FORMAÇÃO MISSIONÁRIA DA PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO, 2.º E 3.º DIA COM PADRE JOSÉ VIDAL DE AMORIM - DIOCESE DE BARRA DO PIRAI E VOLTA REDONDA
CIDADE DE BARRA MANSA R/J
1. 1
FORMAÇÃO
MISSIONÁRIA
(3
A
5
DE
SETEMBRO/2013)
PARÓQUIA
SANTO
ANTÔNIO
DE
PÁDUA
(SAUDADE)
Segundo
dia:
A
MISSÃO
NA
CIDADE
O
que
entendemos
por
cidade?
Cidade
vem
de
uma
palavra
grega
de
nome
pólis.
Aristóteles
define
a
pólis
como
a
comunidade
mais
importante
de
todas
as
outras,
e
que
a
todas
compreende.
Tal
comunidade
tem
como
meta
o
supremo
bem
humano,
o
bem
comum.
Numa
linguagem
moderna,
talvez
seja
melhor
traduzir
pólis
por
sociedade
e
não
comunidade.
Por
comunidade
se
entende
aquela
que
é
fundada
por
laços
de
sangue,
língua
e
religião.
Já
por
sociedade
se
compreende
aquela
que
depende
da
vontade
e
da
inteligência,
ou
seja,
da
razão
na
perseguição
do
bem
comum.
Mas,
qual
é
mesmo
a
importância
da
cidade?
Antes
de
tudo,
a
natureza
distinguiu
o
ser
humano
em
masculino
e
feminino,
que
se
unem
para
formar
a
primeira
comunidade,
a
família.
É
esta
que
garante
a
procriação
e
a
satisfação
das
necessidades
elementares.
Como
as
famílias
não
bastam
em
si
mesmas,
surge
uma
comunidade
ampliada,
uma
aldeia.
Esta
garante,
em
modo
sistemático,
a
satisfação
das
necessidades
da
vida.
No
entanto,
para
a
satisfação
de
uma
vida
perfeita
é
necessário
a
cidade.
Esta
satisfaz
todas
as
necessidades
do
ser
humano.
Esta
forma
de
vida
somente
pode
ser
garantida
através
das
leis,
ou
seja,
da
complexa
organização
de
uma
cidade.
É
através
da
cidade
que
o
indivíduo
consegue
superar
seu
egoísmo,
de
viver
segundo
aquilo
que
é
subjetivamente
bom,
e
começa
a
viver
segundo
aquilo
que
é
verdadeiramente
e
objetivamente
bom.
Neste
sentido,
percebe-‐se
que
a
cidade
é
aquela
que
aparece
por
último
cronologicamente,
mas
é
a
primeira
ontologicamente.
Assim,
o
todo
precede
as
partes
porque
é
ele
que
dá
sentido
à
elas.
Mas,
por
que
o
cristão
deve
se
interessar
pela
cidade?
Ele
não
está
destinado
à
cidade
eterna,
o
Reino
dos
céus?
A
tradição
bíblica
nos
mostra
toda
a
importância
da
missão
na
cidade.
Para
a
concepção
grega,
a
cidade
se
caracteriza
como
um
espaço
seguro,
onde
os
homens
podiam
se
dedicar
à
busca
da
felicidade.
Já
para
o
povo
hebreu,
certamente
por
ter
sido
nômade
no
deserto,
não
sonhava
com
cidades,
mas
com
jardins.
Para
eles,
Deus
não
criou
uma
cidade,
e
sim
um
jardim.
Diz
a
Bíblia:
“O
Senhor
Deus
plantou
um
jardim
em
Éden”
(Gn
2,
8).
O
fato
é
que,
seja
na
cidade
ou
no
jardim,
o
povo
busca
a
felicidade.
Não
importa
se
seja
grego,
bárbaro,
hebreu
ou
cristão.
Abraão
foi
chamado
a
deixar
a
própria
terra:
“Sai
de
tua
terra,
do
meio
de
teus
parentes,
da
casa
de
teu
pai
e
vai
para
a
terra
que
te
mostrarei”
(Gn
12,
1).
Moisés
está
envolvido
na
missão
de
arrancar
o
povo
da
cidade
da
escravidão:
“Eu
vi
a
opressão
do
meu
povo
no
Egito,
ouvi
os
gritos
de
aflição
diante
dos
opressores
e
tomei
conhecimento
de
seus
sofrimentos.
Desci
para
libertá-‐los
das
mãos
dos
egípcios
e
fazê-‐los
sair
desse
país
para
uma
terra
boa
e
espaçosa,
uma
terra
onde
corre
leite
e
mel”
(Ex
3,
7-‐8).
