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A verdade sobre as “férias” dos
professores.
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Alexandre Henriques
-
30 março, 2018
57815
125
Vou descansar uns dias. Nesta altura lembro-me sempre de um texto que
publiquei a 28-12-2015. Fiz uma ligeira atualização, mas continua muito atual.
Bom descanso a todos 😉
Tenho um vizinho que me disse em setembro, ”então já voltaste ao trabalho?”,
a minha resposta foi um óbvio sim. Ato contínuo sou “acariciado” com um
miminho venenoso… “também já chega de férias, não?”. Este é apenas um
exemplo que comprova a opinião que os professores têm muitos dias de férias.
E será verdade? Não, mas também sim…
Porque não?
Legalmente os professores usufruem dos mesmos dias de férias que os outros
trabalhadores da função pública, por isso, as chamadas férias de Natal ou Páscoa,
são meras interrupções letivas.
Porque sim?
Deixemo-nos de hipocrisias. Sim, é verdade que depois das reuniões de avaliação
do 1º e 2º período (Natal e Páscoa), bem como na interrupção do Carnaval, a
maioria do corpo docente não se apresenta ao serviço e usufrui de uns
dias de descanso. Exceção feita aos membros da direção que costumam
manter-se em serviço durante mais alguns dias.
No final do ano letivo, já não é bem assim, até meados de julho existe trabalho
significativo para burocratizar o dia-a-dia dos professores. A segunda quinzena
de julho é claramente mais “soft” e é caracterizada por um arrumar de malas
para os “Algarves” e afins.
Os professores não devem nada a ninguém no que diz respeito a horas
de trabalho, nem devem aceitar lições de moral sobre este
assunto. Somos das profissões que mais horas dá, e sublinho dá, pois
são mesmo dadas. A profissão de professor é referência nas intituladas
profissões de desgaste rápido ou profissões com elevada taxa de burnout. Será
um exagero? Deixo-vos apenas um cheirinho do que faz um professor…
A profissão de professor tem duas partes, uma visível, que é quando o professor
está na escola a lecionar e a tratar do trabalho burocrático. Outra é a parte que
eu intitulo de “gruta”, onde o professor se apresenta frequentemente entre as 21
ou 22 horas, após despachar as crianças para a terra do “João Pestana”,
mergulhando num mundo infindável da preparação de aulas, materiais para as
ditas e testes, muitos testes… Enquanto está na gruta, o professor abdica do seu
tempo familiar, da adorável da chaise longe, onde pode ver a novela da moda,
ler o tal livro que anda a tentar terminar há 3 meses, ou simplesmente ficar na
“sorna” até ser acordado pela sua cara metade, com um desagradável “vai mas
é para a cama que já estás a dormir no sofá”. A dita qualidade de vida 😉
Mas tudo começa no início do ano, são as planificações, as reuniões, a preparação
de dossiers, caracterizações de turmas, atualização do “grelhador”, avaliações
diagnosticas, entre outras coisas maravilhosas…
Ao começarem as aulas, surge a sua constante preparação e só isso obriga a
uma dedicação sistemática que não é valorizada pela população em geral. As
pessoas têm de compreender, que os professores em cada aula estão perante
20/30 alunos e seria no mínimo imprudente entrar no “ringue” sem estar munido
de atividades e estratégias que potenciem a aprendizagem. Depois surgem os
testes… Sabem quantos alunos tem um professor? 200, 300, alguns podem
chegar aos 400 alunos. Imaginem o que é corrigir centenas de testes,
continuando a preparar e a dar aulas, além de cumprir com os requisitos de
cargos, como por exemplo de direção de turma. E isto tudo acontece pelo
menos duas vezes por período, ou seja, um professor que tenha 200
alunos terá de corrigir 400 testes no espaço de 2/3 meses…
Chegando ao final dos períodos é a loucura total: aulas, testes, notas,
grelhas, muitas grelhas, reuniões de avaliação, relatórios, atas, tudo
num curtíssimo espaço de tempo.
Quem vive numa casa onde reside um professor, sabe do que estou a falar e da
dificuldade em manter uma relação com alguém que tem uma profissão tão
exigente. Não é por acaso que os professores são das profissões com uma das
taxas de divórcio mais elevadas, facto que não será alheio os milhares
de kms que estes galgam todos os anos, dormindo sistematicamente fora de casa
e sem qualquer subsídio. Tudo para alimentar o chamado tempo de serviço, algo
que no passado significava entrada direta na carreira e que agora mais não é que
uma variável num conjunto de “habilitações” necessárias para lecionar.
