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Redação e Interpretação
de textos
2 REDAÇÃO PARA CONCURSOS PARTE I
2 TIPOLOGIA TEXTUAL
2 Narração
3 Dissertação
4 Redação técnica
4 II PARTE -TEXTO DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO
6 RESUMO / SÍNTESE
10 CONSTRUINDO O TEXTO
12 COESÃO E COERÊNCIA
14 Vocabulário semântico de conseqüência, fim e conclusão.
16 Exercícios
18 Exercícios
20 ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA- MODELO
CESPE/UnB
21 II - ESTRUTURA TEXTUAL DISSERTATIVA
21 PARTE I – O conteúdo da redação
22 PARTE II – Forma
32 III PARTE - REDAÇÕES DE ALUNOS
35 PROPOSTAS DE REDAÇÃO
37 IV Parte - AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
43 TESTES - QUESTÕES DE CONCURSOS
46 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
48 QUESTÕES DE CONCURSOS
EDITORA APROVAÇÃO
2 Redação e Interpretação de textos
REDAÇÃO PARA CONCURSOS
I PARTE
TIPOLOGIA TEXTUAL
As formas de expressão escrita podem ser clas-
sificadas em formas literárias, como as descrições e
as narrações, e não literárias, como as dissertações
e redações técnicas.
Descrição
Descrever é representar um objeto (cena, ani-
mal, pessoa, lugar, coisa etc.) por meio de palavras.
Para ser eficaz, a apresentação das características
do objeto descrito deve explorar os cinco sentidos
humanos – visão, audição, tato, paladar e olfato-, já
que é por meio deles que o ser humano toma con-
tato com o ambiente.
A descrição resulta, portanto, da capacidade
que o indivíduo tem de perceber o mundo que o
cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais
rica será a descrição.
1.Texto Literário
A CASA MATERNA
Há, desde a entrada, um sentimento de tempo
na casa paterna. As grades do portão têm uma ve-
lha ferrugem e o trinco se oculta num lugar que só
a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais
verde e úmido que os demais, com suas palmas, ti-
nhorões e samambaias que a mão filial, fiel a um
gesto de infância, desfolha ao longo da haste.
É sempre quieta a casa materna, mesmo aos
domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre
a mesa farta do almoço, repetindo uma antiga ima-
gem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um
dorido repouso em suas poltronas. [...]
A imagem paterna persiste no interior da casa
materna. Seu violão dorme encostado junto à vi-
trola. Seu corpo como que se marca ainda na velha
poltrona da sala e como que se pode ouvir ainda o
brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para
sempre da casa materna, a figura paterna perece
mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as
mãos maternas se fazem mais lentas e mãos filiais
mais unidas em torno à grande mesa, onde já vi-
bram também vozes infantis
2.Texto Não-Literário
“Com a finalidade de compensar as possíveis ir-
regularidades do piso, o seu freezer possui, na parte
inferior dianteira, dois pés nivelados para um perfei-
to apoio no chão.”(Manual de Instrução)
“Este pequeno objeto que agora descrevemos
encontra-se sobre uma mesa de escritório e sua
função é a de prender folhas de papel. Tem o forma-
to semelhante ao de uma torre de igreja. É cons-
tituído por um único fio metálico que, dando duas
voltas sobre si mesmo, assume a configuração de
dois desenhos (um dentro do outro), cada um deles
apresentando uma forma específica. Essa forma é
composta por duas figuras geométricas: um retân-
gulo cujo lado maior apresenta aproximadamente
três centímetros e um lado menor de cerca de um
centímetro e meio; um dos seus lados menores é, ao
mesmo tempo, a base de um triângulo eqüilátero, o
que acaba por torná-lo um objeto ligeiramente pon-
tiagudo.(descrição de um clipe)”
Narração
O relato de um fato, real ou imaginário, é deno-
minado narração. Pode seguir o tempo cronológico,
de acordo com a ordem de sucessão dos aconteci-
mentos, ou o tempo psicológico, em que se privi-
legiam alguns eventos para atrair a atenção do lei-
tor. A escolha do narrador, ou ponto de vista, pode
recair sobre o protagonista da história, um obser-
vador neutro, alguém que participou do aconteci-
mento de forma secundária ou ainda um especta-
Redação e
Interpretação de textos
EDITORA APROVAÇÃO
3
Redação e Interpretação de textos
dor onisciente, que supostamente esteve presente
em todos os lugares, conhece todos os personagens,
suas idéias e sentimentos. As falas dos personagens
podem ser apresentadas de três formas: discur-
so direto, em que o narrador transcreve de forma
exata a fala do personagem; discurso indireto, no
qual o narrador conta o que o personagem disse, e
discurso indireto livre, em que se misturam os
dois tipos anteriores.
O conjunto dos acontecimentos em que os per-
sonagens se envolvem chama-se enredo. Pode ser
linear, segundo a sucessão cronológica dos fatos,
ou não-linear, quando há cortes na seqüência dos
fatos. É comumente dividido em exposição, com-
plicação, clímax e desfecho.
Elementos da Narrativa
* Personagens
-Quem? Protagonista/Antagonista
*Acontecimento
-O quê? Fato
*Tempo		
-Quando? Época em que ocorreu o fato
*Espaço
-Onde? Lugar onde ocorreu o fato
*Modo		
Como? De que forma ocorreu o fato
*Causa
-Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Com a fúria de um vendaval
Em uma certa manhã acordei entediada. Estava
em minhas férias escolares do mês de julho. Não pu-
dera viajar. Fui ao portão e avistei, três quarteirões
ao longe, a movimentação de uma feira livre.
Não tinha nada para fazer, e isso estava me
matando de aborrecimento. Embora soubesse que
uma feira livre não constitui exatamente o melhor
divertimento do qual um ser humano pode dispor,
fui andando, a passos lentos, em direção àquelas
barracas. Não esperava ver nada original, ou mes-
mo interessante. Como é triste o tédio! Logo que me
aproximei, vi uma senhora alta, extremamente gor-
da, discutindo com um feirante.
O homem, dono da barraca de tomates, tentava
em vão acalmar a nervosa senhora. Não sei por que
brigavam, mas sei o que vi:a mulher, imensamente
gorda, mais do que gorda (monstruosa), erguia seus
enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava
contra o feirante. Comecei a me assustar, com medo
de que ela destruísse a barraca (e talvez o próprio
homem) devido a sua fúria incontrolável. Ela ia gri-
tando e se empolgando com sua raiva crescente e
ficando cada vez mais vermelha, assim como os to-
mates, ou até mais.
De repente, no auge de sua ira, avançou contra
o homem já atemorizado e, tropeçando em alguns
tomates podres que estavam no chão, caiu, tombou,
mergulhou, esborrachou-se no asfalto, para o diver-
timento do pequeno público que, assim como eu,
assistiu àquela cena incomum.
Dissertação
A exposição de idéias a respeito de um tema,
com base em raciocínios e argumentações, é cha-
mada dissertação. Nela, o objetivo do autor é dis-
cutir um tema e defender sua posição a respeito
dele. Por essa razão, a coerência entre as idéias e a
clareza na forma de expressão são elementos fun-
damentais.
A dissertação é a forma de composição que
consiste na posição pessoal sobre determinado as-
sunto. Quanto à formulação dos textos, o discurso
dissertativo pode ser:
a) expositivo: consiste numa apresentação ,
explicação, sem o propósito de convencer
o leitor. Não há intenção expressa de criar
debate, pela contestação de posições con-
trárias às nossas.
Ex.: “Eu, se tivesse um filho, não me meteria
a chefiá-lo como se ele fosse um soldado de
chumbo. Teria que lhe dar uma certa auto-
nomia, para que pudesse livremente esco-
lher o seu clube de futebol, procurar os seus
livros, opinar à mesa, sem que esta aparên-
cia de liberdade fosse além dos limites. Não
queria que parecesse um ditador, nem tam-
pouco um escravo. Os meninos mandões e
os meninos passivos são duas deformações
desagradáveis.”
(Edições O Cruzeiro – O Vulcão e a Fonte)
EDITORA APROVAÇÃO
4 Redação e Interpretação de textos
b) 		argumentativo: consiste numa opinião que
tenta convencer o leitor de que a razão está
do lado de quem escreveu o texto. Para isso,
lança-se mão de um raciocínio lógico, coe-
rente, baseado na evidência das provas.
Ex.: “Em geral as pessoas morrem em tor-
no dos trinta anos e são sepultadas por vol-
ta dos setenta. Leva quarenta anos para os
outros perceberem que aquela pessoa está
morta. Lembre-se: a vida é sempre uma in-
certeza. Somente o que é morto é certo, fixo,
sólido.”
(Revista Motivação&Sucesso, Empresa ANTHROPOS
Consulting)
Redação técnica
Há diversos tipos de redação não-literária,
como os textos de manuais, relatórios administrati-
vos, de experiências, artigos científicos, teses, mo-
nografias, cartas comerciais e muitos outros exem-
plos de redação técnica e científica.
Embora se deva reger pelos mesmos princí-
pios de objetividade, coerência e clareza que pau-
tam qualquer outro tipo de composição, a redação
técnica apresenta estrutura e estilos próprios, com
forte predominância da linguagem denotativa. Essa
distinção é basicamente produzida pelo objetivo
que a redação técnica persegue: o de esclarecer e
não o de impressionar.
II PARTE
TEXTO DISSERTATIVO/
ARGUMENTATIVO
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou ex-
plicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o
texto dissertativo pertence ao grupo dos textos ex-
positivos, juntamente com o texto de apresentação
científica, o relatório, o texto didático, o artigo en-
ciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não
está preocupado com a persuasão e sim, com a
transmissão de conhecimento, sendo, portanto,
um texto informativo.
Os textos argumentativos, ao contrário, têm
por finalidade principal persuadir o leitor sobre
o ponto de vista do autor a respeito do assunto.
Quando o texto, além de explicar, também persu-
ade o interlocutor e modifica seu comportamento,
temos um texto dissertativo-argumentativo.
O texto dissertativo argumentativo tem
uma estrutura convencional, formada por três par-
tes essenciais.
introdução
• , que apresenta o assunto e o
posicionamento do autor. Ao se posicionar,
o autor formula uma tese ou a idéia princi-
pal do texto.
Teatro e escola, em princípio, parecem ser
espaços distintos, que desenvolvem atividades com-
plementares diferentes. Em contraposição ao am-
biente normalmente fechado da sala de aula e aos
seus assuntos pretensamente “sérios” , o teatro se
configura como um espaço de lazer e diversão. En-
tretanto, se examinarmos as origens do teatro, ain-
da na Grécia antiga, veremos que teatro e escola
sempre caminharam juntos, mais do que se
imagina. (tese)
desenvolvimento
• , formado pelos pará-
grafos que fundamentam a tese. Normal-
mente, em cada parágrafo, é apresentado
e desenvolvido um argumento. Cada um
deles pode estabelecer relações de causa
e efeito ou comparações entre situações,
épocas e lugares diferentes, pode também
se apoiar em depoimentos ou citações de
pessoas especializadas no assunto aborda-
do, em dados estatísticos, pesquisas, alu-
sões históricas.
O teatro grego apresentava uma função
eminentemente pedagógica. Com suas tragédias,
Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diversão
da platéia, mas também, e sobretudo, pôr em dis-
cussão certos temas que dividiam a opinião pública
naquele momento de transformação da sociedade
grega. Poderia um filho desposar a própria mãe, de-
pois de ter assassinado o pai de forma involuntária
(tema de Édipo Rei)? Poderia uma mãe assassinar
os filhos e depois matar-se por causa de um relacio-
namento amoroso (tema de Medéia e ainda atual,
como comprova o caso da cruel mãe americana que,
há alguns anos, jogou os filhos no lago para poder
namorar livremente)?
Naquela sociedade, que vivia a transição dos va-
lores místicos, baseados na tradição religiosa, para
os valores da polis, isto é, aqueles resultantes da for-
mação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um
papel político e pedagógico, à medida que punha
EDITORA APROVAÇÃO
5
Redação e Interpretação de textos
em xeque e em choque essas duas ordens de valo-
res e apontava novos caminhos para a civilização
grega. “Ir ao teatro”, para os gregos, não era ape-
nas uma diversão, mas uma forma de refletir sobre
o destino da própria comunidade em que se vivia,
bem como sobre valores coletivos e individuais.
Deixando de lado as diferenças obviamente
existentes em torno dos gêneros teatrais (tragédia,
comédia, drama), em que o teatro grego, quanto
a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para
Bertold Brecht, por exemplo, um dos mais signifi-
cativos dramaturgos modernos, a função do teatro
era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas
peças tiveram um papel essencial pedagógico
voltadas para a conscientização de trabalhadores e
para a resistência política na Alemanha nazista dos
anos 30 do século XX.
O teatro, ao representar situações de nos-
sa própria vida – sejam elas engraçadas, trágicas,
políticas, sentimentais, etc. – põe o homem a nu,
diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na ins-
tantaneidade e na fugacidade do teatro resida todo
o encanto e sua magia: a cada representação, a vida
humana é recontada e exaltada. O teatro ensina,
o teatro é escola. É uma forma de vida de fic-
ção que ilumina com seus holofotes a vida real,
muito além dos palcos e dos camarins.
* Conclusão, que geralmente retoma a tese,
sintetizando as idéias gerais do texto ou propondo
soluções para o problema discutido. Mais raramen-
te, a conclusão pode vir na forma de interrogação
ou representada por um elemento-surpresa. No
caso da interrogação, ela é meramente retórica e
deve já ter sido respondida pelo texto. O elemen-
to surpresa consiste quase sempre em uma citação
científica, filosófica ou literária, em uma formula-
ção irônica ou em uma idéia reveladora que surpre-
enda o leitor e, ao mesmo tempo, dê novos signifi-
cados ao texto.
Que o teatro seja uma forma alternativa
de ensino e aprendizagem, é inegável. A escola
sempre teve muito a aprender com o teatro, assim
como este, de certa forma, e em linguagem própria,
complementa o trabalho de gerações de educadores,
preocupados com a formação plena do ser humano.
(conclusão).
Quisera as aulas também pudessem ter o en-
canto do teatro: a riqueza dos cenários, o cuidado
com os figurinos, o envolvimento da música, o bri-
lho da iluminação, a perfeição do texto e a vibração
do público. Vamos ao teatro? (elemento-supresa)
( Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto, profes-
sora de Português).
Atenção: a linguagem do texto dissertativo-
argumentativo costuma ser impessoal, objetiva
e denotativa. Mais raramente, entretanto, há a
combinação da objetividade com recursos poéticos,
como metáforas e alegorias. Predominam formas
verbais no presente do indicativo e emprega-se o
padrão culto e formal da língua.
ORDEM LÓGICA
Na dissertação, é importantíssima a orde-
nação lógica das idéias. Pode-se iniciar o parágrafo
por uma generalização, acrescentando-se-lhe fatos
que a fundamentem, ou partir dos detalhes para
chegar à conclusão.
No parágrafo a seguir, a ordem lógica é evi-
dente. Ele se inicia com uma generalização(tópico
frasal),seguindo-se as especificações que a funda-
mentam, e termina por uma conclusão claramente
enunciada, em que amplia o sentido da declaração
introdutória:
A mocidade é essencialmente generalizado-
ra. Os casos particulares não interessam. A análise,
exigindo demora e paciência, repugna ao espírito
imediatista da mocidade, que não quer apenas mas
quer já. E quer em linhas gerais que tudo abranjam.
Esse espírito de fácil generalização leva os moços a
concluírem com facilidade e a julgarem de tudo e de
todos com precipitação e vasta dose de suficiência.
Tudo isso, porém, é utilíssimo para os grandes em-
preendimentos que exigem certa dose de temeridade
para serem levados avante. A mocidade é natural-
mente totalitária e as soluções parciais não lhe in-
teressam ou pelo menos não a satisfazem.
(A.Amoroso Lima, Idade, sexo e tempo.p.72).
Como se vê, pelo trecho citado, a ordem lógi-
ca depende em grande parte do encadeamento dos
componentes da frase por meio da associação de
idéias. Mas não é ordem apenas verbal ou sintática,
pois implica um processo de raciocínio.
(Othon Garcia, Comunicação em prosa moderna)
EDITORA APROVAÇÃO
6 Redação e Interpretação de textos
RESUMO / SÍNTESE
O resumo é uma condensação fiel das idéias
ou dos fatos contidos num texto. Para reduzir um
texto ao seu esqueleto essencial, não se deve perder
de vista as suas partes principais, a ordem em
que aparecem e a correlação estabelecida entre as
idéias. Não podem ser introduzidos comentários
ou conclusões pessoais. O resumo, com redução
de um texto, deve evitar ser apenas uma colagem
de frases retiradas do original, precisa procurar um
estilo objetivo com vocabulário próprio de quem o
redige. Deve-se flexionar os verbos na 3ª pessoa.
ESTRUTURANDO O PARÁGRAFO
Além da estrutura global do texto dissertativo-
argumentativo, é importante conhecer a estrutura
de uma de suas unidades básicas: o parágrafo.
Parágrafo é uma unidade de texto organizada
em torno de uma idéia-núcleo, que é desenvol-
vida por idéias secundárias. O parágrafo pode ser
formado por uma ou mais frases, sendo seu tama-
nho variável. No texto dissertativo-argumentativo,
os parágrafos devem estar todos relacionados com
a tese ou idéia principal do texto, geralmente apre-
sentada na introdução.
Embora existam diferentes formas de organiza-
ção de parágrafos, os textos dissertativo-argumen-
tativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam
uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a idéia-núcleo, as idéias secundá-
rias (que desenvolvem a idéia-núcleo), a conclu-
são. Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
Conheça a estrutura-padrão a seguir, obser-
vando sua organização interna.
(idéia-núcleo) A poluição, que se verifica
principalmente nas capitais do país, é um proble-
ma relevante, para cuja solução é necessária uma
ação conjunta de toda a sociedade.(idéia secun-
dária) O governo, por exemplo, deve rever sua
legislação de proteção ao meio ambiente, ou fazer
valer as leis em vigor; o empresário pode dar sua
contribuição, instalando filtro de controle dos gases
e líquidos expelidos, e a população, utilizando me-
nos o transporte individual e aderindo aos progra-
mas de rodízio de automóveis e caminhões, como
já ocorre em São Paulo. (conclusão) Medidas que
venham a excluir qualquer um desses três setores
da sociedade tendem a ser inócuas no combate
à poluição e apenas onerar as contas públicas.
Observe que todo o parágrafo se organiza em
torno do primeiro período, que expõe o ponto de
vista do autor sobre como combater a poluição. O
segundo período desenvolve e fundamenta a idéia-
núcleo, apontando como cada um dos setores de-
senvolvidos pode contribuir. O último período
conclui o parágrafo, reforçando a idéia-núcleo.
Elemento Relacionador
Esse elemento não é obrigatório, mas geral-
mente está presente a partir do segundo parágrafo;
visa a estabelecer um encadeamento lógico entre as
idéias e serve de “elo” entre o parágrafo entre si e o
tópico que o antecede.
Exemplo de um parágrafo e suas divisões:
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação
da maconha, pois provocará de imediato violenta
elevação do consumo; o Estado perderá o precário
controle que ainda exerce sobre as drogas psicotró-
picas e nossas instituições de recuperação de vicia-
dos não terão estrutura suficiente para atender à
demanda. Enfim, viveremos o caos.”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
Elemento relacionador : Nesse contexto.
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da
maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato
violenta elevação do consumo. O Estado per-
derá o precário controle que ainda exerce sobre
as drogas psicotrópicas e nossas instituições de
recuperação de viciados não terão estrutura su-
ficiente para atender à demanda
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
(Obra consultada: MOURA,Fernado. Nas Linhas e Entre-
linhas, 6ª edição, 2004. Ed.Vestcon)
OUTRAS FORMAS DE ESTRUTURAÇÃO DE
PARÁGRAFO
1. Retomada da palavra-chave
a)O contribuinte brasileiro precisa receber um
melhor tratamento das autoridades fiscais.
b) Ele é vítima constante de um Leão sempre
descontente de sua mordida.
EDITORA APROVAÇÃO
7
Redação e Interpretação de textos
c) Não há ano em que se sinta a salvo.
d) É sempre surpreendido por novas regras,
novas alíquotas, novos assaltos ao seu bolso.
A palavra-chave do parágrafo é contribuinte
brasileiro (frase A), ela é retomada nas frases se-
guintes pelo mecanismo de coesão. Na frase B, con-
tribuinte brasileiro é substituído pelo pronome ele.
Nas frases C e D, aparece como sujeito oculto de se
sinta e de é sempre surpreendido.
Em resumo: O termo contribuinte está presen-
te em todos os enunciados; basta retomara palavra-
chave a cada frase (sem repeti-la), acrescentando
sempre uma informação nova a seu respeito. Um
texto todo escrito dessa forma se tornaria monóto-
no e o leitor logo se cansaria.
2. Por encadeamento
a) A Receita Federal precisa urgentemente es-
tabelecer regras constantes que facilitem a
vida do brasileiro.
b) Essas regras não podem variar ao sabor da
troca de ministros.
c) Cada um que entra se acha no direito de al-
terar o que foi feito anteriormente.
A estrutura do parágrafo é diferente do ante-
rior. A frase B retoma a palavra regras da frase A, e a
frase C retoma ministros (cada um) da frase B, num
encadeamento de frase para frase. Por esse método,
o parágrafo pode prolongar-se até onde acharmos
conveniente. A escolha da palavra a ser retomada é
puramente pessoal.
3. Por divisão
a) Agindo assim, a única coisa que se faz de
concreto é perpetuar dois tipos de contri-
buintes que bem conhecemos.
b) O que paga em dia seus tributos e o que so-
nega a torto e a direito.
c) Enquanto este continua livre de qualquer
punição, aquele é vítima de impostos cada
vez maiores.
d) A impressão que se tem é de que mais vale
ser desonesto que honesto.
Nesse tipo de estrutura, a frase inicial delimi-
ta o campo explanatório ao dividir os contribuintes
em dois tipos. Quando isso acontece, o desenvolvi-
mento do parágrafo restringe-se a explicar os com-
ponentes dessa divisão. A frase B esclarece quais
são esses dois tipos de contribuintes. A frase C ex-
plica o que acontece com cada um deles. E a frase D
conclui o assunto.
4. Por recorte
a) Se o brasileiro é empurrado para a sonega-
ção é porque há razões muito fortes para
isso.
b) Ninguém sabe para onde vai o dinheiro arre-
cadado.
c) O que deveria ser aplicado na educação e na
saúde some como por milagre ninguém sabe
onde.
d) Há muitos anos que não se fazem investi-
mentos em transportes.
e) Grande parte da população continua sofren-
do por falta de moradia.
f) Paga-se muito imposto em troca de nada.
