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213
SÉCULO XVIII
Entradas e Bandeiras – Guerra dos Mascates –Emboabas
– O Padre Voador – Capitania de São Paulo e Minas do
Ouro – Corsários Franceses – Guerra Livre e Trucidação
de Indígenas – Vice-Reinado do Brasil – Tratado de
Utrecht – Insurreição em Vila Rica – Redivisão Territorial
do Brasil – Novas Capitanias – Distrito Diamantino –
Picada de Goiás – Antônio José da Silva, o Judeu –
Expedição de La Condamine – Tratado de Madri – Era
Pombalina – Guerra Guaranítica – Terremoto de Lisboa –
Expulsão dos Jesuítas – Quilombos do Brasil Central –
Movimento Centrífugo da População Mineira – Tratados
de el Pardo, Paris e Santo Ildefonso – Nova Capital da
Colônia – “Viagem Filosófica” à Amazônia – Proibição de
Indústrias na Colônia – Conjurações Mineira, Fluminense
e Baiana – Primeiras Associações Literárias – Encenações
Teatrais – Artes Plásticas e Musicais
Década de 1700
1700
Março - Tratado provisional entre Portugal e França dirime as
controvérsias em torno dos limites fronteiriços entre o Brasil e a
Guiana Francesa.
214
15 de Abril – A Companhia Inglesa da Guiné, pretendendo
estabelecer estação marítima, procede a ocupação da ilha da Trindade
pelo capitão Edmond Halley, alegando estar abandonada.
– No contexto da guerra, no Ceará, entre as famílias Montes e
Feitosas, os índios jucás, que apoiam os Montes, chacinam os
quixelôs, aldeados em São Mateus, partidários dos Feitosas.
– Entre as inumeráveis entradas e bandeiras que a esse tempo
incursionam pelo interior brasileiro, salienta-se, entre outras, a
organizada por Manuel Borba Gato, que encontra minas na região de
Sabará, em Minas Gerais.
– “Deslumbrados ante a abundância do metal precioso que faiscava
por todo lado e na sofreguidão de sempre buscar novos filões, os
mineiros esqueceram-se do principal: ouro não se come. Foi um
desastre. Entre 1697 e 1698, 1700 e 1701, e em 1713, sem plantar
roçados de mandioca, feijão, abóbora e milho suficientes para o
número de pessoas que continuava afluindo à Minas, os moradores de
Minas morriam de fome com as mãos cheias de ouro, cravou, uma vez
mais, padre Antonil. Para escapar da fome, os mineiros aprenderam
ligeiro a engolir qualquer coisa: cães, gatos, ratos, raízes de paus,
insetos, cobras e lagartos. Devoravam, inclusive, o perigoso bicho-de-
taquara − larva branca, roliça e comprida que se encontra no interior
dos bambus” (Lília M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma
Biografia, 2015, p. 115).
1701
Agosto – Falece, no mar dos Açores, o cientista jesuíta Aluísio
Conrado Pfeil, que além de mapas do norte do Brasil, efetua várias
215
“explorações geográficas na capitania do cabo Norte, com a
finalidade de determinar os limites das terras de Portugal com as da
Espanha e da França” (Abraão de Morais, “A Astronomia no Brasil”,
in As Ciências no Brasil, vol. I, p. 103), escrevendo sobre o assunto
dois ensaios que serão utilizados pelo Barão do Rio Branco na questão
de limites do Brasil no Amapá.
– Celebrado o Tratado de Aliança entre Portugal e a França,
referendando tratado efetuado entre ambos os países no ano anterior,
fixando as fronteiras entre o Amapá e a Guiana Francesa.
– Em atendimento aos reclamos dos proprietários de engenho pelos
estragos que o gado fazia nos canaviais, é expedida carta régia
proibindo o estabelecimento de fazendas de criação no litoral
brasileiro numa faixa de dez léguas da costa.
1702
03 de Julho – Rodrigo da Costa assume a governadoria-geral do
Brasil, sucedendo-o mais três governadores até a instituição do vice-
reinado do Brasil, ocorrida em 1714 e que perdura até 1808.
1703
– Nada menos de 4.350 (quatro mil trezentos e cinquenta) quilos de
ouro brasileiro são remetidos, no ano, para Portugal, ultrapassando
todo o ouro obtido pela Metrópole Portuguesa nas regiões africanas de
Mina e Guiné. “Os Estados Unidos descobrem e exploram o seu ouro
216
em benefício próprio, quando já se haviam emancipado da Inglaterra,
ao passo que o ouro brasileiro, além de quase desmontar a nossa
incipiente formação agrícola, é carreado, às arrobas e às toneladas,
para Portugal” (Viana Moog. Bandeirantes e Pioneiros. 13ª ed. Rio
de Janeiro, editora Civilização Brasileira, 1981, p. 166).
– Em decorrência da guerra entre Portugal e Espanha, o governador de
Buenos Aires cerca durante seis meses a colônia portuguesa existente
na costa uruguaia em frente a Buenos Aires, conhecida como colônia
do Sacramento, e a ocupa, obrigando sua guarnição ir para o Rio de
Janeiro.
1705
08 de Setembro – Ao encerrar o mandato de governador-geral do
Brasil por ter sido nomeado vice-rei para a Índia e dar posse a Luís
César de Meneses, seu sucessor, Rodrigo da Costa, entre outras
medidas, ultima fábrica de salitre, organiza a de pólvora, reforma e
amplia as fortificações existentes em Salvador e na ilha de Itaparica.
19 de Dezembro – Falece o cientista jesuíta Valentim Estancel,
chegado ao Brasil em 1663, aqui continuando seus estudos
astronômicos e elaborando várias obras científicas, todas escritas em
latim e algumas delas comentadas por Leipzig em seu Acta
Eruditorum, tendo também “referência a uma de suas observações,
feita por Newton nos Principia Mattematica” (Abraão de Morais, op.
cit., vol. I, p. 99).
217
– Conquanto no Tratado entre Portugal e Espanha se reafirme e se
confirme o direito do primeiro à área da colônia de Sacramento, este a
perde para os espanhóis de Buenos Aires.
– Conforme a Mirador (vol. IV, p. 1.588), Luís César de Meneses
passa a ocupar o cargo de governador-geral da colônia, enquanto o
Novo Dicionário indica, para o fato, a data de 8 de setembro de 1708.