O
profeta
Amós
enfrenta
a
rejeição
na
cidade
de
Betel:
“Amasias
disse,
então,
a
Amós:
‘Vidente,
vai,
foge
para
o
país
de
Judá;
come
lá
o
teu
pão
e
profetiza
lá.
Mas
em
Betel
já
não
podes
profetizar,
porque
é
um
santuário
do
rei,
um
templo
do
reino”
(Am
7,
12-‐13).
O
profeta
Isaías
compreende
a
sua
missão
como
quem
foi
chamado
para
ser
luz
das
nações:
“Eu
te
destinei
para
seres
a
luz
das
nações,
para
que
minha
salvação
atue
até
os
confins
da
terra”
(Is
49,
6).
O
profeta
Jeremias
vê
abalada
a
esperança
em
dias
melhores,
devido
a
violência
seja
no
campo
como
na
cidade:
“Se
saio
para
o
campo,
eis
os
mortos
pela
espada;
se
entro
na
cidade,
eis
as
vítimas
da
fome;
pois
até
o
profeta
e
o
sacerdote
percorrem
o
país
sem
nada
compreender”
(Jr
14,
18).
O
profeta
entra
em
crise,
cai
no
desânimo,
chega
a
amaldiçoar
o
dia
2. 2
em
que
nasceu
(cf.
Jr
20,
14).
Mas,
o
amor
de
Deus
vence
o
desânimo
e
a
crise
do
profeta:
“Tu
me
seduziste,
Senhor,
e
eu
me
deixei
seduzir;
tu
me
agarraste
e
me
dominaste”
(Jr
20,
7).
Jonas
foi
enviado
para
Nínive,
a
grande
cidade.
Breve
relato
da
missão
na
história
cristã
Da
ressurreição
de
Jesus
ao
edito
de
Milão
(do
ano
33
a
313).
Jesus
preparou
a
missão:
primeiro,
ele
enviou
os
Doze
para
anunciar
o
reino
de
Deus
aos
povoados
de
Israel
(Mt
10,
1-‐16).
Em
seguida,
ele
multiplicou
os
conselhos,
dando
instruções
para
os
futuros
missionários
(Mt
10,
17-‐42).
Por
fim,
depois
da
ressurreição,
o
último
ato
de
Jesus
foi
enviar
os
Onze
como
missionários
a
todas
as
cidades
(Mt
28,
16-‐20;
At
1,
8).
E
Felipe
se
põe
a
caminho.
No
caminho
ele
encontrou
um
Etíope,
o
catequisou
e
o
batizou
(At
8,
26-‐40).
Felipe
foi
anunciando
a
Evangelho
a
todas
as
cidades
(cf.
At
8,
40).
Paulo,
o
apóstolo
dos
gentios.
A
adesão
à
Cristo
foi
crescendo
e
ser
cristão
tornou-‐se
um
problema.
Por
cerca
de
300
anos,
a
religião
cristã
foi
proibida
em
todo
o
império
romano.
Grande
repercussão
tinham
os
testemunhos
dos
mártires,
pois
em
Roma
os
julgamentos
eram
públicos.
Os
cristãos
aproveitavam
a
oportunidade
de
falar
abertamente,
e
o
testemunho
deles
impressionava
tanto,
que
sempre
alguns
se
convertiam.
Do
edito
de
Milão
ao
“descobrimento
da
América”
(do
ano
313
a
1492)
A
“conversão”
de
Constantino
e
a
“liberdade”
aos
cristãos.
No
final
da
vida,
Constantino
foi
batizado,
e
quase
todos
os
seus
sucessores
multiplicaram
os
favores
aos
cristãos.
Até
que,
em
391,
o
imperador
Teodósio
proibiu
todo
culto
não
cristão,
e
o
cristianismo
ficou
sendo
a
única
religião
permitida.
No
ano
de
410,
várias
tribos
(vândalos,
hunos,
godos,
lombardos,
burgúndios,
francos)
começam
a
invadir
o
império
romano.
Após
a
destruição
deste
império,
a
nova
Europa
será
formada
pela
conversão
dos
povos
germânicos
e
eslavos.
Neste
contexto,
o
primeiro
passo
da
missão
entre
os
povos
bárbaros
se
deu
através
do
batismo
de
Clóvis,
o
rei
dos
francos.
Com
o
rei
todo
o
seu
povo
se
converteu.
A
partir
deste
fato,
a
concepção
reinante
passou
a
ser
aquela
de
que
uma
vez
convertido
o
rei,
os
súditos
o
seguiriam.
Até
o
século
X,
os
grandes
evangelizadores
da
Europa
foram
os
monges
nascidos
primeiro
na
Irlanda,
depois
na
Inglaterra.
