesmo após cinco
anos aqueles que reportaram não necessitar de ajuda na
avaliação inicial apresentaram maior tendência a não pre-
cisar de ser institucionalizados e ao mesmo tempo meno-
res taxas de mortalidade. Com relação ao estado de saúde,
o valor preditivo foi mais pronunciado. Nos indivíduos de
75 anos que não tiveram nenhuma doença diagnosticada
no início, foi observado que após um ano não houve ne-
cessidade de receber apoio institucional, enquanto que na-
queles com diagnóstico de uma doença, 40% entraram em
uma instituição. Esses dados longitudinais reforçam a im-
portância da manutenção da capacidade funcional e da pre-
venção das doenças não somente como mecanismo de di-
minuir as taxas de mortalidade, mas como forma de mini-
mizar o risco de institucionalização nos últimos anos de
vida.
Outras evidências neste aspecto foram previamente apre-
sentadas por Leveille et al.59
que, seguindo por 10 anos um
pouco mais de 1.000 homens e mulheres acima de 65 anos,
verificaram que um alto nível de atividade física aos 65
anos de idade foi associado com um maior nível de sobre-
vivência aos 80 anos de idade. Em torno de 63-70% da-
queles que mantiveram um alto nível de atividade física
sobreviveram aos 85 anos, enquanto somente 34-47% da-
queles com baixo nível conseguiram sobreviver naquela
idade. Os indivíduos que se mantiveram mais fisicamente
ativos tiveram duas vezes mais chances de morrer sem in-
capacidade comparados com os sedentários.
10 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001
Com o propósito de determinar a relação entre os fato-
res de risco para a saúde e a incapacidade, Vita et al.60 es-
tudaram em torno de 1.700 alunos longitudinalmente du-
rante 24 anos, analisando a mortalidade e fatores como ta-
bagismo, obesidade (pelo índice de massa corporal) e o
nível de atividade física (minutos de atividade física vigo-
rosa por semana). Os indivíduos que tiveram mais fatores
de risco apresentaram o dobro do índice de incapacidade
do que aqueles com baixo índice de risco. Um fato interes-
sante observado foi que o início da incapacidade foi retar-
dado em mais de cinco anos no grupo de baixo risco com-
parado com o de alto risco. Desta forma, foi verificado que
o exercício, o fumo e o índice de massa corporal na meia-
idade e no final da idade adulta são preditores da incapaci-
dade; e o mais importante é que não somente as pessoas
que têm melhores hábitos de saúde vivem mais, mas, além
disso, nesses indivíduos a incapacidade é retardada e limi-
tada a alguns anos no final da vida.
Analisando este tópico, Morey et al.61 verificaram a re-
lação entre idade, sexo, raça, nível educacional, índice de
massa corporal, depressão, número de doenças e consumo
máximo de oxigênio com a função física em adultos de 65
a 90 anos de idade. Constataram que a variável com a cor-
relação mais forte com a capacidade funcional foi o consu-
mo máximo de oxigênio, sendo que o valor de 18,3ml.kg-1.
min-1 foi considerado como o limite entre o baixo e o alto
nível de função física. Por essa razão, aqueles com valores
menores que este limite apresentaram maior dificuldade
na realização de tarefas da vida diária. Nesse sentido, em
outro estudo longitudinal62
conduzido por dois anos em
indivíduos maiores de 75 anos, os autores concluíram tam-
bém que os fatores mais associados com declínio na capa-
cidade funcional foram o número de dias de atividades re-
gulares, o número de refeições quentes diárias e o estado
cognitivo, assim como, de acordo com outros estudos, o
baixo nível de educação, saúde e depressão.
Outro conceito que nos parece relevante de estar sendo
colocado, na perspectiva da capacidade funcional e a qua-
lidade de vida do idoso, é a mobilidade, que sem dúvida é
um elemento importante para manutenção da independên-
cia nesta etapa da vida. Segundo Patla e Shumway-Cook63
,
a mobilidade é a habilidade para se mover independente-
mente de um ponto para outro. Esta habilidade para se
movimentar de forma segura e independente é parte fun-
damental das atividades básicas da vida diária (ABVD),
como as atividades de higiene pessoal e de se vestir, assim
como das atividades instrumentais da vida diária (AIVD),
como ir às compras, ao banco, visitar amigos, ir ao cine-
ma, lavar e cozinhar. Mas os autores tentam naquele artigo
colocar uma nova visão da mobilidade, em que não so-
mente seja reconhecida como a simples habilidade de an-
dar, mas também as características de começar e parar,
mudanças na direção, superfícies com diferentes proprie-
dades geométricas e físicas e a execução simultânea de
outras tarefas como falar, virar e olhar para outro objeto ou
carregar objetos, na qual o indivíduo tem que ter a habili-
dade para se adaptar e modificar o andar em função de
distúrbios, assim como os desafios esperados e inespera-
dos da locomoção. Desta forma, a capacidade de movi-
mentação seria considerada, não como o número de tare-
fas que o sujeito pode ou não realizar, mas sim pela ampli-
tude de contextos ambientais nos quais estas tarefas pos-
sam ser desempenhadas.
A mobilidade é uma variável extremamente importante
associada não somente com a qualidade de vida na terceira
idade mas também com a longevidade. Neste sentido, Hir-
vensalo et al.64 analisaram a relação entre a mobilidade e o
nível de atividade física com a mortalidade e a indepen-
dência em 1.109 homens e mulheres de 65 a 84 anos de
idade na avaliação inicial, realizada oito anos antes da se-
gunda. A mobilidade foi definida como a habilidade para
caminhar 2km e subir um lance de escadas sem dificulda-
de. Os resultados mostraram claramente que as alterações
na mobilidade e no nível de atividade física predizem a
dependência e a morte em homens e mulheres maiores de
65 anos de idade. Os indivíduos com alterações da mobili-
dade tiveram um risco maior de morte e dependência do
que aqueles que conseguiram manter a mobilidade. Os
homens sedentários e com alteração da mobilidade tive-
ram sete vezes mais risco de perder a independência do
que os ativos sem alteração; e nas mulheres esse risco foi
quase quatro vezes maior. Com relação à mortalidade, esse
risco foi três vezes maior em ambos os sexos. Mas o fato
mais interessante mostrado ineditamente por este estudo
foi que os sujeitos com alterações da mobilidade, mas que
se mantiveram ativos, apresentaram menor risco de morte
do que os sedentários, indicando que a atividade física foi
um fator protetor de mortalidade em indivíduos com alte-
rações da mobilidade.
De acordo com recente revisão realizada por Daley e
Spinks65 sobre envelhecimento, mobilidade e exercício, os
limiares de sensação cutânea e proprioceptiva se elevam
com a idade, especialmente nos membros inferiores, redu-
zindo a percepção de vibração da articulação do joelho.
Sendo o joelho a maior fonte de receptores que controlam
a postura, esta perda pode diminuir consideravelmente o
controle do equilíbrio e age como o principal responsável
pela disfunção do andar nas pessoas idosas. De acordo com
os autores, mulheres idosas que se exercitavam demons-
traram menor desequilíbrio postural do que as sedentárias;
quanto mais ativas, menor o grau de desequilíbrio. Da mes-
ma forma, mulheres que participaram em atividades vigo-
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 11
rosas por seis semanas a 10 anos mostraram ter um melhor
equilíbrio do que mulheres sedentárias da mesma idade.
Na mesma revisão65 os autores analisaram o efeito do exer-
cício na velocidade de andar com o envelhecimento. O exer-
cício aeróbico e o treinamento de força têm mostrado um
impacto positivo na amplitude de passada em homens ido-
sos. No entanto, o exercício não influencia a velocidade de
andar nos indivíduos idosos, exceto em um passo muito
lento. Os autores apresentam evidências de que programas
de exercício de cinco anos têm mostrado melhora na fle-
xão e na rotação do quadril em mulheres de 50 a 71 anos.
Provavelmente, além do exercício aeróbico e do treinamento
de força, seja necessário um programa de treinamento es-
pecífico da velocidade de andar para conseguir melhoras
significantes nessa variável no indivíduo que está envelhe-
cendo.