A frase que inicia o parágrafo tem sentido mui-
to amplo. A palavra razões leva-nos a pensar muita
coisa de uma só vez. Quando isso acontece, devemos
fazer um recorte nas idéias que ela suscita, escolher
apenas um ângulo para ser explorado, fazendo uma
enumeração dos exemplos mais pertinentes. As fra-
ses seguintes (C,D e E) exemplificam as áreas para as
quais deveria convergir o imposto. A frase F conclui,
afirmando que há tanta sonegação.
Com intenção puramente didática, foram pas-
sadas algumas formas de se construir um parágra-
fo. O ideal é combinar com habilidade no mesmo
parágrafo duas técnicas diferentes, usar estrutura
mista, conforme o exemplo seguinte:
Todos nós lidamos diariamente com os nú-
meros. Todavia, poucos são aqueles que percebem
que os números têm um sentido muito mais amplo
que o de simples instrumento de medição. Na ver-
dade, os números têm características e significados
que lhes são próprios. A compreensão dessas ca-
racterísticas e significados leva a um caminho de
descoberta, ainda que apenas de autodescoberta.
Esse caminho, quando acertado, pode trazer grande
compensação em termos de felicidade e sucesso.
(Obra consultada: Roteiro de Redação, Antonio Carlos
Viana(coord.))
EDITORA APROVAÇÃO
8 Redação e Interpretação de textos
SUGESTÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO
COM BASE EM ESQUEMAS
Os esquemas apresentados a seguir servirão de
roteiro para a estruturação de seu texto disserta-
tivo. Ao selecionar os seus argumentos, você deve
articular as suas idéias com coerência seqüencial e
consistência argumentativa.
ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO
Esquema de dissertação nº 1
1º parágrafo: TEMA + argumento 1 + argumen-
to 2 +argumento 3
2° parágrafo :desenvolvimento do argumento 1
3° parágrafo: desenvolvimento do argumento 2
4° parágrafo: desenvolvimento do argumento 3
5° parágrafo: expressão inicial + reafirmação do
tema + observação final.
EXEMPLO:
TEMA: Chegando ao terceiro milênio, o homem
ainda não conseguiu resolver graves problemas que
preocupam a todos.
POR QUÊ?
*arg. 1: Existem populações imersas em comple-
ta miséria.
*arg. 2: A paz é interrompida freqüentemente
por conflitos internacionais.
*arg. 3: O meio ambiente encontra-se ameaça-
do por sério desequilíbrio ecológico.
Texto definitivo
Chegando ao terceiro milênio, o homem ain-
da não conseguiu resolver os graves problemas
que preocupam a todos, pois existem populações
imersas em completa miséria, a paz é interrompi-
da freqüentemente por conflitos internacionais
e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ame-
açado por sério desequilíbrio ecológico.
Emboraoplanetadisponhaderiquezasincalculá-
veis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer
entre indivíduos – encontramos legiões de famintos
em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro
Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos
com tristeza, a falência da solidariedade humana e da
colaboração entre as nações.
Além disso, nesta últimas décadas, temos as-
sistido, com certa preocupação, aos conflitos in-
ternacionais que se sucedem. Muitos trazem na
memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e
da Coréia, as quais provocaram grande extermínio.
Em nossos dias, testemunhamos conflitos na anti-
ga Iugoslávia, em alguns membros da Comunidade
dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do
Golfo, que tanta apreensão nos causou.
Outra preocupação constante é o desequilí-
brio ecológico, provocado pela ambição desmedi-
da de alguns, que promovem desmatamentos desor-
denados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes
contribuem para que o meio ambiente, em virtude
de tantas agressões, acabe por se transformar em
local inabitável.
Em virtude dos fatos mencionados, somos le-
vados a acreditar que o homem está muito longe de
solucionar os graves problemas que afligem direta-
mente uma grande parcela da humanidade e indire-
tamente a qualquer pessoa consciente e solidária.
É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido
de conter essas forças ameaçadoras, para podermos
suportar as adversidades e construir um mundo
que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente
habitado pelas gerações vindouras.
Sugestão de exercício:
TEMA: Em todo o mundo, verifica-se um
aumento generalizado da violência.
AS RELAÇÕES DE CAUSA E CONSEQÜÊNCIA
Esquema de dissertação n° 2
1° parágrafo: apresentação do TEMA (com ligeira
ampliação)
2° parágrafo: Causa (com explicações adicionais)
3° parágrafo: Conseqüência (com explicações
adicionais)
4° parágrafo: Expressão inicial + reafirmação do
TEMA + observação final.
Para encontrarmos uma causa, perguntamos
POR QUÊ? ao tema.
No sentido de encontrar uma conseqüência
para o problema enfocado no tema, cabe a seguinte
pergunta: O QUE ACONTECE EM RAZÃO DISSO?
EDITORA APROVAÇÃO
9
Redação e Interpretação de textos
EXEMPLO 1:
TEMA: O Brasil tem enfrentado, nestes últimos
anos, gravíssimos problemas econômicos.
CAUSA: Nosso país contraiu uma dívida exter-
na de proporções incalculáveis.
CONSEQÜÊNCIA: Durante muito tempo ca-
nalizaremos uma enorme verba para o pagamen-
to dessa dívida, em vez de utilizar esse capital em
obras que beneficiem a população.
EXEMPLO 2:
TEMA: A maior parte da classe política brasi-
leira não goza de muito prestígio e confiabilidade
por parte da população.
CAUSA: A maioria dos parlamentares preocu-
pa-se muito mais com a discussão dos mecanismos
que os fazem chegar ao poder do que com os proble-
mas reais da população.
CONSEQÜÊNCIA: Os grandes problemas que
afligem o povo brasileiro deixam de ser convenien-
temente discutidos.
Sugestão de exercício:
TEMA: O aumento dos preços tem sido su-
perior ao reajuste salarial concedido aos tra-
balhadores.
A ABORDAGEM DE TEMAS POLÊMICOS
Esquema de dissertação nº 3
1° parágrafo: apresentação do TEMA.
2° parágrafo: análise dos aspectos favoráveis.
3º parágrafo: análise dos aspectos contrários.
4° parágrafo: expressão inicial + posicionamen-
to pessoal em relação ao TEMA + observação final.
EXEMPLO 1
TEMA: O controle da natalidade é de funda-
mental importância nos países subdesenvolvidos.
ASPECTOS FAVORÁVEIS: Nos países onde
grande parte da população vive em estado de misé-
ria absoluta, é imprescindível que o governo possibi-
lite às famílias carentes os mecanismos necessários
para o planejamento da sua prole. Assim, os pais,
impedindo o crescimento exagerado de cada famí-
lia, teriam melhores condições de subsistência.
ASPECTOS CONTRÁRIOS: Ao Estado cabe,
em vez de tentar impor o controle da natalidade,
criar condições satisfatórias de vida para as famí-
lias pobres que possuem um grande número de fi-
lhos, principalmente em países de grande extensão
territorial e de áreas ainda não ocupadas.
EXEMPLO 2
TEMA:Deveríamos permitir que os jovens maio-
res de dezesseis anos pudessem conseguir a carteira
de habilitação, mediante a permissão dos pais.
ASPECTOS FAVORÁVEIS: Muitos adolescen-
tes, aos dezesseis anos, encontram-se capacitados
para dirigir veículos dos mais diferentes tipos. Apre-
sentam-se por vezes como excelentes motoristas,
melhores até que muitos que já ultrapassaram a
idade exigida pela lei atual.
ASPECTOS CONTRÁRIOS: Embora o
adolescente(dentro da faixa etária compreendida
entre dezesseis e dezoito anos) possa apresentar-se
apto para a condução de veículos, poderiam faltar-
lhe, pelas condições psicológicas que caracterizam
a adolescência, certos pré-requisitos indispensáveis
para a obtenção da carteira de habilitação. Entre
eles citamos: senso de responsabilidade e equilíbrio
emocional constante.
Sugestão de exercício:
TEMA: O alto índice de criminalidade, em
nossos dias, deve-se basicamente às péssimas
condições de vida da maioria dos brasileiros.
A RETROSPECTIVA HISTÓRICA
Esquema de dissertação n° 4
1º parágrafo: estabelecimento do TEMA
2° parágrafo: retrospectiva histórica (época
mais distante)
3° parágrafo: retrospectiva histórica (época
mais próxima e época atual)
4° parágrafo: expressão inicial + retomada do
TEMA (agora sob uma perspectiva histórica)
EDITORA APROVAÇÃO
10 Redação e Interpretação de textos
EXEMPLO:
TEMA: A mulher tem conseguido um grande
avanço na luta pela sua emancipação, em nossa so-
ciedade.
ÉPOCA MAIS DISTANTE: No passado, a mu-
lher não tinha qualquer direito a uma participação
maior na vida socioeconômica de sua comunidade.
Seu papel era limitado às funções domésticas.
ÉPOCA MAIS PRÓXIMA: Foi somente neste
século que conseguiu firmar-se como um ser parti-
cipante. Adquiriu o direito de instruir-se, de votar,
de ocupar postos governamentais, podendo prestar
sua colaboração na construção de uma nova socie-
dade.
Sugestão de exercício:
TEMA: A capacidade destrutiva do homem
cresce na exata proporção em que a Ciência
possibilita o avanço tecnológico.
(Técnicas Básicas de Redação, Branca Gra-
natic)
CONSTRUINDO O TEXTO
A ARTICULAÇÃO DOS PARÁGRAFOS
Na organização de um texto, é fundamental a
interligação entre os parágrafos. São eles que con-
duzem nosso processo reflexivo. Funcionam como
partes de um todo e devem articular-se de forma
perfeita para que a informação não se disperse.
1. Articulação por desmembramento do
primeiro parágrafo
Tomemos o texto de Bertrand Russell, “Minha
Vida” , a fim de melhor aprendermos a forma como
ele está construído:
Três paixões, simples mas irresistivelmente
fortes, governaram minha vida:o desejo imenso de
amor, a procura do conhecimento e a insuportável
compaixão pelo sofrimento da humanidade. Essas
paixões, como os fortes ventos, levaram-me de um
lado para outro, em caminhos caprichosos, para
além de um profundo oceano de angústia, chegando
à beira do verdadeiro desespero.
Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase -
êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha
vida por umas poucas horas dessa alegria. Procu-
rei-o, também, porque abranda a solidão - aquela
terrível solidão em que uma consciência horroriza-
da observa, da margem do mundo, o insondável e
frio abismo sem vida. Procurei-o, finalmente, por-
que na união do amor vi, em mística miniatura, a
visão prefigurada do paraíso que santos e poetas
imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pu-
desse parecer bom demais para a vida humana, foi
o que encontrei.
Com igual paixão busquei o conhecimento. De-
sejei conhecer o coração dos homens. Desejei saber
por que as estrelas brilham. E tentei apreender a
força pitagórica pela qual o número se mantém aci-
ma do fluxo. Um pouco disso, não muito, encon-
trei.
Amor e conhecimento, até onde foram possí-
veis, conduziram-me aos caminhos do paraíso. Mas
a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra.
Ecos de gritos de dor reverberam em meu coração.
Crianças famintas, vítimas torturadas por opresso-
res, velhos desprotegidos - odiosa carga para seus
filhos - e o mundo inteiro de solidão, pobreza e dor
transformam em arremedo o que a vida humana po-
deria ser. Anseio ardentemente aliviar o mal, mas
não posso, e também sofro.
Isso foi a minha vida. Achei-a digna de ser vi-
vida e vivê-la-ia de novo com a maior alegria se a
oportunidade me fosse oferecida.
O texto é constituído de cinco parágrafos que
se encadeiam de forma coerente, a partir das pala-
vras-chave vida e paixões do primeiro parágrafo:
Palavras-chave:
1º parágrafo - vida / paixões
2º parágrafo - amor
3º parágrafo - conhecimento
4º parágrafo - compaixão
5º parágrafo - vida
Pode-se dizer que esse é um texto bem estru-
turado, pois em momento algum Bertrand Russell
foge ao assunto que se propôs desenvolver. Os pa-
rágrafos encadeiam-se com naturalidade, fluindo
com clareza para um fim, devido à forma como fo-
ram construídos. Tudo está amarrado ao primeiro
parágrafo, que é a base da construção de um texto.
EDITORA APROVAÇÃO
11
Redação e Interpretação de textos
2. Articulação por introdução de elemen-
tos novos a cada parágrafo
“ Nascimento e morte do Universo”, de John
Gribbin, vai nos mostrar uma outra maneira de
construir um texto, no que se refere ao encadea-
mento dos parágrafos:
Os cosmólogos sentem-se hoje muito perto de
poder responder à velha pergunta dos filósofos: de
onde viemos, para onde vamos? Não é necessário
ser um homem de ciência para ter ouvido falar do
BIG BANG, expressão que descreve o nascimento do
Universo sob a forma de uma bola de fogo, há cer-
ca de 15 bilhões de anos. Mas mesmo entre os estu-
diosos, são poucos os que sabem algo mais acerca
dessa teoria.
A tese que liga o nascimento do Universo a seu
fim deve muito à combinação de duas grandes con-
quistas da física do século XX: a relatividade geral
e a teoria dos quanta. Pesquisadores como Jayant
Narlikar, da Índia, e Jim Hartle, da Califórnia, assim
como diversos especialista soviéticos, deram sua
contribuição. Mas aquele cujo nome está mais es-
treitamente associado a essa descoberta é Stephen
Hawking, da Universidade de Cambridge, no Reino
Unido.
Hawking é, certamente, muito conhecido hoje
como o autor de um best-seller sobre a natureza do
tempo, mas também como vítima de uma doença que
o confina a uma cadeira de rodas, podendo comuni-
car-se apenas com os movimentos de uma das mãos,
da qual se serve para soletrar laboriosamente palavras
e frases com a ajuda de um pequeno computador. Mas
muito antes de ter atingido a celebridade, Hawking já
havia sido reconhecido por seus pares como um dos
mais originais e bem-dotados pensadores de sua gera-
ção. Durante 20 anos, seus trabalhos concentraram-
se no estudo da singularidade - isto é, um ponto de
matéria de densidade infinita e de volume nulo, como
deve existir (segundo a teoria geral da relatividade) no
coração dos buracos negros, ou tal como deve existido
na origem do universo.
O Universo pode ser descrito, na verdade, com
as mesmas equações de um buraco negro. Um bura-
co negro é uma região no espaço na qual a matéria
está de tal forma concentrada, e exerce uma forma
de atração gravitacional tão poderosa, que a própria
luz não pode se afastar de sua superfície. Os obje-
tos exteriores podem nele aglutinar, mas nada do
que existe em um buraco negro pode ser diretamen-
te percebido do exterior. Um buraco negro pode-se
formar quando uma estrela um pouco mais maciça
que nosso sol, chegando ao fim da vida, contrai-se
sobre si mesma. As equações da relatividade geral
mostram que toda estrela que se “colapsa” no inte-
rior de um buraco deve efetivamente se contrair até
o estado final de uma singularidade.
Os estudiosos desconfiam das singularidades, e
mais genericamente das equações contendo quan-
tidades infinitas: eles tendem a considerá-las como
um indício de que há alguma falha em seus cálculos.
Mas, uma vez que a relatividade geral já havia de-
monstrado brilhantemente sua veracidade, tiveram
que se resignar a aceitar a idéia das singularidades,
das quais ela prediz a existência. É nesse ponto que
Hawking coloca fogo nas cinzas: ele mostra que as
equações em virtude das quais se prova o colapso de
uma estrela produz uma singularidade que levam
igualmente a pensar no nascimento do Universo a
partir de uma singularidade.
As palavras-chave de Gribbin são nascimento do
Universo e Big Bang. Observe que uma dessas pala-
vras aparece sempre direta ou indiretamente a cada
passo do texto. A elas se juntarão outras que darão
especificamente a unidade da cada parágrafo. Vamos
observar como Gribbin foi construindo seu texto:
No primeiro parágrafo, ele pergunta de
•
onde viemos, para onde vamos, e depois
introduz o assunto de que vai tratar:o Big
Bang. Ao final do parágrafo, Gribbin afir-
ma que, entre os estudiosos do assunto, são
poucos os que conhecem algo mais acerca
dessa teoria no nascimento do Universo.
O segundo parágrafo começa retomando
•
essa teoria. Mas, em vez de usar a palavra
teoria, ele preferiu usar o recurso de coe-
são da palavra quase-sinônima, tese. A essa
tese se associam os nomes de dois pesqui-
sadores: Jayant Narlikar e Jim Hartle. Ao
terminar o parágrafo, Gribbin diz que o
nome que está mais associado a essa nova
teoria sobre o nascimento do Universo é o
físico Stephen Hawking.
É com o nome de Hawking que ele começa
•
o terceiro parágrafo, que só tratará da figu-
ra desse físico. Mas, no seu final, já aparece
uma outra palavra - Universo - com a qual
iniciará o parágrafo seguinte.
EDITORA APROVAÇÃO
12 Redação e Interpretação de textos
O quarto parágrafo descreve o buraco ne-
•
gro a fim de explicar o Universo. No final
aparece a palavra singularidade, que servirá
de abertura para o quinto parágrafo.
O textodeJohn Gribbinestende-sepormaisqua-
tro páginas, sempre seguindo essa forma de constru-
ção: o parágrafoencaminha-se para uma nova palavra
que será o início do seguinte, mas sem perder de vista
as palavras - chave: Big Bang e Universo.
Ao chegar à conclusão, escreve Gribbin:
Desse modo, os cosmólogos responderam à per-
gunta acerca de onde vem nosso Universo e para
onde vai. Segundo eles, vivemos em um gigantesco bu-
raco negro que encerra todo o cosmo. Surgido do nada
como uma flutuação quântica do vazio, o Universo
continuou sua expansão durante 15 bilhões de anos,
mas em um ritmo bem decrescente. Em um determi-
nado momento de um futuro mais distante, a força da
atração da gravidade dará um fim inevitavelmente a
essa expansão e mudará seu sentido.(...)
Veja que o parágrafo conclusivo retoma o proble-
ma suscitado no parágrafo-chave: de onde viemos,
para onde vamos. Gribbin une, assim, as duas pontas
do texto, fechando. É como se o texto desenhasse um
círculo que, depois de sua trajetória, retomasse seu
ponto de origem para alcançar a conclusão.
COESÃO E COERÊNCIA
I - Estrutura Textual Dissertativa
Coesão textual
Todo texto bem escrito obedece a uma hierar-
quia de informações, que se dividem em parágra-
fos, isto é, o texto avança em partes semanticamen-
te organizadas de modo que as informações não
se atropelem. Mas o avanço das informações deve
ser costurado, ou então será apenas uma seqüência
avulsa de dados. É como se disséssemos, como no
velho ditado: “uma coisa puxa a outra”.
Para que esta “costura” seja clara e lógica, a lín-
gua dispõe de uma série de recursos coesivos, que são
aquelaspalavras queestabelecemrelaçãoentreo que
foi dito (elementos anafóricos) e o que se vai dizer
(elementos catafóricos) que ligam uma coisa com ou-
tra. Essas palavras são chamadas de relatores.
Preste atenção nas palavras em negrito no tex-
to a seguir:
Pede-se atenção ao teste que se segue. “ Era
uma vez uma terra distante onde todo mundo tra-
balhava naquilo que mais gostava – e, mesmo assim
só quando acordasse disposto. Nesse lugar, escola e
assistência médica eram gratuitas, ninguém pagava
aluguel e, nas horas de folga, todos se dedicavam à
dança, ao teatro, à música e às artes em geral.”
Veja que em si essas palavras pouco significam
– elas apenas “apontam” para outras palavras. Tais
relatores são elementos extremamente importan-
tes da linguagem escrita: a eles devemos a precisão
e a clareza de um texto.
Os relatores são também fundamentais na cos-
tura dos parágrafos. Cada parágrafo novo deve con-
tar com as informações dos parágrafos anteriores,
que não precisam ser repetidas, mas que devem ser
levadas em conta para que o texto não se transfor-
me numa mera colagem de informações avulsas,
sem relação entre si. De alguma forma, o início do
parágrafo seguinte deve relacionar-se com o que foi
dito antes. Por exemplo, o segundo parágrafo de
um texto começa assim: “Quem escolheu a respos-
ta D acertou na mosca (...) “. É claro que isso só faz
sentido para quem já leu o parágrafo anterior. Só
assim sabemos o que é “resposta D”.
Anáfora e Catáfora
Uma das modalidades de coesão é a remissão.
E a coesão pode desempenhara função de (re)ativa-
ção do referente. A reativação do referente no texto
é realizada por meio da referenciação anafórica ou
catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou
menos longas.
A remissão anafórica(para trás) realiza-se
por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa(retos e
oblíquos) e os demais pronomes; também por nu-
merais, advérbios, artigos e outros. Exemplos:
1. A jovem acordou sobressaltada. Ela não
conseguia lembrar-se do que havia aconte-
cido e como fora parar ali.
2. Márcia olhou em torno de si. Seus pais e
seus irmãos observavam-na com carinho.
EDITORA APROVAÇÃO
13
Redação e Interpretação de textos
3. O concurso selecionará os melhores candi-
datos. O primeiro deverá desempenhar o
papel principal na nova peça.
4. O juiz olhou para o auditório. Ali estavam
os parentes e amigos do réu, aguardando
ansiosos o veredito final.
5. Os quadros de Van Gogh não tinham ne-
nhum valor em sua época. Houve telas que
serviram até de porta de galinheiro. (sinôni-
mos)
6. Glauber Rocha fez filmes memoráveis.
Pena que o cineasta mais famoso do ci-
nema brasileiro tenha morrido tão cedo.
(epíteto-expressão que qualifica a pessoa)
7. O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele)
Abriu a sessão às oito horas em ponto e (ele)
fez então seu discurso emocionado.(elipse)
8. Lygia Fagundes Teles é uma das principais
escritoras brasileiras da atualidade. Lygia é
autora de “Antes do baile verde”, um dos me-
lhores livros de contos de nossa literatura.
(repetição de parte do nome)
A remissão catafórica (para a frente) reali-
za-se preferencialmente através de pronomes de-
monstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes
genéricos, mas também por meio das demais es-
pécies de pronomes, de advérbios e de numerais.
Exemplos:
1. O incêndio havia destruído tudo: casas,
móveis, plantações.
2. Desejosomente isto: que medêemaopor-
tunidade de me defender das acusações
injustas.
