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PSICOPATOLOGIA: BREVE INTORDUÇÃO
Texto de Apoio expressamente elaborado para os alunos da Universidade do Algarve (UAlg), Escola Superior de
Saúde de Faro (ESSaF), do Curso de Terapêutica da Fala, 1º Ciclo, 2º Ano, 2º Semestre, ano lectivo de 2004-
2005 (Maio, 2005).
A Psicopatologia do Desenvolvimento é uma disciplina relativamente recente, teve início em 1974, surgiu o primeiro
Manual da autoria deT. Achenbach, mais recentemente, Cichetti e Cohen (1995a, b) editam dois volumes, um deles
centrado na teoria e nos métodos e um segundo dedicado ao estudo do risco, perturbações e adaptação.
Esta área foca a sua atenção nas origens e curso (fases e sequelas) dos padrões inadaptados de comportamento,
alguns dos quais se enquadram em perturbações psiquiátricas tradicionais.Basicamente é feita a comparação entre
as trajetórias adaptadas e inadaptadas. A este nível é importante sublinhar o reconhecimento da dinâmica entre o
desenvolvimento normal e anormal, adaptado e inadaptado dos processos ontogénicos. O conhecimento do
desenvolvimento normativo é, obviamente, crítico para a compreensão do desenvolvimento atípico, mas, também,
examinar o desenvolvimento desviante é necessário para o avanço do conhecimento do funciona-mento adaptativo.
Nomeadamente, no que concerne ao conhecimento dos processos adaptativos biológicos, psicológicos e sociais,
este é, de facto, muito importante para a compreensão, prevenção e tratamento da psicopatologia.
Zigler e Glick (1986, p. xi) afirmam: “os indivíduos movem-se entre formas patológicas e não patológicas de
funcionamento e, mesmo no seio da patologia, os pacientes apresentam mecanismos adaptativos”. Já Sroufe
considera que a psicopatologia deve ser concebida numa perspectiva organizacional e que deve ser percepcionada
como um desvio do desenvolvimento normal o que obriga a que se identifiquem e se interpretem os significados dos
padrões de funcionamento, tendo em atenção o contexto em que se inserem.
Como exemplo, pode-se citar um caso descrito por Cichetti e Cohen em que “pode ser adaptativa a inibição afetiva
numa criança cujos pais a maltratam, mas tal pode resultar em vitimização pelos pares” (1995c), p. 8).
Nos casos em que a patologia representa uma distorção, perturbação ou exagero da condição do funcionamento
normal, o estudo do fenómeno patológico pode, levar à compreensão dos processos normais. Isto é, por vezes a
patologia é melhor compreendida quando analisada à luz da normalidade (adaptado), outras, pelo contrário, é
normalidade que e melhor explicada quando em comparação com a patologia.
Ainda nesta linha de raciocínio também Joyce-Moniz é peremptório “num sentido superficial,toda a psicopatologia é
desenvolvimentista, na medida em que a patologia se constitui num processo desviante que ocorre durante o tempo,
tornando possível a comparação com o processo de desenvolvimento normal. Assim o que uns designam por
distúrbio psicológico, outros por síndrome nosológico, doença mental, etc., integra-se bem na noção de desvio
contraproducente.Não tanto em relação ao que é normal, mas mais ao que deveria evoluir normalmente” (1993,
p. 4).
A investigação nesta área do conhecimento centra-se nas populações que apresentam perturbação psicológica mas
também nas consideradas de alto risco, o que leva a uma visão dupla do problema.
Já não se pode estudar a doença mental sem ter em atenção os comportamentos, e estes apenas podem ser
considerados de um ponto de vista dinâmico: já que tendem à realização de um determinado objetivo e estão
expostos a um duplo sistema de sujeições, que depende do próprio organismo, necessariamente dividido na sua
busca de uma impossível perfeição, e do mundo circundante que contraria essa busca ou lhe impõe as suas próprias
vias. Pulsão e Conflito surgem, então, como noções de base indispensáveis, nesta perspectiva.
A noção freudiana de um inconsciente dinâmico permitiu reduzir esse afastamento: o comportamento absurdo e
sintoma têm, de facto, um sentido oculto, isto é, uma finalidade. Muitos são os psiquiatras que apenas retiveram o
suplemento que a psicanálise oferece, quando consegue atribuir um sentido.
Esperando, deste modo, que os psicanalistas interpretem o significado oculto, do sintoma, para,
assim, alargar o domínio da compreensão psicológica e não pretendendo explicar a doença.
Convém no entanto realçar que a interpretação analítica apenas se justifica pelos seus efeitos ou o seu valor
preditivo e que é arriscado alargar o seu uso fora do âmbito da “cura”, sem especificar o sistema de validação, ao
qual se refere.
Assim, uma soma de interpretações particulares feitas a propósito de um caso clínico não constiui uma avaliação
psicopatológica. Não basta acumular hipóteses sobre o significado dos sintomas, dos propósitos e dos
comportamentos. Os motivos humanos não se justapõem ao acaso,organizam-se em sistemas e os conflitos
internos exprimem a incompatibilidade entre estruturas parciais da personalidade. Além de que, essa organização
específica, não surge do nada ou deum mero acaso, ela nasce e desenvolve-se no decurso da história do indivíduo,
em função dos conflitos que marcam, necessariamente, as fases de desenvolvimento, dessa história.
O que é designado em psicanálise como meta psicológico não oferece somente um modelo teórico mas permite
construir toda uma nova semiologia (formações defensivas, leis do processo primário, derivados do inconsciente)
distinta dos significados concretos. De referir que o profundo conhecimento, desta, é indispensável ao clínico e que
a sua aplicação fora do âmbito da cura se torna muito mais legítima.
Na “cura”, as referências meta psicológicas esbatem-se para dar lugar ao estudo das representações particulares.
Apesar disso, a utilização destas referências confere uma nova luz à exposição da observação clínica e algumas
das suas variantes, como o estudo da situação projetiva.
O mérito da obra de Bergeret, Bécache, Boulanger, Chartier, Dubour, Houser e Lustin (2004)consiste precisamente
no facto de mostrar como os modelos teóricos permitem dar consistência a uma semiologia original e a uma melhor
compreensão das síndromes clínicas tradicionais.
O objetivo da Psicologia Psicopatológica não pode ser confundido com o da psiquiatria; limitando-se ao estudo da
evolução das vicissitudes do psiquismo humano, não se debruçando sobre os aspectos técnicos das terapêuticas.
No aspecto clínico, Bergeret et al. (2004) desenvolvem uma posição ligada a determinadas concepções que apenas
consideram e reconhecem duas formas de neuroses: a neurose obsessiva e a histeria (de angústia ou de
conversão). Os comportamentos depressivos, ou fóbicos, não são característicos de qualquer estrutura em
exclusivo, tal como também não o são o masoquismo,ou a homossexualidade. Também a noção de estrutura
assume um sentido extremamente preciso. E nota-se, a esse propósito, um extremo cuidado em reservar para as
entidades claramente definidas os qualificativos “neurótico” e “psicótico”.
O desenvolvimento psicossexual
Sigmund Freud foi quem pela primeira vez falou em desenvolvimento psicossexual do ser humano, tendo proposto
que este se processa em quatro fases, a saber: fase oral, fase anal, fase fálica e fase genital.
É de salientar, em primeiro lugar que a sexualidade infantil é indiferenciada e pouco organizada.
Diferindo da sexualidade do adulto em pelo menos três pontos:
-
Regiões corporais de maior sensibilidade (oufontes de pulsionais de prazer) não são forçosamente asregiões
genitais, aliás, outras zonas erógenas (regiões que proporcionam prazer sexual) acabam porpredominar;
-
Os objectivos são diferentes: a sexualidade infantil não conduz a relações sexuais propriamente ditas,
mas comporta actividades que virão a desempenhar, mais tarde, um papel de prazer preliminar;
-
Por último, esta sexualidade infantil tende a serauto-erótica mais do que dirigida aobjectos.
Fase oral
A Fase Oral tem como primazia a zona bucal como zona erógena ou fonte corporal pulsional.Quanto ao objecto
original de desejo sexual da criança de peito, é constituído pelo seio maternoou pelo seu substituto, sendo a primeira
expressão da pulsão sexual o a to de mamar. De fato, o ato de mamar não só satisfaz a necessidade de alimentação,
como também proporciona prazer por si só.
A relação de objecto é, na realidade, uma inter-relação dialéctica: o que está em jogo nãoé ape-nas a forma como
o sujeito elabora e constitui os seus objectos (externos e internos) mas tam-bém o modo como estes vão moldar a
sua actividade.
Fase anal
Não subsistem quaisquer dúvidas quanto ao facto de oprazer anal existir desde o início da vida,mas, numa fase
mais precoce, ele não constitui o principal escape libidinal, tal como ainda nãoestá conflitualizado. Apenas quando
se instala o controlo dos esfíncteres e o acto de defecar setransforma num acto sobre o qual a criança adquiriu um
domínio mínimo, suficiente, o prazerligado a essa defecação, bem como os conflitos específicos que lhe dizem
respeito, passam aocupar uma situação privilegiada.
A Relação de Objecto desenvolve-se de acordo com o modelo das relações mantidas pela crian-ça com as suas
matérias fecais e, além disso, em função dos conflitos ocasionados pela educaçãopara a limpeza que o indivíduo
vai orientar a sua relação de objecto, com as suas característicasespecíficas:sadismo caracteriza-se por uma
agressão carregada de prazer contra um objecto;
masoquismo, cujo termo remete para o objectivo passivo de aceder ao prazer por experiências
dolorosas. Tanto um como outro, estão ligados aos castigos corporais, para os quais as nádegas
constituem, nessa altura, o alvo preferido.
Fase fálica
Surge por volta do terceiro ano de vida, com base nas fases anteriores, por abandono ou soluçãodos conflitos
afectivos a eles inerentes, a fase fálica inaugura uma relativa unificação dos daspulsões parciais sob uma
certaprimazia dos órgãos genitais. Não se trata, ainda, de uma verda-deira genitalização da libido.O erotismo
uretral é considerado, por exemplo, por Fenichel,como uma fase uretral, intermédia entre as fases anal e fálica. O
objectivo primário deste ero-tismo é o prazer de urinar, verificando-se, igualmente, prazer na retenção. Começa,
comofacilmente se pode observar como um prazerauto-erótico, orientando-se sucessiva e progressi-vament e
paraobjectos (fantasmas de urinar para cima dos outros) enquanto aenurese poderá serconsiderada, após o auto-
erotismo, como um equivalente masturbatório inconsciente.
A masturbação infantil seja primária ou secundária esta masturbação infantil precoce, é frequen-
temente negada (reprimida) pelos adultos, provavelmente em função do seu próprio Superego.Deixa, no entanto,
marcas profundas einconscientes na memória e parece representar uma dasprincipais causas da famosa amnésia
infantil, que se relaciona, nomeadamente, com a actividadereprimida pelos pais, mas sobretudo com os fantasmas
sexuais próprios da idade (na sua maio-ria, fantasmas masturbatórios, de essência Edipiana, logo angustiantes e
culpabilizantes).
O pénis não é ainda percepcionado como um órgão genital mas sim como umórgão de potência
ou decompl et ude, ou seja, umfalo, derivando desse facto o nome desta fase.
Fase Genital
O Complexo de Édipo tem um papel fundamental de organizador central na estruturação da per-sonalidade. O
conflito em causa (que surge entre os três e os cinco anos) é um conflito doravan-te sexualmente especificado, que
se inscreve numa problemática a três – designa-se tambémcomotriangular em que estão envolvidas as três
personagens familiares: criança, pai e mãe. Éprecisamente este conflito que inaugura a verdadeira genitalização da
libido.