O
método
dos
monges
consistia,
em
primeiro
lugar,
em
fundar
um
mosteiro,
que
seria
um
centro
de
irradiação
na
região;
depois,
procurar
converter
os
reis
ou
os
chefes;
em
seguida,
formar
pequenos
grupos
de
missionários
para
evangelizar
os
povoados
na
região
do
mosteiro.
Além
da
proposta
missionária
que
visava
a
conversão
pelo
convencimento,
teve
lugar
com
Carlos
Magno
a
missão
pela
imposição.
O
rei
dos
francos
(que
no
ano
de
800
foi
proclamado
imperador)
usou
a
força
militar
com
o
propósito
da
conversão.
Numa
guerra
de
772
a
785,
forçou
os
saxões
ao
batismo.
Mais
tarde,
a
missão
será
militar.
Serão
as
cruzadas.
Se
fará
uso
da
missão
militar
para
conquistar
novas
terras,
para
converter
povos,
para
destruir
heresias.
Em
1096,
o
Papa
Urbano
II
convoca
a
primeira
cruzada
para
reconquistar
a
terra
de
Jesus,
o
seu
sepulcro,
que
estava
em
Jerusalém.
Em
geral,
as
ordens
militares
tiveram
um
papel
mais
político
do
que
religioso.
Acostumaram-‐se
a
resolver
os
problemas
da
fé
pelas
armas.
Quando
o
rei
de
Portugal
conquistou
o
Brasil,
era
grão-‐mestre
da
Ordem
militar
de
Cristo.
E
como
grão-‐mestre,
recebeu
do
papa
a
missão
de
cristianizar
os
povos
do
Brasil.
Para
ele,
a
evangelização
se
fazia
com
a
ajuda
das
armas.
Com
Domingos
de
Gusmão
e
Francisco
de
Assis
a
missão
se
faz
pacífica.
Domingos
defende
que
os
evangelizadores
sejam
pobres,
se
apoiem
na
Palavra
e
defendam
3. 3
pacificamente
a
fé
católica.
Domingos
funda
um
grupo
de
Pregadores
e
obtêm
a
confirmação
do
Papa
Honório
III
no
ano
de
1216.
Francisco
de
Assis
é
um
leigo
que
recebe
a
autorização
de
pregar.
Em
1219,
Francisco
recebe
autorização
do
sultão
para
pregar
em
terras
mulçumanas
e
pregou
diante
do
próprio
sultão,
que
o
deixou
sair
em
liberdade.
Assim,
Francisco
mostra
a
vitória
dos
métodos
pacíficos.
Dominicanos
e
franciscanos
queriam
primeiro
converter
os
próprios
cristãos.
Na
cristandade
todos
eram
batizados,
mas
poucos
viviam
de
acordo
com
o
seu
batismo.
Dominicanos
e
franciscanos
iam
de
cidade
em
cidade.
Viviam
na
pobreza
e
apelavam
para
a
pobreza
voluntária.
Vem
dos
frades
as
devoções
populares
como
o
presépio
de
Natal
e
o
rosário.
Do
“descobrimento
da
América”
à
convocação
do
Concílio
Vaticano
II
(1492
a
1962)
A
“descoberta”
de
novas
terras
se
transformou
também
na
missão
para
o
mundo
inteiro.
A
missão
seguia
as
rotas
descobertas.
Os
missionários
seguiram
os
navegantes
na
costa
da
África,
depois
da
Índia,
do
Japão,
da
China.
Outros
desembarcaram
na
América
e
foram
acompanhar
a
conquista.
Espanhóis
e
portugueses
não
tinham
homens
suficientes
para
conquistar
a
África
ou
a
Ásia.
A
América
foi
mais
fácil
de
ser
conquistada.
E
como
se
desenvolveu
a
missão?
Dois
modos:
pela
conquista
e
pela
imposição;
pela
palavra
e
pela
caridade.
A
missão
pela
conquista
e
pela
imposição
fora
aquela
confiada
aos
reis.
Em
1508,
o
rei
de
Espanha
recebeu
a
responsabilidade
da
missão
em
todos
os
territórios
conquistados.
Em
1514,
o
rei
de
Portugal
recebeu
a
mesma
responsabilidade.
Desde
de
então,
sobretudo
na
América,
os
reis
passaram
a
ser
os
grandes
missionários.
Eles
faziam
isso
criando
paróquias
e
bispados,
enviando
sacerdotes
para
ocupar
esses
lugares
e
procurando
converter
os
índios
e
os
escravos.
Em
pouco
tempo
se
percebeu
que
os
índios
não
se
convertiam
espontaneamente,
então
passou-‐se
a
exercer
pressões.
As
religiões
indígenas
foram
proibidas,
pois
se
dizia
que
vinham
do
demônio.
Em
seguida,
os
índios
foram
pressionados
de
todas
as
maneiras.
