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SAGARANA
A HORA E A VEZ DE
AUGUSTO MATRAGA
João Guimarães Rosa
A HORA E A VEZ DE
AUGUSTO MATRAGA
 “Eu sou pobre, pobre, pobre,
 vou-me embora, vou-me embora
 .....................................................
 Eu sou rica, rica, rica,
 vou-me embora, daqui!...”
(cantiga antiga)
 “Sapo não pula por boniteza,
 mas porém, por precisão.”
(provérbio capiau)
AUGUSTO ESTEVES MATRAGA
Homem devasso que se transforma em
santo. Personagem principal, no começo da
obra é chamado de Nhô Augusto. Perde a
mulher e a filha devido a vida desregrada
que levava. Mas depois de uma surra se
transforma em um homem bom e religioso,
é chamado de velho pelo jagunço Joãozinho
Bem-Bem. Mais tarde acaba matando o
jagunço e morre também na luta para
salvar a vida de uma família inocente. Há
uma certa intertextualidade com a
passagem da bíblia, onde Jesus morreu por
nós se tornando herói
 A história de Augusto Matraga é apresentada em
três partes: na primeira, as características da
personagem são reveladas invariavelmente
negativas. A segunda parte é o momento de
transformação da personagem, na qual ela é
submetida a diversas punições e, a terceira,
simboliza a divindade de Augusto Matraga, onde
há a intertextualidade.
 O Padre é um personagem muito importante
dentro da obra, através dele é que Augusto
Matraga se torna um homem de bem. Convence
Augusto á se torna um cristão e cumprir suas
penitências, já que Deus deu a ele uma mostra do
que é o inferno!
JOÃOZINHO BEM-BEM
Famoso chefe de jagunços. Homem temido e
destemido no sertão. Faz justiça com as próprias
mãos ou armas, defendendo seus aliados e
eliminando seus inimigos. Se torna amigo de
Augusto e tenta convencê-lo a entrar no grupo,
mas Augusto não aceita, há uma força oculta que
os aproxima, mas no final os dois acabam se
matando.
QUIM RECADEIRO
Era empregado de Nhô Augusto, tendo a função,
como o próprio nome indica, de levar recados.
Entretanto, quando o patrão é morto, vai em
busca de justiça e acaba sendo assassinado pelos
capangas do Major Consilva.
DONA DIONÓRA
Era mulher de Nhô Augusto. Acabou não
agüentando mais as judiações do marido e seu
descaso e fugiu com Ovídio, levando junto sua
filha Mitinha.
MITINHA
É a filha de Nhô Augusto. Percebe, ainda
menina, que o pai não gosta dela e da mãe. Acaba
se tornando prostituta.
MAJOR CONSILVA
Era inimigo de Nhô Augusto, tendo também sido
inimigo do avô do protagonista. Homem mau e
rico, tem todo o poder depois da suposta morte de
Nhô Augusto.
TIÃO DA THEREZA
Conterrâneo de Nhô Augusto. encontra-o no
povoado do Tombador e coloca-o a par dos
acontecimentos posteriores à sua suposta morte.
OUTROS PERSONAGENS
Angélica e Sariema duas jovens ao que tudo
indica prostitutas que no começo da obras uma
delas, Sariema, é leiloada ao Nhô Augusto. Mãe
Quitéria e e preto velho são os que salvam
Augusto Matraga. Juruminho e Teófilo entre
outros Sussuarana pertencem ao grupo do
cangaceiro Joãozinho Bem-Bem.
TEMPO
 O tempo no conto divide-se entre o tempo da
história (tempo cronológico) e o tempo do discurso
(modo como o tempo é retratado)
 O tempo também adquire indeterminação mítica,
sendo pouca ou nula a importância da cronologia,
predominando os ritmos amplos da natureza e da
vida interior.
 percebemos que as mudanças da natureza são
utilizadas para marcar a oscilação de
comportamento de Matraga.
 Outro exemplo da determinação exercida pelos
elementos naturais sobre o tempo fica
evidenciado na mudança da segunda para a
terceira parte do conto (redenção de Matraga). É
nesse momento em que há a passagem dos
pássaros, a qual representa para a personagem o
sinal de que ela deve partir em busca de seu
destino, tal qual as “aves itinerantes”. (FERRI,
2002, p. 79).
