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O Governo Joanino (século XVIII) correspondeu a um período de paz e de abundância
para os cofres do Estado, uma vez que coincidiu com a exploração das recém-
descobertas minas de Ouro e Diamantes do Brasil. Foi graças a este Ouro que o
esplendor real se alimentou.
Naquela época, século XVIII, a imagem de Luís XIV impunha-se na Europa como
modelo.
Assim, D. João V, o Magnânimo, procurou imitá-lo, realçando a figura régia através do
luxo e da etiqueta. O Rei é então o centro das atenções e o centro do poder.
Manuel da Maia, João Pedro Ludovice, e todo um conjunto de artistas
(pintores, escultores, entalhadores...), boa parte dos quais italianos (o escultor
Vicenzo Foggini, ou os pintores Agostino Masucci e Corrado Giaquinto), e o
francês Claude Laprade, que imprimiram uma magnificência extraordinária aos
interiores do palácio, de que se destacam a Basílica e a Biblioteca, esta última
numa fase mais tardia.
O mármore, para a sua construção, foi fornecido pelas pedreiras de Pêro
Pinheiro e Sintra, e as madeiras do Brasil, e a sua construção empregava, em
1729, 47.830 mil trabalhadores guardados por 7 mil soldados, para não
fugirem. O resultado foi enorme edifício com oitocentas e oitenta salas,
trezentas celas, quatro mil e quinhentas portas e janelas, cento e cinquenta e
quatro escadarias e vinte e nove pátios. O edifício ocupa no total uma área de
cerca de quarenta mil metros quadrados. E o projeto final acabou por abrigar
330 frades, um palácio real, e uma das mais belas bibliotecas da Europa,
decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de
arte.
A madeira de pinho para os andaimes
e barracas dos trabalhadores veio do
norte da europa. A maior parte das
estátuas e a pintura foram obra de
artistas italianos; paramentos, alfaias
de culto, tocheiros foram
encomendados em Roma, Veneza,
Milão, Génova e, também, em França
e Holanda. Só mesmo o mármore é
genuinamente português.
Em 1730 são fabricados, em
Antuérpia, os relógios, os sinos e o
carrilhão da basílica (57 sinos para
cada uma das torres),por Nicolau
Lepache e Guilherme Withlockx,
pesando cerca de duzentas e dezassete
toneladas.
Os carrilhões,encomendados por D.
João V, são considerados dos melhores
do mundo, tocando valsas e
contravalsas.
Intervieram na construção deste monumento:
Arquitectos: Custódio Vieira (séc. XVIII); João Frederico Ludovice (c. 1670 - 1752), Carlo Gimac, António Canevari,
Manuel Caetano de Sousa (1742 - 1802) (biblioteca); Carrilhão: Nicolau Lepache, Guilherme Withlockx.
Engenheiro Militar: Manuel da Maia (séc. XVIII).
Escultores: João de Almeida (presépio, atri.), José de Almeida (1728-1729); Alessandro Giusti (1715 - 1799), Joaquim
Machado de Castro, Francesco Maria Schiafino, Carlo Monaldi (1683 - 1760), Agostino Cornnacchini (1685 - c.1754),
Giovanni Battista Maini (1690 - 1752), Filippo della Valle (1698 - 1768), Pietro Bracci (1690 - 1773).
Organeiros: Eugene Nicholas Egan, António Xavier Machado e Cerveira, Joaquim António Peres Fontanes.
Pedreiros: António Martins (séc. XVIII); Bernardo Pereira, José Rodrigues Corista e Manuel Rodrigues Corista (1736).
Pintores: Agostino Masucci (1692 - 1758), Corrado Gianquinto (1703 - 1756), Emanuel Alfani (act. 1730 - 1746), Etiénne
Stephanus Parrocel (1695 - 1776), Francesco Trevisani (tela do altar-mor), Giovanni Odazzi (1663 - 1731), Pierre-Antoine
Quillard (1704 - 1733), Pietro Bianchi (1694 - 1740), Sebastiano Conca (1680 - 1764), André Gonçalves (1685 - 1762),
Cirilo VolKmar Machado (pinturas da sala do Trono), Inácio de Oliveira Bernardes
(1697 - 1781), Francisco Vieira de Matos- o Lusitano (1699 - 1783).
Planta do piso térreo Planta do 1º piso
No ano de 1744 são considerados concluídos os trabalhos do complexo arquitetónico
de Mafra, ainda que muitos pormenores se encontrem por realizar, o convento é então
habitado por 342 religiosos, 203 sacerdotes, 45 coristas, 10noviços, 60 leigos e 24
donatos. Contudo, a cerimónia da sagração da Basílica, que durou oito dias, aconteceu
vinte anos antes, a 22 de Outubro de 1730, dia de anos do rei D. João V, e que, segundo
consta, por exigência do próprio. Em 1750 teria lugar a celebração das exéquias
fúnebres de D. João V nesta Basílica.
Há quem defenda que a obra se construiu por vias de uma promessa feita relativa a
uma doença de que o rei padecia. O nascimento da princesa Maria
Bárbara determinou o cumprimento da promessa. Este palácio e convento barroco
domina a vila de Mafra.
O trabalho começou a 17 de novembro de 1717 com um modesto projeto para
abrigar 13 frades franciscanos, mas o ouro do Brasil começou a entrar nos cofres
portugueses; D. João V e o seu arquiteto, Johann Friedrich Ludwig (Ludovice) (que
estudara na Itália), iniciaram planos mais ambiciosos. Não se pouparam a despesas.
A construção empregou 52 mil trabalhadores e o projeto final acabou por abrigar
300 frades, num espaço de 40 000 m² com um palácio real e uma das mais belas
bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e
incontáveis obras de arte. A basílica foi consagrada no 41º aniversário do rei, em 22
de outubro de 1730, calhado a um domingo, com festividades de oito dias. Em
1730 João Frederico Ludovice, após a sagração da Basílica, retira-se da obra
deixando na direção das obras, o seu filho Dr. João Pedro Ludovice, formado em
cânones em Coimbra e também arquitecto formado na escola do Risco das Obras de
Mafra, que as acompanha até ao ano de 1744. No convento consumiam-se por ano
120 pipas de vinho, 70 pipas de azeite, quase 10 toneladas de arroz e 600 vacas.
Junto ao Convento ficava o Jardim da Cerca, com horta e pomar, tanques de água e
vários campos de jogo para lazer.
Para a sua construção vieram técnicos de toda a Europa. Esta mão de obra
especializada teve uma importante missão na realização do projeto
de Ludovice. Assim vai receber vários tipos de contribuições, podendo ser uns
mais ativos e outros mais ilusórios. As ideias patentes neste Convento foram
inspirado nos grandes palacetes urbanos do Barroco internacional, tendo como
referência São Pedro de Roma, muito devido a Carlos Fontana e a passagem
do arquiteto por Roma. Em suma, Mafra é um bom exemplo de erudição, de
boa arquitetura, de boa construção em termos de pura engenharia, conjugando
a citação clássica com a necessidade de a apresentar enquanto espetáculo.
O palácio era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar
na tapada. Hoje em dia decorre aqui um projeto para a preservação
dos lobos ibéricos. O mosteiro passou a ser usado por forças militares desde
1834, após a dissolução das ordens religiosas. Durante os últimos reinados
da Dinastia de Bragança, o palácio foi utilizado como residência de caça e dele
saiu também em 5 de outubro de 1910 o último rei, D. Manuel II, para a praia
da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio.
No palácio, pode-se visitar a farmácia, com belos potes para medicamentos e
alguns instrumentos cirúrgicos, o hospital, com dezasseis cubículos privados
de onde os pacientes podiam ver e ouvir missa na capela adjacente, sem saírem
das suas camas. No andar de cima, as sumptuosas salas do palácio estendem-se
a todo o comprimento da fachada ocidental, com os aposentos do rei numa
extremidade e os da rainha na outra, a 232 m de distância.
• O Palácio Nacional de Mafra localiza-se no conselho de Mafra no distrito de Lisboa.
• O Palácio de Mafra é um palácio com estilo barroco numa vertente alemã.
• A construção deste belíssimo palácio foi iniciado em 1717 por causa de uma promessa
que D.João V fez a D. Maria Ana de Áustria.
• Foi classificado como Monumento Nacional em 1910
Mandado construir, para 13 frades, por D. João V, em consequência de uma promessa
que o jovem rei fizera caso a rainha D. Maria Ana de Áustria lhe desse descendência.
A graça foi concedida e o rei cumpriu a promessa. Mas o gosto do monarca pela
magnificência rapidamente transformou a obra.
Contruiu-se um convento para 300 frades, um palácio real e uma enorme basílica que
servia simultaneamente de igreja do convento e de capela real. No local, ergueu-se
um enorme estaleiro de obras com mais de 50000 trabalhadores e soldados para
assegurar a ordem. Quando foi preciso acelerar a obra, fizeram-se recrutamentos
forçados por todo o país e grandes colunas de homens amarrados percorreram os
caminhos em direção a Mafra.
Em plena época barroca, o brilho e a ostentação significavam autoridade e poder.
Então, D. João V demonstra a “vocação de grandeza” com uma política de mecenato
das artes e das letras.
Além de chamar para a corte os melhores artistas plásticos estrangeiros e pagar a
aprendizagem, em Itália, aos pintores portugueses mais dotados, também realiza uma
política de grandes construções, sendo a mais importante a construção do Palácio
Convento de Mafra, “obra imensa, símbolo de um tempo e de um reinado.”
 Listar ideias aqui
 Listar os recursos aqui
A grande pia, feita num só bloco de pedra, bem
como todos os lavatórios para a lavagem da
loiça e dos alimentos, recebiam a água vinda da
Tapada. Junto à cozinha existia outra mais
pequena e várias dependências para os frescos,
a casa de lavar hortaliças e peixe, a casa do
azeite, a casa da pastelaria, a dispensa e os
despejos.
 A cozinha apresentava uma divisória de madeira com
janela, isolando a área de confeção dos alimentos da zona
de passagem e levantamento dos pratos e uma sala interior
“cercada de ganchos para neles se pendurar a carne, e as
galinhas mortas […] Tem mais a cozinha uma mesa de
pedra, e nestas encaixados dois grandes alguidares de pedra,
e além disto várias prateleiras”
 Através dos Livros de Contas do Real Armazém de Mafra
podemos perceber a alimentação dos enfermos, que era
fornecida diariamente, identificando também número de
doentes e as suas dietas. Esse número é bastante variável,
com poucos doentes (dois ou três) nos meses de Verão e um
aumento significativo (por vezes mais de 35 ou 40) nos
meses de Inverno, para uma população média de 180/200
frades. Lembremos que, embora o convento tivesse sido
previsto para 300 frades, rapidamente esse número diminuiu,
pois o edifício era demasiado grande e majestoso para os
hábitos modestos dos franciscanos A alimentação dos
doentes constava de caldos e/ou as sopas, o que não era a
mesma coisa, uma vez que os caldos eram “medicinais” e
preparados cozendo carne (ou apenas ossos), peixe (ou
apenas as cabeças e espinhas), ou vegetais, enquanto a sopa
era mais substancial podendo apresentar, para além dos
vegetais, pequenos pedaços de carne ou peixe e normalmente
engrossada com pão.
 Comiam também carne – vaca, carneiro, porco, peru, frango e galinha. Há uma nítida
distinção entre frangos, frangas e galinhas, perú e perua e também entre leitão e
leitoa, ao contrário de hoje em que falamos em galinha e porco em geral. Galinhas,
frangos e frangas eram criados aqui no Convento pois, nas saídas do armazém
aparece muitas vezes “milho para a criação”. Consome-se muito bacalhau, que não
entra na categoria dos peixes, e também peixe fresco, provavelmente vindo da
Ericeira, uma pequena aldeia de pescadores perto de Mafra. O peixe era comido
cozido ou em caldos, como se disse, ficando o peixe assado ou frito para o consumo
dos frades bem de saúde. Através dos livros de saída do armazém, sabemos que uma
dieta de peixe era dada aos irmãos que iam em tratamento aos banhos de mar na
Ericeira. Relembremos, no entanto, que os doentes estavam autorizados, por
prescrição médica, a não cumprir o jejum e a comer carne nos dias de abstinência,
quando a Igreja o proibia. O acompanhamento mais frequente das dietas é o arroz, a
aletria e o macarrão e legumes (couves, cenouras, favas, feijão, alface e outras
“ervas”). Curiosamente a batata, ao tempo já corrente em Portugal, não aparece na
alimentação quer dos enfermos, quer dos outros frades do convento, o mesmo
acontecendo com o tomate. Era dado cerca de 1,5 litro de leite a cada doente, quer de
cabra – o mais consumido provavelmente devido à sua mais rápida absorção e fácil
digestão – quer de vaca ou de burra, para além de chás e infusões, uma forma
corrente de administrar os medicamentos. Bebiam também chocolate, como atestam
não só os livros de gastos da enfermaria, como também as grandes chocolateiras em
cobre ainda hoje aqui existentes.