– Publicada em Roma a obra Economia Cristã dos Senhores no
Governo dos Escravos, do padre jesuíta Jorge Benci, reeditada no
Brasil em 1954 e 1977.
– Publicado em Lisboa volume de versos de autoria de Manuel
Botelho de Oliveira, sob o título, ora encurtado, de Música do
Parnaso.
1706
– Instala-se em Recife, sob os auspícios do governador, pequena
tipografia para impressão de letras de câmbio e orações devotas.
08 de Junho – Carta régia, porém, proíbe a impressão de livros e
papéis avulsos, fechando-se a tipografia.
– Com o início comprovado no Rio de Janeiro nesse ano das
atividades do pintor Caetano da Costa Coelho, forma-se, com o correr
do século, o que se denomina Escola Fluminense de Pintura, composta
ainda de José de Oliveira Rosa, João Francisco Muzzi, o escravo
Manuel da Cunha – cujo proprietário o leva a Lisboa para se
aperfeiçoar, sendo posteriormente alforriado – Leandro Joaquim,
Manuel Dias de Oliveira, José Leandro de Carvalho e, por fim,
218
Francisco Pedro do Amaral, este último atuando nas primeiras décadas
do século XIX.
09 de Dezembro – Falece o rei português d. Pedro II, sucedendo-o no
trono seu filho d. João V, que dirigirá o país até 1750.
1707
– Chega a Pernambuco o governador Sebastião de Castro Caldas,
encontrando suas duas maiores localidades, Olinda (onde residem os
nobres) e Recife (simples bairro, onde pontificam os comerciantes,
denominados mascates), em verdadeiro pé de guerra, tal a rivalidade
que se foi formando e acentuando com o tempo entre os habitantes de
uma e outra. Optando pela causa dos mascates, o governador chega a
transferir quase totalmente a sede do governo de Olinda para Recife.
Fim do Ano – A crescente animosidade entre forasteiros (emboabas)
e paulistas, que “defendiam as minas como de direito patrimônio (sic)
seu exclusivo” (Rocha Pombo, História do Brasil. 10ª ed., 1961, p.
221), marcada e agravada por incidentes diversos, gera total
intranquilidade, até que surge boato de que os paulistas decidiram
expulsar os adventícios, fazendo com que estes se reúnam em torno de
Manuel Nunes Viana, aclamando-o “governador das minas”, o qual,
por sua vez, instala seu governo numa de suas casas de Caeté, com o
que debandam os paulistas, concentrando-se em Sabará, onde Nunes
Viana os ataca, pondo-os em fuga.
– Publica-se em Lisboa o livro Notícias do Que é o Achaque do Bicho,
de autoria de Miguel Dias Pimenta, comerciante e curador recifense.
219
1708
20 de Abril – Carta régia determina guerra total aos índios do corso
(salteadores) nas capitanias do Norte e Nordeste com o objetivo de
exterminá-los, passando a fio de espada os que resistirem e vendidos
como escravos os aprisionados e os que se renderem.
– Nesse mesmo ano, por ordem do governador do Ceará, são
exterminadas as tribos dos icós, cariris, carius e caratius.
– Ao assumir o comando da região das Minas por ter sido ferido o
governador Pascoal da Silva Guimarães em ataques aos paulistas, frei
Francisco de Meneses e outros frades sagram Nunes Viana
governador supremo (ou ditador) das Minas Gerais.
– Os paulistas, após seguidas derrotas para os forasteiros, reúnem-se
no arraial do Rio das Mortes e, dado seu grande número, cercam o
arraial da Ponta do Morro, onde os emboabas resistem à espera do
socorro de mil homens mandados de Ouro Preto sob o comando do
sargento-mor Bento do Amaral Coutinho, os quais ao chegar já não
encontram os paulistas, que tinham levantado o cerco e se dispersado
em inúmeros grupos visando melhor se defenderem de possíveis
ataques. Um desses grupos é localizado acampado distante umas
quatro léguas (vinte e quatro quilômetros), onde é cercado e atacado,
combatendo-se durante dois dias, após os quais os paulistas se rendem
sob a promessa de garantia de vida, mas, tão logo desarmados, uns
trezentos combatentes são chacinados impiedosamente, sendo o lugar
onde se deu o massacre denominado daí diante de Capão da Traição.
220
1709
– Parte para a região conflagrada das Minas o governador do Rio de
Janeiro, Fernando Martins Mascarenhas de Lancastro, com intuito ou
pelo menos aparência de ir castigar os beligerantes, mas é posto a
correr por Nunes Viana e seus comandados.
Junho – Para dar cobro à situação convulsionada das Minas, a Corte
portuguesa nomeia como governador do Sul a Antônio de
Albuquerque Coelho de Carvalho, que depois de ouvir o emissário dos
emboabas, frei Miguel Ribeiro, parte com ele e pequena escolta para
Caeté, dominada pelos paulistas, dali mandando emissário a Ouro
Preto para intimar Nunes Viana a se apresentar em Caeté, onde este,
submetendo-se à nova autoridade, presta juramento de fidelidade aos
representantes do rei. Contudo, os paulistas, sob a chefia de Amador
Bueno da Veiga, organizam-se e se armam para a vingança, não
conseguindo Antônio de Albuquerque dissuadi-los. Fortificados em
Ponta do Morro, os forasteiros são atacados pelos paulistas,
combatendo-se durante uma semana, após a qual estes recuam para
evitar a grande força que os iria atacar, conforme notícia que recebem,
retirando-se para São Paulo, com entusiasmados forasteiros a
persegui-los até certo ponto.
05 de Agosto – Exibição pública em Lisboa, na presença do rei d.
