SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE
Ficha de Leitura
O Papalagui
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
Licenciatura em Terapia Ocupacional
1ª Ano
Ano Letivo 2016/2017
Porto, Dezembro de 2016
Escola Superior de Saúde
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
Ficha de leitura
Título do livro: O Papalagui
Autor: Erich Scheurmann
O Papalagui é uma obra que demostra a crítica feita à civilização europeia pelo chefe da tribo de
Tiavéa, nos mares do sul, chamado Tuiavii. Tuiavii tinha o forte desejo de viajar pela Europa,
desejo este que acabou por se realizar. Já de volta à sua terra, o chefe da tribo fez vários
discursos onde retratou os costumes e hábitos do Papalagui, ou seja, do homem branco.
Papalagui era a forma que Tuiavii usava para designar o (homem) Branco. O objetivo que o
chefe da tribo tinha com estes discursos era transmitir os seus conhecimentos aos seus
companheiros da tribo, de forma, a que estes não se deixassem dominar pelos padrões culturais
do Branco.
Ao longo do livro, está bem presenciado as grandes diferenças entre a cultura da tribo Tiavéa e a
cultura europeia. Com isto, o autor queria que, através das críticas e pensamentos de Tuiavii, a
sociedade europeia fizesse uma análise crítica sobre os seus costumes, hábitos e crenças.
Primeiramente, Tuiavii crítica o facto de o Papalagui usar roupa e sapatos, algo que ele não
entende, uma vez que na sua tribo o mesmo não acontece. Ele defende que o homem branco
pensa que mostrar a carne é pecado devido às normas que lhe são incutidas desde muito cedo.
Tuiavii diz que “O Branco, crendo-se obrigado a muito cobrir-se para esconder a sua vergonha, é
parvo, é cego, é insensível à verdadeira alegria.”.
De seguida, o chefe da tribo começa a descrever as “gretas de pedra” onde o Papalagui vive,
normalmente conhecidas por casas entre os homens brancos. Tuiavii acaba por fazer a distinção
entre os que vivem nas “gretas de pedra” e os “homem do campo”, diferenciando assim as
diferentes classes sociais na sociedade europeia. Estes acabam por pertencer a subculturas
Escola Superior de Saúde
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
diferentes devido aos diferentes estilos de vida que levam. Ele acredita que a vida dos “homens
do campo” é mais saudável do que dos “homens das gretas”, apesar de haver uma
discriminação por parte destes últimos, pois acham que têm mais direitos e mais valor que os
“homens do campo”. Tuiavii considera, assim, estes dois inimigos (“São ambos inimigos, pois os
homens do campo têm que alimentar os homens das gretas com o produto da sua terra, guardar,
criar e engordar o gado e partilhá-lo com eles.”). Tuiavii também recusa todas as tentativas do
Papalagui construir as tais “gretas de pedra” na sua ilha, dizendo aos restantes homens da tribo:
“Reconheçamos a incontestável felicidade do Papalagui, frustremos as suas tentativas de
construir, ao longo das nossas margens banhadas pelo sol, os seus baús de pedra, e de destruir
a nossa alegria com pedras, gretas, sujidade, barulho, fumo e areia, como é desejo seu fazer.”.
Expressões como “Metal redondo” e “papel forte”, são utilizadas por Tuiavii para caracterizar o
dinheiro. Este não entende a importância e valor que o Papalagui dá ao dinheiro, pois para o
homem branco este é “A verdadeira divindade (…)”. Nas terras do Branco é impossível viver sem
o “metal redondo” e o “papel forte” e, quem não o tem acabará roubando aos outros brancos, o
que causará a imposição de uma sanção, designada por “fale pui pui”, ou seja, a prisão. Na
sociedade do Papalagui quem tem mais dinheiro é quem tem mais poder e uma maior qualidade
de vida; apesar de, aos olhos do chefe da tribo, o dinheiro ser o maior inimigo do Branco. Tuavii
realçou também a dependência que o homem branco possui pelo dinheiro e o facto de não ser
possível sobreviver na sua terra sem ele, pois é o dinheiro a razão da subsistência. Aos olhos do
chefe da tribo, a única coisa que o Papalagui não precisa de pagar para ter é o ar que respira
(“Descobri uma única coisa pela qual não se pede ainda dinheiro na Europa, coisa que cada um
pode fazer as vezes que quiser: respirar o ar.”.) Tuiavii reparou, também, numa grande injustiça
na sociedade do Papalagui: quem mais dinheiro tem é quem menos trabalha, enquanto quem
trabalha mais é quem menos dinheiro tem. Estas desigualdades fazem com que a visão do índio
em relação ao dinheiro seja tão negativa e, para ele, uma coisa desnecessária.
Escola Superior de Saúde
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
Outro dos factos que Papalagui dá, também, uma grande importância é tudo o que possui, todas
