O documento descreve a evolução da industrialização no Brasil desde os estágios iniciais de artesanato e manufatura até a moderna indústria. A industrialização no Brasil foi tardia devido às restrições impostas pela metrópole portuguesa, mas ganhou força no século XIX com investimentos em infraestrutura e incentivos do governo. No século XX, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek impulsionaram o desenvolvimento industrial através de grandes projetos e a política de substituição de importações.
2. INDÚSTRIA
Indústria é a concentração das atividades produtivas destinadas
a transformar matéria-prima em mercadorias para os mais diferentes
consumos. Sua importância é tão grande nos dias atuais que quase tudo o
que consumimos e utilizamos é processado ou produzido pela indústria.
Evolução da Indústria
A evolução histórica da indústria pode ser reconhecida em três estágios: o
artesanato, a manufatura e a maquinofatura.
3. Artesanato – estágio em que o produtor (artesão) executa sozinho
todas as fases da produção e até mesmo a comercialização do produto.
O modo de produzir artesanal prevaleceu até por volta do século XVII,
mas ainda pode ser encontrado em vários países do mundo.
4. Manufatura – nessa fase, já ocorria divisão do trabalho, onde cada
operário realizava uma tarefa ou se responsabilizava por parte da
produção. Embora já houvesse o emprego de máquinas simples, a
produção dependia fundamentalmente do trabalho manual.
O estágio da manufatura corresponde, de modo geral, à transformação do
artesão em assalariado. A manufatura caracterizou a fase inicial do
capitalismo, nos séculos XVII e meados do século XVIII.
Apesar do termo manufatura, corresponder ao segundo estágio da
evolução da indústria, ele é empregado também para designar os
produtos industrializados (manufaturados).
5. Maquinofatura – é o processo iniciado no século XVIII com a Revolução
Industrial. Caracteriza-se pelo emprego maciço de máquinas e fontes de
energia como o carvão mineral e o petróleo, produção em larga escala,
grande divisão e especialização do trabalho.
Durante a Primeira Revolução Industrial, a mecanização se estendeu do
setor têxtil para a metalurgia e as fábricas empregavam grande número
de trabalhadores.
6. A partir do final do século XIX, período conhecido como Segunda
Revolução Industrial, com o uso de novas tecnologias, o mundo todo
passou a comprar e utilizar produtos industrializados e fabricados nos
grandes centros.
Nesse período as grandes indústrias tinham filiais em diversos países,
as multinacionais ou transnacionais.
Em meados do século XX, após as duas grandes guerras, o mundo
capitalista se reorganizou. A mobilidade das empresas, do capital e a
revolução tecnológica, acentuaram a internacionalização da economia.
As grandes indústrias passaram a incorporar tecnologias modernas,
dando início à fase da Terceira Revolução Industrial e também
da Globalização.
7. As indústrias de base, também chamadas de indústrias de bens de
produção, são aquelas que fazem a transformação da matéria-prima
bruta, encontrada diretamente no meio natural, em matéria-prima
processada, que será usada em outros ramos industriais. Dessa forma,
esse tipo de indústria produz equipamentos e matéria-prima que serão
usados por outras indústrias.
8. Já as indústrias de bens intermediários são aquelas que produzem
bens manufaturados ou matéria-prima processada para outros ramos
industriais, ou seja, para a produção de outros bens. São insumos que
serão usados para outras indústrias produzirem.
9. As indústrias de bens de consumo produzem e direcionam essa
produção diretamente ao mercado consumidor. Elas se dividem em
indústrias de bens duráveis e não duráveis.
Os bens duráveis são aquelas mercadorias que podem ser usadas
por bastante tempo, como eletrônicos, roupas e calçados etc.
Os não duráveis são os produtos perecíveis, ou seja, que seu prazo
de validade é curto, como alimentos, remédios etc.
10. Fatores locacionais
Os fatores locacionais são os elementos que atraem as
indústrias no que se refere à sua localização de produção.
