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TEMOS QUE APRENDER A DIALOGAR
“Vemos as coisas não como são, mas como somos”.
Provérbio árabe
Quando fui convidado para participar de um Seminário do World Business
Academy (Associação americana sem fins lucrativos com sede em São
Francisco, Calif, EUA) em Stokolm, Suécia, nunca podia imaginar que ia
aprender tanto. Fui surpreendido com a presença de cerca de 60
empresários de vários países, que foram coordenados por consultores
Suecos, extremamente capacitados, para levarem todos ao objetivo de
proporem ações de melhoria das relações no mundo através de uma nova
técnica, denominada diálogo.
Quero passar a vocês importantes definições do que seja Diálogo, segundo
os maiores especialistas. Antes, porém, darei a definição do Dicionário
Aurélio: “fala entre duas ou mais pessoas, conversação, colóquio”; essa é a
definição mais comum. Outra, modernamente usada nas “organizações que
aprendem” (learning organizations), diz que é a “troca ou discussão de
ideias, de opiniões, de conceitos, com vistas à solução de problemas, ao
entendimento ou à harmonia; comunicação”. Esta última, quando posta em
prática, é o mais eficaz instrumento para a mudança organizacional.
Craig Schindler e Gary Lapid, em The great turning, afirmam que “diálogo
é a comunicação de algo profundo a algo igualmente profundo: daquilo que
é essencialmente humano em mim para o que é essencialmente humano em
você”. Por essa definição percebe-se que estou querendo chamar a atenção
para algo paradigmático, algo que transformará o comportamento no
trabalho nas instituições em futuro não muito distante. E mais: aquelas que
não derem esse salto quântico em sua cultura perecerão, pois suas ações
estratégicas estarão aquém daquelas empreendidas pelas “organizações do
diálogo”.
Um importante princípio do diálogo foi formulado por David Bohm e F.
David Peat em Ciência, ordem e criatividade, sob o título “O espírito do
diálogo”: “O que é essencial é que cada participante do diálogo suspenda
seu próprio ponto de vista enquanto também escute o ponto de vista de
outros, de forma que estes fiquem também em suspenso e, ao mesmo
tempo, dando plena atenção ao que eles significam”.
Em seu artigo “The dymamics of organizations that learn”, Sherrin Bennett
assim define a técnica do diálogo: “Diálogo é a qualidade rara de
conversação na qual nos permitimos ouvir o significado daquilo que a outra
pessoa nos transmite, trazendo-o para dentro de nós mesmos”.
Para Edgar H. Shein, do MIT, EUA, o diálogo é não só diferente das
muitas técnicas anteriormente propostas, como também se presta à
formulação e à solução de problemas. A seu ver, o diálogo é um elemento
central de qualquer modelo de transformação organizacional. A razão
última para aprender a teoria e a prática do diálogo é que ele facilita e cria
novas possibilidades de comunicação. O diálogo está na raiz de toda ação
eficaz de um grupo.
Regras do Diálogo
 Ouça atentamente
 Fale com o coração
 Seja breve
O filósofo Martin Buber, em seu livro I and thou, sugere que no autêntico
diálogo existe algo mais profundo do que uma simples conversação.
Em The magic of dialoque, Daniel Yankelovich diz que a interação “eu-tu”
implica uma abertura genuína para tudo que diga respeito ao outro. No
diálogo, diz ele, “eu, enquanto falo com você, não retiro seletivamente as
coisas com as quais não concordo; nem fico imaginando argumentos para
rebater os seus enquanto dirijo somente metade da minha atenção ao que
você está falando; nem procuro reforçar meus próprios pré-
condicionamentos. Em vez disso, eu internalizo inteiramente o seu ponto
de vista, engajando-me nele no sentido mais profundo de seu significado.
Você faz o mesmo. Cada um de nós internaliza o ponto de vista do outro
para a otimização de nosso mútuo entendimento”.
Especial atenção merece o seguinte trecho de Yankelovich: “Nós não
nascemos ontem. Nossa identidade está enraizada no acúmulo de nossas
experiências com outras pessoas e situações”. E mais adiante: “Os
psicólogos usam a palavra transferência para descrever esse processo de
projetar nos outros sentimentos originados em experiências passadas. O
poder da transferência na relação interpessoal é bem conhecido em campos
tais como a psicoterapia. De fato, tratar dos aspectos da transferência nas
relações interpessoais está no âmago do processo terapêutico”. E continua:
“A transferência é um fenômeno universal, uma parte intrínseca da
interação humana. Muitos de nós estamos só vagamente conscientes de sua
influência. Trazer à discussão aberta, no diálogo, as nossas suposições e as
dos outros é uma das poucas maneiras que temos de focar as distorções
trazidas pela transferência”.
William Isaacs, em seu livro Dialogue, and the art of thinking together,
define o diálogo como “uma conversação com um centro, e não lados”. E
acrescenta: “É uma maneira de aproveitarmos a energia de nossas
diferenças canalizando-a para algo que nunca tenha sido criado”. Isaacs faz
uma interessante analogia: “Assim como no programa de qualidade total --
que não procura corrigir os defeitos depois que eles ocorrem, e sim alterar
o processo de forma que, em primeiro lugar, eles não ocorram -- o diálogo
procura resolver o problema da fragmentação não pelo rearranjo físico dos
componentes de uma conversação, e sim pela descoberta e a mudança das
estruturas orgânicas subjacentes que a produzem”.