Só que a tutela quis “animar” a malta, achou que tínhamos uma vida muito
monótona, então resolveu inventar mais uns quantos concursos, desde a BCE
aos chamados extraordinários, tudo fizeram para baralhar o que já estava
baralhado…
Mas não ficamos por aqui, ser professor é entrar numa warzone diariamente, não
estamos a falar de uma profissão que seja nutrida por um ambiente calmo,
harmonioso, previsível e silencioso. A escola é um meio agressivo, onde as
asneiradas, o barulho dos corredores e a violência física e psicológica
são comuns. Ser professor não é para qualquer um, é preciso ter
estômago para aguentar a pressão, principalmente quando ela vem
do aliado encarregado de educação.
Aliás, são os professores e não os pais, os responsáveis por manterem
determinados alunos na escola. São os professores e não os pais, que muitas
vezes salvam os alunos da marginalidade e que denunciam determinados abusos
e negligências parentais. E tal só é possível, em virtude do elevado sentido de
responsabilidade do professor. Este sabe que está perante crianças/jovens que
precisam e dependem de si para atingir requisitos que lhe permitam ter uma vida
melhor. O professor é e continuará a ser, um farol social…
O professor não tem horas, o professor não diz “não” a um aluno quando este
precisa, o professor é um missionário que abdica de si e dos seus em prol dos
outros.
Mas este missionário precisa de estar equilibrado emocionalmente, e se
queremos o melhor para os nossos filhos, devíamos proteger aqueles
que os ensinam e também educam. As interrupções letivas são
fundamentais para o professor se voltar a equilibrar, tal como um lutador
que descansa no seu canto antes de regressar ao combate.
Por estas e por outras é que o professor sente uma revolta muito grande quando
se diminui a sua profissão a um mero “gozador” de férias. É preciso ter lata ou
uma ignorância atroz, que devia inchar a língua de quem profana a sua profissão.
Além disso, convém não esquecer que o professor não pode usufruir das suas
férias a não ser em agosto, ou seja, o professor é obrigado a pagar o dobro ou o
triplo do que paga um qualquer trabalhador que queira usufruir de umas férias
em época baixa.
Eu e milhares como eu, encaramos estes dias como uma oportunidade para
voltar a ser Marido, Pai, Filho, Irmão, Tio, etc… Não lhe chamo férias, recuso-me
a pronunciar esse termo, chamo-lhe período de compensação pelas
inúmeras horas extraordinárias não remuneradas.
Tudo tem o seu tempo, tudo tem o seu espaço e esta é a altura de nos voltarmos
a encontrar para que mais tarde não percamos os vossos e já agora os nossos,
filhos…

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  • 1. A verdade sobre as “férias” dos professores. By Alexandre Henriques - 30 março, 2018 57815 125 Vou descansar uns dias. Nesta altura lembro-me sempre de um texto que publiquei a 28-12-2015. Fiz uma ligeira atualização, mas continua muito atual. Bom descanso a todos 😉 Tenho um vizinho que me disse em setembro, ”então já voltaste ao trabalho?”, a minha resposta foi um óbvio sim. Ato contínuo sou “acariciado” com um miminho venenoso… “também já chega de férias, não?”. Este é apenas um exemplo que comprova a opinião que os professores têm muitos dias de férias. E será verdade? Não, mas também sim… Porque não? Legalmente os professores usufruem dos mesmos dias de férias que os outros trabalhadores da função pública, por isso, as chamadas férias de Natal ou Páscoa, são meras interrupções letivas. Porque sim? Deixemo-nos de hipocrisias. Sim, é verdade que depois das reuniões de avaliação do 1º e 2º período (Natal e Páscoa), bem como na interrupção do Carnaval, a maioria do corpo docente não se apresenta ao serviço e usufrui de uns dias de descanso. Exceção feita aos membros da direção que costumam manter-se em serviço durante mais alguns dias. No final do ano letivo, já não é bem assim, até meados de julho existe trabalho significativo para burocratizar o dia-a-dia dos professores. A segunda quinzena
  • 2. de julho é claramente mais “soft” e é caracterizada por um arrumar de malas para os “Algarves” e afins. Os professores não devem nada a ninguém no que diz respeito a horas de trabalho, nem devem aceitar lições de moral sobre este assunto. Somos das profissões que mais horas dá, e sublinho dá, pois são mesmo dadas. A profissão de professor é referência nas intituladas profissões de desgaste rápido ou profissões com elevada taxa de burnout. Será um exagero? Deixo-vos apenas um cheirinho do que faz um professor… A profissão de professor tem duas partes, uma visível, que é quando o professor está na escola a lecionar e a tratar do trabalho burocrático. Outra é a parte que eu intitulo de “gruta”, onde o professor se apresenta frequentemente entre as 21 ou 22 horas, após despachar as crianças para a terra do “João Pestana”, mergulhando num