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[Limão Siciliano 013.04]
Óleo essencial: Citrus limon
Composto: Limoneno, acetato de geraniol, trans-óxido-limoneno, neral, geraniol e
nerol
Título: Avaliação farmacológica do óleo essencial de Citrus limon (Burm) no Sistema
Nervoso
Autor: Campelo, L.M.L., Feitosa, C.M, Tomé, A.R. e Freitas, R.M.
Journal: Boletín Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas
Ano: 2011
Vol (issue): 10 (2)
ISSN: 0717-7917
TAGs: Antioxidante; Citrus limon; convulsão; neuroprotetor; sedativo; limão; efeito
anticonvulsivante; doenças neurodegenerativas; limoneno; acetato de geraniol;
trans-óxido-limoneno; neral; geraniol; nerol; pilocarpina; agonista colinérgico; crises
convulsivas; epilepsia; estado de mal epiléptico; lesão cerebral; drogas anticolinérgicas;
receptores glutamatérgicos; danos cerebrais; sinais colinérgicos periféricos; tremores;
movimentos estereotipados; convulsões; estado de mal epiléptico; taxa de mortalidade;
antiepiléptico; estímulo convulsivo; corpo estriado; hipocampo; cérebro; sistema
nervoso central; perda neuronal; gliose; atrofia; degeneração no hipocampo;
mudanças histopatológicas; radicais livres; funções neuronais sinápticas; espécies
reativas derivadas do oxigênio; sistema glutamatérgico.
Sobre o artigo:
O gênero Citrus da família Rutaceae é uma das mais importantes culturas de frutas do
mundo e é consumido principalmente na forma de fruto fresco ou suco devido ao seu
valor nutricional e sabor especial. Os benefícios para a saúde das frutas cítricas têm
sido atribuídos à presença de constituintes bioativos como compostos fenólicos,
vitamina C e carotenóides.
A busca por novas terapias para o tratamento de doenças psiquiátricas progrediu
significativamente na década passada, e isto pode ser observado no grande número de
medicamentos à base de ervas. Entre as plantas medicinais, o grupo das “aromáticas”
tem despertado muito interesse, essas espécies possuem substâncias odoríferas com
várias funções.
Trabalhos têm relatado que os monoterpenos e seus derivados sintéticos como: α,
β-epóxi-carvona, limoneno, citronelol e o α-terpineol apresentam várias propriedades
farmacológicas, a saber: antinociceptiva, anticonvulsivante e neuroprotetora.
Diante disso, e devido ao crescente número de estudos com plantas medicinais
aromáticas para o tratamento de doenças neurodegenerativas, os pesquisadores deste
estudo investigaram o efeito do OEC no modelo de convulsão induzido por pilocarpina.
A pilocarpina é um agonista colinérgico muscarínico utilizado em modelos
experimentais para reproduzir uma fisiopatologia das crises convulsivas e que permite
investigar e identificar novos agentes terapêuticos para o tratamento da epilepsia
refratária.
O início das convulsões pode ser bloqueado por drogas anticolinérgicas e o bloqueio
dos receptores glutamatérgicos impede sua propagação e o desenvolvimento de danos
cerebrais.
Fazendo uso do modelo de convulsões, tem-se estudado a severidade e as áreas
cerebrais afetadas durante o desenvolvimento das lesões cerebrais em roedores. No
entanto, o efeito potencial neuroprotetor do óleo essencial extraído das folhas de C.
limon (OECL) durante a evolução temporal dessas lesões cerebrais ainda não foi
completamente estabelecido.
Dessa forma, fazendo uso desse modelo de convulsão, os pesquisadores avaliaram o
efeito potencial anticonvulsivante e neuroprotetor do OECL no hipocampo e corpo
estriado de camundongos adultos, uma vez que essas áreas têm sido sugeridas como
responsáveis pela instalação e propagação e / ou manutenção da atividade convulsiva
induzida por pilocarpina, respectivamente.
Para tal, animais foram divididos em quatro grupos: o primeiro grupo foi tratado com
Tween 80 a 0,05% (grupo controle); o segundo grupo foi tratado com pilocarpina na
dose de 400 mg/kg (P400); já o terceiro e quarto grupo foram tratados com o OE na
dose de 150 mg/kg por via intraperitoneal, e 30 minutos depois recebeu pilocarpina
(400 mg/kg, grupo OECL + P400) ou Tween 80 0,05% (grupo OECL), respectivamente.