DISCUSSÃO
As evidências epidemiológicas apontam para um decrés-
cimo do nível de atividade física com o aumento da idade
cronológica, tornando o sedentarismo um fator de risco de
morbidade e mortalidade durante o processo de envelheci-
mento. Os dados apontam que as barreiras para a prática
de atividade física regular na terceira idade são facilmente
superáveis e que estratégias de políticas públicas de saúde
podem ser implantadas para superar a falta de equipamen-
to, a falta de tempo e de conhecimento que são apontadas
como as barreiras mais comuns. Dessa forma, é possível
encorajar a adoção de um estilo de vida ativo durante o
envelhecimento, sensibilizando a população sobre a possi-
bilidade de ser fisicamente ativo sem precisar ter muito
tempo e habilidades, conhecimentos ou equipamentos es-
pecíficos. Do mesmo modo, as evidências enfatizam o pa-
pel do médico e da família como agentes facilitadores para
a prática regular da atividade física nesta etapa da vida.
Neste aspecto é fundamental considerar as observações
realizadas recentemente por Christmas e Andersen66
, que
sugerem para os profissionais da área da saúde, especial-
mente os médicos, estratégias específicas para abordar e
motivar o paciente idoso sedentário levando em considera-
ção o padrão de atividade física do indivíduo durante a
vida e seus interesses, assim como o nível de atividade fí-
sica nos três últimos meses, o nível de interesse e motiva-
ção para o exercício e as preferências sociais para a prática
da atividade física regular. Para reforçar e conseguir suces-
so os autores recomendam que a prescrição da atividade
física seja realizada por escrito, levando em conta o tempo
disponível para realizar atividade física, o desejo do pa-
ciente, os equipamentos e as facilidades disponíveis, lem-
brando as comorbidades que podem afetar o desempenho
para realizar atividade física e, o mais importante, ser esti-
mulada como um hábito para o resto da vida. A avaliação
médica, no entanto, deve ser utilizada com critérios espe-
cíficos para converter esta ferramenta em mais uma barrei-
ra para a prática da atividade física. O último posiciona-
mento a este respeito de um dos maiores especialistas da
área, Shephard67, aponta claramente, com fortes evidên-
cias epidemiológicas, que o idoso que deseja realizar ati-
vidades físicas leves ou moderadas deve ser encorajado a
se envolver regularmente sem uma avaliação médica espe-
cial, já que é desnecessária e um fator desmotivante. Devi-
do às claras e fortes evidências epidemiológicas de que o
estilo de vida ativo é um fator fundamental na prevenção,
tratamento e controle das doenças crônicas não transmissí-
veis, a promoção da atividade física regular deve ser pro-
movida nesta população com políticas claras e estratégias
de implementação recentemente descritas por S. Matsudo
e V. Matsudo68
. As políticas públicas devem promover na
população o estímulo à adoção da recomendação atual da
atividade física, encorajando os indivíduos de todas as ida-
des, mas em especial os maiores de 50 anos, a realizar pelo
menos 30 minutos de atividade física moderada por dia, na
maior parte dos dias, de forma contínua ou acumulada. Es-
tas estratégias devem enfatizar a não obrigatoriedade da
avaliação médica (com exceção dos casos sintomáticos)
ou da participação em programas estruturados ou supervi-
sionados para a adoção de um estilo de vida ativo como
mecanismo de promoção da saúde.
CONCLUSÕES
As evidências epidemiológicas apresentadas nos permi-
tem concluir que a atividade física regular e a adoção de
um estilo de vida ativo são necessárias para a promoção da
saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhe-
cimento.A atividade física deve ser estimulada não somente
no idoso, mas também no adulto, como forma de prevenir
e controlar as doenças crônicas não transmissíveis que apa-
recem mais freqüentemente durante a terceira idade e como
forma de manter a independência funcional. As atividades
que devem ser mais estimuladas são as atividades aeróbi-
cas de baixo impacto, mas preferencialmente o exercício
com pesos, para estimular a manutenção da força muscu-
lar dos membros superiores e inferiores, deve ser a priori-
dade no idoso. Da mesma forma, o equilíbrio e os movi-
mentos corporais totais devem fazer parte dos programas
de atividade física na terceira idade. As evidências suge-
rem que a atividade física regular e o estilo de vida ativo
têm um papel fundamental na prevenção e controle das
doenças crônicas não transmissíveis, especialmente aque-
las que se constituem na principal causa de mortalidade:
as doenças cardiovasculares e o câncer. Mas, além disto, a
12 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001
atividade física está associada também com uma melhor
mobilidade, capacidade funcional e qualidade de vida du-
rante o envelhecimento. É importante enfatizar, no entan-
to, que tão importante quanto estimular a prática regular
da atividade física aeróbica ou de fortalecimento muscu-
lar, as mudanças para a adoção de um estilo de vida ativo
no dia-a-dia do indivíduo são parte fundamental de um en-
velhecer com saúde e qualidade.
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Af e envelhecimento aspectos epidemiológicos

  • 1. 2 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 ARTIGO DE REVISÃO Atividade física e envelhecimento: aspectos epidemiológicos Sandra Mahecha Matsudo1,2, Victor Keihan Rodrigues Matsudo2 e Turíbio Leite Barros Neto3 M 1. Coordenadora do Projeto Longitudinal de Envelhecimento e Aptidão Fí- sica de São Caetano do Sul. 2. Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul – Celafiscs. 3. Cemafe – Escola Paulista de Medicina – Unifesp. Recebido em: 15/10/2000. Aceito em: 22/12/2000. Endereço para correspondência: Avenida Goiás, 1.400 09521-300 – São Caetano do Sul, SP E-mail: celafiscs@celafiscs.com.br INTRODUÇÃO A relação entre atividade física, saúde, qualidade de vida e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e ana- lisada cientificamente. Atualmente é praticamente um con- senso entre os profissionais da área da saúde que a ativida- de física é um fator determinante no sucesso do processo do envelhecimento. É o objetivo desta revisão estabelecer os principais fatores determinantes do nível de atividade física durante o envelhecimento e os benefícios do estilo de vida ativo na prevalência de doenças crônicas não trans- missíveis, na mortalidade e na manutenção da capacidade funcional durante esse processo. Alguns dos conceitos que serão utilizados ao longo da discussão dos assuntos aqui tratados têm sido adequada- mente definidos e compilados pelos melhores especialis- tas da área, que em reunião especial chegaram a alguns consensos1. Dentre aqueles, os conceitos que merecem es- pecial atenção são: a) Atividade física: definida como qualquer movimento corporal produzido em conseqüência da contração muscu- lar que resulte em gasto calórico. b) Exercício: definido como uma subcategoria da ativi- dade física que é planejada, estruturada e repetitiva; resul- tando na melhora ou manutenção de uma ou mais variá- veis da aptidão física. c) Aptidão física: é considerada não como um compor- tamento, mas uma característica que o indivíduo possui ou atinge, como a potência aeróbica, endurance muscular, for- ça muscular, composição corporal e flexibilidade. Desta forma poderíamos também considerar a própria definição dos autores1, de epidemiologia da atividade físi- ca, como a parte da epidemiologia que se preocupa com: a) a associação entre os comportamentos da atividade físi- ca e a doença; b) a distribuição e determinantes dos com- portamentos da atividade física em populações específi- cas; e c) a associação entre atividade física e outros com- portamentos. Nível de atividade física, barreiras e motivação nos adul- tos de maior idade Dentre essas associações propostas pela epidemiologia da atividade física, têm surgido pesquisas tentando estabe- lecer o padrão do nível de atividade física em diferentes populações de indivíduos de maior idade. Em 1994, Cas- persen et al.1 compilaram informação de cinco grandes le- vantamentos realizados na população do sexo masculino maior de 65 anos da Inglaterra, Estados Unidos e Holanda. De acordo com aquelas pesquisas, a caminhada foi uma das atividades mais realizadas, variando de 38% a 72%, seguida pela jardinagem, que foi prevalente entre 37% e 67%. Já atividades como correr, trotar, jogar tênis e golfe foram realizadas por menos que um em cada dez indiví- duos. Dados provenientes de 2.783 homens e 5.018 mulheres maiores de 65 anos de idade da Pesquisa Nacional de Saú- de dos Estados Unidos de 19902 determinaram a prevalên- cia de atividade física regular, que naquele estudo foi defi- nida como a participação em atividades físicas no tempo livre por três ou mais vezes por semana e por mais de 30 minutos nas últimas duas semanas. Com esses parâmetros os autores encontraram uma prevalência de atividade físi- ca regular de 37% no sexo masculino e 24% no sexo femi- nino. Mais uma vez, conforme os dados apresentados an- teriormente, as atividades mais comumente realizadas fo- ram a caminhada (69% dos homens e 75% das mulheres) e a jardinagem (45% dos homens e 35% das mulheres). O processo de avaliação diagnóstica do Programa Agita São Paulo realizado na Região Metropolitana e no Interior do Estado de São Paulo determinou o nível de conheci- mento, barreiras e facilitadores à prática da atividade físi- ca em uma amostra de mais de 2.000 indivíduos maiores de 50 anos. De acordo com os dados encontrados por An- drade et al.3, constatou-se que as barreiras mais freqüentes para ambos os sexos em cidades pequenas do Interior do
