Este documento descreve uma pesquisa sobre a influência da consciência fonológica na relação entre fala (fonema) e escrita (grafema) em alunos da 6a série em Moçambique. A pesquisa analisou amostras de escrita dos alunos e encontrou que eles cometem erros como omitir, acrescentar e trocar grafemas, indicando que seu nível de consciência fonológica ainda não é pleno. O documento também fornece recomendações para melhorar este aspecto.
Influência da Consciência Fonológica na Relação entre Fala e Escrita
1. A Influência da Consciência Fonológica na Relação entre
Fala (Fonema) e Escrita (Grafema): Caso dos Alunos da
6ᵃ Classe, Turma A, Curso Diurno, da Escola Primária do
1° e 2° Graus 17 de Setembro, Cidade de Quelimane –
2017
Proponente: Albertino Germano Dias Victor de Minezes
Supervisor: Dr. João Samuel
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2. Introdução
A escrita alfabética da língua portuguesa é, essencialmente, fonémica, a
qual se estabelece através do princípio alfabético da escrita: a unidade
escrita (grafema) é relacionada à unidade sonora da palavra
(fonema) através da reflexão acerca dos sons da fala e sua relação com os
grafemas, o que, por sua vez, requer o acesso à consciência fonológica.
Deste modo, é possível compreender que a consciência fonológica pode
influenciar na relação que se estabelece entre os sons da fala (fonemas) e a
sua representação escrita (grafemas).
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3. Estrutura da Apresentação
Capítulo I – Contextualização da Pesquisa
Capítulo II – Fundamentação Teórica
Capítulo III – Análise e Interpretação de Dados
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4. Capítulo I – Contextualização da Pesquisa
1. Objectivos
1.1. Objectivo Geral
Analisar a influência da consciência fonológica na relação entre os sons da
fala (fonema) e a representação escrita (grafema) nos alunos.
1.2. Objectivos Específicos
Identificar o nível de consciência fonológica que os alunos possuem;
Descrever a influência da consciência fonológica na relação que os alunos
estabelecem entre os sons da fala (fonema) e a representação escrita
(grafema);
Propor estratégias para minimizar a omissão, o acréscimo e a troca de
grafemas na composição escrita dos alunos.
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5. Cont.
1.3. Justificativa
A preocupação primordial que esteve na origem do tema baseou-se na
necessidade de se analisar os erros de escrita que os alunos apresentam, isto
é, a representação de um grafema conforme a sua realização fonética (som),
uma vez que tal representação quando errada é percebida por grande parte
dos professores como uma deficiência na escrita.
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6. Cont.
1.4. Problematização
Desde cedo que é o caso da 6ᵃ classe os alunos tentam escrever mesmo
desconhecendo a ortografia correcta de todas as palavras, sendo que as
grafias inventadas tendem a ser quase totalmente baseadas nos sons, isto é,
representam um grafema conforme a sua realização fonética, por exemplo a
palavra casa, que foneticamente transcrita é [‘Kazɐ], no âmbito da escrita
poderá vir a ser representada em /kasa/, /caza/, /cassa/.
Até que ponto a consciência fonológica influencia na relação entre a fala
(fonema) e escrita (grafema) dos alunos?
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7. Cont.
1.5. Hipóteses
Os alunos omitem grafemas no âmbito da composição escrita;
Os alunos acrescentam grafemas no âmbito da composição escrita;
Os alunos trocam grafemas no âmbito da composição escrita.
1.6. Metodologia de Pesquisa
1.6.1. Tipo de Pesquisa
Quanto à Abordagem - qualitativa e quantitativa, ou seja, pesquisa mista.
Quanto aos Objectivos - descritiva.
Quanto aos Procedimentos - bibliográfica e pesquisa de campo.
1.6.2. Método de Abordagem
Método hipotético-dedutivo.
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8. Cont.
1.7. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados
Entrevista;
Questionário;
Análise de conteúdo.
1.8. Universo e Amostra
1.8.1. Universo
O universo da presente pesquisa foi constituído por todos alunos (num total
de 510 alunos) e professores da 6ᵃ classe na Escola Primária do 1° e 2°
Graus 17 de Setembro da cidade de Quelimane.
1.8.2. Amostra
A amostra foi constituída por trinta e uma (31) pessoas, sendo trinta (30)
alunos e uma (01) professora. Dentre elas dezassete (17) rapazes e treze
(13) raparigas para o caso dos alunos.
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9. Capítulo II – Fundamentação Teórica
2. Conceitos Básicos
2.1. Fonema
Para MATEUS et al. (2005:160), “numa sequência sonora correspondente à
uma palavra podem identificar-se unidades que, substituídas por outras,
provocam alteração de significado. Estas unidades são denominadas
fonemas”.
Deste modo, percebe-se que dá-se o nome de fonema ao menor elemento
sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significado entre as palavras.
2.2. Grafema
Na perspectiva de BECHARA (2009:28), “costuma-se hoje chamar
grafema à unidade gráfica (letra) da escrita”.