Os
escravos
negros
não
podiam
escolher,
eram
batizados
no
navio
que
os
trazia
ou
na
hora
de
desembarcar
no
porto.
Com
a
chegada
de
dominicanos
e
franciscanos
a
missão
adquire
outra
perspectiva.
Pois,
eles
não
queriam
acompanhar
os
conquistadores.
Queriam
aparecer
não
como
companheiros
dos
conquistadores,
mas
como
missionários
pacíficos
de
Jesus
Cristo.
Desse
modo,
toma
lugar
a
missão
pela
palavra
e
pela
caridade.
Dos
dominicanos,
o
mais
famoso
foi
Bartolomeu
de
Las
Casas.
Tinha
vindo
como
leigo
para
a
América
e
tinha
também
a
sua
fazenda
com
os
seus
índios
quase
escravos.
Mas
ele
se
converteu
e
entrou
na
Ordem
Dominicana.
Começou
uma
longa
vida
de
defesa
dos
direitos
indígenas.
Foi
nomeado
bispo
de
Chiapas,
no
México,
mas
durante
a
vida
toda
teve
que
lutar
contra
uma
oposição
implacável
dos
conquistadores.
Dois
franciscanos
foram
autorizados
por
Leão
XIII
a
embarcar
para
o
México
em
1521.
Em
1522,
o
Papa
Adriano
VI
estende
a
licença
a
todos
os
frades
mendicantes.
No
dia
04
de
outubro
de
1523,
o
provincial
de
Extremadura,
na
Espanha
do
Sul,
reúne
os
primeiros
Doze
apóstolos
que
vão
constituir
um
grande
projeto.
Eles
embarcaram
no
dia
25
de
janeiro
de
1524.
No
dia
13
de
maio
desembarcaram
na
costa
do
México.
Os
Doze
andavam
a
pé;
não
pediam
nada
e
não
exigiam
nada
dos
índios.
Aprenderam
a
língua
dos
índios
e
fizeram
dela
o
grande
meio
de
evangelização.
Os
jesuítas
que
chegaram
à
América
desembarcaram
no
Brasil,
em
1549,
em
Salvador.
Os
jesuítas
procuraram
fundar
colégios
para
educar
os
filhos
dos
caciques,
pensando
assim
4. 4
facilitar
a
conversão
dos
indígenas.
Depois
disso
se
deram
conta
de
que
pouco
poderiam
fazer
pelos
índios
em
territórios
controlados
pelos
conquistadores.
Convém
observar
que
essa
preocupação
missionária
para
com
os
indígenas
não
se
verificou
em
relação
aos
escravos
africanos.
Para
o
mundo
indígena
se
multiplicaram
vocabulários,
gramáticas
e
catecismos
em
suas
diferentes
línguas.
Já
para
os
africanos,
raramente
houve
esse
esforço
para
superar
a
barreira
da
língua.
Usando
os
navios
portugueses,
franciscanos,
dominicanos
e
jesuítas,
evangelizaram
também
a
costa
da
África,
da
Índia
e
até
do
Japão
e
da
China.
Estes
missionários
entenderam
que
deveriam
adaptar-‐se
muito,
aprender
não
somente
a
cultura
e
a
língua,
mas
também
as
religiões
dos
povos
da
Índia,
do
Japão
ou
da
China.
No
século
XVII,
descobriu-‐se
que
o
mundo
rural
na
Europa
estava
vivendo
quase
como
pagãos.
A
religião
era
ignorada
e
o
povo
pratica
puras
superstições,
sem
saber
quase
nada
da
doutrina
católica,
nem
dos
sacramentos,
nem
dos
mandamentos
de
Deus
e
da
Igreja.
Então,
deu-‐se
início
as
“SANTAS
MISSÕES”.
Entre
os
primeiros,
estava
São
Vicente
de
Paulo,
na
França.
Os
missionários
percorriam
os
povoados
para
ensinar
o
catecismo,
administrar
os
sacramentos,
melhorar
a
situação
moral,
pregando
os
mandamentos.
No
século
XVIII,
Santo
Afonso
de
Ligório
fundou
os
redentoristas.
Mas
também
os
jesuítas
e
mendicantes
fizeram
as
SANTAS
MISSÕES.
Desde
o
século
XVII,
as
SANTAS
MISSÕES
realizam-‐se
regularmente
em
todas
as
paróquias.
São
o
grande
meio
de
conversão
dos
chamados
“católicos
não
praticantes”.
No
Brasil,
os
missionários
abriram
caminhos.
Estiveram
nos
lugares
em
que
ainda
não
havia
paróquias
nem
templos.
No
Nordeste,
um
dos
mais
antigos
missionários
foi
o
Pe.
Gabriel
Malagrida,
que
foi
queimado
vivo,
aos
72
anos,
no
dia
21
de
setembro
de
1761.