TEMPO DO DISCURSO
 Sobre o tempo do discurso há uma linearidade
dos acontecimentos, a qual se deve ao fato do
texto retomar um tema bíblico, cujas histórias
ocorrem sempre de forma linear
 O Tempo na Narrativa
 O tempo na narrativa é indeterminado, ou seja, está
mais voltado ao psicológico.
 Há o tempo de Augusto Matraga cumprir suas
penitências, onde é tentando por diversas vezes a
voltar para sua terra e se vingar, mas resiste firme até
o momento em que sua hora e sua vez chega se
tornando um santo.
 Guimarães Rosa está consciente que o sertanejo é um
ser dividido entre dois universos distintos, de ordem
mítico-sacral e lógico-racional, e o que faz é pôr em
xeque a tirania do racionalismo, condenar sua
supremacia sobre os demais níveis da realidade. Rosa
não rejeita o racionalismo como uma entre outras
possibilidades de apreensão da realidade, mas procede
a uma avaliação e relativização de sua autoridade, do
cunho hegemônico e dogmático que este adquiriu na
tradição ocidental.
 (COUTINHO, p.13).
ESPAÇO
 A narrativa se inicia no município de Murici,
passa então para a vila do Tombador e termina
em uma cidadezinha, próxima a Murici, chamada
Rala-Coco.
 Entretanto, a problemática não é mais o espaço
geográfico unicamente. Nos contos de Sagarana,
o espaço quer dizer muito mais dos personagens
 A vida de Nhô Augusto é pautada por deslocamentos
que atestam a transformação do senhor de posses no
redentor do sertão; as mudanças geográficas
correspondem às etapas míticas do protagonista que,
renascido, realiza um movimento de retorno à origem,
em um fluxo circular, no meio do qual figura o sertão.
(FERRI. 2002.p. 75)
 Partindo-se dessa idéia, o primeiro momento que se
passa especificamente no Arraial da Virgem de Nossa
Senhora das Dores do Córrego do Murici, corresponde
a fase de pecado de Nhô Augusto.
 Essa fase é ligada ao povoado do Tombador, onde
passa a morar com um casal de negros.
 Este espaço “é uma configuração desse estado de
coisas, é um lugarejo afastado, perdido no meio do
nada, uma localização espacial propícia à reflexão, à
purgação de seus pecados ”. (FERRI, 2002. p.64)
 A passagem de vários lugares até chegar ao povoado
da ideia de solidão, lembranças de outros lugares
deixados para trás.
AUGUSTO MATRAGA, UM SENHOR DE
TERRAS AUTORITÁRIO: IMPÕE MEDO A
TODOS
No início do conto, Nhô Augusto
Esteves das Pindaíbas é um homem
abastado, proprietário de terras, com
jagunços que lhe obedecem as ordens,
sempre acatadas e jamais
questionadas por quem quer que seja.
Sua vontade é lei.
 MACHISMO
 É preciso observar que além de Nhô Augusto, o
poder do macho está presente nas atitudes dos
outros homens da história e no leilão que ocorre
atrás da igreja.
 Nhô Esteves tem suas atitudes calcadas no
machismo, na prepotência e na arrogância, no
entanto caberia uma reflexão sobre até que ponto
essas suas atitudes fazem parte de suas reais
convicções ou são decorrentes do meio em que
vive, que o transforma em mais um robô,
comandado pela máscara social de macho e
senhor de terras. (Maria Esther Torinho, 2008)
AUGUSTO ESTEVES COMEÇA A PERDER O
PODER
A segunda fase de sua trajetória é
caracterizada pela ruína: Dionóra, a
esposa, foge com outro, levando
consigo a filha de ambos; endividado,
seu maior inimigo, o Major Consilva,
toma-lhe as terras e seus jagunços
passam para o lado do novo senhor.
O Major Consilva é manifestação do
outro, o anti-sujeito que contribui
para dar fim ao poderio de Nhô
Esteves, tentando tirar-lhe até
mesmo a vida.
 Assim, quase qualquer um capiau outro,
sem ser Augusto Estêves, naqueles dois
contratempos teria percebido a chegada do
azar, da unhaca, e passaria umas rodadas
sem jogar, fazendo umas férias na vida:
viagem, mudança, ou qualquer coisa
ensôssa, para esperar o cumprimento do
ditado: “Cada um tem seus seis meses...”
(ROSA, 2001, p.373).