3. O enfermo esperava uma coisa apenas: o
alívio de seus sofrimentos.
4. Ele era tão bom, o presidente assassina-
do!
Coerência textual “diz respeito ao modo
como os elementos subjacentes à superfície textual
vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma
configuração veiculadora de sentido.”(KOCK, Inge-
dore Villaça). É a relação que se estabelece entre as
diversas partes do texto, criando uma unidade de
sentido. Está ligada ao entendimento, à possibili-
dade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.
Mas não basta costurar uma frase a outra para dizer
que estamos escrevendo bem. Além da coesão, é
preciso pensar na coerência. É possível escrever um
texto coeso sem ser coerente. Observe:
Os problemas de um povo têm de ser resol-
vidos pelo presidente. Este deve ter ideais muito
elevados. Esses ideais se concretizarão durante a
vigência de seu mandato. O seu mandato deve ser
respeitado por todos.
Ninguém pode dizer que falta coesão a esse
parágrafo. Mas de que ele trata mesmo? Dos pro-
blemas do povo? Do presidente? Do seu mandato?
Fica difícil dizer. Embora ele tenha coesão, não
tem coerência. A coesão não funciona sozinha. No
exemplo acima, teríamos que, de imediato, decidir
qual a sua palavra-chave: presidente ou proble-
mas do povo? A palavra escolhida daria estabilida-
de ao parágrafo. Sem essa base estável, não haverá
coerência no que se escrever, e o resultado será um
amontoado de idéias.
Enquanto a coesão se preocupa com a parte vi-
sível do texto, sua superfície, a coerência vai mais
longe, preocupa-se com o que se deduz do todo.
Na verdade a coerência não está no texto, ela
deve ser construída a partir dele, levando-se, por-
tanto, em conta os recursos coesivos presentes no
texto, funcionando como pistas para orientar o in-
terlocutor na construção do sentido.
A coerência exige uma concatenação perfeita
entre as diversas frases, sempre em busca de uma
unidade desentido. Nãosepodedizer, porexemplo,
numa frase, que o “desarmamento da população
pode contribuir para diminuir a violência”, e ,
na seguinte, escrever: “Além disso, o desemprego
tem aumentado substancialmente”. É evidente
a incoerência existente entre elas.
Assim também é incoerente defender o ponto
de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser
favorável à pena de morte, a não ser que não se con-
sidere a ação de matar como uma ação violenta.
(Obra consultada: Roteiro de Redação- VIANA, Antô-
nio Carlos -coord. et al)
EDITORA APROVAÇÃO
14 Redação e Interpretação de textos
RELAÇÕES LÓGICAS
O texto de opinião (argumentativo), escrito
para se defender ou para se atacar uma idéia, um
ponto de vista qualquer, trabalha fundamental-
mente com relações lógicas. E a língua concretiza
essas relações lógicas através de relatores específi-
cos que estabelecem uma ponte lógica entre o que
se disse e o que se vai dizer: mas, porque, pois, se,
quando, no entanto, apesar de, etc.
Observe esse exemplo:
Os problemas sociais não são resolvidos por-
que não há vontade política de resolvê-los.
Nesse tipo de relação, apresenta-se um fato (os
problemas sociais não são resolvidos) e a causa (
não há vontade política de resolvê-los) . Observe
que a ordem dos elementos pode ser alterada, o
relator pode ser outro, mas a natureza da relação
(causa e efeito direto) permanece inalterada:
Não há vontade política de resolver os proble-
mas sociais e por isso eles não são resolvidos.
Nãoesqueça: há muitos modos de marcaressa
relação, além dos populares “ porque” e “por isso”.
Veja mais alguns:
Como não há vontade política de resolver os
problemas sociais, eles não se resolvem.
Já que não há vontade política, os problemas
sociais não se resolvem.
Podemos também estabelecer relações de cau-
sa e efeito pelo uso de alguns verbos. Veja:
A falta de vontade política impede a solução
dos problemas sociais.
Decorre da falta de vontade política a ausência
de solução para os problemas políticos.
INDICAÇÕES DE CIRCUNSTÂNCIAS – RE-
LAÇÕES DE SENTIDO
Chama-se circunstância a condição particular que
acompanha um fato. Um grupo de palavras pertence a
mesma área semântica, quando elas, num determinado
contexto, têm em comum um traço semântico que as
aproxime.
Circunstância de CAUSA- vocabulário se-
mântico
O processo mais comum de expressarmos as
circunstâncias de causa é nos servirmos de conjun-
ções adverbiais ou palavras que significam causa:
* substantivos: motivo, razão, explicação,
fundamento, desculpa, pretexto, o porquê,
embrião e outros.
* conjunções (e locuções): porque, visto que,
pois, por isso que, já que, uma vez que, por-
quanto, na medida em que, como, etc.
* preposições(e locuções): por, por causa
de, em vista de, em virtude de, devido a, em
conseqüência de, por motivo de, por razões
de, por falta de, etc.
Circunstância de CONSEQÜÊNCIA, FIM,
CONCLUSÃO
Se o fato determinante de outro é a sua causa,
esse outro é a sua conseqüência. A conseqüência
desejada é o fim (propósito, objetivo). Verifique os
exemplos seguintes:
Causa: Os motoristas fizeram greve porque
desejavam aumento de salário.
Fim: Os motoristas fizeram greve para conse-
guir aumento de salário.
Conseqüência: Os motoristas fizeram tantas
greves que conseguiram aumento de salário.
Atenção: Em sentido inverso, partindo-se
da conseqüência, chega-se à causa. Observe:
Causa: Os motoristas conseguiram aumento
de salário, porque fizeram greve.
EDITORA APROVAÇÃO
15
Redação e Interpretação de textos
Vocabulário semântico de conseqüên-
cia, fim e conclusão.
1. FIM, PROPÓSITO, INTENÇÃO
* substantivos: projeto,objetivo, finalidade,
meta, pretensão, etc.
* partículas e locuções: com o propósito
de, com a intenção de, com o fito de, com
o intuito de, de propósito, intencionalmente
– além das preposições para, a fim de, e as
conjunções afim de que, para que.
2. CONSEQÜÊNCIA, RESULTADO, CON-
CLUSÃO
substantivos:
• efeito, seqüência, produto,
decorrência, fruto, reflexo, desfecho, desen-
lace, etc.
verbos:
• decorrer, derivar, provir, vir de, ter
origem em, resultar, promanar, etc.
partículas e locuções:
• pois, por isso, por
conseqüência, conseqüentemente, logo, en-
tão, por causa disso, em virtude disso, devi-
do a isso, em vista disso, visto isso, à conta
disso, como resultado, em conclusão, em
suma, em resumo, enfim
Vocabuláriosemânticonaáreadeoposição
substantivos:
• antagonismo,polarização,r
eação, resistência, competição, hostilidade,
contraposição, obstáculo, empecilho, óbice
impedimento,objeção, contrapeso
verbos:
• ir de encontro a, defrontar-
se,enfrentar, reagir, impedir, estorvar, obs-
tar, objetar,opor-se, contrapor-se
preposições, locuções prepositivas e
•
adverbiais: apesar de, a despeito de, sem
embargo de, não obstante, malgrado, ao
contrário, em contraste com, em oposição
a, contra, às avessas.
Conjunções:
• mas,porém,todavia,contudo,
noentanto,entretanto,senão(adversativas);
embora, se bem que, ainda que, pos-
to que, conquanto, em que pese a, muito
embora,mesmo que.
PRONOMES RELATIVOS: que – quem - cujo
– onde
Ao empregar um pronome relativo, devemos
ter o seguinte cuidado:
1. Observar a palavra a que ele se refere para
evitar erros de concordância verbal
Encontramos um bom número de pessoas que
estavam reivindicando os mesmos direitos dos vinte
funcionários vitoriosos. (que = as quais- pessoas)
2.Observar o fragmento de frase de que faz par-
te. Pode haver um verbo ou um substantivo que exi-
ja uma preposição. Nesse caso, ela deve preceder o
pronome relativo.
Ninguém conseguiu até hoje esquecer a cilada
de que ele foi vítima. (de que= da qual – cilada). A
preposição de foi exigida pelo substantivo vítima.
As dificuldades a que você se refere são normais
dentro de sua carreira. (a que= às quais – dificulda-
des). O verbo referir-se pede a preposição a.
AS TRANSIÇÕES
Alguns dos conectores citados também apare-
cem iniciando frases, como se fossem uma espécie
de ponte entre um pensamento e outro. O conhe-
cimento desses elementos de transição ajuda a dar
maior organicidade ao pensamento, o que faz o
texto progredir mais facilmente. Saber usar os ter-
mos de transição deve ser uma preocupação cons-
tante de quem deseja escrever bem. Eles são muito
úteis ao mudarmos de parágrafo porque estabele-
cem pontes seguras entre dois blocos de idéias.
Eisos mais importantesesuasrespectivas funções:
1. Afetividade: felizmente, queira Deus, pu-
dera, Oxalá, ainda bem (que).
2. Afirmação: com certeza, indubitavelmente,
por certo, certamente, de fato.
3. Conclusão: em suma, em síntese, em resumo
4. Conseqüência: assim, conseqüentemente,
com efeito.
5. Continuidade: além de, ainda por cima,
bem como, também.
EDITORA APROVAÇÃO
16 Redação e Interpretação de textos Prática
6. Dúvida: talvez, provavelmente, quiçá.
7. Ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no má-
ximo, só.
8. Exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só,
somente, senão.
9. Explicação: a saber, isto é, por exemplo.
10. Inclusão: inclusive, também, mesmo, até.
11. Oposição: pelo contrário, ao contrário de.
12. Prioridade: em primeiro lugar, primeiramen-
te, antes de tudo, acima de tudo, inicialmente.
13. Restrição: apenas, só, somente, unicamente.
14. Retificação: aliás, isto é, ou seja.
15. Tempo:antes,depois,então,já,posteriormente.
Exercícios
1. Os textos abaixo necessitam de conec-
tores para sua coesão. Empregue as partí-
culas que estão entre parênteses no lugar
adequado.
a) Uma alimentação variada é fundamental seu
organismo funcione de maneira adequada.
Isso significa que é obrigatório comer ali-
mentos ricos em proteínas, carboidratos,
gorduras, vitaminas e sais minerais. Esses
alimentos são essenciais. Você esteja fa-
zendo dieta para emagrecer, não elimine
carboidratos, proteínas e gorduras de seu
cardápio. Apenas reduza as quantidades.
Você emagrece sem perder saúde. (assim,
mesmo que, para que)
b) Toda mulher responsável pelos cuidados
de uma casa já teve em algum momento
de sua vida vontade de jogar tudo para o
alto, quebrar os pratos sujos, mandar tudo
às favas, fechar a porta de casa e sair. Já
sentiu o peso desse encargo como uma ro-
tina embrutecedora, que se desfaz vai sendo
feito. Não é feito, nos enche de culpas e
acusações, quando concluído ninguém nota,
a mulher “não faz mais nada que sua obri-
gação”. (quando, pois, à medida que)
c) Nem sempre é fácil identificar a violência.
Uma cirurgia não constitui violência, visa ao
bem do paciente, é feita com o consenti-
mento do doente. Será violência a operação
for realizada sem necessidade ou o pacien-
te for usado como cobaia de experimento
científico sem a devida autorização. (mas
certamente, se, se, primeiro porque, depois
porque, por exemplo).
2. Reúna as diversas frases num só período
por meio de conjunções e pronomes rela-
tivos. Faça as devidas alterações de estru-
tura.
a) O camembert é um dos queijos mais con-
sumidos no mundo. Só se tornou popular
durante a Primeira Guerra. Conquistou os
soldados nas trincheiras.
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b) As moscas conseguem detectar tudo o que
acontece à sua volta. Têm olhos compostos.
Seus olhos lhes dão uma visão de pratica-
mente 360 graus.
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c) Tratava-se de uma pessoa. Essa pessoa tinha
consciência. Seu lugar só poderia ser aquele.
Lutaria até o fim para mantê-lo.
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d) Ele ficava à cata das pessoas. Queria con-
versar. As pessoas não lhe davam a menor
atenção.
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e) Ele era auxiliado em suas pesquisas por uma
professora. Ele morava numa pensão. Ele se
casaria mais tarde com essa professora.
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EDITORA APROVAÇÃO
17
Redação e Interpretação de textos
Prática
f ) Era um cais de quase dois quilômetros de
extensão. Gostávamos de caminhar ao lon-
go desse cais. O tempo era sempre feio e
chuvoso.
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g) Era um homem de frases curtas. A boca
desse homem só se abria para dizer coisas
importantes. Ninguém queria falar dessas
coisas.
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3. A coesão das frases abaixo está prejudi-
cada por causa da ausência dos pronomes
relativos. Faça a devida conexão, usando as
preposições quando verbo assim o exigir.
a) Enxergo, em atitudes desse tipo, uma ques-
tão mais profunda, é a falta de consciência
profissional. Uma sociedade acontecem ca-
sos assim nunca será respeitada.
b) A escola é o lugar podem sair futuros cida-
dãos conscientes se poderá construir uma
nação mais crítica de si mesma.
c) O lixo doméstico a maioria dos países não
reaproveita é um dramático problema. Ima-
ginemos então o lixo atômico não há espa-
ço. Ainda não se chegou a uma tecnologia
adequada para manuseá-lo. Outra questão
muito séria é a do lixo industrial poucos
sabem lidar. São vinte bilhões de toneladas
por ano temos de nos livrar.
d) O arrocho salarial certos governantes tanto
insistem leva o trabalhador ao desespero.
Além disso, os juros os comerciantes tanto
se queixam anulam as vias de crédito. Este
perverso quadro econômico todos viven-
ciamos há anos não pode continuar inde-
finidamente.
e) O envolvimento de menores de ambos os
sexos na prática de crimes é uma verdade
não podemos fugir. Os poderes constituídos
deveriam parar e refletir sobre esse fato os
jornais enchem suas páginas diariamente.
De nada adiantou o Estatuto da Criança e
do Adolescente muitos delinqüentes adultos
se valem para incitar menores à prática de
roubos e assassinatos.
f ) Falta dinheiro para tudo no Brasil, mas as
mordomias continuam. A verdade é que os
impostos o governo mantém sua máquina
emperrada são mal empregados. Há notícias
de que órgãos públicos compram copos de
cristal, talheres de prata, porcelanas finas, lu-
xos não querem abrir mão, mesmo sabendo
das dificuldades o povo passa.
g) As pedras portuguesas a prefeitura do Rio
calçou algumas ruas do centro vivem se
soltando. Isto é resultado do trabalho de
calceteiros incompetentes serviços foram
contratados sem nenhum rigor. As ruas se
transformaram numa verdadeira armadilha
você pode torcer o pé ou deixar o salto de
seu sapato.
USO DO “ONDE”
No padrão escrito, a referência de “onde” é
sempre, obrigatoriamente, lugar, espaço.
Observe os exemplos:
Ninguém sabe onde foi parar o dinheiro.(em
que lugar)
Onde fica a praça?(em que lugar)
O policial sabe onde aconteceu o crime, mas
não diz.( em que lugar).
Observe agora o caso em que a palavra Onde
faz referência a alguma coisa que está escrita no
texto.
Abri o cofre onde estava o dinheiro.(em que, no
qual – onde = cofre)
Nos bairros periféricos, onde a pobreza é maior,
a saúde pública não chega.(em que, nos quais- onde
= nos bairros periféricos)
No padrão escrito, muitas vezes o onde traz
junto a preposição exigida pelo verbo, independen-
temente se faz referência a algo fora do texto ou a
algo que está escrito no texto.
Confira:
Ninguém sabe de onde ele tirou esse dinheiro
.(de que lugar)
Ele explicou por onde a estrada vai passar.(por
que lugar)
O encanador soldou a fenda por onde a água
escapava.(onde = fenda)
EDITORA APROVAÇÃO
18 Redação e Interpretação de textos Prática
Exercícios
Junte os grupos de orações seguintes usan-
do a palavra onde, de acordo com o padrão
escrito.
1. Ele subiu distraído a arquibancada. Os torce-
dores estavam se matando na arquibancada.
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2. Fulano vivia no mundo dos sonhos. No mun-
do dos sonhos não se pagava imposto.
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3. O gato se escondeu na gaveta. O gato não
queria sair da gaveta.
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4. O guarda estava exatamente naquele corre-
dor. Por aquele corredor o assaltante pas-
sou.
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5. O ministro entrou no salão. Todos os convi-
dados correram para o salão.
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Exercícios
Nos períodos, elimine os “QUÊS”, alterando a
estrutura fraseológica correspondente, como
no modelo:
Modelo: Espero que me respondas a fim de
que se esclareçam as dúvidas que dizem
respeito ao assunto que está sendo discu-
tido.
R.: Espero me responderes a fim de se escla-
recerem as dúvidas do assunto ora em dis-
cussão.
1. Quando chegaram, pediram-me que devol-
vesse os livros que me foram emprestados
por ocasião dos exames que se realizaram
no fim do ano que passou.
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2. Solicitei-lhe que repetisse o recado que lhe
transmitira por telefone, mas ele desligou
sem que me desse maiores explicações.
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3. Camões, que é autor do maior poema épico
que já se escreveu em Língua Portuguesa,
deixou também uma série de sonetos que
são considerados como obra-prima do gê-
nero.
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4. O diretor determinou que a prova fosse
adiada até que se apurassem as irregulari-
dades que o inspetor denunciara.
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5. É indispensável que se conheça o critério
que se adotou para que sejam corrigidas
as provas que se realizaram ontem, a fim
de que se tomem providências que forem
julgadas necessárias.
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6. Creio que tenhamos que suportar as exi-
gências que ela faz.
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EDITORA APROVAÇÃO
19
Redação e Interpretação de textos
Prática
7. Sinto que estão acontecendo fatos que po-
deriam ser evitados.
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8. Quando terminou a sessão, percebi que ti-
nha desperdiçado uma oportunidade que
há muito tempo procurávamos.
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9. As promessas que se faziam ali indicavam
que o novo governo tinha nítido perfil po-
pulista.
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10. Se fossem executadas as obras que o can-
didato prometera, o município assumiria dí-
vidas que várias gerações não conseguiriam
saldar.
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O VOCABULÁRIO
A língua é um código. Se desconhecermos
este código, jamais poderemos escrever de forma
expressiva. Um dos “vícios” mais comuns em quem
possui vocabulário reduzido é o emprego indiscri-
minado / repetitivo da palavra coisa: “Você com-
prou essa coisa?!” “Vamos coisar?” , “Que coisa!!”.
Evite esta impropriedade. Utilize o termo
correto. Como treino, sugerimos várias fra-
ses, substitua em cada uma delas a palavra
“coisa” por um vocábulo adequado.
1. A mulher do século XXI está pronta para
assumir qualquer coisa.
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2. O casamento é uma coisa que passa por
uma crise.
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3. O homem precisa coisar as exigências de
seu egoísmo.
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4. A juventude é uma coisa muito complexa.
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5. Devemos estar conscientes das coisas de
nosso caminho.
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6. Milhões de brasileiros sofrem com as coisas
da seca.
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7. O teatro proporciona-nos coisas sensacio-
nais.
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8. O futuro da humanidade promete coisas
fantásticas.
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EDITORA APROVAÇÃO
20 Redação e Interpretação de textos
ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA- MODELO CESPE/UnB
Aspectos macroestruturais
		nota obtida 		 faixa de valores
APRESENTAÇÃO TEXTUAL
Legibilidade							 x (0,00 a 2,00)
Respeito às margens e indicação de parágrafos			 x (0,00 a 2,00)
ESTRUTURA TEXTUAL (dissertativa)
Introdução adequada ao tema/posicionamento		 x (0,00 a 4,00)
Desenvolvimento							 x (0,00 a 4,00)
Fechamento do texto de forma coerente			 x (0,00 a 4,00)
DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Estabelecimento de conexões lógicas entre os argumentos x (0,00 a 4,00)
Objetividade de argumentação frente ao tema/posicionamento x (0,00 a 4,00)
Estabelecimento de uma progressividade textual em relação
à seqüência lógica do pensamento				 x (0,00 a 4,00)
Aspectos microestruturais
Tipo de erro 123456789 0123456789 0123456789 0123456789 0123456
Pontuação
Construção do período
Emprego de conectores
Concordância nominal
Concordância verbal
Regência nominal
Regência verbal
Grafia/acentuação
Repetição/omissão vocabular
Outros
Nota no conteúdo (NC)			 NC=5 : 28 x (soma das notas dos quesitos)
Número de linhas efetivamente ocupadas (TL)
Número de erros (NE)
NOTA DA PROVA DISCURSIVA (NPD): NPD=NC – 3 x NE : TL
Anotações
EDITORA APROVAÇÃO
21
Redação e Interpretação de textos
II - ESTRUTURA TEXTUAL DISSER-
TATIVA
Bases Conceituais
PARTE I – O conteúdo da redação
Apresentação Textual
- Legibilidade;
Legibilidade e erro: escreva sempre com letra
legível. Prefira a letra cursiva. A letra de impren-
sa poderá ser usada desde que se distinga bem as
iniciais maiúsculas e minúsculas. No caso de erro,
risque com um traço simples, o trecho ou o sinal
gráfico e escreva o respectivo substituto.
Atenção: não use parênteses para esse fim.
- Respeito às margens e indicação dos pa-
rágrafos;
Para dar início aos parágrafos, o espaço de mais
ou menos dois centímetros é suficiente. Observe
as margens esquerda e direita na folha para o texto
definitivo. Não crie outras. Não deixe “buracos” no
texto. Na translineação, obedeça às regras de divi-
são silábica.
-Limite máximo de linhas;
Além de escrever seu texto em local devido (fo-
lha definitiva), respeite o limite máximo de linhas
destinadas a cada parte da prova, conforme orienta-
ção da banca. As linhas que ultrapassarem o limite
máximo serão desconsideradas ou qualquer texto
que ultrapassar a extensão máxima será totalmente
desconsiderado.
-Eliminação do candidato;
Seu texto poderá ser desconsiderado nas se-
guintes situações:
- ultrapassagem do limite máximo de li-
nhas.
- ausência de texto: quando o candidato
não faz seu texto na FOLHA PARA O TEX-
TO DEFINITIVO.
- fuga total ao tema: analise cuidadosamente
a proposta apresentada. Estruture seu texto
em conformidade com as orientações explici-
tadas no caderno da prova discursiva.