Nas Casas da Enfermaria há também um
grande consumo de vinagre, que não era
exclusivamente utilizado no âmbito alimentar
– como para temperos ou conservas – mas
também para a desinfeção e higienização dos
materiais e espaços, tal como a aguardente era
suada para desinfetar os instrumentos
médicos. A loiça utilizada no convento e na
enfermaria era de barro e tinha a inscrição
Mafra. Seria provavelmente de fabrico local,
uma vez que ainda hoje Mafra é uma terra de
olaria.
 A coleção de cerâmica divide-se no núcleo conventual, com peças em faiança branca para uso quotidiano
(pratos, taças, galheteiros, púcaros, etc.), fabricadas em olarias locais, com a inscrição MAFRA. Foram
encomendadas e pagas por D. João V para os 300 frades que habitaram o Real Convento de Mafra. Da
antiga botica conventual, existem alguns canudos e mangas para as preparações medicinais. O outro
núcleo, relativo ao palácio, compreende cerâmica utilitária e decorativa proveniente da Casa Real,
destacando-se a porcelana decorativa de origem francesa e oriental dos séculos XVIII e XIX.
 A coleção de escultura compreende toda a estatuária da basílica, encomenda
joanina a grandes mestres italianos, entre os quais se contam Lironi,
Monaldi, Bracci, Maini, Corsini, Rusconi e Ludovisi, constituindo a mais
significativa coleção de escultura barroca italiana fora de Itália, constituída
por 58 estátuas de mármore de Carrara, a qual inclui ainda os seus estudos
em terracota, bem como a produção da Escola de Escultura de Mafra, aqui
criada no reinado de D. José sob a direção do mestre italiano Alessandro
Giusti, e por onde passaram importantes escultores como Machado de Castro
Ourivesaria
A coleção inclui ourivesaria civil e religiosa muito diversificada, de origem
portuguesa, italiana e também britânica, datada dos séculos XVIII e XIX.
Cálices e relicários do século XVIII de mestres italianos constituem parte da
coleção. No âmbito do palácio, o espólio compreende bacias, castiçais,
leiteiras, escrivaninhas
 A coleção de metais inclui os utensílios religiosos de uso na basílica como
relicários, castiçais, cruzes, turíbulos e navetas, caixas para hóstias,
lampadários executados em Itália, tocheiros e gradeamento em ferro e bronze
da capela do Santíssimo Sacramento da autoria de René Michel Slodtz
(escultor) ou das banquetas de altar encomendadas por D. João VI e
executadas sob a direção do escultor João José de Aguiar no Arsenal de
Lisboa. Existem também objetos de uso quotidiano do convento, como
castiçais e palmatórias, bacias, jarros e bilhas, braseiras, entre outros. A
coleção é completa com os objetos de uso palaciano, como candeeiros,
castiçais, travessas, pratos e utensílios de cozinha.
 Do mobiliário da época Joanina pouco resta pois a maior parte do
mobiliário, tapeçarias e obras de arte foram transportadas aquando
da ida da Corte para o Brasil na época das invasões francesas, nunca
tendo regressado da colónia, tendo sido leiloado em 1890 e com destino
incerto, após a instauração da república no Brasil em 1889.[12] Assim, os
ambientes atuais do palácio são fundamentalmente do século XIX,
bastante diversificados, predominando o estilo Império e o mobiliário
romântico. No palácio real, destacam-se uma cama de aparato Império,
em mogno e com bronzes, as respetivas mesas de cabeceira de meados
do séc. XIX, adquirida pela rainha D. Maria II, três cadeiras
profusamente entalhadas em pau-santo e ainda uma credência entalhada
e dourada assinada por José Aniceto Raposo (1756-1824), notável
entalhador e inventor. Quanto ao mobiliário conventual, consiste
essencialmente em camas, bancos, mesas e estantes pertencentes às
celas fradescas, e que foram posteriormente utilizados pela Corte após a
extinção das Ordens Religiosas. Destacam-se três estantes do mestre
entalhador da Casa das Obras e Paços Reais António Ângelo,
encomenda de D. João VI para o coro do convento da basílica e um
mostrador da antiga botica, um dos poucos exemplares do século
XVIII existentes em Portugal.
Para os altares da Real Basílica, para as diversas capelas e áreas conventuais,
como a portaria e o refeitório, dom D. João V encomendou uma coleção de
pintura religiosa que se conta entre as mais significativas do século XVIII.
Avultam, neste assinalável conjunto, obras dos pintores italianos Masucci, com
uma “Sagrada Família”, tela preferida do rei D. João
V, Giaquinto, Trevisani ou Battoni e de portugueses bolseiros em Roma
como Vieira Lusitano e Inácio de Oliveira Bernardes, bolseiros do rei D. João
V na Academia de Portugal em Roma. A coleção de pintura abrange Mestres
da Escola Italiana da 1ª metade do século XVIII, com telas que pertenciam aos
altares da basílica e às principais salas do Convento. Também Sebastiano
Conca (1680-1764) com a tela “Imaculada Conceição”, tema de particular
devoção da ordem fransciscana. Mafra tornou-se o maior centro difusor do
gosto romano da época, quer pela quantidade de obras, quer pela diversidade
de artistas que para aqui trabalharam. A coleção integra ainda pintores
portugueses do século XIX, como António Manuel da Fonseca (1796 –
1890), Silva Porto, Carlos Reis ou João Vaz, pertencentes à coleção pessoal
de D. Fernando II, D. Luís e D. Carlos. De destacar, também as marinhas
executadas pelo rei D. Carlos e um retrato de D. Manuel II, pintado por José
Malhoa em 1908 quando da sua subida ao trono.
 Para ornamentar a Real Basílica de Mafra, D. João V fez encomenda
de ornamentos e paramentos em França e em Itália . A coleção é
composta por paramentos nas cinco cores litúrgicas (carmesim,
branco, preto, roxo, verde). Segundo especificação do rei, os
paramentos deveriam ser de “...seda, não adamascada nem lavrada,
mas sim forte, e de muita dura [... ] bordados a seda cor de ouro a
mais parecida que puder ser com o mesmo ouro." A importância
desta coleção deve-se também ao grande número de peças que a
compõem. Como exemplo, o paramento usado na procissão do
Corpo de Deus, tem 25 casulas, 8 dalmáticas, 12 capas bordadas, 70
pluviais, para além de panos de estante, capas de missal, pano de
púlpito, umbelas, entre outros. Para a maior parte dos conjuntos
existiam ainda dosséis, estandartes, pavilhões de sacrário, etc. Foi
ainda encomendada toda a “roupa branca” de sacristia, como albas,
roquetes, cotas, toalhas, corporais, sanguíneos, etc.
 No inventário da Casa da Fazenda, onde se guardava “toda
a roupa q pertence ao comum deste Convento q há-de
sobresselente para com ela se ir torneando”, constam
diversas peças destinadas à Enfermaria, como
guardanapos, toalhas de mão, lençóis para enfermos,
quartas de cobre, bules do mesmo, pratos de estanho
pequenos, pratos grandes e bacias com jarros do mesmo
metal, bacias de pés grandes e pequenas, candeeiros de
latão, pratos, canecas, terrinas e alguidares de loiça
vidrada, cestas de verga, etc. Para além da camisa de pano
de linho, usada habitualmente para dormir e pelos doentes
acamados, no Inverno são fornecidas véstias (casacos) de
baetão (tecido de lã grosso) forradas a linho, calças do
mesmo e meias de lã para os doentes. Estas eram
substituídas por meias de linho no Verão.
 Estas “pijamas” podiam ser também em saragoça – um tecido grosseiro também de
lã, normalmente preto – e forradas de pano. Para cuidar dos doentes, assistiam na
enfermaria um enfermeiro-mor, que era um Religioso Leigo e mais dois leigos
enfermeiros “que ajudam ao Mor nestes ministérios.” Segundo os Estatutos da
Província de Santa Maria da Arrábida de 1689, “Nomeará o Irmão Ministro
Enfermeiros para a sobredita enfermaria, buscando sempre os religiosos de mais
conhecida religião, e caridade como para tal obra é necessário. Assistirão aos ditos
Enfermeiros e, & administrarão a seus doentes o necessário, servindo-os como
quiseram ser servidos. ” Conforme as regras vigentes nos hospitais reais, e
inspirando-se no Regimento do Hospital Real de Todos os Santos, em Lisboa, o
enfermeiro tinha que saber ler e escrever para entender as prescrições do
físico/médico. O Irmão enfermeiro devia, assim, cumprir as prescrições médicas,
que incluíam a terapêutica medicamentosa e os tratamentos a aplicar como, por
exemplo, a colocação de emplastros ou pomadas ou a administração de um clister ou
de um vomitório. Cabia-lhe ainda cuidar da higiene dos leitos, do espaço físico da
enfermaria (que necessitava de arejamento e desinfeção) e de toda a roupa de linho –
que era lavada e colocada à parte da restante roupa a uso no convento – era também
obrigação do enfermeiro, ajudado pelos Irmãos leigos. Não existindo médico
permanente no Convento, era ao médico e ao cirurgião da vila de Mafra que cabia a
obrigação de visitar o convento de manhã e de tarde, houvesse ou não doentes. O
médico recebia anualmente 200$000 réis e, quando era necessária uma junta médica,
recorria-se ao médico de Torres Vedras, que auferia todos os anos 30$000 réis.
 Cabia aquele o diagnóstico da doença, o que fazia medindo a pulsação,
apalpando o corpo, sentindo a temperatura, observando a urina e as fezes e,
depois, decidir sobre os tratamentos a aplicar em cada caso. O cirurgião, que
ganhava anualmente 80$000, com direito a um assistente e dois adjuntos ,
tinha como funções a extração de dentes, o tratamento de feridas e úlceras e
até realizar amputações. Sem formação académica própria, ao contrário dos
médicos, a cirurgia era considerada quase um ofício mecânico, por lidar com a
anatomia humana, atividade considerada pouco digna para os físicos. Havia
também um sangrador que ganhava 50$000 réis anuais, sendo obrigado a vir
duas vezes ao dia para saber se havia alguém para sangrar . O sangrador tinha
também um adjunto para o auxiliar. As sangrias – e a aplicação de
sanguessugas e/ou ventosas – forma terapêutica muito usual na época em que
se encarava a doença como um “mal” que estava dentro do corpo e que urgia
fazer sair, poderiam também se feitas pelos barbeiros. Os pagamentos eram
feitos pela Fazenda Real e, caso faltassem sem justificação, eram multados
nos seus salários. Também não podiam sair para fora da vila sem licença do
Padre Guardião do Convento. Para além do seu salário, estes funcionários
tinham direito a tomar as refeições no refeitório do Convento quando estavam
ao serviço. Lembremos que, na época em questão, uma dúzia de ovos na
época custava 30 réis, um litro de azeite 140 réis e o bacalhau e o arroz valiam
50 réis o arrátel . Os regulamentos determinavam também que as horas de
visita aos doentes deveriam ser quando os frades estivessem fora do Coro,
para que todos se pudessem consultar.
 quando necessário. Assim, vinham de manhã cerca das 09h30 e à tarde
depois das Vésperas, ou seja depois das 15h00. A chegada de ambos era
marcada pelo toque do sino da enfermaria, colocado ali perto. O médico
tocava quatro badaladas e o cirurgião três, as quais serviam para chamar
o enfermeiro e avisar os frades que os quisessem consultar. Ao chegar
faziam a ronda dos doentes acamados nas duas enfermarias,
acompanhados pelo Irmão enfermeiro, dirigindo-se depois para um
gabinete anexo à enfermaria do 1º piso, onde recebia os frades que se
quisessem consultar ou receber tratamento por parte do cirurgião. Era
também obrigação do médico acompanhar os doentes mais graves
durante a noite. O sino da enfermaria era também chamado o sino da
agonia, pois tocava também sempre que algum dos irmãos estava
próximo da morte. Um acesso à Basílica, através da tribuna sul da capela
do Campo Santo, permitia que se levasse o Sacramento da Extrema-
Unção, bem como a comunhão aos doentes acamados. A Botica, que
abrangia a sala da botica propriamente dita, a Casa do Fogo e umas
dependências anexas à enfermaria dos Doentes Graves onde se
guardavam em armários envidraçados “as garrafas e frasquinhos dos
remédios. Na sala seguinte se guardavam as loiças e vidros com que se
davam os remédios aos doentes.”
 Na botica trabalhavam um Mestre Boticário e um oficial, ambos com “gravíssimos
ordenados”, ou seja não eram frades do convento, uma vez que estes não eram pagos.
Os medicamentos preparados na Casa do Fogo, verdadeiro laboratório farmacêutico do
século XVIII, eram elaborados a partir de ervas e raízes provenientes da Cerca do
convento, seguindo possivelmente a Pharmacopea Lusitana, da autoria de D. Caetano de
Santo António, cónego regrante de Santo Agostinho, datada de 1704, ou a Pharmacopea
Tubalense Chimico-Galenica, publicada em 1735, ambas obras de referência na
farmacopeia da época e existentes na Biblioteca de Mafra. Constipações, tosses e
doenças respiratórias eram bastante frequentes no frio Convento de Mafra. Aliás, os
primeiros doentes do Convento de que temos conhecimento sofriam de doenças
pulmonares, causadas pela humidade das paredes caiadas que ainda não tinham
secado completamente quando a comunidade aqui se instalou.
