2. • Cada dor é a dor de uma pessoa, com sua história,
personalidade, contexto, momento. A mesma dor, em
diferentes situações, pode nem ser percebida ou ser muito
forte, dada à distração ou atenção oferecidas a ela. Para
tratá-la, é necessária a compreensão da complexidade e da
realidade de todas as dores para quem a sente (Carvalho,
1999).
• Carvalho (2004) afirma que os estágios avançados das
doenças envolvem frequentemente muitas dores. Nos casos
de câncer, as pesquisas revelam 60% a 90 % de pacientes
com dor intensa. Há tratamentos médicos que podem minorar
ou até mesmo eliminar a maioria das dores físicas. Mas a
Ciência pode auxiliar na dor da perda da saúde, da perda da
vida, na dor de morrer?
3. • Segundo Mattos-Pimenta (1999), uma das maiores dificuldades no cuidar
da dor é a sua avaliação. Esta vai abranger a lesão tecidual, substrato
emocional, substrato cultural e ambiental das reações da dor, permitindo a
compreensão da sua origem e da sua magnitude.
• Os métodos para a avaliação são basicamente inferenciais, baseados no
auto-relato do paciente, mas também no conhecimento do caso clínico
(história da doença, exames físicos e laboratoriais) e técnicas para a
aferição das características da dor e da sua repercussão nas atividades
cotidianas (funcionamento psicológico e psicossocial).
• Para a avaliação da dor, devem ser colhidos dados sobre instalação e
duração da dor no paciente: localização, periodicidade e duração; padrão
evolutivo, fatores agravantes ou atenuantes. Compreende ainda a
avaliação dos fatores que concorrem para sua manifestação tais como:
estado emocional do paciente; aspectos do histórico familiar relacionados à
expressão e manejo da dor; atitudes, crenças e valores do doente e da
família frente à dor.
4. • Há alguns fatores que contribuem para a
compreensão dessa experiência incomparável que é o
luto.
• Fator 1) A natureza da relação com a pessoa que
morreu
• Fator 2) Circunstâncias da morte
• Fator 3) Circunstâncias do sistema de apoio do
enlutado
• Fator 4) A personalidade – incomparável – do
enlutado
• Fator 5) A personalidade – incomparável – da
pessoa que morreu
• Fator 6) O contexto cultural do enlutado
• Fator 7) O contexto religioso e espiritual do
enlutado
• Fator 8) Outras crises ou situações de stress na
vida do enlutado
• Fator 9) Questões de gênero
• Fator 10) A experiência com os rituais de luto
5. • Infância
• Segundo Torres(1978), em decorrência do tabu
em frente a morte o adulto tende a postura de
• negação em falar sobre o tema com a criança e
afasta-la, emparelhando a palavra morte com pro-
• tagonista idosos. ‘’Entretanto, esta negação e esta
"conspiração do silêncio" em relação ao binômio
• criança - morte são atitudes nefastas na medida
em que poderão bloquear o desenvolvimento da
• criança. Esta não é ajudada pelas tentativas de
protegê-la contra a morte, ao contrário, quando
setenta defendê-la, seu crescimento
é prejudicado’’
6. • Adolescência
• Na visão do progresso siológico, Papalia e Olds
(2000) esclarecem adolescência como umápice que
se inicia por volta dos 12 anos, quando se começa a
puberdade, e, perto dos 20 anos, nda. Além
das consideráveis modi cações físicas, se percebe a
busca por independência, o que
• causa uma fase acentuada, caracterizada por
uma conjuntura discordante e ansiogênica, que
teráatuação signi cativa nos aspectos como o
indivíduo irá encarar os desa os vindouros.
Domingos eMaluf (2003) acreditam que a perda
ocasionada pelo óbito da pessoa próxima, por vezes,
ocasionauma desorientação intensa na vida dos
pubescentes.
7. • Adultez
• Na adultez Segundo Bee (1997), a fase jovem-adulta ocorre por
volta dos 20 anos, com o nal da adolescência. A autora descreve
essa etapa como o ápice do desenvolvimento físico e cognitivo.As
expectativas prescritas para essa etapa giram em torno de de
nições pro ssionais, da conquista
• da autonomia e de relacionamentos mais estáveis, no que tange à
sexualidade e à constituição dafamília (PAPALIA; OLDS, 2000;
ERICKSON, 1976).