as coisas que tem. Tuiavii critica o facto do homem branco querer construir mais coisas para
além do que o “Grande Espírito” criou, pois, para ele é dispensável e, por isso, refere,
metaforicamente, que o Papalagui é pobre por precisar de tantas coisas, coisas estas que ele
próprio constrói (“O Papalagui é pobre porque está obcecado pelas coisas.”.). O chefe da tribo
critica, também, as “gretas de pedra” do Papalagui por estarem cheias de objetos criadas por ele,
ao contrário das cabanas dos índios e, por isso mesmo, é praticamente impossível o homem
branco pensar viver sem elas. (“Crêde que há na Europa homens que encostam a arma de fogo
à sua própria fronte, pois preferem deixar de viver do que viver sem coisas”.). Para o Papalagui,
as coisas do “Grande Espírito” não servem para nada, só a dos homens é que têm utilidade. Por
outro lado, para Tuiavii, as coisas do homem branco não servem para nada e, quando este tenta
impor algo ao chefe da tribo e aos seus companheiros, vem do seu “espírito mau”.
Outro dos temas falados por Tuiavii foi o tempo e a falta deste. O chefe da tribo censura o facto
de o Papalagui nunca estar satisfeito com o tempo que tem, culpando o “Grande Espírito” por
isso. Tuiavii não entende a razão do homem branco separar o tempo em horas, minutos e
segundos e de desde que nasce até ao envelhecimento, andar sempre com “uma pequena
máquina achatada e redonda onde podem ler o tempo”, ou seja, o relógio. O Papalagui vive
obcecado com o tempo e com a sua falta e, mesmo que tivesse mais tempo, este não conseguia
ser feliz por estar sempre a pensar no que poderia estar a fazer naquele momento (“O Papalagui
emprega todas as suas forças, bem como a sua capacidade de raciocínio, em tentar ganhar
tempo.”). Na opinião de Tuiavii, o grande problema é o homem ir atrás do tempo e não deixar
que este venha ao seu encontro e, o facto de este ainda não ter percebido o que é realmente o
tempo. Já na tribo de Tiavéa o mesmo não acontece, Segundo, o chefe da tribo “Nós nunca nos
queixámos do tempo, amámo-lo e acolhemo-lo tal como ele era, nunca corremos atrás dele,
nunca tentamos amalgamá-lo ou cortá-lo em pedaços. Nunca ele nos deixou desesperados ou
Escola Superior de Saúde
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
acabrunhados.”. Tuiavii diz também aos seus companheiros: “Devemos curar o Papalagui da sua
loucura e desvario, para que ele volte a ter noção do verdadeiro tempo que tem perdido.”.
Para o Tuiavii, Papalagui tem uma maneira confusa de pensar, está sempre a pensar o que lhe
pode ter utilidade ou não, preocupando-se mais consigo próprio do que com o resto dos homens
brancos. A sociedade europeia faz a grande distinção entre a palavra “meu”, que se refere àquilo
que só lhe pertence, e a palavra “teu”, que se refere àquilo que pertence aos outros. O poder do
“meus” faz com que Papalagui não pense nos outros, que não ajude os que nada têm, que não
partilha os seus “meus” com eles, ignorando Deus e desrespeitando-o também e àquilo que ele
nos deu. O chefe da tribo não consegue mostrar conformidade com este tema pois na sua tribo
não há a distinção do “meu” e do “teu”. Para os indígenas “Tudo pertence a todos. Tudo pertence
a Deus.”.
Num dos capítulos, Tuiavii confronta-se com o facto de o Papalagui fazer muitas coisas que ele e
os companheiros não eram capazes de fazer, nem de compreender, apesar, de não o invejarem.
O chefe da tribo teme que os companheiros admirem o poder do homem branco. Segundo
Tuiavii, o Papalagui “domina céu e terra a seu bel-prazer” e assim, torna-se semelhante ao
“Grande Espírito”, assumindo todos os seus poderes. Contudo, apesar de toda a modernização
com a invenção das máquinas e todas as tentativas de se fazer passar por Deus, o “Grande
Espírito” é maior e mais poderoso que o Papalagui (“Nada do que o Branco faz pode igualar, de
longe que seja, as maravilhas do Grande Espírito.”). É o “Grande Espírito” que controla a morte e
as forças da natureza, algo que o Papalagui não consegue fazer, nem com todas as suas
máquinas.
“Todos os Papalaguis têm uma profissão. (…) É qualquer coisa que uma pessoa devia ter
vontade de fazer, mas que raramente tem.”. No mundo do Papalagui existem profissões para os
homens e profissões para as mulheres. Na sociedade do homem branco é impensável alguém
Escola Superior de Saúde
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
dizer “Não posso fazer esse trabalho, pois não sinto qualquer satisfação com isso!”, pois com
isso perderia a sua honra. A maior parte dos homens brancos assume o seu papel social, ou
seja, cada um tem a sua profissão e só pode exercer essa mesma profissão. O Papalagui faz de
