SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 18
Retórica e Poética no Século XIX

 “Em vez de aplicar uma grade metodológica forçada, porque
inadequada (...), deixo muito simplesmente falar os textos da
época, ou seja, presto toda a atenção à classificação das artes
literárias, à teoria da linguagem literária, à própria ausência
do termo literatura, ou então à extraordinária amplidão do
seu significado, aos valores literários reconhecidos, e foi a
partir daquilo que os textos disseram que em seguida tentei
estabelecer relações de vária ordem entre a sociedade carioca,
no início do século XIX, e as obras literárias por ela
produzidas e consumidas.” (Maria Beatriz N. da silva)
Questões Introdutórias
 “A Retórica Antiga”. (R. Barthes. In: A Aventura
  Semiológica, 1985)
 Retórica: “ a antiga prática da linguagem literária.”
 A arte retórica pode ser imaginada como “uma
  máquina subtilmente ordenada, uma árvore de
  operações, um „programa‟ destinado a produzir um
  discurso”.
 Todos os elementos didáticos que alimentam os
  manuais clássicos originam-se em Aristotéles
  (techenè rhetorikè: uma arte de comunicação
  cotidiana; do discurso em público e techenè
  poiétikè: arte da evocação imaginária)
Questões Introdutórias
   O vocabulário da Idade Média proporciona a fusão
    da Retórica e da Poética – “(...) as artes poéticas
    são artes retóricas, onde os grandes retóricos são
    poetas”.
   Essa fusão é capital por estar na própria origem da
    ideia de Literatura – a Retórica passa a se ocupar
    não com “a prova”, mas com a composição e o
    estilo: seria o “escrever bem”.
   A Retórica aliada à Poética não só se constituí um
    objeto de ensino como se torna uma arte – “teoria
    da escrita e tesouro das formas literárias”.
Questões Introdutórias
 NEO-RETÓRICA – a estética literária que reinou
  no mundo greco-romano (Século II a IV d.C);
 A Retórica se torna ecuménica; a Retórica engloba
  tudo, já não se opõe a qualquer noção similar,
  absorve toda a PALAVRA; já não é uma technè,
  mas uma cultura geral, uma educação nacional.
 Escrito: passa a ser dissociado da noção
  de“originalidade”, como hoje. A “criação” era
  desacralizada na I.M. (auctor, commentador,
  transmissor, combinador)
 Nas alegorias de então, à Retórica era sempre
  atribuída o sentido do “ornatus”, do “belo”.
Questões Introdutórias
 A partir do Século XVII, a Poética de Aristóteles retorna
  com a teoria do “verossímil”;
 A Retórica, por sua vez, vai se encontrar: I) Triunfante –
  “escrever bem”, “estilo”, triunfa no ensino. II) Moribunda
  – cai gradativamente em descrédito intelectual, sendo
  apenas “um ornamento”, “um instrumento” e não lógica.
 Nos finais da I.M. , apesar de ter seu ensino sacrificado
  a Retórica subsistia em alguns colégios, especialmente
  em Inglaterra e Alemanha.
 No Séc. XVI essa herança é organizada pelos jesuítas,
  que dominam o ensino retórico, consagrando o modelo
  latino que invade toda a Europa (Ratio Studiorum).
Ratio Studiorum
Os Compêndios Retóricos
 Os códigos de Retórica são inumeráveis, pelo
  menos até o final do Século XVIII. Muitos deles
  foram escritos por padres jesuítas em Latim.
 As retóricas em língua vernacular multiplicam-se.
  Em finais do Séc. XV, as retóricas são POÉTICAS
  (a arte de fazer versos);
 No Séc. XVIII até 1830, dominam os tratados de
  Retórica que apresentam em geral: 1) Retórica
  paradigmática      (as    figuras);  2)    Retórica
  sintagmática (construção oratória).
Os Compêndios Retóricos
   Para Teófilo Braga (1843-1924), autor de “História da
    Universidade de Coimbra”, acoplada a “industrialização
    da tipografia”, as obras conhecidas como “compêndios”
    podem ser consideradas uma inovação no Século
    XVIII porque:

“ (...) possuíam uma redação categórica e lacônica,
  suprimindo a atividade intelectual dos mestres por uma
  autoridade vinculada à disciplina e à memória, em
  detrimento do “engenho”. Dispensava-se ali a erudição
  dos mestres e a invenção dos discípulos, uma vez que
  tudo que o mestre precisava ensinar estava contido no
  compêndio e tudo o que o discípulo precisava fazer era
  ali prescrito não havendo espaço para a
  engenhosidade.”
Os Compêndios Retóricos
   Os autores de Compêndios tinham um perfil
    específico, cf. expõe Antônio R. Leite, em
    Compêndio intitulado “Teoria do Discurso” (1819):

    “Que quer dizer um compêndio, ou livro elementar?
     Quer dizer um livro, que contém os princípios
     fundamentais de qualquer arte, ou ciência,
     expostos de uma maneira simples sem afetação;
     clara sem difusão; e breve sem obscuridade. Mas
     quem poderá lisonjear-se de saber reunir estas
     qualidades num grau conveniente à sólida
     instrução da Mocidade ignorante?”
Os Compêndios Retóricos
 Variedades de informação e multiplicidade de
  estilo: duas características desse tipo de obra.
 “Copiar” – atributo de fidelidade necessário e
  honesto: acessibilidade aos leitores, que não
  veriam o original do autores do tema tratado.
 Copiar e reunir os textos dos mais importantes
  autores de Retórica e Eloquência era comum na
  época, assim como era comum que cada professor
  escolhesse ou escrevesse seu próprio compêndio.
Os Compêndios Retóricos
 Os serviços de docência desdobrados no trabalho
  literário de compor um compêndio, constituíam um
  serviço dedicado à Pátria.
 Nesse sentido, o mestre régio de Retórica em
  Pernambuco (1817 – 1844), Pe. Miguel do Sacramento
  Lopes, escreve carta pedindo o aval do monarca para a
  publicação das suas “Lições de eloquência Nacional”
  (publicada em 1846):
 “O suplicante, Imperial e senhor, cônscio da utilidade de seus
    talentos, não ousa arrogar-se a presunção de originalidade: ele
    não fez mais, do que colher de muitos autores com algum
    trabalho os materiais, ajuntá-los e coordená-los. Pouco se ocupou
    da Invenção e da Disposição, por serem comuns a todas as
    Nações.” (LOPES, 1844, p. 2)
A utilização dos Compêndios de
Retórica e Poética no Séc. XIX
   Neste período, a Retórica sobrevive apenas
    artificialmente, sob proteção dos regulamentos
    oficiais.
   Até o próprio títulos dos tratados se altera de
    modo siginificativo: “Retórica e Gêneros Literários”
    (F. de Caussade, 1881); “Elementos de Retórica e
    de Literatura” (Prat, 1889) – a Literatura ainda
    desculpa a Retórica até abafá-la por completo.
   Curso Elementar de Literatura Nacional do Cônego
    Fernandes Pinheiro) era utilizado nas aulas de
    Retórica no Colégio Imperial Pedro II.
A utilização dos Compêndios de
Retórica e Poética no Séc. XIX