  • 2. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 3 Estado foram: a) falta de equipamento; b) necessidade de repouso; c) falta de local; d) falta de clima adequado; e e) falta de habilidade. Quando analisamos as barreiras na Capital e nas cidades da Região Metropolitana encontra- mos que as barreiras mais freqüentemente citadas foram: a) falta de equipamento; b) falta de tempo; c) falta de co- nhecimento; d) medo de lesão; e e) necessidade de repou- so. Foi claramente evidenciado que as barreiras diferem segundo o sexo e o tamanho da cidade, como também são barreiras ligadas à condição de saúde e à vontade do indi- víduo. No entanto, eram barreiras que poderiam ser supe- radas com a divulgação das novas mensagens de promo- ção da atividade física, que mostram como não há necessi- dade de equipamento, local, habilidade ou conhecimento para uma pessoa ser regularmente ativa. Considerando os agentes facilitadores no ambiente para o envolvimento regular com a atividade física os dados de Andrade et al.3 revelaram que, em ordem de prioridade, as pessoas maiores de 50 anos de idade realizavam atividade física por causa de indicação de: Sexo feminino: 1) Orientação médica (38,3%) 2) Amigos (33,3%) 3) Familiares (10,4%) 4) Procura por companhia (10,4%) 5) Colegas de trabalho (4,2%) 6) Programa Agita São Paulo (3,3%) Sexo masculino: 1) Orientação médica (50,3%) 2) Amigos (25,8%) 3) Procura por companhia (7,0%) 4) Programa Agita São Paulo (7,0%) 5) Familiares (6,3%) 6) Colegas de trabalho (3,5%) Os dados claramente evidenciam a relevância do profis- sional da saúde, particularmente do médico, como vetor para o envolvimento regular com a atividade física nessa faixa etária. De forma similar, Yusuf et al.2 ressaltaram a importância da orientação médica sobre o nível de prática de atividade física de adultos e idosos como uma forma não só da prevenção primária das doenças crônicas, mas também da prevenção secundária em pacientes com doen- ças cardiovasculares e outras enfermidades. Como parte de um estudo longitudinal de envelhecimento e aptidão física, Satariano et al.4 investigaram em 2.046 indivíduos maiores de 55 anos as barreiras para a prática da atividade física no tempo livre e encontraram que as mulheres reportaram mais barreiras para a prática do que os homens e as razões médicas incrementaram com a ida- de. As diminuições na velocidade de andar e sintomas de depressão figuram entre as razões não médicas citadas como obstáculos em homens e mulheres. Entre as primeiras cin- co barreiras para a prática da atividade física nas mulheres foram citadas: a) a falta de companhia; b) a falta de inte- resse (mais comum nas mulheres de 65 a 74 anos); c) a fadiga; d) problemas de saúde; e e) a artrite. Nas mulheres maiores de 75 anos de idade problemas de saúde e funcio- nais, como medo às quedas, foram as principais barreiras mencionadas. Esses dados são similares aos já previamen- te reportados por Andrade et al.3 no levantamento feito no Estado de São Paulo. Desta forma a promoção da ativida- de física na terceira idade deve levar em consideração a falta de companhia e a falta de interesse, principais barrei- ras citadas, no momento de estabelecer políticas de saúde pública. O nível de conhecimento em relação ao novo padrão da atividade física para a promoção da saúde mostrou ter um comportamento diferente de acordo com o sexo e o local analisado5. De acordo com o CDC/ACSM6 o novo paradig- ma da atividade física para a promoção da saúde recomen- da que os indivíduos devem realizar atividade física de in- tensidade moderada, por pelo menos 30 minutos por dia, na maior parte dos dias da semana, de preferência todos, de forma contínua ou acumulada. Este diagnóstico foi rea- lizado mediante a elaboração de um questionário aplicado em diversas cidades do Estado. Nas cidades pequenas o padrão de conhecimento sobre o novo paradigma da ativi- dade física foi positivo em 32% da população feminina e em 35% da masculina. De forma similar, 36% das mulhe- res e 31% dos homens consideraram que a atividade física deveria ser feita de três a quatro vezes por semana e por mais de 30 minutos por sessão. Na Região Metropolitana e grandes cidades do Estado, o padrão foi relativamente me- lhor: praticamente 40% das mulheres e 51% dos homens responderam de acordo com o novo paradigma. Mas os dados mais interessantes foram encontrados na relação entre o nível de conhecimento e o nível de ativida- de física da população idosa7 . Nos dados das cidades mais populosas, menos de 23% daqueles que tinham conheci- mento do novo paradigma praticavam atividade física de acordo com essas novas recomendações. Entre 25% (sexo masculino) e 32% (sexo feminino) deles eram irregular- mente ativos, enquanto 48% das mulheres e 53% dos ho- mens eram sedentários. Nas cidades menores os dados são mais preocupantes: somente 14% dos indivíduos que têm conhecimento do novo paradigma praticam atividade físi- ca de acordo com estas recomendações. No sexo feminino, 34% eram irregularmente ativas e 41% sedentárias. No
  • 3. 4 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 masculino, 25,2% eram irregularmente ativos e praticamen- te 40% sedentários. Estes dados corroboram a premissa de que o nível ade- quado de conhecimento não necessariamente reflete em um envolvimento regular com atividade física de acordo com os novos paradigmas. Assim, a promoção da atividade físi- ca nesta população deveria enfatizar não somente o incre- mento no nível de conhecimento, mas também as estraté- gias para superar as barreiras, o que facilitaria a adoção de um estilo de vida ativo. Estas afirmações vão de acordo com aquelas postuladas por Yusuf et al.2 , que encontraram na população analisada um nível adequado de conhecimen- to em relação ao exercício, mas ao mesmo tempo essas pessoas consideravam importantes as barreiras relaciona- das ao conhecimento. Tal fato poderia explicar, como en- contrado nos nossos levantamentos, por que muitos idosos acreditam na necessidade de diminuir o exercício com o passar da idade ou crer que conseguem um nível adequado de atividade física com as suas rotinas diárias de ativida- des. Os dados encontrados nas avaliações feitas no Estado de São Paulo, anteriormente mencionados, diferem em termos de gênero do nível de atividade física encontrado por Yu- suf et al.2 , que relataram menor prevalência de mulheres regularmente ativas do que homens. Oyama e Oliveira8 consideram também que não existiu diferença na adapta- ção ao meio entre idosos (homens e mulheres) que partici- param de programas de educação física. Com o objetivo de analisar os padrões de atividade física durante o curso da vida em mulheres idosas ativas e sedentárias, Cousins e Keating9 encontraram que eventos similares aconteceram na vida desses dois grupos de mulheres. No entanto, as mulheres ativas deram um destino diferente aos desafios e começaram ou mantiveram a prática da atividade física, enquanto que as inativas responderam de forma diferente tentando “conservar energia” e assim reduziram ou para- ram o movimento. Em uma abordagem similar, Young et al.10 analisaram os fatores determinantes do nível de exer- cício de 2.668 indivíduos de 50-65 anos de idade, que fo- ram classificados como sedentários (7,8% homens e 12,2% mulheres), pouco ativos (76,7% homens e 72,3% mulhe- res) e regularmente ativos (15,5% homens e mulheres). Os resultados sugerem que os homens solteiros, mulheres que reportaram pouca saúde, fumantes e indivíduos com so- brepeso foram os grupos com maior probabilidade de ser completamente sedentários. Da mesma forma, os sedentá- rios tiveram maior prevalência de hipertensão arterial, aci- dente vascular cerebral e limitações físicas. As taxas de aderência a um