- registros indevidos: anotações do tipo
“fim” , “the end”, “O senhor é meu pastor,
nada me faltará” ou recados ao examinador,
rubricas e desenhos.
a) Estrutura Textual Dissertativa
Não dê título ao texto, começa na linha 1 da
folha definitiva o seu parágrafo de introdução.
b.1) Introdução adequada ao tema / posi-
cionamento
Apresenta a idéia que vai ser discutida, a tese
a ser defendida. Cabe à introdução situar o leitor
a respeito da postura ideológica de quem o redige
acerca de determinado assunto. Deve conter a tese
e as generalidades que serão aprofundadas ao
longo do desenvolvimento do texto. O importante
é que a sua introdução seja completa e esteja em
consonância com os critérios de paragrafação. Não
misture idéias.
b.2) Desenvolvimento
Apresenta cada um dos argumentos ordenada-
mente, analisandodetidamenteas idéias eexempli-
ficando de maneira rica e suficiente o pensamento.
Nele, organizamos o pensamento em favor da tese.
Cada parágrafo (e o texto) pode ser organizado de
diferentes maneiras:
- Estabelecimento das relações de causa e
efeito: motivos, razões, fundamentos, ali-
cerces, os porquês/ conseqüências, efeitos,
repercussões, reflexos;
- Estabelecimento de comparações e con-
trastes: diferenças e semelhanças entre
elementos – de um lado, de outro lado,em
contraste, ao contrário;
- Enumerações e exemplificações: indicação
de fatores, funções ou elementos que escla-
recem ou reforçam uma afirmação.
b.3) Fechamento do texto de forma coerente
Retoma ou reafirma todas as idéias apresen-
tadas e discutidas no desenvolvimento, tomando
uma posição acerca do problema, da tese. É tam-
bém um momento de expansão, desde que se man-
tenha uma conexão lógica entre as idéias.
EDITORA APROVAÇÃO
22 Redação e Interpretação de textos
c)	Desenvolvimento do Tema
c.1) Estabelecimento de conexões lógicas
entre os argumentos.
Apresentação dos argumentos de forma or-
denada, com análise detida das idéias e exemplifi-
cação de maneira rica e suficiente do pensamento.
Para garantir as devidas conexões entre períodos,
parágrafos e argumentos, empregar os elementos
responsáveis pela coerência e unicidade, tais como
operadores de seqüenciação, conectores, prono-
mes. Procurar garantir a unidade temática.
c.2) Objetividade de argumentação frente
ao tema / posicionamento
O texto precisa ser articulado com base nas in-
formaçõesessenciaisquedesenvolverãootemapro-
posto. Dispensar as idéias excessivas e periféricas.
Planejar previamente a redação definindo anteci-
padamente o que deve ser feito. Recorrer ao banco
de idéias é um passo importante. Listar as idéias
que lhe vier à cabeça sobre o tema.. Estabelecer a
tese que será defendida. Selecionar cuidadosamen-
te entre as idéias listadas, aquelas que delimitarão o
tema e defenderão o seu posicionamento.
c.3) Estabelecimento de uma progressivi-
dade textual em relação à seqüência lógica do
pensamento.
O texto deve apresentar coerência seqüencial
satisfatória. Quando se proceder à seleção dos ar-
gumentos no banco de idéias, deve-se classificá-
los segundo a força para convencer o leitor, partin-
do dos menos fortes parta os mais fortes.
PARTE II – Forma
Antes de passar a limpo o texto, convém fazer
uma cuidadosa revisão gramatical, que deverá ser
repetida também com a redação já pronta.
Observar especialmente pontuação, ortogra-
fia, acentuação, concordância, regência,  cons-
trução do período e emprego de conectores.
No tocante à construção do período, tome al-
guns cuidados que ajudarão a melhorar sua reda-
ção. Escrever exige paciência e um trabalho contí-
nuo com a palavra.
A FRASE
1. Extensão
Escreva sempre frases curtas, que não ultrapas-
sem duas ou três linhas, mas também não caia no
oposto, escrevendo frases curtas demais. Uma frase
de boa extensão evita que você se perca. Seja obje-
tivo. Exemplo.
A crise de abastecimento de álcool não é apenas
resultado da incompetência e irresponsabilidade
das agências governamentais que deveriam tratar
do assunto, pois ela também foi causada por outro
vício de origem que foi no primeiro caso os organis-
mos do governo encarregados de gerir os destinos
do Proálcool que foram pouco a pouco sendo apro-
priados pelos setores que eles deveriam controlar,
se transformando em instrumento de poder desses
mesmos setores que através deles passaram a se
apropriar de rendas que não lhe pertenciam.
Quando chegamos ao final da frase, não lem-
bramos o que estava no seu início. O que fazer? An-
tes de tudo, ver quantas idéias existem aí e separá-
las.
Uma possível redação para esse texto seria:
A crise no abastecimento do álcool não resulta
apenas da incompetência e da irresponsabilidade do
governo. Ela é também causada por certos vícios que
rondam o poder. Os órgãos responsáveis pelo desti-
no do Proálcool se eximem de controlá-lo com rigor.
Disso resulta uma situação estranha: os órgãos do
governo passam a ser dominados justamente pelos
setores que deveriam controlar. Transformam-se
assim em instrumentos de poder de usineiros que se
apropriam do erário.
2. Fragmentação
Nunca interrompa seu pensamento antes dos
pronomes relativos, gerúndios, conjunções subor-
dinativas.
ERRADO:
O carro ficou estacionado no shopping. Onde
tínhamos ido fazer compras.
O Detran tem aumentado sua receita. Multan-
do carros sem nenhum critério.
EDITORA APROVAÇÃO
23
Redação e Interpretação de textos
Ele tem lutado para manter o status. Uma vez
que perdeu quase toda a fortuna.
Certo:
As mesmas orações sem ponto final, apenas o
emprego da vírgula.
3. Pronome Relativo
Não transforme sem necessidade o pronome
relativo QUE em o qual, a qual , os quais, as quais.
Só o faça quando houver ambigüidade, como neste
exemplo:
Encontramos a filha do fazendeiro que perdeu
todo o dinheiro na Bolsa.
Nesse caso, o QUE pode referir-se tanto à filha
quanto ao fazendeiro.
4. Onde / Aonde
1) Sósedeveusaronde quandosereferiralugar.
O país onde nasci fica muito distante.
Nos demais casos, use em que
São muito convincentes os argumentos em que
você se baseia.
2)Só se deve usar aonde, quando a regência do
verbo assim o exigir.
Aonde iremos à noite? (ir a) / Aonde você pre-
tende chegar ?(chegar a)
* Não use onde para se referir a datas.
Isto aconteceu nos anos 70, onde houve uma
verdadeira revolução de costumes.
Melhor dizer:
Isto aconteceu nos anos 70, quando houve uma
verdadeira revolução de costumes.
5. Poluição  Gráfica
Não escreva um texto “manchado” , cheio de
travessões, aspas, exclamações, interrogações. O
que dizer de uma seqüência como esta:
Será que Deus é mesmo brasileiro? Então viva o
Brasil! mas pelo visto...
6. Ponderações
Não generalize. Frases do tipo Todo político é
corrupto só fazem dizer que a pessoa escreve irre-
fletidamente.
7. Emprego exaustivo de Gerúndio
“O contribuinte brasileiro está precisando receber
um melhor tratamento das autoridades fiscais , sendo
ele vítima constante de um Leão sempre descontente
de sua mordida, não se sentindo a salvo e sendo sem-
pre surpreendido por novas regras, novas alíquotas,
assaltando, o seu bolso”. (Observeque , além decons-
tituir um recurso estilístico inadequado, o gerúndio
promove ambigüidade edefeitosdeconexão, caso não
seja empregado com propriedade.)
Melhor dizer:
“O contribuinte brasileiro precisa receber um
melhor tratamento das autoridades fiscais. Ele é ví-
tima constante de um Leão sempre descontente de
sua mordida, não há ano em que se sinta a salvo. É
sempre surpreendido por novas regras, novas alí-
quotas, novos assaltos ao seu bolso.”
IMPORTANTE: MAU USO DO GERÚNDIO
Novo vício de linguagem – o gerundismo –
ameaça tomar conta do nosso idioma. O motivo da
discórdia é o uso do verbo “estar” , acompanhado do
gerúndio, para designar uma ação no futuro, como
“vou estar te ligando” ou “estaremos abrindo”.
“Sinceramente: nossa paciência está estando a pon-
to de estar estourando. O próximo “Eu vou estar
transferindo a sua ligação” que eu vá estar ouvin-
do pode estar provocando alguma reação violenta
da minha parte. Eu não vou estar me responsabi-
lizando pelos meus atos. As pessoas precisam estar
entendendo a maneira como esse vício maldito con-
seguiu estar entrando na linguagem do dia-a-dia”.
(excerto de Ricardo Freire)
EDITORA APROVAÇÃO
24 Redação e Interpretação de textos
8. Emprego exaustivo do conectivo QUE
É indispensável que se conheça o critério que
se adotou para que sejam corrigidas as provas que
se realizaram ontem, a fim de que se tomem provi-
dências que forem julgadas necessárias.
Melhor dizer:
É indispensável conhecer o critério adotado
para a correção das provas realizadas ontem, a fim
de se tomarem as providências (julgadas) necessá-
rias.
9. Paralelismos: a função do paralelismo é
veicular informações novas através de determinada
estrutura sintática que se repete, fazendo o texto
progredir de forma precisa.
Tomemos a seguinte frase:
Falava-se da chamada dos conservadores ao
poder e da dissolução da Câmara.
O conector E soma duas informações vincula-
das ao verbo falar (falava-se de)
Assim, os termos de mesma função devem ser
construídos a partir da mesma forma gramatical.
Observe o exemplo:
“Ele cometeu dois erros: o primeiro foi não
cumprir o acordo estabelecido; o segundo foi a
desvalorização dos procedimentos sugeridos. (fal-
tou paralelismo)
Melhor dizer:
Ele cometeu dois erros: o primeiro foi não cum-
prir o acordo estabelecido; o segundo, desvalorizar
os procedimentos sugeridos. OU
Ele cometeu dois erros: o primeiro foi o não-
cumprimento do acordo estabelecido; o segundo,
a desvalorização0dos procedimentos sugeridos.
(Obs.: a vírgula depois de “o segundo”indica elip-
se verbal.) “ (MOURA, Fernando, Nas Linhas e Entrelinhas)
As questões de paralelismos devem ser anali-
sadas sob o ponto de vista sintático e semântico.
Observe o exemplo :
Ele estava não só atrasado para o concerto,
mas também sua mulher tinha viajado para a
fazenda.
A frase está correta sintaticamente, mas não tem
lógica. Ela pode ser corrigida da seguinte forma:
Eleestavanãosóatrasadoparaoconcerto,mas
tambémpreocupadocomafilaqueiriaenfrentar.
PARALELISMOS MAIS FREQÜENTES
Os casos mais comuns de paralelismos dentro
da frase ocorrem:
Com as conjunções:
a) e , nem
Ele conseguiu transformar-se no comandan-
te das Forças Armadas e no homem forte do go-
verno.
Não adianta tomar atitudes radicais nem fa-
zer de conta que o problema não existe.
b) não só ... mas também
O projeto não só será aprovado, mas tam-
bém posto em prática imediatamente.
c) mas
Não estou descontente com seu desempenho,
mas com sua arrogância.
d) ou
O governo ou se torna racional ou se destrói
de vez.
c) tanto ... quanto
Estamos questionando tanto seu modo de ver
os problemas quanto sua forma de solucioná-los.
d)	Isto é / ou seja, etc
Você devia estar preocupado com seu futuro,
isto é, com a sua sobrevivência.
g)com as orações justapostas (aquelas que
estão coordenadas sem conectivos)
O governo até agora não apresentou nenhum
plano para erradicar a miséria, não criou nenhum
programa de emprego, não destinou os recursos
necessários para a educação e à saúde
EDITORA APROVAÇÃO
25
Redação e Interpretação de textos
PARALELISMOS – ESTRUTURAS INCORRETAS
1. Não saí de casa por estar chovendo e porque
era ponto facultativo.
Poderia ser adotada a forma: Não saí de casa
não só porque estava chovendo mas também
porque era ponto facultativo ou ainda Não saí
de casa por estar chovendo mas também por
ser ponto facultativo.
2. Nosso destino depende em parte do determi-
nismo e em parte obedecendo à nossa vontade.
Forma adequada, mais simples e mais fácil:
...depende em parte do determinismo e em
parte da nossa vontade.
3. Peço-lhe que me escreva a fim de informar-
me a respeito das atividades do nosso Grêmio e se a
data das provas já está marcada.
Seria aceitável a seguinte construção: Peço-lhe
que meescrevaa fim de informar-mea respeito
das atividades do nosso Grêmio e que me diga
se a data das provas já está marcada.
10. O emprego de APESAR DO....x / APE-
SAR DE O ..
Uma pessoa que entende como ninguém a Re-
pública dos Tucanos lembra que, apesar de o mi-
nistro Bresser Pereira estar sendo acusado de falar
demais, ele nunca foi desautorizado pelo presidente.
Nem pessoalmente.
Observe o detalhe
apesar de o ministro Bresser Pereira estar sen-
do acusado...
Outros casos
1. Apesar da chuva, ele saiu de casa.
Apesar de a chuva cair torrencialmente, ele
saiu de casa.
2.Ele reclamou desses artigos, que já foram re-
vogados.
O fato de esses artigos terem sido revogados
não vem ao caso.
Norma: Separa-se a preposição quando seu
complemento é sujeito de um verbo.
11. Pontuação nas orações reduzidas
Quanto ao uso das vírgulas nas orações reduzi-
das, temos as seguintes possibilidades:
a) oração reduzida de gerúndio - se há valor
adverbial, vem normalmente com vírgula.
O Estado, visando ao bem comum, elabora
suas normas.
Visando ao bem comum, o Estado elabora suas
normas.
O Estado elabora suas normas, visando ao bem
comum.
b) oração reduzida de particípio - depende
do valor e da posição:
* nas reduzidas de particípio antecipadas, a
vírgula é obrigatória.
Uma vez preenchidos todos os requisitos le-
gais, o Ministério Público dispõe do processo.
Analisadas as contas na Suíça, pôde-se ter uma
idéia mais evidente do problema.
* nas reduzidas de particípio intercaladas, o
uso da vírgula depende do valor da oração.
- restritivo: As duas propostas classificadas na
primeira fase , serão levadas à frente.
- explicativo: A Constituição Federal, concluí-
da em 1988, trouxe importantes mudanças.
- adverbial: Os eleitores, conferidos seus do-
cumentos, votarão em urnas individuais.
c) oração reduzida de infinitivo - se há valor
adverbial e está deslocada, vem com vírgula.
Esse preceito, ao efetivar-se na legislação brasi-
leira, trouxe avanço nas conquistas sociais.
Ao efetivar-se na legislação brasileira, esse pre-
ceito trouxe avanço nas conquistas sociais.
12. O Vocabulário
Escreva com simplicidade. Não empregue pa-
lavras complicadas ou supostamente bonitas. Es-
crever bem não é escrever difícil. O vocabulário
deve adequar-se ao tipo de texto que pretendemos
EDITORA APROVAÇÃO
26 Redação e Interpretação de textos
redigir. No nosso caso, só trabalhamos com a lin-
guagem padrão, aquela que a norma culta exige
quando vamos tratar de algum problema de grande
interesse para leitores de bom nível cultural. Dela
deverão ser afastados erros gramaticais, ortográfi-
cos, termos chulos, gíria, que não condizem com
a boa linguagem. Observe as inadequações neste
exemplo.
Os grevistas refutaram o aumento proposto
pelo governo. Enquanto o líder da situação fazia
na Câmara os prolegômenos dos novos índices, os
trabalhadores faziam do lado de fora o maior auê,
achando que o governo não estava com nada.
É preciso ter muito cuidado com as palavras.
Nem sempre elas se substituem com precisão. Em-
pregar refutar por rejeitar, prolegômenos por ex-
posição não torna o texto melhor. Não só palavras
“bonitas” prejudicam um texto, mas também a gí-
ria ( auê) e expressões coloquiais (não estava com
nada).
O texto poderia ser escrito da seguinte forma:
Os grevistas rejeitaram o aumento proposto
pelo governo. Enquanto o líder da situação fazia na
Câmara a exposição dos novos índices, os trabalha-
dores faziam do lado de fora uma grande manifes-
tação.
13. Adjetivos certos na medida certa
O emprego indiscriminado de adjetivos pode
prejudicar as melhores idéias. Para que dizer um
vendaval catastrófico destruiu Itu quando vendaval
já traz implícita a idéia de catástrofe?
Outro mau uso do adjetivo ocorre quando em-
pregado intempestivamente, como se o autor qui-
sesse “embelezar” o texto. O que ele consegue , no
mínimo, é confundir o leitor.
Diante do mundo incomensurável, incógnito
e desmedido que nos cerca, o homem se sente mi-
núsculo, limitado, inepto, incapaz de compreender
o menor movimento das coisas singulares, magné-
ticas e imprevisíveis com que se depara em seu coti-
diano impregnado e assoberbado de interrogações.
14. Lugares - comuns e modismos
Evite palavras, frases, expressões ou constru-
ções vulgares. A renovação da linguagem deve ser
preocupação constante de quem escreve. Não há
boa idéia que sobreviva nem texto cheio de lugares-
comuns. Abandone:
a) frases do tipo:
agradar a gregos e troianos
•
arrebentar a boca do balão
•
botar pra quebrar
•
chover no molhado
•
deitar e rolar
•
dar com os burros n’água
•
deixar o barco correr solto
•
dizer cobras e lagartos
•
estar em petição de miséria
•
estar com a bola toda
•
estar na crista da onda
•
ficar literalmente arrasado
•
ir de vento em popa
•
passar em brancas nuvens
•
ser a tábua de salvação
•
segurar com unhas e dentes
•
ter um lugar ao sol
•
b) modismos, invenções, como:
Agudizar // alavancar // exitoso
// imperdível // a nível de // cur-
tir // galera // magnificar //
gratificante // obstaculizar // chocante
// apoiamento
c) particularidades léxicas e gramaticais
1. ao nível de: (= à mesma altura) // em nível
de (= hierarquia)
2. ao encontro de: (= aproximação) // de en-
contro a: (= posição contrária)
3. em princípio : (= em tese) // a princípio:
(= no início)
4. tampouco: (=também não) // tão pouco:
(=muito pouco)
5. acerca de:(= a respeito de) // cerca de:
(=durante) // a cerca de:(idéia de distância
EDITORA APROVAÇÃO
27
Redação e Interpretação de textos
// há cerca de: (aproximadamente no pas-
sado)
6. bastantes: (= muitos, suficientes) // bas-
tante : (muito)
7. afim(afins): (=afinidade) // a fim de:
(=para, um objetivo)
d) Não Use: ao meu ver / a cores / a nível /
às expensas / comunicamo-lhes / conseguimos nos
concentrarmos / ajoelhamos-nos / face ao / haja
visto / inflingirem / econômicas-financeiras / à rua
/ custei para / haviam(=existiam) / ao par (= cien-
te) / fazem 15 dias / de sábado / iremos no / intervi
/ implicou em /
Use: a meu ver // em cores // ao nível // a
expensas // comunicamos-lhes // conseguimos
nos concentrar // ajoelhamo-nos // em face de //
haja vista // infringirem // econômico-financeiras
// na rua // custou-me // havia // a par // faz 15
dias // aos sábados // iremos ao // intervim //
implicou
15.Na introdução:
Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode
fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção
do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como:
atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o
mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em
que vivemos, na atualidade.
Listamos aqui algumas sugestões para come-
çar um texto.
a) Uma declaração (tema: liberação da ma-
conha)
É um grave erro a liberação da maconha, uma
vez que provocará de imediato violenta elevação do
consumo; o Estado perderá o precário controle que
ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas
instituições de recuperação de viciados não terão
estrutura suficiente para atender à demanda.
A declaração é a forma mais comum de come-
çar um texto. Procure fazer uma declaração forte,
capaz de surpreender o leitor.
b) Divisão (tema: exclusão social)
Predominam ainda no Brasil duas convicções
errôneas sobre o problema da exclusão social: a de
que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder públi-
co e a de que sua superação envolve muitos recursos
e esforços extraordinários. Experiências relatadas
nesta Folha mostram que o combate à marginalida-
de social em Nova York vem contando com intensi-
vos esforços do poder público e ampla participação
da iniciativa privada.
Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica
logo clara a direção que o parágrafo vai tomar. O
autor terá de explicitá-lo na frase seguinte.
c) Oposição (tema: a educação no Brasil)
De um lado, professores mal pagos, desestimu-
lados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos ex-
cessivos com computadores, antenas parabólicas,
aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que
vive hoje a educação no Brasil.
As duas primeiras frases criam uma oposição
(de um lado / de outro) que estabelecerá o rumo da
argumentação.
		
d) Alusão histórica (tema: globalização)
Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se
os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter
aberto de vez as portas para a globalização. As fron-
teiras foram derrubadas e a economia entrou em
rota acelerada de competição.
O conhecimento dos principais fatos históricos
ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tem-
po e pode ter uma melhor dimensão do problema.
e)	Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)
Será que é com novos impostos que a saúde me-
lhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansa-
dos de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco
que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados
por novos impostos para alimentar um sistema que
só parece piorar.
A pergunta não é respondida de imediato. Ela
serve para despertar a atenção do leitor para o tema
EDITORA APROVAÇÃO
28 Redação e Interpretação de textos
e será respondida ao longo da argumentação.
f) Citação (tema: política demográfica)
“As pessoas chegam ao ponto de uma criança
morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a
criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as
costas e irem embora”. O comentário do fotógrafo
Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ru-
anda, é um estímulo no estado de letargia ética que
domina algumas nações do Primeiro Mundo.
A citação inicial facilita a continuidade do tex-
to, pois ela é retomada pela palavra comentário da
segunda frase.
g) Citação de forma indireta (tema: consu-
mismo)
Para Marx, a religião é o ópio do povo; Raymond
Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos inte-
lectuais. Mas nos Estados Unidos, o ópio do povo é
mesmo ir às compras. Como as modas americanas
são contagiosas, é bom ver de que se trata.
Esse recurso deve ser usado quando não sabe-
mos textualmente a citação. É melhor citar de for-
ma indireta que de forma errada.
h) Exposiçãodepontodevista(tema: oprovão)
O ministro da Educação se esforça para conven-
cer de que o provão é fundamental para a melhoria da
qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupan-
do generosos espaços na mídia e fazendo milionária
campanha publicitária, ensinando como gastar mal o
dinheiro que deveria ser investido na educação.