Após os tratamentos os grupos foram colocados em gaiolas para observação dos
seguintes parâmetros (sinais colinérgicos periféricos (SCP), tremores, movimentos
estereotipados (ME), convulsões, estado de mal epiléptico (EME) e a taxa de
mortalidade). O grupo P400 foi constituído pelos animais que apresentaram
convulsões, estado epiléptico e que sobreviveram ao período de 24 horas de
observação.
Resultados:
A tabela 2 demonstra que todos os animais tratados com pilocarpina (grupo P400, n =
12) apresentaram SCP, ME e tremores. As convulsões ocorreram em 75% (9) dos
animais, que progrediram para o estado mal epiléptico (EME) também em 75% (9) dos
animais, e a taxa de mortalidade desse grupo correspondeu a 66% (8).
O grupo P400 foi tratado com pilocarpina (400 mg/kg). O grupo OECL + P400 foi pré-tratado com o OEC
(150 mg/kg), e 30 minutos após o tratamento recebeu pilocarpina (400 mg/kg). E o grupo OECL foi
tratado com o OECL (150 mg/kg). Após os tratamentos, os animais foram observados durante 24h para
a determinação dos sinais colinérgicos periféricos (SCP), movimentos estereotipados (ME), tremores,
convulsões, estado epiléptico e a taxa de mortalidade.
Os dados demonstrados na tabela 2 sugerem que os efeitos obtidos pela estimulação
colinérgica periférica não são bloqueados pelo OECL na dose de 150 mg/kg. Portanto,
o pré-tratamento com o óleo essencial (grupo OECL + P400) não interfere nos SCP,
ME e tremores induzidos pela pilocarpina.
No entanto, o OECL produziu um aumento na latência da primeira convulsão e na
latência da instalação do estado epiléptico. E, curiosamente, no mesmo grupo foi
observada uma diminuição de 25% no número de animais que convulsionaram e que
evoluíram para o EME.
Além disso, os pesquisadores verificaram também uma redução na taxa de mortalidade
de 41%. Contudo, os grupos tratados somente com solução Tween 80 a 0,05% (grupo
controle) ou óleo essencial (grupo OECL) não apresentaram nenhuma alteração
comportamental (Tabela 2).
Portanto, os resultados obtidos indicam que OECL pode exercer atividade
anticonvulsivante contra crises e reduzir a frequência de instalação do estado de mal
epiléptico induzido por pilocarpina, como demonstrado pelo aumento na latência do
início das crises convulsivas e pela diminuição da taxa de mortalidade dos animais
após a administração do estímulo convulsivo.
O corpo estriado foi descrito como responsável pela propagação da atividade
convulsiva induzida por pilocarpina, por esse motivo, os pesquisadores do presente
estudo descreveram as principais mudanças histopatológicas observadas no corpo
estriado de camundongos do grupo P400.
Os animais que foram pré-tratados com OECL, 30 minutos antes da administração de
pilocarpina, mostraram uma redução de 58,34% no número de animais com lesão
cerebral, e daqueles que apresentaram convulsão e EME, foi detectado alteração
histopatológica no corpo estriado em apenas dois animais (16,66%).
Também foi detectada uma redução de 42,58% sem grau de comprometimento do
corpo estriado no grupo OECL + P400, quando comparado ao grupo P400. Já os
grupos tratados somente com solução Tween 80 a 0,05% (grupo controle) ou óleo
essencial (grupo OECL) não apresentaram nenhuma alteração histopatológica (Tabela
3).
O grupo P400 foi tratado com pilocarpina (400 mg/kg.); o grupo OECL + P400 foi pré-tratado com OECL
(150 mg/kg), e 30 minutos depois recebeu pilocarpina (400 mg/kg). O grupo OECL foi tratado com óleo
essencial de C. limon (150 mg/kg). Após os tratamentos, todos os grupos foram observados durante 24
horas. O grau de comprometimento estrial (severidade da lesão) foi expresso como a média ± E.P.M. dos
escores do dano cerebral do número de animais com lesão corporal estriada. Os animais foram definidos
como tendo lesão cerebral quando havia pelo menos 50% de comprometimento no corpo estriado.
