O documento discute o papel das bibliotecas escolares e das novas tecnologias no processo de aprendizagem. Aprendizagem significativa ocorre através da interação e trabalho colaborativo, de acordo com teorias como construtivismo. Bibliotecas escolares devem usar recursos online como ambientes virtuais e comunidades de prática para promover aprendizagem colaborativa.
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
Relatório crítico tema 2.maria fatima sousa
1. Instituto Superior de Línguas e Administração
Pós-graduação
Gestão de Bibliotecas Escolares
A distância
Reflexão sobre o tema 2:
TIC e aprendizagem/ TIC, Aprendizagem e Biblioteca Escolar
Maria de Fátima Nogueira de Sousa
A Biblioteca Escolar e as Novas Tecnologias
Helena Felizardo
Mari Rodrigues
Dezembro de 2013
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Reflexão sobre o tema 2: TIC e aprendizagem/ TIC, Aprendizagem e Biblioteca Escolar
Ao longo do tema 2, “Tic e a aprendizagem”, tivemos a oportunidade de refletir sobre
a evolução das teorias da aprendizagem e os recursos disponíveis na Internet que se
constituem como potenciais valências e um poderoso auxílio do professor, no processo de
construção do conhecimento. Além disso, permitiu-nos contactar com ferramentas
promotoras do trabalho colaborativo e refletir sobre a sua importância no processo ensinoaprendizagem, tendo por princípio que a interação e a ação são aspetos fundamentais para
que se concretize o conhecimento.
É inequívoca a evolução que se tem verificado nas teorias da aprendizagem, como
também se tem constatado um considerável desenvolvimento na área das novas
tecnologias. Estas transformações refletem-se indubitavelmente na educação, no ensino e
na forma como o professor deve e tem de percecionar a sua função de educador. São
várias as teorias de aprendizagem defendidas por vários estudiosos ao longo dos tempos.
No entanto, nenhuma delas ficou imune à influência exercida pela internet, aos seus
benefícios e às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Piaget e Vygotsky defendiam uma visão construtivista da aprendizagem,
sublinhando que a aprendizagem significativa ocorre através da interação entre o sujeito, o
objeto e os restantes colegas, colocando assim a ênfase no trabalho cooperativo,
colaborativo e interativo. Moura, Azevedo e Mehlecke (n.d.) referem que “segundo Piaget, o
conhecimento se constrói na interação do sujeito com o objeto”, pois as estruturas não
estão pré-formadas dentro do sujeito, são sim construídas (p.4). Tal como referido por
Becker (n.d.), o ser humano “é um projeto a ser construído; o objeto é, também, um projeto
a ser construído” (p.88). Não tendo uma existência prévia, objeto e sujeito, constituem-se,
constroem-se através da interação. Já Vygotsky defendia que o mais importante na
construção do conhecimento depende da “relação e da interação com outras pessoas como
origem dos processos de aprendizagem e desenvolvimento humano” (Moura et al., n.d.,
p.5). No fundo, a interação social é fundamental para o desenvolvimento cognitivo. Neste
âmbito, no seio da teoria construtivista surgiram já algumas ferramentas promotoras de
ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa, como, por exemplo, o Moodle. De acordo
com os princípios do construtivismo social, as pessoas aprendem melhor quando se verifica
uma interação com as outras pessoas, através do acesso a determinados recursos como,
por exemplo, blogues, fóruns, wikis…
Apesar de estas teorias contemplarem as novas tecnologias, num mundo dominado
pela era digital, pelo avanço constante de recursos tecnológicos e por uma sociedade de
jovens e crianças que são denominados de nativos digitais surgiu a necessidade de se criar
uma nova teoria mais abrangente e caraterizadora da sociedade em que se vive. Assim
sendo, surgiu o conectivismo, uma teoria da aprendizagem defendida por George Siemens,
que define a era digital em que vivemos e que defende que a informação está em constante
transformação, surgindo continuamente nova informação. Salienta que mais importante do
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que deter conhecimento é possuir a capacidade para aumentar esse conhecimento. Na
realidade, Siemens assenta a sua teoria em sete princípios, destacando que a
aprendizagem e o conhecimento baseiam-se na diversidade de opiniões, na conexão de
diferentes fontes de informação e numa aprendizagem contínua. Deste modo, o
conectivismo concentra-se na inclusão da tecnologia como parte da nossa distribuição de
cognição e de conhecimento.
Neste âmbito, surge a necessidade de se repensar a escola e a função da Biblioteca
Escolar numa sociedade apelidada de “Net generation”, de acordo com Tapscott. Tal como
defendido por Marc Prensky (2001b), os nossos alunos são, hoje em dia, “digital natives”,
são “native speakers” da linguagem digital dos computadores, Internet e jogos de vídeo
(2001b, p.1), que pertencem a uma geração com diferentes capacidades cognitivas do que
os seus antepassados (Prensky, 2001a, p.4).
A inserção de novos ambientes virtuais nas aprendizagens, através do recurso à
Internet e a todas as ferramentas que nela se encontram disponíveis (blogues, facebook,
wikis, webquests, podcast, caças ao tesouro…), pode, na perspetiva de Carvalho (2007)
“proporcionar um enriquecimento temático, social e digital para os agentes envolvidos”
(p.25). Todas estas ferramentas, algumas das quais gratuitas, despertam a curiosidade e a
atenção dos alunos. Além disso, os novos ambientes virtuais de aprendizagem permitem a
partilha e o enriquecimento em rede e desenvolvem, simultaneamente, cidadãos autónomos
e criativos através de uma aprendizagem permanente ao longo da vida. O mesmo acontece
com os Ambientes Pessoais de Aprendizagem (PLE) que proporcionam o desenvolvimento
do “poder e autonomia do utilizador / aprendente, da abertura, da colaboração e da partilha,
da aprendizagem permanente ao longo da vida, da importância e valor da aprendizagem
individual, das potencialidades do software social, da rede como espaço de socialização, de
conhecimento e de aprendizagem (Mota, 2009, p.5).