 Diversos destes doentes acabaram por morrer. Até substâncias tão exóticas como as pérolas, o coral ou âmbar eram, segundo o boticário da
Corte Manuel Rodrigues Coelho (n. 1687), autor da referida Pharmacopea Tubalense, usadas na preparação de cordiais “próprios para resistir ao
veneno, para reparar as forças e purificar o sangue, destruindo e desfazendo todos os ácidos e servindo de muito alívio nas hemorragias, camaras
e semelhantes enfermidades...” Existem nos arquivos algumas receitas usadas nesta botica datas da época em que convento foi de novo usado
pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Assim, por exemplo:
 Tome D. Prior Reitor
 Cozm.to [Cozimento] de Alteia e Cevada ------------------------- Lib. uma onça
 Xarope de Avenca ----------------------------------------- uma onça
 A pt.e
 [à parte]
 Cataplasma de linhaça
 feita em cozim.to de Alteia e Óleo de Amêndoas Doces --------------------- Lib. uma onça
 ou
 Tome D. Jaime da Paixão
 Decoção de raiz de Chicória e cevada ------------------------------------------- huma e meia
 Inf. [fusão]
 Folhas de sêmea ----------------------------------------------------------------------- oz. [onças] tres
 Tamarindos ---------------------------------------------------------------------------- oz. [onças] duas Assim, por exemplo:
 Tome D. Prior Reitor Cozm.to [Cozimento] de Alteia e Cevada ------------------------- Lib. uma onça
 Coe Dest. Mamão ------------------------------------------------------------------------------- oz. [onças] duas
 Sulfato de soda ---------------------------------------------------------------------- oz. [onça] e meia Tome Xarope de Alteia -----------------------------------
---------------------------------- oz. [onça] e meia
 Para todos estes preparados, muitos eram os utensílios e instrumentos usados. Seguindo os inventários atrás referidos, podemos mencionar, por
exemplo, 45 redomas de vidro grandes, 52 ditas menores, 51 vidros de rolha [frascos] pequenos, 40 açucareiros de vidro, 43 panelas, tachos, 2
alambiques de cobre, um maior que o outro, 5 graes de pedra, uns maiores que os outros, 2 balanças de arame [metal], 2 almofarizes de bronze, 4
espátulas de latão, 3 espátulas de ferro, 2 escumadeiras de arame, 1 peneira, 1 pedra de preparar, 1 funil de latão, 1 jogo de medidas de quartilho,
meio quartilho e onça, etc. etc
 Outro dado curioso sobre Mafra surge numa correspondência entre o Ministro Plenipotenciário da Rússia na Haia, Dmitri Alekseevitch Golitsin,
e o Cônsul-Geral da Rússia em Lisboa, Iohann Anton Borchers, do ano de 1770.
 e o Cônsul-Geral da Rússia em Lisboa, Iohann Anton Borchers, do ano de
1770. Nestas cartas se fala de uma “terra de Mafra” reputada por curar o
cancro, que o Cônsul deveria enviar para Moscovo a pedido da Imperatriz
Catarina II. Para tal deveria recorrer aos bons ofícios do então Conde de
Oeiras, mais tarde Marquês do Pombal, que se encontrava por esses dias em
Mafra. Com o passar do tempo, o número de frades no Convento foi
diminuindo, pelo que se tornou desnecessário usar todos estes espaços.
Assim, nos finais do século XIX, quando o Príncipe Regente, futuro D. João
VI, se instala em Mafra com toda a corte, houve necessidade de ocupar
algumas zonas do convento. A Enfermaria dos Convalescentes, que na
época já era utilizada apenas para o Noviciado, tornou-se Capela Real,
sendo ainda hoje a Capela da instituição militar que ocupa a área do
convento desde 1834. A Enfermaria dos Doentes Graves foi também
anexada ao Palácio para servir de quartos para os Camaristas. Os doentes
passaram então a ser tratados de novo na antiga Enfermaria Velha, junto às
Casas da Procuração. Assim, aqui tudo foi pensado ao pormenor: disposição
funcional dos espaços, condições de higiene, conforto material e religioso
dos doentes graves, moribundos ou convalescentes, dietas especiais e
alimentação comum, escolha de médicos e enfermeiros e normas que eram
obrigados a cumprir, etc. Por vontade e a expensas do Rei D. João V, as
enfermarias foram equipadas com os mais modernos dispositivos médicos
do tempo e para a Biblioteca foram adquiridos os mais importantes tratados
e livros de medicina até então conhecido.
 Nestas cartas se fala de uma “terra de Mafra” reputada por
curar o cancro, que o Cônsul deveria enviar para Moscovo a
pedido da Imperatriz Catarina II. Para tal deveria recorrer aos
bons ofícios do então Conde de Oeiras, mais tarde Marquês do
Pombal, que se encontrava por esses dias em Mafra. Com o
passar do tempo, o número de frades no Convento foi
diminuindo, pelo que se tornou desnecessário usar todos estes
espaços. Assim, nos finais do século XIX, quando o Príncipe
Regente, futuro D. João VI, se instala em Mafra com toda a
corte, houve necessidade de ocupar algumas zonas do
convento. A Enfermaria dos Convalescentes, que na época já
era utilizada apenas para o Noviciado, tornou-se Capela Real,
sendo ainda hoje a Capela da instituição militar que ocupa a
área do convento desde 1834. A Enfermaria dos Doentes
Graves foi também anexada ao Palácio para servir de quartos
para os Camaristas. Os doentes passaram então a ser tratados
de novo na antiga Enfermaria Velha, junto às Casas da
Procuração.
 Assim, aqui tudo foi pensado ao pormenor: disposição
funcional dos espaços, condições de higiene, conforto
material e religioso dos doentes graves, moribundos ou
convalescentes, dietas especiais e alimentação comum,
escolha de médicos e enfermeiros e normas que eram
obrigados a cumprir, etc. Por vontade e a expensas do Rei
D. João V, as enfermarias foram equipadas com os mais
modernos dispositivos médicos do tempo e para a
Biblioteca foram adquiridos os mais importantes tratados
e livros de medicina até então conhecido.
 Mas, talvez a preocupação mais relevante e “moderna” na
instalação deste “hospital” foi a importância dada às
condições de higiene, que vão desde a limpeza dos
“quartos”, passando pela utilização de azulejos por serem
fáceis de limpar, a frequência para mudar a cama, ou a
higiene dos próprios pacientes, para a criação de um
caminho adequado para a disposição dos “vasos
imundos”, o isolamento da enfermaria em caso de doenças
contagiosas ou a possibilidade de conduzir os mortos
diretamente para o cemitério, sem passar pelo resto do
convento. O Convento Real da Enfermaria de Mafra foi,
assim, um exemplo de boa prática em cuidar dos doentes
no início do século XVIII.
Tem forma octogonal, situa-se antes do refeitório e era destinada à lavagem das mãos
em quatro grandes lavatórios em forma de urna colocados nos cantos, tendo cada um
seis torneiras de bronze. As urnas recebiam água vinda da Tapada.
O Palácio de Mafra era visitado regularmente pela Família Real que aqui vinha várias
vezes ao ano, normalmente para caçar na Tapada. Todo o mobiliário e decoração desta
sala é alusivo a este gosto dos reis.
Enfermaria destinada aos doentes graves. Os doentes
eram aqui assistidos por frades-enfermeiros, recebendo a
visita diária do médico e do sangrador. Sobre cada cama
fixava-se a receita deixada pelo o médico para que o
doente soubesse se o enfermeiro seguia corretamente as
suas instruções. Daqui sai uma escada para o Campo
Santo, pela qual desciam os defuntos.
As camas ficavam viradas para o altar, ao fundo da sala,
para que os doentes pudessem assistir à celebração da
missa.
 O arco e as colunas que
enquadram o altar e as portas
laterais são profusamente
decoradas com motivos de
conchas, búzios, pérolas e
motivos vegetais, evocando
algumas das substâncias
utilizadas na preparação de
medicamentos.
Curiosamente, na decoração
destas portas aparece o único
retrato de D. João V
existente em todo o edifício
gravado numa moeda, entre
várias outras, dentro de um
saco que sai de uma
cornucópia.
 A Enfermaria dos Doentes Graves situava-se no 2º piso do Convento, tendo como acesso uma única porta de ligação
ao Convento, permitindo assim o isolamento em caso de doenças contagiosas. Da antecâmara desta enfermaria, uma
escada conduzia diretamente ao Corredor do Campo Santo, local onde se enterravam os mortos após o serviço
fúnebre, muitas vezes realizado na Capela do mesmo nome.
 Quer a Enfermaria dos Convalescentes quer a dos Doentes Graves estavam divididas por tabiques de madeira em 16
pequenas alcovas ou “beliches”, cada uma com sua cama, mesa com gaveta para nela se guardar o talher e o
guardanapo, um cabide para pendurar o hábito e, na reentrância formada pela espessura da parede, uma caixa com
bacio, separada por uma cortina.
 A cama tinha um colchão de palha, uma almofada de aparas de cortiça, lençóis e um cobertor de papa. Havia também
em cada alcova um assento com almofada para as visitas. As alcovas eram fechadas por cortinas de pano branco
 . Por detrás das alcovas, um pequeno corredor com uma entrada para cada uma permitia cuidar de cada doente sem
incomodar os outros. Cada alcova estava também forrada a azulejos brancos, sendo apenas as enfermarias e as
cozinhas que apresentam este revestimento mural, tão tradicional em Portugal o que e se prende com preocupações
de cariz sanitário pois torna os espaços mais fáceis de limpar, permitirem uma boa higienização, prevenindo a
contaminação e a propagação de doenças. Por cima de cada cama estava ainda um painel figurativo em azulejo
representando Cristo crucificado e, aos pés, outro com Nossa Senhora da Conceição rodeada de anjos.
 Na “enfermaria do doido", uma cama de abas articuladas que
permitia cuidar do doente baixando essas abas que, quando subidas, o
impediam de cair da mesma.
 Ao tempo, o conceito de loucura podia aplicar-se não apenas a
doentes mentais, mas também a doentes com delírios provocados por
febres altas ou outras patologias como a epilepsia, por exemplo.
Anexas às enfermarias ficavam outras cinco casas que lhes davam
apoio, como a casa “que serve para se tomarem os banhos – por
exemplo, no inventário de 1792, é registada uma tina de tomar
banho, comprovando esta prática – e se curarem os Donatos
enfermos” , a casa dos armários, onde se guardavam os frascos com
as ervas e os medicamentos, os gabinetes do médico e do cirurgião,
as celas para os enfermeiros, um pequeno refeitório “dos
Convalescentes, e dos que por necessidade comem carne nos dias de
jejum” e ainda as chamadas Casas do Fogo. Na Casa do Fogo do piso
térreo se fazem as destilações as destilações necessárias e as mais
preparações de remédios que dependem de se fazer ao fogo enquanto
a Casa do Fogo do Piso 2 serve de cozinha para os enfermos e seus
enfermeiros. Uma escada servia de elo de ligação entre as casas do
fogo, as casas para o médico e cirurgião e as enfermarias e, através
de outra pequena escada junto à cozinha, se tinha acesso a uma
latrina para satisfação das necessidades dos irmãos enfermeiros e dos
doentes não acamados.
 Esta representação de Cristo crucificado e em sofrimento em vez de Cristo
em glória é característica dos franciscanos, a partir do século XVIII. Por sua
vez, a Virgem Maria representa a mãe que intercede junto do Filho pelos
doentes. Junto à cabeceira ficava pendurada uma toalha e, sobre a cama, um
prego onde o médico deveria deixar um papel “que mostre a cada enfermo
os remédios, que devem tomar, as horas em que os hão de tomar, e aquelas
em que devem comer, e para que o doente saiba se o enfermeiro faz o que
lhe mandam.” Em ambas as enfermarias existia um altar na parede nascente,
para o qual estavam viradas todas as camas para que os enfermos aí deitados
pudessem seguir os ofícios divinos.
 Alguns doentes podiam também
beber vinho, cerca de 2 copos por
pessoa por dia, tal como para os
outros frades do convento, mas a
cerveja preta era apenas destinada
ao uso dos enfermos. Por vezes,
bebiam também vinho do Porto. A
quantidade de pão é também
significativa. Comiam também
fruta, normalmente laranjas, doce,
marmelada e queijo flamengo. As
“rações” para a enfermaria
incluíam ainda açúcar mascavado e
açúcar branco (refinado), cerca de
um arrátel por dia, ou seja perto de
1/2 quilo (459,5 g), sal, toucinho,
ovos, azeite, manteiga, farinha,
sêmeas, tabaco e rapé, aguardente,
etc. Açúcar, vinho e aguardente
eram também usados para a
preparação dos remédios.
É retangular, com teto abobadado e 45 janelas (25cegas). As
mesas são de madeira do Brasil, colocadas ao longo da sala
e com bancos de um só lado.
Sobre as mesas principais, estava a pintura de Pierre
Quillard, “Ceia dos Discípulos de Emaús”.
De cada lado da sala existe um púlpito em madeira do
Brasil que servia para o Leitor recitar trechos dos livros
sagrados durante as refeições.
Apenas ficou concluído em 1734 ou seja 4 anos depois
dasagração da Basílica.