Com esses resultados, observa-se que a OECL pode participar do sistema de defesa
celular contra as mudanças histopatológicas induzidas por radicais livres, e
consequentemente também pode promover mudanças benéficas em parâmetros
comportamentais modificados durante convulsões induzidas pela pilocarpina.
Na tabela 4 as principais mudanças histopatológicas no hipocampo dos camundongos
do grupo P400 podem ser verificadas, onde pode-se observar que os animais
pré-tratados com OECL, 30 minutos antes da administração de pilocarpina,
apresentaram uma redução de 58,33% no número de animais com lesão cerebral, e
daqueles que apresentaram convulsão e EME, foi detectado alteração histopatológica
no hipocampo em apenas três animais (25%).
Também foi detectada uma redução de 49,76% no grau de comprometimento do
hipocampo no grupo OECL + P400, quando comparado ao grupo P400, e os grupos
tratados somente com solução Tween 80 a 0,05% (grupo controle) ou óleo essencial
(grupo OECL) não apresentaram alteração histopatológica no hipocampo.
O grupo P400 foi tratado com pilocarpina (400 mg/kg); o grupo OECL + P400 foi pré-tratado com óleo
essencial de C. limon (150 mg/kg), e 30 minutos após recebeu a pilocarpina (400 mg/kg); o grupo OECL
foi tratado com óleo essencial de C. limon (150 mg/kg). Após os tratamentos, todos os grupos foram
observados durante 24 h. O grau de comprometimento hipocampal foi expresso como a média ± E.P.M.
dos escores do dano cerebral do número de animais com lesão do hipocampo. Os animais foram
definidos como tendo lesão cerebral quando havia pelo menos 50% de comprometimento no hipocampo.
Tais resultados concordam com pesquisas anteriores, uma vez que os pesquisadores
observaram a degeneração neuronal, gliose, atrofia e vacuolização no hipocampo e
corpo estriado de camundongos após administração do estímulo convulsivo.
Melhor ainda, foram evidenciados efeitos neuroprotetores do OECL nas duas áreas
cerebrais analisadas, por meio da diminuição do número de animais que apresentam
dano cerebral e na redução da severidade da lesão.
As convulsões induzidas pela pilocarpina são instaladas pelo sistema colinérgico,
enquanto que a propagação e o desenvolvimento do dano cerebral devem-se ao
aumento da produção de espécies reativas derivadas do oxigênio (EROs) e pela
estimulação do sistema glutamatérgico.
Dessa forma, compostos antioxidantes extraídos de plantas medicinais podem
apresentar um potencial terapêutico para pacientes epiléticos na proteção contra danos
cerebrais durante uma atividade epiléptica, provavelmente, por meio da remoção de
radicais livres, pelas mudanças nas propriedades da membrana celular e, ainda pela
estabilização das funções neuronais sinápticas.
Na prática:
Os pesquisadores deste estudo demonstraram que o óleo essencial de Citrus limon
tem efeito antioxidante, neuroprotetor, sedativo, antiepiléptico e anticonvulsionante!
Este óleo foi capaz de exercer atividade anticonvulsivante contra crises e reduzir a
frequência de instalação do estado de mal epiléptico, ainda aumentando a
sobrevivência dos animais após o estímulo convulsivo. Incrível, não acha?!

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  • 2. sido atribuídos à presença de constituintes bioativos como compostos fenólicos, vitamina C e carotenóides. A busca por novas terapias para o tratamento de doenças psiquiátricas progrediu significativamente na década passada, e isto pode ser observado no grande número de medicamentos à base de ervas. Entre as plantas medicinais, o grupo das “aromáticas” tem despertado muito interesse, essas espécies possuem substâncias odoríferas com várias funções. Trabalhos têm relatado que os monoterpenos e seus derivados sintéticos como: α, β-epóxi-carvona, limoneno, citronelol e o α-terpineol apresentam várias propriedades farmacológicas, a saber: antinociceptiva, anticonvulsivante e neuroprotetora. Diante disso, e devido ao crescente número de estudos com plantas medicinais aromáticas para o tratamento de doenças neurodegenerativas, os pesquisadores deste estudo investigaram o efeito do OEC no modelo de convulsão induzido por pilocarpina. A pilocarpina é um agonista colinérgico muscarínico utilizado em modelos experimentais para reproduzir uma fisiopatologia das crises convulsivas e que permite investigar e identificar novos agentes terapêuticos para o tratamento da epilepsia refratária. O início das convulsões pode ser bloqueado por drogas anticolinérgicas e o bloqueio dos receptores glutamatérgicos impede sua propagação e o desenvolvimento de danos cerebrais. Fazendo uso do modelo de convulsões, tem-se estudado a severidade e as áreas cerebrais afetadas durante o desenvolvimento das lesões cerebrais em roedores. No entanto, o efeito potencial neuroprotetor do óleo essencial extraído das folhas de C. limon (OECL) durante a evolução temporal dessas lesões cerebrais ainda não foi completamente estabelecido.