Não restam dúvidas que o Complexo de Édipo é um produto da instituição social constituídapela família e daí, o ser
susceptível de mudança ao sabor das transformações desta, como aliásfacilmente o demonstra a prática clínica.
Mas as diferenças efectivamente observadas nas for-mas de expressão do Édipo consoante as sociedades ou as
culturas apenas confirmam a tese deFreud que tende a salientara importância da estrutura familiar no
estabelecimento de umsiste-
ma simbólico destinado a transmitir, num contexto sócio-cultural específico, uma lei fundamen-
tal no estabelecimento das relações sociais.
Freud admitiu a existência, no indivíduo, de uma fase ou período anterior ao Édipo, contraria-mente à escola
kleiniana, que faz remontar o complexo de Édipo à posição depressiva, o queequivale a dizer que intervém a relação
com as pessoas totais. De igual modo, também se está adiferenciar, ou mesmo a opor, opré-edipiano ao Édipo,
salientando-se a existência e os efeitosde uma relação complexa, de tipodual, entre a mãe e a criança, e a procurar
identificar as fixa-ções desta relação nas mais diversas estruturas psicopatológicas. É aliás célebre a frase que
oÉdipo constitui-se no “complexo nuclear das neuroses”.
Relação de objecto edipiana – verifica-se quando as fixações arcaicas fortemente investidas, ao
pai e/ou à mãe, são reproduzidas sobre outro homem ou sobre outra mulher que surge aneurose.Dito de outra
forma, ultrapassar as tendências edipianas representa uma condição prévia para oacesso à sexualidade adulta
normal, enquanto queagarrar-se a elas inconscientemente significafixar-se na pedra angular da neurose.
Resumindo, com a resolução do complexo de Édipo, as escolhas objectais (termo que significao
desejo de possuir sexualmente um indivíduo, por exemplo, a atracção do rapaz pela mãe) são
regressivamente substituídas por identificações (o que implica o desejo de se parecer com
alguém, por exemplo, no rapaz que imita as características do pai).
No entanto, tal “regressão” é apesar de poder parecer contraditório ou mesmo paradoxal, é narealidade um
progresso. Já que a dissolução ou abandono do complexo de Édipo é acompanhadopela libertação de uma
quantidade de energia considerável. Esta energia será, regra geral,investida no enriquecimento intelectual,
nomeadamente naaquisição de capacidades e compe-
tências intelectuais. E, mais tarde, manter-se-á disponível para ser reinvestida em novos objec-
tos.
Freud afirmou que “O Superego é o herdeiro do complexo de Édipo” e esta afirmação nunca foicontestada ou
desmentida, mais tarde referiu ainda que “o estabelecimento do Superego pode serconsiderado como um caso de
identificação conseguida”.
PSICOPATOLOGIA DINÂMICA
Bergeret define anormalidade como sendo a capacidade de coordenar:
-
As necessidades pulsionais com as defesas e adaptações;
-
Os dados internos (hereditários e adquiridos) com as realidades externas;
-
As possibilidades caracteriais e estruturas com as necessidades relacionais.
Há, então uma adequação funcional no seio da linha estrutural.
Neste sentido, patologia pode ser definida como a ruptura do equilíbrio no seio da mesma linha
estrutural.
-
A estrutura é a base ideal de arranjo estável dos elementos meta psicológicos constantes e essenciais
no indivíduo.
-
Carácter é o nível de funcionamento manifesto e não mórbido da estrutura.
-
Sintomatologia pode ser definida como o modo de funcionamento mórbido de uma estrutura quando
está descompensada, isto é dado que os factores internos ou externos da conflitualização não se
encontram equilibrados por um jogo eficaz dos mecanismos de defesa e da adaptação.
Estruturas autênticas são estruturas sólidas, fixas e definidas: neuróticase psicóticSs.
estruturações são organizações intermédias – estados limite; menos específicas de maneira
durável e podendo originar disposições mais ou menos estáveis (estados caracteriais e perver-
sões).
Personalidades pseudo normais não se encontram totalmente estruturadas no sentido das Neu-
roses ou das Psicoses, estabelecem-se por vezes de maneira durável mas, no entanto, sempre
precariamente, segundo arranjos diversos, não totalmente originais, que obrigam estes sujeitos, afim de não
descompensarem naDepressão, a funcionarem aparentemente como pessoas super-normais.
Linha estrutural psicótica
Na linha estrutural psicótica:
-
As frustrações aconteceram em idade muito precoce (fase anal e 1º sub-estádio anal);
-
Eu psicótico pré-organizado.
Na adolescência ainda é possível mudar embora seja extremamente difícil que isso se venha a
verificar.
Características:
-
Enfraquecimento da vida narcísica primária;
-
Relação mais ou menos fusional com a mãe;
-
Eu extremamente falho (clivagem);
-
Super-Eu, não tem um papel organizador
Angustia de fragmanetação; divisão;
Conflito é causado pela realidade face às necessidades pulsionais do indivíduo (Id/realidade);
-
Mecanismos de defesa: negação darealidade;projecção e desdobramento do Eu.
-
Instância organizadora: Id.
Linha estrutural neurótica
A linha estrutural neurótica apresenta:
-
Conflitos ao nível da Situação Edipiana; e
-
Eu neurótico pré-organizado.
Na adolescência são possíveis mudanças, no entanto, são raras.
Características:
-
Conflito entre Super-Eu e Eu;
-
O Eu não está dividido (pode encontrar-sedeformado);
-
Relação de objecto genital;
-
Mecanismos de defesa:reca lca men to;
-
Não há negação da realidade;
-
Primazia do processo secundário sobre o processo primário;
-
Angústia: (de)ca straçã o;
-
Instância organizadora: Super-Eu
Estruturas intermédias
Têm por base um traumatismo desorganizador (regra geral, uma sedução real precoce, por partedo adulto – não
uma fantasia como sucede no caso dos neuróticos) que é sentida como umagrande frustração do ponto de vista
afectiva, o que vai bloquear o desenvolvimento afectivo.
Estes indivíduos (ao contrário do que acontece nas estruturas neuróticas) não conseguem utilizar
muitas vezes o recalcamento com sucesso.
Características:
-
Instâncias organizadora – Ideal do Eu (o Super-Eu é imperfeito);
-
Natureza do conflito – Ideal do Eu com o Id e a realidade.
-
Angústia: perda de objecto;
-
Mecanismos de defesa – Clivagem dos objectos; Forclusão, e Evitamento.
-
Relação de objecto – anaclítica (dependência do objecto, luta pela sua posse)
É uma doença do narcisismo; o que marca o tronco comum dos estados limites é o bloqueio da
vida afectiva.
Não há clivagem do Eu, mas há dois sectores de funcionamento:
-
Adaptativo – em relação à realidade;
-
Anaclítico – quando a perda de objecto de quem se depende e de quem se faz depender
Do ponto de vista económico, funciona em dois sistemas: adaptativo e defensivo mas, apesar
desta flutuação, não possui a solidez de um Eu neurótico/normal.
São indivíduos que precisam permanentemente de afecto (são muito sedutores) e a sua luta écontra a depressão.
São muito susceptíveis e dependentes da realidade externa, daí que a suaposição possa ser trocada por uma
grande instabilidade. Reagem muito mal às frustrações eestão sempre à defesa.
Génese da estrutura base da Personalidade
Freud considerava que logo após o psiquismo do indivíduo ter atingido um grau de organização
que equivalha a uma “cristalização” definitiva.
Segundo linhas de força (e de fraqueza) interiores complexas e originais, não haverá mais varia-
ção possível.
Nos casos gerais de evolução psíquica do sujeito em direcção a uma estrutura estável, em geral,
as coisas parecem, segundo Bergeret, processar-se da seguinte forma:
-
1ª etapa – numa primeira etapa consideram-se os estados iniciais da criança na sua indiferenciação
psicossomática, e também a pouco e pouco, o Eu se distingue do Não-Eu.
Neste estado inicial, o Eu conserva uma certa plasticidade às influências exteriores tóxicas, tal como
às maturativas.
-
2ª etapa – começamos a assistir a uma espécie de “pré-organização” já mais específica, em função
de linhas de força determinadas de um lado por dados hereditários e congénitos inegáveis e, poroutro, pelas
experiências objectais sucessivas referentes às zonas erógenas cada vez mais extensas;das pulsões cada vez
menos parciais.
As relações com os pais permanecem fundamentais e às quais se associam as relações com todos os
membros do contexto social educativo.
Tudo isto se repercute no psiquismo em formação por conflitos frustrações, traumatismos, mas tam-
bém por seguranças anaclíticas e identificações positivas.
As defesas começam a organizar-se de forma cada vez menos flutuante. O Eu vai manobrando pormovimentos de
tentativa e erro. De modo a fazer face às ameaças criadas no exterior, tanto pela rea-lidade como pelas pulsões.
Progressivamente o psiquismo organiza-se, “cristaliza-se”, segundo um modo de ligação dos seuselementos
psíquicos próprios. Numa verdadeira organização interna com linhas de clivagem e decoesão que já não poderão
variar posteriormente.
-
3ª Etapa: chega-se a uma verdadeira estrutura da personalidade que já não se poderá modificar, nem
mudar de linha fundamental, mas unicamente adaptar-se ou desadaptar-se, segundo uma linha de
organização estrutural imutável.
Enquanto o indivíduo de uma ou outra estrutura estável neurótica ou psicótica, não estiver submetidoa provas
externas ou internas demasiado fortes, não sofra frustrações demasiado grandes, e não sesinta vítima de conflitos
demasiado intensos, não estará “doente”, embora tenha uma estrutura Neu-rótica ou Psicótica.
Se surgir algum acontecimento de maneira a quebrar o “cristal” a clivagem não se poderá operar, anão ser segundo
linhas de força e de ruptura preestabelecidas na infância ou na adolescência do sujei- to.
Estados Limite
Génese do tronco comum dos Estados Limite:
O Ego, nos Estados Limite, superou sem frustrações nem fixações as relações precoces muitomás com a mãe. Este
Ego continua sem muitos empecilhos, no caminho rumo ao Édipo, quandosubitamente no 2º sub-estádio da Fase
Anal, há um traumatismo desorganizador precoce:
-
A situação triangular relacional triangular e genital não pode ser abordada em condições normais. Nocontexto
genital, o traumatismo vai ser sentido pelo sujeito como uma frustração muito viva com ris-co de perda de objecto.
Este traumatismo corresponde a uma emoção pulsional intensa que sobreveio num estado aindamal organizada e
imatura quanto ao seu equipamento, adaptações e defesas para que pudesse serenfrentado em condições
inofensivas, exemplos:
-
Criança que toma contacto, demasiado cedo, com a Situação Edipiana;
-
Criança violada;
-
Criança exposta a manifestações sexuais.
CD/cd
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Pode-se considerar que a criança entrou de um só golpe brutal, massivo, e precocemente numa
Situação Edipiana para a qual não estava absolutamente preparada.
Este primeiro traumatismo afectivo, “precoce”, desempenhará o papel de primeiro desorganiza-
dor (“desorganizador precoce”) da evolução do sujeito.
Encontramos esta evolução fixada, de início, e às vezes por muito tempo, numa espécie de
pseudo latência mais precoce e que, muitas vezes, se prolonga até à idade adulta.
Este bloqueio evolutivo de maturidade afectiva do Eu no momento em que ainda não está
sexualmente diferenciado, constitui o chamado “tronco comum” dos Estados Limite.
Este tronco comum não pode ser considerado uma verdadeira estrutura uma vez que não possui
a fixidez, a solidez e a especificidade definida das organizações verdadeiramente estruturadas.
Este apenas consegue ficar em situação “ordenada” mas não fixada: trata-se de uma “organiza-
ção” (estrutura intermédia) de estatuto provisório.
