O engenheiro só considerava a integração das "coisas" (mina, transporte, porto), ignorando o fator humano. Após workshop sobre relações interpessoais, a equipe passou a considerar também a integração e otimização humana, melhorando os resultados. O engenheiro aprendeu que objetivos racionais devem considerar também valores como diálogo e respeito, trazendo ganhos para toda empresa.
1. A INTEGRAÇÃO DE PESSOAS OU COISAS?
No decorrer de um contrato de consultoria para uma mineradora
eu me deparei com uma situação bastante comum na área de
engenharia em geral. O engenheiro estava me explicando a
importância da integração entre a mina, o transporte do minério e
o navio que o receberá. Eu entendi, mas questionei o significado
que ele estava dando para a palavra Integração. Como era de se
esperar, como acontece na maioria dos casos, ele queria se referir
à integração do processo “mina-transporte-porto”, ou seja, a
integração de coisas. E acrescentou que era tudo racionalmente
planejado para que as “coisas” funcionassem com a maior
eficiência.
Depois de 30 anos trabalhando na área da Integração Humana não
consegui me conter e disse para ele que ele estava fazendo
apenas uma parte do que deveria para otimizar o processo. Que
ele, como a maioria dos que trabalham com processos, dá
importância às “coisas” e se esquecem do “homem”, que participa
em todas as fases do processo. Acrescentei que achava
indispensável usar métodos racionais, em qualquer processo, seja
na área de engenharia ou em qualquer outra área do
conhecimento, mas que estava faltando levar em consideração as
emoções envolvidas durante as relações interpessoais no decurso
do processo. E que elas sempre se constituem em fator básico de
sucesso ou de insucesso. E que, por isso, o fator humano deve ser
uma preocupação constante não só na otimização de cada área do
processo (mina, transporte, porto) como também, e
principalmente, na Integração das pessoas entre estas três áreas.
Mas como a área das relações interpessoais era uma disciplina que
ele e seus colegas não dominavam, ele me convidou para fazer um
2. workshop envolvendo representantes das três áreas. Para que os
fundamentos das emoções envolvidas nas relações interpessoais
fossem entendidos tive que apresentar um ciclo de palestras.
Seis meses depois nos encontramos e ele me declarou que
realmente a diferença foi muito grande entre o antes e o depois.
Acrescentar à capacidade racional existente na equipe a
capacidade emocional, que estava latente, mas precisava ser
desenvolvida, resultou na otimização buscada. Agora ele tinha a
integração das “coisas” e a otimização humana.
Ele estava satisfeito também porque pessoalmente ele passou por
um grande aprendizado. A otimização humana, obtida por esta
dicotomia, razão x emoção, trouxe a ele a analogia com da
conhecida história da “caixa” e das “bolhas” (“Box and bubbles”).
O método racional que ele usou estava centrado em objetivos e
metas, estava usando só a “caixa”; agora usando o poder das
emoções produtivas ele estava também usando as “bolhas”: os
valores, os princípios, a ética das relações, o diálogo, o respeito à
opinião do próximo, etc.
Mas o ganho foi mais além, ele e seus colegas aprenderam e estão
aplicando os ensinamentos recebidos em todas as outras áreas da
empresa.
Um segredo que eu não disse a ele foi o fato de que eu fiquei mais
feliz do que ele, pois transmiti meu conhecimento, que é uma das
metas com as quais qualquer consultor/professor quer atingir.
José Affonso