cada ação um trabalho e vive exaltado por causa da profissão que tem, apesar de não o querer
reconhecer. A grande diferença entre os homens da tribo e os homens brancos é que os
indígenas sentem satisfação com o seu trabalho, enquanto para os homens brancos é quase
como um fardo.
Uma das críticas feitas por Tuiavii foi direcionada para os jornais, ou como ele chama, “esteira de
fina tapa branca”. Aos olhos do chefe da tribo, o jornal serve para descrever o que os membros
da classe alta disseram ou fizeram, todas as coisas positivas e negativas que aconteceram e
tudo o resto que se passa na Europa. Na opinião de Tuiavii, “Os jornais são maus para o nosso
espírito, não só porque relatam o que se passa, mas também porque nos dizem o que devemos
pensar disto ou daquilo (…)”. Os jornais gostavam que todos pensassem o mesmo, que todos
tivessem os mesmos pensamentos. É quase como se o jornal fosse uma máquina que produz
novos pensamentos todos os dias. O Papalagui, segundo Tuiavii, é um ser fraco que estima o
que não é real, perdendo a noção do que é ou não verdadeiro.
Papalagui possui uma grave doença: estar sempre a pensar. Para ele, o ato de pensar já se
tornou uma necessidade, um hábito e até uma coerção. Estando sempre a pensar
continuadamente, o Branco nem consegue aproveitar as coisas boas da vida. Devido a esta
“doença”, o Papalagui não sorri ou chora quando o deve fazer, ele vive em conflito com os seus
sentidos e o seu espírito (pensamento), sentindo-se dividido. Ele sente que tem a obrigação de
saber e pensar. Para Tuiavvi pensar é mau, pois faz os homens brancos perderem a alegria de
viver. Esta atitude de estar sempre a pensar, aos olhos do chefe da tribo, rouba um grande valor
ao ser humano.
Escola Superior de Saúde
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
Por último, Tuiavii fala de quando o Papalagui lhes trouxe a luz, guiando-os até Deus e
ensinando-lhes a amá-lo. Embora o Papalagui os tenha guiado e continue a proclamar o nome
de Deus, o seu coração continua bem longe do “Grande Espírito”. Tuiavii diz aos seus
companheiros que, apesar do homem branco lhes ter mostrado o caminho até Deus, este não
entende os seus mandamentos e preceitos, ou seja, este não entende a sua própria religião.
Tuiavii critica o facto de o Papalagui dizer que é cristão, pois, “Ser cristão quer dizer: amar,
acima de tudo, Deus Todo-Poderoso, amar os nossos irmãos e só depois amarmo-nos a nós
próprios.”, o que não acontece.
Em suma, a sua simplicidade de ver as coisas concebeu críticas perspicazes do modo de viver
do Papalagui, que fizeram com que este reflectisse sobre os seus costumes, o que antes não
acontecia. Nesta obra, estão bem salientadas as diferenças entre os padrões culturais, tradições
e valores do chefe da tribo e do homem branco. Ao longo do livro, também está salientado,
dentro da sociedade europeia, a segregação do homem branco nas diferentes classes socias.
Também foi possível ver os estereótipos incutidos na cultura do Papalagui, bem como as normas
da sua sociedade. Apercebe-se, também, de um certo preconceito por parte do Tuiavii em
relação ao Branco, apesar da sua inocência, devido às grandes diferenças entre as duas
culturas. O chefe da tribo acaba por ter uma atitude etnocêntrica, pois, este critica a cultura do
Branco como se os seus costumes tivessem errados, enquanto os da tribo é que são os corretos.
Assim, o indígena não optou por uma visão de relativismo cultural que defende que o certo e o
errado dependem da cultura em que a pessoa está inserida e que ninguém tem a autoridade de
criticar os costumes de outra sociedade. Quando o autor se apresentou na tribo de Tuiavii, este
mostrou alguma xenofobia para com ele no início, pois, o indígena já tinha estado na Europa e
não conseguia esquecer o facto de o Erich ser europeu. Tuiavii, ao fazer estes discursos, não
tinha o propósito que estes fossem publicados, estes estavam só destinados aos seus
companheiros da tribo. No entanto, Erich achou que o devia fazer para mostrar aos europeus
Escola Superior de Saúde
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
que se calhar damos demasiado importância a coisas relativamente insignificantes e pouco valor
às coisas realmente importantes e, por isso, não aproveitamos suficientemente a vida.
Concluindo, Erich, com este livro, tinha o objetivo de nos ajudar a entender “(…) como perdemos
o sentido sagrado do homem criando ídolos sem vida.”.
Escola Superior de Saúde
Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278
Referências
Scheurmann, E. (1982). O Papalagui. Antígona.
Maia, R. L. (2002). Dicionário de Sociologia. Porto: Porto Editora

