O documento descreve a história da cultura e da indústria cultural no Brasil, desde os períodos colonial e imperial até os dias atuais. Apresenta como as culturas indígena, africana e europeia influenciaram a cultura brasileira e como rádio, televisão e internet moldaram a indústria cultural ao longo do tempo, sempre sob forte influência do Estado. Também discute os desafios de democratizar os meios de comunicação e incluir digitalmente toda a população.
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Sociologia Capítulo 20 - Cultura e Indústria Cultural no Brasil
1. Unidade
6
Cultura e ideologia
Escrever sobre cultura no Brasil significa
trabalhar com muitas expressões – como
festas, danças, canções, esculturas, pinturas,
gravuras, literatura, mitos, superstições e
alimentação – presentes no cotidiano das
pessoas e incorporadas ou não pela
indústria cultural.
2. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
O que caracteriza nossa cultura?
Na América portuguesa, no século XVI, as culturas
indígenas e africanas não eram reconhecidas pelos
colonizadores e expressavam-se à margem da
sociedade que se constituía sob o domínio lusitano.
Tal sociedade tinha como principal referência a
cultura europeia.
3. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
No entanto, as raízes indígenas e africanas impregnaram
nosso cotidiano.
ages
/Getty Im
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A música brasileira apresenta uma variedade imensa
de ritmos, que são puros ou misturados, cópias ou
(re)elaborações constantes, invenções e inovações,
com os mais diversos instrumentos.
A produção musical brasileira tem
traços de origem marcadamente
africana, indígena, sertaneja e europeia.
4. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
Talvez essa seja a
característica que
podemos chamar
de “brasileira”.
Dança do lundu em representação de Johann
Moritz Rugendas, século XIX. O lundu é um tipo de
música e de dança que mistura ritmos portugueses
com os batuques dos africanos escravizados.
Coleção particular
Genuínas são as músicas, as danças e a arte plumária
ou a cerâmica dos povos indígenas. As demais
manifestações culturais são fusões, criações de
uma vasta e longa herança de muitas culturas.
5. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
Outros campos da indústria cultural,
como cinema, jornais e livros, não são tão
expressivos quanto a televisão e o rádio.
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O desenvolvimento da indústria cultural
no Brasil ocorreu paralelamente ao
desenvolvimento econômico e teve como
marco a introdução do rádio, na década
de 1920, da televisão, na década de 1950,
e da internet, nos anos 1990.
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Indústria cultural no Brasil
6. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
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1922 primeira transmissão de
rádio no Brasil, inaugurando uma
fase de experimentação, voltada
principalmente para atividades não
comerciais.
Década de 1930 autorização da
publicidade no rádio. Isso permitiu a
ampliação da difusão. O dinheiro
arrecadado com a publicidade permitiu
manter a programação no ar.
7. Capítulo
20
Décadas de 1930 e 1950 apogeu da audiência
do rádio. Foi nesse período que o Estado passou
a controlar as atividades do rádio.
Durante a ditadura de
Vargas (1937-1945), o
governo fazia sua
propaganda e tentava
desenvolver uma
cultura nacionalista
por meio do rádio.
Rio de Janeiro, 1950: programa de auditório da Rádio Nacional
comandado por Emilinha Borba. Os cantores e cantoras mais
conhecidos eram contratados como grandes estrelas das
emissoras de rádio, pois proporcionavam mais audiência
e, consequentemente, mais anunciantes.
Arquivo/AE
Cultura e indústria cultural no Brasil
8. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
Décadas de 1960 e 1970 início da decadência
do rádio. A chegada da televisão, que iniciava
sua programação de modo mais intensivo,
retirava do rádio não só a audiência, mas
também os profissionais e os anunciantes.
A partir de 1985 novo impulso para a
transmissão do rádio, com a introdução das
emissoras FM (que permitiam melhor recepção),
o fim da censura e a disponibilidade de mais
investimentos oriundos da publicidade.
9. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
Hoje, muitas rádios são acessadas pela internet,
o que significa uma inovação na recepção
dos programas. Essa união do rádio com a
internet propiciou às emissoras uma nova forma
de chegar a públicos variados, com notícia ou
música.
10. Capítulo
20
No Brasil, cerca de 85% das emissoras comerciais em
operação estão em mãos de políticos, que usam as
transmissões de acordo com seus interesses ou os de
patrocinadores.
As rádios comunitárias,
as públicas e mesmo
as piratas podem
desenvolver
uma programação sem as
limitações mencionadas.
Rádio comunitária da favela Heliópolis, em São Paulo, fundada
e dirigida por moradores do bairro. Fotografia de 2007.
Juca Martins/Olhar Imagem
Cultura e indústria cultural no Brasil
11. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
A televisão brasileira
A televisão chegou ao Brasil no início da década de
1950, quando o jornalista Assis Chateaubriand
inaugurou a primeira emissora brasileira, a TV Tupi,
de São Paulo.
Nos primeiros 20 anos de história, a TV Tupi liderou o
mercado de televisão, enfrentando praticamente desde
o início a concorrência de outras emissoras.
Em 1960, em apenas 4,6% dos domicílios do Brasil havia
um aparelho de televisão. Em 2008, a televisão já estava
em 95,1% dos lares.
12. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
Ao longo dos mais de cinquenta anos de história
da televisão no Brasil, o Estado, por intermédio
dos sucessivos governos, influiu diretamente
nessa indústria. Sempre deteve o poder de
conceder e cancelar concessões.
A partir de 1964, com o início do regime militar,
a interferência aumentou de forma quantitativa
e qualitativa. Os militares fizeram
investimentos
em infraestrutura para
ampliar a abrangência da televisão e aumentar seu
poder na programação.
13. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
1968 inauguração do sistema de transmissão de
micro-ondas.
1974 criação de novas estações via satélite.
1981 acordo da Embratel com as redes Bandeirantes
e Globo para permitir a transmissão da programação
dessas emissoras a todo o Brasil. Os sinais podiam ser
captados por antenas parabólicas.
1985/86 lançamento dos dois primeiros satélites
brasileiros.
14. Capítulo
20
O projeto de integração
nacional pretendido pelo
regime militar, alicerçado
numa política cultural
específica, alcançou êxito
graças à televisão.
Renata Mello/Olhar Imagem
Cultura e indústria cultural no Brasil
Durante o regime militar,
as redes de televisão – que eram privadas – obedeciam
fielmente às determinações do Estado. Os programas
passavam a impressão de que o governo militar era
legítimo e vivíamos em uma democracia.
Parabólicas em palafita no rio Negro, Amazônia, em 2006.
15. Capítulo
20
A maior beneficiária desse modelo foi a Rede Globo.
Fundada em 1965, cresceu apoiada nas relações
amistosas com o regime militar. O programa de maior
audiência foi a telenovela, que se tornou um “produto
cultural brasileiro”.
O modelo de televisão
estabelecido pela ditadura
sobreviveu ao regime
militar e ganhou ainda
mais poder. A televisão
converteu-se, enfim, em
fonte de poder político.
Regina Duarte em cena da novela Selva de Pedra, da Rede
Globo, levada ao ar entre 1972 e 1973.
Agência O Globo
Cultura e indústria cultural no Brasil
16. Capítulo
20
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Cultura e indústria cultural no Brasil
As relações entre o Estado e
as emissoras modificaramse apenas na década de 1990,
quando os investimentos
públicos diminuíram, a censura
foi abolida e o mercado se
alterou com a introdução da
transmissão a cabo.
Como o rádio, a televisão é controlada pelo poder
público por meio das regulamentações e também
da propaganda oficial.
17. Capítulo
20
A programação da televisão
A televisão é, no Brasil, o principal
veículo de difusão cultural e de
informação.
A influência da televisão no dia a
dia dos brasileiros é preocupante,
pois existem graves problemas
relacionados à informação e à
formação de opinião.
Juliana Paes, atriz, em Caminho das Índias, exibida pela
Rede Globo em 2009. No período em que a telenovela
esteve no ar, vestimentas indianas ganharam as ruas.
Marcelo Franco/EXTRA/Agência O Globo
Cultura e indústria cultural no Brasil
18. Capítulo
20
É possível uma televisão diferente?
De acordo com o filósofo brasileiro Renato Janine
Ribeiro, deve-se levar em conta a importância que
a televisão tem no Brasil, pois ela
dá para a sociedade uma pauta de
conversa.
A TV também desempenha um
papel na reflexão do Brasil atual,
principalmente por meio das novelas,
que levam aos telespectadores
algumas questões pouco discutidas
ou até silenciadas.
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Cultura e indústria cultural no Brasil
19. Capítulo
20
Janine Ribeiro deixa claro que alguns
assuntos não são discutidos nas novelas,
como as questões sociais, a
desigualdade de classes e o
autoritarismo do patrão sobre
o empregado, por exemplo.
Uma alternativa para melhorar a programação da TV
estaria na criação de mecanismos de democratização
dos meios de comunicação, como a concessão de canais
para instituições de caráter público que pudessem
transmitir informação e cultura.
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Cultura e indústria cultural no Brasil
20. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
A inclusão digital
O acesso à internet no Brasil ainda é bastante restrito,
o que constitui mais um aspecto das desigualdades no
país.
Entre os mais ricos,
95% já acessaram a
rede; entre os mais
pobres, apenas 12,2%.
Laerte, 2004.
Dados de pesquisa realizada em 2006 pelo Comitê Gestor
da Internet no Brasil (CGIBr) mostram que somente 33,3%
dos brasileiros já tiveram contato com a internet.
21. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
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A indústria cultural no Brasil desenvolveu boa parte de
sua trajetória à sombra de governos autoritários ou sob
regras rígidas, mas sempre houve brechas nas quais se
pôde veicular conteúdos críticos e de boa qualidade.
Pode-se dizer, assim, que
existe um potencial de
liberdade em cada meio de
comunicação. Nesse processo,
a internet caracteriza-se como
um meio que proporciona uma
liberdade sem igual.
22. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
Exercícios
Qual é a crítica expressa no grafite?
Você acha que ela se aplica ao
Brasil? Justifique.
Street Art Workers
1. O grafite reproduzido abaixo foi produzido nos Estados
Unidos pelo grupo Street Art Workers, integrante do
projeto Mídia de quem?, que critica o conteúdo dos
programas televisivos.
23. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
2. Junte-se aos colegas da classe e dividam-se em cinco
grupos. Cada um deverá pesquisar um destes ritmos da
música brasileira:
chorinho
maxixe
frevo
samba
um ritmo indígena
Procurem registrar:
a) as origens do ritmo;
24. Capítulo
20
Cultura e indústria cultural no Brasil
b) os instrumentos utilizados;
c) os principais músicos, compositores
e intérpretes desse ritmo;
d) eventos – como festas regionais, religiosas, etc. – aos
quais esse ritmo possa estar relacionado.
Apresentem o trabalho para a classe, acrescentando
informações que considerarem importantes.
Se possível, gravem músicas do ritmo pesquisado
para
que os colegas as ouçam ou indiquem um
site onde as gravações podem ser escutadas.