• Acerca da fase da vida adulta, observou-se a relação entre
a aproximação afetiva com o objeto/
• pessoa perdida e a intensidade do luto, ou seja, quanto maior o
grau de importância, maior a dor da
• perda. Ressaltou-se a importância de expressar os sentimentos
envolvidos na vivência do luto, para
• que haja a abertura à novas possibilidades de vida (CONSONNI;
LOPES, 2013).
8. • Velhice
• Na velhice, última etapa do desenvolvimento, a elaboração do luto pode não acontecer de
• maneira adequada, pois, apesar desta ser vista como uma fase de sabedoria, o que
indicaria uma
• vivência mais adaptada ao enlutamento, a pessoa idosa, por já sofrer de exclusão social e
estigmas,
• muitas vezes não tem seu sentimento validado e é negado de passar pelo tempo natural
do luto,
• acarretando num sofrimento que, em diversos casos, se manifesta de maneira somática
(OLIVEIRA;
• LOPES, 2008)
• A Organização Mundial da Saúde (OMS) de ne a população idosa como sendo aquela
composta
• por pessoas com 60 anos de idade ou mais. Segundo Bromberg (2000), a sociedade
ocidental não
• oferece um lugar de destaque para essa população, fazendo com que os idosos precisem
lidar com
• mais perdas do envelhecimento do que ganhos da maturidade. Assim, seus lutos podem
decorrer
• de perdas nos âmbitos social, nanceiro, siológico e simbólico
9. • Neste sentido, o luto é vivenciado de forma singular. Cabe destacar que
qualquer perda afeta
• a todos de forma direta ou indiretamente. Com isso, implica do sujeito a
expressão da dor, reco-
• nhecendo, ajustamento de novos vínculos diante da perda. Segundo
Parkes (1998) o luto normal
• é uma resposta saudável a um fator estressante que é a perda signi cativa
de um ente querido.
• No que tange as diferentes etapas do desenvolvimento humano chegou-se
à conclusão de que a
• infância é um período do desenvolvimento humano em que muitas vezes é
negada a explicação
• acerca da morte, o que pode acarretar em grandes danos para a
elaboração do luto pela criança.Esta, independentemente da idade em que
se encontra, necessita do cuidado das pessoas mais
• próximas, para que se sinta protegida e, assim, possa construir uma
relação terapêutica que vise o
• melhor enfrentamento do luto
10. • Talvez você esteja passando por algum processo de luto, ou
já tenha sofrido em algum momento da vida com a perda de
alguém, ou quem sabe você seja uma daquelas pessoas que
preferem nem tocar no assunto, pois teme que um dia isso
aconteça com você e por medo de não saber lidar com o
assunto acaba deixando de lado. Talvez por termos esse tabu
não sabemos como lidar quando a morte chega, ficamos
perdidos, perplexos, sem saber o que fazer.
• Falar de morte não é algo comum. Costumamos pensar na
vida somente como planos, sonhos, conquistas, perspectivas,
chegadas, etc., e anulamos o fato da finitude, da partida, das
perdas do fim, ou seja, da morte que também é parte do ciclo
da vida.
• É importante ressaltar que falar no assunto é fundamental
para entendermos e sabermos como lidar de forma mais
ajustada quando este chegar.
11. • Entendendo o significado
• Então para entender mais sobre esse processo é preciso definir
bem o que significa a palavra luto. Luto vem do Latim “lucto” e
significa um sentimento profundo de tristeza e pesar pela morte de
alguém.
• Para a psicologia o luto está ligado aos processos que envolvem
perdas em diversos contextos e podem ser muito mais abrangentes,
porém vamos focar na definição geral da palavra relacionada à
morte.
• Em nossa cultura ninguém é preparado para vivenciar os processos
de perda, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde estaremos
diante desta situação. O certo é que luto, morte e perda é assunto
que pouco se fala.
• Desde cedo aprendemos que os seres vivos nascem, crescem,
reproduzem-se e morrem. Não necessariamente tudo ocorre nessa
ordem. O certo é que ao nascer uma vida a certeza que se tem é
que esta se findará.