O mosteiro reflete bem o estilo de vida dos monges franciscanos, humilde, apenas com
o essencial. Possuindo uma cozinha, a botica, o hospital dentro de uma capela, e uma
série de celas com abertura para um corredor central, onde se colocavam as camas dos
doentes durante os ofícios religiosos, e as celas dos monges contendo os artefactos de
autopunição para expiação dos pecados.
Cemitério
Representação da Imaculada Conceição
 Campo Santo
 O corredor do Campo Santo era destinado à sepultura dos frades do Convento e a
Capela era destinada aos funerais dos que aqui morriam. Aos doentes ,
impossibilitados de se deslocarem, era
 dada a possibilidade de assistir aos ofícios a partir das tribunas laterais.
A Basílica de Mafra possui um total de seis órgãos, únicos no mundo, para os quais existem partituras que só
aqui podem ser executadas. No seu interior tem, ainda, um total de onze capelas com quatrocentas e cinquenta
esculturas de mármore, quarenta e cinco tribunas e dezoito portas. No reinado de D. João V, todas as
cerimónias na basílica eram acompanhadas de canto gregoriano. D. João V, apreciador da arte, reunia-se com
frequência com os frades acompanhando-os no canto.
 Construída por Manuel Caetano de Sousa,
tem 88 m de comprimento, 9.5 de largura
e 13 de altura. O magnífico pavimento é
revestido de mármore rosa, cinzento e
branco. As estantes de madeira estilo
rococó, situadas em duas filas laterais,
separadas por um varandim contêm
milhares de volumes encadernados em
couro, testemunhando a extensão do
conhecimento ocidental dos séculos XIV
ao XIX. Entre eles muitas jóias
bibliográficas, como incunábulos. Estes
volumes magníficos foram encadernados
na oficina local, também por Manuel
Caetano de Sousa
 O maior tesouro de Mafra é a sua biblioteca, com chão em mármore, estantes em
estilo rococó e uma coleção de mais de 30 000 livros com encadernações em couro
gravadas a ouro, incluindo uma segunda edição de Os Lusíadas de Luís de Camões.
Abrange áreas de estudo tão diversa como a medicina, farmácia, história, geografia e
viagens, filosofia e teologia, direito canónico e direito civil, matemática, história natural,
sermonaria e literatura.
 Situada ao fundo do segundo piso, a estrela do palácio, rivaliza em grandiosidade com a
Biblioteca da Abadia de Melk, na Áustria. Desenhada por João Frederico Ludovice,
sendo as estantes de autoria de Manuel Caetano de Sousa, tem 88 metros de
comprimento, 9,5 metros de largura e 13 metros de altura. O magnífico pavimento é
revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira em estilo rococó,
situadas em duas filas laterais e separadas por um varandim, contêm milhares de
volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental
dos séculos XV ao XIX. Entre eles, muitas joias bibliográficas, como incunábulos.
Muitos deste volumes foram encadernados na oficina local. A biblioteca de Mafra é
também conhecida por acolher morcegos, que ajudam a preservar as obras.
O palácio possui, ainda, um conjunto de relógios de sol em pedra, constituído por dois
relógios verticais, um deles com dois mostradores, orientados respetivamente para Leste e
Oeste, e um relógio horizontal. Estão situados numa pedra em forma de cubo, ficando o
relógio horizontal no topo. Em todos eles as marcações são em numeração romana.
 O palácio possui dois carrilhões, mandados fabricar em Antuérpia e
em Liège por D. João V, com um total de 92 sinos. São os maiores
carrilhões do século XVIII existentes no mundo. Cada um deles cobre uma
amplitude de quatro oitavas (por isso considerados carrilhões de concerto).
 Foram realizados por dois fundidores de sinos dos Países Baixos: Willelm
Witlockx, um dos mais respeitados fundidores de sinos em Antuérpia e
Nicolaus Levache, um fundidor de Liège responsável por diversos
carrilhões e que deixou, efetivamente, em Portugal uma tradição de
fundição que perdurou por mais de um século após a conclusão do trabalho
em nada
 Este conjunto único inclui também o maior conjunto conhecido de sistemas
de relógios e de cilindros de melodia automática; ambas as torres de Mafra
possuem mecanismos automáticos de toque (quatro cilindros rotativos com
cavilhas e alavancas) Este é um marco mundial para o estudo, quer da
música automática quer da relojoaria. Estes complexos engenhos são
capazes de tocar de modo intermutável de entre cerca de dezasseis
diferentes e complexas peças de música, em qualquer momento. Os
cilindros melódicos de Mafra foram executados pelo famoso De Beefe,
construtor de relógios dos Países Baixos da primeira metade do século
XVIII.
 São um conjunto de órgãos de tubos, único no mundo, composto por seis instrumentos concebidos e
construídos ao mesmo tempo, para tocarem juntos.
 São denominados de Evangelho, Epístola (ambos na Capela-Mor), Sacramento, São Pedro de
Alcântara (ambos no transepto norte), Conceição e Santa Bárbara (ambos no transepto sul).
 Foram construídos pelos dois mais importantes organeiros portugueses da época, António Xavier
Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes , e foram concluídos entre 1806 e 1807, por
ordem do Príncipe Regente. Os dois últimos foram inaugurados em 4 de Outubro de 1807. Nesse ano
foram escritas e tocadas várias composições envolvendo todos os seis órgãos[1].
 As Invasões Francesas e a consequente transferência da corte portuguesa para o Brasil, ocorridos logo
após a sua conclusão, levaram à deterioração dos órgãos por falta de manutenção. Uma década
depois, possivelmente na expectativa do retorno da Família Real portuguesa — os seis órgãos foram
submetidos a uma grande intervenção. O objetivo desses trabalhos, realizados por Machado e
Cerveira, não era apenas reparar os instrumentos, mas também aumentá-los. Infelizmente, os
trabalhos foram interrompidos alguns anos depois (Machado e Cerveira morreu em 1828) e vários
itens, como a remontagem do órgão de São Pedro de Alcântara, ficaram inacabados [2].
 Até 1998, os órgãos apenas foram objeto de pequenos reparos. Nesse ano, iniciou-se o restauro global
do conjunto, que ficou concluído em 2010. Este projeto incluiu a reconstrução do órgão São Pedro de
Alcântara, incorporando todos os materiais recuperados desde a sua desmontagem, ocorrida por volta
de 1820[3].
 Os seis órgãos, embora diferentes, têm várias características comuns, típicas da escola de Cerveira e
Fontanes .
 Todo o conjunto se encontra presentemente em funções, sendo realizados anualmente vários
concertos de órgãos por iniciativa do Palácio Nacional de Mafra e da Câmara Municipal de Mafra.
São igualmente tocados em funções religiosas da paróquia de Mafra, nomeadamente nas missas que
antecedem as procissões da Quaresma de Mafra.
Ao centro, a imponente fachada é valorizada pelas torres da basílica coberta
com uma cúpula. O interior da basílica é forrado a mármore e equipado com
seis órgãos do princípio do século XIX, com um repertório exclusivo que não
pode ser tocado em mais nenhum local do mundo. O átrio da basílica é
decorado por belas esculturas italianas. Aqui existiu ainda a Escola de Escultura
de Mafra, criada por D. José em 1754, foram muitos os artistas portugueses e
estrangeiros que aí estudaram sob a orientação do escultor italiano Alessandro
Giusti..
Património Mundial da Humanidade
Os órgãos, juntamente com todo o Real Edifício de Mafra, foram declarados em
2019, como Património Mundial da Humanidade pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
O real edifício de Mafra é um organismo complexo, delimitado nos seus ângulos por
duas torres-blocos, de linguagem militar, onde vamos encontrar os palácios do rei e da
rainha, tendo a igreja como ponto central. O convento ocupa a parte de trás do edifício, ou
seja, a fachada principal é destinada ao rei, e na sua parte posterior é que vai surgir o
convento.
 A basílica é uma obra de enormes dimensões que, num só edifício de grande escala, consegue reunir uma
igreja, um convento e um palácio. Sendo a obra de maior referência no reinado de D. João V, o
chamado período joanino. Numa altura em que Portugal vivia uma monarquia absoluta, esta obra nasce mais
por necessidade política, usando o ouro vindo do Brasil. Desta forma, D. João V vai criar uma marca do seu
reinado e mudar o paradigma da artes em Portugal.
 Destinado à Ordem de São Francisco, o Convento foi pensado inicialmente para 13 frades, mas o projeto foi
sendo sucessivamente alargando para 40, 80 e finalmente uma comunidade de 300 religiosos e palácio real.
 É escolhido para seu arquiteto João Frederico Ludovice, ourives arquiteto e engenheiro militar prussiano que
estudara arquitetura em Itália. João Frederico Ludovice dirige a obra até 1730 e para sua conclusão deixa seu
filho João Pedro Ludovice também arquiteto formado na escola de risco Mafrense.
 Por vontade do Rei, a cerimónia da sagração da Basílica foi realizada no ano de 1730, a 22 de outubro, data
do seu 41º aniversário, que nesse ano caía a um domingo, dia destinado pelo ritual da Igreja para esse fim,
embora as obras ainda estivessem bastante atrasadas.
 Trezentos e vinte e oito frades arrábidos ingressaram então na comunidade de Mafra, vindos de diversos
conventos na região mandados extinguir por Decreto Real.
 Já no reinado de D. José, os franciscanos foram enviados para o Convento da Arrábida, em Setúbal e
os Cónegos Regrantes de S. Agostinho transferidos da Patriarcal para o Convento de Mafra, onde se
instalaram em 1771. Data da permanência dos agostinhos em Mafra a encomenda das estantes da Biblioteca,
em madeira entalhada em estilo rococó, ao arquiteto Manuel Caetano de Sousa.
 No reinado de D. Maria I, em 1791, os franciscanos regressam de novo a Mafra, mas apenas em número de
duzentos.
 A basílica alberga, ainda hoje, a paróquia de Mafra (Santo André) e a Real e Venerável Irmandade do
Santíssimo Sacramento de Mafra.
.
 O palácio era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar na
tapada. Hoje em dia decorre aqui um projeto para a preservação dos lobos
ibéricos. As melhores mobílias e obras de arte foram levadas para o Brasil, para
onde partiu a família real quando das invasões francesas, em 1807. O mosteiro foi
abandonado em 1834, após a dissolução das ordens religiosas. Durante os últimos
reinados da Dinastia de Bragança, o Palácio foi utilizado como residência de caça
e dele saiu também em 5 de Outubro de 1910 o último rei D. Manuel II para a
praia da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio.
 Depois de em 1887, a Escola Prática de Infantaria e Cavalaria ter ocupado nas antigas
dependências conventuais, tendo se efetuado as necessárias obras de adaptação, em 1910 é
extinta a Escola Real de Mafra, instalada em parte do edifício e o palácio é nacionalizado pelo
regime republicano.
 Até 2010, data da sua morte, o único residente do Palácio foi um antigo tipógrafo, de nome Gil
Mangens. Descendente de uma família de origem francesa, que chegou a Lisboa no século XVIII
por altura da construção do Palácio, na pessoa de um gravador de nome Mangens, devotou, à
imagem de seu pai e avô, toda a sua vida ao monumento que o acolhe.
 Até 1997 o "Palácio Nacional de Mafra" estava ocupado por cinco entidades: o IPPAR (o
Palácio, com área de receção e circuito de visita), a Escola Prática de Infantaria de Mafra (EPI),
a Câmara Municipal de Mafra, a Igreja (serviços da paróquia) e o Tribunal de Mafra.
 Com o programa de revitalização e recuperação de fachadas e coberturas, nomeadamente limpeza
das fachadas, rebocos e pintura do exterior e dos pátios e claustros; arranjo, limpeza e
conservação das coberturas em andamento desde 1994 promovido pelo IPPAR, em 1997 é
elaborado um estudo prévio à recuperação e revitalização do Palácio. Da responsabilidade do
atelier dos arquitetos. Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas e Pedro Botelho, o estudo previa o
reordenamento dos espaços do edifício, criando os necessários apoios (nova receção e cafetaria),
valorizar o percurso em causa através da instalação de um polo museológico, melhorar o acesso
ao Convento / Palácio, articular o edifício com as valências de carácter urbano da envolvente (o
jardim da Cerca e a Tapada), e permitir a partilha de espaços com a Escola Prática de Infantaria;
para tal, tornou-se prioritário assegurar: a recuperação da Ala Norte do andar nobre; a
remodelação da ala Sul, de acordo com a proposta de reordenamento museológico a apresentar;
beneficiação do acesso à Biblioteca; integração de uma pinacoteca na ala Sul.; instalação de
serviços de apoio no piso térreo; acesso aos pátios da Basílica.
 Coleções
O espólio do Palácio Nacional de Mafra inclui peças provenientes do
Convento de Nossa Senhora e Santo António, predominantemente do século
XVIII, que inclui pintura, escultura, metais, paramentos, entre outros,
encomendados por D. João V aos principais centros de arte europeus e
peças originárias do Paço Real que são essencialmente do século XIX e que
refletem a funcionalidade do palácio como residência de lazer ligada à caça
praticada pela família real.
De modo a atingir o nível de Luís XIV, o rei D.
