SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
Anais do
Congresso Internacional Movimentos Docentes
e Colóquio FORPIBID RP – 2022
Volume 5
Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento
ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4
1116
A INDISCIPLINA EM SALA DE AULA
Marco Aurélio Rodrigues Dias
RESUMO
A presente pesquisa visou ampliar os conhecimentos sobre a indisciplina em sala de aula e suas
possíveis intervenções. Procurou-se mostrar que o professor precisa ter criatividade para lidar
pedagogicamente com as situações de indisciplina e que elas complementam o currículo formal,
não devendo ser vistas como algo que deve ser punido. O objetivo foi ilustrar o tema da
indisciplina com uma ocorrência na Escola Pública Municipal EDI Evaristo da Veiga, no Rio
de Janeiro, em 1962, na qual um aluno atirou uma casca de banana na professora. O problema
da indisciplina em sala de aula é uma oportunidade que se apresenta ao educador para que ele
exponha ao educando a necessidade da disciplina no processo ensino-aprendizagem e como ela
vai ser importante ao longo de sua vida na sociedade.
Palavras-chave: indisciplina, sala de aula, respeito.
A HISTÓRIA DA CASCA DE BANANA
Escola Pública Municipal EDI Evaristo da Veiga. Ano: 1962. Terminado o recreio, a
turma voltou para a sala de aula. Enquanto a professora escrevia no quadro-negro a próxima
lição, algum aluno jogou nela uma casca de banana. A educadora apenas perguntou quem foi o
autor e pediu que ele se apresentasse até o fim do turno. E continuou desenvolvendo sua aula.
Perto de bater o sinal para a saída, voltou ao assunto e disse que toda a turma ia ficar de castigo
até que o autor se apresentasse. Alguns alunos disseram que foi o Mauro. Eu tinha dez anos.
Sentava ao lado do Mauro. O Ensino Primário começava aos sete anos e estávamos no terceiro
ano. Éramos amigos. Não vi se ele havia jogado a casca de banana, mas o defendi, por acreditar
que ele não faria aquilo. Disse que não foi o Mauro. A turma o acusava e eu o defendia. Eu me
senti envergonhado quando ela me perguntou: Se você diz que não foi o Mauro, é sinal de que
você viu quem foi? Eu ainda fui mais infantil e falei que não vi quem foi, mas sabia que não
havia sido o Mauro. Achei que não podia voltar atrás e sustentei minha posição. Por fim, diante
da pressão, o Mauro confessou que havia sido ele. Eu me senti traído, muito envergonhado. A
professora escreveu um bilhete para que a mãe do Mauro comparecesse à coordenadoria no
outro dia, e liberou a turma. Em seguida, quando eu já ia saindo, ela me chamou e disse que eu
Anais do
Congresso Internacional Movimentos Docentes
e Colóquio FORPIBID RP – 2022
Volume 5
Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento
ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4
1117
ficaria com ela depois da aula para refletir e aprender a não defender nada e nem ninguém sem
antes ter provas de que a pessoa é inocente ou a causa é verdadeira.
A FUNÇÃO DA ESCOLA
Sabemos que a escola não possui só a missão de ensinar a ler e escrever, mas tem
assumido também o compromisso com a educação moral da criança, e, neste aspecto, os
problemas de indisciplina em sala de aula são a grande oportunidade que o educador tem para
dar orientações sobre o papel da disciplina no aproveitamento tanto da aprendizagem quanto na
socialização dentro da sala de aula, visando que isto tenha um efeito positivo em todo o decorrer
da vida pública do cidadão. A escola deve preparar o aluno para a vida. Muitas crianças chegam
à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental I sem noções mínimas de disciplina e
comportamento adequado, e não são culpadas por isso, cabendo ao educador contribuir com
orientações sobre as regras de disciplina da escola, que visam o bem de todos e devem ser
adaptadas para a vida em sociedade. Em relação a isso, Vinha disse que
O desenvolvimento moral é sempre construído. A criança nasce num período de
anomia, que é uma ausência total de regras; não tem noção do que é certo ou errado.
E por volta dos três ou quatro anos ela começa a pedir regras, quando ela começa a
perguntar ‘se isso pode’ e ‘se isso não pode’, ‘se isso é do bem ou do mal’. Quando
ela faz isso, ela entra num tipo de moral que é a heteronomia, que significa que a
regulação vem do outro, é uma regulação externa. [...] Por volta dos oito ou nove anos
a criança começa a ter condições intelectuais para construir sua autonomia. (VINHA,
2009, página).
A ATITUDE DA PROFESSORA
Enquanto a professora separava e guardava seus materiais no armário, me deu um dos
maiores ensinos filosóficos de toda a minha vida. Perguntou-me novamente se eu havia visto
qual foi a criança que atirou a casca de banana nela, e eu respondi que não. Então indagou em
que eu me baseei para afirmar que não foi o Mauro? Respondi que ele era meu amigo e achava
que ele não faria aquilo. Respondeu-me que eu me baseei no que achei e não no que vi, e que
não devemos tomar decisões baseados no que achamos, mas a partir das provas que temos. Se
você não viu qual foi o coleguinha de classe que atirou a casca de banana nas minhas
costas, podia ser qualquer um. Se você disse que não foi o Mauro, tinha que saber quem foi.
Anais do
Congresso Internacional Movimentos Docentes
e Colóquio FORPIBID RP – 2022
Volume 5
Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento
ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4
1118
Mandou-me guardar aquela lição moral para o resto da minha vida. Depois, segurou minha mão
e saímos juntos. No portão da escola, avisou-me para pensar no que havia acontecido e não