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

O método experimental e o progresso do conhecimento
O método experimental e o progresso do conhecimentoO método experimental e o progresso do conhecimento
O método experimental e o progresso do conhecimentoDiogo.Verissimo
 
Aula de Sociologia no Ensino Médio - Liberdade
Aula de Sociologia no Ensino Médio - LiberdadeAula de Sociologia no Ensino Médio - Liberdade
Aula de Sociologia no Ensino Médio - LiberdadeProfessor Belinaso
 
Crise 1929
Crise 1929Crise 1929
Crise 1929Rui Neto
 
Atividade industria cultural 1 - Prof. Noe Assunção
Atividade industria cultural 1 - Prof. Noe AssunçãoAtividade industria cultural 1 - Prof. Noe Assunção
Atividade industria cultural 1 - Prof. Noe AssunçãoProf. Noe Assunção
 
Crítica aos Direitos Humanos
Crítica aos Direitos HumanosCrítica aos Direitos Humanos
Crítica aos Direitos HumanosPSHON
 
Evolução histórica do conceito de trabalho
Evolução histórica do conceito de trabalhoEvolução histórica do conceito de trabalho
Evolução histórica do conceito de trabalhoTony Abreu
 
A atitude filosófica
A atitude filosóficaA atitude filosófica
A atitude filosóficaRaquel Reino
 
Primeira Revolução Industrial - Prof.Altair Aguilar.
Primeira Revolução Industrial - Prof.Altair Aguilar.Primeira Revolução Industrial - Prof.Altair Aguilar.
Primeira Revolução Industrial - Prof.Altair Aguilar.Altair Moisés Aguilar
 
Direitos da mulher
Direitos da mulherDireitos da mulher
Direitos da mulherbejr
 
Interculturalidade (1)luisa 7ºa
Interculturalidade (1)luisa 7ºaInterculturalidade (1)luisa 7ºa
Interculturalidade (1)luisa 7ºaNatercia
 
Comércio justo
Comércio justoComércio justo
Comércio justogenarui
 
INTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO 01.pdf
INTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO 01.pdfINTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO 01.pdf
INTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO 01.pdfConsulPereira
 

Mais procurados (20)

CARACTERÍSTICAS DA ATITUDE FILOSÓFICA
CARACTERÍSTICAS DA ATITUDE FILOSÓFICACARACTERÍSTICAS DA ATITUDE FILOSÓFICA
CARACTERÍSTICAS DA ATITUDE FILOSÓFICA
 
Ato de navegação
Ato de navegaçãoAto de navegação
Ato de navegação
 
O método experimental e o progresso do conhecimento
O método experimental e o progresso do conhecimentoO método experimental e o progresso do conhecimento
O método experimental e o progresso do conhecimento
 
A 1ª RepúBlica
A 1ª RepúBlicaA 1ª RepúBlica
A 1ª RepúBlica
 
Filosofia da arte
Filosofia da arteFilosofia da arte
Filosofia da arte
 
Aula de Sociologia no Ensino Médio - Liberdade
Aula de Sociologia no Ensino Médio - LiberdadeAula de Sociologia no Ensino Médio - Liberdade
Aula de Sociologia no Ensino Médio - Liberdade
 
Obsolescência programada
Obsolescência programadaObsolescência programada
Obsolescência programada
 
Crise 1929
Crise 1929Crise 1929
Crise 1929
 
Atividade industria cultural 1 - Prof. Noe Assunção
Atividade industria cultural 1 - Prof. Noe AssunçãoAtividade industria cultural 1 - Prof. Noe Assunção
Atividade industria cultural 1 - Prof. Noe Assunção
 
A burguesia xix
A burguesia xixA burguesia xix
A burguesia xix
 
Crítica aos Direitos Humanos
Crítica aos Direitos HumanosCrítica aos Direitos Humanos
Crítica aos Direitos Humanos
 
Trabalho de filosofia
Trabalho de filosofiaTrabalho de filosofia
Trabalho de filosofia
 
Evolução histórica do conceito de trabalho
Evolução histórica do conceito de trabalhoEvolução histórica do conceito de trabalho
Evolução histórica do conceito de trabalho
 
A atitude filosófica
A atitude filosóficaA atitude filosófica
A atitude filosófica
 
Primeira Revolução Industrial - Prof.Altair Aguilar.
Primeira Revolução Industrial - Prof.Altair Aguilar.Primeira Revolução Industrial - Prof.Altair Aguilar.
Primeira Revolução Industrial - Prof.Altair Aguilar.
 