   Tomando por base o Colégio Pedro II, em meados
    do Séc. XIX a Retórica era ensinada no sexto ano
    e a Poética no sétimo;
   Os "pontos" de retórica e de poética eram
    baseados nos gêneros definidos por Aristóteles (e
    depois      sistematizados        por    Quintiliano),
    ressaltando, de um lado, o estudo dos tropos e
    figuras retóricas, e de outro, a epopéia, onde foram
    introduzidos novos elos à tradição greco-romana,
    exemplificando a épica européia e já incluindo a
    épica brasileira. (cf. p. 281-83)
A utilização dos Compêndios de
Retórica e Poética no Séc. XIX
 “Nova Retórica”, J. Viet Leclerc, (1854);
 “Lições Elementares de Poética Nacional”,
  Francisco Freire de Carvalho (1857);
 “Nova retórica Brasileira” de Antonio Marciano
  da Silva Pontes (1860);
 “Curso Elementar de Literatura Nacional” do
  Cônego Fernandes Pinheiro (1862);
 “Ornamentos da memória”            do Pe. José I.
  Roquette (1870)
 “Compêndio de Retórica e Poética” Cônego
  Manoel da Costa (1879)
OBJETIVO DOS
COMPÊNDIOS: IMITAR O BELO
   O currículo de retórica do sexto ano dava uma visão
    geral da literatura, oferecendo "exemplos dos principais
    escritores, oradores e poetas, antigos e modernos, e
    mais especialmente dos gregos, latinos e portugueses",
    enquanto que o professor de retórica, no sétimo ano,
    deveria oferecer "a seus discípulos os quadros de
    literatura nacional, fazendo-lhes sentir as belezas dos
    autores clássicos, tanto poetas, como prosadores".
    Além da "literatura nacional", estavam previstos
    exercícios de composição, no currículo do sétimo ano,
    a fim de treinar os alunos a "escrever elegantemente e
    procurando imitar os modelos indicados pelo
    professor".(In: Um passeio pela cidade do Rio de
    Janeiro; J. Manuel de Macedo citado por RAZZINI, p.
    55, 2000)
Referências
   BARTHES, Roland. A Retórica Antiga. In: A aventura
    Semiológica. Lisboa: Edições 70, 1985.
   CURTIUS, Ernest R. Literatura Européia e Idade Média
    Latina. São Paulo: Edusp, 1996.
   DURAN, Maria Renata da C. Retórica e eloquência no
    Rio de Janeiro (1759 – 1854). 2009. Tese (doutorado)
    Universidade Estadual Paulista. Franca, 2009.
   LOPES, Miguel do S. Lições de Eloquência Nacional.
    1844.
   RAZZINI, Maria de Paula G. O espelho da nação: a
    Antologia Nacional e o ensino de Português e Literatura
    (1838-1917). Tese (doutorado). UNICAMP. Campinas,
    2000.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Revisão literatura - com exercícios
Revisão literatura - com exercíciosRevisão literatura - com exercícios
Revisão literatura - com exercíciosRobson Bertoldo
 
Literatura - Barroco
Literatura - BarrocoLiteratura - Barroco
Literatura - BarrocoCrisBiagio
 
Gravuras portuguesas vitor_oliveira_jorge
Gravuras portuguesas vitor_oliveira_jorgeGravuras portuguesas vitor_oliveira_jorge
Gravuras portuguesas vitor_oliveira_jorgeAngel Hernandez
 
As Escolas Realistas & o Parnasianismo
As Escolas Realistas & o ParnasianismoAs Escolas Realistas & o Parnasianismo
As Escolas Realistas & o ParnasianismoLuciano Di Lima
 
Escolas literarias aula 01
Escolas literarias aula 01Escolas literarias aula 01
Escolas literarias aula 01murilotome
 
Parnasianismo em ppt
Parnasianismo em pptParnasianismo em ppt
Parnasianismo em pptjace13034
 
Correntes de literatura que marcaram a 1ª metade do século XX
Correntes de literatura que marcaram a 1ª metade do século XXCorrentes de literatura que marcaram a 1ª metade do século XX
Correntes de literatura que marcaram a 1ª metade do século XXsaraquel98
 
Épocas literárias
Épocas literáriasÉpocas literárias
Épocas literáriasheleira02
 
Barroco em Portugal
Barroco em PortugalBarroco em Portugal
Barroco em PortugalFrancisco
 
Literariedade e mimesis
Literariedade e mimesisLiterariedade e mimesis
Literariedade e mimesisLima Venancio
 
Esolas literarias
Esolas literariasEsolas literarias
Esolas literariasAgenor Neto
 
