Este documento discute a reabilitação da atenção em distúrbios da atenção. Apresenta os tipos de atenção e áreas cerebrais associadas. Aborda a reabilitação da atenção espacial, como o neglect unilateral, e da atenção não espacial, focando no treino funcional através de objetivos individuais.
2. Atenção: o que é?
“É a tomada de controlo da
mente de forma clara e vívida,
de um dos vários objetos
possíveis ou linhas de
pensamento. Focalização,
concentração e consciência são
chave. Implica a retirada de
alguma coisa para lidar de
forma efetiva com outra.”
William James, 1980
3. Atenção: o que é?
Mantém-se a noção de seletividade
no sentido em que para atender a um
determinado estímulo poderá ser à
custa de outro (capacidade limitada)
assim como à relação próxima entre a
atenção e a experiência consciente do
indivíduo.
4. Atenção: Posner e Peterson (1990)
O cérebro possui redes
neuronais específicas para a
atenção ≠ Tipos de atenção de acordo
com a tarefa, tendo ativações
em ≠ áreas cerebrais
5. Atenção: Posner e Peterson (1990)
Tipos de atenção:
Atenção
espacial/Orientação –
capacidade de prioritarizar
informação proveniente do
espaço
Atenção focada/Seletiva –
reprimir estímulos
irrelevantes em prol de
informação relevante
Vigília: estado de alerta,
pronto a responder
6. Atenção e
traumatismos crânio
encefálicos:
É das queixas mais comuns: só a
orientação constitui 50%
Melhorias a nível atencional reflete-
se positivamente na recuperação da
lesão
7. Reabilitação neuropsicológica:
As melhorias devem
refletir-se nas atividades
do quotidiano do sujeito
Estudos e instrumentos
que mensurem a
atenção estão pouco
desenvolvidos
Tem em consideração os
objetivos individuais do
paciente mas também a
nível psicossocial ao
intervir com a família
8. Incapacidade de atender, agir perante ou capacidade
gerar representações mentais no lado oposto ao que se
sofreu a lesão
Atenção espacial: Neglect
unilateral
9. Neglect unilateral e AVC:
É a causa mais
comum
Lesões no
hemisfério
esquerdo: 65%
Lesões no
hemisfério direito:
82%
Neglect no
hemisfério direito
tendem a tornar-se
crónicas
Neglect no
hemisfério
esquerdo
recupera-se mais
facilmente
10. Neglect e áreas associadas:
Lesões no córtex parietal
Lesões no lobo frontal e temporal
Estruturas subcorticais
11. Neglect vs. perturbações do campo visual
Afeta a
consciencialização do
neglect devido ao seu
local e não onde cai na
retina
Lesões a nível das
células da retina
12. Neglect:
Afeta a visão, audição
e o tato
Pode afetar o input
percecional e a criação
de representações
mentais
Pacientes demonstram
uma recuperação
relativamente rápida
13. Neglect: Winstraub e Mesulam (1987)
Hemisfério esquerdo
é responsável por
alocar a atenção na
metade direita
Hemisfério direito
dirige a atenção para
a esquerda ou direita
Lesões no hemisfério
direito leva ao
surgimento de um
bias à direita pois o
hemisfério esquerdo
está intacto
Todavia, o hemisfério
direito é incapaz de
compensar lesões no
esquerdo
14. Neglect: outras teorias
Lesões nas zonas
não espaciais do
hemisfério pode
justificar a
persistência do
Neglect
Outro estudo
demonstrou que o
neglect pode
reaparecer numa
tarefa que envolva
orientação quando
é dado mais que do
uma tarefa que
envolva a atenção
15. Neglect unilateral e reabilitação:
O uso de instrumentos que
potenciem a
consciencialização por parte
do sujeito do seu
comprometimento é pouco
provável de ser eficaz
Temos que ter em
consideração que o ambiente
em que as provas são
recolhidas pouco ou nada se
assemelha ao quotidiano do
paciente e perder dados
residuais
16. Neglect unilateral e reabilitação: adaptação
da lente prisma
1. Antes de utilizar as lentes prisma,
capaz de apontar ao objeto
2. A usar as lentes que distorcem a
imagem para a direita, incapacidade de
apontar corretamente ao objeto
3. Tentativa-erro até adquirir
aprendizagem
4. A remoção das lentes promove uma
distorção na direção oposta