Ao começar o texto com a opinião contrária,
delineia-se, de imediato, qual a posição dos au-
tores. Seu objetivo será refutar os argumentos do
opositor, numa espécie de contra-argumentação.
i) Uma frase nominal seguida de explica-
ção (tema: a educação no Brasil)
Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Se-
cretaria de Avaliação e Informação Educacional do
Ministério da Educação e Cultura sobre o desempe-
nho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao
Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que
ainda avaliou estudantes da 4ª série e da 8ª série do 1º
grau em todas as regiões do território nacional.
A palavra tragédia é explicada logo depois, re-
tomada por essa é a conclusão.
j) Adjetivação (tema: a educação no Brasil)
Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadei-
ra adjetivação para a política educacional do gover-
no.
A adjetivação inicial será a base para desenvol-
ver o tema. O autor dirá, nos parágrafos seguintes,
por que acha a política educacional do governo
equivocada e pouco racional.
l) Ilustração (tema: aborto)
O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um
anúncio em que uma jovem de dezoito anos, já mãe
de duas filhas, dizia estar grávida, mas não queria
a criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a
pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o filho a
ter que fazer um aborto.
O tema é tabu no Brasil.(...)
Você pode começar narrando uma fato para
ilustrar o tema. Veja que a coesão do parágrafo se-
guinte se faz de forma fácil; a palavra tema retoma
a questão que vai ser discutida.
m) Uma seqüência de frases nominais (fra-
ses sem verbo) (tema: a impunidade no Brasil)
Desabamento de shopping em Osasco. Morte
de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de
mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru.
Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás.
Muitos meses já se passaram e esses fatos continu-
am impunes.
O que se deve observar nesse tipo de introdu-
ção são os paralelismos que dão equilíbrio às diver-
sas frases nominais. A estrutura de cada frase deve
ser semelhante.
16.Na Conclusão
Na conclusão, lute sempre por uma linguagem
EDITORA APROVAÇÃO
29
Redação e Interpretação de textos
própria, distante do lugar comum.Eis algumas su-
gestões: dessa forma, sendo assim, em vista dos ar-
gumentos apresentados, em virtude do que foi men-
cionado, por todas estas idéias apresentadas, tendo
em vista os aspectos observados, dado o exposto,
por tudo isso.
17. Palavras Abstratas
As palavras abstratas podem ser empregadas,
na maioria das vezes, no singular, sem nenhum
prejuízo para a frase. Antes de usá-las no plural,
experimente o singular e veja se o sentido da frase
ficou mais preciso.
O projeto do governo tem gerado muita polêmi-
ca. ( E não “muitas polêmicas”)
A pena de morte não vai acabar com o crime. (
E não “com os crimes”)
Faça o mesmo quando o substantivo abstrato
for segundo elemento de uma locução ligada por
“de” e for empregado em sentido genérico.
Os níveis de emprego caíram muito nos últimos
anos.( E não “de empregos”)
18. Repetições desnecessárias
Nãorepitapalavrassem nenhumarazãoestilística.
O servidor que ganha um salário mínimo pode
ficar certo de que vai receber, no final do mês, o sa-
lário mínimo sem nenhum reajuste.
Melhor dizer:
O servidor que ganha um salário mínimo pode
ficar certo de que vai recebê-lo, no final do mês, sem
nenhum reajuste.
19. Pleonasmos
Alguns pleonasmos passam despercebidos
quando escrevemos. Veja os mais comuns e troque-
os pela forma exata:
a cada dia que passa = a cada dia
•
acabamentos finais = acabamentos
•
continua ainda = continua
•
elo de ligação = elo
•
encarar de frente = encarar destemida-
•
mente
há doze anos atrás = há doze anos
•
juntamente com = com
•
monopólio exclusivo = monopólio
•
20. Aspas
Não use aspas indiscriminadamente. Elas de-
vem aparecer nos seguintes casos: citações, arcaís-
mos, neologismos, gírias, estrangeirismos, expres-
sões populares, ou para indicar que determinada
palavra está sendo usada com sentido diferente do
habitual.
Para esconder os lucros exorbitantes que ti-
nham com os negócios, as corretoras usavam ende-
reços, contas e registros de empresas “laranjas”.
A palavra laranjas significa, nocaso, “de fachada”.
As palavras também servem para indicar ironia:
Os “revolucionários” não dispensam um uísque
importado e carros do último tipo.
21. Ambigüidade
É o duplo sentido causado por má construção
da frase.Exemplo: “Para investigar in loco os casos
de corrupção envolvendo inspetores, supervisores e
fiscais, o Secretário informou ao Diretor que ele de-
veria viajar para acompanhar a situação da alfân-
dega dos aeroportos do Rio e de São Paulo.
Muitas vezes, a utilização dos pronomes
possessivos seu / sua pode tornar a frase am-
bígua.
Exs.: O policial prendeu o ladrão em sua casa.
O candidato saiu com o filho; seu nome é João
Maria .// Jorge encontrou um amigo e soube que
sua mãe viajara.
O duplo sentido pode ser explorado com
malícia e humor, como se vê no trecho a se-
guir:
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  • 1. Redação e Interpretação de textos 2 REDAÇÃO PARA CONCURSOS PARTE I 2 TIPOLOGIA TEXTUAL 2 Narração 3 Dissertação 4 Redação técnica 4 II PARTE -TEXTO DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO 6 RESUMO / SÍNTESE 10 CONSTRUINDO O TEXTO 12 COESÃO E COERÊNCIA 14 Vocabulário semântico de conseqüência, fim e conclusão. 16 Exercícios 18 Exercícios 20 ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA- MODELO CESPE/UnB 21 II - ESTRUTURA TEXTUAL DISSERTATIVA 21 PARTE I – O conteúdo da redação 22 PARTE II – Forma 32 III PARTE - REDAÇÕES DE ALUNOS 35 PROPOSTAS DE REDAÇÃO 37 IV Parte - AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS 43 TESTES - QUESTÕES DE CONCURSOS 46 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 48 QUESTÕES DE CONCURSOS
  • 2. EDITORA APROVAÇÃO 2 Redação e Interpretação de textos REDAÇÃO PARA CONCURSOS I PARTE TIPOLOGIA TEXTUAL As formas de expressão escrita podem ser clas- sificadas em formas literárias, como as descrições e as narrações, e não literárias, como as dissertações e redações técnicas. Descrição Descrever é representar um objeto (cena, ani- mal, pessoa, lugar, coisa etc.) por meio de palavras. Para ser eficaz, a apresentação das características do objeto descrito deve explorar os cinco sentidos humanos – visão, audição, tato, paladar e olfato-, já que é por meio deles que o ser humano toma con- tato com o ambiente. A descrição resulta, portanto, da capacidade que o indivíduo tem de perceber o mundo que o cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais rica será a descrição. 1.Texto Literário A CASA MATERNA Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa paterna. As grades do portão têm uma ve- lha ferrugem e o trinco se oculta num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas palmas, ti- nhorões e samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste. É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a mesa farta do almoço, repetindo uma antiga ima- gem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. [...] A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vi- trola. Seu corpo como que se marca ainda na velha poltrona da sala e como que se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre da casa materna, a figura paterna perece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se fazem mais lentas e mãos filiais mais unidas em torno à grande mesa, onde já vi- bram também vozes infantis 2.Texto Não-Literário “Com a finalidade de compensar as possíveis ir- regularidades do piso, o seu freezer possui, na parte inferior dianteira, dois pés nivelados para um perfei- to apoio no chão.”(Manual de Instrução) “Este pequeno objeto que agora descrevemos encontra-se sobre uma mesa de escritório e sua função é a de prender folhas de papel. Tem o forma- to semelhante ao de uma torre de igreja. É cons- tituído por um único fio metálico que, dando duas voltas sobre si mesmo, assume a configuração de dois desenhos (um dentro do outro), cada um deles apresentando uma forma específica. Essa forma é composta por duas figuras geométricas: um retân- gulo cujo lado maior apresenta aproximadamente três centímetros e um lado menor de cerca de um centímetro e meio; um dos seus lados menores é, ao mesmo tempo, a base de um triângulo eqüilátero, o que acaba por torná-lo um objeto ligeiramente pon- tiagudo.(descrição de um clipe)” Narração O relato de um fato, real ou imaginário, é deno- minado narração. Pode seguir o tempo cronológico, de acordo com a ordem de sucessão dos aconteci- mentos, ou o tempo psicológico, em que se privi- legiam alguns eventos para atrair a atenção do lei- tor. A escolha do narrador, ou ponto de vista, pode recair sobre o protagonista da história, um obser- vador neutro, alguém que participou do aconteci- mento de forma secundária ou ainda um especta- Redação e Interpretação de textos
  • 3. EDITORA APROVAÇÃO 3 Redação e Interpretação de textos dor onisciente, que supostamente esteve presente em todos os lugares, conhece todos os personagens, suas idéias e sentimentos. As falas dos personagens podem ser apresentadas de três formas: discur- so direto, em que o narrador transcreve de forma exata a fala do personagem; discurso indireto, no qual o narrador conta o que o personagem disse, e discurso indireto livre, em que se misturam os dois tipos anteriores. O conjunto dos acontecimentos em que os per- sonagens se envolvem chama-se enredo. Pode ser linear, segundo a sucessão cronológica dos fatos, ou não-linear, quando há cortes na seqüência dos fatos. É comumente dividido em exposição, com- plicação, clímax e desfecho. Elementos da Narrativa * Personagens -Quem? Protagonista/Antagonista *Acontecimento -O quê? Fato *Tempo -Quando? Época em que ocorreu o fato *Espaço -Onde? Lugar onde ocorreu o fato *Modo Como? De que forma ocorreu o fato *Causa -Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato Com a fúria de um vendaval Em uma certa manhã acordei entediada. Estava em minhas férias escolares do mês de julho. Não pu- dera viajar. Fui ao portão e avistei, três quarteirões ao longe, a movimentação de uma feira livre. Não tinha nada para fazer, e isso estava me matando de aborrecimento. Embora soubesse que uma feira livre não constitui exatamente o melhor divertimento do qual um ser humano pode dispor, fui andando, a passos lentos, em direção àquelas barracas. Não esperava ver nada original, ou mes- mo interessante. Como é triste o tédio! Logo que me aproximei, vi uma senhora alta, extremamente gor- da, discutindo com um feirante. O homem, dono da barraca de tomates, tentava em vão acalmar a nervosa senhora. Não sei por que brigavam, mas sei o que vi:a mulher, imensamente gorda, mais do que gorda (monstruosa), erguia seus enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava contra o feirante. Comecei a me assustar, com medo de que ela destruísse a barraca (e talvez o próprio homem) devido a sua fúria incontrolável. Ela ia gri- tando e se empolgando com sua raiva crescente e ficando cada vez mais vermelha, assim como os to- mates, ou até mais. De repente, no auge de sua ira, avançou contra o homem já atemorizado e, tropeçando em alguns tomates podres que estavam no chão, caiu, tombou, mergulhou, esborrachou-se no asfalto, para o diver- timento do pequeno público que, assim como eu, assistiu àquela cena incomum. Dissertação A exposição de idéias a respeito de um tema, com base em raciocínios e argumentações, é cha- mada dissertação. Nela, o objetivo do autor é dis- cutir um tema e defender sua posição a respeito dele. Por essa razão, a coerência entre as idéias e a clareza na forma de expressão são elementos fun- damentais. A dissertação é a forma de composição que consiste na posição pessoal sobre determinado as- sunto. Quanto à formulação dos textos, o discurso dissertativo pode ser: a) expositivo: consiste numa apresentação , explicação, sem o propósito de convencer o leitor. Não há intenção expressa de criar debate, pela contestação de posições con- trárias às nossas. Ex.: “Eu, se tivesse um filho, não me meteria a chefiá-lo como se ele fosse um soldado de chumbo. Teria que lhe dar uma certa auto- nomia, para que pudesse livremente esco- lher o seu clube de futebol, procurar os seus livros, opinar à mesa, sem que esta aparên- cia de liberdade fosse além dos limites. Não queria que parecesse um ditador, nem tam- pouco um escravo. Os meninos mandões e os meninos passivos são duas deformações desagradáveis.” (Edições O Cruzeiro – O Vulcão e a Fonte)
  • 4. EDITORA APROVAÇÃO 4 Redação e Interpretação de textos b) argumentativo: consiste numa opinião que tenta convencer o leitor de que a razão está do lado de quem escreveu o texto. Para isso, lança-se mão de um raciocínio lógico, coe- rente, baseado na evidência das provas. Ex.: “Em geral as pessoas morrem em tor- no dos trinta anos e são sepultadas por vol- ta dos setenta. Leva quarenta anos para os outros perceberem que aquela pessoa está morta. Lembre-se: a vida é sempre uma in- certeza. Somente o que é morto é certo, fixo, sólido.” (Revista Motivação&Sucesso, Empresa ANTHROPOS Consulting) Redação técnica Há diversos tipos de redação não-literária, como os textos de manuais, relatórios administrati- vos, de experiências, artigos científicos, teses, mo- nografias, cartas comerciais e muitos outros exem- plos de redação técnica e científica. Embora se deva reger pelos mesmos princí- pios de objetividade, coerência e clareza que pau- tam qualquer outro tipo de composição, a redação técnica apresenta estrutura e estilos próprios, com forte predominância da linguagem denotativa. Essa distinção é basicamente produzida pelo objetivo que a redação técnica persegue: o de esclarecer e não o de impressionar. II PARTE TEXTO DISSERTATIVO/ ARGUMENTATIVO Dissertar é o mesmo que desenvolver ou ex- plicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos ex- positivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo en- ciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo. Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, também persu- ade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo. O texto dissertativo argumentativo tem uma estrutura convencional, formada por três par- tes essenciais. introdução • , que apresenta o assunto e o posicionamento do autor. Ao se posicionar, o autor formula uma tese ou a idéia princi- pal do texto. Teatro e escola, em princípio, parecem ser espaços distintos, que desenvolvem atividades com- plementares diferentes. Em contraposição ao am- biente normalmente fechado da sala de aula e aos seus assuntos pretensamente “sérios” , o teatro se configura como um espaço de lazer e diversão. En- tretanto, se examinarmos as origens do teatro, ain- da na Grécia antiga, veremos que teatro e escola sempre caminharam juntos, mais do que se imagina. (tese) desenvolvimento • , formado pelos pará- grafos que fundamentam a tese. Normal- mente, em cada parágrafo, é apresentado e desenvolvido um argumento. Cada um deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou comparações entre situações, épocas e lugares diferentes, pode também se apoiar em depoimentos ou citações de pessoas especializadas no assunto aborda- do, em dados estatísticos, pesquisas, alu- sões históricas. O teatro grego apresentava uma função eminentemente pedagógica. Com suas tragédias, Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diversão da platéia, mas também, e sobretudo, pôr em dis- cussão certos temas que dividiam a opinião pública naquele momento de transformação da sociedade grega. Poderia um filho desposar a própria mãe, de- pois de ter assassinado o pai de forma involuntária (tema de Édipo Rei)? Poderia uma mãe assassinar os filhos e depois matar-se por causa de um relacio- namento amoroso (tema de Medéia e ainda atual, como comprova o caso da cruel mãe americana que, há alguns anos, jogou os filhos no lago para poder namorar livremente)? Naquela sociedade, que vivia a transição dos va- lores místicos, baseados na tradição religiosa, para os valores da polis, isto é, aqueles resultantes da for- mação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um papel político e pedagógico, à medida que punha
  • 5. EDITORA APROVAÇÃO 5 Redação e Interpretação de textos em xeque e em choque essas duas ordens de valo- res e apontava novos caminhos para a civilização grega. “Ir ao teatro”, para os gregos, não era ape- nas uma diversão, mas uma forma de refletir sobre o destino da própria comunidade em que se vivia, bem como sobre valores coletivos e individuais. Deixando de lado as diferenças obviamente existentes em torno dos gêneros teatrais (tragédia, comédia, drama), em que o teatro grego, quanto a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para Bertold Brecht, por exemplo, um dos mais signifi- cativos dramaturgos modernos, a função do teatro era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas peças tiveram um papel essencial pedagógico voltadas para a conscientização de trabalhadores e para a resistência política na Alemanha nazista dos anos 30 do século XX. O teatro, ao representar situações de nos- sa própria vida – sejam elas engraçadas, trágicas, políticas, sentimentais, etc. – põe o homem a nu, diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na ins- tantaneidade e na fugacidade do teatro resida todo o encanto e sua magia: a cada representação, a vida humana é recontada e exaltada. O teatro ensina, o teatro é escola. É uma forma de vida de fic- ção que ilumina com seus holofotes a vida real, muito além dos palcos e dos camarins. * Conclusão, que geralmente retoma a tese, sintetizando as idéias gerais do texto ou propondo soluções para o problema discutido. Mais raramen- te, a conclusão pode vir na forma de interrogação ou representada por um elemento-surpresa. No caso da interrogação, ela é meramente retórica e deve já ter sido respondida pelo texto. O elemen- to surpresa consiste quase sempre em uma citação científica, filosófica ou literária, em uma formula- ção irônica ou em uma idéia reveladora que surpre- enda o leitor e, ao mesmo tempo, dê novos signifi- cados ao texto. Que o teatro seja uma forma alternativa de ensino e aprendizagem, é inegável. A escola sempre teve muito a aprender com o teatro, assim como este, de certa forma, e em linguagem própria, complementa o trabalho de gerações de educadores, preocupados com a formação plena do ser humano. (conclusão). Quisera as aulas também pudessem ter o en- canto do teatro: a riqueza dos cenários, o cuidado com os figurinos, o envolvimento da música, o bri- lho da iluminação, a perfeição do texto e a vibração do público. Vamos ao teatro? (elemento-supresa) ( Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto, profes- sora de Português). Atenção: a linguagem do texto dissertativo- argumentativo costuma ser impessoal, objetiva e denotativa. Mais raramente, entretanto, há a combinação da objetividade com recursos poéticos, como metáforas e alegorias. Predominam formas verbais no presente do indicativo e emprega-se o padrão culto e formal da língua. ORDEM LÓGICA Na dissertação, é importantíssima a orde- nação lógica das idéias. Pode-se iniciar o parágrafo por uma generalização, acrescentando-se-lhe fatos que a fundamentem, ou partir dos detalhes para chegar à conclusão. No parágrafo a seguir, a ordem lógica é evi- dente. Ele se inicia com uma generalização(tópico frasal),seguindo-se as especificações que a funda- mentam, e termina por uma conclusão claramente enunciada, em que amplia o sentido da declaração introdutória: A mocidade é essencialmente generalizado- ra. Os casos particulares não interessam. A análise, exigindo demora e paciência, repugna ao espírito imediatista da mocidade, que não quer apenas mas quer já. E quer em linhas gerais que tudo abranjam. Esse espírito de fácil generalização leva os moços a concluírem com facilidade e a julgarem de tudo e de todos com precipitação e vasta dose de suficiência. Tudo isso, porém, é utilíssimo para os grandes em- preendimentos que exigem certa dose de temeridade para serem levados avante. A mocidade é natural- mente totalitária e as soluções parciais não lhe in- teressam ou pelo menos não a satisfazem. (A.Amoroso Lima, Idade, sexo e tempo.p.72). Como se vê, pelo trecho citado, a ordem lógi- ca depende em grande parte do encadeamento dos componentes da frase por meio da associação de idéias. Mas não é ordem apenas verbal ou sintática, pois implica um processo de raciocínio. (Othon Garcia, Comunicação em prosa moderna)
  • 6. EDITORA APROVAÇÃO 6 Redação e Interpretação de textos RESUMO / SÍNTESE O resumo é uma condensação fiel das idéias ou dos fatos contidos num texto. Para reduzir um texto ao seu esqueleto essencial, não se deve perder de vista as suas partes principais, a ordem em que aparecem e a correlação estabelecida entre as idéias. Não podem ser introduzidos comentários ou conclusões pessoais. O resumo, com redução de um texto, deve evitar ser apenas uma colagem de frases retiradas do original, precisa procurar um estilo objetivo com vocabulário próprio de quem o redige. Deve-se flexionar os verbos na 3ª pessoa. ESTRUTURANDO O PARÁGRAFO Além da estrutura global do texto dissertativo- argumentativo, é importante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o parágrafo. Parágrafo é uma unidade de texto organizada em torno de uma idéia-núcleo, que é desenvol- vida por idéias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tama- nho variável. No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou idéia principal do texto, geralmente apre- sentada na introdução. Embora existam diferentes formas de organiza- ção de parágrafos, os textos dissertativo-argumen- tativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a idéia-núcleo, as idéias secundá- rias (que desenvolvem a idéia-núcleo), a conclu- são. Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão. Conheça a estrutura-padrão a seguir, obser- vando sua organização interna. (idéia-núcleo) A poluição, que se verifica principalmente nas capitais do país, é um proble- ma relevante, para cuja solução é necessária uma ação conjunta de toda a sociedade.(idéia secun- dária) O governo, por exemplo, deve rever sua legislação de proteção ao meio ambiente, ou fazer valer as leis em vigor; o empresário pode dar sua contribuição, instalando filtro de controle dos gases e líquidos expelidos, e a população, utilizando me- nos o transporte individual e aderindo aos progra- mas de rodízio de automóveis e caminhões, como já ocorre em São Paulo. (conclusão) Medidas que venham a excluir qualquer um desses três setores da sociedade tendem a ser inócuas no combate à poluição e apenas onerar as contas públicas. Observe que todo o parágrafo se organiza em torno do primeiro período, que expõe o ponto de vista do autor sobre como combater a poluição. O segundo período desenvolve e fundamenta a idéia- núcleo, apontando como cada um dos setores de- senvolvidos pode contribuir. O último período conclui o parágrafo, reforçando a idéia-núcleo. Elemento Relacionador Esse elemento não é obrigatório, mas geral- mente está presente a partir do segundo parágrafo; visa a estabelecer um encadeamento lógico entre as idéias e serve de “elo” entre o parágrafo entre si e o tópico que o antecede. Exemplo de um parágrafo e suas divisões: “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha, pois provocará de imediato violenta elevação do consumo; o Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotró- picas e nossas instituições de recuperação de vicia- dos não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos.” (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações) Elemento relacionador : Nesse contexto. Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha. Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado per- derá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura su- ficiente para atender à demanda Conclusão: Enfim, viveremos o caos. (Obra consultada: MOURA,Fernado. Nas Linhas e Entre- linhas, 6ª edição, 2004. Ed.Vestcon) OUTRAS FORMAS DE ESTRUTURAÇÃO DE PARÁGRAFO 1. Retomada da palavra-chave a)O contribuinte brasileiro precisa receber um melhor tratamento das autoridades fiscais. b) Ele é vítima constante de um Leão sempre descontente de sua mordida.