Mas Nhô Esteves não se dá por vencido e,
decidindo ir sozinho enfrentar o inimigo, cai em
completa desgraça, sendo espancado e tendo o
corpo marcado a ferro justamente pelos jagunços
que até há pouco lhe obedeciam cegamente. Em
seguida, é levado para um rancho no Barranco,
para aí ser morto, mas atira-se em um abismo.
Tendo perdido tudo que possuía – família, posses,
jagunços, status e posição social – perde agora a
identidade, sendo dada justamente ao inimigo, o
Major Consilva, que é quem chama-o de cachorro e
afirma que o tempo do bem-bom havia acabado, o
decreta morto e afirma que não havia mais Nhô
Augusto Esteves, das Pindaíbas, com o que os
jagunços concordam prontamente e em coro.
OS QUE ANTES O SERVIAM, AGORA
SERVEM A SEU PIOR INIMIGO
Há uma dupla simbologia contida
neste abismo em que o personagem é
lançado: em um plano mais superficial
sugere a morte, enquanto em um nível
mais profundo simboliza o útero, uma
regressão ao ventre (neste caso, a
terra-mãe), o que possibilitará o seu
posterior renascimento.
após perder tudo e ser humilhado,
Augusto Matraga pensa que ainda
terá sua hora e sua vez. Submetido a
uma vida de privações, sofre uma
transformação forjada na dor, no
encontro com o sagrado e no desejo
de servir, em um rito de passagem ao
encontro de si mesmo.
CADA UM TEM SUA HORA E SUA
VEZ
 Modere esse mau gênio: faça de conta que ele é
um poldro bravo, e que você é mais mandante do
que ele ... Peça a Deus assim, com esta
ejaculatória: ‘Jesus, manso e humilde, fazei meu
coração semelhante ao vosso . . .’ (... ) Cada um
tem a sua hora e vez: você há de ter a sua”
(ROSA, 2001. pág. 386). Assim, após essa
inserção do evangelho no pensamento cristão,
inicia-se a “mortificação do corpo” para se obter o
caminho da salvação da alma.
Na terceira fase, Nhô Augusto acompanha o casal
de negros velhos, dormindo durante o dia e
viajando à noite, em uma viagem que simboliza o
contato com as sombras, com o lado negativo de si
mesmo. Chega a um local distante dali, o povoado
do Tombador, onde ninguém o conhece, embora
todos gostem logo dele, pois tinha, ao mesmo
tempo, algo de doido e de santo.
(40 dias no deserto)
A perda, a humilhação, o rebaixamento
na escala social funcionam como uma
mola propulsora para o início da
trajetória que o levará à descoberta do
seu próprio eu, mesmo que não tenha
consciência disto e que, de início, ainda
pense em reconquistar o que havia
perdido, tendo a sua hora e a sua vez.
“TENTAÇÃO” ATRAVÉS DE JOÃOZINHO
BEM-BEM
 “- Mano velho, o senhor gosta de briga, e
entende. Está-se vendo que não viveu
sempre aqui nesta grota, capinando roça e
cortando lenha ... Não quero especular
coisa de sua vida p’ra trás, nem se está se
escondendo de algum crime. Mas, comigo é
que o senhor havia de dar sorte! Quer se
amadrinhar com meu povo? Quer vir
junto? - Ah, não posso! Não me tenta, que
eu não posso, seu Joãozinho Bem-
Bem . . .” (AM: ROSA, 2001. pág. 396).
 “Eu vou pr’á o céu, e vou mesmo, por bem ou por
mal!... E a minha vez há de chegar... P’rá o céu eu
vou, nem que seja a porrete”
      (Nhô Augusto)
 - Epa! Nomopadrofilhospritossantamêin!
Avança, cambada de filhos-da-mãe, que
chegou minha vez!...
 (ROSA, 2001. pág. 410)
A HORA E A VEZ DE AUGUSTO
MATRAGA
 ROSA, João Guimarães. “A hora e vez de
Augusto Matraga”. In: Sagarana. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2001.
 TORINHO, Maria Esther. MATRAGA PEDE PASSAGEM:
O RITO, O HERÓI E A INDIVIDUAÇÃO EM GUIMARÃES
ROSA. Revista Trama - Volume 4 - Número 8 - 2º Semestre
de 2008
 WILLIAN ANDRÉ. A HORA E VEZ DE AUGUSTO
MATRAGA: CONFLUÊNCIA DE DOIS UNIVERSOS. Scripta
Alumni - Uniandrade, n. 7, 2012.