JOSÉ AFFONSO

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Temos Que Aprender a Dialogar

  • 1. TEMOS QUE APRENDER A DIALOGAR “Vemos as coisas não como são, mas como somos”. Provérbio árabe Quando fui convidado para participar de um Seminário do World Business Academy (Associação americana sem fins lucrativos com sede em São Francisco, Calif, EUA) em Stokolm, Suécia, nunca podia imaginar que ia aprender tanto. Fui surpreendido com a presença de cerca de 60 empresários de vários países, que foram coordenados por consultores Suecos, extremamente capacitados, para levarem todos ao objetivo de proporem ações de melhoria das relações no mundo através de uma nova técnica, denominada diálogo. Quero passar a vocês importantes definições do que seja Diálogo, segundo os maiores especialistas. Antes, porém, darei a definição do Dicionário Aurélio: “fala entre duas ou mais pessoas, conversação, colóquio”; essa é a definição mais comum. Outra, modernamente usada nas “organizações que aprendem” (learning organizations), diz que é a “troca ou discussão de ideias, de opiniões, de conceitos, com vistas à solução de problemas, ao entendimento ou à harmonia; comunicação”. Esta última, quando posta em prática, é o mais eficaz instrumento para a mudança organizacional. Craig Schindler e Gary Lapid, em The great turning, afirmam que “diálogo é a comunicação de algo profundo a algo igualmente profundo: daquilo que é essencialmente humano em mim para o que é essencialmente humano em você”. Por essa definição percebe-se que estou querendo chamar a atenção para algo paradigmático, algo que transformará o comportamento no trabalho nas instituições em futuro não muito distante. E mais: aquelas que não derem esse salto quântico em sua cultura perecerão, pois suas ações estratégicas estarão aquém daquelas empreendidas pelas “organizações do diálogo”.
  • 2. Um importante princípio do diálogo foi formulado por David Bohm e F. David Peat em Ciência, ordem e criatividade, sob o título “O espírito do diálogo”: “O que é essencial é que cada participante do diálogo suspenda seu próprio ponto de vista enquanto também escute o ponto de vista de outros, de forma que estes fiquem também em suspenso e, ao mesmo tempo, dando plena atenção ao que eles significam”. Em seu artigo “The dymamics of organizations that learn”, Sherrin Bennett assim define a técnica do diálogo: “Diálogo é a qualidade rara de conversação na qual nos permitimos ouvir o significado daquilo que a outra pessoa nos transmite, trazendo-o para dentro de nós mesmos”. Para Edgar H. Shein, do MIT, EUA, o diálogo é não só diferente das muitas técnicas anteriormente propostas, como também se presta à formulação e à solução de problemas. A seu ver, o diálogo é um elemento central de qualquer modelo de transformação organizacional. A razão última para aprender a teoria e a prática do diálogo é que ele facilita e cria novas possibilidades de comunicação. O diálogo está na raiz de toda ação eficaz de um grupo. Regras do Diálogo  Ouça atentamente  Fale com o coração  Seja breve
  • 3. O filósofo Martin Buber, em seu livro I and thou, sugere que no autêntico diálogo existe algo mais profundo do que uma simples conversação. Em The magic of dialoque, Daniel Yankelovich diz que a interação “eu-tu” implica uma abertura genuína para tudo que diga respeito ao outro. No diálogo, diz ele, “eu, enquanto falo com você, não retiro seletivamente as coisas com as quais não concordo; nem fico imaginando argumentos para rebater os seus enquanto dirijo somente metade da minha atenção ao que você está falando; nem procuro reforçar meus próprios pré- condicionamentos. Em vez disso, eu internalizo inteiramente o seu ponto de vista, engajando-me nele no sentido mais profundo de seu significado. Você faz o mesmo. Cada um de nós internaliza o ponto de vista do outro para a otimização de nosso mútuo entendimento”. Especial atenção merece o seguinte trecho de Yankelovich: “Nós não nascemos ontem. Nossa identidade está enraizada no acúmulo de nossas experiências com outras pessoas e situações”. E mais adiante: “Os psicólogos usam a palavra transferência para descrever esse processo de projetar nos outros sentimentos originados em experiências passadas. O poder da transferência na relação interpessoal é bem conhecido em campos tais como a psicoterapia. De fato, tratar dos aspectos da transferência nas relações interpessoais está no âmago do processo terapêutico”. E continua: “A transferência é um fenômeno universal, uma parte intrínseca da interação humana. Muitos de nós estamos só vagamente conscientes de sua influência. Trazer à discussão aberta, no diálogo, as nossas suposições e as dos outros é uma das poucas maneiras que temos de focar as distorções trazidas pela transferência”. William Isaacs, em seu livro Dialogue, and the art of thinking together, define o diálogo como “uma conversação com um centro, e não lados”. E acrescenta: “É uma maneira de aproveitarmos a energia de nossas
  • 4. diferenças canalizando-a para algo que nunca tenha sido criado”. Isaacs faz uma interessante analogia: “Assim como no programa de qualidade total -- que não procura corrigir os defeitos depois que eles ocorrem, e sim alterar o processo de forma que, em primeiro lugar, eles não ocorram -- o diálogo procura resolver o problema da fragmentação não pelo rearranjo físico dos componentes de uma conversação, e sim pela descoberta e a mudança das estruturas orgânicas subjacentes que a produzem”. JOSÉ AFFONSO