O Realismo E O Simbolismo
O Realismo E O SimbolismoO Realismo E O Simbolismo
O Realismo E O SimbolismoBeatriz Dias
 
Barroco e-arcadismo-no-brasil
Barroco e-arcadismo-no-brasilBarroco e-arcadismo-no-brasil
Barroco e-arcadismo-no-brasiljoelson1
 

Mais procurados (20)

Revisão literatura - com exercícios
Revisão literatura - com exercíciosRevisão literatura - com exercícios
Revisão literatura - com exercícios
 
Literatura - Barroco
Literatura - BarrocoLiteratura - Barroco
Literatura - Barroco
 
Gravuras portuguesas vitor_oliveira_jorge
Gravuras portuguesas vitor_oliveira_jorgeGravuras portuguesas vitor_oliveira_jorge
Gravuras portuguesas vitor_oliveira_jorge
 
As Escolas Realistas & o Parnasianismo
As Escolas Realistas & o ParnasianismoAs Escolas Realistas & o Parnasianismo
As Escolas Realistas & o Parnasianismo
 
Escolas literarias aula 01
Escolas literarias aula 01Escolas literarias aula 01
Escolas literarias aula 01
 
Parnasianismo em ppt
Parnasianismo em pptParnasianismo em ppt
Parnasianismo em ppt
 
Correntes de literatura que marcaram a 1ª metade do século XX
Correntes de literatura que marcaram a 1ª metade do século XXCorrentes de literatura que marcaram a 1ª metade do século XX
Correntes de literatura que marcaram a 1ª metade do século XX
 
Literatura barroca
Literatura barrocaLiteratura barroca
Literatura barroca
 
Épocas literárias
Épocas literáriasÉpocas literárias
Épocas literárias
 
Parnasianismo
ParnasianismoParnasianismo
Parnasianismo
 
Barroco em Portugal
Barroco em PortugalBarroco em Portugal
Barroco em Portugal
 
Literariedade e mimesis
Literariedade e mimesisLiterariedade e mimesis
Literariedade e mimesis
 
Esolas literarias
Esolas literariasEsolas literarias
Esolas literarias
 
Barroco no Brasil
Barroco no BrasilBarroco no Brasil
Barroco no Brasil
 
Simbolismo 2
Simbolismo 2Simbolismo 2
Simbolismo 2
 
Parreiras
ParreirasParreiras
Parreiras
 
Movimento Literário Barroco do 1º ANO D
Movimento Literário Barroco do 1º ANO DMovimento Literário Barroco do 1º ANO D
Movimento Literário Barroco do 1º ANO D
 
O Realismo E O Simbolismo
O Realismo E O SimbolismoO Realismo E O Simbolismo
O Realismo E O Simbolismo
 
Barroco e-arcadismo-no-brasil
Barroco e-arcadismo-no-brasilBarroco e-arcadismo-no-brasil
Barroco e-arcadismo-no-brasil
 
A poesia parnasiana.
A poesia parnasiana.A poesia parnasiana.
A poesia parnasiana.
 

Destaque

FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?
FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?
FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?Helia Coelho Mello
 
Homófonas, Homógrafas e Homónimas
Homófonas, Homógrafas e HomónimasHomófonas, Homógrafas e Homónimas
Homófonas, Homógrafas e HomónimasAna PAtrícia Lima
 
2 teste historia romanos 5ano3
2 teste historia romanos 5ano32 teste historia romanos 5ano3
2 teste historia romanos 5ano3jaugf
 
Os muçulmanos
Os muçulmanosOs muçulmanos
Os muçulmanoscruchinho
 
Portugal no século XIII
Portugal no século XIIIPortugal no século XIII
Portugal no século XIIIcruchinho
 
Ficha avaliação(exemplo)
Ficha avaliação(exemplo)Ficha avaliação(exemplo)
Ficha avaliação(exemplo)marcommendes
 

Destaque (11)

FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?
FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?
FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?
 