João V tornou o seu reinado um dos mais
sumptuosos. A construção do convento de Mafra
só o demonstra ainda mais pois, apesar de não
equivaler ao palácio deVersalhes, foi a maior
construção de todos os tempos em Portugal.
Obra central do reinado de D. João V, o Palácio-
Convento de Mafra,foi o projeto colossal do
Barroco português.
(Classificado como Monumento Nacional em
1910, foi um dos finalistas para uma das Sete
Maravilhas de Portugal a 7 de Julho de 2007.)
A 7 de julho de 2019 durante a 43.ª sessão
em Baku, Azerbaijão

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  • 1.
  • 2. O Governo Joanino (século XVIII) correspondeu a um período de paz e de abundância para os cofres do Estado, uma vez que coincidiu com a exploração das recém- descobertas minas de Ouro e Diamantes do Brasil. Foi graças a este Ouro que o esplendor real se alimentou. Naquela época, século XVIII, a imagem de Luís XIV impunha-se na Europa como modelo. Assim, D. João V, o Magnânimo, procurou imitá-lo, realçando a figura régia através do luxo e da etiqueta. O Rei é então o centro das atenções e o centro do poder.
  • 3.
  • 4. Manuel da Maia, João Pedro Ludovice, e todo um conjunto de artistas (pintores, escultores, entalhadores...), boa parte dos quais italianos (o escultor Vicenzo Foggini, ou os pintores Agostino Masucci e Corrado Giaquinto), e o francês Claude Laprade, que imprimiram uma magnificência extraordinária aos interiores do palácio, de que se destacam a Basílica e a Biblioteca, esta última numa fase mais tardia. O mármore, para a sua construção, foi fornecido pelas pedreiras de Pêro Pinheiro e Sintra, e as madeiras do Brasil, e a sua construção empregava, em 1729, 47.830 mil trabalhadores guardados por 7 mil soldados, para não fugirem. O resultado foi enorme edifício com oitocentas e oitenta salas, trezentas celas, quatro mil e quinhentas portas e janelas, cento e cinquenta e quatro escadarias e vinte e nove pátios. O edifício ocupa no total uma área de cerca de quarenta mil metros quadrados. E o projeto final acabou por abrigar 330 frades, um palácio real, e uma das mais belas bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte.
  • 5. A madeira de pinho para os andaimes e barracas dos trabalhadores veio do norte da europa. A maior parte das estátuas e a pintura foram obra de artistas italianos; paramentos, alfaias de culto, tocheiros foram encomendados em Roma, Veneza, Milão, Génova e, também, em França e Holanda. Só mesmo o mármore é genuinamente português. Em 1730 são fabricados, em Antuérpia, os relógios, os sinos e o carrilhão da basílica (57 sinos para cada uma das torres),por Nicolau Lepache e Guilherme Withlockx, pesando cerca de duzentas e dezassete toneladas. Os carrilhões,encomendados por D. João V, são considerados dos melhores do mundo, tocando valsas e contravalsas.
  • 6. Intervieram na construção deste monumento: Arquitectos: Custódio Vieira (séc. XVIII); João Frederico Ludovice (c. 1670 - 1752), Carlo Gimac, António Canevari, Manuel Caetano de Sousa (1742 - 1802) (biblioteca); Carrilhão: Nicolau Lepache, Guilherme Withlockx. Engenheiro Militar: Manuel da Maia (séc. XVIII). Escultores: João de Almeida (presépio, atri.), José de Almeida (1728-1729); Alessandro Giusti (1715 - 1799), Joaquim Machado de Castro, Francesco Maria Schiafino, Carlo Monaldi (1683 - 1760), Agostino Cornnacchini (1685 - c.1754), Giovanni Battista Maini (1690 - 1752), Filippo della Valle (1698 - 1768), Pietro Bracci (1690 - 1773). Organeiros: Eugene Nicholas Egan, António Xavier Machado e Cerveira, Joaquim António Peres Fontanes. Pedreiros: António Martins (séc. XVIII); Bernardo Pereira, José Rodrigues Corista e Manuel Rodrigues Corista (1736). Pintores: Agostino Masucci (1692 - 1758), Corrado Gianquinto (1703 - 1756), Emanuel Alfani (act. 1730 - 1746), Etiénne Stephanus Parrocel (1695 - 1776), Francesco Trevisani (tela do altar-mor), Giovanni Odazzi (1663 - 1731), Pierre-Antoine Quillard (1704 - 1733), Pietro Bianchi (1694 - 1740), Sebastiano Conca (1680 - 1764), André Gonçalves (1685 - 1762),
  • 7. Cirilo VolKmar Machado (pinturas da sala do Trono), Inácio de Oliveira Bernardes (1697 - 1781), Francisco Vieira de Matos- o Lusitano (1699 - 1783). Planta do piso térreo Planta do 1º piso
  • 8. No ano de 1744 são considerados concluídos os trabalhos do complexo arquitetónico de Mafra, ainda que muitos pormenores se encontrem por realizar, o convento é então habitado por 342 religiosos, 203 sacerdotes, 45 coristas, 10noviços, 60 leigos e 24 donatos. Contudo, a cerimónia da sagração da Basílica, que durou oito dias, aconteceu vinte anos antes, a 22 de Outubro de 1730, dia de anos do rei D. João V, e que, segundo consta, por exigência do próprio. Em 1750 teria lugar a celebração das exéquias fúnebres de D. João V nesta Basílica.
  • 9.
  • 10. Há quem defenda que a obra se construiu por vias de uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia. O nascimento da princesa Maria Bárbara determinou o cumprimento da promessa. Este palácio e convento barroco domina a vila de Mafra. O trabalho começou a 17 de novembro de 1717 com um modesto projeto para abrigar 13 frades franciscanos, mas o ouro do Brasil começou a entrar nos cofres portugueses; D. João V e o seu arquiteto, Johann Friedrich Ludwig (Ludovice) (que estudara na Itália), iniciaram planos mais ambiciosos. Não se pouparam a despesas. A construção empregou 52 mil trabalhadores e o projeto final acabou por abrigar 300 frades, num espaço de 40 000 m² com um palácio real e uma das mais belas bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte. A basílica foi consagrada no 41º aniversário do rei, em 22 de outubro de 1730, calhado a um domingo, com festividades de oito dias. Em 1730 João Frederico Ludovice, após a sagração da Basílica, retira-se da obra deixando na direção das obras, o seu filho Dr. João Pedro Ludovice, formado em cânones em Coimbra e também arquitecto formado na escola do Risco das Obras de Mafra, que as acompanha até ao ano de 1744. No convento consumiam-se por ano 120 pipas de vinho, 70 pipas de azeite, quase 10 toneladas de arroz e 600 vacas. Junto ao Convento ficava o Jardim da Cerca, com horta e pomar, tanques de água e vários campos de jogo para lazer.
  • 11.
  • 12. Para a sua construção vieram técnicos de toda a Europa. Esta mão de obra especializada teve uma importante missão na realização do projeto de Ludovice. Assim vai receber vários tipos de contribuições, podendo ser uns mais ativos e outros mais ilusórios. As ideias patentes neste Convento foram inspirado nos grandes palacetes urbanos do Barroco internacional, tendo como referência São Pedro de Roma, muito devido a Carlos Fontana e a passagem do arquiteto por Roma. Em suma, Mafra é um bom exemplo de erudição, de boa arquitetura, de boa construção em termos de pura engenharia, conjugando a citação clássica com a necessidade de a apresentar enquanto espetáculo. O palácio era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar na tapada. Hoje em dia decorre aqui um projeto para a preservação dos lobos ibéricos. O mosteiro passou a ser usado por forças militares desde 1834, após a dissolução das ordens religiosas. Durante os últimos reinados da Dinastia de Bragança, o palácio foi utilizado como residência de caça e dele saiu também em 5 de outubro de 1910 o último rei, D. Manuel II, para a praia da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio. No palácio, pode-se visitar a farmácia, com belos potes para medicamentos e alguns instrumentos cirúrgicos, o hospital, com dezasseis cubículos privados de onde os pacientes podiam ver e ouvir missa na capela adjacente, sem saírem das suas camas. No andar de cima, as sumptuosas salas do palácio estendem-se a todo o comprimento da fachada ocidental, com os aposentos do rei numa extremidade e os da rainha na outra, a 232 m de distância.
  • 13. • O Palácio Nacional de Mafra localiza-se no conselho de Mafra no distrito de Lisboa. • O Palácio de Mafra é um palácio com estilo barroco numa vertente alemã. • A construção deste belíssimo palácio foi iniciado em 1717 por causa de uma promessa que D.João V fez a D. Maria Ana de Áustria. • Foi classificado como Monumento Nacional em 1910
  • 14. Mandado construir, para 13 frades, por D. João V, em consequência de uma promessa que o jovem rei fizera caso a rainha D. Maria Ana de Áustria lhe desse descendência. A graça foi concedida e o rei cumpriu a promessa. Mas o gosto do monarca pela magnificência rapidamente transformou a obra. Contruiu-se um convento para 300 frades, um palácio real e uma enorme basílica que servia simultaneamente de igreja do convento e de capela real. No local, ergueu-se um enorme estaleiro de obras com mais de 50000 trabalhadores e soldados para assegurar a ordem. Quando foi preciso acelerar a obra, fizeram-se recrutamentos forçados por todo o país e grandes colunas de homens amarrados percorreram os caminhos em direção a Mafra.
  • 15. Em plena época barroca, o brilho e a ostentação significavam autoridade e poder. Então, D. João V demonstra a “vocação de grandeza” com uma política de mecenato das artes e das letras. Além de chamar para a corte os melhores artistas plásticos estrangeiros e pagar a aprendizagem, em Itália, aos pintores portugueses mais dotados, também realiza uma política de grandes construções, sendo a mais importante a construção do Palácio Convento de Mafra, “obra imensa, símbolo de um tempo e de um reinado.”
  • 17.  Listar os recursos aqui
  • 18.
  • 19.
  • 20.
  • 21.
  • 22.
  • 23.
  • 24.
  • 25. A grande pia, feita num só bloco de pedra, bem como todos os lavatórios para a lavagem da loiça e dos alimentos, recebiam a água vinda da Tapada. Junto à cozinha existia outra mais pequena e várias dependências para os frescos, a casa de lavar hortaliças e peixe, a casa do azeite, a casa da pastelaria, a dispensa e os despejos.
  • 26.  A cozinha apresentava uma divisória de madeira com janela, isolando a área de confeção dos alimentos da zona de passagem e levantamento dos pratos e uma sala interior “cercada de ganchos para neles se pendurar a carne, e as galinhas mortas […] Tem mais a cozinha uma mesa de pedra, e nestas encaixados dois grandes alguidares de pedra, e além disto várias prateleiras”
  • 27.  Através dos Livros de Contas do Real Armazém de Mafra podemos perceber a alimentação dos enfermos, que era fornecida diariamente, identificando também número de doentes e as suas dietas. Esse número é bastante variável, com poucos doentes (dois ou três) nos meses de Verão e um aumento significativo (por vezes mais de 35 ou 40) nos meses de Inverno, para uma população média de 180/200 frades. Lembremos que, embora o convento tivesse sido previsto para 300 frades, rapidamente esse número diminuiu, pois o edifício era demasiado grande e majestoso para os hábitos modestos dos franciscanos A alimentação dos doentes constava de caldos e/ou as sopas, o que não era a mesma coisa, uma vez que os caldos eram “medicinais” e preparados cozendo carne (ou apenas ossos), peixe (ou apenas as cabeças e espinhas), ou vegetais, enquanto a sopa era mais substancial podendo apresentar, para além dos vegetais, pequenos pedaços de carne ou peixe e normalmente engrossada com pão.
  • 28.
  • 29.  Comiam também carne – vaca, carneiro, porco, peru, frango e galinha. Há uma nítida distinção entre frangos, frangas e galinhas, perú e perua e também entre leitão e leitoa, ao contrário de hoje em que falamos em galinha e porco em geral. Galinhas, frangos e frangas eram criados aqui no Convento pois, nas saídas do armazém aparece muitas vezes “milho para a criação”. Consome-se muito bacalhau, que não entra na categoria dos peixes, e também peixe fresco, provavelmente vindo da Ericeira, uma pequena aldeia de pescadores perto de Mafra. O peixe era comido cozido ou em caldos, como se disse, ficando o peixe assado ou frito para o consumo dos frades bem de saúde. Através dos livros de saída do armazém, sabemos que uma dieta de peixe era dada aos irmãos que iam em tratamento aos banhos de mar na Ericeira. Relembremos, no entanto, que os doentes estavam autorizados, por prescrição médica, a não cumprir o jejum e a comer carne nos dias de abstinência, quando a Igreja o proibia. O acompanhamento mais frequente das dietas é o arroz, a aletria e o macarrão e legumes (couves, cenouras, favas, feijão, alface e outras “ervas”). Curiosamente a batata, ao tempo já corrente em Portugal, não aparece na alimentação quer dos enfermos, quer dos outros frades do convento, o mesmo acontecendo com o tomate. Era dado cerca de 1,5 litro de leite a cada doente, quer de cabra – o mais consumido provavelmente devido à sua mais rápida absorção e fácil digestão – quer de vaca ou de burra, para além de chás e infusões, uma forma corrente de administrar os medicamentos. Bebiam também chocolate, como atestam não só os livros de gastos da enfermaria, como também as grandes chocolateiras em cobre ainda hoje aqui existentes.