programa de um ano de exercício foram menores entre aqueles que eram inicialmente sedentários (39,5%) do que naqueles pouco ativos (71,6%), mas au- mentaram nos programas de baixa intensidade realizados em casa em comparação com aqueles que usaram exercí- cios de alta intensidade (em grupo ou em casa), o que é de grande relevância na hora de formular estratégias de pro- moção de atividade física em grupos de idosos. Neste caso a promoção do novo paradigma, já aqui postulado6, de ati- vidades físicas moderadas, convenientes e ligadas à rotina diária pode ser o mais efetivo para os grupos de idosos sedentários. Programas de atividade física na terceira idade Um dos aspectos que devem ser considerados na relação atividade física, doença e saúde em termos populacionais é a escolha do tipo de atividade física a ser prescrito na terceira idade. Recentemente têm surgido recomendações específicas de programas de atividade física para atender a população de adultos maiores de 60 anos de idade, tais como as normas propostas pela Organização Mundial da Saúde11 ou o Programa de Promoção da Atividade Física: Agita São Paulo na população do Estado de São Paulo (Go- verno do Estado de São Paulo12). De acordo com novos paradigmas e evidências, Ettinger et al.13, sumarizando os critérios de realização de testes em indivíduos idosos, su- geriram a necessidade dos mesmos somente para indiví- duos acima de 50 anos nos casos de exercícios vigorosos. No caso de exercícios moderados, somente deveriam ser submetidos a testes de esforço aqueles com doenças crôni- cas, ou com presença de fatores de alto risco e ainda aque- les sintomáticos. Embora o Colégio Americano de Medicina Esportiva recomende um teste de esforço para todo indivíduo acima de 50 anos que queira começar um programa de treina- mento vigoroso, esta recomendação provavelmente não será necessária para indivíduos idosos que simplesmente quei- ram caminhar ou participar de um programa de treinamen- to de resistência, como sugerido recentemente por Evans14 . Esse autor recomenda nestes casos a aplicação de um ques- tionário simples para identificar os sujeitos que precisam de uma avaliação médica. Esta conclusão foi conseqüên- cia de sua experiência com o programa Keep Moving – Fit- ness after 50, que envolvia mais de 8.000 homens e mu- lheres em programas de caminhada, no qual não foram re- gistrados casos de morte durante a atividade física. Atividades aeróbicas, treinamento de força muscular e tai chi chuan Quanto ao tipo de atividade aeróbica a ser realizada, é recomendada a prescrição de atividades de baixo impacto, como a caminhada, o ciclismo ou pedalar na bicicleta, a natação, a hidroginástica, o remo, subir escadas, dançar, ioga, tai chi chuan e dança aeróbica de baixo impacto. Es-
  • 4. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 5 tas atividades são preferíveis àquelas chamadas de alto im- pacto, como o jogging, a corrida, esportes que envolvam saltos, como o vôlei e o basquete, pular corda e a dança aeróbica de alto impacto, que acarretam grande incidência de lesões nessa época da vida. A caminhada é com certeza a atividade física ideal para os indivíduos idosos que resul- ta em importantes efeitos benéficos para a saúde por ser uma atividade que sustenta o peso corporal e de baixo im- pacto, que pode ser feita em diferentes intensidades, em qualquer local, envolvendo grandes grupos musculares, contribuindo para aumentar o contato social, principalmente em grupos em risco de isolamento, depressão e demên- cia15. Neste aspecto, de acordo com recente metanálise rea- lizada por Arent et al.16, o exercício está associado com melhora significante do humor em pessoas idosas, sendo que os efeitos têm sido encontrados com qualquer tipo de exercício, mas em especial com o treinamento de força muscular, realizado em intensidade leve a moderada. Da mesma forma, a melhora do condicionamento aeróbico parece estar associada em indivíduos que envelhecem com melhor função neurocognitiva17. No Brasil existem alguns programas de educação física especificamente direcionados à terceira idade. Desde 1994 o Programa para Autonomia da Atividade Física (PAAF), da Faculdade de Educação Física da USP, visa dar condi- ções ao idoso de autogerir um programa de atividade físi- ca. O programa se constitui de atividades teóricas e práti- cas em duas sessões semanais de 90 minutos, durante 18 meses, em que são desenvolvidas: a reestruturação corpo- ral, atividades de relaxamento e respiratórias, atividades aeróbicas e atividades direcionadas à força muscular, fle- xibilidade, controle motor, locomoção, equilíbrio e ritmo18. Da mesma forma, o esquema IMMA (Idosos em Movimen- to Mantendo a Autonomia), da Universidade do Estado de Rio de Janeiro, é um programa que inclui aulas de ginásti- ca e dança objetivando trabalhar a flexibilidade, mobilida- de articular, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação, deslocamento e relaxamento. Desta forma as aulas são ela- boradas obedecendo a um esquema pedagógico mais fle- xível às alterações do envelhecimento19. Um aspecto fundamental do programa de exercício é o fortalecimento da musculatura procurando incrementar a massa muscular e, por conseguinte, a força muscular, evi- tando assim uma das principais causas de inabilidade e de quedas. Além disso, a massa muscular é o principal estí- mulo para incrementar a densidade óssea. Recentemente têm sido estabelecidas14,20 as normas de prescrição do trei- namento de resistência na população idosa, incluindo até os grupos de hipertensos e pacientes com artrite reumatói- de e osteoartrite. De acordo com essas recomendações o treinamento de resistência deve estar dirigido aos grandes grupos musculares que são importantes nas atividades da vida diária. Entretanto, qualquer tipo de sobrecarga pode e deve ser utilizado nos programas de força muscular na po- pulação acima de 50 anos.Assim pode-se fazer uso de qual- quer peso confeccionado com tecido, areia e velcro para ser colocado nos membros superiores e inferiores, ou ain- da o simples uso de garrafas, latas, sacos ou qualquer obje- to doméstico com água, areia, feijão, que viabilizariam o treinamento de resistência21. Os benefícios encontrados nes- tes pacientes incluem: aumento da força dinâmica, do pico da capacidade de exercício, da endurance submáxima, di- minuição dos valores de percepção subjetiva de esforço durante exercício intenso e relatos de melhora da função nas atividades vigorosas da vida diária. As evidências, embora limitadas, deste tipo de treinamento na auto-eficá- cia de pacientes com doença coronariana sugerem que este tem um impacto positivo nas tarefas relacionadas à força e na melhora da qualidade de vida22,23. Segundo Fiatarone24, o treinamento de força muscular deve ser preferido ao trei- namento aeróbico nas seguintes circunstâncias: artrite gra- ve, inabilidade para suportar o peso corporal, ulcerações no pé, desordens do equilíbrio, amputação, doença pulmo- nar obstrutiva crônica e baixo limiar para isquemia. Embo- ra sejam recomendados para a população idosa tanto os programas de atividades aeróbicas como os de treinamen- to de força muscular, são estes últimos que realmente po- dem parar ou reverter de alguma forma a perda de massa muscular, sendo portanto as atividades de preferência na manutenção da capacidade funcional e independência14 . Na escolha das atividades aeróbicas ou de treinamento de força muscular vários aspectos devem ser considera- dos, mas especialmente os objetivos a serem atingidos. As evidências disponíveis e amplamente analisadas por Hur- ley e Hagberg25 indicam claramente que tanto o treinamento aeróbico quanto o treinamento de força no idoso têm efei- tos benéficos. Os autores sintetizam que os dois tipos de treinamento melhoram a densidade mineral óssea, a ho- meostase da glicose e o risco de queda; porém, se o objeti- vo for melhorar o condicionamento cardiovascular, dimi- nuir a hipertensão arterial, melhorar o perfil de lipoproteí- nas plasmáticas ou amenizar a hipertrofia do ventrículo esquerdo, o treinamento aeróbico parece ser o método mais eficaz. Por outro lado, se o objetivo for aumentar a massa e a força muscular, o treinamento de resistência é a melhor opção. No entanto, nenhum dos tipos de treinamento tem mostrado piorar algum dos parâmetros-chaves cardiovas- culares e músculo-esqueléticos. Dessa forma, concordamos integramente com a posição dos autores que a melhor op- ção para o indivíduo que está envelhecendo é a realização de um programa de atividade física que inclua tanto o trei- namento aeróbico como o de força muscular e que ainda