12. • Muito embora todos saibam deste fato, ninguém busca informações que o
ajudem a entender o processo de luto, para saberem lidar de forma
adequada com esse momento de dor, sem grandes prejuízos.
• Quando pensamos na vida o que vem à mente é sempre as alegrias, as
conquistas, os projetos, estudos, trabalhos, vitórias, felicidade, etc… e
esquecemos que nem tudo são flores, aliás que as flores também podem
ter espinhos e estes podem machucar, deixar marcas de feridas cujas
cicatrizes sempre vão estar ali. Talvez por isso tenhamos tanta dificuldade
quando em fim a dor da perda vem nos afligir.
• O que fazer quando a morte leva aqueles a quem amamos?
• Não existe fórmula mágica para dizer exatamente como vamos passar por
esse momento de maneira mais adaptativa, não há como prevê as reações
se vamos chorar, desesperar, sentir raiva, remorso, culpa, etc. porque tudo
depende da forma como ocorreu a situação.
• Cada um vivencia o luto de acordo com sua personalidade, com suas
percepções, resiliência, estratégias de enfrentamento, e de acordo com o
significado que se atribui a pessoa que se foi, isso é individual, é único para
cada pessoa.
•
13. • Mas através de estudos sabe-se que existem algumas atitudes importantes a ponderar em
relação ao luto:
1. Aceite o fato de que toda vida tem um fim. É parte da jornada de cada um, e isso vai
chegar independente de idade, condição social, atributos físicos, ou qualquer outra
característica.
2. Vivencie o processo de luto. Não existe essa conversa de dizer que você é forte e pode
passar por cima dos seus sentimentos de tristeza, ou que tem o poder para reprimir a
tristeza. Quando as pessoas escolhem não vivenciar o processo de luto, podem estar
trazendo para si adoecimento como consequência das emoções reprimidas que tanto
poderão se manifestar no corpo quanto na mente.
3. Busque estratégias para enfrentamento. É preciso buscar estratégias para enfrentar
melhor esse momento, elaborar a perda é muito importante. Como isso é possível?
Busque apoio (familiar, de amigos, de um profissional), não sofra sozinho, não se isole,
muitos se apegam à fé, procure pensar nas coisas boas vividas com a pessoa que se foi.
4. Não foque no fato em si. Tente não se culpar ou viver em busca dos culpados para o fato.
Normalmente, no momento da morte as pessoas sempre questionam e ficam presas a
pensamentos sobre os porquês e os se’s : “por que o fulano?” , “e se eu tivesse feito
diferente?”, “e se não tivesse deixado meu filho sair”, “e se eu tivesse feito diferente, talvez
ainda pudesse estar com ele(a)”, “se não tivesse internado no hospital x”… Esses
pensamentos nunca têm fim e quando ocupam a mente constantemente podem gerar
uma angústia interminável, porque ao carregar uma culpa que não é sua a mente passa a
processar uma série de pensamentos e como consequência podem desencadear algum
transtorno mental (como depressão, ou algum tipo de transtorno de ansiedade). Lembre-
se os se’s e os porquês são infinitos, é preciso combatê-los.
14. 1. raçando um paralelo entre o início e o fim da vida, podemos chegar a seguinte conclusão:
assim como quando uma pessoa nasce nos adaptamos a esse novo ser que será somado
e integrado a nossa existência, não sabemos o que esperar, como agir e assim vamos
aprendendo a conta de mais um, com a morte também passamos por um novo processo
de readaptação, quando ela chega precisamos aprender a subtrair e viver com esta conta
de um menos.
• E ao contrário do nascer que não temos a mínima noção do que virá o morrer nos traz
oportunidades de refletirmos, melhorarmos, reinventarmos, e de trazer a memória as boas
recordações, lições de tudo o que vivemos com aquela pessoa que partiu.
Saber aceitar e conviver com a morte também faz parte do processo de amadurecimento
que mais cedo ou mais tarde cada um precisará enfrentar.
A morte causa uma dor irreparável, é como se fosse uma ferida profunda que se abre no
peito e leva um tempo para cicatrizar, e este tempo varia de pessoa para pessoa, das
estratégias de enfrentamento, da resiliência, do modo como encara o fato, etc., a certeza
que se tem diante desse ferimento é que ele cicatriza, e essa cicatriz sempre vai trazer a
lembrança que alguém especial esteve ali.