Direitos da mulher
Direitos da mulherDireitos da mulher
Direitos da mulher
 
Interculturalidade (1)luisa 7ºa
Interculturalidade (1)luisa 7ºaInterculturalidade (1)luisa 7ºa
Interculturalidade (1)luisa 7ºa
 
Comércio justo
Comércio justoComércio justo
Comércio justo
 
INTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO 01.pdf
INTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO 01.pdfINTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO 01.pdf
INTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO 01.pdf
 
Aula 5
Aula 5Aula 5
Aula 5
 

Destaque

Ocupação artigo
Ocupação artigoOcupação artigo
Ocupação artigoOTutorial2
 
Trabalho filme anabela fernandes 20160012
Trabalho filme anabela fernandes 20160012Trabalho filme anabela fernandes 20160012
Trabalho filme anabela fernandes 20160012OTutorial2
 
Ico1 to p3_ot2
Ico1 to p3_ot2Ico1 to p3_ot2
Ico1 to p3_ot2OTutorial2
 
Analise critica do livro papalagui finale
Analise critica do livro papalagui finaleAnalise critica do livro papalagui finale
Analise critica do livro papalagui finaleOTutorial2
 
Almeida rafaela tm 2011
Almeida rafaela tm 2011Almeida rafaela tm 2011
Almeida rafaela tm 2011OTutorial2
 
Atividade em centro de atividades ocupacionais piscina-
Atividade em centro de atividades ocupacionais   piscina-Atividade em centro de atividades ocupacionais   piscina-
Atividade em centro de atividades ocupacionais piscina-OTutorial2
 
Ico1 to p3_gt2
Ico1 to p3_gt2Ico1 to p3_gt2
Ico1 to p3_gt2OTutorial2
 
Dm marlene monteiro_2010
Dm marlene monteiro_2010Dm marlene monteiro_2010
Dm marlene monteiro_2010OTutorial2
 
Análise sociológica amigos improváveis
Análise sociológica amigos improváveisAnálise sociológica amigos improváveis
Análise sociológica amigos improváveisOTutorial2
 
3º problema ferramentas
3º problema ferramentas3º problema ferramentas
3º problema ferramentasOTutorial2
 
Estudo do caso da sofia
Estudo do caso da sofiaEstudo do caso da sofia
Estudo do caso da sofiaOTutorial2
 
Caso roberto final
Caso roberto finalCaso roberto final
Caso roberto finalOTutorial2
 
Reflexão e síntese da sétima semana
Reflexão e síntese da sétima semanaReflexão e síntese da sétima semana
Reflexão e síntese da sétima semanaOTutorial2
 
Mapa sobre justiça ocupacional
Mapa sobre justiça ocupacionalMapa sobre justiça ocupacional
Mapa sobre justiça ocupacionalOTutorial2
 

Destaque (20)

Ocupação artigo
Ocupação artigoOcupação artigo
Ocupação artigo
 
Trabalho filme anabela fernandes 20160012
Trabalho filme anabela fernandes 20160012Trabalho filme anabela fernandes 20160012
Trabalho filme anabela fernandes 20160012
 
45 ftp
45 ftp45 ftp
45 ftp
 
111 338-1-pb
111 338-1-pb111 338-1-pb
111 338-1-pb
 
Ico1 to p3_ot2
Ico1 to p3_ot2Ico1 to p3_ot2
Ico1 to p3_ot2
 
Csh cátia
Csh cátiaCsh cátia
Csh cátia
 
Analise critica do livro papalagui finale
Analise critica do livro papalagui finaleAnalise critica do livro papalagui finale
Analise critica do livro papalagui finale
 
Ot well-being
Ot well-beingOt well-being
Ot well-being
 
Almeida rafaela tm 2011
Almeida rafaela tm 2011Almeida rafaela tm 2011
Almeida rafaela tm 2011
 
Meu
MeuMeu
Meu
 
Atividade em centro de atividades ocupacionais piscina-
Atividade em centro de atividades ocupacionais   piscina-Atividade em centro de atividades ocupacionais   piscina-
Atividade em centro de atividades ocupacionais piscina-
 
Ico1 to p3_gt2
Ico1 to p3_gt2Ico1 to p3_gt2
Ico1 to p3_gt2
 
Dm marlene monteiro_2010
Dm marlene monteiro_2010Dm marlene monteiro_2010
Dm marlene monteiro_2010
 
Análise sociológica amigos improváveis
Análise sociológica amigos improváveisAnálise sociológica amigos improváveis
Análise sociológica amigos improváveis
 
3º problema ferramentas
3º problema ferramentas3º problema ferramentas
3º problema ferramentas
 
Estudo do caso da sofia
Estudo do caso da sofiaEstudo do caso da sofia
Estudo do caso da sofia
 
Caso roberto final
Caso roberto finalCaso roberto final
Caso roberto final
 
Ficha do joel
Ficha do joelFicha do joel
Ficha do joel
 
Reflexão e síntese da sétima semana
Reflexão e síntese da sétima semanaReflexão e síntese da sétima semana
Reflexão e síntese da sétima semana
 