Assim, percebe-se que grafema é um termo que designa as letras.
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10. Cont.
2.3. Consciência Fonológica
A consciência fonológica é uma competência metalinguística, que se
caracteriza pelo facto de o aprendiz pensar e operar com a língua,
considerando os segmentos sonoros internos às palavras.
Segundo TUMER & KOHL (1991) apud SILVA (2003:105), “o conceito de
consciência fonológica pode ser definido, genericamente, como a
capacidade para conscientemente manipular (mover, combinar ou suprimir)
os elementos sonoros das palavras orais”.
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11. Cont.
2.4. Fala e Escrita
A escrita é um objecto simbólico, um substituto que representa algo. Ela
não constitui uma transcrição fonética da fala, mas estabelece uma relação
essencialmente fonémica, isto é, a escrita procura representar aquilo que é
funcionalmente significativo, estabelecendo um sistema de regras próprias.
Exemplos: [profe’sor] à professor (7 sons; 9 letras)
[‘taksi] à táxi (5 sons; 4 letras)
Assim, a aquisição da escrita exige que o indivíduo reflicta sobre a fala,
estabeleça relações entre os sons e sua representação na forma gráfica,
entrando em jogo a consciência fonológica.
Para FROMKIN & RODMAN (1993:166), “a compreensão de uma língua
deverá encarar a sua forma escrita apenas como aproximação da linguagem
falada”.
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12. Capítulo III – Análise e Interpretação de Dados
3. Análise do Ditado de Texto
Dos textos transcritos, verifica-se que apenas dezanove (19) alunos
produziram textos completos, sete (07) textos incompletos e quatro (04)
textos ilegíveis. Como ilustra o gráfico:
Gráfico 9: Textos transcritos pelos alunos.
Fonte: Autor (2017)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Textos
completos
Textos
incompletos
Textos
inlegiveiss
Textos transcritos pelos alunos
Nᵒ de alunos
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13. Cont.
Conforme o gráfico anterior, dos trinta (30) textos transcritos, apenas
dezanove (19) que representam 64% da amostra foram analisados por
serem completos pois o intuito era de observar como foi grafada cada
palavra patente no texto ditado.
Tabela 2: Ocorrência de erros.
Fonte: Autor (2017)
Ocorrências Percentagem (%)
Textos com 1 erro 0%
Textos com 2 erros 0%
Textos com 3 erros 0%
Textos com 4 erros 11%
Textos com 5 + erros 89%
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14. Cont.
Tabela 3: Erros mais cometidos pelos alunos.
Fonte: Autor (2017)
Palavras grafadas Percentagem (%)
Erros cometidos Forma correcta
Corer Correr 37%
Ora Hora 47%
Pasando Passando 26%
Afilito Aflito 42%
Passeiyo Passeio 21%
Salhiu Saiu 16%
Almoso Almoço 32%
Sima Cima 32%
Vio Viu 74%
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15. Conclusão
No desenvolvimento da pesquisa constatou-se que na classe estudada os
alunos omitem, acrescentam e trocam grafemas no âmbito da composição
escrita de palavras.
Portanto, pode-se concluir que na 6ª classe os alunos não têm uma
consciência fonológica plena, pois não têm domínio de todos os níveis que
englobam a consciência fonológica razão pela qual apresentam os erros de
escrita no nível que avançou-se nas hipóteses.
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16. Sugestões
Para os professores:
Que criem condições de desenvolver as habilidades em consciência
fonológica dos alunos a partir de brincadeiras em sala de aula.
Que priorizem a questão oral nas diferentes actividades que os alunos
desenvolvem, pois é através do domínio oral que estes posteriormente terão
domínio da escrita.
Que sejam vigilantes e tenham a capacidade de identificar as dificuldades
dos alunos ao nível da escrita.
Para os pais/encarregados de educação
Que sejam atentos ao desenvolvimento dos alunos a nível da oralidade e da
escrita, ajudando-os a progredir e criando condições para a aplicação dos
conhecimentos que estes adquirem na escola em casa.
Para os alunos
Que desenvolvam o gosto pela leitura de textos, pois assim terão domínio
na pronúncia das palavras e aprenderão como as mesmas são e devem ser
escritas.
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17. Bibliografia
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa, 37ᵃ Ed., Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 2009.
FREITAS, G. C. M. Sobre a Consciência Fonológica, In: R. R.
LAMPRECHT (Ed.), A Aquisição Fonológica do Português, Perfil de
Desenvolvimento e Subsídios para a Terapia, Porto Alegre, Artmed
Editora, 2004.
FROMKIN, V. & RODMAN, R. Introdução à Linguagem, Livraria
Almedina, Coimbra, 1993.
MATEUS, M. H. M. et al. Fonética e Fonologia do Português, Lisboa,
Universidade Aberta, 2005.
SILVA, A. C. C. da. Até a Descoberta do Princípio Alfabético, (Dissertação
de Mestrado), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.
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