  • 30. Nas Casas da Enfermaria há também um grande consumo de vinagre, que não era exclusivamente utilizado no âmbito alimentar – como para temperos ou conservas – mas também para a desinfeção e higienização dos materiais e espaços, tal como a aguardente era suada para desinfetar os instrumentos médicos. A loiça utilizada no convento e na enfermaria era de barro e tinha a inscrição Mafra. Seria provavelmente de fabrico local, uma vez que ainda hoje Mafra é uma terra de olaria.
  • 31.  A coleção de cerâmica divide-se no núcleo conventual, com peças em faiança branca para uso quotidiano (pratos, taças, galheteiros, púcaros, etc.), fabricadas em olarias locais, com a inscrição MAFRA. Foram encomendadas e pagas por D. João V para os 300 frades que habitaram o Real Convento de Mafra. Da antiga botica conventual, existem alguns canudos e mangas para as preparações medicinais. O outro núcleo, relativo ao palácio, compreende cerâmica utilitária e decorativa proveniente da Casa Real, destacando-se a porcelana decorativa de origem francesa e oriental dos séculos XVIII e XIX.
  • 32.  A coleção de escultura compreende toda a estatuária da basílica, encomenda joanina a grandes mestres italianos, entre os quais se contam Lironi, Monaldi, Bracci, Maini, Corsini, Rusconi e Ludovisi, constituindo a mais significativa coleção de escultura barroca italiana fora de Itália, constituída por 58 estátuas de mármore de Carrara, a qual inclui ainda os seus estudos em terracota, bem como a produção da Escola de Escultura de Mafra, aqui criada no reinado de D. José sob a direção do mestre italiano Alessandro Giusti, e por onde passaram importantes escultores como Machado de Castro Ourivesaria A coleção inclui ourivesaria civil e religiosa muito diversificada, de origem portuguesa, italiana e também britânica, datada dos séculos XVIII e XIX. Cálices e relicários do século XVIII de mestres italianos constituem parte da coleção. No âmbito do palácio, o espólio compreende bacias, castiçais, leiteiras, escrivaninhas
  • 33.
  • 34.
  • 35.  A coleção de metais inclui os utensílios religiosos de uso na basílica como relicários, castiçais, cruzes, turíbulos e navetas, caixas para hóstias, lampadários executados em Itália, tocheiros e gradeamento em ferro e bronze da capela do Santíssimo Sacramento da autoria de René Michel Slodtz (escultor) ou das banquetas de altar encomendadas por D. João VI e executadas sob a direção do escultor João José de Aguiar no Arsenal de Lisboa. Existem também objetos de uso quotidiano do convento, como castiçais e palmatórias, bacias, jarros e bilhas, braseiras, entre outros. A coleção é completa com os objetos de uso palaciano, como candeeiros, castiçais, travessas, pratos e utensílios de cozinha.
  • 36.  Do mobiliário da época Joanina pouco resta pois a maior parte do mobiliário, tapeçarias e obras de arte foram transportadas aquando da ida da Corte para o Brasil na época das invasões francesas, nunca tendo regressado da colónia, tendo sido leiloado em 1890 e com destino incerto, após a instauração da república no Brasil em 1889.[12] Assim, os ambientes atuais do palácio são fundamentalmente do século XIX, bastante diversificados, predominando o estilo Império e o mobiliário romântico. No palácio real, destacam-se uma cama de aparato Império, em mogno e com bronzes, as respetivas mesas de cabeceira de meados do séc. XIX, adquirida pela rainha D. Maria II, três cadeiras profusamente entalhadas em pau-santo e ainda uma credência entalhada e dourada assinada por José Aniceto Raposo (1756-1824), notável entalhador e inventor. Quanto ao mobiliário conventual, consiste essencialmente em camas, bancos, mesas e estantes pertencentes às celas fradescas, e que foram posteriormente utilizados pela Corte após a extinção das Ordens Religiosas. Destacam-se três estantes do mestre entalhador da Casa das Obras e Paços Reais António Ângelo, encomenda de D. João VI para o coro do convento da basílica e um mostrador da antiga botica, um dos poucos exemplares do século XVIII existentes em Portugal.
  • 37.
  • 38.
  • 39.
  • 40. Para os altares da Real Basílica, para as diversas capelas e áreas conventuais, como a portaria e o refeitório, dom D. João V encomendou uma coleção de pintura religiosa que se conta entre as mais significativas do século XVIII. Avultam, neste assinalável conjunto, obras dos pintores italianos Masucci, com uma “Sagrada Família”, tela preferida do rei D. João V, Giaquinto, Trevisani ou Battoni e de portugueses bolseiros em Roma como Vieira Lusitano e Inácio de Oliveira Bernardes, bolseiros do rei D. João V na Academia de Portugal em Roma. A coleção de pintura abrange Mestres da Escola Italiana da 1ª metade do século XVIII, com telas que pertenciam aos altares da basílica e às principais salas do Convento. Também Sebastiano Conca (1680-1764) com a tela “Imaculada Conceição”, tema de particular devoção da ordem fransciscana. Mafra tornou-se o maior centro difusor do gosto romano da época, quer pela quantidade de obras, quer pela diversidade de artistas que para aqui trabalharam. A coleção integra ainda pintores portugueses do século XIX, como António Manuel da Fonseca (1796 – 1890), Silva Porto, Carlos Reis ou João Vaz, pertencentes à coleção pessoal de D. Fernando II, D. Luís e D. Carlos. De destacar, também as marinhas executadas pelo rei D. Carlos e um retrato de D. Manuel II, pintado por José Malhoa em 1908 quando da sua subida ao trono.
  • 41.
  • 42.  Para ornamentar a Real Basílica de Mafra, D. João V fez encomenda de ornamentos e paramentos em França e em Itália . A coleção é composta por paramentos nas cinco cores litúrgicas (carmesim, branco, preto, roxo, verde). Segundo especificação do rei, os paramentos deveriam ser de “...seda, não adamascada nem lavrada, mas sim forte, e de muita dura [... ] bordados a seda cor de ouro a mais parecida que puder ser com o mesmo ouro." A importância desta coleção deve-se também ao grande número de peças que a compõem. Como exemplo, o paramento usado na procissão do Corpo de Deus, tem 25 casulas, 8 dalmáticas, 12 capas bordadas, 70 pluviais, para além de panos de estante, capas de missal, pano de púlpito, umbelas, entre outros. Para a maior parte dos conjuntos existiam ainda dosséis, estandartes, pavilhões de sacrário, etc. Foi ainda encomendada toda a “roupa branca” de sacristia, como albas, roquetes, cotas, toalhas, corporais, sanguíneos, etc.
  • 43.  No inventário da Casa da Fazenda, onde se guardava “toda a roupa q pertence ao comum deste Convento q há-de sobresselente para com ela se ir torneando”, constam diversas peças destinadas à Enfermaria, como guardanapos, toalhas de mão, lençóis para enfermos, quartas de cobre, bules do mesmo, pratos de estanho pequenos, pratos grandes e bacias com jarros do mesmo metal, bacias de pés grandes e pequenas, candeeiros de latão, pratos, canecas, terrinas e alguidares de loiça vidrada, cestas de verga, etc. Para além da camisa de pano de linho, usada habitualmente para dormir e pelos doentes acamados, no Inverno são fornecidas véstias (casacos) de baetão (tecido de lã grosso) forradas a linho, calças do mesmo e meias de lã para os doentes. Estas eram substituídas por meias de linho no Verão.
  • 44.  Estas “pijamas” podiam ser também em saragoça – um tecido grosseiro também de lã, normalmente preto – e forradas de pano. Para cuidar dos doentes, assistiam na enfermaria um enfermeiro-mor, que era um Religioso Leigo e mais dois leigos enfermeiros “que ajudam ao Mor nestes ministérios.” Segundo os Estatutos da Província de Santa Maria da Arrábida de 1689, “Nomeará o Irmão Ministro Enfermeiros para a sobredita enfermaria, buscando sempre os religiosos de mais conhecida religião, e caridade como para tal obra é necessário. Assistirão aos ditos Enfermeiros e, & administrarão a seus doentes o necessário, servindo-os como quiseram ser servidos. ” Conforme as regras vigentes nos hospitais reais, e inspirando-se no Regimento do Hospital Real de Todos os Santos, em Lisboa, o enfermeiro tinha que saber ler e escrever para entender as prescrições do físico/médico. O Irmão enfermeiro devia, assim, cumprir as prescrições médicas, que incluíam a terapêutica medicamentosa e os tratamentos a aplicar como, por exemplo, a colocação de emplastros ou pomadas ou a administração de um clister ou de um vomitório. Cabia-lhe ainda cuidar da higiene dos leitos, do espaço físico da enfermaria (que necessitava de arejamento e desinfeção) e de toda a roupa de linho – que era lavada e colocada à parte da restante roupa a uso no convento – era também obrigação do enfermeiro, ajudado pelos Irmãos leigos. Não existindo médico permanente no Convento, era ao médico e ao cirurgião da vila de Mafra que cabia a obrigação de visitar o convento de manhã e de tarde, houvesse ou não doentes. O médico recebia anualmente 200$000 réis e, quando era necessária uma junta médica, recorria-se ao médico de Torres Vedras, que auferia todos os anos 30$000 réis.
  • 45.  Cabia aquele o diagnóstico da doença, o que fazia medindo a pulsação, apalpando o corpo, sentindo a temperatura, observando a urina e as fezes e, depois, decidir sobre os tratamentos a aplicar em cada caso. O cirurgião, que ganhava anualmente 80$000, com direito a um assistente e dois adjuntos , tinha como funções a extração de dentes, o tratamento de feridas e úlceras e até realizar amputações. Sem formação académica própria, ao contrário dos médicos, a cirurgia era considerada quase um ofício mecânico, por lidar com a anatomia humana, atividade considerada pouco digna para os físicos. Havia também um sangrador que ganhava 50$000 réis anuais, sendo obrigado a vir duas vezes ao dia para saber se havia alguém para sangrar . O sangrador tinha também um adjunto para o auxiliar. As sangrias – e a aplicação de sanguessugas e/ou ventosas – forma terapêutica muito usual na época em que se encarava a doença como um “mal” que estava dentro do corpo e que urgia fazer sair, poderiam também se feitas pelos barbeiros. Os pagamentos eram feitos pela Fazenda Real e, caso faltassem sem justificação, eram multados nos seus salários. Também não podiam sair para fora da vila sem licença do Padre Guardião do Convento. Para além do seu salário, estes funcionários tinham direito a tomar as refeições no refeitório do Convento quando estavam ao serviço. Lembremos que, na época em questão, uma dúzia de ovos na época custava 30 réis, um litro de azeite 140 réis e o bacalhau e o arroz valiam 50 réis o arrátel . Os regulamentos determinavam também que as horas de visita aos doentes deveriam ser quando os frades estivessem fora do Coro, para que todos se pudessem consultar.
  • 46.  quando necessário. Assim, vinham de manhã cerca das 09h30 e à tarde depois das Vésperas, ou seja depois das 15h00. A chegada de ambos era marcada pelo toque do sino da enfermaria, colocado ali perto. O médico tocava quatro badaladas e o cirurgião três, as quais serviam para chamar o enfermeiro e avisar os frades que os quisessem consultar. Ao chegar faziam a ronda dos doentes acamados nas duas enfermarias, acompanhados pelo Irmão enfermeiro, dirigindo-se depois para um gabinete anexo à enfermaria do 1º piso, onde recebia os frades que se quisessem consultar ou receber tratamento por parte do cirurgião. Era também obrigação do médico acompanhar os doentes mais graves durante a noite. O sino da enfermaria era também chamado o sino da agonia, pois tocava também sempre que algum dos irmãos estava próximo da morte. Um acesso à Basílica, através da tribuna sul da capela do Campo Santo, permitia que se levasse o Sacramento da Extrema- Unção, bem como a comunhão aos doentes acamados. A Botica, que abrangia a sala da botica propriamente dita, a Casa do Fogo e umas dependências anexas à enfermaria dos Doentes Graves onde se guardavam em armários envidraçados “as garrafas e frasquinhos dos remédios. Na sala seguinte se guardavam as loiças e vidros com que se davam os remédios aos doentes.”
  • 47.  Na botica trabalhavam um Mestre Boticário e um oficial, ambos com “gravíssimos ordenados”, ou seja não eram frades do convento, uma vez que estes não eram pagos. Os medicamentos preparados na Casa do Fogo, verdadeiro laboratório farmacêutico do século XVIII, eram elaborados a partir de ervas e raízes provenientes da Cerca do convento, seguindo possivelmente a Pharmacopea Lusitana, da autoria de D. Caetano de Santo António, cónego regrante de Santo Agostinho, datada de 1704, ou a Pharmacopea Tubalense Chimico-Galenica, publicada em 1735, ambas obras de referência na farmacopeia da época e existentes na Biblioteca de Mafra. Constipações, tosses e doenças respiratórias eram bastante frequentes no frio Convento de Mafra. Aliás, os primeiros doentes do Convento de que temos conhecimento sofriam de doenças pulmonares, causadas pela humidade das paredes caiadas que ainda não tinham secado completamente quando a comunidade aqui se instalou.