Historia 5º ano teste 2
Historia 5º ano teste 2Historia 5º ano teste 2
Historia 5º ano teste 2
 
Historia 5º ano
Historia 5º anoHistoria 5º ano
Historia 5º ano
 
Homófonas, Homógrafas e Homónimas
Homófonas, Homógrafas e HomónimasHomófonas, Homógrafas e Homónimas
Homófonas, Homógrafas e Homónimas
 
2 teste historia romanos 5ano3
2 teste historia romanos 5ano32 teste historia romanos 5ano3
2 teste historia romanos 5ano3
 
Romanos
RomanosRomanos
Romanos
 
Hgp 5 ano 1º
Hgp 5 ano 1ºHgp 5 ano 1º
Hgp 5 ano 1º
 
Os muçulmanos
Os muçulmanosOs muçulmanos
Os muçulmanos
 
Portugal no século XIII
Portugal no século XIIIPortugal no século XIII
Portugal no século XIII
 
Ficha avaliação(exemplo)
Ficha avaliação(exemplo)Ficha avaliação(exemplo)
Ficha avaliação(exemplo)
 
Sintese 5o ano historia
Sintese 5o ano historiaSintese 5o ano historia
Sintese 5o ano historia
 

Semelhante a Retórica

O renascimento ou classicismo 1º ano
O renascimento ou classicismo  1º anoO renascimento ou classicismo  1º ano
O renascimento ou classicismo 1º anoColégio Santa Luzia
 
Literatura em portugal
Literatura em portugalLiteratura em portugal
Literatura em portugalSinziana Socol
 
Letras, belas letras, boas letras
Letras, belas letras, boas letrasLetras, belas letras, boas letras
Letras, belas letras, boas letrasJKJampa
 
Renascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoRenascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoTeresa Pombo
 
Samara inácio dll 2010.2
Samara inácio dll 2010.2Samara inácio dll 2010.2
Samara inácio dll 2010.2DLLURCA
 
Renascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoRenascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoAntónio Fernandes
 
Aristóteles_ Poética (2008, Fundação Calouste Gulbenkian).pdf
Aristóteles_  Poética (2008, Fundação Calouste Gulbenkian).pdfAristóteles_  Poética (2008, Fundação Calouste Gulbenkian).pdf
Aristóteles_ Poética (2008, Fundação Calouste Gulbenkian).pdfNataliaReginaPimenta
 
Aristc3b3teles poetica-gulbenkian-dig-c
Aristc3b3teles poetica-gulbenkian-dig-cAristc3b3teles poetica-gulbenkian-dig-c
Aristc3b3teles poetica-gulbenkian-dig-cLeane Valente
 
História da literatura perspectiva universal
História da literatura perspectiva universalHistória da literatura perspectiva universal
História da literatura perspectiva universalheleira02
 
Retórica - Aristóteles
Retórica - AristótelesRetórica - Aristóteles
Retórica - Aristótelescaixapretadopt
 
A poesia parnasiana..ppt
A poesia parnasiana..pptA poesia parnasiana..ppt
A poesia parnasiana..pptMaxsuelLopes7
 
A poesia parnasiana..ppt
A poesia parnasiana..pptA poesia parnasiana..ppt
A poesia parnasiana..pptwdearlesAbreu1
 

Semelhante a Retórica (20)

O renascimento ou classicismo 1º ano
O renascimento ou classicismo  1º anoO renascimento ou classicismo  1º ano
O renascimento ou classicismo 1º ano
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Literatura em portugal
Literatura em portugalLiteratura em portugal
Literatura em portugal
 
Letras, belas letras, boas letras
Letras, belas letras, boas letrasLetras, belas letras, boas letras
Letras, belas letras, boas letras
 
Renascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoRenascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e Classicismo
 
Samara inácio dll 2010.2
Samara inácio dll 2010.2Samara inácio dll 2010.2
Samara inácio dll 2010.2
 
Os Lusíadas
Os LusíadasOs Lusíadas
Os Lusíadas
 
Renascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoRenascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e Classicismo
 