  • 7. EDITORA APROVAÇÃO 7 Redação e Interpretação de textos c) Não há ano em que se sinta a salvo. d) É sempre surpreendido por novas regras, novas alíquotas, novos assaltos ao seu bolso. A palavra-chave do parágrafo é contribuinte brasileiro (frase A), ela é retomada nas frases se- guintes pelo mecanismo de coesão. Na frase B, con- tribuinte brasileiro é substituído pelo pronome ele. Nas frases C e D, aparece como sujeito oculto de se sinta e de é sempre surpreendido. Em resumo: O termo contribuinte está presen- te em todos os enunciados; basta retomara palavra- chave a cada frase (sem repeti-la), acrescentando sempre uma informação nova a seu respeito. Um texto todo escrito dessa forma se tornaria monóto- no e o leitor logo se cansaria. 2. Por encadeamento a) A Receita Federal precisa urgentemente es- tabelecer regras constantes que facilitem a vida do brasileiro. b) Essas regras não podem variar ao sabor da troca de ministros. c) Cada um que entra se acha no direito de al- terar o que foi feito anteriormente. A estrutura do parágrafo é diferente do ante- rior. A frase B retoma a palavra regras da frase A, e a frase C retoma ministros (cada um) da frase B, num encadeamento de frase para frase. Por esse método, o parágrafo pode prolongar-se até onde acharmos conveniente. A escolha da palavra a ser retomada é puramente pessoal. 3. Por divisão a) Agindo assim, a única coisa que se faz de concreto é perpetuar dois tipos de contri- buintes que bem conhecemos. b) O que paga em dia seus tributos e o que so- nega a torto e a direito. c) Enquanto este continua livre de qualquer punição, aquele é vítima de impostos cada vez maiores. d) A impressão que se tem é de que mais vale ser desonesto que honesto. Nesse tipo de estrutura, a frase inicial delimi- ta o campo explanatório ao dividir os contribuintes em dois tipos. Quando isso acontece, o desenvolvi- mento do parágrafo restringe-se a explicar os com- ponentes dessa divisão. A frase B esclarece quais são esses dois tipos de contribuintes. A frase C ex- plica o que acontece com cada um deles. E a frase D conclui o assunto. 4. Por recorte a) Se o brasileiro é empurrado para a sonega- ção é porque há razões muito fortes para isso. b) Ninguém sabe para onde vai o dinheiro arre- cadado. c) O que deveria ser aplicado na educação e na saúde some como por milagre ninguém sabe onde. d) Há muitos anos que não se fazem investi- mentos em transportes. e) Grande parte da população continua sofren- do por falta de moradia. f) Paga-se muito imposto em troca de nada. A frase que inicia o parágrafo tem sentido mui- to amplo. A palavra razões leva-nos a pensar muita coisa de uma só vez. Quando isso acontece, devemos fazer um recorte nas idéias que ela suscita, escolher apenas um ângulo para ser explorado, fazendo uma enumeração dos exemplos mais pertinentes. As fra- ses seguintes (C,D e E) exemplificam as áreas para as quais deveria convergir o imposto. A frase F conclui, afirmando que há tanta sonegação. Com intenção puramente didática, foram pas- sadas algumas formas de se construir um parágra- fo. O ideal é combinar com habilidade no mesmo parágrafo duas técnicas diferentes, usar estrutura mista, conforme o exemplo seguinte: Todos nós lidamos diariamente com os nú- meros. Todavia, poucos são aqueles que percebem que os números têm um sentido muito mais amplo que o de simples instrumento de medição. Na ver- dade, os números têm características e significados que lhes são próprios. A compreensão dessas ca- racterísticas e significados leva a um caminho de descoberta, ainda que apenas de autodescoberta. Esse caminho, quando acertado, pode trazer grande compensação em termos de felicidade e sucesso. (Obra consultada: Roteiro de Redação, Antonio Carlos Viana(coord.))
  • 8. EDITORA APROVAÇÃO 8 Redação e Interpretação de textos SUGESTÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO COM BASE EM ESQUEMAS Os esquemas apresentados a seguir servirão de roteiro para a estruturação de seu texto disserta- tivo. Ao selecionar os seus argumentos, você deve articular as suas idéias com coerência seqüencial e consistência argumentativa. ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO Esquema de dissertação nº 1 1º parágrafo: TEMA + argumento 1 + argumen- to 2 +argumento 3 2° parágrafo :desenvolvimento do argumento 1 3° parágrafo: desenvolvimento do argumento 2 4° parágrafo: desenvolvimento do argumento 3 5° parágrafo: expressão inicial + reafirmação do tema + observação final. EXEMPLO: TEMA: Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos. POR QUÊ? *arg. 1: Existem populações imersas em comple- ta miséria. *arg. 2: A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais. *arg. 3: O meio ambiente encontra-se ameaça- do por sério desequilíbrio ecológico. Texto definitivo Chegando ao terceiro milênio, o homem ain- da não conseguiu resolver os graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompi- da freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ame- açado por sério desequilíbrio ecológico. Emboraoplanetadisponhaderiquezasincalculá- veis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos – encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos com tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações. Além disso, nesta últimas décadas, temos as- sistido, com certa preocupação, aos conflitos in- ternacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na anti- ga Iugoslávia, em alguns membros da Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou. Outra preocupação constante é o desequilí- brio ecológico, provocado pela ambição desmedi- da de alguns, que promovem desmatamentos desor- denados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em local inabitável. Em virtude dos fatos mencionados, somos le- vados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os graves problemas que afligem direta- mente uma grande parcela da humanidade e indire- tamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras. Sugestão de exercício: TEMA: Em todo o mundo, verifica-se um aumento generalizado da violência. AS RELAÇÕES DE CAUSA E CONSEQÜÊNCIA Esquema de dissertação n° 2 1° parágrafo: apresentação do TEMA (com ligeira ampliação) 2° parágrafo: Causa (com explicações adicionais) 3° parágrafo: Conseqüência (com explicações adicionais) 4° parágrafo: Expressão inicial + reafirmação do TEMA + observação final. Para encontrarmos uma causa, perguntamos POR QUÊ? ao tema. No sentido de encontrar uma conseqüência para o problema enfocado no tema, cabe a seguinte pergunta: O QUE ACONTECE EM RAZÃO DISSO?
  • 9. EDITORA APROVAÇÃO 9 Redação e Interpretação de textos EXEMPLO 1: TEMA: O Brasil tem enfrentado, nestes últimos anos, gravíssimos problemas econômicos. CAUSA: Nosso país contraiu uma dívida exter- na de proporções incalculáveis. CONSEQÜÊNCIA: Durante muito tempo ca- nalizaremos uma enorme verba para o pagamen- to dessa dívida, em vez de utilizar esse capital em obras que beneficiem a população. EXEMPLO 2: TEMA: A maior parte da classe política brasi- leira não goza de muito prestígio e confiabilidade por parte da população. CAUSA: A maioria dos parlamentares preocu- pa-se muito mais com a discussão dos mecanismos que os fazem chegar ao poder do que com os proble- mas reais da população. CONSEQÜÊNCIA: Os grandes problemas que afligem o povo brasileiro deixam de ser convenien- temente discutidos. Sugestão de exercício: TEMA: O aumento dos preços tem sido su- perior ao reajuste salarial concedido aos tra- balhadores. A ABORDAGEM DE TEMAS POLÊMICOS Esquema de dissertação nº 3 1° parágrafo: apresentação do TEMA. 2° parágrafo: análise dos aspectos favoráveis. 3º parágrafo: análise dos aspectos contrários. 4° parágrafo: expressão inicial + posicionamen- to pessoal em relação ao TEMA + observação final. EXEMPLO 1 TEMA: O controle da natalidade é de funda- mental importância nos países subdesenvolvidos. ASPECTOS FAVORÁVEIS: Nos países onde grande parte da população vive em estado de misé- ria absoluta, é imprescindível que o governo possibi- lite às famílias carentes os mecanismos necessários para o planejamento da sua prole. Assim, os pais, impedindo o crescimento exagerado de cada famí- lia, teriam melhores condições de subsistência. ASPECTOS CONTRÁRIOS: Ao Estado cabe, em vez de tentar impor o controle da natalidade, criar condições satisfatórias de vida para as famí- lias pobres que possuem um grande número de fi- lhos, principalmente em países de grande extensão territorial e de áreas ainda não ocupadas. EXEMPLO 2 TEMA:Deveríamos permitir que os jovens maio- res de dezesseis anos pudessem conseguir a carteira de habilitação, mediante a permissão dos pais. ASPECTOS FAVORÁVEIS: Muitos adolescen- tes, aos dezesseis anos, encontram-se capacitados para dirigir veículos dos mais diferentes tipos. Apre- sentam-se por vezes como excelentes motoristas, melhores até que muitos que já ultrapassaram a idade exigida pela lei atual. ASPECTOS CONTRÁRIOS: Embora o adolescente(dentro da faixa etária compreendida entre dezesseis e dezoito anos) possa apresentar-se apto para a condução de veículos, poderiam faltar- lhe, pelas condições psicológicas que caracterizam a adolescência, certos pré-requisitos indispensáveis para a obtenção da carteira de habilitação. Entre eles citamos: senso de responsabilidade e equilíbrio emocional constante. Sugestão de exercício: TEMA: O alto índice de criminalidade, em nossos dias, deve-se basicamente às péssimas condições de vida da maioria dos brasileiros. A RETROSPECTIVA HISTÓRICA Esquema de dissertação n° 4 1º parágrafo: estabelecimento do TEMA 2° parágrafo: retrospectiva histórica (época mais distante) 3° parágrafo: retrospectiva histórica (época mais próxima e época atual) 4° parágrafo: expressão inicial + retomada do TEMA (agora sob uma perspectiva histórica)
  • 10. EDITORA APROVAÇÃO 10 Redação e Interpretação de textos EXEMPLO: TEMA: A mulher tem conseguido um grande avanço na luta pela sua emancipação, em nossa so- ciedade. ÉPOCA MAIS DISTANTE: No passado, a mu- lher não tinha qualquer direito a uma participação maior na vida socioeconômica de sua comunidade. Seu papel era limitado às funções domésticas. ÉPOCA MAIS PRÓXIMA: Foi somente neste século que conseguiu firmar-se como um ser parti- cipante. Adquiriu o direito de instruir-se, de votar, de ocupar postos governamentais, podendo prestar sua colaboração na construção de uma nova socie- dade. Sugestão de exercício: TEMA: A capacidade destrutiva do homem cresce na exata proporção em que a Ciência possibilita o avanço tecnológico. (Técnicas Básicas de Redação, Branca Gra- natic) CONSTRUINDO O TEXTO A ARTICULAÇÃO DOS PARÁGRAFOS Na organização de um texto, é fundamental a interligação entre os parágrafos. São eles que con- duzem nosso processo reflexivo. Funcionam como partes de um todo e devem articular-se de forma perfeita para que a informação não se disperse. 1. Articulação por desmembramento do primeiro parágrafo Tomemos o texto de Bertrand Russell, “Minha Vida” , a fim de melhor aprendermos a forma como ele está construído: Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governaram minha vida:o desejo imenso de amor, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade. Essas paixões, como os fortes ventos, levaram-me de um lado para outro, em caminhos caprichosos, para além de um profundo oceano de angústia, chegando à beira do verdadeiro desespero. Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase - êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Procu- rei-o, também, porque abranda a solidão - aquela terrível solidão em que uma consciência horroriza- da observa, da margem do mundo, o insondável e frio abismo sem vida. Procurei-o, finalmente, por- que na união do amor vi, em mística miniatura, a visão prefigurada do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pu- desse parecer bom demais para a vida humana, foi o que encontrei. Com igual paixão busquei o conhecimento. De- sejei conhecer o coração dos homens. Desejei saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender a força pitagórica pela qual o número se mantém aci- ma do fluxo. Um pouco disso, não muito, encon- trei. Amor e conhecimento, até onde foram possí- veis, conduziram-me aos caminhos do paraíso. Mas a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra. Ecos de gritos de dor reverberam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opresso- res, velhos desprotegidos - odiosa carga para seus filhos - e o mundo inteiro de solidão, pobreza e dor transformam em arremedo o que a vida humana po- deria ser. Anseio ardentemente aliviar o mal, mas não posso, e também sofro. Isso foi a minha vida. Achei-a digna de ser vi- vida e vivê-la-ia de novo com a maior alegria se a oportunidade me fosse oferecida. O texto é constituído de cinco parágrafos que se encadeiam de forma coerente, a partir das pala- vras-chave vida e paixões do primeiro parágrafo: Palavras-chave: 1º parágrafo - vida / paixões 2º parágrafo - amor 3º parágrafo - conhecimento 4º parágrafo - compaixão 5º parágrafo - vida Pode-se dizer que esse é um texto bem estru- turado, pois em momento algum Bertrand Russell foge ao assunto que se propôs desenvolver. Os pa- rágrafos encadeiam-se com naturalidade, fluindo com clareza para um fim, devido à forma como fo- ram construídos. Tudo está amarrado ao primeiro parágrafo, que é a base da construção de um texto.
  • 11. EDITORA APROVAÇÃO 11 Redação e Interpretação de textos 2. Articulação por introdução de elemen- tos novos a cada parágrafo “ Nascimento e morte do Universo”, de John Gribbin, vai nos mostrar uma outra maneira de construir um texto, no que se refere ao encadea- mento dos parágrafos: Os cosmólogos sentem-se hoje muito perto de poder responder à velha pergunta dos filósofos: de onde viemos, para onde vamos? Não é necessário ser um homem de ciência para ter ouvido falar do BIG BANG, expressão que descreve o nascimento do Universo sob a forma de uma bola de fogo, há cer- ca de 15 bilhões de anos. Mas mesmo entre os estu- diosos, são poucos os que sabem algo mais acerca dessa teoria. A tese que liga o nascimento do Universo a seu fim deve muito à combinação de duas grandes con- quistas da física do século XX: a relatividade geral e a teoria dos quanta. Pesquisadores como Jayant Narlikar, da Índia, e Jim Hartle, da Califórnia, assim como diversos especialista soviéticos, deram sua contribuição. Mas aquele cujo nome está mais es- treitamente associado a essa descoberta é Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Hawking é, certamente, muito conhecido hoje como o autor de um best-seller sobre a natureza do tempo, mas também como vítima de uma doença que o confina a uma cadeira de rodas, podendo comuni- car-se apenas com os movimentos de uma das mãos, da qual se serve para soletrar laboriosamente palavras e frases com a ajuda de um pequeno computador. Mas muito antes de ter atingido a celebridade, Hawking já havia sido reconhecido por seus pares como um dos mais originais e bem-dotados pensadores de sua gera- ção. Durante 20 anos, seus trabalhos concentraram- se no estudo da singularidade - isto é, um ponto de matéria de densidade infinita e de volume nulo, como deve existir (segundo a teoria geral da relatividade) no coração dos buracos negros, ou tal como deve existido na origem do universo. O Universo pode ser descrito, na verdade, com as mesmas equações de um buraco negro. Um bura- co negro é uma região no espaço na qual a matéria está de tal forma concentrada, e exerce uma forma de atração gravitacional tão poderosa, que a própria luz não pode se afastar de sua superfície. Os obje- tos exteriores podem nele aglutinar, mas nada do que existe em um buraco negro pode ser diretamen- te percebido do exterior. Um buraco negro pode-se formar quando uma estrela um pouco mais maciça que nosso sol, chegando ao fim da vida, contrai-se sobre si mesma. As equações da relatividade geral mostram que toda estrela que se “colapsa” no inte- rior de um buraco deve efetivamente se contrair até o estado final de uma singularidade. Os estudiosos desconfiam das singularidades, e mais genericamente das equações contendo quan- tidades infinitas: eles tendem a considerá-las como um indício de que há alguma falha em seus cálculos. Mas, uma vez que a relatividade geral já havia de- monstrado brilhantemente sua veracidade, tiveram que se resignar a aceitar a idéia das singularidades, das quais ela prediz a existência. É nesse ponto que Hawking coloca fogo nas cinzas: ele mostra que as equações em virtude das quais se prova o colapso de uma estrela produz uma singularidade que levam igualmente a pensar no nascimento do Universo a partir de uma singularidade. As palavras-chave de Gribbin são nascimento do Universo e Big Bang. Observe que uma dessas pala- vras aparece sempre direta ou indiretamente a cada passo do texto. A elas se juntarão outras que darão especificamente a unidade da cada parágrafo. Vamos observar como Gribbin foi construindo seu texto: No primeiro parágrafo, ele pergunta de • onde viemos, para onde vamos, e depois introduz o assunto de que vai tratar:o Big Bang. Ao final do parágrafo, Gribbin afir- ma que, entre os estudiosos do assunto, são poucos os que conhecem algo mais acerca dessa teoria no nascimento do Universo. O segundo parágrafo começa retomando • essa teoria. Mas, em vez de usar a palavra teoria, ele preferiu usar o recurso de coe- são da palavra quase-sinônima, tese. A essa tese se associam os nomes de dois pesqui- sadores: Jayant Narlikar e Jim Hartle. Ao terminar o parágrafo, Gribbin diz que o nome que está mais associado a essa nova teoria sobre o nascimento do Universo é o físico Stephen Hawking. É com o nome de Hawking que ele começa • o terceiro parágrafo, que só tratará da figu- ra desse físico. Mas, no seu final, já aparece uma outra palavra - Universo - com a qual iniciará o parágrafo seguinte.
  • 12. EDITORA APROVAÇÃO 12 Redação e Interpretação de textos O quarto parágrafo descreve o buraco ne- • gro a fim de explicar o Universo. No final aparece a palavra singularidade, que servirá de abertura para o quinto parágrafo. O textodeJohn Gribbinestende-sepormaisqua- tro páginas, sempre seguindo essa forma de constru- ção: o parágrafoencaminha-se para uma nova palavra que será o início do seguinte, mas sem perder de vista as palavras - chave: Big Bang e Universo. Ao chegar à conclusão, escreve Gribbin: Desse modo, os cosmólogos responderam à per- gunta acerca de onde vem nosso Universo e para onde vai. Segundo eles, vivemos em um gigantesco bu- raco negro que encerra todo o cosmo. Surgido do nada como uma flutuação quântica do vazio, o Universo continuou sua expansão durante 15 bilhões de anos, mas em um ritmo bem decrescente. Em um determi- nado momento de um futuro mais distante, a força da atração da gravidade dará um fim inevitavelmente a essa expansão e mudará seu sentido.(...) Veja que o parágrafo conclusivo retoma o proble- ma suscitado no parágrafo-chave: de onde viemos, para onde vamos. Gribbin une, assim, as duas pontas do texto, fechando. É como se o texto desenhasse um círculo que, depois de sua trajetória, retomasse seu ponto de origem para alcançar a conclusão. COESÃO E COERÊNCIA I - Estrutura Textual Dissertativa Coesão textual Todo texto bem escrito obedece a uma hierar- quia de informações, que se dividem em parágra- fos, isto é, o texto avança em partes semanticamen- te organizadas de modo que as informações não se atropelem. Mas o avanço das informações deve ser costurado, ou então será apenas uma seqüência avulsa de dados. É como se disséssemos, como no velho ditado: “uma coisa puxa a outra”. Para que esta “costura” seja clara e lógica, a lín- gua dispõe de uma série de recursos coesivos, que são aquelaspalavras queestabelecemrelaçãoentreo que foi dito (elementos anafóricos) e o que se vai dizer (elementos catafóricos) que ligam uma coisa com ou- tra. Essas palavras são chamadas de relatores. Preste atenção nas palavras em negrito no tex- to a seguir: Pede-se atenção ao teste que se segue. “ Era uma vez uma terra distante onde todo mundo tra- balhava naquilo que mais gostava – e, mesmo assim só quando acordasse disposto. Nesse lugar, escola e assistência médica eram gratuitas, ninguém pagava aluguel e, nas horas de folga, todos se dedicavam à dança, ao teatro, à música e às artes em geral.” Veja que em si essas palavras pouco significam – elas apenas “apontam” para outras palavras. Tais relatores são elementos extremamente importan- tes da linguagem escrita: a eles devemos a precisão e a clareza de um texto. Os relatores são também fundamentais na cos- tura dos parágrafos. Cada parágrafo novo deve con- tar com as informações dos parágrafos anteriores, que não precisam ser repetidas, mas que devem ser levadas em conta para que o texto não se transfor- me numa mera colagem de informações avulsas, sem relação entre si. De alguma forma, o início do parágrafo seguinte deve relacionar-se com o que foi dito antes. Por exemplo, o segundo parágrafo de um texto começa assim: “Quem escolheu a respos- ta D acertou na mosca (...) “. É claro que isso só faz sentido para quem já leu o parágrafo anterior. Só assim sabemos o que é “resposta D”. Anáfora e Catáfora Uma das modalidades de coesão é a remissão. E a coesão pode desempenhara função de (re)ativa- ção do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos longas. A remissão anafórica(para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa(retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por nu- merais, advérbios, artigos e outros. Exemplos: 1. A jovem acordou sobressaltada. Ela não conseguia lembrar-se do que havia aconte- cido e como fora parar ali. 2. Márcia olhou em torno de si. Seus pais e seus irmãos observavam-na com carinho.