A organização limite é acima de tudo uma doença do narcisismo, superado o perigo de uma psi-cogénese do tipo
psicótico, o Ego não conseguiu chegar a uma psicogénese do tipo Neurótico, arelação de objecto permaneceu
centrada na dependência anaclítica do outro; o perigo imediatocontra o qual lutam todas as variedades de Estados
Limite é, acima de tudo, a depressão.
O Ego suas características:
No interior da Personalidade Limite coexistem dois sectores operacionais do Ego:
-
Um permanece no contexto de uma clássica adaptação aos dados da realidade exterior;
-
O outro funciona de um modo mais autónomo em relação à realidade, fixado essencialmente nas
necessidades narcísicas internas, ao anaclitismo assegurador.
Esta dualidade de sectores operacionais não pode ser confundida com uma verdadeira clivagemdo Eu. Tratando -
se antes de uma simples reacção defensiva n as actividades do Eu, destinadasjustamente a evitar a ameaça de
rompimento.
O Ego deforma-se em algumas das suas funções, indo operar, sob dois registos diferentes:
-
Um registo adaptativo em todo o campo relacional onde não exista qualquer ameaça para o indivíduo
tanto no plano narcísico como no plano genital;
-
Um registo anaclítico desde que apareça uma ameaça de perda de objecto, em consequência tanto a
perigos no plano narcísico como genital.
Todo o problema económico da organização limite se desenrola nas relações entre estes doissistemas, ao mesmo
tempo adaptativos e defensivos, permitindo ao Ego uma certa mobilidade esegurança, porém jamais permitindo
uma verdadeira solidez.
O Eu é lacunar (não organizado e indiferenciado), isto é não parcelado como nos Psicótico, mas
também não completo como nos Neuróticos – defende-se da ruptura, desdobramento, defor-
CD/cd
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mando-se. O Eu é essencialmente incompleto, tem falhas narcísicas primárias, que vão caracte-
rizar a relação de objecto e os modos de defesa.
Estes sujeitos manifestam uma necessidade imensa de afecto, mostrando-se por isso, sedutores:a sua luta contra
a depressão obriga-os a uma incessante actividade. A sua dificuldade em seenvolverem coloca-os na necessidade
de se tornarem disponíveis e adaptáveis a todo e qualquermomento, na falta de poderem estar realmente adaptados.
O Eu dos Estados Limite conserva, em suas fixações, um olhar voltado para a antiga indistinçãosomato-psíquica,
podendo, em momentos particularmente angustiantes, fazer o retorno parcial, aeste modo arcaico de expressão que
utiliza a linguagem corporal.
As organizações Limite resistem mal às frustrações actuais que despertem antigas frustraçõesinfantis precoces;
facilmente utilizam traços de carácter paranóicos na tentativa de assustarquem os possa frustrar.
O narcisismo destes sujeitos encontra-se mal estabelecido, permanecendo frágil; existe uma evi-dente e excessiva
necessidade de compreensão, respeito, afeição e apoio. O objecto é sentidocomo persecutório mas nunca tanto
(nem tão anal), como no paranóico.
Este objecto desempenha o duplo papel de Super-Eu auxiliar situando-se pois com a importante
ambivalência como proibidor e protector simultaneamente.
A relação de objecto anaclítica constitui uma relação de grande dependência que permanecevivida e jogada a dois
mas de forma muito diferente do jogo fusional psicótico com a sua mãe.Para o anaclítico trata-se de ser amado e
ajudado por ambos os progenitores: trata-se de agredire dominar analmente a ambos em partes iguais. Este tipo de
relação de objecto constitui umadefesa contra a depressão.
A angústia da organização Limite é a angústia da depressão, e esta ocorre a partir do momentoem que o sujeito
imagina que o seu objecto anaclítico possa fazer-lhe falta, possa escapar-lhe. É,na realidade, uma angústia de perda
de objecto, pois sem objecto o anaclítico mergulhará nadepressão. Não se trata de uma depressão do tipo
melancólico, pois neste Estado Limite o objec-to não pode ainda ser introjectado. O luto permanece igualmente
impossível. Esta angústia dizrespeito ao passado e ao futuro em simultâneo. Ele lembra um passado infeliz, mas
atesta,simultaneamente, uma esperança de salvação investida na relação de dependência fecunda dooutro. O
anaclítico tem necessidade do outro a seu lado, embora tema os perigos da intrusão naproximidade grande demais,
não consegue resolver-se a permanecer só: eis porque procura mui-to o grupo, sentindo-se aí mais securizado.
Enquanto a linhagem Neurótica corresponde à articulação dos factores:
Édipo! Super-Eu! Conflito Genital! Culpa! Angústia de Castração
A linhagem narcísica corresponderia à sucessão:
Narcisismo! Ideal do Eu! Fenda Narcísica! Vergonha
!
Angústia de perda de objecto
!
Depressão
Ideal do Eu e Super-Eu
Embora na organização Limite existam elementos Edipianos e Super-Egoícos, estes não desem-penham o papel
principal de organizadores. De qualquer forma, é de notar que, o grau de aquisi-ções Edipianas depende das
condições de impacto do traumatismo desorganizador, do grau dematuridade do Eu e dos meios de que dispunha
aquando desse traumatismo.
O Super-Eu clássico, de estrutura Neurótica, definido como herdeiro e sucessor do Édipo, nãoconseguirá constituir-
se de forma completa nestes sujeitos, uma vez que as vivências Edipianasse acharão sensivelmente escamoteadas.
O Ideal do Eu é a instância organizadora, enquanto herdeiro do narcisismo primária (o indivíduodespende um
infrutífero e impotente esforço para tentar restaurar partes perdidas da “boa rela-ção” com a mãe ou os pais
omnipotentes).
A função do Ideal do Eu já se achava fortemente investida durante o período genital, pelo que oretraimento dos
primeiros elementos Super-Egoícos desenvolverá ainda mais a inflação do Idealdo Eu, que a partir daí ocupará a
maior parte daquilo que normalmente deverá reverter para oSuper-Eu.
Daqui resulta que:
-
Estes sujeitos abordam a sua vida relacional com heróicas e desmesuradas ambições de fazer bem
para conservar o amor e a presença do objecto;
-
Todo o processo demasiado cruel agirá de modo a criar vergonha ou desgosto (linhagem Narcísica)
de si mesmo e eventualmente projectável sobre os outro;
-
A intolerância às contradições e incertezas;
-
Facilidade com que a representação mental ou a expressão passam ao acto inesperada e incompreen-
sível.
Sminfel considera o Ideal do Eu instância organizadora, na medida em que se liga ao Id para
sufocar o Super-Eu. Assim, o Super-Eu só exerce as funções de punição, ameaças e pressões.
O Ideal do Eu, ao contrário, age essencialmente pelas “promessas” ingénuas, assim o Super-Eudas organizações
Limite reinveste apenas as forças sádicas e agressivas, reforçando o seu ladonegativo.
Narcisismo
Caracteriza a relação de objecto do indivíduo Limite e o modo de defesa: por regressão libidinal.No indivíduo Limite
há impossibilidade de romper os laços anaclíticos não só com a mãe, mascom os dois progenitores edipianos. Esta
forma de relação de objecto continua sendo uma reac-ção contra a depressão.
Édipo
Nos Estados Limite o Édipo foi precocemente evitado, desviado daí que os seus modos de defe-sa não tenham a
mesma temporalidade nem potencial de integração que nas Estruturas Neuróti- cas.
A consequência deste estado é o entrave à constituição do Super-Eu no sentido pós-Edipiano.Nos Estados Limite
o Super-Eu permanece num estado preparatório incompleto, não permitindoa formação de uma instância pessoal,
completa e internalizada. É então o Ideal do Eu que vaiguiar as condutas (não gerando mais conflitos de instâncias,
tal como acontece com o verdadeiroSuper-Eu).
Assim:
-
A primeira situação traumática;
-
A existência de um Édipo precoce;
-
A genitalização prematura conduzem a:
-
Falha de investimento libidinal;
-
Alterações graves de investimento fantasmático.
É a clivagem do objecto (narcísico/fantasmático; bom/mau) que conduz à relação de objecto tipo
Anaclítico.
A emergência de sentimentos de hostilidade e de amor em relação aos objectos edipianos (ousubstitutos) é vivida
como perigo. Isto surge da angústia violenta de ver renovar-se as condiçõesde traumatismo primitivo – origina o
risco de depressão e despersonalização – é a crise deangústia aguda, descrito como episódio de ruptura de
equilíbrio do Estado Limite.
Há então possibilidade de entrar na Neurose ou na Psicose consoante os elementos Edipianos
dispersos que pré-existem.
Angústia
A angústia latente é o traço m ais marcante da linha depressiva limite e pode ter uma tonalidade
permanente, difusa, flutuante e infiltrante.
Pode revestir aspectos hipocondríacos para além de aspectos neurovegetativos e suicidários.
Caracterização dos Estados Limite
-
Instância dominante na organização: Ideal do Eu;
-
Natureza do conflito com: o Ideal do Eu com:
-
O Id; e
-
A realidade.
-
Natureza da angústia: Perda de objecto;
-
Relação de objecto: Anaclítica.
Defesas principais:
-
Clivagem dos objectos (trata-se de uma clivagem das representações objectais, de um simples desdo-
bramento dos imagos, destinada a lutar contra a angústia de perda de objecto, correndo o risco de
chegar realmente à clivagem por verdadeiro desdobramento do Eu);
-
Evitamento (o sujeito evita o encontro com a representação, mesmo quando esta se acha isolada ou
deslocada);
-
Idealização;
-
Identificação projectiva;
-
Denegação;
-
Manipulação da realidade;
-
Forclusão (esta diz respeito a uma forma de rejeição da representação constrangedora; endereça-se a
uma imagem mais paterna cuja representação simbólica é preciso rejeitar).
Os sujeitos Limite são:
-
Dependentes;
-
Sedutores, pois necessitam de estima, de afecto;
-
Falta de tolerância à ansiedade;
-
Falta de controlo da impulsividade;
-
Apreensão objectal com forte tonalidade do processo primário;
-
Certo bloqueio das capacidades sublimatórias;
-
Extremamente agressivos ou extremamente dóceis;
-
Perturbação da identidade (pseudo ou super-normais).
Tipos de personalidade
Personalidade Narcísica
-
Sobrevalorização de realizações e capacidades próprias;
-
Preocupação com fantasias de êxito, poder, brilho e beleza ilimitadas.
-
Exibicionismo, exigência de atenção e admiração;
-
Indiferença fria ou sentimentos de cólera, inferioridade, vergonha, humilhação ou vazio perante a
crítica ou indiferença dos outros;
CD/cd
15
-
Alteração nas relações inter-pessoais (pelo menos duas):
-
Sentimentos de ter direito, ou a expectativa de favores especiais;
-
Abuso nas relações;
-
Variação e idealização/desvalorização;
-
Ausência de empatia.
Personalidade Compulsiva
(tem que apresentar pelo menos 4 das seguintes condições)
-
Restrição da capacidade de expressar emoções;
-
Perfeccionismo excessivo;
-
Insistência para que os outros se submetam à sua vontade;
-
Devoção excessiva ao trabalho e produtividade;
-
Indecisão, dificuldade de tomada de decisões.
Personalidade Paranóide
Suspeita ou desconfiança excessiva (! 3):
-
Expectativa de traição ou dano;
-
Hipervilância, tomada de atitudes desnecessárias;
-
Desconfiança;
-
Recusa de crítica quando justificada;
-
Dúvida sobre a lealdade dos outros;
-
Procura de confirmação de ideias preconcebidas;
-
Preocupação excessiva com motivos escondidos e significados especiais;
-
Cíume patológico.
Hipersensibilidade (! 2):
-
Tendência a sentir-se facilmente humilhado e ofendido;
-
Exagero das dificuldades;
-
Tendência a contra-atacar perante ameaça;
-
Incapacidade de se descontrair.