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A hora e vez de augusto matraga

  • 1. SAGARANA A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA João Guimarães Rosa
  • 2. A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA
  • 3.  “Eu sou pobre, pobre, pobre,  vou-me embora, vou-me embora  .....................................................  Eu sou rica, rica, rica,  vou-me embora, daqui!...” (cantiga antiga)  “Sapo não pula por boniteza,  mas porém, por precisão.” (provérbio capiau)
  • 4. AUGUSTO ESTEVES MATRAGA Homem devasso que se transforma em santo. Personagem principal, no começo da obra é chamado de Nhô Augusto. Perde a mulher e a filha devido a vida desregrada que levava. Mas depois de uma surra se transforma em um homem bom e religioso, é chamado de velho pelo jagunço Joãozinho Bem-Bem. Mais tarde acaba matando o jagunço e morre também na luta para salvar a vida de uma família inocente. Há uma certa intertextualidade com a passagem da bíblia, onde Jesus morreu por nós se tornando herói
  • 5.  A história de Augusto Matraga é apresentada em três partes: na primeira, as características da personagem são reveladas invariavelmente negativas. A segunda parte é o momento de transformação da personagem, na qual ela é submetida a diversas punições e, a terceira, simboliza a divindade de Augusto Matraga, onde há a intertextualidade.
  • 6.  O Padre é um personagem muito importante dentro da obra, através dele é que Augusto Matraga se torna um homem de bem. Convence Augusto á se torna um cristão e cumprir suas penitências, já que Deus deu a ele uma mostra do que é o inferno!
  • 7. JOÃOZINHO BEM-BEM Famoso chefe de jagunços. Homem temido e destemido no sertão. Faz justiça com as próprias mãos ou armas, defendendo seus aliados e eliminando seus inimigos. Se torna amigo de Augusto e tenta convencê-lo a entrar no grupo, mas Augusto não aceita, há uma força oculta que os aproxima, mas no final os dois acabam se matando.
  • 8. QUIM RECADEIRO Era empregado de Nhô Augusto, tendo a função, como o próprio nome indica, de levar recados. Entretanto, quando o patrão é morto, vai em busca de justiça e acaba sendo assassinado pelos capangas do Major Consilva.
  • 9. DONA DIONÓRA Era mulher de Nhô Augusto. Acabou não agüentando mais as judiações do marido e seu descaso e fugiu com Ovídio, levando junto sua filha Mitinha.
  • 10. MITINHA É a filha de Nhô Augusto. Percebe, ainda menina, que o pai não gosta dela e da mãe. Acaba se tornando prostituta.
  • 11. MAJOR CONSILVA Era inimigo de Nhô Augusto, tendo também sido inimigo do avô do protagonista. Homem mau e rico, tem todo o poder depois da suposta morte de Nhô Augusto.
  • 12. TIÃO DA THEREZA Conterrâneo de Nhô Augusto. encontra-o no povoado do Tombador e coloca-o a par dos acontecimentos posteriores à sua suposta morte.
  • 13. OUTROS PERSONAGENS Angélica e Sariema duas jovens ao que tudo indica prostitutas que no começo da obras uma delas, Sariema, é leiloada ao Nhô Augusto. Mãe Quitéria e e preto velho são os que salvam Augusto Matraga. Juruminho e Teófilo entre outros Sussuarana pertencem ao grupo do cangaceiro Joãozinho Bem-Bem.
  • 14. TEMPO  O tempo no conto divide-se entre o tempo da história (tempo cronológico) e o tempo do discurso (modo como o tempo é retratado)  O tempo também adquire indeterminação mítica, sendo pouca ou nula a importância da cronologia, predominando os ritmos amplos da natureza e da vida interior.
  • 15.  percebemos que as mudanças da natureza são utilizadas para marcar a oscilação de comportamento de Matraga.  Outro exemplo da determinação exercida pelos elementos naturais sobre o tempo fica evidenciado na mudança da segunda para a terceira parte do conto (redenção de Matraga). É nesse momento em que há a passagem dos pássaros, a qual representa para a personagem o sinal de que ela deve partir em busca de seu destino, tal qual as “aves itinerantes”. (FERRI, 2002, p. 79).