Algumas
décadas
depois,
nascia
José
Antônio
Maria
Pereira
Ibiapina.
O
cearense
nasceu
em
1806
e
morreu
na
Paraíba
em
1883.
Outra
figura
de
destaque
é
Antônio
Conselheiro
(1830-‐1897),
líder
religioso
independente.
Outro
grande
missionário
ficou
conhecido
popularmente
como
Padim
Ciço,
era
o
Pe.
Cícero
Romão
Batista,
que
morreu
em
1934.
No
entanto,
o
maior
pregador
das
missões,
por
mais
de
60
anos,
foi
o
italiano
Frei
Damião,
que
para
o
povo
teria
sido
uma
bela
herança
do
Pe.
Cícero
Romão
Batista.
O
século
do
renascimento
missionário
é
aquele
que
se
estende
entre
os
anos
de
1815
a
1914.
Neste
período
as
missões
protestantes
e
católicas
alcançaram
o
mundo
inteiro
e
com
grande
vitalidade.
Isso
apesar
da
crise
do
cristianismo
na
Europa.
Exemplo
disso
foi
o
surgimento
de
novas
associações
de
caráter
missionário:
a)
A
obra
da
Propagação
da
Fé
(1822);
b)
A
obra
da
Infância
Missionária
(1843);
c)
A
obra
de
São
Pedro
Apóstolo
(1889);
d)
A
União
Missionária
(1916).
Do
Concílio
Vaticano
II
aos
dias
de
hoje
(a
partir
de
1962)
O
Concílio
Ecumênico
Vaticano
II
(1962-‐1965)
foi,
sem
dúvida,
o
maior
acontecimento
eclesial
do
século
XX.
Sentia-‐se
a
necessidade
de
uma
renovação
autêntica
da
Igreja.
Dois
mil
anos
de
história
haviam
depositado
em
seu
rosto
tantas
impurezas
que
era
bastante
difícil
contemplar
seu
resplendor
original.
Com
a
celebração
do
Vaticano
II,
se
consolida,
também
na
América
Latina,
a
ideia
e
o
esforço
para
implantar
um
novo
modelo
de
Igreja:
a
Igreja
“Povo
de
Deus”.
Na
manhã
do
dia
11
de
outubro
de
1962,
foi
aberto
o
Concílio
Ecumênico
Vaticano
II.
Estavam
presentes
aproximadamente
2500
bispos,
provenientes
de
todas
as
partes
do
mundo.
Notável
foi
a
presença
de
observadores
não
católicos,
representando
um
total
de
28
confissões
religiosas
cristãs.
Um
dos
documentos
do
Concílio
é
o
Decreto
conciliar
sobre
a
atividade
missionária
da
Igreja
(AD
GENTES).
Este
Decreto
inicia-‐se
assim:
“Enviada
por
Deus
às
nações
para
ser
‘o
sacramento
universal
da
salvação’,
esforça-‐se
a
Igreja
por
anunciar
o
Evangelho
a
todos
os
5. 5
homens”(AG
1).
Em
seguida,
o
Decreto
define
a
natureza
da
Igreja
bem
como
a
sua
origem:
“A
Igreja
peregrina
é
por
sua
natureza
missionária.
Pois
ela
se
origina
da
missão
do
Filho
e
da
missão
do
Espírito
Santo,
segundo
o
desígnio
de
Deus
Pai”
(AG
2).
Assim
sendo,
é
impensável
uma
Igreja
que
não
seja
missionária
e
que
não
se
solidariza
com
as
pessoas:
“As
alegrias
e
as
esperanças,
as
tristezas
e
as
angústias
dos
homens
de
hoje,
sobretudo
dos
pobres
e
de
todos
os
que
sofrem,
são
também
as
alegrias
e
as
esperanças,
as
tristezas
e
as
angústias
dos
discípulos
de
Cristo”
(GS
1).
Cresceu
a
consciência
de
que,
como
no
Concílio
de
Jerusalém,
a
Igreja
primitiva,
de
judaica
que
era,
se
abriu
para
os
países
do
Mediterrâneo;
assim,
no
Concilio
Vaticano
II,
a
Igreja
sentiu
a
exigência
de
se
abrir
para
o
mundo
inteiro
(sentido
territorial
e
cultural).
Para
tanto,
é
necessário
que
a
Igreja
não
seja
movida
por
nenhuma
ambição
terrestre.
“Com
efeito,
guiada
pelo
Espírito
Santo
ela
pretende
somente
uma
coisa:
continuar
a
obra
do
próprio
Cristo
que
veio
ao
mundo
para
dar
testemunho
da
verdade,
para
salvar
e
não
para
condenar,
para
servir
e
não
para
ser
servido”
(GS
3).