Afectividade restrita (! 2):
-
Aparência fria e pouco emotiva;
-
Orgulho racional;
-
Ausência de sentido de humor;
-
Ausência de sentimentos de passividade, ternura e afectividade.
Não provocado por outra perturbação funcional (exemplo, esquizofrenia)
Nota: Maior prevalência nos homens que nas mulheres
Personalidade Esquizotípica
(! 4):
-
Pensamento mágico (superstição, telepatia, etc.);
-
Ideias de auto referência;
-
Isolamento social;
-
Despersonalização, Desrealização, Sentimentos de presença;
-
Alteração do discurso (alteração de associações, circunstancialidade, metáforas);
-
Atitudes inadequadas, distância, frieza;
-
Desconfiança ou ideação paranóide;
-
Ansiedade social, hipersensibilidade à crítica.
Não reúne critérios de Esquizofrenia.
Personalidade Histriónica
Comportamento exageradamente dramático, reactivo e expresso de uma forma intensa (! 3):
-
Auto-dramatização;
-
Apelativo;
-
Procura de actividade e excitação;
-
Reactividade excessiva a acontecimentos insignificantes;
-
Acessos irracionais de cólera ou mau humor.
Alterações relações inter-pessoais:
-
Encarado como superficial e hipócrita, embora encantador e simpático;
-
Egocêntrico e Auto-indulgente;
-
Não exigente;
-
Dependente, procura constante de apoio;
-
Tendência à ameaça, manipulação, Depressão Suicídio.
Personalidade Dependente
-
Aceitação passiva que terceiros assumam responsabilidade em áreas fundamentais da sua vida;
-
Subordina as próprias necessidades às das pessoas de quem depende;
-
Falta de autoconfiança, sentimentos de indefesa.
CD/cd
17
Personalidade Anti-social
Idade actual! 18 anos;
Início antes dos 15 anos (! 3):
-
Absentismo às aulas;
-
Expulsão ou suspensão;
-
Delinquência;
-
Fugas;
-
Mentiras frequentes;
-
Relações sexuais repetidas no decurso de relações efémeras;
-
Alcoolismo (fármaco-dependência);
-
Roubos;
-
Vandalismo;
-
Classificações escolares inferiores às esperadas, de acordo com o QI;
-
Violação de regras sociais, familiares;
-
Incitamento à desordem.
Após os 18 anos (! 4):
-
Incapacidade de manter desempenho profissional regular;
-
Incapacidade de possuir papel parental;
-
Incapacidade de aceitar normas sociais;
-
Incapacidade de manter relação durável com parceiro sexual;
-
Irritabilidade e violência;
-
Incapacidade de respeitar obrigações financeiras;
-
Incapacidade de planear;
-
Desespero pela verdade;
-
Imprudência.
Violação dos direitos de terceiros, constantemente;
Não devido a um atraso mental ou Esquizofrenia.
Personalidade Esquizóide
-
Frieza e distanciamento emocional;
-
Indiferença aos elogios, crítica e sentimentos alheios;
-
Amizade íntima limitada a 1 ou 2 pessoas, incluindo a família;
-
Ausência de excentricidades no comportamento verbal e não verbal;
-
Não provocado por distúrbios psicóticos;
-
Antes dos 18 anos não reúne critérios para Distúrbio Esquizoíde da Infância ou Adolescência
Esquizofrenia Hebefrénica
A alteração dominante é a perturbação formal do pensamento (pensamento incoerente, ruptura
das associações, etc.).
Tem um início precoce – 16/18 anos a 25 anos –, provocando uma intensa deterioração de per-
sonalidade e uma evolução rápida.
Esquizofrenia Paranóide
Aparecimento de delírios mais sistematizados (influenciamento, grandeza, persecutórios, etc.)
bem como de alucinações auditivas.
Início tardio: 25 a 45 anos
Esquizofrenia Esquizo-afectiva
Quando ao sindroma esquizofrénico se associam manifestações depressivas ou maníacas carac-
terísticas das Psicoses Maníaco-Depressivas.
É menos grave e tem tendência a evoluir para surtos relativamente curtos, o que possibilita à
pessoa manter-se ajustada à realidade fora dos surtos.
Episódio Esquizofrénico Agudo
Quando há intensas manifestações de despersonalização e angústia.
Esquizofrenia latente
Esquizofrenia Residual
Predominam o isolamento social, comportamentos excêntricos, pensamento ilógico e o afrou-
xamento de associações, embora possa haver ideias delirantes e alucinações.
Formas de Apresentação
Início agudo ou súbito
-
Psicoses delirantes e alucinatórias agudas;
-
Estados maníacos atípicos;
-
Estados depressivos atípicos;
-
Perturbações do comportamento.
Início cíclico
Apresenta-se sobre um fundo de distúrbio de personalidade esquizoíde que durante 2/3 anos
apresenta “assaltos” progressivos, surtos psicóticos de:
-
Episódios delirantes repetidos;
-
Episódios catatónicos repetidos
-
Estados maníacos atípicos.
Início insidioso
Instalação progressiva e lenta do quadro clínico sem que, nas fases inicias, haja ruptura com a
realidade externa, nem fragmentação do Eu.
a)Acentuação progressiva de personalidade esquizóide:
Debilitação progressiva de iniciativa e actividade;
Quebra do rendimento escolar ou profissional;
Grande inércia nos cuidados pessoais;
Súbitos interesses filosóficos, místicos ou excentricidades;
Grande rebaixamento e indiferença afectiva, com tendência para a passividade e o isolamento;
Crise familiar com inversão dos afectos e hostilidade marcada.
b)Crise de adolescência grave e prolongada:
Vivências internas de despersonalização e mal-estar corporal (sinal em espelho);
Frieza afectiva;
Actos agressivos e impulsivos, aparentemente sem motivo;
Auto-regulação paranóide.
c)Evasão progressiva do delírio:
Aparecimento de acontecimentos insólitos e enigmáticos, com atitudes de desconfiança e impenetrabilidade;
Racionalizações sistemáticas dos acontecimentos vividos e das relações inter-pessoais;
Vivências delirantes primárias – percepção e ocorrências delirantes – com temas de perseguição, hipocon-
dríacos, de ser influenciado e grandeza.
Início pseudo-neurótico
Durante alguns anos, a esquizofrenia encontra-se camuflada por sintomas neuróticos (a eclosãopsicótica é travada
por núcleos neuróticos) – quadro de Neurose Pré-Psicótica, com manifesta-ções histéricas, obsessivas,
hipocondríacas ou fóbicas com:
-
Sintomas neuróticos, massivos e agudos;
-
Grande isolamento relacional;
-
Frieza afectiva;
-
Intensas preocupações corporais;
-
Ideias delirantes de auto-relacionação;
-
Tendência a não pedir ajudar.
Depressão
Existe uma grande variedade de classificações sobre osestados depressivos.
Quadro 2
Sintomatologia
Depressão Endógena (de base orgânica)
Depressão neurótica
Personalidade pré-mórbida
Rasgos neuróticos da personalidade
Tristeza vital, profunda e persistente
Tristeza, ansiedade
Insónia terminal
Insónia inicial
Variações de humor (& tarde)
Variações de humor (" tarde)
Inibição psicomotora
Não há transtornos marcados na psicomotricidade
Ideias delirantes: ruína e culpa, hipocondrias, nihilistasAusência de delírios
Curso fásico
Curso prolongado e não de estação
Frequência de história familiar de problemas afectivos.Rara historia familiar de problemas afectivos
Possível suicídio
Suicídio excepcional
Ausência de factores genéticos desencadeantes
Resposta (+) aos anti-depressivos
Resposta (#) aos anti-depressivos
Diagnóstico diferencial
Para uma visualização mais rápida apresenta-se de seguida o quadro 3 no qual se pode observarde forma
esquemática como se efectua o diagnóstico diferencial entre perturbação orgânica,alteração psicossomática e
histeria de conversão.
Quadro 3
Diagnóstico diferencial entre perturbação orgânica, alteração psicossomática e histeria de conversão
Perturbação orgânica Alteração psicossomática
Histeria de conversão
Estruturas afectadas
Partes do organismo
Relação com o SN vegetati-
vo
Relação com o sistema senso-
rial ou motor
Determinante geral
Fisiogenia
Psicogenético: o conflitoactual actua como factordesencadeante
Psicogenético: o conflitoactual situa-se entre duastendências opostas
Coerência dos sintomas Positiva
Positiva
Sem correlação com os
determinantes anatómicos
Patogenia do sintoma
Própria de cada pertur-
bação
Por influência do SN Vege-tativo: tende a produzirlesões irreversíveis
Por bloqueio Inconsciente doSNC desaparece ao cessar arepressão e recalcamento
Elaboração do conflito
Repressão profunda do con-
flito infantil
Repressão superficial de uma
das tendências opostas
Efeito da motivação
sobre o sintoma
Normalmente nenhuma Nenhuma evidente
Importante: papel determinan-
te ou selectivo
Eleição do órgão
Depende do padrão reactivopsicossomático, estabelecidona infância
Depende das capacidades doórgãopara expressar simboli-camente o conflito
Psicanálise
Padrão reactivo formado nas
fases Oral e Anal
Padrão reactivo na fase Edi-
piana
Efeito da sugestão
Sem modificação
Sem modificação
Modificação
Atitude do paciente
Preocupação
Preocupação
“Belle indifférence”
Consequências
Incapacidade física
Incapacidade física
Incapacidade funcional selec-
tiva
Resposta ao tratamento
físico
Pode ser positiva
Pode ser positiva
Geralmente ineficaz
Perturbações da personalidade
Neuroses
Caracterizam-se por ser:
-
Uma perturbação, menor, do comportamento;
-
O paciente tem consciência do carácter patológico da sua perturbação;
-
Perturbações compreensíveis, no quadro da psicologia corrente.
Os factores psicológicos desempenham um papel na génese e desenvolvimento destas perturba-
ções.
A neurose é descrita como uma afecção psicogénica, em que os conflitos são a expressão de umconflito psicológico
que se encontra enraizado na história familiar do paciente (origem na 1ªinfância: conflitos entre o Eu e as pulsões
sexuais; centrado no Complexo de Édipo.
Sintomas neuróticos nos adultos:
-
Actividade sexual anómala. Frequentemente uma inibição sexual, ou uma impotência ou frigidez.
Este constitui, frequentemente, o motivo da consulta.
-
Perturbações do sono. Dificuldade em adormecer e em voltar a adormecer, sem causas razoáveis. O
medo de se deixar levar pelo sono pode estar relacionado com o facto de o sono erguer a barreira do
inconsciente, através do sonho.
-
Outras vezes a pessoa dorme demais para se proteger, o que é designado de hypersomnia.
-
Astenia permanente fadiga tanto psicológica quanto física, acompanhada, não raras vezes, dum sen-
timento de ansiedade e de tédio. Consequência da tensão ligada ao conflito entre o inconsciente e os
instintos sexuais ou agressivos.
-
Angústia. Está, igualmente, muito presente nas crianças. É um sentimento muito penoso de expecta-
tiva, de medo sem objecto, de receio de um perigo não definido, muito vago.
-
Perturbações hipocondríacas. Preocupação excessiva com o estado de saúde. Démarche narcísica.
Introspecção ansiosa.
-
Perturbação dos comportamentos alimentares.
-
Agressividade.
Bibliografia:
Achenbach, T. (1974).Developmental psychopathology. New York: John Wiley.
Bergeret, J., Bécache, A., Boulanger, J.-J., Chartier, J.-P., Dubour, P., Houser, M., & Lustin, J.-J. (2004). Psicologia
patológica: Teoria e Clínica. Colecção “Manuais Universitários”, 4.Lisboa: Climepsi Editores.