repetir mais o mesmo erro. Fiquei de castigo com ela apenas 15 minutos, mas a lição valeu para
o resto da minha vida.
Vichessi (2009) alerta para uma pesquisa com estudantes universitários em Barcelona:
Pesquisa de 2002 com 120 universitários, de Montserrat Moreno e Genoveva, na
Universidade de Barcelona, indagou sobre a utilidade do que eles aprenderam na
escola para a resolução da vida adulta. Apenas 3% apontaram que os professores lhes
ensinaram atitudes e formas específicas de agir. (VICHESSI, 2009, p. 85).
É importante entender que a indisciplina em sala de aula não é planejada no plano de
aula, porém ocorre dentro dele, e, portanto, o professor precisa estar preparado para enfrentar o
problema.
TÁTICA PARA MANTER A DISCIPLINA
Uma das causas da indisciplina em sala de aula é o desinteresse do aluno pelos estudos
que estão sendo apresentados. Sendo assim, a tática preventiva é manter a turma motivada
através de tarefas lúdicas e dinâmicas. Além disso, precisamos considerar que o aluno
indisciplinado não tem muita compreensão dos valores de respeito, por isso não respeita as
regras e nem quem as impõe, no caso o Projeto Político Pedagógico da escola.
Não se trata aqui de pensar o aluno como um indivíduo passivo e que aceite o que lhe
seja imposto ou que se deva lidar com autoritarismo em sala de aula para manter a ordem. A
função da escola é dar noções de direitos, deveres e respeito em sala de aula e as ocasiões
importantes são os momentos de indisciplina. Sendo assim, a indisciplina é a ocasião ideal para
se colocar o currículo da disciplina, e essa ocasião não precisa ser nada grave, ocorre quando
um aluno fala pelo outro, que foi o meu caso na Escola Pública Municipal EDI Evaristo da
Veiga, ou quando levanta da carteira para ir ao banheiro sem pedir permissão ao professor, etc.
Enfim, a aula tem que ser permeada com noções de disciplina. Deparando-se com o problema
da indisciplina, o docente deve solucioná-lo sem usar autoritarismo e procurar conhecer cada
aluno e suas realidades para se orientar mais sobre a melhor forma de trabalhar com cada um
as regras da disciplina.
Anais do
Congresso Internacional Movimentos Docentes
e Colóquio FORPIBID RP – 2022
Volume 5
Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento
ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4
1119
De acordo com os pensamentos de Vygotsky, a pessoa se desenolve e estrutura os
processos internos, em especial o pensamento e a linguagem, através de interações sociais, e,
portanto, realmente, não podemos querer que os alunos do Ensino Infantil e do Fundamental I
já saibam se comportar adequadamente diante dos colegas e professores. Pelo contrário, é
necessário que os educadores os instruam. A esse respeito, Rego faz a seguinte referência:
[…] a escola não pode se eximir de sua tarefa educativa no que se refere a disciplina.
Se uma das metas da escola é fazer com que os alunos aprendam as posturas
consideradas corretas (como, por exemplo, apresentar atitude de solidariedade,
cooperação e respeito aos colegas e professores), a prática
escolar cotidiana deve dar condições para que as crianças não somente
conheçam estas expectativas, mas também construam e interiorizem estes valores.
(REGO, 1996, p. 99).
Vichessi (2009, p.85) chama atenção para o fato de que a escola deve cumprir seu papel
de educar e que “as questões ligadas à moral e à vida em grupo devem ser tratadas como
conteúdos de ensino”. O docente não deve esquecer que a sala de aula está sob sua
responsabilidade e que naquele espaço, mesmo com todas as dificuldades que ele enfrenta,
existe a possibilidade de criar uma nova realidade social na qual os alunos venham a ser
verdadeiros cidadãos, “caso contrário, corre-se o risco de permitir que as crianças se tornem
adultos autocentrados e indisciplinados em qualquer situação, incapazes de dialogar e cooperar”
(VICHESSI, 2009, p. 85).
Figura 1 – Escola Pública Municipal EDI Evaristo da Veiga. Rio de Janeiro, RJ.
Fonte: Internet.
Anais do
Congresso Internacional Movimentos Docentes
e Colóquio FORPIBID RP – 2022
Volume 5
Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento
ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4
1120
FINALIZAÇÃO
Analisando a história da casca de banana na Escola Pública EDI Evaristo da Veiga, no
Rio de Janeiro, em 1962, bem como a atitude da professora diante do evento, concluímos que
ela agiu de uma maneira coerente, aproveitando a ocasião da indisciplina para aplicar o
currículo moral e da necessidade de respeito ao ambiente escolar, aos alunos e ao professor.
Quando o educador sabe ouvir o aluno sobre suas dificuldades pessoais ou escolares abrirá
espaço para um relacionamento respeitoso em sala de aula. A expectativa é que este trabalho
acadêmico venha acrescentar elementos pedagógicos ao problema da indisciplina em sala de
aula.
REFERÊNCIAS
REGO, C. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva Vigotskiana.
In: Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Samms, 1996.
VICHESSI, B. O que é indisciplina. Revista Escola. Edição especial: indisciplina. Ano XXIV.
Ed 226, out. 2009, p. 78-89.
VINHA, T. Vídeo Desenvolvimento Moral; 2009. Disponível em
https://novaescola.org.br/conteudo/4135/telma-vinha-o-desenvolvimento-moral. Acesso em
05/07/2022. Disponível também em: https://www.youtube.com/watch?v=pqX95C80v2s.
Acesso em 05/07/2022.
Anais do
Congresso Internacional Movimentos Docentes
e Colóquio FORPIBID RP – 2022
Volume 5
Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento
ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4
1865