  • 3. Dessa forma, fazendo uso desse modelo de convulsão, os pesquisadores avaliaram o efeito potencial anticonvulsivante e neuroprotetor do OECL no hipocampo e corpo estriado de camundongos adultos, uma vez que essas áreas têm sido sugeridas como responsáveis pela instalação e propagação e / ou manutenção da atividade convulsiva induzida por pilocarpina, respectivamente. Para tal, animais foram divididos em quatro grupos: o primeiro grupo foi tratado com Tween 80 a 0,05% (grupo controle); o segundo grupo foi tratado com pilocarpina na dose de 400 mg/kg (P400); já o terceiro e quarto grupo foram tratados com o OE na dose de 150 mg/kg por via intraperitoneal, e 30 minutos depois recebeu pilocarpina (400 mg/kg, grupo OECL + P400) ou Tween 80 0,05% (grupo OECL), respectivamente. Após os tratamentos os grupos foram colocados em gaiolas para observação dos seguintes parâmetros (sinais colinérgicos periféricos (SCP), tremores, movimentos estereotipados (ME), convulsões, estado de mal epiléptico (EME) e a taxa de mortalidade). O grupo P400 foi constituído pelos animais que apresentaram convulsões, estado epiléptico e que sobreviveram ao período de 24 horas de observação. Resultados: A tabela 2 demonstra que todos os animais tratados com pilocarpina (grupo P400, n = 12) apresentaram SCP, ME e tremores. As convulsões ocorreram em 75% (9) dos animais, que progrediram para o estado mal epiléptico (EME) também em 75% (9) dos animais, e a taxa de mortalidade desse grupo correspondeu a 66% (8).
  • 4. O grupo P400 foi tratado com pilocarpina (400 mg/kg). O grupo OECL + P400 foi pré-tratado com o OEC (150 mg/kg), e 30 minutos após o tratamento recebeu pilocarpina (400 mg/kg). E o grupo OECL foi tratado com o OECL (150 mg/kg). Após os tratamentos, os animais foram observados durante 24h para a determinação dos sinais colinérgicos periféricos (SCP), movimentos estereotipados (ME), tremores, convulsões, estado epiléptico e a taxa de mortalidade. Os dados demonstrados na tabela 2 sugerem que os efeitos obtidos pela estimulação colinérgica periférica não são bloqueados pelo OECL na dose de 150 mg/kg. Portanto, o pré-tratamento com o óleo essencial (grupo OECL + P400) não interfere nos SCP, ME e tremores induzidos pela pilocarpina. No entanto, o OECL produziu um aumento na latência da primeira convulsão e na latência da instalação do estado epiléptico. E, curiosamente, no mesmo grupo foi observada uma diminuição de 25% no número de animais que convulsionaram e que evoluíram para o EME. Além disso, os pesquisadores verificaram também uma redução na taxa de mortalidade de 41%. Contudo, os grupos tratados somente com solução Tween 80 a 0,05% (grupo controle) ou óleo essencial (grupo OECL) não apresentaram nenhuma alteração comportamental (Tabela 2). Portanto, os resultados obtidos indicam que OECL pode exercer atividade anticonvulsivante contra crises e reduzir a frequência de instalação do estado de mal epiléptico induzido por pilocarpina, como demonstrado pelo aumento na latência do início das crises convulsivas e pela diminuição da taxa de mortalidade dos animais após a administração do estímulo convulsivo. O corpo estriado foi descrito como responsável pela propagação da atividade convulsiva induzida por pilocarpina, por esse motivo, os pesquisadores do presente estudo descreveram as principais mudanças histopatológicas observadas no corpo estriado de camundongos do grupo P400.