  • 16. TEMPO DO DISCURSO  Sobre o tempo do discurso há uma linearidade dos acontecimentos, a qual se deve ao fato do texto retomar um tema bíblico, cujas histórias ocorrem sempre de forma linear
  • 17.  O Tempo na Narrativa  O tempo na narrativa é indeterminado, ou seja, está mais voltado ao psicológico.  Há o tempo de Augusto Matraga cumprir suas penitências, onde é tentando por diversas vezes a voltar para sua terra e se vingar, mas resiste firme até o momento em que sua hora e sua vez chega se tornando um santo.
  • 18.  Guimarães Rosa está consciente que o sertanejo é um ser dividido entre dois universos distintos, de ordem mítico-sacral e lógico-racional, e o que faz é pôr em xeque a tirania do racionalismo, condenar sua supremacia sobre os demais níveis da realidade. Rosa não rejeita o racionalismo como uma entre outras possibilidades de apreensão da realidade, mas procede a uma avaliação e relativização de sua autoridade, do cunho hegemônico e dogmático que este adquiriu na tradição ocidental.  (COUTINHO, p.13).
  • 19. ESPAÇO  A narrativa se inicia no município de Murici, passa então para a vila do Tombador e termina em uma cidadezinha, próxima a Murici, chamada Rala-Coco.  Entretanto, a problemática não é mais o espaço geográfico unicamente. Nos contos de Sagarana, o espaço quer dizer muito mais dos personagens
  • 20.  A vida de Nhô Augusto é pautada por deslocamentos que atestam a transformação do senhor de posses no redentor do sertão; as mudanças geográficas correspondem às etapas míticas do protagonista que, renascido, realiza um movimento de retorno à origem, em um fluxo circular, no meio do qual figura o sertão. (FERRI. 2002.p. 75)
  • 21.  Partindo-se dessa idéia, o primeiro momento que se passa especificamente no Arraial da Virgem de Nossa Senhora das Dores do Córrego do Murici, corresponde a fase de pecado de Nhô Augusto.  Essa fase é ligada ao povoado do Tombador, onde passa a morar com um casal de negros.
  • 22.  Este espaço “é uma configuração desse estado de coisas, é um lugarejo afastado, perdido no meio do nada, uma localização espacial propícia à reflexão, à purgação de seus pecados ”. (FERRI, 2002. p.64)  A passagem de vários lugares até chegar ao povoado da ideia de solidão, lembranças de outros lugares deixados para trás.
  • 23. AUGUSTO MATRAGA, UM SENHOR DE TERRAS AUTORITÁRIO: IMPÕE MEDO A TODOS
  • 24. No início do conto, Nhô Augusto Esteves das Pindaíbas é um homem abastado, proprietário de terras, com jagunços que lhe obedecem as ordens, sempre acatadas e jamais questionadas por quem quer que seja. Sua vontade é lei.
  • 25.  MACHISMO  É preciso observar que além de Nhô Augusto, o poder do macho está presente nas atitudes dos outros homens da história e no leilão que ocorre atrás da igreja.  Nhô Esteves tem suas atitudes calcadas no machismo, na prepotência e na arrogância, no entanto caberia uma reflexão sobre até que ponto essas suas atitudes fazem parte de suas reais convicções ou são decorrentes do meio em que vive, que o transforma em mais um robô, comandado pela máscara social de macho e senhor de terras. (Maria Esther Torinho, 2008)
  • 26. AUGUSTO ESTEVES COMEÇA A PERDER O PODER
  • 27. A segunda fase de sua trajetória é caracterizada pela ruína: Dionóra, a esposa, foge com outro, levando consigo a filha de ambos; endividado, seu maior inimigo, o Major Consilva, toma-lhe as terras e seus jagunços passam para o lado do novo senhor. O Major Consilva é manifestação do outro, o anti-sujeito que contribui para dar fim ao poderio de Nhô Esteves, tentando tirar-lhe até mesmo a vida.
  • 28.  Assim, quase qualquer um capiau outro, sem ser Augusto Estêves, naqueles dois contratempos teria percebido a chegada do azar, da unhaca, e passaria umas rodadas sem jogar, fazendo umas férias na vida: viagem, mudança, ou qualquer coisa ensôssa, para esperar o cumprimento do ditado: “Cada um tem seus seis meses...” (ROSA, 2001, p.373).