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Escola Pública EDI Evaristo da Veiga no Rio de Janeiro e a Indisciplina em Sala de Aula

Semelhante a Escola Pública EDI Evaristo da Veiga no Rio de Janeiro e a Indisciplina em Sala de Aula (20)

Indisciplina na sala de aula
Indisciplina na sala de aulaIndisciplina na sala de aula
Indisciplina na sala de aula
 
Ensino médio
Ensino médioEnsino médio
Ensino médio
 
01 como lidar com a indisciplina na escola
01 como lidar com a indisciplina na escola01 como lidar com a indisciplina na escola
01 como lidar com a indisciplina na escola
 
Compartilhando conhecimentos
Compartilhando conhecimentosCompartilhando conhecimentos
Compartilhando conhecimentos
 
Indisciplina escolar
Indisciplina escolarIndisciplina escolar
Indisciplina escolar
 
A indisciplina na sala de aula
A indisciplina na sala de aulaA indisciplina na sala de aula
A indisciplina na sala de aula
 
Reconstruíndo os elos da relação professor e aluno
Reconstruíndo os elos da relação professor e alunoReconstruíndo os elos da relação professor e aluno
Reconstruíndo os elos da relação professor e aluno
 
Vii seminário estácio de sá indisciplina uma forma de aprendizagem
Vii seminário estácio de sá   indisciplina uma forma de aprendizagemVii seminário estácio de sá   indisciplina uma forma de aprendizagem
Vii seminário estácio de sá indisciplina uma forma de aprendizagem
 
Bullying na Escola
Bullying na EscolaBullying na Escola
Bullying na Escola
 
Indisciplina
IndisciplinaIndisciplina
Indisciplina
 
Weisz
WeiszWeisz
Weisz
 
Relação professor
Relação professorRelação professor
Relação professor
 
Portfolio
PortfolioPortfolio
Portfolio
 
Portfolio
PortfolioPortfolio
Portfolio
 
Portfolio
PortfolioPortfolio
Portfolio
 
Portfolio
PortfolioPortfolio
Portfolio
 
A indisciplina no contexto escolar
A indisciplina no contexto escolarA indisciplina no contexto escolar
A indisciplina no contexto escolar
 