  • 48.  Diversos destes doentes acabaram por morrer. Até substâncias tão exóticas como as pérolas, o coral ou âmbar eram, segundo o boticário da Corte Manuel Rodrigues Coelho (n. 1687), autor da referida Pharmacopea Tubalense, usadas na preparação de cordiais “próprios para resistir ao veneno, para reparar as forças e purificar o sangue, destruindo e desfazendo todos os ácidos e servindo de muito alívio nas hemorragias, camaras e semelhantes enfermidades...” Existem nos arquivos algumas receitas usadas nesta botica datas da época em que convento foi de novo usado pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Assim, por exemplo:  Tome D. Prior Reitor  Cozm.to [Cozimento] de Alteia e Cevada ------------------------- Lib. uma onça  Xarope de Avenca ----------------------------------------- uma onça  A pt.e  [à parte]  Cataplasma de linhaça  feita em cozim.to de Alteia e Óleo de Amêndoas Doces --------------------- Lib. uma onça  ou  Tome D. Jaime da Paixão  Decoção de raiz de Chicória e cevada ------------------------------------------- huma e meia  Inf. [fusão]  Folhas de sêmea ----------------------------------------------------------------------- oz. [onças] tres  Tamarindos ---------------------------------------------------------------------------- oz. [onças] duas Assim, por exemplo:  Tome D. Prior Reitor Cozm.to [Cozimento] de Alteia e Cevada ------------------------- Lib. uma onça  Coe Dest. Mamão ------------------------------------------------------------------------------- oz. [onças] duas  Sulfato de soda ---------------------------------------------------------------------- oz. [onça] e meia Tome Xarope de Alteia ----------------------------------- ---------------------------------- oz. [onça] e meia  Para todos estes preparados, muitos eram os utensílios e instrumentos usados. Seguindo os inventários atrás referidos, podemos mencionar, por exemplo, 45 redomas de vidro grandes, 52 ditas menores, 51 vidros de rolha [frascos] pequenos, 40 açucareiros de vidro, 43 panelas, tachos, 2 alambiques de cobre, um maior que o outro, 5 graes de pedra, uns maiores que os outros, 2 balanças de arame [metal], 2 almofarizes de bronze, 4 espátulas de latão, 3 espátulas de ferro, 2 escumadeiras de arame, 1 peneira, 1 pedra de preparar, 1 funil de latão, 1 jogo de medidas de quartilho, meio quartilho e onça, etc. etc  Outro dado curioso sobre Mafra surge numa correspondência entre o Ministro Plenipotenciário da Rússia na Haia, Dmitri Alekseevitch Golitsin, e o Cônsul-Geral da Rússia em Lisboa, Iohann Anton Borchers, do ano de 1770.
  • 49.  e o Cônsul-Geral da Rússia em Lisboa, Iohann Anton Borchers, do ano de 1770. Nestas cartas se fala de uma “terra de Mafra” reputada por curar o cancro, que o Cônsul deveria enviar para Moscovo a pedido da Imperatriz Catarina II. Para tal deveria recorrer aos bons ofícios do então Conde de Oeiras, mais tarde Marquês do Pombal, que se encontrava por esses dias em Mafra. Com o passar do tempo, o número de frades no Convento foi diminuindo, pelo que se tornou desnecessário usar todos estes espaços. Assim, nos finais do século XIX, quando o Príncipe Regente, futuro D. João VI, se instala em Mafra com toda a corte, houve necessidade de ocupar algumas zonas do convento. A Enfermaria dos Convalescentes, que na época já era utilizada apenas para o Noviciado, tornou-se Capela Real, sendo ainda hoje a Capela da instituição militar que ocupa a área do convento desde 1834. A Enfermaria dos Doentes Graves foi também anexada ao Palácio para servir de quartos para os Camaristas. Os doentes passaram então a ser tratados de novo na antiga Enfermaria Velha, junto às Casas da Procuração. Assim, aqui tudo foi pensado ao pormenor: disposição funcional dos espaços, condições de higiene, conforto material e religioso dos doentes graves, moribundos ou convalescentes, dietas especiais e alimentação comum, escolha de médicos e enfermeiros e normas que eram obrigados a cumprir, etc. Por vontade e a expensas do Rei D. João V, as enfermarias foram equipadas com os mais modernos dispositivos médicos do tempo e para a Biblioteca foram adquiridos os mais importantes tratados e livros de medicina até então conhecido.
  • 50.  Nestas cartas se fala de uma “terra de Mafra” reputada por curar o cancro, que o Cônsul deveria enviar para Moscovo a pedido da Imperatriz Catarina II. Para tal deveria recorrer aos bons ofícios do então Conde de Oeiras, mais tarde Marquês do Pombal, que se encontrava por esses dias em Mafra. Com o passar do tempo, o número de frades no Convento foi diminuindo, pelo que se tornou desnecessário usar todos estes espaços. Assim, nos finais do século XIX, quando o Príncipe Regente, futuro D. João VI, se instala em Mafra com toda a corte, houve necessidade de ocupar algumas zonas do convento. A Enfermaria dos Convalescentes, que na época já era utilizada apenas para o Noviciado, tornou-se Capela Real, sendo ainda hoje a Capela da instituição militar que ocupa a área do convento desde 1834. A Enfermaria dos Doentes Graves foi também anexada ao Palácio para servir de quartos para os Camaristas. Os doentes passaram então a ser tratados de novo na antiga Enfermaria Velha, junto às Casas da Procuração.
  • 51.  Assim, aqui tudo foi pensado ao pormenor: disposição funcional dos espaços, condições de higiene, conforto material e religioso dos doentes graves, moribundos ou convalescentes, dietas especiais e alimentação comum, escolha de médicos e enfermeiros e normas que eram obrigados a cumprir, etc. Por vontade e a expensas do Rei D. João V, as enfermarias foram equipadas com os mais modernos dispositivos médicos do tempo e para a Biblioteca foram adquiridos os mais importantes tratados e livros de medicina até então conhecido.
  • 52.  Mas, talvez a preocupação mais relevante e “moderna” na instalação deste “hospital” foi a importância dada às condições de higiene, que vão desde a limpeza dos “quartos”, passando pela utilização de azulejos por serem fáceis de limpar, a frequência para mudar a cama, ou a higiene dos próprios pacientes, para a criação de um caminho adequado para a disposição dos “vasos imundos”, o isolamento da enfermaria em caso de doenças contagiosas ou a possibilidade de conduzir os mortos diretamente para o cemitério, sem passar pelo resto do convento. O Convento Real da Enfermaria de Mafra foi, assim, um exemplo de boa prática em cuidar dos doentes no início do século XVIII.
  • 53. Tem forma octogonal, situa-se antes do refeitório e era destinada à lavagem das mãos em quatro grandes lavatórios em forma de urna colocados nos cantos, tendo cada um seis torneiras de bronze. As urnas recebiam água vinda da Tapada.
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  • 59. O Palácio de Mafra era visitado regularmente pela Família Real que aqui vinha várias vezes ao ano, normalmente para caçar na Tapada. Todo o mobiliário e decoração desta sala é alusivo a este gosto dos reis.
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  • 64. Enfermaria destinada aos doentes graves. Os doentes eram aqui assistidos por frades-enfermeiros, recebendo a visita diária do médico e do sangrador. Sobre cada cama fixava-se a receita deixada pelo o médico para que o doente soubesse se o enfermeiro seguia corretamente as suas instruções. Daqui sai uma escada para o Campo Santo, pela qual desciam os defuntos. As camas ficavam viradas para o altar, ao fundo da sala, para que os doentes pudessem assistir à celebração da missa.
  • 65.  O arco e as colunas que enquadram o altar e as portas laterais são profusamente decoradas com motivos de conchas, búzios, pérolas e motivos vegetais, evocando algumas das substâncias utilizadas na preparação de medicamentos. Curiosamente, na decoração destas portas aparece o único retrato de D. João V existente em todo o edifício gravado numa moeda, entre várias outras, dentro de um saco que sai de uma cornucópia.
  • 66.  A Enfermaria dos Doentes Graves situava-se no 2º piso do Convento, tendo como acesso uma única porta de ligação ao Convento, permitindo assim o isolamento em caso de doenças contagiosas. Da antecâmara desta enfermaria, uma escada conduzia diretamente ao Corredor do Campo Santo, local onde se enterravam os mortos após o serviço fúnebre, muitas vezes realizado na Capela do mesmo nome.  Quer a Enfermaria dos Convalescentes quer a dos Doentes Graves estavam divididas por tabiques de madeira em 16 pequenas alcovas ou “beliches”, cada uma com sua cama, mesa com gaveta para nela se guardar o talher e o guardanapo, um cabide para pendurar o hábito e, na reentrância formada pela espessura da parede, uma caixa com bacio, separada por uma cortina.  A cama tinha um colchão de palha, uma almofada de aparas de cortiça, lençóis e um cobertor de papa. Havia também em cada alcova um assento com almofada para as visitas. As alcovas eram fechadas por cortinas de pano branco  . Por detrás das alcovas, um pequeno corredor com uma entrada para cada uma permitia cuidar de cada doente sem incomodar os outros. Cada alcova estava também forrada a azulejos brancos, sendo apenas as enfermarias e as cozinhas que apresentam este revestimento mural, tão tradicional em Portugal o que e se prende com preocupações de cariz sanitário pois torna os espaços mais fáceis de limpar, permitirem uma boa higienização, prevenindo a contaminação e a propagação de doenças. Por cima de cada cama estava ainda um painel figurativo em azulejo representando Cristo crucificado e, aos pés, outro com Nossa Senhora da Conceição rodeada de anjos.
  • 67.  Na “enfermaria do doido", uma cama de abas articuladas que permitia cuidar do doente baixando essas abas que, quando subidas, o impediam de cair da mesma.  Ao tempo, o conceito de loucura podia aplicar-se não apenas a doentes mentais, mas também a doentes com delírios provocados por febres altas ou outras patologias como a epilepsia, por exemplo. Anexas às enfermarias ficavam outras cinco casas que lhes davam apoio, como a casa “que serve para se tomarem os banhos – por exemplo, no inventário de 1792, é registada uma tina de tomar banho, comprovando esta prática – e se curarem os Donatos enfermos” , a casa dos armários, onde se guardavam os frascos com as ervas e os medicamentos, os gabinetes do médico e do cirurgião, as celas para os enfermeiros, um pequeno refeitório “dos Convalescentes, e dos que por necessidade comem carne nos dias de jejum” e ainda as chamadas Casas do Fogo. Na Casa do Fogo do piso térreo se fazem as destilações as destilações necessárias e as mais preparações de remédios que dependem de se fazer ao fogo enquanto a Casa do Fogo do Piso 2 serve de cozinha para os enfermos e seus enfermeiros. Uma escada servia de elo de ligação entre as casas do fogo, as casas para o médico e cirurgião e as enfermarias e, através de outra pequena escada junto à cozinha, se tinha acesso a uma latrina para satisfação das necessidades dos irmãos enfermeiros e dos doentes não acamados.
  • 68.  Esta representação de Cristo crucificado e em sofrimento em vez de Cristo em glória é característica dos franciscanos, a partir do século XVIII. Por sua vez, a Virgem Maria representa a mãe que intercede junto do Filho pelos doentes. Junto à cabeceira ficava pendurada uma toalha e, sobre a cama, um prego onde o médico deveria deixar um papel “que mostre a cada enfermo os remédios, que devem tomar, as horas em que os hão de tomar, e aquelas em que devem comer, e para que o doente saiba se o enfermeiro faz o que lhe mandam.” Em ambas as enfermarias existia um altar na parede nascente, para o qual estavam viradas todas as camas para que os enfermos aí deitados pudessem seguir os ofícios divinos.
  • 69.  Alguns doentes podiam também beber vinho, cerca de 2 copos por pessoa por dia, tal como para os outros frades do convento, mas a cerveja preta era apenas destinada ao uso dos enfermos. Por vezes, bebiam também vinho do Porto. A quantidade de pão é também significativa. Comiam também fruta, normalmente laranjas, doce, marmelada e queijo flamengo. As “rações” para a enfermaria incluíam ainda açúcar mascavado e açúcar branco (refinado), cerca de um arrátel por dia, ou seja perto de 1/2 quilo (459,5 g), sal, toucinho, ovos, azeite, manteiga, farinha, sêmeas, tabaco e rapé, aguardente, etc. Açúcar, vinho e aguardente eram também usados para a preparação dos remédios.
  • 70. É retangular, com teto abobadado e 45 janelas (25cegas). As mesas são de madeira do Brasil, colocadas ao longo da sala e com bancos de um só lado. Sobre as mesas principais, estava a pintura de Pierre Quillard, “Ceia dos Discípulos de Emaús”. De cada lado da sala existe um púlpito em madeira do Brasil que servia para o Leitor recitar trechos dos livros sagrados durante as refeições. Apenas ficou concluído em 1734 ou seja 4 anos depois dasagração da Basílica.