Cichetti, D., & Cohen, D. (1995a).Developmental psychopathology. Vol. 1: Theory and meth-
ods. New York: John Wiley & Sons.
Cichetti, D., & Cohen, D. (1995b). Developmental psychopathology. Vol. 2: Risk, disorder and
adaptation. New York: John Wiley & Sons.
Cichetti, D., & Cohen, D. (1995c). Perspectives on developmental psychopathology (p. 8). In D.Cichetti & D. Cohen
(Eds.),Developmental psychopathology. Vol. 1: Theory and methods.New York: John Wiley & Sons.
Cláudio, V. (1997). A expressão linguística nos esquizofrénicos paranoídes. Colecção “Estu-
dos”, 4. Lisboa: ISPA.
Goleman, D. (1996). Inteligência Emocional. Lisboa: Temas e Debates.
Habib, M. (2003). Bases Neurológicas dos Comportamentos. Colecção “Fundamental”. Lisboa:
Climepsi Editores.

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Psicopatologia

  • 1. PSICOPATOLOGIA: BREVE INTORDUÇÃO Texto de Apoio expressamente elaborado para os alunos da Universidade do Algarve (UAlg), Escola Superior de Saúde de Faro (ESSaF), do Curso de Terapêutica da Fala, 1º Ciclo, 2º Ano, 2º Semestre, ano lectivo de 2004- 2005 (Maio, 2005). A Psicopatologia do Desenvolvimento é uma disciplina relativamente recente, teve início em 1974, surgiu o primeiro Manual da autoria deT. Achenbach, mais recentemente, Cichetti e Cohen (1995a, b) editam dois volumes, um deles centrado na teoria e nos métodos e um segundo dedicado ao estudo do risco, perturbações e adaptação. Esta área foca a sua atenção nas origens e curso (fases e sequelas) dos padrões inadaptados de comportamento, alguns dos quais se enquadram em perturbações psiquiátricas tradicionais.Basicamente é feita a comparação entre as trajetórias adaptadas e inadaptadas. A este nível é importante sublinhar o reconhecimento da dinâmica entre o desenvolvimento normal e anormal, adaptado e inadaptado dos processos ontogénicos. O conhecimento do desenvolvimento normativo é, obviamente, crítico para a compreensão do desenvolvimento atípico, mas, também, examinar o desenvolvimento desviante é necessário para o avanço do conhecimento do funciona-mento adaptativo. Nomeadamente, no que concerne ao conhecimento dos processos adaptativos biológicos, psicológicos e sociais, este é, de facto, muito importante para a compreensão, prevenção e tratamento da psicopatologia. Zigler e Glick (1986, p. xi) afirmam: “os indivíduos movem-se entre formas patológicas e não patológicas de funcionamento e, mesmo no seio da patologia, os pacientes apresentam mecanismos adaptativos”. Já Sroufe considera que a psicopatologia deve ser concebida numa perspectiva organizacional e que deve ser percepcionada como um desvio do desenvolvimento normal o que obriga a que se identifiquem e se interpretem os significados dos padrões de funcionamento, tendo em atenção o contexto em que se inserem. Como exemplo, pode-se citar um caso descrito por Cichetti e Cohen em que “pode ser adaptativa a inibição afetiva numa criança cujos pais a maltratam, mas tal pode resultar em vitimização pelos pares” (1995c), p. 8). Nos casos em que a patologia representa uma distorção, perturbação ou exagero da condição do funcionamento normal, o estudo do fenómeno patológico pode, levar à compreensão dos processos normais. Isto é, por vezes a patologia é melhor compreendida quando analisada à luz da normalidade (adaptado), outras, pelo contrário, é normalidade que e melhor explicada quando em comparação com a patologia. Ainda nesta linha de raciocínio também Joyce-Moniz é peremptório “num sentido superficial,toda a psicopatologia é desenvolvimentista, na medida em que a patologia se constitui num processo desviante que ocorre durante o tempo, tornando possível a comparação com o processo de desenvolvimento normal. Assim o que uns designam por distúrbio psicológico, outros por síndrome nosológico, doença mental, etc., integra-se bem na noção de desvio contraproducente.Não tanto em relação ao que é normal, mas mais ao que deveria evoluir normalmente” (1993, p. 4). A investigação nesta área do conhecimento centra-se nas populações que apresentam perturbação psicológica mas também nas consideradas de alto risco, o que leva a uma visão dupla do problema. Já não se pode estudar a doença mental sem ter em atenção os comportamentos, e estes apenas podem ser considerados de um ponto de vista dinâmico: já que tendem à realização de um determinado objetivo e estão expostos a um duplo sistema de sujeições, que depende do próprio organismo, necessariamente dividido na sua busca de uma impossível perfeição, e do mundo circundante que contraria essa busca ou lhe impõe as suas próprias vias. Pulsão e Conflito surgem, então, como noções de base indispensáveis, nesta perspectiva. A noção freudiana de um inconsciente dinâmico permitiu reduzir esse afastamento: o comportamento absurdo e
  • 2. sintoma têm, de facto, um sentido oculto, isto é, uma finalidade. Muitos são os psiquiatras que apenas retiveram o suplemento que a psicanálise oferece, quando consegue atribuir um sentido. Esperando, deste modo, que os psicanalistas interpretem o significado oculto, do sintoma, para, assim, alargar o domínio da compreensão psicológica e não pretendendo explicar a doença. Convém no entanto realçar que a interpretação analítica apenas se justifica pelos seus efeitos ou o seu valor preditivo e que é arriscado alargar o seu uso fora do âmbito da “cura”, sem especificar o sistema de validação, ao qual se refere. Assim, uma soma de interpretações particulares feitas a propósito de um caso clínico não constiui uma avaliação psicopatológica. Não basta acumular hipóteses sobre o significado dos sintomas, dos propósitos e dos comportamentos. Os motivos humanos não se justapõem ao acaso,organizam-se em sistemas e os conflitos internos exprimem a incompatibilidade entre estruturas parciais da personalidade. Além de que, essa organização específica, não surge do nada ou deum mero acaso, ela nasce e desenvolve-se no decurso da história do indivíduo, em função dos conflitos que marcam, necessariamente, as fases de desenvolvimento, dessa história. O que é designado em psicanálise como meta psicológico não oferece somente um modelo teórico mas permite construir toda uma nova semiologia (formações defensivas, leis do processo primário, derivados do inconsciente) distinta dos significados concretos. De referir que o profundo conhecimento, desta, é indispensável ao clínico e que a sua aplicação fora do âmbito da cura se torna muito mais legítima. Na “cura”, as referências meta psicológicas esbatem-se para dar lugar ao estudo das representações particulares. Apesar disso, a utilização destas referências confere uma nova luz à exposição da observação clínica e algumas das suas variantes, como o estudo da situação projetiva. O mérito da obra de Bergeret, Bécache, Boulanger, Chartier, Dubour, Houser e Lustin (2004)consiste precisamente no facto de mostrar como os modelos teóricos permitem dar consistência a uma semiologia original e a uma melhor compreensão das síndromes clínicas tradicionais. O objetivo da Psicologia Psicopatológica não pode ser confundido com o da psiquiatria; limitando-se ao estudo da evolução das vicissitudes do psiquismo humano, não se debruçando sobre os aspectos técnicos das terapêuticas. No aspecto clínico, Bergeret et al. (2004) desenvolvem uma posição ligada a determinadas concepções que apenas consideram e reconhecem duas formas de neuroses: a neurose obsessiva e a histeria (de angústia ou de conversão). Os comportamentos depressivos, ou fóbicos, não são característicos de qualquer estrutura em exclusivo, tal como também não o são o masoquismo,ou a homossexualidade. Também a noção de estrutura assume um sentido extremamente preciso. E nota-se, a esse propósito, um extremo cuidado em reservar para as entidades claramente definidas os qualificativos “neurótico” e “psicótico”. O desenvolvimento psicossexual Sigmund Freud foi quem pela primeira vez falou em desenvolvimento psicossexual do ser humano, tendo proposto que este se processa em quatro fases, a saber: fase oral, fase anal, fase fálica e fase genital. É de salientar, em primeiro lugar que a sexualidade infantil é indiferenciada e pouco organizada. Diferindo da sexualidade do adulto em pelo menos três pontos: - Regiões corporais de maior sensibilidade (oufontes de pulsionais de prazer) não são forçosamente asregiões genitais, aliás, outras zonas erógenas (regiões que proporcionam prazer sexual) acabam porpredominar; - Os objectivos são diferentes: a sexualidade infantil não conduz a relações sexuais propriamente ditas, mas comporta actividades que virão a desempenhar, mais tarde, um papel de prazer preliminar; -
  • 3. Por último, esta sexualidade infantil tende a serauto-erótica mais do que dirigida aobjectos. Fase oral A Fase Oral tem como primazia a zona bucal como zona erógena ou fonte corporal pulsional.Quanto ao objecto original de desejo sexual da criança de peito, é constituído pelo seio maternoou pelo seu substituto, sendo a primeira expressão da pulsão sexual o a to de mamar. De fato, o ato de mamar não só satisfaz a necessidade de alimentação, como também proporciona prazer por si só. A relação de objecto é, na realidade, uma inter-relação dialéctica: o que está em jogo nãoé ape-nas a forma como o sujeito elabora e constitui os seus objectos (externos e internos) mas tam-bém o modo como estes vão moldar a sua actividade. Fase anal Não subsistem quaisquer dúvidas quanto ao facto de oprazer anal existir desde o início da vida,mas, numa fase mais precoce, ele não constitui o principal escape libidinal, tal como ainda nãoestá conflitualizado. Apenas quando se instala o controlo dos esfíncteres e o acto de defecar setransforma num acto sobre o qual a criança adquiriu um domínio mínimo, suficiente, o prazerligado a essa defecação, bem como os conflitos específicos que lhe dizem respeito, passam aocupar uma situação privilegiada. A Relação de Objecto desenvolve-se de acordo com o modelo das relações mantidas pela crian-ça com as suas matérias fecais e, além disso, em função dos conflitos ocasionados pela educaçãopara a limpeza que o indivíduo vai orientar a sua relação de objecto, com as suas característicasespecíficas:sadismo caracteriza-se por uma agressão carregada de prazer contra um objecto; masoquismo, cujo termo remete para o objectivo passivo de aceder ao prazer por experiências dolorosas. Tanto um como outro, estão ligados aos castigos corporais, para os quais as nádegas constituem, nessa altura, o alvo preferido. Fase fálica Surge por volta do terceiro ano de vida, com base nas fases anteriores, por abandono ou soluçãodos conflitos afectivos a eles inerentes, a fase fálica inaugura uma relativa unificação dos daspulsões parciais sob uma certaprimazia dos órgãos genitais. Não se trata, ainda, de uma verda-deira genitalização da libido.O erotismo uretral é considerado, por exemplo, por Fenichel,como uma fase uretral, intermédia entre as fases anal e fálica. O objectivo primário deste ero-tismo é o prazer de urinar, verificando-se, igualmente, prazer na retenção. Começa, comofacilmente se pode observar como um prazerauto-erótico, orientando-se sucessiva e progressi-vament e paraobjectos (fantasmas de urinar para cima dos outros) enquanto aenurese poderá serconsiderada, após o auto- erotismo, como um equivalente masturbatório inconsciente. A masturbação infantil seja primária ou secundária esta masturbação infantil precoce, é frequen- temente negada (reprimida) pelos adultos, provavelmente em função do seu próprio Superego.Deixa, no entanto, marcas profundas einconscientes na memória e parece representar uma dasprincipais causas da famosa amnésia infantil, que se relaciona, nomeadamente, com a actividadereprimida pelos pais, mas sobretudo com os fantasmas sexuais próprios da idade (na sua maio-ria, fantasmas masturbatórios, de essência Edipiana, logo angustiantes e culpabilizantes). O pénis não é ainda percepcionado como um órgão genital mas sim como umórgão de potência ou decompl et ude, ou seja, umfalo, derivando desse facto o nome desta fase. Fase Genital O Complexo de Édipo tem um papel fundamental de organizador central na estruturação da per-sonalidade. O conflito em causa (que surge entre os três e os cinco anos) é um conflito doravan-te sexualmente especificado, que se inscreve numa problemática a três – designa-se tambémcomotriangular em que estão envolvidas as três