Mapa sobre justiça ocupacional
Mapa sobre justiça ocupacionalMapa sobre justiça ocupacional
Mapa sobre justiça ocupacional
 

Ficha de leitura papalagui

  • 1. ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE Ficha de Leitura O Papalagui Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 Licenciatura em Terapia Ocupacional 1ª Ano Ano Letivo 2016/2017 Porto, Dezembro de 2016
  • 2. Escola Superior de Saúde Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 Ficha de leitura Título do livro: O Papalagui Autor: Erich Scheurmann O Papalagui é uma obra que demostra a crítica feita à civilização europeia pelo chefe da tribo de Tiavéa, nos mares do sul, chamado Tuiavii. Tuiavii tinha o forte desejo de viajar pela Europa, desejo este que acabou por se realizar. Já de volta à sua terra, o chefe da tribo fez vários discursos onde retratou os costumes e hábitos do Papalagui, ou seja, do homem branco. Papalagui era a forma que Tuiavii usava para designar o (homem) Branco. O objetivo que o chefe da tribo tinha com estes discursos era transmitir os seus conhecimentos aos seus companheiros da tribo, de forma, a que estes não se deixassem dominar pelos padrões culturais do Branco. Ao longo do livro, está bem presenciado as grandes diferenças entre a cultura da tribo Tiavéa e a cultura europeia. Com isto, o autor queria que, através das críticas e pensamentos de Tuiavii, a sociedade europeia fizesse uma análise crítica sobre os seus costumes, hábitos e crenças. Primeiramente, Tuiavii crítica o facto de o Papalagui usar roupa e sapatos, algo que ele não entende, uma vez que na sua tribo o mesmo não acontece. Ele defende que o homem branco pensa que mostrar a carne é pecado devido às normas que lhe são incutidas desde muito cedo. Tuiavii diz que “O Branco, crendo-se obrigado a muito cobrir-se para esconder a sua vergonha, é parvo, é cego, é insensível à verdadeira alegria.”. De seguida, o chefe da tribo começa a descrever as “gretas de pedra” onde o Papalagui vive, normalmente conhecidas por casas entre os homens brancos. Tuiavii acaba por fazer a distinção entre os que vivem nas “gretas de pedra” e os “homem do campo”, diferenciando assim as diferentes classes sociais na sociedade europeia. Estes acabam por pertencer a subculturas
  • 3. Escola Superior de Saúde Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 diferentes devido aos diferentes estilos de vida que levam. Ele acredita que a vida dos “homens do campo” é mais saudável do que dos “homens das gretas”, apesar de haver uma discriminação por parte destes últimos, pois acham que têm mais direitos e mais valor que os “homens do campo”. Tuiavii considera, assim, estes dois inimigos (“São ambos inimigos, pois os homens do campo têm que alimentar os homens das gretas com o produto da sua terra, guardar, criar e engordar o gado e partilhá-lo com eles.”). Tuiavii também recusa todas as tentativas do Papalagui construir as tais “gretas de pedra” na sua ilha, dizendo aos restantes homens da tribo: “Reconheçamos a incontestável felicidade do Papalagui, frustremos as suas tentativas de construir, ao longo das nossas margens banhadas pelo sol, os seus baús de pedra, e de destruir a nossa alegria com pedras, gretas, sujidade, barulho, fumo e areia, como é desejo seu fazer.”. Expressões como “Metal redondo” e “papel forte”, são utilizadas por Tuiavii para caracterizar o dinheiro. Este não entende a importância e valor que o Papalagui dá ao dinheiro, pois para o homem branco este é “A verdadeira divindade (…)”. Nas terras do Branco é impossível viver sem o “metal redondo” e o “papel forte” e, quem não o tem acabará roubando aos outros brancos, o que causará a imposição de uma sanção, designada por “fale pui pui”, ou seja, a prisão. Na sociedade do Papalagui quem tem mais dinheiro é quem tem mais poder e uma maior qualidade de vida; apesar de, aos olhos do chefe da tribo, o dinheiro ser o maior inimigo do Branco. Tuavii realçou também a dependência que o homem branco possui pelo dinheiro e o facto de não ser possível sobreviver na sua terra sem ele, pois é o dinheiro a razão da subsistência. Aos olhos do chefe da tribo, a única coisa que o Papalagui não precisa de pagar para ter é o ar que respira (“Descobri uma única coisa pela qual não se pede ainda dinheiro na Europa, coisa que cada um pode fazer as vezes que quiser: respirar o ar.”.) Tuiavii reparou, também, numa grande injustiça na sociedade do Papalagui: quem mais dinheiro tem é quem menos trabalha, enquanto quem trabalha mais é quem menos dinheiro tem. Estas desigualdades fazem com que a visão do índio em relação ao dinheiro seja tão negativa e, para ele, uma coisa desnecessária.