Afetividade uma opcao para a educacao
Afetividade uma opcao para a educacaoAfetividade uma opcao para a educacao
Afetividade uma opcao para a educacao
 
Pedagogia significativa
Pedagogia significativaPedagogia significativa
Pedagogia significativa
 
ENTENDER AS ETAPAS DA ADOLESCÊNCIA É O PRIMEIRO PASSO PARA UM BOM RELACIONAM...
ENTENDER AS ETAPAS DA ADOLESCÊNCIA É O PRIMEIRO PASSO  PARA UM BOM RELACIONAM...ENTENDER AS ETAPAS DA ADOLESCÊNCIA É O PRIMEIRO PASSO  PARA UM BOM RELACIONAM...
ENTENDER AS ETAPAS DA ADOLESCÊNCIA É O PRIMEIRO PASSO PARA UM BOM RELACIONAM...
 

Mais de Marco Aurélio Rodrigues Dias

EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAMarco Aurélio Rodrigues Dias
 
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - Marco Aurélio Rodrigues Dias
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - Marco Aurélio Rodrigues DiasFILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - Marco Aurélio Rodrigues Dias
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - Marco Aurélio Rodrigues DiasMarco Aurélio Rodrigues Dias
 
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO PROMOVE EDUCAÇÃO INTEGRADA
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO PROMOVE EDUCAÇÃO INTEGRADAESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO PROMOVE EDUCAÇÃO INTEGRADA
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO PROMOVE EDUCAÇÃO INTEGRADAMarco Aurélio Rodrigues Dias
 
ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO MG
ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO MGESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO MG
ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO MGMarco Aurélio Rodrigues Dias
 
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO EM SÃO LOURENÇO MG
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO EM SÃO LOURENÇO MGESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO EM SÃO LOURENÇO MG
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO EM SÃO LOURENÇO MGMarco Aurélio Rodrigues Dias
 

Mais de Marco Aurélio Rodrigues Dias (20)

EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
 
SCHOPENHAUER E A SEXUALIDADE HUMANA.pdf
SCHOPENHAUER E A SEXUALIDADE HUMANA.pdfSCHOPENHAUER E A SEXUALIDADE HUMANA.pdf
SCHOPENHAUER E A SEXUALIDADE HUMANA.pdf
 
A-ANGUSTIA-DE-NIETZSCHE-E-A-MORALIDADE-HUMANA.pdf
A-ANGUSTIA-DE-NIETZSCHE-E-A-MORALIDADE-HUMANA.pdfA-ANGUSTIA-DE-NIETZSCHE-E-A-MORALIDADE-HUMANA.pdf
A-ANGUSTIA-DE-NIETZSCHE-E-A-MORALIDADE-HUMANA.pdf
 
A mulher que andou nua - Jornal O Dias.pdf
A mulher que andou nua - Jornal O Dias.pdfA mulher que andou nua - Jornal O Dias.pdf
A mulher que andou nua - Jornal O Dias.pdf
 
HOROSCOPO TUPI - Marco Aurélio Rodrigues Dias
HOROSCOPO TUPI - Marco Aurélio Rodrigues DiasHOROSCOPO TUPI - Marco Aurélio Rodrigues Dias
HOROSCOPO TUPI - Marco Aurélio Rodrigues Dias
 
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - Marco Aurélio Rodrigues Dias
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - Marco Aurélio Rodrigues DiasFILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - Marco Aurélio Rodrigues Dias
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO - Marco Aurélio Rodrigues Dias
 
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO PROMOVE EDUCAÇÃO INTEGRADA
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO PROMOVE EDUCAÇÃO INTEGRADAESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO PROMOVE EDUCAÇÃO INTEGRADA
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO PROMOVE EDUCAÇÃO INTEGRADA
 
ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO MG
ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO MGESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO MG
ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO MG
 
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO EM SÃO LOURENÇO MG
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO EM SÃO LOURENÇO MGESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO EM SÃO LOURENÇO MG
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO EM SÃO LOURENÇO MG
 