• O processo de luto é inevitável, porque faz parte da vida, a saudade pela perda vai
sempre existir, mas cada um precisa buscar se reorganizar e manter um bom ajustamento
para se readaptar à nova situação e continuar a sua vida.
15. • A morte e sua correspondente noção de perda fazem parte do desenvolvimento humano
desde a mais tenra idade e acompanham o ser humano no seu ciclo vital, deixando suas
marcas. No passar destas etapas podemos desenvolver certa maturidade em relação a
este processo:
• Durante a nossa primeira infância não se apreende nem o sentido da vida nem o sentido
da morte.
• Na segunda infância se começa a personificar a morte como algo externo a nós e por volta
dos oito a nove anos inicia a compreensão de que não se é imortal e que a morte vem
para todos.
• Na adolescência apesar se ter a compreensão intelectual do fato ainda não se tem a
maturidade emocional e os jovens se comportam como “heróis” que sempre vencem, e
nunca morrem.
• No começo da idade adulta ainda se vislumbra a morte como algo distante, de nossa
família e amigos mais próximos. Há muito para se construir e assume-se uma postura
de que não há espaço para interrupções nestes planos e sonhos de futuro.
• Na meia-idade, a morte e a perda começam a ser encaradas de frente, não há como
fugir mais do fato. Admitiu-se tanto intelectual, como emocional e existencialmente a
possibilidade de finitude. Por meio de vivencias de perdas encontra-se o mundo real que
contempla tanto a vida quanto a morte. Perdem-se avós, pais, amigos, familiares e
não se pode negar a realidade que se impõe à vontade de permanecer.
16. • Os idosos em sua maioria já não sentem o mesmo medo da morte que sentiam nas fases
anteriores do desenvolvimento. Apesar da finitude estar mais próxima e causar ansiedade,
funciona também como uma preparação para o momento final. Há uma clara consciência
do percurso de vida, dos feitos realizados, da família criada, e isto trás outra maneira de
ver, sentir e pensar a transitoriedade.
• Claro que o desenvolvimento deste amadurecimento emocional é variável de pessoa para
pessoa e tem forte relação com o contorno cultural, vivencias de vida e crenças religiosas
e espirituais da pessoa. A postura frente a transitoriedade, impermanência e evanescencia
das coisas é singular em cada Ser Humano.
Reações à perda: processos de luto Ao se falar de morte, inevitavelmente, o tema nos
conduz ao processo do luto, que se refere ao conjunto de reações diante de uma perda.
Lembramos que existem mortes e processos de luto por ausências, separações e vivência
de desamparo. O processo de luto se dará diferentemente.
•
Quanto maior o investimento afetivo, quanto maior o apego, tanto maior a energia
necessária para o desligamento e elaboração da perda.
O enlutado por qualquer tipo de perda deve ter a mesma atenção e cuidados por parte de
quem o acompanha, seja o psicoterapeuta, o guia religioso,a família ou a sociedade.
Perda significa privação e qualquer pessoa que passe por uma privação sente-a como a
pior dor do mundo. Não podemos mensurar a dor do outro. Em qualquer tipo de perda,
seja ela concreta (morte) ou simbólica (separação), é muito difícil quantificar a dor que a
pessoa sente.
•
17. • Colin Murray Parkes coloca que o luto é a experiência psicológica mais dolorosa que qualquer pessoa irá vivernciar e, quanto maior é o
amor, maior é essa dor. Da mesma maneira, quanto maior o apego, maior o sofrimento. O psiquiatra britânico complementa: “Não há
dúvida, o luto é um preço que temos de pagar. Algumas pessoas acham seu luto tão doloroso que ficam com medo de amar novamente”.
E realmente muitas pessoas entram em um processo patológico depressivo e melancólico, que pode durar anos, uma vida inteira ou ate
influenciar as gerações seguintes. Anos sofrendo por um objeto externo e interno perdido. Isto denuncia a dificuldade para desapegar-se
do ente querido, elaborar a perda e seguir a vida apesar de.