Algumas áreas oferecem vantagens para que a indústria
se estabeleça nelas, como:
matéria-prima;
mão de obra qualificada;
fontes de energia;
infraestruturas de transportes;
mercado consumidor;
incentivos fiscais;
redes de comunicação.
11. A industrialização no Brasil foi historicamente tardia ou retardatária.
Enquanto na Europa se desenvolvia a Primeira Revolução Industrial, o
Brasil vivia sob o regime de economia colonial.
A metrópole portuguesa proibia o desenvolvimento da manufatura e da
indústria, especialmente por dois motivos:
os produtos iriam concorrer com o comércio do reino;
a colônia poderia se tornar independente, o que não interessava à
metrópole.
Em 1808, com a vinda da família real para o Brasil, o regente D. João
tomou algumas medidas que favoreceram o desenvolvimento industrial,
entre elas:
a extinção da lei que proibia a instalação de indústrias de tecidos na
colônia;
liberação da importação de matéria prima para abastecer as fábricas,
sem a cobrança da taxa de importação.
12. Fatores da Industrialização no Brasil
Vários fatores contribuíram para o processo de industrialização no Brasil:
•a exportação de café gerou lucros que permitiram o investimento na
indústria;
•os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de fabricação de
diversos produtos;
•a formação de uma classe média urbana consumidora, estimulou a
criação de indústrias;
•a dificuldade de importação de produtos industrializados durante
a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) estimulou a indústria.
A passagem de uma sociedade operária para uma urbano industrial,
mudou a paisagem de algumas cidades brasileiras, principalmente de São
Paulo e Rio de Janeiro.
13. As primeiras indústrias tinham caráter de pequeno e médio portes,
voltadas ao processamento alimentício e produção de tecidos. São
Paulo era o grande polo industrial do país, que havia se espalhado,
principalmente pela Região Sudeste, para aproveitar a infraestrutura
local (estradas, ferrovias, portos, cidades).
A proximidade do mercado consumidor e concentração de mão de obra
imigrante que dominava o processo industrial europeu, todos esses
fatores disponibilizados pela economia cafeeira.
14. Vale ressaltar que, mundialmente, nesse período, acontecia a Primeira
Guerra Mundial. Com a guerra, dificultam-se as importações de
produtos, incentivando-se o surgimento de novos ramos industriais. Mais
tarde, após a Segunda Guerra Mundial, a Europa não tinha condições de
exportar produtos industrializados, pois todo o continente se encontrava
totalmente devastado pelo confronto armado.
Então, o Brasil teve que incrementar o seu parque industrial e realizar a
conhecida industrialização por substituição de importação.
Outro fator importantíssimo que estimulou a industrialização no Brasil foi
o incentivo nacional. A segunda etapa do desenvolvimento industrial
brasileiro teve participação definitiva de dois governantes.
15. Getúlio Vargas (1930-1945)
Foi responsável pela infraestrutura necessária para a instalação de
indústrias no país no período de seu primeiro governo. Entre as suas
realizações, estão a Companhia Siderúrgica Nacional, organizada em
1941, posta em funcionamento em 1946, em Volta Redonda, Rio de
Janeiro, e a mineradora Companhia Vale do Rio Doce, instalada em
1942, em Minas Gerais. Também fundou, em 1945, a Fábrica Nacional
de Motores (FNM) e a Companhia Hidrelétrica de São Francisco.
16. Juscelino Kubitschek (1956-1960)
Através do seu Plano de Metas, privilegiou as obras para geração de
energia, os transportes e, principalmente, a construção de rodovias, que
facilitaram a instalação de montadoras e veículos estrangeiras em nosso
país. Seu governo se preocupou em proteger a produção nacional,
marcou o início da internacionalização do parque industrial brasileiro.
Nessa época, além das montadoras, vieram indústrias de aparelhos
eletrônicos e alimentos, que mais tarde passaram a controlar o mercado
interno, após a compra de empresas nacionais incapazes de competir
com a tecnologia empregada por essas transnacionais.