Por
tudo
isso,
“para
desempenhar
tal
missão,
a
Igreja,
a
todo
momento,
tem
o
dever
de
perscrutar
os
sinais
dos
tempos
e
interpretá-‐los
à
luz
do
Evangelho”
(GS
4).
O
Papa,
na
última
Encíclica,
ao
falar
da
fé,
mostra-‐nos
a
importância
da
missão
na
cidade:
“A
fé
não
afasta
do
mundo,
nem
é
alheia
ao
esforço
concreto
dos
nossos
contemporâneos.
(...)
A
fé
faz
compreender
a
arquitetura
das
relações
humanas,
porque
identifica
o
seu
fundamento
último
e
destino
definitivo
em
Deus,
no
seu
amor,
e
assim
ilumina
a
arte
da
sua
construção,
tornando-‐se
um
serviço
ao
bem
comum.
(...)
A
sua
luz
não
ilumina
apenas
o
âmbito
da
Igreja,
nem
serve
somente
para
construir
uma
cidade
eterna
no
além,
mas
ajuda
também
a
construir
as
nossas
sociedades
de
modo
que
caminhem
para
um
futuro
de
esperança.
(...)
As
mãos
da
fé
levantam-‐se
para
o
céu,
mas
fazem-‐no
ao
mesmo
tempo
que
edificam,
na
caridade,
uma
cidade
construída
sobre
relações
que
têm
como
alicerce
o
amor
de
Deus”
(Lumen
Fidei,
51).
Toda
a
nossa
dedicação
para
vivermos
em
paz
e
na
justiça,
em
nossas
cidades,
é
consequência
do
amor
a
Deus,
da
nossa
resposta
positiva
ao
mandato
missionário.
Assim,
à
luz
da
concepção
de
santo
Agostinho,
enquanto
não
se
chega
à
cidade
eterna,
temos
uma
responsabilidade
na
cidade
temporal;
pois
nos
situamos
entre
a
nossa
origem
e
o
nosso
fim.
Na
cidade
eterna,
a
tarde
do
último
dia
não
será
o
fim
do
dia,
mas
o
fim
do
dia
será
o
dia
do
Senhor.
Então,
“descansaremos
e
veremos,
veremos
e
amaremos;
amaremos
e
louvaremos.
Eis
a
essência
do
fim
sem
fim”
(A
Cidade
de
Deus,
XXII,
30).
Terceiro
dia:
A
MISSÃO
NAS
CASAS
O
missionário
é
aquele
que
tem
consciência
de
não
agir
em
nome
próprio,
mas
em
nome
de
Cristo.
O
missionário
dá
testemunho
de
Cristo.
Mas
como
poderia
o
missionário
dar
testemunho
do
Senhor
se
ele
está
vazio
de
Deus?
Assim,
o
missionário
é
aquele
que
sai
de
si
mesmo,
sem
jamais
sair
de
Deus.
Para
que
o
testemunho
do
missionário
seja
eficaz,
é
necessário
que
quem
o
veja,
veja
o
próprio
Cristo.
Como
dizia
o
apóstolo
Paulo:
“Já
não
sou
eu
que
vivo,
é
Cristo
que
vive
em
mim”
(Gl
2,
20).
O
missionário
antes
de
testemunhar
Cristo
com
a
palavra,
deve
testemunhá-‐lo
com
a
própria
vida.
O
missionário
cristão
é
aquele
que
tem
a
sua
espiritualidade
enraizada
em
Jesus
Cristo,
acolhe
a
missão
como
dom
de
Jesus
Ressuscitado:
“Ide,
pois,
fazei
discípulos
meus
todos
os
povos,
batizando-‐os
em
nome
do
Pai
e
do
Filho
e
do
Espírito
Santo,
ensinando-‐os
a
observar
tudo
quanto
vos
mandei”
(Mt
28,
19-‐20).
De
acordo
com
o
evangelista
Marcos,
Jesus
recomendou
aos
Onze:
“Ide
por
todo
o
mundo
e
pregai
o
Evangelho
a
toda
criatura
(Mc
16,
15).
Na
versão
lucana,
Jesus
recomenda
aos
Onze:
“permanecei
na
cidade
até
que
sejais
revestidos
da
força
do
alto”
(Lc
24,
49).
Em
seguida,
complementa
Lucas:
“recebereis
uma
força,
o
Espírito
Santo
que
virá
sobre
vós;
e
sereis
minhas
testemunhas
em
Jerusalém,
em
toda
6. 6
a
Judéia
e
Samaria,
até
os
confins
da
terra”
(At
1,
8).
Por
fim,
em
João,
o
ressuscitado
diz:
“A
paz
esteja
convosco.
Como
o
Pai
me
enviou,
assim
também
eu
vos
envio”
(Jo
20,
21).