Movimento Literário Classicismo em Portugal 1º ano D 2013
Movimento Literário Classicismo em Portugal 1º ano D 2013Movimento Literário Classicismo em Portugal 1º ano D 2013
Movimento Literário Classicismo em Portugal 1º ano D 2013
 
Escolas literárias .pdf
Escolas literárias   .pdfEscolas literárias   .pdf
Escolas literárias .pdf
 
Aristóteles, poética - Gulbenkian
Aristóteles, poética - GulbenkianAristóteles, poética - Gulbenkian
Aristóteles, poética - Gulbenkian
 
Aristóteles_ Poética (2008, Fundação Calouste Gulbenkian).pdf
Aristóteles_  Poética (2008, Fundação Calouste Gulbenkian).pdfAristóteles_  Poética (2008, Fundação Calouste Gulbenkian).pdf
Aristóteles_ Poética (2008, Fundação Calouste Gulbenkian).pdf
 
Aristc3b3teles poetica-gulbenkian-dig-c
Aristc3b3teles poetica-gulbenkian-dig-cAristc3b3teles poetica-gulbenkian-dig-c
Aristc3b3teles poetica-gulbenkian-dig-c
 
História da literatura perspectiva universal
História da literatura perspectiva universalHistória da literatura perspectiva universal
História da literatura perspectiva universal
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Retórica - Aristóteles
Retórica - AristótelesRetórica - Aristóteles
Retórica - Aristóteles
 
1 arcadismo power meire
1 arcadismo power meire 1 arcadismo power meire
1 arcadismo power meire
 
O arcadismo
O arcadismoO arcadismo
O arcadismo
 
A poesia parnasiana..ppt
A poesia parnasiana..pptA poesia parnasiana..ppt
A poesia parnasiana..ppt
 
A poesia parnasiana..ppt
A poesia parnasiana..pptA poesia parnasiana..ppt
A poesia parnasiana..ppt
 

Último

M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxJustinoTeixeira1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAHELENO FAVACHO
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...MariaCristinaSouzaLe1
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxAntonioVieira539017
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxMarcosLemes28
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTailsonSantos1
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do séculoBiblioteca UCS
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmicolourivalcaburite
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...marcelafinkler
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Maria Teresa Thomaz
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticash5kpmr7w7
 
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...Francisco Márcio Bezerra Oliveira
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdfmarlene54545
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.denisecompasso2
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfamarianegodoi
 

Último (20)