João V e da Corte portuguesa, da Passarola, balão ou máquina
aerostática inventado e construído pelo padre Bartolomeu Lourenço de
Gusmão, nascido em Santos/SP em 1685 e falecido na Espanha em
1724, irmão do diplomata Alexandre de Gusmão e denominado o
Padre Voador, sendo considerado por Afonso E. Taunay, “o primeiro
221
americano a realizar, no cenário mundial, uma invenção notável”
(apud Novo Dicionário de História do Brasil, p. 326). Segundo
Raimundo de Meneses (Dicionário Literário Brasileiro. 2ª ed., 1978,
p. 327), Bartolomeu de Gusmão consagra-se “como o verdadeiro
precursor da aeronáutica no mundo, tentando os primeiros ensaios do
voo humano”. Conforme documentos existentes em arquivos
portugueses e no Vaticano, a Passarola é “instrumento de caminhar
pelo ar, muito mais rapidamente do que pela terra e pelo mar,
fazendo, algumas vezes, mais de 200 [duzentas] léguas de caminho
por dia” (Novo Dicionário de História do Brasil, p. 326).
03 de Novembro – Carta régia de d. João V desanexa Minas da
capitania do Espírito Santo para formar a capitania de São Paulo e
Minas do Ouro, com sede em São Paulo.
26 de Novembro – Lei opõe restrições à vinda ou visitação ao Brasil.
222
Foto 1: Quadro de João Francisco Muzzi
Foto 2: Quadro de José de Oliveira Rosa
Foto 3: Passarola
Foto 4: Economia Cristã dos Senhores/capa
Foto 5: Música do Parnaso.../capa
Foto 6: Mapa do litoral de Pernambuco
223
Década de 1710
1710
04 de Março – Surge o pelourinho em praça de Recife, mandado
lavrar em segredo pelo governador Sebastião de Castro Caldas,
organizando-se nesse dia a Câmara de Recife, tornada vila, ou seja,
município autônomo e independente de Olinda, protestando contra
isso o Senado de Olinda, pelo que o governador ordena a prisão de
algumas das mais importantes pessoas desta última vila.
03 de Maio – Assume Lourenço de Almada o cargo de governador-
geral da Colônia. O Novo Dicionário e a Mirador registram o
sobrenome de Almada. Abreu e Lima o de Almeida.
Setembro – Corsários franceses, sob o comando de Jean-François
Duclerc, invadem o Rio de Janeiro para se apoderarem do ouro vindo
de Minas Gerais, ação propiciada pela Guerra de Sucessão na
Espanha, que opõe França e Espanha contra Portugal, Grã-Bretanha e
Holanda. Diversos combates são travados em várias partes da cidade,
culminando com o que ocorre nas imediações da atual praça 15 de
Novembro, rendendo-se Duclerc, mas massacrada força francesa
estacionada no morro de Santa Teresa como reserva, calculando-se em
quatrocentos os mortos e cento e cinquenta feridos do lado invasor
contra cinquenta mortos e setenta feridos do lado dos brasileiros e
portugueses, além de quatrocentos e quarenta franceses feitos
prisioneiros.
224
27 de Outubro – O governador de Pernambuco, Sebastião de Castro
Caldas, sofre atentado a tiro quando passa por uma das ruas, ferindo-
se levemente, ordenando de imediato a prisão de inúmeras pessoas
suspeitas de serem mandantes.
09 de Novembro – Entra em Recife grupo armado de dois mil
homens organizado pelos nobres de Olinda para derrubar o
governador, que foge para Salvador, sendo os membros da Câmara
destituídos, destruído o pelourinho e outros símbolos da vila e
libertados os indivíduos presos por ordem do governador. Na Bahia, o
governador Castro Caldas é preso por ordem do governador-geral da
colônia e remetido no ano seguinte à Lisboa.
10 de Novembro – Celebra-se em Olinda congresso com a presença
da nobreza pernambucana, destacando-se, de tudo, a intervenção e
proposta de Bernardo Vieira de Melo, referindo-se, pela primeira vez
na colônia abertamente em reunião pública de grande relevância, em
independência em relação a Portugal e em regime republicano e,
mesmo que fossem derrotados, “lembrando mesmo o reduto dos
Palmares, onde teriam refúgio certo contra as armas do rei [....] em
qualquer caso, tudo era preferível a ficarem submissos aos forasteiros
do Recife” (apud Rocha Pombo, op.cit., p. 237), sendo a proposta
bastante discutida e apoiada por outros oito oradores, prevalecendo, ao
final, a deliberação de invocar, primeiro, a justiça do rei, entregando-
se o governo ao bispo d. Manuel Álvares da Costa, sucessor legal do
governador foragido, sob as condições de perdão geral para os
revoltosos, o fim da vila do Recife e outros reivindicações de natureza
econômica. “Apesar de a sedição de 1710 ter sido um conflito
municipal, as ideias se movimentaram além de Pernambuco. Os
225
sediciosos de Olinda conjugaram pela primeira vez na América
portuguesa independência e autogoverno e declararam preferir a
forma republicana ao governo dos reis” (Lília M. Schwarcz e Heloísa
M. Starling. Brasil: Uma Biografia, p. 141).
Novembro – Nova assembleia se reúne em Olinda, prevalecendo a
corrente dos moderados, pelo que a província continua fiel ao rei,
resolvendo-se também que o bispo só assume o governo sob a
condição de anistiar os revoltosos.
– Enquanto o bispo procura se equilibrar entre os polos desavindos,
Bernardo Vieira de Melo entra em choque com a guarnição de Recife
e assume o domínio da cidade, aclamando João da Mota governador
provisório, conseguindo o bispo ir para Olinda, onde reassume sua
autoridade.
− “A revolta de 1710 faz parte de um conjunto de eventos - de ruptura
da ordem colonial e movimentação contra a autoridade régia - que a
historiografia do século XIX designou como Guerra dos Mascates”
(Lília M. Schwarcz e Heloísa M. Starling, op. cit., p. 140). José de
Alencar, no romance histórico Guerra dos Mascates, aborda esse
acontecimento.
– Por volta desse ano são descobertas por paulistas ricas jazidas de
ouro em Pitangui/MG.
– Publicada no México a obra Luzeiro Evangélico, de frei João Batista
Morelli de Castelnuevo, nome clerical de Fulgêncio Leitão, primeiro
livro em língua portuguesa impresso na América.
– Publicado em Lisboa o opúsculo de autoria do padre Bartolomeu
Lourenço de Gusmão referente a outra de suas invenções: Vários
Modos de Esgotar Sem Gente as Naus Que Fazem Água.