A
ressurreição
de
Jesus
dá
ao
missionário
o
olhar
e
a
visão
de
Deus
sobre
o
mistério
do
seu
Reino;
por
ela,
o
discípulo
é
inserido
neste
mistério.
Assim,
a
missão,
antes
de
ser
resposta
aos
apelos
dos
homens,
é
acolhimento
do
dom
de
Deus.
A
partir
desta
compreensão,
emerge
a
consciência
de
que
não
é
o
missionário
que
leva
o
Evangelho,
mas
é
o
Evangelho,
a
força
de
Deus,
que
põe
o
missionário
a
caminhar.
O
mandato
missionário
de
Jesus,
após
a
ressurreição,
apresenta-‐nos
diferentes
maneiras
de
fazer
missão.
Cada
evangelista
retoma
o
modelo
de
missão
que
desenvolveu
ao
longo
do
seu
evangelho.
Deste
modo,
a
missão
é
plural.
Não
há
só
um
modelo
de
missão.
Para
Mateus,
a
missão
é
ensinante:
a
catequese
aparece-‐nos
como
seu
esquema
mais
adequado.
O
símbolo
deste
modelo
é
a
montanha.
Para
Marcos,
a
missão
é
itinerante:
a
sua
característica
imponente
é
o
da
primeira
evangelização.
O
símbolo
deste
modelo
é
a
estrada.
Para
Lucas,
a
missão
é
testemunhante:
manifestada
sobretudo
pela
revelação
do
Espírito.
O
símbolo
deste
modelo
é
o
templo.
Para
João,
a
missão
é,
antes
de
tudo,
transformante:
transformar
a
vida,
transformar
o
mundo.
O
símbolo
deste
modelo
é
a
mesa.
Enfim,
a
missão
é
múltipla,
e
toda
a
Igreja
é
missionária.
O
missionário
é
chamado
a
superar
o
desânimo,
a
timidez.
Quem
acolhe
o
missionário
acolhe
o
próprio
Cristo:
“Quem
vos
recebe,
a
mim
recebe,
e
quem
me
recebe,
recebe
aquele
que
me
enviou”
(Mt
10,
40).
E
o
Papa
Francisco,
falando
aos
jovens,
nos
encoraja
a
estarmos
presente
em
todos
os
ambientes,
a
despertar
o
Cristo
no
coração
de
todas
as
pessoas.
Dizia:
“Para
onde
Jesus
nos
manda?
Não
há
fronteiras,
não
há
limites:
envia-‐nos
para
todas
as
pessoas.
O
Evangelho
é
para
todos,
e
não
apenas
para
alguns.
Não
é
apenas
para
aqueles
que
parecem
a
nós
mais
próximos,
mais
abertos,
mais
acolhedores.
É
para
todas
as
pessoas
(...),
incluindo
quem
parece
mais
distante,
mais
indiferente.
O
Senhor
procura
a
todos,
quer
que
todos
sintam
o
calor
da
sua
misericórdia
e
do
seu
amor”
(Missa
pela
XXVIII
Jornada
Mundial
da
Juventude
em
Copacabana).
Se
é
da
natureza
da
Igreja
que
ela
seja
missionária,
a
Igreja,
então,
não
existe
para
ela
mesma.
A
Igreja
existe
para
a
missão,
para
ser,
no
mundo,
sacramento
de
salvação
para
todas
as
pessoas.
Se
toda
a
Igreja
é
missionária,
devemos
todos
ser
educados
para
a
missão,
para
ir
ao
encontro
do
outro
nos
mais
variados
ambientes.
Educar
para
a
missão
significa
que
nos
desarmemos
de
nossos
preconceitos,
de
nossas
seguranças.
A
missão
não
é
nossa,
é
de
Deus.
É
o
Pai
quem
nos
envia
por
intermédio
do
seu
Filho.
Recordemos
uma
vez
mais
este
mandato:
“Como
o
Pai
me
enviou,
assim
também
eu
vos
envio”
(Jo
20,
21).
Jesus
chama-‐nos
para
si,
para
criarmos
intimidade
com
Ele.
Jesus
nos
educa,
e
nos
envia
para
criarmos
solidariedade
com
os
outros,
não
importa
quem
o
outro
seja,
que
ambiente
ele
frequenta.
Lembremo-‐nos
das
palavras
do
apóstolo
Paulo:
“Não
te
deixes
vencer
pelo
mal,
mas
triunfa
do
mal
com
o
bem”
(Rm
12,
21).
Jesus
nos
chama
e
nos
envia,
pois
Ele
“fez
assim
com
os
seus
discípulos:
não
os
manteve
colados
a
si,
como
uma
galinha
com
os
seus
pintinhos;
Ele
os
enviou!