  • 4. personagens familiares: criança, pai e mãe. Éprecisamente este conflito que inaugura a verdadeira genitalização da libido. Não restam dúvidas que o Complexo de Édipo é um produto da instituição social constituídapela família e daí, o ser susceptível de mudança ao sabor das transformações desta, como aliásfacilmente o demonstra a prática clínica. Mas as diferenças efectivamente observadas nas for-mas de expressão do Édipo consoante as sociedades ou as culturas apenas confirmam a tese deFreud que tende a salientara importância da estrutura familiar no estabelecimento de umsiste- ma simbólico destinado a transmitir, num contexto sócio-cultural específico, uma lei fundamen- tal no estabelecimento das relações sociais. Freud admitiu a existência, no indivíduo, de uma fase ou período anterior ao Édipo, contraria-mente à escola kleiniana, que faz remontar o complexo de Édipo à posição depressiva, o queequivale a dizer que intervém a relação com as pessoas totais. De igual modo, também se está adiferenciar, ou mesmo a opor, opré-edipiano ao Édipo, salientando-se a existência e os efeitosde uma relação complexa, de tipodual, entre a mãe e a criança, e a procurar identificar as fixa-ções desta relação nas mais diversas estruturas psicopatológicas. É aliás célebre a frase que oÉdipo constitui-se no “complexo nuclear das neuroses”. Relação de objecto edipiana – verifica-se quando as fixações arcaicas fortemente investidas, ao pai e/ou à mãe, são reproduzidas sobre outro homem ou sobre outra mulher que surge aneurose.Dito de outra forma, ultrapassar as tendências edipianas representa uma condição prévia para oacesso à sexualidade adulta normal, enquanto queagarrar-se a elas inconscientemente significafixar-se na pedra angular da neurose. Resumindo, com a resolução do complexo de Édipo, as escolhas objectais (termo que significao desejo de possuir sexualmente um indivíduo, por exemplo, a atracção do rapaz pela mãe) são regressivamente substituídas por identificações (o que implica o desejo de se parecer com alguém, por exemplo, no rapaz que imita as características do pai). No entanto, tal “regressão” é apesar de poder parecer contraditório ou mesmo paradoxal, é narealidade um progresso. Já que a dissolução ou abandono do complexo de Édipo é acompanhadopela libertação de uma quantidade de energia considerável. Esta energia será, regra geral,investida no enriquecimento intelectual, nomeadamente naaquisição de capacidades e compe- tências intelectuais. E, mais tarde, manter-se-á disponível para ser reinvestida em novos objec- tos. Freud afirmou que “O Superego é o herdeiro do complexo de Édipo” e esta afirmação nunca foicontestada ou desmentida, mais tarde referiu ainda que “o estabelecimento do Superego pode serconsiderado como um caso de identificação conseguida”. PSICOPATOLOGIA DINÂMICA Bergeret define anormalidade como sendo a capacidade de coordenar: - As necessidades pulsionais com as defesas e adaptações; - Os dados internos (hereditários e adquiridos) com as realidades externas; - As possibilidades caracteriais e estruturas com as necessidades relacionais. Há, então uma adequação funcional no seio da linha estrutural. Neste sentido, patologia pode ser definida como a ruptura do equilíbrio no seio da mesma linha estrutural.
  • 5. - A estrutura é a base ideal de arranjo estável dos elementos meta psicológicos constantes e essenciais no indivíduo. - Carácter é o nível de funcionamento manifesto e não mórbido da estrutura. - Sintomatologia pode ser definida como o modo de funcionamento mórbido de uma estrutura quando está descompensada, isto é dado que os factores internos ou externos da conflitualização não se encontram equilibrados por um jogo eficaz dos mecanismos de defesa e da adaptação. Estruturas autênticas são estruturas sólidas, fixas e definidas: neuróticase psicóticSs. estruturações são organizações intermédias – estados limite; menos específicas de maneira durável e podendo originar disposições mais ou menos estáveis (estados caracteriais e perver- sões). Personalidades pseudo normais não se encontram totalmente estruturadas no sentido das Neu- roses ou das Psicoses, estabelecem-se por vezes de maneira durável mas, no entanto, sempre precariamente, segundo arranjos diversos, não totalmente originais, que obrigam estes sujeitos, afim de não descompensarem naDepressão, a funcionarem aparentemente como pessoas super-normais. Linha estrutural psicótica Na linha estrutural psicótica: - As frustrações aconteceram em idade muito precoce (fase anal e 1º sub-estádio anal); - Eu psicótico pré-organizado. Na adolescência ainda é possível mudar embora seja extremamente difícil que isso se venha a verificar. Características: - Enfraquecimento da vida narcísica primária; - Relação mais ou menos fusional com a mãe; - Eu extremamente falho (clivagem); - Super-Eu, não tem um papel organizador Angustia de fragmanetação; divisão; Conflito é causado pela realidade face às necessidades pulsionais do indivíduo (Id/realidade); - Mecanismos de defesa: negação darealidade;projecção e desdobramento do Eu. - Instância organizadora: Id. Linha estrutural neurótica A linha estrutural neurótica apresenta: - Conflitos ao nível da Situação Edipiana; e
  • 6. - Eu neurótico pré-organizado. Na adolescência são possíveis mudanças, no entanto, são raras. Características: - Conflito entre Super-Eu e Eu; - O Eu não está dividido (pode encontrar-sedeformado); - Relação de objecto genital; - Mecanismos de defesa:reca lca men to; - Não há negação da realidade; - Primazia do processo secundário sobre o processo primário; - Angústia: (de)ca straçã o; - Instância organizadora: Super-Eu Estruturas intermédias Têm por base um traumatismo desorganizador (regra geral, uma sedução real precoce, por partedo adulto – não uma fantasia como sucede no caso dos neuróticos) que é sentida como umagrande frustração do ponto de vista afectiva, o que vai bloquear o desenvolvimento afectivo. Estes indivíduos (ao contrário do que acontece nas estruturas neuróticas) não conseguem utilizar muitas vezes o recalcamento com sucesso. Características: - Instâncias organizadora – Ideal do Eu (o Super-Eu é imperfeito); - Natureza do conflito – Ideal do Eu com o Id e a realidade. - Angústia: perda de objecto; - Mecanismos de defesa – Clivagem dos objectos; Forclusão, e Evitamento. - Relação de objecto – anaclítica (dependência do objecto, luta pela sua posse) É uma doença do narcisismo; o que marca o tronco comum dos estados limites é o bloqueio da vida afectiva. Não há clivagem do Eu, mas há dois sectores de funcionamento: - Adaptativo – em relação à realidade; -
  • 7. Anaclítico – quando a perda de objecto de quem se depende e de quem se faz depender Do ponto de vista económico, funciona em dois sistemas: adaptativo e defensivo mas, apesar desta flutuação, não possui a solidez de um Eu neurótico/normal. São indivíduos que precisam permanentemente de afecto (são muito sedutores) e a sua luta écontra a depressão. São muito susceptíveis e dependentes da realidade externa, daí que a suaposição possa ser trocada por uma grande instabilidade. Reagem muito mal às frustrações eestão sempre à defesa. Génese da estrutura base da Personalidade Freud considerava que logo após o psiquismo do indivíduo ter atingido um grau de organização que equivalha a uma “cristalização” definitiva. Segundo linhas de força (e de fraqueza) interiores complexas e originais, não haverá mais varia- ção possível. Nos casos gerais de evolução psíquica do sujeito em direcção a uma estrutura estável, em geral, as coisas parecem, segundo Bergeret, processar-se da seguinte forma: - 1ª etapa – numa primeira etapa consideram-se os estados iniciais da criança na sua indiferenciação psicossomática, e também a pouco e pouco, o Eu se distingue do Não-Eu. Neste estado inicial, o Eu conserva uma certa plasticidade às influências exteriores tóxicas, tal como às maturativas. - 2ª etapa – começamos a assistir a uma espécie de “pré-organização” já mais específica, em função de linhas de força determinadas de um lado por dados hereditários e congénitos inegáveis e, poroutro, pelas experiências objectais sucessivas referentes às zonas erógenas cada vez mais extensas;das pulsões cada vez menos parciais. As relações com os pais permanecem fundamentais e às quais se associam as relações com todos os membros do contexto social educativo. Tudo isto se repercute no psiquismo em formação por conflitos frustrações, traumatismos, mas tam- bém por seguranças anaclíticas e identificações positivas. As defesas começam a organizar-se de forma cada vez menos flutuante. O Eu vai manobrando pormovimentos de tentativa e erro. De modo a fazer face às ameaças criadas no exterior, tanto pela rea-lidade como pelas pulsões. Progressivamente o psiquismo organiza-se, “cristaliza-se”, segundo um modo de ligação dos seuselementos psíquicos próprios. Numa verdadeira organização interna com linhas de clivagem e decoesão que já não poderão variar posteriormente. - 3ª Etapa: chega-se a uma verdadeira estrutura da personalidade que já não se poderá modificar, nem mudar de linha fundamental, mas unicamente adaptar-se ou desadaptar-se, segundo uma linha de organização estrutural imutável. Enquanto o indivíduo de uma ou outra estrutura estável neurótica ou psicótica, não estiver submetidoa provas externas ou internas demasiado fortes, não sofra frustrações demasiado grandes, e não sesinta vítima de conflitos demasiado intensos, não estará “doente”, embora tenha uma estrutura Neu-rótica ou Psicótica.
  • 8. Se surgir algum acontecimento de maneira a quebrar o “cristal” a clivagem não se poderá operar, anão ser segundo linhas de força e de ruptura preestabelecidas na infância ou na adolescência do sujei- to.
  • 9.