  • 5. 6 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 incorpore exercícios específicos de flexibilidade e equilí- brio. Apesar de ser uma arte marcial chinesa milenar, que en- coraja a concentração mental e o controle dos movimentos corporais, foi somente nos últimos anos que começaram a surgir as primeiras publicações científicas sobre os efeitos do tai chi chuan na aptidão física e capacidade funcional do idoso. Essa atividade representa uma alternativa de ati- vidade efetiva e funcional, particularmente para os idosos que freqüentemente estão em risco por causa de alguns problemas associados ao envelhecimento, como artrite, dis- função neurológica, declínio geral do equilíbrio, coorde- nação e função locomotora. Isso se deve a sua natureza de respeito ao ritmo da própria pessoa, não estressora e não competitiva, assim como sua habilidade de economizar tem- po, espaço e equipamento26. As evidências científicas têm mostrado efeitos benéficos significativos da prática regu- lar do tai chi chuan no equilíbrio e nos movimentos suaves dos braços27, no consumo máximo de oxigênio, na flexibi- lidade toracolombar, na força muscular de extensão e da flexão do joelho28, assim como na função cardiorrespirató- ria de pacientes com cirurgia de revascularização cardía- ca29 . No nosso grupo de pesquisa, Oliveira et al.30 analisa- ram os efeitos de três meses de um programa de tai chi chuan praticado uma vez só por semana e mesmo assim verificaram efeitos significantes na diminuição de gordura corporal e no aumento da força muscular dos membros in- feriores, equilíbrio e flexibilidade do tronco. Os mesmos autores31 analisaram o efeito de um período de 12 semanas de destreinamento na aptidão física do mesmo grupo, não encontrando diferenças significativas nas variáveis anali- sadas no período. No entanto, os efeitos benéficos do tai chi chuan têm sido demonstrados também em variáveis relacionadas à saúde, como é o caso do estudo realizado por Young et al.32 com idosos sedentários hipertensos, encontrando uma redução estatisticamente significante na pressão arterial sis- tólica e diastólica. O conjunto de informações científicas recentes permite concluir que o tai chi chuan pode ser uma grande alternativa em termos de saúde pública para con- trolar ou reduzir a pressão arterial, assim como para me- lhorar outras variáveis da aptidão física relacionadas à saúde e à qualidade de vida de indivíduos idosos. Promoção do estilo de vida ativo Os programas de promoção da atividade física na comu- nidade para indivíduos acima de 50 anos de idade têm cres- cido em popularidade nos últimos anos. Considerando as novas propostas internacionais de atividade física como forma de promover saúde na população, surgiu o Progra- ma Agita São Paulo, que tem como objetivo aumentar o nível de conhecimento da população sobre os benefícios da atividade física e aumentar o nível de atividade física da população do Estado de São Paulo33. Um dos focos princi- pais do programa é a população da terceira idade e a pro- posta de prescrição de atividade para essa população é rea- lizar atividades físicas de intensidade moderada, por pelo menos 30 minutos por dia, na maior parte dos dias da se- mana, se possível todos, de forma contínua ou acumulada. O mais importante deste novo conceito é que qualquer ati- vidade da vida cotidiana é válida e que as atividades po- dem ser realizadas de forma contínua ou intervaladas, ou seja, o importante é acumular durante o dia 30 minutos de atividade34. Uma das mais relevantes contribuições feitas nos últi- mos anos pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva na área da atividade física e o envelhecimento tem sido o recente posicionamento oficial sobre exercício e atividade física para o idoso23. Os mais renomados especialistas da área concluem que: a) participação em um programa de exercício regular é uma modalidade de intervenção efetiva para reduzir e/ou prevenir alguns dos declínios associados com o envelhecimento; b) o treinamento aeróbico é efetivo para manter e melhorar as funções cardiovasculares e, por- tanto, o desempenho físico, assim como tem um papel fun- damental na prevenção e tratamento de diversas doenças crônico-degenerativas, contribuindo para aumentar a ex- pectativa de vida. O treinamento de força, por sua parte, está relacionado, de acordo com os autores, com a com- pensação na perda da massa e força muscular, melhorando a capacidade funcional e conseqüentemente a qualidade de vida. Os autores recomendam naquele documento ênfase ao treinamento do equilíbrio (embora as evidências científi- cas neste aspecto não sejam ainda suficientes), trabalhan- do com posturas progressivamente mais difíceis que redu- zem a base de apoio, que necessitem de movimentos dinâ- micos que ativem o centro de gravidade e estresse de gru- pos musculares posturalmente importantes. No idoso frá- gil ou debilitado, no entanto, a prescrição mais difícil é a do treinamento aeróbico devido à presença de algumas condições clínicas, como desordens do andar, artrite, de- mência, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos e dos pés, incontinência e alterações visuais. Nessas cir- cunstâncias a prioridade é o treinamento de força e do equi- líbrio que garantam as condições para iniciar um progra- ma de caminhada. Nos casos em que esta atividade não seja possível, podem ser recomendadas atividades como ergômetro de braços, de pernas ou exercícios sentados den- tro da água. Neste sentido, um ponto em comum entre esse posicionamento oficial ou de outros pesquisadores da área24,36,37 como também da nossa própria visão da ativida-
  • 6. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 7 de física para os indivíduos idosos são as variáveis que devem ser priorizadas para prescrever atividade física na terceira idade para manter a independência funcional do indivíduo: a) força muscular; b) equilíbrio; c) potência aeró- bica; d) movimentos corporais totais; e e) por último, mas não menos importante, as mudanças do estilo de vida, sem as quais não acreditamos que seja possível manter na tota- lidade a capacidade funcional do idoso. Atividade física, mortalidade e longevidade Um dos aspectos mais fascinantes que tem sido motivo de várias pesquisas é a relação entre o exercício, atividade física e a longevidade. Alguns dados obtidos com atletas mostraram que, apesar de não continuarem realizando ati- vidade física de forma sistemática, eles possuem maior capacidade física (VO2 máx.) do que seus companheiros não-atletas sedentários, possivelmente pelos altos padrões de atividade de lazer destes ex-atletas38. A partir dos tradi- cionais estudos realizados por Paffenbarger39 com o segui- mento de aproximadamente 16.000 ex-alunos de Harvard por 16 anos, foi observado que os indivíduos que pararam de praticar esportes tiveram 35% de incremento no risco de morte sobre aqueles que continuaram sedentários, pro- vavelmente porque as condições pré-mórbidas causaram diminuição da atividade e morte precoce. Porém, aqueles que começaram a praticar esportes experimentaram um índice 21% menor de morte que aqueles habitualmente sedentários. Aqueles que se tornaram mais vigorosos ex- perimentaram um índice 28% menor de morte que aqueles que sempre se mantiveram vigorosos, um índice 37% me- nor que os que nunca fizeram exercícios vigorosos. Com a mesma amostra dividida em três grupos de acordo com a energia gasta em atividades como caminhar, subir escadas e praticar esportes, o autor achou um incremento na ex- pectativa de vida maior nos indivíduos que eram mais jo- vens quando entraram no estudo e como também nos mais ativos (2.000cal/sem), quando comparados com os menos ativos (500kcal/sem) e moderadamente ativos (501- 1.999kcal/sem). Quando os mais ativos foram comparados com os menos ativos, o aumento na expectativa de vida foi em média de 2,51 anos para indivíduos de 35-39 anos de idade no início do estudo e de 0,42 anos nos indivíduos de 75-79 anos. Um dado também interessante foi o fato de que a percentagem de indivíduos maiores de 80 anos foi maior nos indivíduos mais ativos (69,7%) do que nos me- nos ativos (59,8%). Em estudo similar publicado na mesma época, Blair et al.40 , analisando uma amostra de mais de 13.000 homens e mulheres seguidos durante oito anos, encontraram, como Paffenbarger39, uma associação inversa forte, gradativa e consistente entre aptidão física e mortalidade em homens e mulheres. Foram observadas menores taxas de mortali- dade total, assim como por doenças cardiovasculares e cân- cer em indivíduos com melhores níveis de condicionamento físico. Alguns anos depois, utilizando a mesma amostra dos alunos de Harvard do estudo de Paffenbarger, Lee et al.41 analisaram em indivíduos do sexo masculino as asso- ciações entre a atividade física vigorosa e não vigorosa com a longevidade. Evidenciaram nesse caso que a relação in- versa entre a atividade física e longevidade somente foi encontrada com as atividades físicas vigorosas (> 6 MET: taxa metabólica de repouso). Por outro lado, dados provenientes de uma amostra de mulheres suecas avaliadas em um intervalo de 20 anos42 evidenciaram que a diminuição nos níveis de atividade fí- sica, assim como baixos níveis iniciais de atividade física, foram um forte fator de risco de mortalidade. Assim, os autores sugerem que a manutenção de um adequado nível de atividade física é um importante fator de promoção da saúde na população idosa. Um dos maiores estudos feitos com mulheres foi o realizado com 40.417 pós-menopáusi- cas43 seguidas por sete anos. Foi encontrado que aquelas que reportaram atividade física regular tiveram um risco significativamente menor de morte (30%) quando compa- radas com as mulheres que não reportaram atividade físi- ca. O menor risco de morte foi evidente tanto para o risco por doenças cardiovasculares como por enfermidades res- piratórias, sendo menor quanto maior o nível de atividade física. Um fato interessante encontrado naquele estudo e quenãocorroboraoutrosautoresaquiexpostosfoiqueobene- fício também se observou entre aquelas mulheres que reali- zavam atividades físicas moderadas uma vez por semana. Dois dos autores mais reconhecidos nesta área, Paffen- barger e Lee, realizaram em 199644 uma das mais extensas revisõ es sobre a relação entre atividade física, aptidão fí- sica e longevidade, analisando criticamente cada uns dos trabalhos feitos até então nesta área do conhecimento. De acordo com os dados apresentados pelos autores, os sujei- tos com altos níveis de atividade física e aptidão física ex- perimentaram menor risco de doenças cardiovasculares e viveram mais (em torno de dois anos) assim como aqueles que adotaram um estilo de vida ativo. No entanto, a maio- ria destes dados provém de estudos observacionais e não randomizados. Outros estudos analisados pelos autores mostraram que a atividade física também tem um impacto positivo em variáveis intermediárias, como a pressão arte- rial, o perfil de lipoproteínas e a tolerância à glicose, que influenciam a saúde e a longevidade. De forma similar, Farrell et al.45 , com 25.341 pacientes do sexo masculino seguidos em média por 8,4 anos e classificados em três níveis de condicionamento físico (alto, médio e baixo), ob- servaram uma forte associação inversa entre o nível de
  • 7. 8 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 condicionamento e mortalidade por doenças cardiovascu- lares em indivíduos sem outros fatores de risco (fumo, co- lesterol e pressão arterial elevadas), mas também em indi- víduos fumantes e com colesterol elevado. Não foram en- contradas associações em hipertensos ou sujeitos com dois ou mais fatores de risco. Dando continuidade à análise da mais importante fonte de dados sobre fatores de risco, mortalidade e longevidade (os alunos de Harvard analisados consecutivamente nos anos 60, 70, 80 e 90), foram avaliados46 os dados das taxas de mortalidade; encontrou-se que os homens que caminha- ram menos de 15km por semana, subiram menos de 20 andares por semana ou não participaram em esportes mo- deradamente vigorosos tiveram 10%, 20% e 38% maior risco de morte, respectivamente, do que aqueles indivíduos que realizaram estas atividades em uma intensidade maior de 4,5 MET. Para explorar a hipótese de que as mudanças favoráveis na atividade física poderiam melhorar a quali- dade de vida e retardar a mortalidade, os autores analisa- ram essas mudanças nos alunos e encontraram reduções evidentes na mortalidade com o incremento no nível de atividade física e aumentos gradativos na mortalidade com a diminuição no nível de atividade física. Segundo os cál- culos feitos, o ganho em expectativa de vida pela mudança do estilo de vida ativo foi de 1,5 ano. Conclusões similares foram feitas por Kushi et al.43 com mulheres, em que o incremento no nível de atividade física, ou seja, aquelas que nunca ou raramente se engajavam em atividade física regular e que passaram a fazer atividade pelo menos qua- tro vezes por semana, foi associado significativamente com uma redução no risco de morte. Evidências epidemiológicas mais recentes47 em 5.567 homens de 40 a 59 anos de idade sustentam mais uma vez que o hábito de realizar atividades físicas leves ou mode- radas reduz a taxa de mortalidade total e a de mortalidade por causa cardiovascular em homens de idade avançada. Já com dados de uma amostra bem menor, Sihvonen et al.48 evidenciaram decréscimo no nível de atividade física entre os 75 e 80 anos de idade e uma associação signifi- cante entre atividade física e melhor sobrevivência no gru- po de mulheres de 80 anos e dos homens de 75 anos. De forma similar, os achados de um grupo de homens segui- dos por 12 anos49 demonstraram que as taxas de mortalida- de foram quase duas vezes superiores nos homens que ca- minhavam menos de 1,6km por dia, do que naqueles que andavam mais do que 3,2km diários. A distância caminha- da nesse caso permaneceu inversamente relacionada à mortalidade, mesmo quando ajustada a outras medidas de atividade e outros fatores de risco. De acordo com os da- dos de um dos últimos estudos realizados com os ex-alu- nos de Harvard, Lee e Paffenbarger50 verificaram em uma amostra de 13.485 homens que a distância caminhada e as escadas subidas predisseram a longevidade independente- mente, mas as atividades leves não foram associadas com menores taxas de mortalidade. No entanto, os autores con- cluem que parece ser que as atividades físicas de alguma forma são benéficas e as vigorosas claramente predizem taxas baixas de mortalidade. Em estudo mais recente, Lee et al.51 utilizaram uma coorte prospectiva de 13.905 ho- mens do tradicional estudo de alunos de Harvard para ve- rificar a associação entre atividade física e risco de câncer. Ajustando os resultados para idade, fumo e índice de mas- sa corporal, atividades como caminhar, subir escadas e rea- lizar atividades físicas de intensidade moderada (mais de 4,5 MET) foram inversamente relacionadas com o risco de câncer de pulmão. No entanto, esta associação não foi en- contrada com as atividades leves. Desta forma, os dados indicam que provavelmente seis a oito horas por semana de atividade física de intensidade moderada podem signi- ficativamente diminuir o risco de câncer de pulmão em ho- mens. Esses dados trazem uma nova perspectiva, pois até então essa associação não tinha sido verificada. Estudos longitudinais mais recentes têm verificado a associação entre atividade física e risco de doenças cardio- vasculares, principal causa de mortalidade na população52,53 . A caminhada mostrou novamente ser um fator protetor importante de risco de doenças cardiovasculares52. Embo- ra não tenha sido encontrada uma associação entre a ativi- dade física total (gasto energético total caminhando, su- bindo escadas e praticando esportes) e o risco de doenças cardiovasculares em mulheres, caminhar dez ou mais quar- teirões por dia (em torno de 9,7km por semana) foi asso- ciado com uma diminuição de 33% no risco. De forma si- milar, Mensink et al.53, estudando aproximadamente 11.000 homens e mulheres de 50 a 69 anos de idade, encontraram que os níveis atualmente recomendados de atividade física (cinco ou mais vezes e 3,5 horas ou mais por semana) fo- ram associados com menor prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares como hipertensão arterial e aumento do índice de massa corporal. Relevantes dados epidemiológicos em relação à ativida- de física e o risco de acidente vascular cerebral (AVC) fo- ram recentemente publicados por Evenson et al.54 , mos- trando que a prevalência deste problema foi maior nos in- divíduos classificados em menor nível de atividade física realizada, como esporte, no trabalho e no tempo livre. Mas essa relação foi considerada como fraca pelos autores. Por outro lado, analisando prospetivamente a relação entre ati- vidade física e acidente vascular cerebral (AVC), Hu et al.55 , seguindo durante oito anos mais de 72.000 enfermeiras de 40 a 65 anos de idade, mostraram valores mais consisten- tes de associação entre essas duas variáveis. O incremento