226
1711
02 de Janeiro – Criada pelo bispo do Rio de Janeiro a Irmandade de
N.S. do Rosário dos Homens Pretos, uma das primeiras ou a primeira
das diversas organizadas na Colônia.
08 de Fevereiro – No mesmo sentido de disposições anteriores, nova
carta régia proíbe o comércio na colônia com estrangeiros.
19 de Fevereiro – Lei limita a vinda de estrangeiros ao Brasil.
18 de Março – Assassinado por grupo de homens mascarados o
corsário francês Duclerc, que anteriormente feito prisioneiro e depois
libertado residia em casa que alugara, cogitando-se em ato de
vingança.
09 de Junho – Parte da França, sob o comando do corsário René
Duguay-Trouin, esquadra de dezessete navios com setecentos canhões
e mais de quatro mil homens de desembarque para invadir o Rio de
Janeiro, sob o pretexto de vingar Duclerc.
08 de Julho – O arraial de Vila Rica (futura Ouro Preto) é transferido
vinte e cinco quilômetros aproximadamente do local originário para
onde está hoje e elevado à condição de vila (município) com a
denominação de Vila Rica, medida confirmada por carta régia
posterior.
11 de Julho – Ordem régia do rei de Portugal, d. João V, eleva a vila
de São Paulo à condição de cidade, cronologicamente a oitava do país
a obter essa designação, após Salvador, Rio de Janeiro, Paraíba,
Olinda, São Luís, Cabo Frio e Vila Rica.
12 de Setembro – A frota comandada por Duguay-Trouin,
aproveitando-se de forte nevoeiro, invade a baía da Guanabara.
227
13 de Setembro – Os corsários franceses ocupam a ilha das Cobras,
instalando nela suas baterias.
14 de Setembro – A frota francesa desembarca quatro mil
combatentes, dando inicio à ocupação do Rio de Janeiro, tendo o
governador Francisco de Castro Morais concentrado suas forças no
largo do Rosário e, intimado a se render, não concorda.
20 de Setembro – Os franceses iniciam o bombardeio do campo do
Rosário, semeando o medo e mesmo o pânico entre seus defensores.
21 de Setembro – Diante do ataque francês, alvitra o governador e
seu estado maior procurar sítio mais resguardado enquanto espera
reforço de Minas, indo para Engenho Novo e depois Iguaçu, com o
que debanda a população, desprotegida e apavorada, procurando se
esconder nas matas.
22 de Setembro – Abandonada a cidade do Rio de Janeiro, os
corsários franceses, sob o comando de Duguay-Trouin, procedem à
pilhagem, arrombando mais de setenta por cento das casas e armazéns,
apoderando-se do que encontram de valor.
09 de Outubro – Félix José Machado de Mendonça toma posse em
Olinda como novo governador de Pernambuco, procurando nos
primeiros dias conciliar as facções em conflito, soltando presos
políticos e recebendo de João da Mota as fortificações recifenses que
detinha.
10 de Outubro – Assinada capitulação do governador Francisco de
Castro Morais ao corsário Duguay-Trouin, que exigira resgate da
cidade sob a ameaça de incendiá-la totalmente, pagando-se-lhe em
moeda seiscentos e dez mil cruzados, além de caixas de açúcar e bois.
228
11 de Outubro – Chega a Iguaçu a tropa mandada de Minas para
socorrer os fluminenses com mais de cinco mil e quinhentos
combatentes, sob o comando de Antônio de Albuquerque, nada mais
podendo fazer diante do acordo assinado.
14 de Outubro – O terceiro conde de Castelo Melhor, Pedro de
Vasconcelos e Sousa, assume a governadoria-geral da Colônia.
18 de Novembro – Félix Mendonça, novo governador de
Pernambuco, surpreendentemente alinha-se aos comerciantes de
Recife, dando início à devassa, ordenando a prisão dos líderes da
revolta olindense do ano anterior, restaurando o pelourinho e
instalando a Câmara. Vieira de Melo e um filho refugiam-se em
Palmares, mas, entregando-se posteriormente, são presos e,
juntamente com outros prisioneiros, remetidos à Lisboa, onde d. João
V os solta e determina ao governador libertar todos os olindenses
detidos e a lhes restituir os bens sequestrados.
04 de Dezembro – Efetuado o último pagamento a Duguay-Trouin
dos seiscentos e dez mil cruzados acordados para resgate, quantia a
que se acresce o produto da pilhagem, elevando-se a alguns milhões
de cruzados o lucro dos corsários. Nesse mesmo dia partem os
franceses, que na viagem têm três navios naufragados. Castro Morais
é destituído do governo, processado e condenado a degredo perpétuo
na Índia.
– Criadas as municipalidades (vilas) mineiras de N. S. do Ribeirão do
Carmo (atual Mariana) e Vila Real do Sabará.
– Publicada em Lisboa a obra Cultura e Opulência do Brasil por Suas
Drogas e Minas, de André João Antonil, anagrama do jesuíta italiano
João Antônio Andreoni. As informações sobre minas de ouro e prata
229
contidas na obra servem de pretexto para o governo português
determinar seu sequestro e destruição, por divulgar o segredo do
Brasil aos estrangeiros. “Que lhes poderia ensinar de novo [o livro]?
A verdade é outra: o livro ensinava o segredo do Brasil aos
brasileiros, mostrando toda a sua possança (sic), justificando todas as
suas pretensões, esclarecendo toda a sua grandeza [....] Sem
amplificações, em forma tersa e severa, adunava algarismos e
mostrava o Brasil tal qual se apresentava à visão de um espírito
investigador e penetrante” (Capistrano de Abreu. Capítulos de
História Colonial, p. 186 e 184, respectivamente).
– Representada em Olinda e Recife a peça Comédias, em
oportunidades comemorativas.
1712
– Nesse ano a remessa de ouro brasileiro para Portugal atinge o ápice
com 14.500 (catorze mil e quinhentos) quilos.
– Visita o Brasil o cientista francês Amedée-François Fresier.