  • 10. Estados Limite Génese do tronco comum dos Estados Limite: O Ego, nos Estados Limite, superou sem frustrações nem fixações as relações precoces muitomás com a mãe. Este Ego continua sem muitos empecilhos, no caminho rumo ao Édipo, quandosubitamente no 2º sub-estádio da Fase Anal, há um traumatismo desorganizador precoce: - A situação triangular relacional triangular e genital não pode ser abordada em condições normais. Nocontexto genital, o traumatismo vai ser sentido pelo sujeito como uma frustração muito viva com ris-co de perda de objecto. Este traumatismo corresponde a uma emoção pulsional intensa que sobreveio num estado aindamal organizada e imatura quanto ao seu equipamento, adaptações e defesas para que pudesse serenfrentado em condições inofensivas, exemplos: - Criança que toma contacto, demasiado cedo, com a Situação Edipiana; - Criança violada; - Criança exposta a manifestações sexuais. CD/cd 10 Pode-se considerar que a criança entrou de um só golpe brutal, massivo, e precocemente numa Situação Edipiana para a qual não estava absolutamente preparada. Este primeiro traumatismo afectivo, “precoce”, desempenhará o papel de primeiro desorganiza- dor (“desorganizador precoce”) da evolução do sujeito. Encontramos esta evolução fixada, de início, e às vezes por muito tempo, numa espécie de pseudo latência mais precoce e que, muitas vezes, se prolonga até à idade adulta. Este bloqueio evolutivo de maturidade afectiva do Eu no momento em que ainda não está sexualmente diferenciado, constitui o chamado “tronco comum” dos Estados Limite. Este tronco comum não pode ser considerado uma verdadeira estrutura uma vez que não possui a fixidez, a solidez e a especificidade definida das organizações verdadeiramente estruturadas. Este apenas consegue ficar em situação “ordenada” mas não fixada: trata-se de uma “organiza- ção” (estrutura intermédia) de estatuto provisório. A organização limite é acima de tudo uma doença do narcisismo, superado o perigo de uma psi-cogénese do tipo psicótico, o Ego não conseguiu chegar a uma psicogénese do tipo Neurótico, arelação de objecto permaneceu
  • 11. centrada na dependência anaclítica do outro; o perigo imediatocontra o qual lutam todas as variedades de Estados Limite é, acima de tudo, a depressão. O Ego suas características: No interior da Personalidade Limite coexistem dois sectores operacionais do Ego: - Um permanece no contexto de uma clássica adaptação aos dados da realidade exterior; - O outro funciona de um modo mais autónomo em relação à realidade, fixado essencialmente nas necessidades narcísicas internas, ao anaclitismo assegurador. Esta dualidade de sectores operacionais não pode ser confundida com uma verdadeira clivagemdo Eu. Tratando - se antes de uma simples reacção defensiva n as actividades do Eu, destinadasjustamente a evitar a ameaça de rompimento. O Ego deforma-se em algumas das suas funções, indo operar, sob dois registos diferentes: - Um registo adaptativo em todo o campo relacional onde não exista qualquer ameaça para o indivíduo tanto no plano narcísico como no plano genital; - Um registo anaclítico desde que apareça uma ameaça de perda de objecto, em consequência tanto a perigos no plano narcísico como genital. Todo o problema económico da organização limite se desenrola nas relações entre estes doissistemas, ao mesmo tempo adaptativos e defensivos, permitindo ao Ego uma certa mobilidade esegurança, porém jamais permitindo uma verdadeira solidez. O Eu é lacunar (não organizado e indiferenciado), isto é não parcelado como nos Psicótico, mas também não completo como nos Neuróticos – defende-se da ruptura, desdobramento, defor- CD/cd 11 mando-se. O Eu é essencialmente incompleto, tem falhas narcísicas primárias, que vão caracte- rizar a relação de objecto e os modos de defesa. Estes sujeitos manifestam uma necessidade imensa de afecto, mostrando-se por isso, sedutores:a sua luta contra a depressão obriga-os a uma incessante actividade. A sua dificuldade em seenvolverem coloca-os na necessidade de se tornarem disponíveis e adaptáveis a todo e qualquermomento, na falta de poderem estar realmente adaptados. O Eu dos Estados Limite conserva, em suas fixações, um olhar voltado para a antiga indistinçãosomato-psíquica, podendo, em momentos particularmente angustiantes, fazer o retorno parcial, aeste modo arcaico de expressão que utiliza a linguagem corporal. As organizações Limite resistem mal às frustrações actuais que despertem antigas frustraçõesinfantis precoces; facilmente utilizam traços de carácter paranóicos na tentativa de assustarquem os possa frustrar. O narcisismo destes sujeitos encontra-se mal estabelecido, permanecendo frágil; existe uma evi-dente e excessiva necessidade de compreensão, respeito, afeição e apoio. O objecto é sentidocomo persecutório mas nunca tanto (nem tão anal), como no paranóico. Este objecto desempenha o duplo papel de Super-Eu auxiliar situando-se pois com a importante ambivalência como proibidor e protector simultaneamente. A relação de objecto anaclítica constitui uma relação de grande dependência que permanecevivida e jogada a dois mas de forma muito diferente do jogo fusional psicótico com a sua mãe.Para o anaclítico trata-se de ser amado e ajudado por ambos os progenitores: trata-se de agredire dominar analmente a ambos em partes iguais. Este tipo de relação de objecto constitui umadefesa contra a depressão. A angústia da organização Limite é a angústia da depressão, e esta ocorre a partir do momentoem que o sujeito imagina que o seu objecto anaclítico possa fazer-lhe falta, possa escapar-lhe. É,na realidade, uma angústia de perda de objecto, pois sem objecto o anaclítico mergulhará nadepressão. Não se trata de uma depressão do tipo melancólico, pois neste Estado Limite o objec-to não pode ainda ser introjectado. O luto permanece igualmente impossível. Esta angústia dizrespeito ao passado e ao futuro em simultâneo. Ele lembra um passado infeliz, mas atesta,simultaneamente, uma esperança de salvação investida na relação de dependência fecunda dooutro. O
  • 12. anaclítico tem necessidade do outro a seu lado, embora tema os perigos da intrusão naproximidade grande demais, não consegue resolver-se a permanecer só: eis porque procura mui-to o grupo, sentindo-se aí mais securizado. Enquanto a linhagem Neurótica corresponde à articulação dos factores: Édipo! Super-Eu! Conflito Genital! Culpa! Angústia de Castração A linhagem narcísica corresponderia à sucessão: Narcisismo! Ideal do Eu! Fenda Narcísica! Vergonha ! Angústia de perda de objecto ! Depressão Ideal do Eu e Super-Eu Embora na organização Limite existam elementos Edipianos e Super-Egoícos, estes não desem-penham o papel principal de organizadores. De qualquer forma, é de notar que, o grau de aquisi-ções Edipianas depende das condições de impacto do traumatismo desorganizador, do grau dematuridade do Eu e dos meios de que dispunha aquando desse traumatismo. O Super-Eu clássico, de estrutura Neurótica, definido como herdeiro e sucessor do Édipo, nãoconseguirá constituir- se de forma completa nestes sujeitos, uma vez que as vivências Edipianasse acharão sensivelmente escamoteadas. O Ideal do Eu é a instância organizadora, enquanto herdeiro do narcisismo primária (o indivíduodespende um infrutífero e impotente esforço para tentar restaurar partes perdidas da “boa rela-ção” com a mãe ou os pais omnipotentes). A função do Ideal do Eu já se achava fortemente investida durante o período genital, pelo que oretraimento dos primeiros elementos Super-Egoícos desenvolverá ainda mais a inflação do Idealdo Eu, que a partir daí ocupará a maior parte daquilo que normalmente deverá reverter para oSuper-Eu. Daqui resulta que: - Estes sujeitos abordam a sua vida relacional com heróicas e desmesuradas ambições de fazer bem para conservar o amor e a presença do objecto; - Todo o processo demasiado cruel agirá de modo a criar vergonha ou desgosto (linhagem Narcísica) de si mesmo e eventualmente projectável sobre os outro; - A intolerância às contradições e incertezas; - Facilidade com que a representação mental ou a expressão passam ao acto inesperada e incompreen- sível. Sminfel considera o Ideal do Eu instância organizadora, na medida em que se liga ao Id para sufocar o Super-Eu. Assim, o Super-Eu só exerce as funções de punição, ameaças e pressões. O Ideal do Eu, ao contrário, age essencialmente pelas “promessas” ingénuas, assim o Super-Eudas organizações Limite reinveste apenas as forças sádicas e agressivas, reforçando o seu ladonegativo. Narcisismo
  • 13. Caracteriza a relação de objecto do indivíduo Limite e o modo de defesa: por regressão libidinal.No indivíduo Limite há impossibilidade de romper os laços anaclíticos não só com a mãe, mascom os dois progenitores edipianos. Esta forma de relação de objecto continua sendo uma reac-ção contra a depressão. Édipo Nos Estados Limite o Édipo foi precocemente evitado, desviado daí que os seus modos de defe-sa não tenham a mesma temporalidade nem potencial de integração que nas Estruturas Neuróti- cas. A consequência deste estado é o entrave à constituição do Super-Eu no sentido pós-Edipiano.Nos Estados Limite o Super-Eu permanece num estado preparatório incompleto, não permitindoa formação de uma instância pessoal, completa e internalizada. É então o Ideal do Eu que vaiguiar as condutas (não gerando mais conflitos de instâncias, tal como acontece com o verdadeiroSuper-Eu). Assim: - A primeira situação traumática; - A existência de um Édipo precoce; - A genitalização prematura conduzem a: - Falha de investimento libidinal; - Alterações graves de investimento fantasmático. É a clivagem do objecto (narcísico/fantasmático; bom/mau) que conduz à relação de objecto tipo Anaclítico. A emergência de sentimentos de hostilidade e de amor em relação aos objectos edipianos (ousubstitutos) é vivida como perigo. Isto surge da angústia violenta de ver renovar-se as condiçõesde traumatismo primitivo – origina o risco de depressão e despersonalização – é a crise deangústia aguda, descrito como episódio de ruptura de equilíbrio do Estado Limite. Há então possibilidade de entrar na Neurose ou na Psicose consoante os elementos Edipianos dispersos que pré-existem. Angústia A angústia latente é o traço m ais marcante da linha depressiva limite e pode ter uma tonalidade permanente, difusa, flutuante e infiltrante. Pode revestir aspectos hipocondríacos para além de aspectos neurovegetativos e suicidários. Caracterização dos Estados Limite - Instância dominante na organização: Ideal do Eu; - Natureza do conflito com: o Ideal do Eu com: - O Id; e - A realidade. - Natureza da angústia: Perda de objecto; -
  • 14. Relação de objecto: Anaclítica. Defesas principais: - Clivagem dos objectos (trata-se de uma clivagem das representações objectais, de um simples desdo- bramento dos imagos, destinada a lutar contra a angústia de perda de objecto, correndo o risco de chegar realmente à clivagem por verdadeiro desdobramento do Eu); - Evitamento (o sujeito evita o encontro com a representação, mesmo quando esta se acha isolada ou deslocada); - Idealização; - Identificação projectiva; - Denegação; - Manipulação da realidade; - Forclusão (esta diz respeito a uma forma de rejeição da representação constrangedora; endereça-se a uma imagem mais paterna cuja representação simbólica é preciso rejeitar). Os sujeitos Limite são: - Dependentes; - Sedutores, pois necessitam de estima, de afecto; - Falta de tolerância à ansiedade; - Falta de controlo da impulsividade; - Apreensão objectal com forte tonalidade do processo primário; - Certo bloqueio das capacidades sublimatórias; - Extremamente agressivos ou extremamente dóceis; - Perturbação da identidade (pseudo ou super-normais). Tipos de personalidade Personalidade Narcísica - Sobrevalorização de realizações e capacidades próprias; - Preocupação com fantasias de êxito, poder, brilho e beleza ilimitadas. - Exibicionismo, exigência de atenção e admiração; - Indiferença fria ou sentimentos de cólera, inferioridade, vergonha, humilhação ou vazio perante a crítica ou indiferença dos outros; CD/cd 15 - Alteração nas relações inter-pessoais (pelo menos duas): - Sentimentos de ter direito, ou a expectativa de favores especiais; - Abuso nas relações; - Variação e idealização/desvalorização; - Ausência de empatia. Personalidade Compulsiva