mundo infindável da preparação de aulas, materiais para as ditas e testes, muitos testes… Enquanto está na gruta, o professor abdica do seu tempo familiar, da adorável da chaise longe, onde pode ver a novela da moda, ler o tal livro que anda a tentar terminar há 3 meses, ou simplesmente ficar na “sorna” até ser acordado pela sua cara metade, com um desagradável “vai mas é para a cama que já estás a dormir no sofá”. A dita qualidade de vida 😉 Mas tudo começa no início do ano, são as planificações, as reuniões, a preparação de dossiers, caracterizações de turmas, atualização do “grelhador”, avaliações diagnosticas, entre outras coisas maravilhosas… Ao começarem as aulas, surge a sua constante preparação e só isso obriga a uma dedicação sistemática que não é valorizada pela população em geral. As pessoas têm de compreender, que os professores em cada aula estão perante 20/30 alunos e seria no mínimo imprudente entrar no “ringue” sem estar munido de atividades e estratégias que potenciem a aprendizagem. Depois surgem os testes… Sabem quantos alunos tem um professor? 200, 300, alguns podem chegar aos 400 alunos. Imaginem o que é corrigir centenas de testes, continuando a preparar e a dar aulas, além de cumprir com os requisitos de cargos, como por exemplo de direção de turma. E isto tudo acontece pelo menos duas vezes por período, ou seja, um professor que tenha 200 alunos terá de corrigir 400 testes no espaço de 2/3 meses…
  • 3. Chegando ao final dos períodos é a loucura total: aulas, testes, notas, grelhas, muitas grelhas, reuniões de avaliação, relatórios, atas, tudo num curtíssimo espaço de tempo. Quem vive numa casa onde reside um professor, sabe do que estou a falar e da dificuldade em manter uma relação com alguém que tem uma profissão tão exigente. Não é por acaso que os professores são das profissões com uma das taxas de divórcio mais elevadas, facto que não será alheio os milhares de kms que estes galgam todos os anos, dormindo sistematicamente fora de casa e sem qualquer subsídio. Tudo para alimentar o chamado tempo de serviço, algo que no passado significava entrada direta na carreira e que agora mais não é que uma variável num conjunto de “habilitações” necessárias para lecionar. Só que a tutela quis “animar” a malta, achou que tínhamos uma vida muito monótona, então resolveu inventar mais uns quantos concursos, desde a BCE aos chamados extraordinários, tudo fizeram para baralhar o que já estava baralhado… Mas não ficamos por aqui, ser professor é entrar numa warzone diariamente, não estamos a falar de uma profissão que seja nutrida por um ambiente calmo, harmonioso, previsível e silencioso. A escola é um meio agressivo, onde as asneiradas, o barulho dos corredores e a violência física e psicológica são comuns. Ser professor não é para qualquer um, é preciso ter estômago para aguentar a pressão, principalmente quando ela vem do aliado encarregado de educação. Aliás, são os professores e não os pais, os responsáveis por manterem determinados alunos na escola. São os professores e não os pais, que muitas vezes salvam os alunos da marginalidade e que denunciam determinados abusos e negligências parentais. E tal só é possível, em virtude do elevado sentido de responsabilidade do professor. Este sabe que está perante crianças/jovens que precisam e dependem de si para atingir requisitos que lhe permitam ter uma vida melhor. O professor é e continuará a ser, um farol social… O professor não tem horas, o professor não diz “não” a um aluno quando este precisa, o professor é um missionário que abdica de si e dos seus em prol dos outros.
  • 4. Mas este missionário precisa de estar equilibrado emocionalmente, e se queremos o melhor para os nossos filhos, devíamos proteger aqueles que os ensinam e também educam. As interrupções letivas são fundamentais para o professor se voltar a equilibrar, tal como um lutador que descansa no seu canto antes de regressar ao combate. Por estas e por outras é que o professor sente uma revolta muito grande quando se diminui a sua profissão a um mero “gozador” de férias. É preciso ter lata ou uma ignorância atroz, que devia inchar a língua de quem profana a sua profissão. Além disso, convém não esquecer que o professor não pode usufruir das suas férias a não ser em agosto, ou seja, o professor é obrigado a pagar o dobro ou o triplo do que paga um qualquer trabalhador que queira usufruir de umas férias em época baixa. Eu e milhares como eu, encaramos estes dias como uma oportunidade para voltar a ser Marido, Pai, Filho, Irmão, Tio, etc… Não lhe chamo férias, recuso-me a pronunciar esse termo, chamo-lhe período de compensação pelas inúmeras horas extraordinárias não remuneradas. Tudo tem o seu tempo, tudo tem o seu espaço e esta é a altura de nos voltarmos a encontrar para que mais tarde não percamos os vossos e já agora os nossos, filhos…