1713
Agosto – No Ceará, os índios anacés atacam a vila de Aquirás, tendo a
população fugido em direção à vila do Forte ou da Fortaleza de Nossa
Senhora da Assunção de Nova Bragança, atual Fortaleza. Alcançada
no caminho, tem umas duzentas pessoas mortas pelos índios. Face a
isso, o governador da capitania, ouvida a junta das figuras mais
230
importantes, como determina provisão do rei d. João V, ordena a
afixação nos edifícios públicos e igrejas do Banho de Guerra Livre
aos Selvagens. Segundo Gustavo Barroso (Nos Bastidores da História
do Brasil, s/d, p. 72), “Guerra de Corso era para escravizar, a de
Morte para aniquilar, mas ambas realizadas por agentes do governo.
A Guerra Livre podia ser feita por qualquer pessoa, como quisesse e
a qualquer tempo, sem dar contas a ninguém”.
– Em decorrência disso, nesse mesmo ano, são presos quatrocentos
anacés, dos quais noventa e cinco são trucidados e muitos outros
mortos ou escravizados, do que resulta ficarem “definitivamente
destruídas, além da nação dos anacés, as dos jaguaribaras e dos
canindés” (Gustavo Barroso, op.cit., p. 72).
– Instituída a vila de São João del Rei.
– Fim da denominada Guerra dos Bárbaros com as repressões
organizadas nesse ano contra tribos indígenas cearenses.
– Organizado o asilo do padre Antônio Manuel, em Pernambuco, para
isolamento de leprosos, comportando trinta doentes.
– Abolido o quinto de ouro, substituído pelo pagamento, por ano, de
trinta arrobas, procedendo-se a repartição da cota que cada Câmara de
Minas Gerais deverá contribuir.
– Nomeado pelo governador da província o mestre de campo Antônio
Pires de Ávila para pôr ordem no arraial de Pitangui/MG, o que não é
conseguido.
231
1714
Abril – Fixados os limites das três primeiras comarcas criadas em
Minas Gerais no início deste século, correspondentes, conforme
observa Cláudia Damasceno Fonseca (Arraiais e Vilas d’el Rei –
Espaço e Poder nas Minas Setecentistas. Belo Horizonte, editora da
UFMG, 2011, p. 143), a três grandes bacias hidrográficas: Ouro Preto
(bacia do rio Doce), Rio das Velhas (bacia do rio São Francisco) e Rio
das Mortes (bacias dos rios Grande e Paraná).
11 de Junho – O marquês de Angeja e segundo conde de Vila Verde,
Pedro Antônio de Noronha Albuquerque e Sousa, é nomeado vice-rei
do Brasil, titulação que daí por diante prevalecerá nas futuras
nomeações até a última delas, ocorrida em 1806.
– Nomeado o engenheiro militar Pedro Gomes Chaves para apaziguar
os habitantes de Pitangui e ao mesmo tempo cobrar as remessas do
quinto não procedidas, também não obtendo êxito.
– Volta ao Brasil, onde esteve em 1712, o cientista francês Amedée-
François Fresier, que posteriormente inclui em suas obras mapas e
estudos geográficos referentes a algumas regiões brasileiras.
– Elevadas à categoria de vilas, em Minas Gerais, a Vila Nova da
Rainha (atual Caeté) e Vila do Príncipe (atual Serro).
1715
06 de Fevereiro – Pelo Tratado de Utrecht é reconhecido o direito de
Portugal sobre a colônia do Sacramento, retomada no ano seguinte.
232
09 de Junho – Criada a vila de N. S da Piedade de Pitangui a fim de
facilitar a coleta de impostos, cujos métodos empregados pelos
camaristas (membros da Câmara) provocam violentas reações dos
habitantes.
05 de Julho – Carta régia proíbe o cativeiro injusto dos indígenas.
– Lourenço de Almeida assume a governadoria de Pernambuco e
procura normalizar a situação, “sem, no entanto, extinguir aquela
tradicional rivalidade entre portugueses e filhos da terra” (Rocha
Pombo. História do Brasil, op.cit., p. 239).
– Face às queixas de atrocidades cometidas pelos índios, ordem régia
mandada da metrópole determina a continuação da guerra contra eles
até seu total extermínio.
– Escrita pelo médico português Manuel dos Santos a Narração
Histórica das Calamidades de Pernambuco, Sucedidas Desde o Ano
de 1707 Até o de 1715.
1716
– Levante em Caeté/MG contra o regime de capitação na arrecadação
do imposto sobre o ouro, tendo o governador determinado a volta ao
sistema “da finta coletiva e fixa anual” (Rocha Pombo, op.cit., p.
228), consistindo a capitação em valor fixo a ser pago por cabeça de
escravo, incidindo sobre todas as pessoas que os tinham, segundo
Cláudia Damasceno Fonseca (op.cit., p. 196).
– A colônia do Sacramento é devolvida pelos espanhóis aos
portugueses, não sem antes procurar isolá-la, “povoando e
233
fortificando a região, então denominada do Monte do Vidéu”
(Gustavo Barroso, op. cit., p. 65).
– Finalmente encerrada a longa pendência judicial entre Duarte de
Albuquerque Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, anexada
em 1654 à Coroa, concedendo o rei d. João V a seus herdeiros o
marquesado de Valença e oitenta mil cruzados, “pagos no rendimento
daquela capitania em dez anos” (Abreu e Lima. Sinopse dos Fatos
Mais Notáveis da História do Brasil, p. 175).
1717
24 de Julho – O conde de Assumar, Pedro de Almeida, nomeado
governador da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, parte do Rio
de Janeiro para São Paulo para tomar posse do cargo, prosseguindo
viagem até Vila Rica, da qual é redigido diário por um dos membros
da comitiva. “O conde de Assumar governou a capitania de 1717 a
1721 e ficou célebre por bater duro na fama de insubmissão que
grassava entre os moradores, reafirmar a centralidade do poder real
e garantir o exercício da autoridade administrativa metropolitana”
(Lília M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma Biografia, p.
139).
– A dívida da vila de Pitangui ascende a sete arrobas de ouro, que a
própria Câmara, anteriormente encarregada de cobrá-la, recusa-se a
fazê-lo.
– Representadas em Salvador as peças El Conde de Lucanor e
Effectos de Odio y Amor, ambas de autoria de Calderón.
234
1718
09 de Março – Provisão real, contraditoriamente, reconhece a
liberdade dos índios, mas, recomenda a escravização dos que “andam
nus, atropelam as leis da natureza, não fazem diferença de mãe e filha
para satisfação de sua lascívia, comem-se uns aos outros” (apud
Martins Júnior. História do Direito Nacional, p. 209).