Não
podemos
ficar
encerrados
na
paróquia,
nas
nossas
comunidades,
quando
há
tanta
gente
esperando
o
Evangelho!
Não
se
trata
simplesmente
de
abrir
a
porta
para
acolher,
mas
de
sair
pela
porta
fora
para
procurar
e
encontrar.
Decididamente
pensemos
a
pastoral
a
partir
da
periferia,
daqueles
que
estão
mais
afastados,
daqueles
que
habitualmente
não
frequentam
a
paróquia.
Também
eles
são
convidados
para
a
Mesa
do
Senhor”(Missa
na
Catedral
de
S.
Sebastião).
Quem
se
lança
em
missão
não
pode
esquecer
que
a
nossa
primeira
fala
é
com
a
vida.
O
testemunho
da
vida
é
tão
fundamental,
que
recordava
o
Papa
Paulo
VI:
“O
homem
contemporâneo
escuta
com
melhor
boa
vontade
as
testemunhas
do
que
os
mestres
(...),
ou
então
se
escuta
os
mestres,
é
porque
eles
são
testemunhas”
(EN
41).
A
propósito,
com
o
Papa
7. 7
Paulo
VI
aprendemos
que
as
vias
da
missão
evangelizadora
são:
Testemunho
de
Vida;
Anúncio,
Catequese,
Sacramentos
(cf.
EN
41-‐47).
Bem-‐aventurada
é
a
Igreja
que
se
põe
permanentemente
em
missão.
Bem-‐aventurados
somos
nós
que
respondemos
positivamente
o
chamado
de
Deus.
Eis
as
bem-‐aventuranças
do
missionário.
Bem-‐aventurado
o
missionário
que:
1) Vive
enamorado
de
Cristo,
que
se
fia
nele
como
o
mais
necessário
e
absoluto,
certo
de
que
não
será
desiludido;
2) Cada
manhã
diz:
“Pai
nosso”,
levando
em
seu
coração
todas
as
raças,
povos
e
línguas,
porque
não
se
conforma
com
uma
vida
mesquinha;
3) Mantém
vivo
o
seu
ideal
e
a
sua
utopia
pelo
Reino,
e
não
perde
tempo
com
coisas
secundárias;
4) Nada
tem,
e
o
que
possui
gasta
no
serviço
de
seus
irmãos,
porque
Cristo
é
toda
a
sua
riqueza;
5) É
obediente,
sabe
colocar
o
seu
ouvido
no
coração
de
Deus
para
escutar
seus
desejos,
porque
o
Espírito
o
ajuda
a
discernir
os
acontecimentos;
6) Com
o
coração
puro
e
transparente,
sabe
descobrir
o
amor
e
a
ternura
de
Deus
nas
pessoas
e
nos
acontecimentos
sem
complicações,
porque
Deus
sempre
se
revela;
7) Não
se
orgulha
de
seus
êxitos
e
reconhece
que
é
o
Espírito
que
faz
tudo
em
todos,
porque
se
vê
livre
de
amarras;
8) Não
pode
viver
sem
a
oração
e
sem
saborear
as
riquezas
da
Palavra
de
Deus,
porque
isto
dá
sentido
à
sua
vida;
9) Sabe
acolher
o
desafio
da
cruz
de
Cristo,
porque
ela
é
a
sua
tábua
de
salvação,
o
trampolim
para
a
Páscoa
definitiva;
10)Tem
Maria
por
mãe
e
modelo
de
mulher
evangelizadora,
porque
ela
faz
com
que
o
missionário
seja
o
primeiro
evangelizado.
Concretamente,
o
que
fazer
nas
casas?
1) Sempre
de
dois
a
dois,
se
apresentar
(exemplo:
Somos
Pedro
e
Paulo,
da
igreja
Católica,
participamos
da
Comunidade
.....);
2) Viemos
trazer
uma
pequena
mensagem
pra
vocês,
mas
sobretudo
nos
colocar
à
vossa
disposição,
colocar
a
nossa
Comunidade
à
vossa
disposição;
3) Vocês
conhecem
a
nossa
Comunidade?
(Deixar
que
as
pessoas
falem!)
4) Oração
de
benção
dependendo
das
circunstâncias
(casa,
doente,
grávida,
aniversário).
Bibliografia
geral:
Compêndio
do
Vaticano
II
Exortação
Apostólica
Evangelii
Nuntiandi
Carta
Encíclica
Lumen
Fidei
Pronunciamentos
do
Papa
Francisco
no
Brasil
por
ocasião
da
JMJ
Curso
popular
de
história
da
Igreja
(A
missão,
vol.
1),
Paulinas,
São
Paulo,
1993.
Paulo
de
Coppi,
Por
uma
Igreja
toda
missionária,
Paulus,
São
Paulo,
1994.