  • 13. EDITORA APROVAÇÃO 13 Redação e Interpretação de textos 3. O concurso selecionará os melhores candi- datos. O primeiro deverá desempenhar o papel principal na nova peça. 4. O juiz olhou para o auditório. Ali estavam os parentes e amigos do réu, aguardando ansiosos o veredito final. 5. Os quadros de Van Gogh não tinham ne- nhum valor em sua época. Houve telas que serviram até de porta de galinheiro. (sinôni- mos) 6. Glauber Rocha fez filmes memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do ci- nema brasileiro tenha morrido tão cedo. (epíteto-expressão que qualifica a pessoa) 7. O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão às oito horas em ponto e (ele) fez então seu discurso emocionado.(elipse) 8. Lygia Fagundes Teles é uma das principais escritoras brasileiras da atualidade. Lygia é autora de “Antes do baile verde”, um dos me- lhores livros de contos de nossa literatura. (repetição de parte do nome) A remissão catafórica (para a frente) reali- za-se preferencialmente através de pronomes de- monstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais es- pécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos: 1. O incêndio havia destruído tudo: casas, móveis, plantações. 2. Desejosomente isto: que medêemaopor- tunidade de me defender das acusações injustas. 3. O enfermo esperava uma coisa apenas: o alívio de seus sofrimentos. 4. Ele era tão bom, o presidente assassina- do! Coerência textual “diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma configuração veiculadora de sentido.”(KOCK, Inge- dore Villaça). É a relação que se estabelece entre as diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está ligada ao entendimento, à possibili- dade de interpretação daquilo que se ouve ou lê. Mas não basta costurar uma frase a outra para dizer que estamos escrevendo bem. Além da coesão, é preciso pensar na coerência. É possível escrever um texto coeso sem ser coerente. Observe: Os problemas de um povo têm de ser resol- vidos pelo presidente. Este deve ter ideais muito elevados. Esses ideais se concretizarão durante a vigência de seu mandato. O seu mandato deve ser respeitado por todos. Ninguém pode dizer que falta coesão a esse parágrafo. Mas de que ele trata mesmo? Dos pro- blemas do povo? Do presidente? Do seu mandato? Fica difícil dizer. Embora ele tenha coesão, não tem coerência. A coesão não funciona sozinha. No exemplo acima, teríamos que, de imediato, decidir qual a sua palavra-chave: presidente ou proble- mas do povo? A palavra escolhida daria estabilida- de ao parágrafo. Sem essa base estável, não haverá coerência no que se escrever, e o resultado será um amontoado de idéias. Enquanto a coesão se preocupa com a parte vi- sível do texto, sua superfície, a coerência vai mais longe, preocupa-se com o que se deduz do todo. Na verdade a coerência não está no texto, ela deve ser construída a partir dele, levando-se, por- tanto, em conta os recursos coesivos presentes no texto, funcionando como pistas para orientar o in- terlocutor na construção do sentido. A coerência exige uma concatenação perfeita entre as diversas frases, sempre em busca de uma unidade desentido. Nãosepodedizer, porexemplo, numa frase, que o “desarmamento da população pode contribuir para diminuir a violência”, e , na seguinte, escrever: “Além disso, o desemprego tem aumentado substancialmente”. É evidente a incoerência existente entre elas. Assim também é incoerente defender o ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser favorável à pena de morte, a não ser que não se con- sidere a ação de matar como uma ação violenta. (Obra consultada: Roteiro de Redação- VIANA, Antô- nio Carlos -coord. et al)
  • 14. EDITORA APROVAÇÃO 14 Redação e Interpretação de textos RELAÇÕES LÓGICAS O texto de opinião (argumentativo), escrito para se defender ou para se atacar uma idéia, um ponto de vista qualquer, trabalha fundamental- mente com relações lógicas. E a língua concretiza essas relações lógicas através de relatores específi- cos que estabelecem uma ponte lógica entre o que se disse e o que se vai dizer: mas, porque, pois, se, quando, no entanto, apesar de, etc. Observe esse exemplo: Os problemas sociais não são resolvidos por- que não há vontade política de resolvê-los. Nesse tipo de relação, apresenta-se um fato (os problemas sociais não são resolvidos) e a causa ( não há vontade política de resolvê-los) . Observe que a ordem dos elementos pode ser alterada, o relator pode ser outro, mas a natureza da relação (causa e efeito direto) permanece inalterada: Não há vontade política de resolver os proble- mas sociais e por isso eles não são resolvidos. Nãoesqueça: há muitos modos de marcaressa relação, além dos populares “ porque” e “por isso”. Veja mais alguns: Como não há vontade política de resolver os problemas sociais, eles não se resolvem. Já que não há vontade política, os problemas sociais não se resolvem. Podemos também estabelecer relações de cau- sa e efeito pelo uso de alguns verbos. Veja: A falta de vontade política impede a solução dos problemas sociais. Decorre da falta de vontade política a ausência de solução para os problemas políticos. INDICAÇÕES DE CIRCUNSTÂNCIAS – RE- LAÇÕES DE SENTIDO Chama-se circunstância a condição particular que acompanha um fato. Um grupo de palavras pertence a mesma área semântica, quando elas, num determinado contexto, têm em comum um traço semântico que as aproxime. Circunstância de CAUSA- vocabulário se- mântico O processo mais comum de expressarmos as circunstâncias de causa é nos servirmos de conjun- ções adverbiais ou palavras que significam causa: * substantivos: motivo, razão, explicação, fundamento, desculpa, pretexto, o porquê, embrião e outros. * conjunções (e locuções): porque, visto que, pois, por isso que, já que, uma vez que, por- quanto, na medida em que, como, etc. * preposições(e locuções): por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em conseqüência de, por motivo de, por razões de, por falta de, etc. Circunstância de CONSEQÜÊNCIA, FIM, CONCLUSÃO Se o fato determinante de outro é a sua causa, esse outro é a sua conseqüência. A conseqüência desejada é o fim (propósito, objetivo). Verifique os exemplos seguintes: Causa: Os motoristas fizeram greve porque desejavam aumento de salário. Fim: Os motoristas fizeram greve para conse- guir aumento de salário. Conseqüência: Os motoristas fizeram tantas greves que conseguiram aumento de salário. Atenção: Em sentido inverso, partindo-se da conseqüência, chega-se à causa. Observe: Causa: Os motoristas conseguiram aumento de salário, porque fizeram greve.
  • 15. EDITORA APROVAÇÃO 15 Redação e Interpretação de textos Vocabulário semântico de conseqüên- cia, fim e conclusão. 1. FIM, PROPÓSITO, INTENÇÃO * substantivos: projeto,objetivo, finalidade, meta, pretensão, etc. * partículas e locuções: com o propósito de, com a intenção de, com o fito de, com o intuito de, de propósito, intencionalmente – além das preposições para, a fim de, e as conjunções afim de que, para que. 2. CONSEQÜÊNCIA, RESULTADO, CON- CLUSÃO substantivos: • efeito, seqüência, produto, decorrência, fruto, reflexo, desfecho, desen- lace, etc. verbos: • decorrer, derivar, provir, vir de, ter origem em, resultar, promanar, etc. partículas e locuções: • pois, por isso, por conseqüência, conseqüentemente, logo, en- tão, por causa disso, em virtude disso, devi- do a isso, em vista disso, visto isso, à conta disso, como resultado, em conclusão, em suma, em resumo, enfim Vocabuláriosemânticonaáreadeoposição substantivos: • antagonismo,polarização,r eação, resistência, competição, hostilidade, contraposição, obstáculo, empecilho, óbice impedimento,objeção, contrapeso verbos: • ir de encontro a, defrontar- se,enfrentar, reagir, impedir, estorvar, obs- tar, objetar,opor-se, contrapor-se preposições, locuções prepositivas e • adverbiais: apesar de, a despeito de, sem embargo de, não obstante, malgrado, ao contrário, em contraste com, em oposição a, contra, às avessas. Conjunções: • mas,porém,todavia,contudo, noentanto,entretanto,senão(adversativas); embora, se bem que, ainda que, pos- to que, conquanto, em que pese a, muito embora,mesmo que. PRONOMES RELATIVOS: que – quem - cujo – onde Ao empregar um pronome relativo, devemos ter o seguinte cuidado: 1. Observar a palavra a que ele se refere para evitar erros de concordância verbal Encontramos um bom número de pessoas que estavam reivindicando os mesmos direitos dos vinte funcionários vitoriosos. (que = as quais- pessoas) 2.Observar o fragmento de frase de que faz par- te. Pode haver um verbo ou um substantivo que exi- ja uma preposição. Nesse caso, ela deve preceder o pronome relativo. Ninguém conseguiu até hoje esquecer a cilada de que ele foi vítima. (de que= da qual – cilada). A preposição de foi exigida pelo substantivo vítima. As dificuldades a que você se refere são normais dentro de sua carreira. (a que= às quais – dificulda- des). O verbo referir-se pede a preposição a. AS TRANSIÇÕES Alguns dos conectores citados também apare- cem iniciando frases, como se fossem uma espécie de ponte entre um pensamento e outro. O conhe- cimento desses elementos de transição ajuda a dar maior organicidade ao pensamento, o que faz o texto progredir mais facilmente. Saber usar os ter- mos de transição deve ser uma preocupação cons- tante de quem deseja escrever bem. Eles são muito úteis ao mudarmos de parágrafo porque estabele- cem pontes seguras entre dois blocos de idéias. Eisos mais importantesesuasrespectivas funções: 1. Afetividade: felizmente, queira Deus, pu- dera, Oxalá, ainda bem (que). 2. Afirmação: com certeza, indubitavelmente, por certo, certamente, de fato. 3. Conclusão: em suma, em síntese, em resumo 4. Conseqüência: assim, conseqüentemente, com efeito. 5. Continuidade: além de, ainda por cima, bem como, também.
  • 16. EDITORA APROVAÇÃO 16 Redação e Interpretação de textos Prática 6. Dúvida: talvez, provavelmente, quiçá. 7. Ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no má- ximo, só. 8. Exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão. 9. Explicação: a saber, isto é, por exemplo. 10. Inclusão: inclusive, também, mesmo, até. 11. Oposição: pelo contrário, ao contrário de. 12. Prioridade: em primeiro lugar, primeiramen- te, antes de tudo, acima de tudo, inicialmente. 13. Restrição: apenas, só, somente, unicamente. 14. Retificação: aliás, isto é, ou seja. 15. Tempo:antes,depois,então,já,posteriormente. Exercícios 1. Os textos abaixo necessitam de conec- tores para sua coesão. Empregue as partí- culas que estão entre parênteses no lugar adequado. a) Uma alimentação variada é fundamental seu organismo funcione de maneira adequada. Isso significa que é obrigatório comer ali- mentos ricos em proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais. Esses alimentos são essenciais. Você esteja fa- zendo dieta para emagrecer, não elimine carboidratos, proteínas e gorduras de seu cardápio. Apenas reduza as quantidades. Você emagrece sem perder saúde. (assim, mesmo que, para que) b) Toda mulher responsável pelos cuidados de uma casa já teve em algum momento de sua vida vontade de jogar tudo para o alto, quebrar os pratos sujos, mandar tudo às favas, fechar a porta de casa e sair. Já sentiu o peso desse encargo como uma ro- tina embrutecedora, que se desfaz vai sendo feito. Não é feito, nos enche de culpas e acusações, quando concluído ninguém nota, a mulher “não faz mais nada que sua obri- gação”. (quando, pois, à medida que) c) Nem sempre é fácil identificar a violência. Uma cirurgia não constitui violência, visa ao bem do paciente, é feita com o consenti- mento do doente. Será violência a operação for realizada sem necessidade ou o pacien- te for usado como cobaia de experimento científico sem a devida autorização. (mas certamente, se, se, primeiro porque, depois porque, por exemplo). 2. Reúna as diversas frases num só período por meio de conjunções e pronomes rela- tivos. Faça as devidas alterações de estru- tura. a) O camembert é um dos queijos mais con- sumidos no mundo. Só se tornou popular durante a Primeira Guerra. Conquistou os soldados nas trincheiras. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. b) As moscas conseguem detectar tudo o que acontece à sua volta. Têm olhos compostos. Seus olhos lhes dão uma visão de pratica- mente 360 graus. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. c) Tratava-se de uma pessoa. Essa pessoa tinha consciência. Seu lugar só poderia ser aquele. Lutaria até o fim para mantê-lo. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. d) Ele ficava à cata das pessoas. Queria con- versar. As pessoas não lhe davam a menor atenção. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. e) Ele era auxiliado em suas pesquisas por uma professora. Ele morava numa pensão. Ele se casaria mais tarde com essa professora. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________.
  • 17. EDITORA APROVAÇÃO 17 Redação e Interpretação de textos Prática f ) Era um cais de quase dois quilômetros de extensão. Gostávamos de caminhar ao lon- go desse cais. O tempo era sempre feio e chuvoso. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. g) Era um homem de frases curtas. A boca desse homem só se abria para dizer coisas importantes. Ninguém queria falar dessas coisas. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 3. A coesão das frases abaixo está prejudi- cada por causa da ausência dos pronomes relativos. Faça a devida conexão, usando as preposições quando verbo assim o exigir. a) Enxergo, em atitudes desse tipo, uma ques- tão mais profunda, é a falta de consciência profissional. Uma sociedade acontecem ca- sos assim nunca será respeitada. b) A escola é o lugar podem sair futuros cida- dãos conscientes se poderá construir uma nação mais crítica de si mesma. c) O lixo doméstico a maioria dos países não reaproveita é um dramático problema. Ima- ginemos então o lixo atômico não há espa- ço. Ainda não se chegou a uma tecnologia adequada para manuseá-lo. Outra questão muito séria é a do lixo industrial poucos sabem lidar. São vinte bilhões de toneladas por ano temos de nos livrar. d) O arrocho salarial certos governantes tanto insistem leva o trabalhador ao desespero. Além disso, os juros os comerciantes tanto se queixam anulam as vias de crédito. Este perverso quadro econômico todos viven- ciamos há anos não pode continuar inde- finidamente. e) O envolvimento de menores de ambos os sexos na prática de crimes é uma verdade não podemos fugir. Os poderes constituídos deveriam parar e refletir sobre esse fato os jornais enchem suas páginas diariamente. De nada adiantou o Estatuto da Criança e do Adolescente muitos delinqüentes adultos se valem para incitar menores à prática de roubos e assassinatos. f ) Falta dinheiro para tudo no Brasil, mas as mordomias continuam. A verdade é que os impostos o governo mantém sua máquina emperrada são mal empregados. Há notícias de que órgãos públicos compram copos de cristal, talheres de prata, porcelanas finas, lu- xos não querem abrir mão, mesmo sabendo das dificuldades o povo passa. g) As pedras portuguesas a prefeitura do Rio calçou algumas ruas do centro vivem se soltando. Isto é resultado do trabalho de calceteiros incompetentes serviços foram contratados sem nenhum rigor. As ruas se transformaram numa verdadeira armadilha você pode torcer o pé ou deixar o salto de seu sapato. USO DO “ONDE” No padrão escrito, a referência de “onde” é sempre, obrigatoriamente, lugar, espaço. Observe os exemplos: Ninguém sabe onde foi parar o dinheiro.(em que lugar) Onde fica a praça?(em que lugar) O policial sabe onde aconteceu o crime, mas não diz.( em que lugar). Observe agora o caso em que a palavra Onde faz referência a alguma coisa que está escrita no texto. Abri o cofre onde estava o dinheiro.(em que, no qual – onde = cofre) Nos bairros periféricos, onde a pobreza é maior, a saúde pública não chega.(em que, nos quais- onde = nos bairros periféricos) No padrão escrito, muitas vezes o onde traz junto a preposição exigida pelo verbo, independen- temente se faz referência a algo fora do texto ou a algo que está escrito no texto. Confira: Ninguém sabe de onde ele tirou esse dinheiro .(de que lugar) Ele explicou por onde a estrada vai passar.(por que lugar) O encanador soldou a fenda por onde a água escapava.(onde = fenda)
  • 18. EDITORA APROVAÇÃO 18 Redação e Interpretação de textos Prática Exercícios Junte os grupos de orações seguintes usan- do a palavra onde, de acordo com o padrão escrito. 1. Ele subiu distraído a arquibancada. Os torce- dores estavam se matando na arquibancada. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 2. Fulano vivia no mundo dos sonhos. No mun- do dos sonhos não se pagava imposto. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 3. O gato se escondeu na gaveta. O gato não queria sair da gaveta. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 4. O guarda estava exatamente naquele corre- dor. Por aquele corredor o assaltante pas- sou. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 5. O ministro entrou no salão. Todos os convi- dados correram para o salão. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. Exercícios Nos períodos, elimine os “QUÊS”, alterando a estrutura fraseológica correspondente, como no modelo: Modelo: Espero que me respondas a fim de que se esclareçam as dúvidas que dizem respeito ao assunto que está sendo discu- tido. R.: Espero me responderes a fim de se escla- recerem as dúvidas do assunto ora em dis- cussão. 1. Quando chegaram, pediram-me que devol- vesse os livros que me foram emprestados por ocasião dos exames que se realizaram no fim do ano que passou. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 2. Solicitei-lhe que repetisse o recado que lhe transmitira por telefone, mas ele desligou sem que me desse maiores explicações. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 3. Camões, que é autor do maior poema épico que já se escreveu em Língua Portuguesa, deixou também uma série de sonetos que são considerados como obra-prima do gê- nero. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 4. O diretor determinou que a prova fosse adiada até que se apurassem as irregulari- dades que o inspetor denunciara. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 5. É indispensável que se conheça o critério que se adotou para que sejam corrigidas as provas que se realizaram ontem, a fim de que se tomem providências que forem julgadas necessárias. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 6. Creio que tenhamos que suportar as exi- gências que ela faz. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________.
  • 19. EDITORA APROVAÇÃO 19 Redação e Interpretação de textos Prática 7. Sinto que estão acontecendo fatos que po- deriam ser evitados. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 8. Quando terminou a sessão, percebi que ti- nha desperdiçado uma oportunidade que há muito tempo procurávamos. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 9. As promessas que se faziam ali indicavam que o novo governo tinha nítido perfil po- pulista. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 10. Se fossem executadas as obras que o can- didato prometera, o município assumiria dí- vidas que várias gerações não conseguiriam saldar. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. O VOCABULÁRIO A língua é um código. Se desconhecermos este código, jamais poderemos escrever de forma expressiva. Um dos “vícios” mais comuns em quem possui vocabulário reduzido é o emprego indiscri- minado / repetitivo da palavra coisa: “Você com- prou essa coisa?!” “Vamos coisar?” , “Que coisa!!”. Evite esta impropriedade. Utilize o termo correto. Como treino, sugerimos várias fra- ses, substitua em cada uma delas a palavra “coisa” por um vocábulo adequado. 1. A mulher do século XXI está pronta para assumir qualquer coisa. ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 2. O casamento é uma coisa que passa por uma crise. ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 3. O homem precisa coisar as exigências de seu egoísmo. ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 4. A juventude é uma coisa muito complexa. ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 5. Devemos estar conscientes das coisas de nosso caminho. ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 6. Milhões de brasileiros sofrem com as coisas da seca. ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 7. O teatro proporciona-nos coisas sensacio- nais. ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________. 8. O futuro da humanidade promete coisas fantásticas. ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________.
  • 20. EDITORA APROVAÇÃO 20 Redação e Interpretação de textos ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA- MODELO CESPE/UnB Aspectos macroestruturais nota obtida faixa de valores APRESENTAÇÃO TEXTUAL Legibilidade x (0,00 a 2,00) Respeito às margens e indicação de parágrafos x (0,00 a 2,00) ESTRUTURA TEXTUAL (dissertativa) Introdução adequada ao tema/posicionamento x (0,00 a 4,00) Desenvolvimento x (0,00 a 4,00) Fechamento do texto de forma coerente x (0,00 a 4,00) DESENVOLVIMENTO DO TEMA Estabelecimento de conexões lógicas entre os argumentos x (0,00 a 4,00) Objetividade de argumentação frente ao tema/posicionamento x (0,00 a 4,00) Estabelecimento de uma progressividade textual em relação à seqüência lógica do pensamento x (0,00 a 4,00) Aspectos microestruturais Tipo de erro 123456789 0123456789 0123456789 0123456789 0123456 Pontuação Construção do período Emprego de conectores Concordância nominal Concordância verbal Regência nominal Regência verbal Grafia/acentuação Repetição/omissão vocabular Outros Nota no conteúdo (NC) NC=5 : 28 x (soma das notas dos quesitos) Número de linhas efetivamente ocupadas (TL) Número de erros (NE) NOTA DA PROVA DISCURSIVA (NPD): NPD=NC – 3 x NE : TL Anotações
  • 21. EDITORA APROVAÇÃO 21 Redação e Interpretação de textos II - ESTRUTURA TEXTUAL DISSER- TATIVA Bases Conceituais PARTE I – O conteúdo da redação Apresentação Textual - Legibilidade; Legibilidade e erro: escreva sempre com letra legível. Prefira a letra cursiva. A letra de impren- sa poderá ser usada desde que se distinga bem as iniciais maiúsculas e minúsculas. No caso de erro, risque com um traço simples, o trecho ou o sinal gráfico e escreva o respectivo substituto. Atenção: não use parênteses para esse fim. - Respeito às margens e indicação dos pa- rágrafos; Para dar início aos parágrafos, o espaço de mais ou menos dois centímetros é suficiente. Observe as margens esquerda e direita na folha para o texto definitivo. Não crie outras. Não deixe “buracos” no texto. Na translineação, obedeça às regras de divi- são silábica. -Limite máximo de linhas; Além de escrever seu texto em local devido (fo- lha definitiva), respeite o limite máximo de linhas destinadas a cada parte da prova, conforme orienta- ção da banca. As linhas que ultrapassarem o limite máximo serão desconsideradas ou qualquer texto que ultrapassar a extensão máxima será totalmente desconsiderado. -Eliminação do candidato; Seu texto poderá ser desconsiderado nas se- guintes situações: - ultrapassagem do limite máximo de li- nhas. - ausência de texto: quando o candidato não faz seu texto na FOLHA PARA O TEX- TO DEFINITIVO. - fuga total ao tema: analise cuidadosamente a proposta apresentada. Estruture seu texto em conformidade com as orientações explici- tadas no caderno da prova discursiva. - registros indevidos: anotações do tipo “fim” , “the end”, “O senhor é meu pastor, nada me faltará” ou recados ao examinador, rubricas e desenhos. a) Estrutura Textual Dissertativa Não dê título ao texto, começa na linha 1 da folha definitiva o seu parágrafo de introdução. b.1) Introdução adequada ao tema / posi- cionamento Apresenta a idéia que vai ser discutida, a tese a ser defendida. Cabe à introdução situar o leitor a respeito da postura ideológica de quem o redige acerca de determinado assunto. Deve conter a tese e as generalidades que serão aprofundadas ao longo do desenvolvimento do texto. O importante é que a sua introdução seja completa e esteja em consonância com os critérios de paragrafação. Não misture idéias. b.2) Desenvolvimento Apresenta cada um dos argumentos ordenada- mente, analisandodetidamenteas idéias eexempli- ficando de maneira rica e suficiente o pensamento. Nele, organizamos o pensamento em favor da tese. Cada parágrafo (e o texto) pode ser organizado de diferentes maneiras: - Estabelecimento das relações de causa e efeito: motivos, razões, fundamentos, ali- cerces, os porquês/ conseqüências, efeitos, repercussões, reflexos; - Estabelecimento de comparações e con- trastes: diferenças e semelhanças entre elementos – de um lado, de outro lado,em contraste, ao contrário; - Enumerações e exemplificações: indicação de fatores, funções ou elementos que escla- recem ou reforçam uma afirmação. b.3) Fechamento do texto de forma coerente Retoma ou reafirma todas as idéias apresen- tadas e discutidas no desenvolvimento, tomando uma posição acerca do problema, da tese. É tam- bém um momento de expansão, desde que se man- tenha uma conexão lógica entre as idéias.