06 de Abril – Passada em Lisboa a escritura de aquisição pela Coroa
portuguesa por quarenta mil cruzados da capitania do Espírito Santo.
11 de Abril – Degredados do reino para Salvador diversos ciganos e
ciganas com seus filhos, em decorrência de “mau e escandaloso
procedimento” (Abreu e Lima, op.cit., p. 177), com proibição de
usarem sua língua e gíria, designando a Câmara da cidade o bairro da
Palma para sua habitação, que fica conhecido como Mouraria.
30 de Maio – Carta régia autoriza a escravização de duzentos índios
para aplicar o produto de sua venda na construção de igreja no
Maranhão.
21 de Agosto – No mandato do vice-rei do Brasil, o marquês de
Angeja, Pedro Antônio de Noronha Albuquerque e Sousa, encerrado
nessa data e transferido a Sancho de Faro e Sousa, segundo conde de
Vimieiro, construíram-se a nau Padre Eterno e diversas outras, além
de se ter cuidado e ampliado as fortificações da colônia e estabelecidas
áreas de corte de madeira para construções.
– A bandeira chefiada por Pascual Moreira Cabral Leme adentra o
atual Estado de Mato Grosso, descobrindo, na região do rio Cuiabá, as
minas de Caxipó-Mirim.
235
– “Numa carta dirigida ao vice-rei da Colônia, o conde de Assumar
relatava suas dificuldades para efetuar a cobrança do quinto naquela
povoação [Pitangui], que era um verdadeiro antro de rebeldes”
(Cláudia D. Fonseca, op.cit., p. 158).
– São José del Rei (atual Tiradentes) é elevada à categoria de vila.
1719
– O conde de Assumar nomeia o brigadeiro português João Lobo de
Macedo para dirigir a vila de Pitangui. “No entanto, o grupo de
paulistas que dominava a vila não aceitaria a autoridade do
brigadeiro reinol, expulsando-o de Pitangui” (Cláudia D. Fonseca,
op.cit., p. 159).
11 de Fevereiro – Segundo Joaquim Felício dos Santos (Memórias do
Distrito Diamantino, p.57/58), lei substitui o pagamento anual de
arrobas de ouro pela cobrança do quinto deduzido por ocasião da
fundição, estando proibida a saída de Minas Gerais de ouro em pó, sob
pena de perda do ouro, confisco de todos os bens e degredo por dez
anos na Índia.
19 de Abril – Concedida pelo rei d. João V de Portugal ao padre
Bartolomeu Lourenço de Gusmão patente de “instrumento para voar
pelos ares” (apud Novo Dicionário de História do Brasil, p. 327).
13 de Outubro – Por falecimento do vice-rei, assume o governo da
Colônia triunvirato composto do arcebispo d. Sebastião Monteiro da
Vide, do ouvidor Caetano de Brito e Figueiredo e do mestre de campo
João de Araújo e Azevedo.
236
Foto 1: Cultura e Opulência do Brasil/capa
Foto 2: Litografia de Ferdinand Perrot
Foto 3: As Expedições de Duclerc e de
Duguay-Trouin ao Rio de Janeiro/capa
Foto 1: Colônia de Sacramento
Foto 2: Nau Padre Eterno
237
Década de 1720
1720
20 de Março – Por lei é permitida a vinda ao Brasil apenas a
servidores públicos para cá designados, religiosos incumbidos de
missões e portugueses que “provassem com documentos irem fazer
negócio considerável, com fazendas suas ou alheias, para voltarem”
(apud Martins Júnior, História do Direito Nacional. 2ª ed., 1941, p.
212).
28 de Junho – Irrompe insurreição em Vila Rica contra o sistema e o
excesso da cobrança do imposto sobre o ouro, expulsando-se o
ouvidor e remetendo os sediciosos mensagem ao governador com
várias exigências, tendo este concordado em conceder ao povo o que
fosse justo desde que se restabelecesse a ordem. Conquanto
acalmando o povo com essa promessa, seus líderes o coloca
novamente em sedição. Contingente de uns dois mil revoltosos dirige-
se ao palácio do governador, conde de Assumar, em vila do Ribeirão
do Carmo (atual Mariana), onde novamente lhe apresentam reclamos e
reivindicações, por ele deferidos e, por isso, aclamado.
16 de Julho – Mesmo tendo o conde de Assumar acedido às
reivindicações, os revoltosos dão continuidade ao movimento,
desconfiados de suas reais intenções, formulando, segundo Rocha
Pombo (História do Brasil. 10ª ed., 1961, p. 231), novas exigências,
pelo que se considera que seu verdadeiro intuito não é reivindicar,
mas, o domínio das Minas, em decorrência do que é ordenada a prisão
238
dos líderes dos sediciosos, entre eles Filipe dos Santos, logo enforcado
e depois amarrado à cauda de um cavalo e, como diz o próprio conde
de Assumar em carta de 02 de agosto seguinte ao vice-rei do Brasil, na
Bahia, “o mandei arrastar e esquartejar” (apud Gustavo Barroso.
Nos Bastidores da História do Brasil, s/d., p. 97).
– “A pena capital não foi aplicada contra este [Pascoal da Silva
Guimarães] nem contra os outros poderosos que chefiaram a rebelião
[entre eles, o brigadeiro João Lobo de Macedo], incidindo apenas
sobre Filipe dos Santos, um modesto comerciante cujo papel na
rebelião tinha sido secundário” (Cláudia Damasceno Fonseca.
Arraiais e Vilas d’El Rei, 2011, p. 166).
– “O cerco da Metrópole à Colônia se completa no fiscalismo do
reino. Fiscalismo, expressão alheia aos tributos e derivada do sistema
de dependência: a Colônia não vive por si, nem se identifica à
Metrópole, senão que é estância provisória dos interesses sediados
junto à Coroa. A rapacidade tributária, ardentemente denunciada
pela generalidade dos historiadores, não passa de modalidade da
rapacidade maior, definida no sistema colonial.” (Raimundo Faoro.
Os Donos do Poder, 2000, vol. 01, p. 63).