5. A esta correção dá-se o nome de
efeito negativo posterior
17. Neglect unilateral e reabilitação: adaptação
da lente prisma
O campo visual é ampliado para cima/baixo, da
esquerda/direita ou invertidos
Melhores resultados terapêuticas quando os prismas são
usados temporariamente para gerar o efeito negativo posterior
18. Neglect unilateral e
reabilitação: eye patching
• A parte superior do colliculi encontra-se
envolvida na coordenação dos movimentos
oculares e muda a atenção contralateralmente
• Hemisfério direito reprime a atividade no lado
esquerdo e vice versa
• À medida que o colliculi primário recebe input
do olho contralateral invés do campo visual
• Butter and Kirsch (1992) hipotetizaram que
estimulaçãopreventiva ao colliculus esquerdo
ao tapar o olho direito poderia
19. Neglect unilateral e reabilitação: treino de
varrimento visual, Lawson (1962) e Pizzamiglio
(1992)
Tentativa de diminuir
o nº de omissões de
palavras do lado
esquerdo ao ler um
livro
Treino sistemático em
que o sujeito teria de
encontrar a margem
esquerda antes de
começar a ler a linha
Foi eficaz na redução
de omissões
Programa em que os
participantes
obtinham 40h de
treino
Numa fase inicial eram
dadas sugestões para
encorajar o
desempenho no
varrimento visual
À medida que haviam
melhorias estas iam
desaparecendo, eficaz
especialmente nas
tarefas quotidianas
20. Neglect unilateral e reabilitação: estimulação
optocinética, calórico-vestibular e vibração
muscular do pescoço
Optocinética – fundo
com pontos em
movimento induz
movimentos
involuntários dos olhos
Calórico-vestibular –
quando uma diferença de
temperaturas (fria ou
quente) induz a distorção
através do sistema
vestibular
Vibração muscular do
pescoço – visa criar a
ilusão que a cabeça se
encontra invertida
21. Neglect unilateral e
reabilitação: ativação de um
membro
Observaram que os pacientes apresentavam
níveis inferiores de neglect quando usavam a
mão esquerda para apontar a alvos que se
encontrassem à direita
Estudos posteriores demonstraram ser difícil
sustentar tal possibilidade
Muitos pacientes com neglect apresentam
hemiplegia ou tem dores a realizar
movimentos para a esquerda
Os neurónios espelho são ativadas durante a
execução do movimento
22. Neglect unilateral e reabilitação: aumento dos
níveis de excitabilidade geral
Atividade dos membros
esquerdos parece ser um
fator que modula o neglect Outro fator é o estado de alerta
geral do individuo (apoio através
das técnicas de neuroimagem)
23. Reabilitação da atenção não espacial:
direcionada a objetivos funcionais
São de mensuração
mais difícil uma vez
que operam em
conjunto com outras
funções sendo
complicado não
haver interferência
com outras causas
que possam levar ao
baixo desempenho
Mesmo as medidas que
apresentam melhores
níveis de especificidade,
ficam aquém no que
concerne à validade
ecológica.
A forma de evitar
situações destas é
focarmo-nos nos
objetivos funcionais do
sujeito
24. Reabilitação da atenção não espacial: treinar
atenção através de medidas abstratas
Existem programas
de reabilitação
estandardizados e
relativamente
acessíveis
monetariamente que
servem para treino
cognitivo, incluindo a
nível atencional.
Porém, este
método somente
demonstra que há
uma
aprendizagem
relativamente à
prova e não um
melhoramento da
estrutura afetada
25. Reabilitação da atenção não espacial: treinar
atenção através de medidas abstratas
As
intervenções
devem estar
respeitar a
validade
ecológica (e.g.
desligar a
televisão e o
rádio quando
sai de casa)
Embora maus desempenhos nestas provas
possam estar associados à lesão há que ter
em consideração as questões motivacionais
26. Conclusão
É possível reabilitar as
AVD’s do sujeito que
por si só influencia os
níveis atencionais
Se a abordagem
baseada em objetivos
funcionais apresenta
melhorias na atenção
Se o treino de provas
abstratas apresenta
influencia os objetivos
funcionais