Para Sigmund Freud : “luto é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente
querido, a perda de um objeto externo e/ou interno, como o país, a liberdade, o ideal de alguém e assim por diante”. Esta perda tem uma
dinâmica externa, visível à sociedade e interna, silenciosa e invisível. Muitas vezes se faz o luto pelo objeto externo, pelo corpo, pelo que
havia na realidade, mas não se consegue fazer o luto pelo objeto internalizado, idealizado. E a não vivencia e elaboração deste processo
de luto e perda, prende simbolicamente a pessoa a esta situação, por mais tempo que tenha se passado.
• As reações mais esperadas frente à morte são: entorpecimento, estarrecimento, ilusão,
desespero, descrença, histeria, pânico e choque. As inesperadas podem levar a confusão mental, estado de catatonia, depressão,
colapso nervoso, reações psicossomáticas, adoecimento, e surto psicótico.
O psicólogo britânico John Bowlby nos fala das fases do processo de luto. A primeira, o entorpecimento, a sensação de torpor e choque
nos defende por algumas horas. A segunda, o anseio e busca da figura perdida que dura meses e anos. É comum e natural que a
pessoa enlutada veja sinais da pessoa falecida em tudo. Ele escuta a voz do morto, sente seu cheiro, sonha muito freqüentemente,
escuta passos e tem a impressão de que o morto está presente.
A terceira é a desorganização e desespero, o momento de enfrentamento da realidade. A quarta fase é a reorganização – quando a
pessoa começa pouco a pouco retomar sua vida e rotina, de uma forma diferente, nova. É neste momento que ela irá resignificar a sua
vida. Neste momento irá aceitar a realidade, por mais dura e dificil que seja. Ira se confrontar e trabalhar a dor da perda. Buscará se
readaptar ao local onde vivia com a pessoa falecida e com os comportamentos sociais e culturais que partilhava. De forma parecida a
psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross descreve alguns estágios de sentimentos e afetos que se seguem à perda, que variam de pessoa
para pessoa, e que podem inverter sua seqüência, mas que estão envolvidos no processo de elaboração e luto: Negação e isolamento;
raiva; barganha; tristeza e desânimo generalizado; aceitação.
18. • Também afirma que alguns processos são importantes para elaboração do luto, entre os quais:
(1) reconhecer o luto,
(2) reagir à separação,
(3) recolher e re-vivenciar as experiências com a
pessoa perdida,
(4) abandonar ou se desligar de relações antigas,
(5) reajustar-se a uma nova
situação,
(6) reinvestir energia em novas relações.
• Ter a morte como companheira…
O psicanalista norte americano Irvin Yalom aponta que o medo da morte sempre se infiltra por baixo da
superfície, assombrando as pessoas durante toda a vida, fazendo com que estas ergam fortes defesas
psíquicas contra estas – muitas destas defesas baseadas na negação. É um tema que surge direta ou
indiretamente nas terapias. A evanescência e transitoriedade das pessoas e coisas é um fato diário e
que exatamente por sua natureza efêmera, torna a vida bela, dando valor aos objetos e seres, pois
estes passam, como pontuou o psicanalista Sigmund Freud. Yalom sugere que o psicoterapeuta deva
falar abertamente sobre a morte com seus clientes. Conta
como em sua experiência com pacientes terminais, estes puderam dar um novo significado e força à sua
vida, a partir da conscientização da morte: “revêem as prioridades de seus valores e começam a
trivializar as futilidades de suas vidas. É como se o câncer curasse a neurose – fobias e preocupações
pessoais mesquinhas parecem se desfazer”. Destaca também como o Luto, o lidar com a perda e/ou
morte do outro, é uma experiência limite cujo poder é raramente aproveitado no processo terapêutico –
processar e elaborar o luto leva a reparação de objetos e imagens internas e externas e leva os
indivíduos a atingirem um novo nível de maturidade e
sabedoria.
19. • O psicanalista e teólogo brasileiro Rubem Alves também pontua a importância de se
refletir e se aproximar da finitude e transitoridade nossa, e das coisas. Relembra que nas
escrituras sagradas encontramos: “Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e
tempo para morrer”.
• A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A “reverência pela vida” exige que
sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir.