M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 

Retórica

  • 1. Retórica e Poética no Século XIX “Em vez de aplicar uma grade metodológica forçada, porque inadequada (...), deixo muito simplesmente falar os textos da época, ou seja, presto toda a atenção à classificação das artes literárias, à teoria da linguagem literária, à própria ausência do termo literatura, ou então à extraordinária amplidão do seu significado, aos valores literários reconhecidos, e foi a partir daquilo que os textos disseram que em seguida tentei estabelecer relações de vária ordem entre a sociedade carioca, no início do século XIX, e as obras literárias por ela produzidas e consumidas.” (Maria Beatriz N. da silva)
  • 2.
  • 3. Questões Introdutórias  “A Retórica Antiga”. (R. Barthes. In: A Aventura Semiológica, 1985)  Retórica: “ a antiga prática da linguagem literária.”  A arte retórica pode ser imaginada como “uma máquina subtilmente ordenada, uma árvore de operações, um „programa‟ destinado a produzir um discurso”.  Todos os elementos didáticos que alimentam os manuais clássicos originam-se em Aristotéles (techenè rhetorikè: uma arte de comunicação cotidiana; do discurso em público e techenè poiétikè: arte da evocação imaginária)
  • 4. Questões Introdutórias  O vocabulário da Idade Média proporciona a fusão da Retórica e da Poética – “(...) as artes poéticas são artes retóricas, onde os grandes retóricos são poetas”.  Essa fusão é capital por estar na própria origem da ideia de Literatura – a Retórica passa a se ocupar não com “a prova”, mas com a composição e o estilo: seria o “escrever bem”.  A Retórica aliada à Poética não só se constituí um objeto de ensino como se torna uma arte – “teoria da escrita e tesouro das formas literárias”.
  • 5. Questões Introdutórias  NEO-RETÓRICA – a estética literária que reinou no mundo greco-romano (Século II a IV d.C);  A Retórica se torna ecuménica; a Retórica engloba tudo, já não se opõe a qualquer noção similar, absorve toda a PALAVRA; já não é uma technè, mas uma cultura geral, uma educação nacional.  Escrito: passa a ser dissociado da noção de“originalidade”, como hoje. A “criação” era desacralizada na I.M. (auctor, commentador, transmissor, combinador)  Nas alegorias de então, à Retórica era sempre atribuída o sentido do “ornatus”, do “belo”.
  • 6. Questões Introdutórias  A partir do Século XVII, a Poética de Aristóteles retorna com a teoria do “verossímil”;  A Retórica, por sua vez, vai se encontrar: I) Triunfante – “escrever bem”, “estilo”, triunfa no ensino. II) Moribunda – cai gradativamente em descrédito intelectual, sendo apenas “um ornamento”, “um instrumento” e não lógica.  Nos finais da I.M. , apesar de ter seu ensino sacrificado a Retórica subsistia em alguns colégios, especialmente em Inglaterra e Alemanha.  No Séc. XVI essa herança é organizada pelos jesuítas, que dominam o ensino retórico, consagrando o modelo latino que invade toda a Europa (Ratio Studiorum).
  • 8. Os Compêndios Retóricos  Os códigos de Retórica são inumeráveis, pelo menos até o final do Século XVIII. Muitos deles foram escritos por padres jesuítas em Latim.  As retóricas em língua vernacular multiplicam-se. Em finais do Séc. XV, as retóricas são POÉTICAS (a arte de fazer versos);  No Séc. XVIII até 1830, dominam os tratados de Retórica que apresentam em geral: 1) Retórica paradigmática (as figuras); 2) Retórica sintagmática (construção oratória).
  • 9. Os Compêndios Retóricos  Para Teófilo Braga (1843-1924), autor de “História da Universidade de Coimbra”, acoplada a “industrialização da tipografia”, as obras conhecidas como “compêndios” podem ser consideradas uma inovação no Século XVIII porque: “ (...) possuíam uma redação categórica e lacônica, suprimindo a atividade intelectual dos mestres por uma autoridade vinculada à disciplina e à memória, em detrimento do “engenho”. Dispensava-se ali a erudição dos mestres e a invenção dos discípulos, uma vez que tudo que o mestre precisava ensinar estava contido no compêndio e tudo o que o discípulo precisava fazer era ali prescrito não havendo espaço para a engenhosidade.”
  • 10. Os Compêndios Retóricos  Os autores de Compêndios tinham um perfil específico, cf. expõe Antônio R. Leite, em Compêndio intitulado “Teoria do Discurso” (1819): “Que quer dizer um compêndio, ou livro elementar? Quer dizer um livro, que contém os princípios fundamentais de qualquer arte, ou ciência, expostos de uma maneira simples sem afetação; clara sem difusão; e breve sem obscuridade. Mas quem poderá lisonjear-se de saber reunir estas qualidades num grau conveniente à sólida instrução da Mocidade ignorante?”