  • 29. Mas Nhô Esteves não se dá por vencido e, decidindo ir sozinho enfrentar o inimigo, cai em completa desgraça, sendo espancado e tendo o corpo marcado a ferro justamente pelos jagunços que até há pouco lhe obedeciam cegamente. Em seguida, é levado para um rancho no Barranco, para aí ser morto, mas atira-se em um abismo. Tendo perdido tudo que possuía – família, posses, jagunços, status e posição social – perde agora a identidade, sendo dada justamente ao inimigo, o Major Consilva, que é quem chama-o de cachorro e afirma que o tempo do bem-bom havia acabado, o decreta morto e afirma que não havia mais Nhô Augusto Esteves, das Pindaíbas, com o que os jagunços concordam prontamente e em coro.
  • 30. OS QUE ANTES O SERVIAM, AGORA SERVEM A SEU PIOR INIMIGO
  • 31. Há uma dupla simbologia contida neste abismo em que o personagem é lançado: em um plano mais superficial sugere a morte, enquanto em um nível mais profundo simboliza o útero, uma regressão ao ventre (neste caso, a terra-mãe), o que possibilitará o seu posterior renascimento.
  • 32. após perder tudo e ser humilhado, Augusto Matraga pensa que ainda terá sua hora e sua vez. Submetido a uma vida de privações, sofre uma transformação forjada na dor, no encontro com o sagrado e no desejo de servir, em um rito de passagem ao encontro de si mesmo.
  • 33. CADA UM TEM SUA HORA E SUA VEZ
  • 34.  Modere esse mau gênio: faça de conta que ele é um poldro bravo, e que você é mais mandante do que ele ... Peça a Deus assim, com esta ejaculatória: ‘Jesus, manso e humilde, fazei meu coração semelhante ao vosso . . .’ (... ) Cada um tem a sua hora e vez: você há de ter a sua” (ROSA, 2001. pág. 386). Assim, após essa inserção do evangelho no pensamento cristão, inicia-se a “mortificação do corpo” para se obter o caminho da salvação da alma.
  • 35. Na terceira fase, Nhô Augusto acompanha o casal de negros velhos, dormindo durante o dia e viajando à noite, em uma viagem que simboliza o contato com as sombras, com o lado negativo de si mesmo. Chega a um local distante dali, o povoado do Tombador, onde ninguém o conhece, embora todos gostem logo dele, pois tinha, ao mesmo tempo, algo de doido e de santo. (40 dias no deserto)
  • 36. A perda, a humilhação, o rebaixamento na escala social funcionam como uma mola propulsora para o início da trajetória que o levará à descoberta do seu próprio eu, mesmo que não tenha consciência disto e que, de início, ainda pense em reconquistar o que havia perdido, tendo a sua hora e a sua vez.
  • 37. “TENTAÇÃO” ATRAVÉS DE JOÃOZINHO BEM-BEM
  • 38.  “- Mano velho, o senhor gosta de briga, e entende. Está-se vendo que não viveu sempre aqui nesta grota, capinando roça e cortando lenha ... Não quero especular coisa de sua vida p’ra trás, nem se está se escondendo de algum crime. Mas, comigo é que o senhor havia de dar sorte! Quer se amadrinhar com meu povo? Quer vir junto? - Ah, não posso! Não me tenta, que eu não posso, seu Joãozinho Bem- Bem . . .” (AM: ROSA, 2001. pág. 396).
  • 39.  “Eu vou pr’á o céu, e vou mesmo, por bem ou por mal!... E a minha vez há de chegar... P’rá o céu eu vou, nem que seja a porrete”       (Nhô Augusto)
  • 40.  - Epa! Nomopadrofilhospritossantamêin! Avança, cambada de filhos-da-mãe, que chegou minha vez!...  (ROSA, 2001. pág. 410)
  • 41. A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA
  • 42.  ROSA, João Guimarães. “A hora e vez de Augusto Matraga”. In: Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.  TORINHO, Maria Esther. MATRAGA PEDE PASSAGEM: O RITO, O HERÓI E A INDIVIDUAÇÃO EM GUIMARÃES ROSA. Revista Trama - Volume 4 - Número 8 - 2º Semestre de 2008  WILLIAN ANDRÉ. A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA: CONFLUÊNCIA DE DOIS UNIVERSOS. Scripta Alumni - Uniandrade, n. 7, 2012.