CERTIFICADO ITAU.pdf
CERTIFICADO ITAU.pdfCERTIFICADO ITAU.pdf
CERTIFICADO ITAU.pdf
 
CAPES CERTIFICADO 02.pdf
CAPES CERTIFICADO 02.pdfCAPES CERTIFICADO 02.pdf
CAPES CERTIFICADO 02.pdf
 
CAPES CERTIFICADO 01.pdf
CAPES CERTIFICADO 01.pdfCAPES CERTIFICADO 01.pdf
CAPES CERTIFICADO 01.pdf
 
ABNT-ISO.pdf
ABNT-ISO.pdfABNT-ISO.pdf
ABNT-ISO.pdf
 
UNIFESP.pdf
UNIFESP.pdfUNIFESP.pdf
UNIFESP.pdf
 
MEDIUNIDADE ENTRE OS PLANOS ESPIRITUAIS.pdf
MEDIUNIDADE ENTRE OS PLANOS ESPIRITUAIS.pdfMEDIUNIDADE ENTRE OS PLANOS ESPIRITUAIS.pdf
MEDIUNIDADE ENTRE OS PLANOS ESPIRITUAIS.pdf
 
Discurso O Cravo Brigou com a Rosa
Discurso O Cravo Brigou com a RosaDiscurso O Cravo Brigou com a Rosa
Discurso O Cravo Brigou com a Rosa
 
O Currículo Oculto na Prática Docente
O Currículo Oculto na Prática DocenteO Currículo Oculto na Prática Docente
O Currículo Oculto na Prática Docente
 
Carl Jung e o Condicionamento
Carl Jung e o CondicionamentoCarl Jung e o Condicionamento
Carl Jung e o Condicionamento
 
Darwin, Schopenhauer e a Evolução
Darwin, Schopenhauer e a EvoluçãoDarwin, Schopenhauer e a Evolução
Darwin, Schopenhauer e a Evolução
 
Nietzsche e o Existencialismo
Nietzsche e o ExistencialismoNietzsche e o Existencialismo
Nietzsche e o Existencialismo
 

Último

RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometriajucelio7
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 

Último (20)

RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometria
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 

Escola Pública EDI Evaristo da Veiga no Rio de Janeiro e a Indisciplina em Sala de Aula