  • 22. EDITORA APROVAÇÃO 22 Redação e Interpretação de textos c) Desenvolvimento do Tema c.1) Estabelecimento de conexões lógicas entre os argumentos. Apresentação dos argumentos de forma or- denada, com análise detida das idéias e exemplifi- cação de maneira rica e suficiente do pensamento. Para garantir as devidas conexões entre períodos, parágrafos e argumentos, empregar os elementos responsáveis pela coerência e unicidade, tais como operadores de seqüenciação, conectores, prono- mes. Procurar garantir a unidade temática. c.2) Objetividade de argumentação frente ao tema / posicionamento O texto precisa ser articulado com base nas in- formaçõesessenciaisquedesenvolverãootemapro- posto. Dispensar as idéias excessivas e periféricas. Planejar previamente a redação definindo anteci- padamente o que deve ser feito. Recorrer ao banco de idéias é um passo importante. Listar as idéias que lhe vier à cabeça sobre o tema.. Estabelecer a tese que será defendida. Selecionar cuidadosamen- te entre as idéias listadas, aquelas que delimitarão o tema e defenderão o seu posicionamento. c.3) Estabelecimento de uma progressivi- dade textual em relação à seqüência lógica do pensamento. O texto deve apresentar coerência seqüencial satisfatória. Quando se proceder à seleção dos ar- gumentos no banco de idéias, deve-se classificá- los segundo a força para convencer o leitor, partin- do dos menos fortes parta os mais fortes. PARTE II – Forma Antes de passar a limpo o texto, convém fazer uma cuidadosa revisão gramatical, que deverá ser repetida também com a redação já pronta. Observar especialmente pontuação, ortogra- fia, acentuação, concordância, regência, cons- trução do período e emprego de conectores. No tocante à construção do período, tome al- guns cuidados que ajudarão a melhorar sua reda- ção. Escrever exige paciência e um trabalho contí- nuo com a palavra. A FRASE 1. Extensão Escreva sempre frases curtas, que não ultrapas- sem duas ou três linhas, mas também não caia no oposto, escrevendo frases curtas demais. Uma frase de boa extensão evita que você se perca. Seja obje- tivo. Exemplo. A crise de abastecimento de álcool não é apenas resultado da incompetência e irresponsabilidade das agências governamentais que deveriam tratar do assunto, pois ela também foi causada por outro vício de origem que foi no primeiro caso os organis- mos do governo encarregados de gerir os destinos do Proálcool que foram pouco a pouco sendo apro- priados pelos setores que eles deveriam controlar, se transformando em instrumento de poder desses mesmos setores que através deles passaram a se apropriar de rendas que não lhe pertenciam. Quando chegamos ao final da frase, não lem- bramos o que estava no seu início. O que fazer? An- tes de tudo, ver quantas idéias existem aí e separá- las. Uma possível redação para esse texto seria: A crise no abastecimento do álcool não resulta apenas da incompetência e da irresponsabilidade do governo. Ela é também causada por certos vícios que rondam o poder. Os órgãos responsáveis pelo desti- no do Proálcool se eximem de controlá-lo com rigor. Disso resulta uma situação estranha: os órgãos do governo passam a ser dominados justamente pelos setores que deveriam controlar. Transformam-se assim em instrumentos de poder de usineiros que se apropriam do erário. 2. Fragmentação Nunca interrompa seu pensamento antes dos pronomes relativos, gerúndios, conjunções subor- dinativas. ERRADO: O carro ficou estacionado no shopping. Onde tínhamos ido fazer compras. O Detran tem aumentado sua receita. Multan- do carros sem nenhum critério.
  • 23. EDITORA APROVAÇÃO 23 Redação e Interpretação de textos Ele tem lutado para manter o status. Uma vez que perdeu quase toda a fortuna. Certo: As mesmas orações sem ponto final, apenas o emprego da vírgula. 3. Pronome Relativo Não transforme sem necessidade o pronome relativo QUE em o qual, a qual , os quais, as quais. Só o faça quando houver ambigüidade, como neste exemplo: Encontramos a filha do fazendeiro que perdeu todo o dinheiro na Bolsa. Nesse caso, o QUE pode referir-se tanto à filha quanto ao fazendeiro. 4. Onde / Aonde 1) Sósedeveusaronde quandosereferiralugar. O país onde nasci fica muito distante. Nos demais casos, use em que São muito convincentes os argumentos em que você se baseia. 2)Só se deve usar aonde, quando a regência do verbo assim o exigir. Aonde iremos à noite? (ir a) / Aonde você pre- tende chegar ?(chegar a) * Não use onde para se referir a datas. Isto aconteceu nos anos 70, onde houve uma verdadeira revolução de costumes. Melhor dizer: Isto aconteceu nos anos 70, quando houve uma verdadeira revolução de costumes. 5. Poluição Gráfica Não escreva um texto “manchado” , cheio de travessões, aspas, exclamações, interrogações. O que dizer de uma seqüência como esta: Será que Deus é mesmo brasileiro? Então viva o Brasil! mas pelo visto... 6. Ponderações Não generalize. Frases do tipo Todo político é corrupto só fazem dizer que a pessoa escreve irre- fletidamente. 7. Emprego exaustivo de Gerúndio “O contribuinte brasileiro está precisando receber um melhor tratamento das autoridades fiscais , sendo ele vítima constante de um Leão sempre descontente de sua mordida, não se sentindo a salvo e sendo sem- pre surpreendido por novas regras, novas alíquotas, assaltando, o seu bolso”. (Observeque , além decons- tituir um recurso estilístico inadequado, o gerúndio promove ambigüidade edefeitosdeconexão, caso não seja empregado com propriedade.) Melhor dizer: “O contribuinte brasileiro precisa receber um melhor tratamento das autoridades fiscais. Ele é ví- tima constante de um Leão sempre descontente de sua mordida, não há ano em que se sinta a salvo. É sempre surpreendido por novas regras, novas alí- quotas, novos assaltos ao seu bolso.” IMPORTANTE: MAU USO DO GERÚNDIO Novo vício de linguagem – o gerundismo – ameaça tomar conta do nosso idioma. O motivo da discórdia é o uso do verbo “estar” , acompanhado do gerúndio, para designar uma ação no futuro, como “vou estar te ligando” ou “estaremos abrindo”. “Sinceramente: nossa paciência está estando a pon- to de estar estourando. O próximo “Eu vou estar transferindo a sua ligação” que eu vá estar ouvin- do pode estar provocando alguma reação violenta da minha parte. Eu não vou estar me responsabi- lizando pelos meus atos. As pessoas precisam estar entendendo a maneira como esse vício maldito con- seguiu estar entrando na linguagem do dia-a-dia”. (excerto de Ricardo Freire)
  • 24. EDITORA APROVAÇÃO 24 Redação e Interpretação de textos 8. Emprego exaustivo do conectivo QUE É indispensável que se conheça o critério que se adotou para que sejam corrigidas as provas que se realizaram ontem, a fim de que se tomem provi- dências que forem julgadas necessárias. Melhor dizer: É indispensável conhecer o critério adotado para a correção das provas realizadas ontem, a fim de se tomarem as providências (julgadas) necessá- rias. 9. Paralelismos: a função do paralelismo é veicular informações novas através de determinada estrutura sintática que se repete, fazendo o texto progredir de forma precisa. Tomemos a seguinte frase: Falava-se da chamada dos conservadores ao poder e da dissolução da Câmara. O conector E soma duas informações vincula- das ao verbo falar (falava-se de) Assim, os termos de mesma função devem ser construídos a partir da mesma forma gramatical. Observe o exemplo: “Ele cometeu dois erros: o primeiro foi não cumprir o acordo estabelecido; o segundo foi a desvalorização dos procedimentos sugeridos. (fal- tou paralelismo) Melhor dizer: Ele cometeu dois erros: o primeiro foi não cum- prir o acordo estabelecido; o segundo, desvalorizar os procedimentos sugeridos. OU Ele cometeu dois erros: o primeiro foi o não- cumprimento do acordo estabelecido; o segundo, a desvalorização0dos procedimentos sugeridos. (Obs.: a vírgula depois de “o segundo”indica elip- se verbal.) “ (MOURA, Fernando, Nas Linhas e Entrelinhas) As questões de paralelismos devem ser anali- sadas sob o ponto de vista sintático e semântico. Observe o exemplo : Ele estava não só atrasado para o concerto, mas também sua mulher tinha viajado para a fazenda. A frase está correta sintaticamente, mas não tem lógica. Ela pode ser corrigida da seguinte forma: Eleestavanãosóatrasadoparaoconcerto,mas tambémpreocupadocomafilaqueiriaenfrentar. PARALELISMOS MAIS FREQÜENTES Os casos mais comuns de paralelismos dentro da frase ocorrem: Com as conjunções: a) e , nem Ele conseguiu transformar-se no comandan- te das Forças Armadas e no homem forte do go- verno. Não adianta tomar atitudes radicais nem fa- zer de conta que o problema não existe. b) não só ... mas também O projeto não só será aprovado, mas tam- bém posto em prática imediatamente. c) mas Não estou descontente com seu desempenho, mas com sua arrogância. d) ou O governo ou se torna racional ou se destrói de vez. c) tanto ... quanto Estamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto sua forma de solucioná-los. d) Isto é / ou seja, etc Você devia estar preocupado com seu futuro, isto é, com a sua sobrevivência. g)com as orações justapostas (aquelas que estão coordenadas sem conectivos) O governo até agora não apresentou nenhum plano para erradicar a miséria, não criou nenhum programa de emprego, não destinou os recursos necessários para a educação e à saúde
  • 25. EDITORA APROVAÇÃO 25 Redação e Interpretação de textos PARALELISMOS – ESTRUTURAS INCORRETAS 1. Não saí de casa por estar chovendo e porque era ponto facultativo. Poderia ser adotada a forma: Não saí de casa não só porque estava chovendo mas também porque era ponto facultativo ou ainda Não saí de casa por estar chovendo mas também por ser ponto facultativo. 2. Nosso destino depende em parte do determi- nismo e em parte obedecendo à nossa vontade. Forma adequada, mais simples e mais fácil: ...depende em parte do determinismo e em parte da nossa vontade. 3. Peço-lhe que me escreva a fim de informar- me a respeito das atividades do nosso Grêmio e se a data das provas já está marcada. Seria aceitável a seguinte construção: Peço-lhe que meescrevaa fim de informar-mea respeito das atividades do nosso Grêmio e que me diga se a data das provas já está marcada. 10. O emprego de APESAR DO....x / APE- SAR DE O .. Uma pessoa que entende como ninguém a Re- pública dos Tucanos lembra que, apesar de o mi- nistro Bresser Pereira estar sendo acusado de falar demais, ele nunca foi desautorizado pelo presidente. Nem pessoalmente. Observe o detalhe apesar de o ministro Bresser Pereira estar sen- do acusado... Outros casos 1. Apesar da chuva, ele saiu de casa. Apesar de a chuva cair torrencialmente, ele saiu de casa. 2.Ele reclamou desses artigos, que já foram re- vogados. O fato de esses artigos terem sido revogados não vem ao caso. Norma: Separa-se a preposição quando seu complemento é sujeito de um verbo. 11. Pontuação nas orações reduzidas Quanto ao uso das vírgulas nas orações reduzi- das, temos as seguintes possibilidades: a) oração reduzida de gerúndio - se há valor adverbial, vem normalmente com vírgula. O Estado, visando ao bem comum, elabora suas normas. Visando ao bem comum, o Estado elabora suas normas. O Estado elabora suas normas, visando ao bem comum. b) oração reduzida de particípio - depende do valor e da posição: * nas reduzidas de particípio antecipadas, a vírgula é obrigatória. Uma vez preenchidos todos os requisitos le- gais, o Ministério Público dispõe do processo. Analisadas as contas na Suíça, pôde-se ter uma idéia mais evidente do problema. * nas reduzidas de particípio intercaladas, o uso da vírgula depende do valor da oração. - restritivo: As duas propostas classificadas na primeira fase , serão levadas à frente. - explicativo: A Constituição Federal, concluí- da em 1988, trouxe importantes mudanças. - adverbial: Os eleitores, conferidos seus do- cumentos, votarão em urnas individuais. c) oração reduzida de infinitivo - se há valor adverbial e está deslocada, vem com vírgula. Esse preceito, ao efetivar-se na legislação brasi- leira, trouxe avanço nas conquistas sociais. Ao efetivar-se na legislação brasileira, esse pre- ceito trouxe avanço nas conquistas sociais. 12. O Vocabulário Escreva com simplicidade. Não empregue pa- lavras complicadas ou supostamente bonitas. Es- crever bem não é escrever difícil. O vocabulário deve adequar-se ao tipo de texto que pretendemos
  • 26. EDITORA APROVAÇÃO 26 Redação e Interpretação de textos redigir. No nosso caso, só trabalhamos com a lin- guagem padrão, aquela que a norma culta exige quando vamos tratar de algum problema de grande interesse para leitores de bom nível cultural. Dela deverão ser afastados erros gramaticais, ortográfi- cos, termos chulos, gíria, que não condizem com a boa linguagem. Observe as inadequações neste exemplo. Os grevistas refutaram o aumento proposto pelo governo. Enquanto o líder da situação fazia na Câmara os prolegômenos dos novos índices, os trabalhadores faziam do lado de fora o maior auê, achando que o governo não estava com nada. É preciso ter muito cuidado com as palavras. Nem sempre elas se substituem com precisão. Em- pregar refutar por rejeitar, prolegômenos por ex- posição não torna o texto melhor. Não só palavras “bonitas” prejudicam um texto, mas também a gí- ria ( auê) e expressões coloquiais (não estava com nada). O texto poderia ser escrito da seguinte forma: Os grevistas rejeitaram o aumento proposto pelo governo. Enquanto o líder da situação fazia na Câmara a exposição dos novos índices, os trabalha- dores faziam do lado de fora uma grande manifes- tação. 13. Adjetivos certos na medida certa O emprego indiscriminado de adjetivos pode prejudicar as melhores idéias. Para que dizer um vendaval catastrófico destruiu Itu quando vendaval já traz implícita a idéia de catástrofe? Outro mau uso do adjetivo ocorre quando em- pregado intempestivamente, como se o autor qui- sesse “embelezar” o texto. O que ele consegue , no mínimo, é confundir o leitor. Diante do mundo incomensurável, incógnito e desmedido que nos cerca, o homem se sente mi- núsculo, limitado, inepto, incapaz de compreender o menor movimento das coisas singulares, magné- ticas e imprevisíveis com que se depara em seu coti- diano impregnado e assoberbado de interrogações. 14. Lugares - comuns e modismos Evite palavras, frases, expressões ou constru- ções vulgares. A renovação da linguagem deve ser preocupação constante de quem escreve. Não há boa idéia que sobreviva nem texto cheio de lugares- comuns. Abandone: a) frases do tipo: agradar a gregos e troianos • arrebentar a boca do balão • botar pra quebrar • chover no molhado • deitar e rolar • dar com os burros n’água • deixar o barco correr solto • dizer cobras e lagartos • estar em petição de miséria • estar com a bola toda • estar na crista da onda • ficar literalmente arrasado • ir de vento em popa • passar em brancas nuvens • ser a tábua de salvação • segurar com unhas e dentes • ter um lugar ao sol • b) modismos, invenções, como: Agudizar // alavancar // exitoso // imperdível // a nível de // cur- tir // galera // magnificar // gratificante // obstaculizar // chocante // apoiamento c) particularidades léxicas e gramaticais 1. ao nível de: (= à mesma altura) // em nível de (= hierarquia) 2. ao encontro de: (= aproximação) // de en- contro a: (= posição contrária) 3. em princípio : (= em tese) // a princípio: (= no início) 4. tampouco: (=também não) // tão pouco: (=muito pouco) 5. acerca de:(= a respeito de) // cerca de: (=durante) // a cerca de:(idéia de distância
  • 27. EDITORA APROVAÇÃO 27 Redação e Interpretação de textos // há cerca de: (aproximadamente no pas- sado) 6. bastantes: (= muitos, suficientes) // bas- tante : (muito) 7. afim(afins): (=afinidade) // a fim de: (=para, um objetivo) d) Não Use: ao meu ver / a cores / a nível / às expensas / comunicamo-lhes / conseguimos nos concentrarmos / ajoelhamos-nos / face ao / haja visto / inflingirem / econômicas-financeiras / à rua / custei para / haviam(=existiam) / ao par (= cien- te) / fazem 15 dias / de sábado / iremos no / intervi / implicou em / Use: a meu ver // em cores // ao nível // a expensas // comunicamos-lhes // conseguimos nos concentrar // ajoelhamo-nos // em face de // haja vista // infringirem // econômico-financeiras // na rua // custou-me // havia // a par // faz 15 dias // aos sábados // iremos ao // intervim // implicou 15.Na introdução: Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade. Listamos aqui algumas sugestões para come- çar um texto. a) Uma declaração (tema: liberação da ma- conha) É um grave erro a liberação da maconha, uma vez que provocará de imediato violenta elevação do consumo; o Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. A declaração é a forma mais comum de come- çar um texto. Procure fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor. b) Divisão (tema: exclusão social) Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder públi- co e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalida- de social em Nova York vem contando com intensi- vos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada. Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-lo na frase seguinte. c) Oposição (tema: a educação no Brasil) De um lado, professores mal pagos, desestimu- lados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos ex- cessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil. As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que estabelecerá o rumo da argumentação. d) Alusão histórica (tema: globalização) Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fron- teiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição. O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tem- po e pode ter uma melhor dimensão do problema. e) Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil) Será que é com novos impostos que a saúde me- lhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansa- dos de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar. A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema
  • 28. EDITORA APROVAÇÃO 28 Redação e Interpretação de textos e será respondida ao longo da argumentação. f) Citação (tema: política demográfica) “As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora”. O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ru- anda, é um estímulo no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo. A citação inicial facilita a continuidade do tex- to, pois ela é retomada pela palavra comentário da segunda frase. g) Citação de forma indireta (tema: consu- mismo) Para Marx, a religião é o ópio do povo; Raymond Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos inte- lectuais. Mas nos Estados Unidos, o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata. Esse recurso deve ser usado quando não sabe- mos textualmente a citação. É melhor citar de for- ma indireta que de forma errada. h) Exposiçãodepontodevista(tema: oprovão) O ministro da Educação se esforça para conven- cer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupan- do generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação. Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a posição dos au- tores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra-argumentação. i) Uma frase nominal seguida de explica- ção (tema: a educação no Brasil) Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Se- cretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempe- nho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4ª série e da 8ª série do 1º grau em todas as regiões do território nacional. A palavra tragédia é explicada logo depois, re- tomada por essa é a conclusão. j) Adjetivação (tema: a educação no Brasil) Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadei- ra adjetivação para a política educacional do gover- no. A adjetivação inicial será a base para desenvol- ver o tema. O autor dirá, nos parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governo equivocada e pouco racional. l) Ilustração (tema: aborto) O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de dezoito anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida, mas não queria a criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto. O tema é tabu no Brasil.(...) Você pode começar narrando uma fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão do parágrafo se- guinte se faz de forma fácil; a palavra tema retoma a questão que vai ser discutida. m) Uma seqüência de frases nominais (fra- ses sem verbo) (tema: a impunidade no Brasil) Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás. Muitos meses já se passaram e esses fatos continu- am impunes. O que se deve observar nesse tipo de introdu- ção são os paralelismos que dão equilíbrio às diver- sas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante. 16.Na Conclusão Na conclusão, lute sempre por uma linguagem
  • 29. EDITORA APROVAÇÃO 29 Redação e Interpretação de textos própria, distante do lugar comum.Eis algumas su- gestões: dessa forma, sendo assim, em vista dos ar- gumentos apresentados, em virtude do que foi men- cionado, por todas estas idéias apresentadas, tendo em vista os aspectos observados, dado o exposto, por tudo isso. 17. Palavras Abstratas As palavras abstratas podem ser empregadas, na maioria das vezes, no singular, sem nenhum prejuízo para a frase. Antes de usá-las no plural, experimente o singular e veja se o sentido da frase ficou mais preciso. O projeto do governo tem gerado muita polêmi- ca. ( E não “muitas polêmicas”) A pena de morte não vai acabar com o crime. ( E não “com os crimes”) Faça o mesmo quando o substantivo abstrato for segundo elemento de uma locução ligada por “de” e for empregado em sentido genérico. Os níveis de emprego caíram muito nos últimos anos.( E não “de empregos”) 18. Repetições desnecessárias Nãorepitapalavrassem nenhumarazãoestilística. O servidor que ganha um salário mínimo pode ficar certo de que vai receber, no final do mês, o sa- lário mínimo sem nenhum reajuste. Melhor dizer: O servidor que ganha um salário mínimo pode ficar certo de que vai recebê-lo, no final do mês, sem nenhum reajuste. 19. Pleonasmos Alguns pleonasmos passam despercebidos quando escrevemos. Veja os mais comuns e troque- os pela forma exata: a cada dia que passa = a cada dia • acabamentos finais = acabamentos • continua ainda = continua • elo de ligação = elo • encarar de frente = encarar destemida- • mente há doze anos atrás = há doze anos • juntamente com = com • monopólio exclusivo = monopólio • 20. Aspas Não use aspas indiscriminadamente. Elas de- vem aparecer nos seguintes casos: citações, arcaís- mos, neologismos, gírias, estrangeirismos, expres- sões populares, ou para indicar que determinada palavra está sendo usada com sentido diferente do habitual. Para esconder os lucros exorbitantes que ti- nham com os negócios, as corretoras usavam ende- reços, contas e registros de empresas “laranjas”. A palavra laranjas significa, nocaso, “de fachada”. As palavras também servem para indicar ironia: Os “revolucionários” não dispensam um uísque importado e carros do último tipo. 21. Ambigüidade É o duplo sentido causado por má construção da frase.Exemplo: “Para investigar in loco os casos de corrupção envolvendo inspetores, supervisores e fiscais, o Secretário informou ao Diretor que ele de- veria viajar para acompanhar a situação da alfân- dega dos aeroportos do Rio e de São Paulo. Muitas vezes, a utilização dos pronomes possessivos seu / sua pode tornar a frase am- bígua. Exs.: O policial prendeu o ladrão em sua casa. O candidato saiu com o filho; seu nome é João Maria .// Jorge encontrou um amigo e soube que sua mãe viajara. O duplo sentido pode ser explorado com malícia e humor, como se vê no trecho a se- guir: