Este documento discute a relação entre ocupação e saúde. Ele explica como diferentes atividades ocupacionais como exercício, aprendizagem, trabalho voluntário e interações sociais podem promover a saúde física, mental e social de uma pessoa. Embora o excesso de algumas atividades como corrida possa ter efeitos negativos, a participação equilibrada em ocupações significativas geralmente ajuda a manter e melhorar a saúde de uma pessoa.
As Condições de Trabalho e de Saúde dos Formadores na Formação Profissional
Ocupação e saúde
1. Escola Superior de Saúde 15.11.2016
OT2
Ocupação e saúde (adultos)
Questões orientadoras: será que que a participação e envolvimento nas ocupações pode
manter e ou promover a saúde? E como?
Ocupação pode ser definida como um conjunto de atividades nas quais as pessoas
se envolvem, ao longo do tempo, e que têm um propósito, significado e utilidade para o
indivíduo. As ocupações ocorrem num determinado contexto e são influenciadas pelas
interações entre fatores do cliente (valores, crenças e espiritualidade; funções e estruturas
do corpo), competências de desempenho (motoras, de processo e que interação social) e
padrões de desempenho (hábitos, rotinas, papéis e rituais).1
Saúde pode ser definida não só como ausência de doença, mas também como um
estado de completo bem-estar físico, mental e social.2
Através da análise do vídeo “Ikigai - Compassion - How to stay fit at 107 years” é
possível observar-se um indivíduo de cultura Oriental e a sua participação em várias
ocupações, sendo elas: Brincar (quando, no início do vídeo, o indivíduo se encontra
sentado com as crianças), Educação (observável quando o indivíduo estuda uma língua
estrangeira), Lazer (exercício físico), AVDs (esfregar-se com a toalha pode ser
considerada uma forma de limpeza da pele), AVDIs (arrumar as suas coisas), trabalho (as
atividades que realiza no centro social podem ser vistas como trabalho) e Participação
Social (centro Social).1
Apesar de não ser visível no vídeo o sono e descanso, esta ocupação poderá estar
subentendida. A ocupação sono e descanso, possivelmente, promove um maior
desempenho ocupacional e contribui para uma melhor distribuição do seu tempo pelas
várias ocupações significativas, ajudando, provavelmente, a facilitar o equilíbrio
ocupacional.1,3
A participação e envolvimento, deste indivíduo, em todas estas ocupações
mantém e promove a sua saúde.4
Através da prática do exercício, são estimuladas as funções
neuromusculoesqueléticas e são desenvolvidas competências essencialmente motoras,
promovendo, assim, essencialmente, o seu bem-estar físico. 1
2. Escola Superior de Saúde 15.11.2016
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A aprendizagem de novas línguas, nomeadamente o coreano e o chinês, estimula
o cérebro, fundamentalmente, através do desenvolvimento da memória ativa.1
Desta
forma, a aprendizagem influencia a saúde mental.
O voluntariado desenvolve competências de interação social, através do
envolvimento em atividades com as crianças, o que combate o isolamento social. Este
trabalho também contribui para o sentido de identidade ocupacional.4
Pode-se concluir
que contribui para a saúde social e saúde mental. Estes dados sugerem que o facto de
possuir maior saúde e estruturas e funções competentes possibilita a participação num
maior número de atividades.1,4
Através da análise do artigo “Running as an occupation” podemos inferir que a
atividade correr, mediante o contexto em que é realizada, pode enquadrar-se na ocupação
trabalho ou lazer. Por exemplo, uma pessoa que pratique corrida de alta competição,
integra a ocupação trabalho. Por outro lado, alguém que corra por diversão integra a
ocupação lazer.1,5
A corrida pode trazer influencias positivas ou negativas dependendo de onde se
integra. As vantagens, a nível da saúde física, em ambas as ocupações, perpassam pelo
aumento da resistência muscular, uma redução do tecido adiposo e de um aumento da
massa muscular. Em consequência destas mudanças, ocorre a melhoria no aspeto físico.5
A nível da saúde mental, a corrida influencia os estados de depressão, ansiedade e
promove o estado de espírito positivo relativamente às pessoas que não correm, isto é, há
um alívio de tensão e a presença de sentimentos de bem-estar como o prazer e confiança
que conduzem ao aumento do bom-humor.5
Os eventos de corrida, como por exemplo, as maratonas promovem a relação com
as outras pessoas e o espirito de competição com os grupos de pares.
O treino excessivo e progressivo da corrida pode trazer desvantagens para a saúde
física, mental e social. As lesões e dores musculares provenientes do esforço físico
excessivo podem, possivelmente, levar à perda de sono e descanso. A ausência de sono e
descanso conduzem à perda do entusiamo e motivação, o que trará consequências
negativas ao nível do desempenho ocupacional noutras ocupações.1,5
3. Escola Superior de Saúde 15.11.2016
OT2
Em suma, a associação entre ocupação e saúde é dotada de um caráter complexo,
uma vez que, as dimensões ocupação e saúde incorporam sistemas e subsistemas que
interagem uns com os outros de forma dinâmica.
O ambiente em que uma pessoa está inserida apresenta mudanças contínuas e,
consequentemente, estas irão influenciar a capacidade de desempenho, a habituação e a
volição do individuo na participação da ocupação. Desta forma, podemos concluir que a
relação ocupação/saúde é bidirecional, dado que, caso uma seja alterada há repercussões
na outra. A título de exemplo, o sedentarismo (muitas vezes associado a desiquilíbrios
ocupacionais), pode conduzir à diminuição dos níveis de satisfação que levam ao
desenvolvimento de estados de depressão e frustração, e consequentemente, à diminuição
do bem-estar físico e psicológico. No entanto, é exatamente pelas mesmas razões (devido
à existência desta relação bidirecional entre ocupação e saúde) que a participação em
ocupações significativas promove e mantém a saúde: indivíduos cujas ocupações os
levam a ser mais ativos, desenvolvendo, por exemplo, a sua mobilidade, terão benefícios
ao nível da sua saúde, resultantes das suas ocupações.
Assim, é possível afirmar-se que o envolvimento em ocupações promove a saúde.
Referências bibliográficas:
1- American Occupational Therapy Association. (2014). Occupational Theraphy
Practice FRAMEWORK: Domain & Process 3rd Edition. The American Journal of
Occupational Therapy, 68, 48.
2- (Organização Mundial de Saúde, 2006, p.1)
3- WILCOCK, Ann A. An Occupational Perspective of Health, Grove Road, Slack
Incorporated. 1998.
4- KIELHOFNER, G. Model of Human Occupation - 4th Edition. 2007.
5- PRIMEAU L. A., PhD, & OTR. Running as an Occupation: Multiple Meanings
and Purposes (pp. 275-285).