  • 8. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 9 no nível de atividade física foi associado significantemen- te com a diminuição no risco de AVC isquêmico (não para o AVC hemorrágico), mesmo quando controlado em relação à idade, índice de massa corporal e história de hipertensão. Porém, os dados mais interessantes foram que a caminha- da rápida mostrou o mesmo nível de associação com a di- minuição do risco de AVC do que a atividade física vigoro- sa e que as mulheres sedentárias que se tornaram ativas na meia-idade ou no final desta apresentaram menor risco de AVC do que aquelas que permaneceram sedentárias. Esse estudo é, portanto, uma das grandes evidências de que a inclusão de uma atividade tão popular e econômica como a caminhada pode ter um impacto significante na redução do risco de acidente vascular cerebral em mulheres, sendo assim uma estratégia prática em termos de saúde pública para controlar uma das principais causas de morte. Com base em todos os dados expostos anteriormente podemos inferir que as evidências epidemiológicas dispo- níveis, tanto em homens quanto em mulheres, sugerem for- temente uma associação inversa entre atividade física e mortalidade (principalmente por doenças cardiovasculares), sendo que esta associação é mais forte com o nível de ati- vidade física atual. Desta forma, os dados suportam a ne- cessidade do estímulo à atividade física regular após os 50 anos, mesmo que o indivíduo seja sedentário, visto que é a manutenção da atividade física regular ou a mudança a um estilo de vida ativo que tem um impacto real na mortalida- de e longevidade. Atividade física, capacidade funcional e mobilidade Um dos conceitos mais relevantes ao tratar do envelhe- cimento e sua relação com a saúde, a aptidão física e a qualidade de vida é sem dúvida o da capacidade funcional, definido também como estado funcional. Dados apresen- tados por Brill et al.56 avaliando 3.069 homens e 589 mu- lheres de 30 a 82 anos de idade durante cinco anos revela- ram que nesse período 7% dos homens e 12% das mulhe- res reportaram pelo menos uma limitação funcional, que foi mensurada pela capacidade de realizar atividades da vida diária, atividades domésticas e de cuidado pessoal, assim como atividades leves, moderadas e vigorosas no tempo livre. No entanto, quando a limitação funcional foi analisada levando em consideração o nível de força mus- cular, os sujeitos que apresentaram maiores níveis mostra- ram também menos prevalência de limitações funcionais. Esse estudo se converte em mais uma evidência científica da importância da força muscular, na meia-idade e na ter- ceira idade, na manutenção e/ou menor declínio da capaci- dade funcional com o envelhecimento. Lee57, estudando em um período de seis anos um pouco mais de 7.500 sujeitos de mais de 70 anos de idade, mediu o impacto da auto-avaliação da saúde geral como fator de- terminante do declínio funcional e da mortalidade. De for- ma geral, os riscos de declínio na capacidade funcional e de mortalidade foram maiores nos idosos que avaliaram sua saúde geral, física e mental de forma menos favorável. Uma das mais interessantes conclusões daquele estudo foi que a habilidade do indivíduo tomar cuidado de si é um fator preditivo significante e independente de mortalidade e capacidade funcional. Com um objetivo similar ao anteriormente apresentado, Laukkanen et al.58 descreveram, como parte do estudo lon- gitudinal realizado com mais de 600 homens e mulheres de 75 anos e 80 anos de idade seguidos durante cinco anos, o papel da saúde e da capacidade funcional como fatores preditivos da habilidade do idoso de viver em sua própria casa. As variáveis medidas incluíram a capacidade funcio- nal, pela auto-avaliação da realização de 10 atividades da vida diária (AVD), força muscular, velocidade de andar, ca- pacidade cognitiva e estado de saúde. A avaliação longitu- dinal do papel preditivo das dificuldades na realização das AVD evidenciou que a necessidade de ajuda para realizar uma ou mais das 10 AVD predizia significativamente a ne- cessidade de cuidado institucional. As diferenças foram mais acentuadas no primeiro ano, mas mesmo após cinco anos aqueles que reportaram não necessitar de ajuda na avaliação inicial apresentaram maior tendência a não pre- cisar de ser institucionalizados e ao mesmo tempo meno- res taxas de mortalidade. Com relação ao estado de saúde, o valor preditivo foi mais pronunciado. Nos indivíduos de 75 anos que não tiveram nenhuma doença diagnosticada no início, foi observado que após um ano não houve ne- cessidade de receber apoio institucional, enquanto que na- queles com diagnóstico de uma doença, 40% entraram em uma instituição. Esses dados longitudinais reforçam a im- portância da manutenção da capacidade funcional e da pre- venção das doenças não somente como mecanismo de di- minuir as taxas de mortalidade, mas como forma de mini- mizar o risco de institucionalização nos últimos anos de vida. Outras evidências neste aspecto foram previamente apre- sentadas por Leveille et al.59 que, seguindo por 10 anos um pouco mais de 1.000 homens e mulheres acima de 65 anos, verificaram que um alto nível de atividade física aos 65 anos de idade foi associado com um maior nível de sobre- vivência aos 80 anos de idade. Em torno de 63-70% da- queles que mantiveram um alto nível de atividade física sobreviveram aos 85 anos, enquanto somente 34-47% da- queles com baixo nível conseguiram sobreviver naquela idade. Os indivíduos que se mantiveram mais fisicamente ativos tiveram duas vezes mais chances de morrer sem in- capacidade comparados com os sedentários.
  • 9. 10 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 Com o propósito de determinar a relação entre os fato- res de risco para a saúde e a incapacidade, Vita et al.60 es- tudaram em torno de 1.700 alunos longitudinalmente du- rante 24 anos, analisando a mortalidade e fatores como ta- bagismo, obesidade (pelo índice de massa corporal) e o nível de atividade física (minutos de atividade física vigo- rosa por semana). Os indivíduos que tiveram mais fatores de risco apresentaram o dobro do índice de incapacidade do que aqueles com baixo índice de risco. Um fato interes- sante observado foi que o início da incapacidade foi retar- dado em mais de cinco anos no grupo de baixo risco com- parado com o de alto risco. Desta forma, foi verificado que o exercício, o fumo e o índice de massa corporal na meia- idade e no final da idade adulta são preditores da incapaci- dade; e o mais importante é que não somente as pessoas que têm melhores hábitos de saúde vivem mais, mas, além disso, nesses indivíduos a incapacidade é retardada e limi- tada a alguns anos no final da vida. Analisando este tópico, Morey et al.61 verificaram a re- lação entre idade, sexo, raça, nível educacional, índice de massa corporal, depressão, número de doenças e consumo máximo de oxigênio com a função física em adultos de 65 a 90 anos de idade. Constataram que a variável com a cor- relação mais forte com a capacidade funcional foi o consu- mo máximo de oxigênio, sendo que o valor de 18,3ml.kg-1. min-1 foi considerado como o limite entre o baixo e o alto nível de função física. Por essa razão, aqueles com valores menores que este limite apresentaram maior dificuldade na realização de tarefas da vida diária. Nesse sentido, em outro estudo longitudinal62 conduzido por dois anos em indivíduos maiores de 75 anos, os autores concluíram tam- bém que os fatores mais associados com declínio na capa- cidade funcional foram o número de dias de atividades re- gulares, o número de refeições quentes diárias e o estado cognitivo, assim como, de acordo com outros estudos, o baixo nível de educação, saúde e depressão. Outro conceito que nos parece relevante de estar sendo colocado, na perspectiva da capacidade funcional e a qua- lidade de vida do idoso, é a mobilidade, que sem dúvida é um elemento importante para manutenção da independên- cia nesta etapa da vida. Segundo Patla e Shumway-Cook63 , a mobilidade é a habilidade para se mover independente- mente de um ponto para outro. Esta habilidade para se movimentar de forma segura e independente é parte fun- damental das atividades básicas da vida diária (ABVD), como as atividades de higiene pessoal e de se vestir, assim como das atividades instrumentais da vida diária (AIVD), como ir às compras, ao banco, visitar amigos, ir ao cine- ma, lavar e cozinhar. Mas os autores tentam naquele artigo colocar uma nova visão da mobilidade, em que não so- mente seja reconhecida como a simples habilidade de an- dar, mas também as características de começar e parar, mudanças na direção, superfícies com diferentes proprie- dades geométricas e físicas e a execução simultânea de outras tarefas como falar, virar e olhar para outro objeto ou carregar objetos, na qual o indivíduo tem que ter a habili- dade para se adaptar e modificar o andar em função de distúrbios, assim como os desafios esperados e inespera- dos da locomoção. Desta forma, a capacidade de movi- mentação seria considerada, não como o número de tare- fas que o sujeito pode ou não realizar, mas sim pela ampli- tude de contextos ambientais nos quais estas tarefas pos- sam