  • 4. Escola Superior de Saúde Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 Outro dos factos que Papalagui dá, também, uma grande importância é tudo o que possui, todas as coisas que tem. Tuiavii critica o facto do homem branco querer construir mais coisas para além do que o “Grande Espírito” criou, pois, para ele é dispensável e, por isso, refere, metaforicamente, que o Papalagui é pobre por precisar de tantas coisas, coisas estas que ele próprio constrói (“O Papalagui é pobre porque está obcecado pelas coisas.”.). O chefe da tribo critica, também, as “gretas de pedra” do Papalagui por estarem cheias de objetos criadas por ele, ao contrário das cabanas dos índios e, por isso mesmo, é praticamente impossível o homem branco pensar viver sem elas. (“Crêde que há na Europa homens que encostam a arma de fogo à sua própria fronte, pois preferem deixar de viver do que viver sem coisas”.). Para o Papalagui, as coisas do “Grande Espírito” não servem para nada, só a dos homens é que têm utilidade. Por outro lado, para Tuiavii, as coisas do homem branco não servem para nada e, quando este tenta impor algo ao chefe da tribo e aos seus companheiros, vem do seu “espírito mau”. Outro dos temas falados por Tuiavii foi o tempo e a falta deste. O chefe da tribo censura o facto de o Papalagui nunca estar satisfeito com o tempo que tem, culpando o “Grande Espírito” por isso. Tuiavii não entende a razão do homem branco separar o tempo em horas, minutos e segundos e de desde que nasce até ao envelhecimento, andar sempre com “uma pequena máquina achatada e redonda onde podem ler o tempo”, ou seja, o relógio. O Papalagui vive obcecado com o tempo e com a sua falta e, mesmo que tivesse mais tempo, este não conseguia ser feliz por estar sempre a pensar no que poderia estar a fazer naquele momento (“O Papalagui emprega todas as suas forças, bem como a sua capacidade de raciocínio, em tentar ganhar tempo.”). Na opinião de Tuiavii, o grande problema é o homem ir atrás do tempo e não deixar que este venha ao seu encontro e, o facto de este ainda não ter percebido o que é realmente o tempo. Já na tribo de Tiavéa o mesmo não acontece, Segundo, o chefe da tribo “Nós nunca nos queixámos do tempo, amámo-lo e acolhemo-lo tal como ele era, nunca corremos atrás dele, nunca tentamos amalgamá-lo ou cortá-lo em pedaços. Nunca ele nos deixou desesperados ou
  • 5. Escola Superior de Saúde Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 acabrunhados.”. Tuiavii diz também aos seus companheiros: “Devemos curar o Papalagui da sua loucura e desvario, para que ele volte a ter noção do verdadeiro tempo que tem perdido.”. Para o Tuiavii, Papalagui tem uma maneira confusa de pensar, está sempre a pensar o que lhe pode ter utilidade ou não, preocupando-se mais consigo próprio do que com o resto dos homens brancos. A sociedade europeia faz a grande distinção entre a palavra “meu”, que se refere àquilo que só lhe pertence, e a palavra “teu”, que se refere àquilo que pertence aos outros. O poder do “meus” faz com que Papalagui não pense nos outros, que não ajude os que nada têm, que não partilha os seus “meus” com eles, ignorando Deus e desrespeitando-o também e àquilo que ele nos deu. O chefe da tribo não consegue mostrar conformidade com este tema pois na sua tribo não há a distinção do “meu” e do “teu”. Para os indígenas “Tudo pertence a todos. Tudo pertence a Deus.”. Num dos capítulos, Tuiavii confronta-se com o facto de o Papalagui fazer muitas coisas que ele e os companheiros não eram capazes de fazer, nem de compreender, apesar, de não o invejarem. O chefe da tribo teme que os companheiros admirem o poder do homem branco. Segundo Tuiavii, o Papalagui “domina céu e terra a seu bel-prazer” e assim, torna-se semelhante ao “Grande Espírito”, assumindo todos os seus poderes. Contudo, apesar de toda a modernização com a invenção das máquinas e todas as tentativas de se fazer passar por Deus, o “Grande Espírito” é maior e mais poderoso que o Papalagui (“Nada do que o Branco faz pode igualar, de longe que seja, as maravilhas do Grande Espírito.”). É o “Grande Espírito” que controla a morte e as forças da natureza, algo que o Papalagui não consegue fazer, nem com todas as suas máquinas. “Todos os Papalaguis têm uma profissão. (…) É qualquer coisa que uma pessoa devia ter vontade de fazer, mas que raramente tem.”. No mundo do Papalagui existem profissões para os homens e profissões para as mulheres. Na sociedade do homem branco é impensável alguém