  • 5. Os animais que foram pré-tratados com OECL, 30 minutos antes da administração de pilocarpina, mostraram uma redução de 58,34% no número de animais com lesão cerebral, e daqueles que apresentaram convulsão e EME, foi detectado alteração histopatológica no corpo estriado em apenas dois animais (16,66%). Também foi detectada uma redução de 42,58% sem grau de comprometimento do corpo estriado no grupo OECL + P400, quando comparado ao grupo P400. Já os grupos tratados somente com solução Tween 80 a 0,05% (grupo controle) ou óleo essencial (grupo OECL) não apresentaram nenhuma alteração histopatológica (Tabela 3). O grupo P400 foi tratado com pilocarpina (400 mg/kg.); o grupo OECL + P400 foi pré-tratado com OECL (150 mg/kg), e 30 minutos depois recebeu pilocarpina (400 mg/kg). O grupo OECL foi tratado com óleo essencial de C. limon (150 mg/kg). Após os tratamentos, todos os grupos foram observados durante 24 horas. O grau de comprometimento estrial (severidade da lesão) foi expresso como a média ± E.P.M. dos escores do dano cerebral do número de animais com lesão corporal estriada. Os animais foram definidos como tendo lesão cerebral quando havia pelo menos 50% de comprometimento no corpo estriado. Com esses resultados, observa-se que a OECL pode participar do sistema de defesa celular contra as mudanças histopatológicas induzidas por radicais livres, e consequentemente também pode promover mudanças benéficas em parâmetros comportamentais modificados durante convulsões induzidas pela pilocarpina.
  • 6. Na tabela 4 as principais mudanças histopatológicas no hipocampo dos camundongos do grupo P400 podem ser verificadas, onde pode-se observar que os animais pré-tratados com OECL, 30 minutos antes da administração de pilocarpina, apresentaram uma redução de 58,33% no número de animais com lesão cerebral, e daqueles que apresentaram convulsão e EME, foi detectado alteração histopatológica no hipocampo em apenas três animais (25%). Também foi detectada uma redução de 49,76% no grau de comprometimento do hipocampo no grupo OECL + P400, quando comparado ao grupo P400, e os grupos tratados somente com solução Tween 80 a 0,05% (grupo controle) ou óleo essencial (grupo OECL) não apresentaram alteração histopatológica no hipocampo. O grupo P400 foi tratado com pilocarpina (400 mg/kg); o grupo OECL + P400 foi pré-tratado com óleo essencial de C. limon (150 mg/kg), e 30 minutos após recebeu a pilocarpina (400 mg/kg); o grupo OECL foi tratado com óleo essencial de C. limon (150 mg/kg). Após os tratamentos, todos os grupos foram observados durante 24 h. O grau de comprometimento hipocampal foi expresso como a média ± E.P.M. dos escores do dano cerebral do número de animais com lesão do hipocampo. Os animais foram definidos como tendo lesão cerebral quando havia pelo menos 50% de comprometimento no hipocampo. Tais resultados concordam com pesquisas anteriores, uma vez que os pesquisadores observaram a degeneração neuronal, gliose, atrofia e vacuolização no hipocampo e corpo estriado de camundongos após administração do estímulo convulsivo.
  • 7. Melhor ainda, foram evidenciados efeitos neuroprotetores do OECL nas duas áreas cerebrais analisadas, por meio da diminuição do número de animais que apresentam dano cerebral e na redução da severidade da lesão. As convulsões induzidas pela pilocarpina são instaladas pelo sistema colinérgico, enquanto que a propagação e o desenvolvimento do dano cerebral devem-se ao aumento da produção de espécies reativas derivadas do oxigênio (EROs) e pela estimulação do sistema glutamatérgico. Dessa forma, compostos antioxidantes extraídos de plantas medicinais podem apresentar um potencial terapêutico para pacientes epiléticos na proteção contra danos cerebrais durante uma atividade epiléptica, provavelmente, por meio da remoção de radicais livres, pelas mudanças nas propriedades da membrana celular e, ainda pela estabilização das funções neuronais sinápticas. Na prática: Os pesquisadores deste estudo demonstraram que o óleo essencial de Citrus limon tem efeito antioxidante, neuroprotetor, sedativo, antiepiléptico e anticonvulsionante! Este óleo foi capaz de exercer atividade anticonvulsivante contra crises e reduzir a frequência de instalação do estado de mal epiléptico, ainda aumentando a sobrevivência dos animais após o estímulo convulsivo. Incrível, não acha?!