  • 1.
  • 2. Anais do Congresso Internacional Movimentos Docentes e Colóquio FORPIBID RP – 2022 Volume 5 Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4 1116 A INDISCIPLINA EM SALA DE AULA Marco Aurélio Rodrigues Dias RESUMO A presente pesquisa visou ampliar os conhecimentos sobre a indisciplina em sala de aula e suas possíveis intervenções. Procurou-se mostrar que o professor precisa ter criatividade para lidar pedagogicamente com as situações de indisciplina e que elas complementam o currículo formal, não devendo ser vistas como algo que deve ser punido. O objetivo foi ilustrar o tema da indisciplina com uma ocorrência na Escola Pública Municipal EDI Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro, em 1962, na qual um aluno atirou uma casca de banana na professora. O problema da indisciplina em sala de aula é uma oportunidade que se apresenta ao educador para que ele exponha ao educando a necessidade da disciplina no processo ensino-aprendizagem e como ela vai ser importante ao longo de sua vida na sociedade. Palavras-chave: indisciplina, sala de aula, respeito. A HISTÓRIA DA CASCA DE BANANA Escola Pública Municipal EDI Evaristo da Veiga. Ano: 1962. Terminado o recreio, a turma voltou para a sala de aula. Enquanto a professora escrevia no quadro-negro a próxima lição, algum aluno jogou nela uma casca de banana. A educadora apenas perguntou quem foi o autor e pediu que ele se apresentasse até o fim do turno. E continuou desenvolvendo sua aula. Perto de bater o sinal para a saída, voltou ao assunto e disse que toda a turma ia ficar de castigo até que o autor se apresentasse. Alguns alunos disseram que foi o Mauro. Eu tinha dez anos. Sentava ao lado do Mauro. O Ensino Primário começava aos sete anos e estávamos no terceiro ano. Éramos amigos. Não vi se ele havia jogado a casca de banana, mas o defendi, por acreditar que ele não faria aquilo. Disse que não foi o Mauro. A turma o acusava e eu o defendia. Eu me senti envergonhado quando ela me perguntou: Se você diz que não foi o Mauro, é sinal de que você viu quem foi? Eu ainda fui mais infantil e falei que não vi quem foi, mas sabia que não havia sido o Mauro. Achei que não podia voltar atrás e sustentei minha posição. Por fim, diante da pressão, o Mauro confessou que havia sido ele. Eu me senti traído, muito envergonhado. A professora escreveu um bilhete para que a mãe do Mauro comparecesse à coordenadoria no outro dia, e liberou a turma. Em seguida, quando eu já ia saindo, ela me chamou e disse que eu
  • 3. Anais do Congresso Internacional Movimentos Docentes e Colóquio FORPIBID RP – 2022 Volume 5 Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4 1117 ficaria com ela depois da aula para refletir e aprender a não defender nada e nem ninguém sem antes ter provas de que a pessoa é inocente ou a causa é verdadeira. A FUNÇÃO DA ESCOLA Sabemos que a escola não possui só a missão de ensinar a ler e escrever, mas tem assumido também o compromisso com a educação moral da criança, e, neste aspecto, os problemas de indisciplina em sala de aula são a grande oportunidade que o educador tem para dar orientações sobre o papel da disciplina no aproveitamento tanto da aprendizagem quanto na socialização dentro da sala de aula, visando que isto tenha um efeito positivo em todo o decorrer da vida pública do cidadão. A escola deve preparar o aluno para a vida. Muitas crianças chegam à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental I sem noções mínimas de disciplina e comportamento adequado, e não são culpadas por isso, cabendo ao educador contribuir com orientações sobre as regras de disciplina da escola, que visam o bem de todos e devem ser adaptadas para a vida em sociedade. Em relação a isso, Vinha disse que O desenvolvimento moral é sempre construído. A criança nasce num período de anomia, que é uma ausência total de regras; não tem noção do que é certo ou errado. E por volta dos três ou quatro anos ela começa a pedir regras, quando ela começa a perguntar ‘se isso pode’ e ‘se isso não pode’, ‘se isso é do bem ou do mal’. Quando ela faz isso, ela entra num tipo de moral que é a heteronomia, que significa que a regulação vem do outro, é uma regulação externa. [...] Por volta dos oito ou nove anos a criança começa a ter condições intelectuais para construir sua autonomia. (VINHA, 2009, página). A ATITUDE DA PROFESSORA Enquanto a professora separava e guardava seus materiais no armário, me deu um dos maiores ensinos filosóficos de toda a minha vida. Perguntou-me novamente se eu havia visto qual foi a criança que atirou a casca de banana nela, e eu respondi que não. Então indagou em que eu me baseei para afirmar que não foi o Mauro? Respondi que ele era meu amigo e achava que ele não faria aquilo. Respondeu-me que eu me baseei no que achei e não no que vi, e que não devemos tomar decisões baseados no que achamos, mas a partir das provas que temos. Se você não viu qual foi o coleguinha de classe que atirou a casca de banana nas minhas costas, podia ser qualquer um. Se você disse que não foi o Mauro, tinha que saber quem foi.