  • 11. Os Compêndios Retóricos  Variedades de informação e multiplicidade de estilo: duas características desse tipo de obra.  “Copiar” – atributo de fidelidade necessário e honesto: acessibilidade aos leitores, que não veriam o original do autores do tema tratado.  Copiar e reunir os textos dos mais importantes autores de Retórica e Eloquência era comum na época, assim como era comum que cada professor escolhesse ou escrevesse seu próprio compêndio.
  • 12. Os Compêndios Retóricos  Os serviços de docência desdobrados no trabalho literário de compor um compêndio, constituíam um serviço dedicado à Pátria.  Nesse sentido, o mestre régio de Retórica em Pernambuco (1817 – 1844), Pe. Miguel do Sacramento Lopes, escreve carta pedindo o aval do monarca para a publicação das suas “Lições de eloquência Nacional” (publicada em 1846): “O suplicante, Imperial e senhor, cônscio da utilidade de seus talentos, não ousa arrogar-se a presunção de originalidade: ele não fez mais, do que colher de muitos autores com algum trabalho os materiais, ajuntá-los e coordená-los. Pouco se ocupou da Invenção e da Disposição, por serem comuns a todas as Nações.” (LOPES, 1844, p. 2)
  • 13.
  • 14. A utilização dos Compêndios de Retórica e Poética no Séc. XIX  Neste período, a Retórica sobrevive apenas artificialmente, sob proteção dos regulamentos oficiais.  Até o próprio títulos dos tratados se altera de modo siginificativo: “Retórica e Gêneros Literários” (F. de Caussade, 1881); “Elementos de Retórica e de Literatura” (Prat, 1889) – a Literatura ainda desculpa a Retórica até abafá-la por completo.  Curso Elementar de Literatura Nacional do Cônego Fernandes Pinheiro) era utilizado nas aulas de Retórica no Colégio Imperial Pedro II.
  • 15. A utilização dos Compêndios de Retórica e Poética no Séc. XIX  Tomando por base o Colégio Pedro II, em meados do Séc. XIX a Retórica era ensinada no sexto ano e a Poética no sétimo;  Os "pontos" de retórica e de poética eram baseados nos gêneros definidos por Aristóteles (e depois sistematizados por Quintiliano), ressaltando, de um lado, o estudo dos tropos e figuras retóricas, e de outro, a epopéia, onde foram introduzidos novos elos à tradição greco-romana, exemplificando a épica européia e já incluindo a épica brasileira. (cf. p. 281-83)
  • 16. A utilização dos Compêndios de Retórica e Poética no Séc. XIX  “Nova Retórica”, J. Viet Leclerc, (1854);  “Lições Elementares de Poética Nacional”, Francisco Freire de Carvalho (1857);  “Nova retórica Brasileira” de Antonio Marciano da Silva Pontes (1860);  “Curso Elementar de Literatura Nacional” do Cônego Fernandes Pinheiro (1862);  “Ornamentos da memória” do Pe. José I. Roquette (1870)  “Compêndio de Retórica e Poética” Cônego Manoel da Costa (1879)
  • 17. OBJETIVO DOS COMPÊNDIOS: IMITAR O BELO  O currículo de retórica do sexto ano dava uma visão geral da literatura, oferecendo "exemplos dos principais escritores, oradores e poetas, antigos e modernos, e mais especialmente dos gregos, latinos e portugueses", enquanto que o professor de retórica, no sétimo ano, deveria oferecer "a seus discípulos os quadros de literatura nacional, fazendo-lhes sentir as belezas dos autores clássicos, tanto poetas, como prosadores". Além da "literatura nacional", estavam previstos exercícios de composição, no currículo do sétimo ano, a fim de treinar os alunos a "escrever elegantemente e procurando imitar os modelos indicados pelo professor".(In: Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro; J. Manuel de Macedo citado por RAZZINI, p. 55, 2000)
  • 18. Referências  BARTHES, Roland. A Retórica Antiga. In: A aventura Semiológica. Lisboa: Edições 70, 1985.  CURTIUS, Ernest R. Literatura Européia e Idade Média Latina. São Paulo: Edusp, 1996.  DURAN, Maria Renata da C. Retórica e eloquência no Rio de Janeiro (1759 – 1854). 2009. Tese (doutorado) Universidade Estadual Paulista. Franca, 2009.  LOPES, Miguel do S. Lições de Eloquência Nacional. 1844.  RAZZINI, Maria de Paula G. O espelho da nação: a Antologia Nacional e o ensino de Português e Literatura (1838-1917). Tese (doutorado). UNICAMP. Campinas, 2000.