ser desempenhadas. A mobilidade é uma variável extremamente importante associada não somente com a qualidade de vida na terceira idade mas também com a longevidade. Neste sentido, Hir- vensalo et al.64 analisaram a relação entre a mobilidade e o nível de atividade física com a mortalidade e a indepen- dência em 1.109 homens e mulheres de 65 a 84 anos de idade na avaliação inicial, realizada oito anos antes da se- gunda. A mobilidade foi definida como a habilidade para caminhar 2km e subir um lance de escadas sem dificulda- de. Os resultados mostraram claramente que as alterações na mobilidade e no nível de atividade física predizem a dependência e a morte em homens e mulheres maiores de 65 anos de idade. Os indivíduos com alterações da mobili- dade tiveram um risco maior de morte e dependência do que aqueles que conseguiram manter a mobilidade. Os homens sedentários e com alteração da mobilidade tive- ram sete vezes mais risco de perder a independência do que os ativos sem alteração; e nas mulheres esse risco foi quase quatro vezes maior. Com relação à mortalidade, esse risco foi três vezes maior em ambos os sexos. Mas o fato mais interessante mostrado ineditamente por este estudo foi que os sujeitos com alterações da mobilidade, mas que se mantiveram ativos, apresentaram menor risco de morte do que os sedentários, indicando que a atividade física foi um fator protetor de mortalidade em indivíduos com alte- rações da mobilidade. De acordo com recente revisão realizada por Daley e Spinks65 sobre envelhecimento, mobilidade e exercício, os limiares de sensação cutânea e proprioceptiva se elevam com a idade, especialmente nos membros inferiores, redu- zindo a percepção de vibração da articulação do joelho. Sendo o joelho a maior fonte de receptores que controlam a postura, esta perda pode diminuir consideravelmente o controle do equilíbrio e age como o principal responsável pela disfunção do andar nas pessoas idosas. De acordo com os autores, mulheres idosas que se exercitavam demons- traram menor desequilíbrio postural do que as sedentárias; quanto mais ativas, menor o grau de desequilíbrio. Da mes- ma forma, mulheres que participaram em atividades vigo-
  • 10. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 11 rosas por seis semanas a 10 anos mostraram ter um melhor equilíbrio do que mulheres sedentárias da mesma idade. Na mesma revisão65 os autores analisaram o efeito do exer- cício na velocidade de andar com o envelhecimento. O exer- cício aeróbico e o treinamento de força têm mostrado um impacto positivo na amplitude de passada em homens ido- sos. No entanto, o exercício não influencia a velocidade de andar nos indivíduos idosos, exceto em um passo muito lento. Os autores apresentam evidências de que programas de exercício de cinco anos têm mostrado melhora na fle- xão e na rotação do quadril em mulheres de 50 a 71 anos. Provavelmente, além do exercício aeróbico e do treinamento de força, seja necessário um programa de treinamento es- pecífico da velocidade de andar para conseguir melhoras significantes nessa variável no indivíduo que está envelhe- cendo. DISCUSSÃO As evidências epidemiológicas apontam para um decrés- cimo do nível de atividade física com o aumento da idade cronológica, tornando o sedentarismo um fator de risco de morbidade e mortalidade durante o processo de envelheci- mento. Os dados apontam que as barreiras para a prática de atividade física regular na terceira idade são facilmente superáveis e que estratégias de políticas públicas de saúde podem ser implantadas para superar a falta de equipamen- to, a falta de tempo e de conhecimento que são apontadas como as barreiras mais comuns. Dessa forma, é possível encorajar a adoção de um estilo de vida ativo durante o envelhecimento, sensibilizando a população sobre a possi- bilidade de ser fisicamente ativo sem precisar ter muito tempo e habilidades, conhecimentos ou equipamentos es- pecíficos. Do mesmo modo, as evidências enfatizam o pa- pel do médico e da família como agentes facilitadores para a prática regular da atividade física nesta etapa da vida. Neste aspecto é fundamental considerar as observações realizadas recentemente por Christmas e Andersen66 , que sugerem para os profissionais da área da saúde, especial- mente os médicos, estratégias específicas para abordar e motivar o paciente idoso sedentário levando em considera- ção o padrão de atividade física do indivíduo durante a vida e seus interesses, assim como o nível de atividade fí- sica nos três últimos meses, o nível de interesse e motiva- ção para o exercício e as preferências sociais para a prática da atividade física regular. Para reforçar e conseguir suces- so os autores recomendam que a prescrição da atividade física seja realizada por escrito, levando em conta o tempo disponível para realizar atividade física, o desejo do pa- ciente, os equipamentos e as facilidades disponíveis, lem- brando as comorbidades que podem afetar o desempenho para realizar atividade física e, o mais importante, ser esti- mulada como um hábito para o resto da vida. A avaliação médica, no entanto, deve ser utilizada com critérios espe- cíficos para converter esta ferramenta em mais uma barrei- ra para a prática da atividade física. O último posiciona- mento a este respeito de um dos maiores especialistas da área, Shephard67, aponta claramente, com fortes evidên- cias epidemiológicas, que o idoso que deseja realizar ati- vidades físicas leves ou moderadas deve ser encorajado a se envolver regularmente sem uma avaliação médica espe- cial, já que é desnecessária e um fator desmotivante. Devi- do às claras e fortes evidências epidemiológicas de que o estilo de vida ativo é um fator fundamental na prevenção, tratamento e controle das doenças crônicas não transmissí- veis, a promoção da atividade física regular deve ser pro- movida nesta população com políticas claras e estratégias de implementação recentemente descritas por S. Matsudo e V. Matsudo68 . As políticas públicas devem promover na população o estímulo à adoção da recomendação atual da atividade física, encorajando os indivíduos de todas as ida- des, mas em especial os maiores de 50 anos, a realizar pelo menos 30 minutos de atividade física moderada por dia, na maior parte dos dias, de forma contínua ou acumulada. Es- tas estratégias devem enfatizar a não obrigatoriedade da avaliação médica (com exceção dos casos sintomáticos) ou da participação em programas estruturados ou supervi- sionados para a adoção de um estilo de vida ativo como mecanismo de promoção da saúde. CONCLUSÕES As evidências epidemiológicas apresentadas nos permi- tem concluir que a atividade física regular e a adoção de um estilo de vida ativo são necessárias para a promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhe- cimento.A atividade física deve ser estimulada não somente no idoso, mas também no adulto, como forma de prevenir e controlar as doenças crônicas não transmissíveis que apa- recem mais freqüentemente durante a terceira idade e como forma de manter a independência funcional. As atividades que devem ser mais estimuladas são as atividades aeróbi- cas de baixo impacto, mas preferencialmente o exercício com pesos, para estimular a manutenção da força muscu- lar dos membros superiores e inferiores, deve ser a priori- dade no idoso. Da mesma forma, o equilíbrio e os movi- mentos corporais totais devem fazer parte dos programas de atividade física na terceira idade. As evidências suge- rem que a atividade física regular e o estilo de vida ativo têm um papel fundamental na prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis, especialmente aque- las que se constituem na principal causa de mortalidade: as doenças cardiovasculares e o câncer. Mas, além disto, a
  • 11. 12 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001 atividade física está associada também com uma melhor mobilidade, capacidade funcional e qualidade de vida du- rante o envelhecimento. É importante enfatizar, no entan- to, que tão importante quanto estimular a prática regular da atividade física aeróbica ou de fortalecimento muscu- lar, as mudanças para a adoção de um estilo de vida ativo no dia-a-dia do indivíduo são parte fundamental de um en- velhecer com saúde e qualidade. REFERÊNCIAS 1. Caspersen CJ, Kriska AM, Dearwater SR. Physical activity epidemiolo- gy as applied to elderly populations. Baillieres Clin Rheumatol 1994;8: 7-27. 2. Yusuf HR, Croft JB, Giles WH, Anda RF, Casper ML, Caspersen CJ, Jones DA. Leisure-time physical activity among older adults. Arch In- tern Med 1996;156:1321-6. 3. Andrade EL, Matsudo SMM, Matsudo VKR, Araújo TL, Andrade DR, Oliveira LC, Figueira AJ. 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