Os profissionais Aroldo Escudeiro, Maria Julia Kovács e Colin Murray Parkes apontam e
defendem os benefícios de uma educação para o luto e a morte, no sentido de falar
abertamente sobre isto com crianças, em escolas e instituições. Seguir na linha contraria à
morte interdita, tornando-a novamente um fato natural: “se faz necessário que os
profissionais se disponham mais a refletir e trabalhar as questões pertinentes à morte e a
perda, pois com certeza isso facilitaria a sua prática e seria um grande ganho para a sua
vida pessoal”
(ESCUDEIRO,2005)
Para a psicanálise sabemos que o conteúdo reprimido tem uma ação limitadora. Ao tomar
consciência de uma imagem inconsciente, posso lidar com ela. Posso reconhecê-la,
elaborá-la e finalmente integrá-la e, com isto, ela passa. Porque a recordei, posso
esquecê-la. Isto e saudável.
Em muitas psicoterapias, eventos dramáticos reprimidos são trazido a luz para que sejam
concluídos. Estes eventos são como um movimento que se congelou, como sucede num
trauma.
No caso de um trauma o movimento e retomado ate que se esgote e possa ser esquecido.
E lembrado para que possa passar. Como proceder com perdas e eventos trágicos, nos
quais muitas vidas são perdidas e sacrificas? Dando um lugar em minha alma às pessoas
que pereceram e se perderam. Assim fico em paz com eles e posso também deixar para
trás o que aconteceu, pois eles já não estão separados de mim. Na medida em que acolho
em mim, carrego-os comigo para o meu futuro, e eles também colaboram com ele.
20. • Ajudar os seres humanos a morrerem em paz
é tão importante como evitar a morte”
• Para Morin (1997) “a espécie humana é a
única para a qual a morte está presente
durante a vida, à única que faz acompanhar a
morte de ritos fúnebres, a única que crê na
sobrevivência ou no renascimento dos
mortos”.
21. INTRODUÇÃO
176
• Para melhor compreender a definição de
luto, deve-se pensar na ideia de perda.
• Este processo não está relacionado
somente ao falecimento de uma pessoa,
mas ao desligamento de algo ou alguém
que tenha valor afetivo ao sujeito.
• Um dos pioneiros no estudo do luto é
Sigmund Freud.
22. • em 1917, o luto é definido como uma reação
à perda de um ente querido, entendido como
objeto no qual houve investimento libidinal.
• Já para Worden (2013), o luto é classificado
como um processo universal resultante da
perda de um objeto de apego, que produz
diversos sentimentos e comportamentos
voltados ao restabelecimento da relação com
o objeto perdido, como também é presente
em animais.
23. • Basso e Wainer (2011) salientam que o luto é um processo
inevitável. A perda de algo pode gerar no ser humano vários
sentimentos. Os autores ainda abordam que a morte é um
evento
• que provoca sofrimento e diversas alterações, como: “(...)
psicológicas, fisiológicas, comportamentais bem como
alterações no contexto social em que o enlutado está
inserido” (p.42).
• Parkes (2009), em perspectiva semelhante
• à de Worden (2013), afirma que “[...] para a maioria das
pessoas, o amor é a fonte de prazer mais
• profunda na vida, ao passo que a perda daqueles que
amamos é a mais profunda fonte de dor.
• Portanto, amor e perda são duas faces da mesma moeda” (p.
11).
24. • O luto apresenta seus “sintomas” não apenas
psicologicamente, mas em todos os aspectos
davida do sujeito, afetando-o, inclusive,
sicamente. Diante disso, algumas pessoas, ao se
depararem
• com esse momento, preferem omiti- lo (negar
a experiência).O processo de luto deve ser
vivenciado, por mais doloroso que possa ser, pois
é através deleque o indivíduo entra em contato
com sua nova realidade sem a pessoa ou coisa
amada. É nesseprocesso que a vida se ressigni
ca, assumindo novos objetivos
25. Negação
• Na primeira fase, denominada de negação, a autora diz
que a pessoa, quando confrontada com a notícia de
que é portadora de uma doença potencialmente
mortal, expressa uma defesa perante a possibilidade da
morte mais ou menos próxima e sua reação é a de
negar verdade comunicada. Desta forma, obtém um
tempo para a seu modo mobilizar energia emocional
para o enfrentamento da situação. Trata-se de um
mecanismo temporário e útil, que tende a ser
substituído pela aceitação parcial. Neste momento, o
mais adequado é que a equipe de saúde não faça
interferências.