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  • 73. O mosteiro reflete bem o estilo de vida dos monges franciscanos, humilde, apenas com o essencial. Possuindo uma cozinha, a botica, o hospital dentro de uma capela, e uma série de celas com abertura para um corredor central, onde se colocavam as camas dos doentes durante os ofícios religiosos, e as celas dos monges contendo os artefactos de autopunição para expiação dos pecados. Cemitério
  • 75.  Campo Santo  O corredor do Campo Santo era destinado à sepultura dos frades do Convento e a Capela era destinada aos funerais dos que aqui morriam. Aos doentes , impossibilitados de se deslocarem, era  dada a possibilidade de assistir aos ofícios a partir das tribunas laterais.
  • 76. A Basílica de Mafra possui um total de seis órgãos, únicos no mundo, para os quais existem partituras que só aqui podem ser executadas. No seu interior tem, ainda, um total de onze capelas com quatrocentas e cinquenta esculturas de mármore, quarenta e cinco tribunas e dezoito portas. No reinado de D. João V, todas as cerimónias na basílica eram acompanhadas de canto gregoriano. D. João V, apreciador da arte, reunia-se com frequência com os frades acompanhando-os no canto.
  • 77.  Construída por Manuel Caetano de Sousa, tem 88 m de comprimento, 9.5 de largura e 13 de altura. O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira estilo rococó, situadas em duas filas laterais, separadas por um varandim contêm milhares de volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos séculos XIV ao XIX. Entre eles muitas jóias bibliográficas, como incunábulos. Estes volumes magníficos foram encadernados na oficina local, também por Manuel Caetano de Sousa
  • 78.
  • 79.  O maior tesouro de Mafra é a sua biblioteca, com chão em mármore, estantes em estilo rococó e uma coleção de mais de 30 000 livros com encadernações em couro gravadas a ouro, incluindo uma segunda edição de Os Lusíadas de Luís de Camões. Abrange áreas de estudo tão diversa como a medicina, farmácia, história, geografia e viagens, filosofia e teologia, direito canónico e direito civil, matemática, história natural, sermonaria e literatura.  Situada ao fundo do segundo piso, a estrela do palácio, rivaliza em grandiosidade com a Biblioteca da Abadia de Melk, na Áustria. Desenhada por João Frederico Ludovice, sendo as estantes de autoria de Manuel Caetano de Sousa, tem 88 metros de comprimento, 9,5 metros de largura e 13 metros de altura. O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira em estilo rococó, situadas em duas filas laterais e separadas por um varandim, contêm milhares de volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos séculos XV ao XIX. Entre eles, muitas joias bibliográficas, como incunábulos. Muitos deste volumes foram encadernados na oficina local. A biblioteca de Mafra é também conhecida por acolher morcegos, que ajudam a preservar as obras.
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  • 84. O palácio possui, ainda, um conjunto de relógios de sol em pedra, constituído por dois relógios verticais, um deles com dois mostradores, orientados respetivamente para Leste e Oeste, e um relógio horizontal. Estão situados numa pedra em forma de cubo, ficando o relógio horizontal no topo. Em todos eles as marcações são em numeração romana.
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  • 87.  O palácio possui dois carrilhões, mandados fabricar em Antuérpia e em Liège por D. João V, com um total de 92 sinos. São os maiores carrilhões do século XVIII existentes no mundo. Cada um deles cobre uma amplitude de quatro oitavas (por isso considerados carrilhões de concerto).  Foram realizados por dois fundidores de sinos dos Países Baixos: Willelm Witlockx, um dos mais respeitados fundidores de sinos em Antuérpia e Nicolaus Levache, um fundidor de Liège responsável por diversos carrilhões e que deixou, efetivamente, em Portugal uma tradição de fundição que perdurou por mais de um século após a conclusão do trabalho em nada  Este conjunto único inclui também o maior conjunto conhecido de sistemas de relógios e de cilindros de melodia automática; ambas as torres de Mafra possuem mecanismos automáticos de toque (quatro cilindros rotativos com cavilhas e alavancas) Este é um marco mundial para o estudo, quer da música automática quer da relojoaria. Estes complexos engenhos são capazes de tocar de modo intermutável de entre cerca de dezasseis diferentes e complexas peças de música, em qualquer momento. Os cilindros melódicos de Mafra foram executados pelo famoso De Beefe, construtor de relógios dos Países Baixos da primeira metade do século XVIII.
  • 88.  São um conjunto de órgãos de tubos, único no mundo, composto por seis instrumentos concebidos e construídos ao mesmo tempo, para tocarem juntos.  São denominados de Evangelho, Epístola (ambos na Capela-Mor), Sacramento, São Pedro de Alcântara (ambos no transepto norte), Conceição e Santa Bárbara (ambos no transepto sul).  Foram construídos pelos dois mais importantes organeiros portugueses da época, António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes , e foram concluídos entre 1806 e 1807, por ordem do Príncipe Regente. Os dois últimos foram inaugurados em 4 de Outubro de 1807. Nesse ano foram escritas e tocadas várias composições envolvendo todos os seis órgãos[1].  As Invasões Francesas e a consequente transferência da corte portuguesa para o Brasil, ocorridos logo após a sua conclusão, levaram à deterioração dos órgãos por falta de manutenção. Uma década depois, possivelmente na expectativa do retorno da Família Real portuguesa — os seis órgãos foram submetidos a uma grande intervenção. O objetivo desses trabalhos, realizados por Machado e Cerveira, não era apenas reparar os instrumentos, mas também aumentá-los. Infelizmente, os trabalhos foram interrompidos alguns anos depois (Machado e Cerveira morreu em 1828) e vários itens, como a remontagem do órgão de São Pedro de Alcântara, ficaram inacabados [2].  Até 1998, os órgãos apenas foram objeto de pequenos reparos. Nesse ano, iniciou-se o restauro global do conjunto, que ficou concluído em 2010. Este projeto incluiu a reconstrução do órgão São Pedro de Alcântara, incorporando todos os materiais recuperados desde a sua desmontagem, ocorrida por volta de 1820[3].  Os seis órgãos, embora diferentes, têm várias características comuns, típicas da escola de Cerveira e Fontanes .  Todo o conjunto se encontra presentemente em funções, sendo realizados anualmente vários concertos de órgãos por iniciativa do Palácio Nacional de Mafra e da Câmara Municipal de Mafra. São igualmente tocados em funções religiosas da paróquia de Mafra, nomeadamente nas missas que antecedem as procissões da Quaresma de Mafra.
  • 89. Ao centro, a imponente fachada é valorizada pelas torres da basílica coberta com uma cúpula. O interior da basílica é forrado a mármore e equipado com seis órgãos do princípio do século XIX, com um repertório exclusivo que não pode ser tocado em mais nenhum local do mundo. O átrio da basílica é decorado por belas esculturas italianas. Aqui existiu ainda a Escola de Escultura de Mafra, criada por D. José em 1754, foram muitos os artistas portugueses e estrangeiros que aí estudaram sob a orientação do escultor italiano Alessandro Giusti..
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  • 92. Património Mundial da Humanidade Os órgãos, juntamente com todo o Real Edifício de Mafra, foram declarados em 2019, como Património Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
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  • 97. O real edifício de Mafra é um organismo complexo, delimitado nos seus ângulos por duas torres-blocos, de linguagem militar, onde vamos encontrar os palácios do rei e da rainha, tendo a igreja como ponto central. O convento ocupa a parte de trás do edifício, ou seja, a fachada principal é destinada ao rei, e na sua parte posterior é que vai surgir o convento.
  • 98.  A basílica é uma obra de enormes dimensões que, num só edifício de grande escala, consegue reunir uma igreja, um convento e um palácio. Sendo a obra de maior referência no reinado de D. João V, o chamado período joanino. Numa altura em que Portugal vivia uma monarquia absoluta, esta obra nasce mais por necessidade política, usando o ouro vindo do Brasil. Desta forma, D. João V vai criar uma marca do seu reinado e mudar o paradigma da artes em Portugal.  Destinado à Ordem de São Francisco, o Convento foi pensado inicialmente para 13 frades, mas o projeto foi sendo sucessivamente alargando para 40, 80 e finalmente uma comunidade de 300 religiosos e palácio real.  É escolhido para seu arquiteto João Frederico Ludovice, ourives arquiteto e engenheiro militar prussiano que estudara arquitetura em Itália. João Frederico Ludovice dirige a obra até 1730 e para sua conclusão deixa seu filho João Pedro Ludovice também arquiteto formado na escola de risco Mafrense.  Por vontade do Rei, a cerimónia da sagração da Basílica foi realizada no ano de 1730, a 22 de outubro, data do seu 41º aniversário, que nesse ano caía a um domingo, dia destinado pelo ritual da Igreja para esse fim, embora as obras ainda estivessem bastante atrasadas.  Trezentos e vinte e oito frades arrábidos ingressaram então na comunidade de Mafra, vindos de diversos conventos na região mandados extinguir por Decreto Real.  Já no reinado de D. José, os franciscanos foram enviados para o Convento da Arrábida, em Setúbal e os Cónegos Regrantes de S. Agostinho transferidos da Patriarcal para o Convento de Mafra, onde se instalaram em 1771. Data da permanência dos agostinhos em Mafra a encomenda das estantes da Biblioteca, em madeira entalhada em estilo rococó, ao arquiteto Manuel Caetano de Sousa.  No reinado de D. Maria I, em 1791, os franciscanos regressam de novo a Mafra, mas apenas em número de duzentos.  A basílica alberga, ainda hoje, a paróquia de Mafra (Santo André) e a Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra.
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  • 101.
  • 102. .  O palácio era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar na tapada. Hoje em dia decorre aqui um projeto para a preservação dos lobos ibéricos. As melhores mobílias e obras de arte foram levadas para o Brasil, para onde partiu a família real quando das invasões francesas, em 1807. O mosteiro foi abandonado em 1834, após a dissolução das ordens religiosas. Durante os últimos reinados da Dinastia de Bragança, o Palácio foi utilizado como residência de caça e dele saiu também em 5 de Outubro de 1910 o último rei D. Manuel II para a praia da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio.
  • 103.  Depois de em 1887, a Escola Prática de Infantaria e Cavalaria ter ocupado nas antigas dependências conventuais, tendo se efetuado as necessárias obras de adaptação, em 1910 é extinta a Escola Real de Mafra, instalada em parte do edifício e o palácio é nacionalizado pelo regime republicano.  Até 2010, data da sua morte, o único residente do Palácio foi um antigo tipógrafo, de nome Gil Mangens. Descendente de uma família de origem francesa, que chegou a Lisboa no século XVIII por altura da construção do Palácio, na pessoa de um gravador de nome Mangens, devotou, à imagem de seu pai e avô, toda a sua vida ao monumento que o acolhe.  Até 1997 o "Palácio Nacional de Mafra" estava ocupado por cinco entidades: o IPPAR (o Palácio, com área de receção e circuito de visita), a Escola Prática de Infantaria de Mafra (EPI), a Câmara Municipal de Mafra, a Igreja (serviços da paróquia) e o Tribunal de Mafra.  Com o programa de revitalização e recuperação de fachadas e coberturas, nomeadamente limpeza das fachadas, rebocos e pintura do exterior e dos pátios e claustros; arranjo, limpeza e conservação das coberturas em andamento desde 1994 promovido pelo IPPAR, em 1997 é elaborado um estudo prévio à recuperação e revitalização do Palácio. Da responsabilidade do atelier dos arquitetos. Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas e Pedro Botelho, o estudo previa o reordenamento dos espaços do edifício, criando os necessários apoios (nova receção e cafetaria), valorizar o percurso em causa através da instalação de um polo museológico, melhorar o acesso ao Convento / Palácio, articular o edifício com as valências de carácter urbano da envolvente (o jardim da Cerca e a Tapada), e permitir a partilha de espaços com a Escola Prática de Infantaria; para tal, tornou-se prioritário assegurar: a recuperação da Ala Norte do andar nobre; a remodelação da ala Sul, de acordo com a proposta de reordenamento museológico a apresentar; beneficiação do acesso à Biblioteca; integração de uma pinacoteca na ala Sul.; instalação de serviços de apoio no piso térreo; acesso aos pátios da Basílica.
  • 104.
  • 105.  Coleções O espólio do Palácio Nacional de Mafra inclui peças provenientes do Convento de Nossa Senhora e Santo António, predominantemente do século XVIII, que inclui pintura, escultura, metais, paramentos, entre outros, encomendados por D. João V aos principais centros de arte europeus e peças originárias do Paço Real que são essencialmente do século XIX e que refletem a funcionalidade do palácio como residência de lazer ligada à caça praticada pela família real.
  • 106. De modo a atingir o nível de Luís XIV, o rei D. João V tornou o seu reinado um dos mais sumptuosos. A construção do convento de Mafra só o demonstra ainda mais pois, apesar de não equivaler ao palácio deVersalhes, foi a maior construção de todos os tempos em Portugal. Obra central do reinado de D. João V, o Palácio- Convento de Mafra,foi o projeto colossal do Barroco português. (Classificado como Monumento Nacional em 1910, foi um dos finalistas para uma das Sete Maravilhas de Portugal a 7 de Julho de 2007.) A 7 de julho de 2019 durante a 43.ª sessão em Baku, Azerbaijão