As Comunidades de Prática (CoP) são também importantes recursos de
aprendizagem e apresentam-se como “estruturas que se organizam em torno de um
interesse comum”; no fundo, “configuram espaços e grupos sociais nos quais se trabalha e
se criam novas oportunidades, se partilham necessidades e interesses comuns, se
estruturam e desenham projetos e actividades” (Santos, 2012, p.4). Esta ideia é também
reforçada por Illera (2007), quando refere que as comunidades de práticas são
organizações que se definem pela partilha de uma prática entre diferentes membros e que
mantêm “uma continuidade temporal” (p.118).
Os ambientes virtuais de aprendizagem e as comunidades de prática e
aprendizagem constituem, efetivamente, novas formas de aprender, ensinar, comunicar,
partilhar (ideias, saberes, recursos, experiências, interesses em comum), aceder à
informação e trabalhar colaborativamente. Permitem a dinamização de espaços online
síncronos que “facilitam o diálogo e a negociação” e o uso de “ferramentas de escrita
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partilhada, como o Wiki, (que) facilitam a publicação online e a construção do
conhecimento” (Carvalho, 2007, p. 31).
Todos estes recursos podem e devem ser explorados por todos os docentes, em
geral, mas pela Biblioteca Escolar, em particular. As Bibliotecas Escolares e o Professor
Bibliotecário assumem, assim, um papel relevante na formação dos jovens no acesso à
informação e na sua transformação em conhecimento. Para tal, somente um trabalho
colaborativo sustentado no desenvolvimento de projetos comuns que promovam a interação
e a partilha através do recurso às mais variadas fontes de informação poderão conduzir ao
sucesso educativo, sendo os ambientes virtuais de aprendizagem e as comunidades de
prática bons exemplos disso.
A riqueza de informação que se pode encontrar diariamente na Internet é, segundo
Carvalho (2013), fruto da facilidade com que se pode “publicar online e com a liberdade de
expressão que cada um tem, participando todos na construção da “inteligência coletiva” (p.
5). Este facto pode ser encarado como um incentivo e uma motivação dos alunos para a
aprendizagem e para a sua inserção na atual sociedade de informação. No entanto, não
devemos descurar a análise e avaliação da “qualidade e a credibilidade do que se encontra
online” (Carvalho, 2013, p.5).
Apesar de todas as dificuldades e constrangimentos (resistência à mudança, falta de
formação de professores, ausência de recursos tecnológicos suficientes…) que o Professor
Bibliotecário e as Bibliotecas Escolares possam encontrar, devem ser verdadeiros
impulsionadores do uso e “abuso” das novas tecnologias contribuindo para a construção
contínua do conhecimento do aluno.
Presentemente, professores e Bibliotecas Escolares têm o árduo desafio de criarem
ambientes de aprendizagem que promovam a interação, o trabalho colaborativo e o recurso
a múltiplas fontes de informação, sendo para tal parceiros e colaboradores no processo de
construção do conhecimento, devendo para tal submeterem-se a uma atualização
permanente. Neste âmbito, a ponte entre a parte teórica e a parte prática foi, uma vez mais,
extremamente importante, na medida em que nos permitiu explorar determinados recursos,
tais como o Glogster Edu, o Slideshare, e a Wikispace, três ferramentas de importância
considerável no seio das novas tecnologias que pressupõem a construção do conhecimento
por parte do aluno. Além disso, devemos estar conscientes de que mesmo que não nos
sintamos à vontade para criar recursos online há muitos disponíveis na Web, basta somente
rentabilizá-los.
Referências
Becker, Fernando (n.d). “O que é o construtivismo?” pp. 87-93. (Consultado em 01 de
dezembro de 2013 em http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf).
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Reflexão sobre o tema 2: TIC e aprendizagem/ TIC, Aprendizagem e Biblioteca Escolar
Carvalho, Ana Amélia (2007). “Rentabilizar a Internet no Ensino Básico e Secundário:
dos Recursos e Ferramentas Online aos LMS”. In Revista de Ciências da Educação, n.3,
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Carvalho, Ana Amélia (2013). Aprender através dos recursos online. Rede de Bibliotecas
Escolares – MEC.
Illera, José L. Rodríguez (2007). “Como as comunidades virtuais de prática e de
aprendizagem podem transformar a nossa concepção de educação”. In Revista de Ciências
da Educação, n.3, p.117-124, mai/ago.
Mota, José (2009). “Personal Learning Environments: Contributos para uma discussão
do conceito”. In Revista EFT: http://eft.educom.pt, p.5-21.
Moura, Ana, Azevedo, Ana & Mehlecke, Querte (n.d.). As Teorias de Aprendizagem e os
Recursos da Internet Auxiliando o Professor na Construção do Conhecimento (Consultado
em
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2013
em
http://www.uel.br/seed/nte/as_teorias_de_aprendizagem_e_a_internet.htm).
Presnky, Marc (2001a). “Digital Natives, Digital Immigrants, Part II: Do They Really Think
Differently?”. In On the Horizon, MCB University Press, v.9, n.6, p.1-9, dec.
Presnky, Marc (2001b). “Digital Natives, Digital Immigrants”. In On the Horizon, MCB
University Press, v.9, n.5, p.1-6, oct.
Santos, Madalena Pinto dos (2012). Comunidades de práticas e bibliotecas escolares.
Rede de Bibliotecas Escolares-MEC.
A Biblioteca Escolar e as Novas Tecnologias