26. Raiva
• Numa próxima fase, descrita como de raiva,
ocorrem atitudes de revolta, fúria, inveja e
ressentimento dirigidos principalmente aos
familiares, amigos, Deus e equipe de saúde.
Essa fase exige da equipe, equilíbrio,
tolerância e a compreensão de que se trata de
uma manifestação de sofrimento psíquico,
que necessita de escuta e aceitação e de
cuidado para não interpretá-la como ofensa
pessoal.
27. Barganha
• A terceira fase, de barganha, a pessoa se utiliza
da estratégia de negociar o prolongamento da
vida, o que se manifesta por atitudes como a de
doar bens, comparecer regularmente à igreja,
fazer promessas, não repetir determinados
comportamentos, caso seja atendida em seu
pedido. Recomenda-se que a equipe estabeleça a
comunicação para que a pessoa possa expressar
dúvidas, ansiedades, desejos, visando à
elaboração da perda.
28. Depressão
• Encontra-se também, descrita como a quarta
fase, a de depressão, em que se inicia um
período de silêncio externo e interno, com
sinais de retraimento, desesperança, retardo
psicomotor, perturbações do sono e
alimentação. Kübler-Ross recomenda que
sejam respeitados os momentos de silêncio.
29. Aceitação
• Por fim, a fase de aceitação, na qual a pessoa
é capaz de falar serenamente sobre
sentimentos e a inevitabilidade da morte,
precisando de um profissional de saúde
capacitado para lidar com a finitude da vida, o
que vai muito além do cuidado com o corpo.
30.
31. Psicologia do desenvolvimento - Aula 7 (01/10/20)
Morte . Luto. Cuidados
paliativos
TED X FMUSP
“A morte é um dia que
vale a pena viver”
• Cuidados paliativos:
cuidar do sofrimento
nas suas várias
dimensões
• Intempéries e
sofrimento
•Doenças se repetem,
sofrimento não: os
tons do sofrimento
• Ética
• Escuta: ouvir como
gostaria de ser ouvido
• Encontrar sentido na
existência e na sua
história
Questões centrais
Discussão inicial
Discussão final
“Cuidados paliativos no SUS
em SP”: pesquisa Sofia e
Thais
• Dignidade e respeito
• Acolhimento: vínculo e a
garantia de um tratamento
digno
• Importância de cuidar do
cuidador
• Importância de olhar para
as profissionais
• Visão paliativa em todos
os segmentos
• A questão da hierarquia
• Comunicação
• Processo de
desenvolvimento envolve
pequenas e grandes perdas
• A importância dos
profissionais de saúde para
as notícias sobre a perda
• Processo de luto é
variável, pode existir
adoecimento no luto que
requer tratamento
• Distanciamento do
processo de luto não
auxilia
• Aceitação X negação
• Dimensão cultural da
morte
• Luto coletivo e
ritualização das despedidas
32. Psicologia do desenvolvimento - Aula 7 (01/10/20)
O papel da enfermagem no
desenvolvimento e cuidados com a
morte
Que experiências vocês tem com o tema/processo da morte?
Questões centrais
Discussão inicial
Discussão final
A importância do luto e elaboração a dor,
sentimento que se modifica ao longo do tempo
A relação da morte com a cultura:
compreensões, processos de luto,
tabus, religiosidade e rituais
A negação da morte e o papel
profissional nesse processo
A importância dos rituais
de despedida
Morte repentina x processo de
adoecimento: dificuldades percebidas na
despedida e processo de luto
A dificuldade de falar sobre a
morte e o medo da morte
A aprendizagem vivida no processo de morte e o
cuidado do cuidador
Postura profissional x
identificação com as demandas do
paciente: a importância da empatia
O descaso profissional e suas implicações para
os cuidados paliativos, morte e luto (para quem o
vive e para a família)
A escuta ao paciente: o conhecimento que
ele tem sobre si, seu corpo e seu processo
A questão do
suicídio