  • 6. Escola Superior de Saúde Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 dizer “Não posso fazer esse trabalho, pois não sinto qualquer satisfação com isso!”, pois com isso perderia a sua honra. A maior parte dos homens brancos assume o seu papel social, ou seja, cada um tem a sua profissão e só pode exercer essa mesma profissão. O Papalagui faz de cada ação um trabalho e vive exaltado por causa da profissão que tem, apesar de não o querer reconhecer. A grande diferença entre os homens da tribo e os homens brancos é que os indígenas sentem satisfação com o seu trabalho, enquanto para os homens brancos é quase como um fardo. Uma das críticas feitas por Tuiavii foi direcionada para os jornais, ou como ele chama, “esteira de fina tapa branca”. Aos olhos do chefe da tribo, o jornal serve para descrever o que os membros da classe alta disseram ou fizeram, todas as coisas positivas e negativas que aconteceram e tudo o resto que se passa na Europa. Na opinião de Tuiavii, “Os jornais são maus para o nosso espírito, não só porque relatam o que se passa, mas também porque nos dizem o que devemos pensar disto ou daquilo (…)”. Os jornais gostavam que todos pensassem o mesmo, que todos tivessem os mesmos pensamentos. É quase como se o jornal fosse uma máquina que produz novos pensamentos todos os dias. O Papalagui, segundo Tuiavii, é um ser fraco que estima o que não é real, perdendo a noção do que é ou não verdadeiro. Papalagui possui uma grave doença: estar sempre a pensar. Para ele, o ato de pensar já se tornou uma necessidade, um hábito e até uma coerção. Estando sempre a pensar continuadamente, o Branco nem consegue aproveitar as coisas boas da vida. Devido a esta “doença”, o Papalagui não sorri ou chora quando o deve fazer, ele vive em conflito com os seus sentidos e o seu espírito (pensamento), sentindo-se dividido. Ele sente que tem a obrigação de saber e pensar. Para Tuiavvi pensar é mau, pois faz os homens brancos perderem a alegria de viver. Esta atitude de estar sempre a pensar, aos olhos do chefe da tribo, rouba um grande valor ao ser humano.
  • 7. Escola Superior de Saúde Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 Por último, Tuiavii fala de quando o Papalagui lhes trouxe a luz, guiando-os até Deus e ensinando-lhes a amá-lo. Embora o Papalagui os tenha guiado e continue a proclamar o nome de Deus, o seu coração continua bem longe do “Grande Espírito”. Tuiavii diz aos seus companheiros que, apesar do homem branco lhes ter mostrado o caminho até Deus, este não entende os seus mandamentos e preceitos, ou seja, este não entende a sua própria religião. Tuiavii critica o facto de o Papalagui dizer que é cristão, pois, “Ser cristão quer dizer: amar, acima de tudo, Deus Todo-Poderoso, amar os nossos irmãos e só depois amarmo-nos a nós próprios.”, o que não acontece. Em suma, a sua simplicidade de ver as coisas concebeu críticas perspicazes do modo de viver do Papalagui, que fizeram com que este reflectisse sobre os seus costumes, o que antes não acontecia. Nesta obra, estão bem salientadas as diferenças entre os padrões culturais, tradições e valores do chefe da tribo e do homem branco. Ao longo do livro, também está salientado, dentro da sociedade europeia, a segregação do homem branco nas diferentes classes socias. Também foi possível ver os estereótipos incutidos na cultura do Papalagui, bem como as normas da sua sociedade. Apercebe-se, também, de um certo preconceito por parte do Tuiavii em relação ao Branco, apesar da sua inocência, devido às grandes diferenças entre as duas culturas. O chefe da tribo acaba por ter uma atitude etnocêntrica, pois, este critica a cultura do Branco como se os seus costumes tivessem errados, enquanto os da tribo é que são os corretos. Assim, o indígena não optou por uma visão de relativismo cultural que defende que o certo e o errado dependem da cultura em que a pessoa está inserida e que ninguém tem a autoridade de criticar os costumes de outra sociedade. Quando o autor se apresentou na tribo de Tuiavii, este mostrou alguma xenofobia para com ele no início, pois, o indígena já tinha estado na Europa e não conseguia esquecer o facto de o Erich ser europeu. Tuiavii, ao fazer estes discursos, não tinha o propósito que estes fossem publicados, estes estavam só destinados aos seus companheiros da tribo. No entanto, Erich achou que o devia fazer para mostrar aos europeus
  • 8. Escola Superior de Saúde Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 que se calhar damos demasiado importância a coisas relativamente insignificantes e pouco valor às coisas realmente importantes e, por isso, não aproveitamos suficientemente a vida. Concluindo, Erich, com este livro, tinha o objetivo de nos ajudar a entender “(…) como perdemos o sentido sagrado do homem criando ídolos sem vida.”.
  • 9. Escola Superior de Saúde Inês Baldaia Marques da Silva Carvalho- 10160278 Referências Scheurmann, E. (1982). O Papalagui. Antígona. Maia, R. L. (2002). Dicionário de Sociologia. Porto: Porto Editora