  • 4. Anais do Congresso Internacional Movimentos Docentes e Colóquio FORPIBID RP – 2022 Volume 5 Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4 1118 Mandou-me guardar aquela lição moral para o resto da minha vida. Depois, segurou minha mão e saímos juntos. No portão da escola, avisou-me para pensar no que havia acontecido e não repetir mais o mesmo erro. Fiquei de castigo com ela apenas 15 minutos, mas a lição valeu para o resto da minha vida. Vichessi (2009) alerta para uma pesquisa com estudantes universitários em Barcelona: Pesquisa de 2002 com 120 universitários, de Montserrat Moreno e Genoveva, na Universidade de Barcelona, indagou sobre a utilidade do que eles aprenderam na escola para a resolução da vida adulta. Apenas 3% apontaram que os professores lhes ensinaram atitudes e formas específicas de agir. (VICHESSI, 2009, p. 85). É importante entender que a indisciplina em sala de aula não é planejada no plano de aula, porém ocorre dentro dele, e, portanto, o professor precisa estar preparado para enfrentar o problema. TÁTICA PARA MANTER A DISCIPLINA Uma das causas da indisciplina em sala de aula é o desinteresse do aluno pelos estudos que estão sendo apresentados. Sendo assim, a tática preventiva é manter a turma motivada através de tarefas lúdicas e dinâmicas. Além disso, precisamos considerar que o aluno indisciplinado não tem muita compreensão dos valores de respeito, por isso não respeita as regras e nem quem as impõe, no caso o Projeto Político Pedagógico da escola. Não se trata aqui de pensar o aluno como um indivíduo passivo e que aceite o que lhe seja imposto ou que se deva lidar com autoritarismo em sala de aula para manter a ordem. A função da escola é dar noções de direitos, deveres e respeito em sala de aula e as ocasiões importantes são os momentos de indisciplina. Sendo assim, a indisciplina é a ocasião ideal para se colocar o currículo da disciplina, e essa ocasião não precisa ser nada grave, ocorre quando um aluno fala pelo outro, que foi o meu caso na Escola Pública Municipal EDI Evaristo da Veiga, ou quando levanta da carteira para ir ao banheiro sem pedir permissão ao professor, etc. Enfim, a aula tem que ser permeada com noções de disciplina. Deparando-se com o problema da indisciplina, o docente deve solucioná-lo sem usar autoritarismo e procurar conhecer cada aluno e suas realidades para se orientar mais sobre a melhor forma de trabalhar com cada um as regras da disciplina.
  • 5. Anais do Congresso Internacional Movimentos Docentes e Colóquio FORPIBID RP – 2022 Volume 5 Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4 1119 De acordo com os pensamentos de Vygotsky, a pessoa se desenolve e estrutura os processos internos, em especial o pensamento e a linguagem, através de interações sociais, e, portanto, realmente, não podemos querer que os alunos do Ensino Infantil e do Fundamental I já saibam se comportar adequadamente diante dos colegas e professores. Pelo contrário, é necessário que os educadores os instruam. A esse respeito, Rego faz a seguinte referência: […] a escola não pode se eximir de sua tarefa educativa no que se refere a disciplina. Se uma das metas da escola é fazer com que os alunos aprendam as posturas consideradas corretas (como, por exemplo, apresentar atitude de solidariedade, cooperação e respeito aos colegas e professores), a prática escolar cotidiana deve dar condições para que as crianças não somente conheçam estas expectativas, mas também construam e interiorizem estes valores. (REGO, 1996, p. 99). Vichessi (2009, p.85) chama atenção para o fato de que a escola deve cumprir seu papel de educar e que “as questões ligadas à moral e à vida em grupo devem ser tratadas como conteúdos de ensino”. O docente não deve esquecer que a sala de aula está sob sua responsabilidade e que naquele espaço, mesmo com todas as dificuldades que ele enfrenta, existe a possibilidade de criar uma nova realidade social na qual os alunos venham a ser verdadeiros cidadãos, “caso contrário, corre-se o risco de permitir que as crianças se tornem adultos autocentrados e indisciplinados em qualquer situação, incapazes de dialogar e cooperar” (VICHESSI, 2009, p. 85). Figura 1 – Escola Pública Municipal EDI Evaristo da Veiga. Rio de Janeiro, RJ. Fonte: Internet.
  • 6. Anais do Congresso Internacional Movimentos Docentes e Colóquio FORPIBID RP – 2022 Volume 5 Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4 1120 FINALIZAÇÃO Analisando a história da casca de banana na Escola Pública EDI Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro, em 1962, bem como a atitude da professora diante do evento, concluímos que ela agiu de uma maneira coerente, aproveitando a ocasião da indisciplina para aplicar o currículo moral e da necessidade de respeito ao ambiente escolar, aos alunos e ao professor. Quando o educador sabe ouvir o aluno sobre suas dificuldades pessoais ou escolares abrirá espaço para um relacionamento respeitoso em sala de aula. A expectativa é que este trabalho acadêmico venha acrescentar elementos pedagógicos ao problema da indisciplina em sala de aula. REFERÊNCIAS REGO, C. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva Vigotskiana. In: Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Samms, 1996. VICHESSI, B. O que é indisciplina. Revista Escola. Edição especial: indisciplina. Ano XXIV. Ed 226, out. 2009, p. 78-89. VINHA, T. Vídeo Desenvolvimento Moral; 2009. Disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/4135/telma-vinha-o-desenvolvimento-moral. Acesso em 05/07/2022. Disponível também em: https://www.youtube.com/watch?v=pqX95C80v2s. Acesso em 05/07/2022.
  • 7. Anais do Congresso Internacional Movimentos Docentes e Colóquio FORPIBID RP – 2022 Volume 5 Acesse as apresentações de trabalhos | Acesse a programação do evento ISBN: 978-65-88471-78-4 | DOI: 10.47247/CMD/88471.78.4 1865