  • 15. (tem que apresentar pelo menos 4 das seguintes condições) - Restrição da capacidade de expressar emoções; - Perfeccionismo excessivo; - Insistência para que os outros se submetam à sua vontade; - Devoção excessiva ao trabalho e produtividade; - Indecisão, dificuldade de tomada de decisões. Personalidade Paranóide Suspeita ou desconfiança excessiva (! 3): - Expectativa de traição ou dano; - Hipervilância, tomada de atitudes desnecessárias; - Desconfiança; - Recusa de crítica quando justificada; - Dúvida sobre a lealdade dos outros; - Procura de confirmação de ideias preconcebidas; - Preocupação excessiva com motivos escondidos e significados especiais; - Cíume patológico. Hipersensibilidade (! 2): - Tendência a sentir-se facilmente humilhado e ofendido; - Exagero das dificuldades; - Tendência a contra-atacar perante ameaça; - Incapacidade de se descontrair. Afectividade restrita (! 2): - Aparência fria e pouco emotiva; - Orgulho racional; - Ausência de sentido de humor; - Ausência de sentimentos de passividade, ternura e afectividade. Não provocado por outra perturbação funcional (exemplo, esquizofrenia) Nota: Maior prevalência nos homens que nas mulheres Personalidade Esquizotípica (! 4): - Pensamento mágico (superstição, telepatia, etc.); - Ideias de auto referência; - Isolamento social; - Despersonalização, Desrealização, Sentimentos de presença; - Alteração do discurso (alteração de associações, circunstancialidade, metáforas); - Atitudes inadequadas, distância, frieza; -
  • 16. Desconfiança ou ideação paranóide; - Ansiedade social, hipersensibilidade à crítica. Não reúne critérios de Esquizofrenia. Personalidade Histriónica Comportamento exageradamente dramático, reactivo e expresso de uma forma intensa (! 3): - Auto-dramatização; - Apelativo; - Procura de actividade e excitação; - Reactividade excessiva a acontecimentos insignificantes; - Acessos irracionais de cólera ou mau humor. Alterações relações inter-pessoais: - Encarado como superficial e hipócrita, embora encantador e simpático; - Egocêntrico e Auto-indulgente; - Não exigente; - Dependente, procura constante de apoio; - Tendência à ameaça, manipulação, Depressão Suicídio. Personalidade Dependente - Aceitação passiva que terceiros assumam responsabilidade em áreas fundamentais da sua vida; - Subordina as próprias necessidades às das pessoas de quem depende; - Falta de autoconfiança, sentimentos de indefesa. CD/cd 17 Personalidade Anti-social Idade actual! 18 anos; Início antes dos 15 anos (! 3): - Absentismo às aulas; - Expulsão ou suspensão; - Delinquência; - Fugas; - Mentiras frequentes; - Relações sexuais repetidas no decurso de relações efémeras; - Alcoolismo (fármaco-dependência); - Roubos; - Vandalismo; - Classificações escolares inferiores às esperadas, de acordo com o QI; - Violação de regras sociais, familiares; -
  • 17. Incitamento à desordem. Após os 18 anos (! 4): - Incapacidade de manter desempenho profissional regular; - Incapacidade de possuir papel parental; - Incapacidade de aceitar normas sociais; - Incapacidade de manter relação durável com parceiro sexual; - Irritabilidade e violência; - Incapacidade de respeitar obrigações financeiras; - Incapacidade de planear; - Desespero pela verdade; - Imprudência. Violação dos direitos de terceiros, constantemente; Não devido a um atraso mental ou Esquizofrenia. Personalidade Esquizóide - Frieza e distanciamento emocional; - Indiferença aos elogios, crítica e sentimentos alheios; - Amizade íntima limitada a 1 ou 2 pessoas, incluindo a família; - Ausência de excentricidades no comportamento verbal e não verbal; - Não provocado por distúrbios psicóticos; - Antes dos 18 anos não reúne critérios para Distúrbio Esquizoíde da Infância ou Adolescência Esquizofrenia Hebefrénica A alteração dominante é a perturbação formal do pensamento (pensamento incoerente, ruptura das associações, etc.). Tem um início precoce – 16/18 anos a 25 anos –, provocando uma intensa deterioração de per- sonalidade e uma evolução rápida. Esquizofrenia Paranóide Aparecimento de delírios mais sistematizados (influenciamento, grandeza, persecutórios, etc.) bem como de alucinações auditivas. Início tardio: 25 a 45 anos Esquizofrenia Esquizo-afectiva Quando ao sindroma esquizofrénico se associam manifestações depressivas ou maníacas carac- terísticas das Psicoses Maníaco-Depressivas. É menos grave e tem tendência a evoluir para surtos relativamente curtos, o que possibilita à pessoa manter-se ajustada à realidade fora dos surtos. Episódio Esquizofrénico Agudo Quando há intensas manifestações de despersonalização e angústia. Esquizofrenia latente Esquizofrenia Residual Predominam o isolamento social, comportamentos excêntricos, pensamento ilógico e o afrou- xamento de associações, embora possa haver ideias delirantes e alucinações. Formas de Apresentação Início agudo ou súbito - Psicoses delirantes e alucinatórias agudas; - Estados maníacos atípicos; - Estados depressivos atípicos; -
  • 18. Perturbações do comportamento. Início cíclico Apresenta-se sobre um fundo de distúrbio de personalidade esquizoíde que durante 2/3 anos apresenta “assaltos” progressivos, surtos psicóticos de: - Episódios delirantes repetidos; - Episódios catatónicos repetidos - Estados maníacos atípicos. Início insidioso Instalação progressiva e lenta do quadro clínico sem que, nas fases inicias, haja ruptura com a realidade externa, nem fragmentação do Eu. a)Acentuação progressiva de personalidade esquizóide: Debilitação progressiva de iniciativa e actividade; Quebra do rendimento escolar ou profissional; Grande inércia nos cuidados pessoais; Súbitos interesses filosóficos, místicos ou excentricidades; Grande rebaixamento e indiferença afectiva, com tendência para a passividade e o isolamento; Crise familiar com inversão dos afectos e hostilidade marcada. b)Crise de adolescência grave e prolongada: Vivências internas de despersonalização e mal-estar corporal (sinal em espelho); Frieza afectiva; Actos agressivos e impulsivos, aparentemente sem motivo; Auto-regulação paranóide. c)Evasão progressiva do delírio: Aparecimento de acontecimentos insólitos e enigmáticos, com atitudes de desconfiança e impenetrabilidade; Racionalizações sistemáticas dos acontecimentos vividos e das relações inter-pessoais; Vivências delirantes primárias – percepção e ocorrências delirantes – com temas de perseguição, hipocon- dríacos, de ser influenciado e grandeza. Início pseudo-neurótico Durante alguns anos, a esquizofrenia encontra-se camuflada por sintomas neuróticos (a eclosãopsicótica é travada por núcleos neuróticos) – quadro de Neurose Pré-Psicótica, com manifesta-ções histéricas, obsessivas, hipocondríacas ou fóbicas com: - Sintomas neuróticos, massivos e agudos; - Grande isolamento relacional; - Frieza afectiva; - Intensas preocupações corporais; - Ideias delirantes de auto-relacionação; - Tendência a não pedir ajudar. Depressão Existe uma grande variedade de classificações sobre osestados depressivos. Quadro 2 Sintomatologia Depressão Endógena (de base orgânica) Depressão neurótica Personalidade pré-mórbida Rasgos neuróticos da personalidade Tristeza vital, profunda e persistente Tristeza, ansiedade Insónia terminal
  • 19. Insónia inicial Variações de humor (& tarde) Variações de humor (" tarde) Inibição psicomotora Não há transtornos marcados na psicomotricidade Ideias delirantes: ruína e culpa, hipocondrias, nihilistasAusência de delírios Curso fásico Curso prolongado e não de estação Frequência de história familiar de problemas afectivos.Rara historia familiar de problemas afectivos Possível suicídio Suicídio excepcional Ausência de factores genéticos desencadeantes Resposta (+) aos anti-depressivos Resposta (#) aos anti-depressivos Diagnóstico diferencial Para uma visualização mais rápida apresenta-se de seguida o quadro 3 no qual se pode observarde forma esquemática como se efectua o diagnóstico diferencial entre perturbação orgânica,alteração psicossomática e histeria de conversão. Quadro 3 Diagnóstico diferencial entre perturbação orgânica, alteração psicossomática e histeria de conversão Perturbação orgânica Alteração psicossomática Histeria de conversão Estruturas afectadas Partes do organismo Relação com o SN vegetati- vo Relação com o sistema senso- rial ou motor Determinante geral Fisiogenia Psicogenético: o conflitoactual actua como factordesencadeante Psicogenético: o conflitoactual situa-se entre duastendências opostas Coerência dos sintomas Positiva Positiva Sem correlação com os determinantes anatómicos Patogenia do sintoma Própria de cada pertur- bação Por influência do SN Vege-tativo: tende a produzirlesões irreversíveis Por bloqueio Inconsciente doSNC desaparece ao cessar arepressão e recalcamento Elaboração do conflito Repressão profunda do con- flito infantil Repressão superficial de uma das tendências opostas Efeito da motivação sobre o sintoma Normalmente nenhuma Nenhuma evidente Importante: papel determinan- te ou selectivo Eleição do órgão Depende do padrão reactivopsicossomático, estabelecidona infância Depende das capacidades doórgãopara expressar simboli-camente o conflito Psicanálise Padrão reactivo formado nas fases Oral e Anal Padrão reactivo na fase Edi- piana Efeito da sugestão Sem modificação Sem modificação Modificação
  • 20. Atitude do paciente Preocupação Preocupação “Belle indifférence” Consequências Incapacidade física Incapacidade física Incapacidade funcional selec- tiva Resposta ao tratamento físico Pode ser positiva Pode ser positiva Geralmente ineficaz Perturbações da personalidade Neuroses Caracterizam-se por ser: - Uma perturbação, menor, do comportamento; - O paciente tem consciência do carácter patológico da sua perturbação; - Perturbações compreensíveis, no quadro da psicologia corrente. Os factores psicológicos desempenham um papel na génese e desenvolvimento destas perturba- ções. A neurose é descrita como uma afecção psicogénica, em que os conflitos são a expressão de umconflito psicológico que se encontra enraizado na história familiar do paciente (origem na 1ªinfância: conflitos entre o Eu e as pulsões sexuais; centrado no Complexo de Édipo. Sintomas neuróticos nos adultos: - Actividade sexual anómala. Frequentemente uma inibição sexual, ou uma impotência ou frigidez. Este constitui, frequentemente, o motivo da consulta. - Perturbações do sono. Dificuldade em adormecer e em voltar a adormecer, sem causas razoáveis. O medo de se deixar levar pelo sono pode estar relacionado com o facto de o sono erguer a barreira do inconsciente, através do sonho. - Outras vezes a pessoa dorme demais para se proteger, o que é designado de hypersomnia. - Astenia permanente fadiga tanto psicológica quanto física, acompanhada, não raras vezes, dum sen- timento de ansiedade e de tédio. Consequência da tensão ligada ao conflito entre o inconsciente e os instintos sexuais ou agressivos. - Angústia. Está, igualmente, muito presente nas crianças. É um sentimento muito penoso de expecta- tiva, de medo sem objecto, de receio de um perigo não definido, muito vago. - Perturbações hipocondríacas. Preocupação excessiva com o estado de saúde. Démarche narcísica. Introspecção ansiosa. - Perturbação dos comportamentos alimentares. - Agressividade. Bibliografia: Achenbach, T. (1974).Developmental psychopathology. New York: John Wiley. Bergeret, J., Bécache, A., Boulanger, J.-J., Chartier, J.-P., Dubour, P., Houser, M., & Lustin, J.-J. (2004). Psicologia patológica: Teoria e Clínica. Colecção “Manuais Universitários”, 4.Lisboa: Climepsi Editores. Cichetti, D., & Cohen, D. (1995a).Developmental psychopathology. Vol. 1: Theory and meth- ods. New York: John Wiley & Sons. Cichetti, D., & Cohen, D. (1995b). Developmental psychopathology. Vol. 2: Risk, disorder and adaptation. New York: John Wiley & Sons.
  • 21. Cichetti, D., & Cohen, D. (1995c). Perspectives on developmental psychopathology (p. 8). In D.Cichetti & D. Cohen (Eds.),Developmental psychopathology. Vol. 1: Theory and methods.New York: John Wiley & Sons. Cláudio, V. (1997). A expressão linguística nos esquizofrénicos paranoídes. Colecção “Estu- dos”, 4. Lisboa: ISPA. Goleman, D. (1996). Inteligência Emocional. Lisboa: Temas e Debates. Habib, M. (2003). Bases Neurológicas dos Comportamentos. Colecção “Fundamental”. Lisboa: Climepsi Editores.