23 de Novembro – Vasco Fernandes César de Meneses, futuro conde
de Sabugosa, toma posse do cargo de vice-rei do Brasil, que ocupa por
nada menos de quinze anos.
02 de Dezembro – Criada, por alvará, a capitania de Minas Gerais,
desmembrada da capitania de São Paulo e Minas do Ouro,
continuando o processo iniciado em 1709, e ainda em curso, de
redivisão e reorganização territorial brasileira, que, como quase tudo
no país, além de processado morosamente, permanece inacabado.
239
– Promovida intervenção na cavalaria dos Dragões na vila de Pitangui,
sob o comando do capitão José Rodrigues de Oliveira, que, após
diversos combates, expulsa os rebelados, perdendo, no entanto, muitos
soldados. Condenado à morte, Domingos Rodrigues do Prado, o
principal líder paulista e genro do bandeirante Bartolomeu Bueno da
Silva, consegue fugir, indo ao encontro do sogro em Goiás, onde
descobrem muitas minas de ouro.
– Criada em Minas Gerais a quarta comarca, de Serro Frio,
desmembrada da comarca do Rio das Velhas.
– A bula papal Copiosus in Misericordia cria o bispado do Pará.
– Elaborada planta da igreja de N. S. da Glória do Outeiro, no Rio de
Janeiro, de autoria do engenheiro militar, tenente-coronel José
Cardoso Ramalho, “primeiro exemplo nacional de solução barroca
empregando planta poligonal” (Carlos A. C. Lemos e José Roberto
Teixeira Leite, “Rio de Janeiro, o Porto do Ouro”, in Arte no Brasil,
vol. I, p. 230).
– Escrita em latim a História da Vice-Província do Maranhão do Ano
de 1607 a 1700, atribuída ao padre Matias Rodrigues.
1721
21 de Janeiro – Provisão proíbe o comércio com os franceses de
Caiena.
14 de Fevereiro – Carta régia autoriza a organização de bandeira para
desbravar e povoar o sertão do Novo Sul, futuro Sertão da Farinha
Podre, atual região do Triângulo.
240
19 de Março – Tempestade assola Salvador provocando verdadeiro
terror na população, da qual, no entanto, só resulta desabamento de
construções sem perda de vidas, pelo que é instituído, a partir daí,
anualmente, nesse dia, procissão de voto de graças.
Agosto – O capitão-general Lourenço de Almeida assume a
governadoria da capitania das Minas Gerais como seu primeiro titular,
dirigindo-a até setembro de 1732.
05 de Setembro – O capitão-general Rodrigo César de Meneses toma
posse com governador da capitania de São Paulo.
– A partir de novembro desse ano e continuando no ano seguinte,
várias incursões oficiais contra os índios são efetuadas no Ceará sob a
acusação de tropelias e roubo de gado, atingindo, entre outras tribos,
os tapiais do Jaguaribe, os índios da margem do rio Acaracu ou
Acaraú e das regiões de Aracatiaçu, Mundaú e Água das Velhas, bem
como a tribo dos jenipapos, no Jaguaribe. “A razão maior da luta
entre o colonizador e o aborígene no Nordeste do Brasil se acha no
fato de este caçar e prear as reses das fazendas, como se fossem
animais bravios. Ele não possuía nenhuma noção de propriedade.
Via, vagando pelas várzeas atapetadas de panasco verde manadas de
bois, vacas, vitelas e garrotes. Para sua fome cada uma daquelas
cabeças de gado valia mais do que uma capivara e o mesmo que uma
anta” (Gustavo Barroso, op.cit., p. 73). Outro fator de atritos violentos
entre índios e colonos era a colheita do caju nas faixas litorâneas,
ocasionando o que o mesmo historiador denomina “Guerra do Caju”.
241
1722
30 de Junho – Pelo regimento assinado nesse dia, decorrente da carta
régia de 14 de fevereiro de 1721, Rodrigo César de Meneses,
governador da província de São Paulo, assina contrato com
Bartolomeu Bueno da Silva Filho (Anhanguera 2º) para descoberta de
minas de ouro, prata e pedras preciosas. “Segundo os cronistas
(Arquivo Público de São Paulo, vol.XII, p.61), a expedição partiu de
São Paulo nesse mesmo dia 30 de junho de 1722. Na numerosa
expedição, chefiada pelo Anhanguera, homem de inteligência
cultivada e poderoso, se viam seu mencionado genro Ortiz, riquíssimo
e audaz, Antônio Pedro Calhamares, Antônio Ferraz de Araújo e
Urbano do Couto que, mais tarde, guiou a abertura da famosa picada
de Goiás. Um corpo de 500 [quinhentos] homens, preparados à custa
de Ortiz, formava o grosso da comitiva” (Alexandre de Sousa Barbosa
e Silvério José Bernardes. A Estrada do Anhanguera, 1911, p. 06 e
07). No entanto, “organizou-se a bandeira goiana que se compunha
de 152 pessoas, e não 500, como exagerou o cronista Pedro Taques”
(Edelweiss Teixeira. O Triângulo Mineiro Nos Oitocentos. Uberaba,
Intergraf editora, 2001, p. 23). Para Hildebrando Pontes (História de
Uberaba, p. 37) e Edelweiss Teixeira (op. cit., p. 24), a partida da
bandeira deu-se no dia 03 de julho seguinte.
– Participante da bandeira do Anhanguera 2º, o alferes português José
Peixoto da Silva Braga, avisado por ele de que estão nas proximidades
do local onde corre o rio Maranhão, resolve deixá-la e com dezenove
homens, catorze deles escravos, desce o referido rio e o Tocantins até
242
Belém do Pará, fazendo assim o percurso de ligação do sul e do Brasil
central com a Amazônia, futura rota de navegação fluvial.
– Nasce na atual cidade de Santa Rita Durão/MG, o futuro poeta José
de Santa Rita Durão.
1723
– Descoberta a existência de diamantes no Brasil.
– Por ordem do rei d. João V são transferidos inúmeros habitantes das
ilhas dos Açores para Santa Catarina.
1724
04 de Janeiro – A estrondo subterrâneo segue-se rápido tremor de
terra em Salvador e na ilha de Itaparica, antecedendo grande estiagem
que assola a província da Bahia por quatro anos (1724 a 1728) a ponto
de secar as fontes da capital.
22 de fevereiro – Carta régia portuguesa determina sejam tomadas
medidas conducentes a que o país reentre na posse da ilha da
Trindade, indevidamente ocupada por companhia britânica desde
1700.
07 de Março – Fundada em Salvador a primeira associação literária
organizada na colônia, com apoio direto do vice-rei Vasco Fernandes
César de Meneses, a Academia Brasílica dos Esquecidos, objetivando
estudo da História do Brasil sob os aspectos natural, militar,
eclesiástico e político, derivando sua denominação, segundo alguns,
243
da circunstância de seus fundadores não terem sido lembrados para
compor a Academia Real de História Portuguesa de Lisboa,
incentivando a entidade baiana a elaboração de diversos livros por
seus membros, como a História da América Portuguesa (1730), de
Rocha Pita; Dissertação Sobre as Coisas Naturais do Brasil, de
Caetano Brito e Figueiredo; Dissertação Crítico–Jurídico-Histórica
da Guerra Brasílica, de Inácio Barbosa Machado; e Dissertação da
História Eclesiástica do Brasil, do padre Gonçalo Soares da Franca.
1725
04 de Fevereiro – A Academia Brasílica dos Esquecidos realiza sua
décima-oitava e última reunião.
26 de Julho – Fundado o arraial de Vila Boa, em Goiás, pelo
Anhanguera 2º. Mirador (vol. 10, p. 5365) informa que esse fato dá-se
em 1727.
– No sul de Mato Grosso, onde habitam, os índios guaicurus destroem
frota de canoas, matando seiscentas pessoas.
1726
13 de Março – Pastoral do bispo pernambucano d. José Fialho proíbe
representações teatrais no interior das igrejas, em decorrência de
abusos praticados.
Maio – Depois de ter chegado a São Paulo, de volta da primeira
expedição, com apenas 70 (setenta) homens, o Anhanguera 2º retorna
244
a Goiás com “uma segunda bandeira composta de 152 pessoas”
(Hildebrando Pontes, op. cit., p. 42).
– Elevada à vila a povoação de Fortaleza, sob a denominação de
Fortaleza de N. S. da Assunção do Ceará Grande. Mirador (vol. 09, p.
4806) indica que essa circunstância ocorre em 1699 e que em 1725 “é
criado o município (sic)”, terminologia e categoria que, ao que tudo
indica, não existiam.
– Os índios guaicurus atacam e matam grupo de portugueses que é
acompanhado de índios parecis.
– Chega ao Brasil o escultor português Manuel de Brito, que, com o
escultor também português, Francisco Xavier de Brito, trabalham na
igreja de São Francisco da Penitência. Este último atua na capela-mor
da Matriz de N. S. do Pilar, em 1746, em Ouro Preto. Segundo José
Roberto Teixeira Leite e Carlos A. C. Lemos, houve em Minas Gerais,
como no Rio de Janeiro, um “estilo Brito”, que chega a influenciar até
mesmo Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (“Rio de Janeiro, o
Porto do Ouro”, in Arte no Brasil, vol. I, p. 241).
1727
– O militar e sertanista Francisco de Melo Palheta traz de Caiena, na
Guiana Francesa, sementes e mudas de café, que planta em Belém,
organizando pequeno cafezal.
245
1728
Abril – Extraídas das minas de Cuiabá com grande sacrifício da
população, são remetidas a Lisboa via São Paulo e Rio de Janeiro, sete
arrobas de ouro em cunhetes fechados e selados, “onde abertos (diz-se
que em presença del rei d. João V, e de alguns ministros estrangeiros,
que convidara de propósito para presenciarem este ato), achou-se
chumbo em grãos de munição em lugar do ouro” (Abreu e Lima.
Sinopse dos Fatos Mais Notáveis da História do Brasil. 2ª ed., 1983,
p. 187/188).
10 de Maio – Sublevam-se os soldados do terço velho da Bahia, ao
fim de que sete de seus membros, considerados líderes da revolta, são
executados e vários outros degredados.
– Os índios guaicurus atacam e matam mercadores que se dirigem a
Cuiabá.
– Publicado o Compêndio Narrativo do Peregrino da América, de
autoria do escritor baiano Nuno Marques Pereira, “uma das obras
mais lidas em Portugal no século XVIII” (Mirador), constituindo um
dos antecedentes do gênero ficcional na literatura brasileira.
– À grande seca que abateu a Bahia segue-se período de quatro anos
de rigoroso inverno, em que as chuvas destroem lavouras e engenhos,
matando escravos e reses e provocando desabamentos.
246
1729
05 de Junho – Nasce em Ribeirão do Carmo (atual Mariana), o futuro
poeta e conspirador mineiro, Cláudio Manuel da Costa.
18 de Novembro – Alvará d. João V dirigido ao vice-rei do Brasil
determina “fazerem-se mapas das terras do dito Estado não só pela
marinha, mas pelos sertões, com toda a distinção, para que melhor se
assinalem e conheçam os distritos de cada bispado, governo,
capitania, comarca e doação” (apud José Veríssimo da Costa Pereira.
A Geografia no Brasil, in As Ciências no Brasil, vol. I, p. 327).
– Inaugurado em Salvador o teatro da Câmara Municipal.
– Levadas à cena em Salvador as peças Fineza Contra Fineza, La
Fiera, El Rayo Y la Piedra e El Monstruo de Los Jardines, todas de
Calderón e, ainda, La Fuerza del Natural e El Desdén Con el Desdén,
ambas de Agustín Moreto y Cabaña, todas representadas nas festas de
casamento de príncipes portugueses e espanhóis.
– A partir desse ano intensificam-se cada vez mais as encenações
teatrais no país, ocorrendo diversas delas, além de outras de que se
não tem notícia, em Cuiabá, São Luís, Vila Rica, Belém, Recife,
Mariana, Rio de Janeiro, São Paulo, Diamantina e Salvador.
– Com a 66ª expedição dos jesuítas, chegam ao Brasil os matemáticos
e astrônomos, padres Domingos Capassi e Diogo Soares, nomeados
por d. João V para efetuar o levantamento cartográfico do sul da
Colônia, cabendo ao primeiro a parte astronômica e ao segundo a
relativa às ciências naturais e geográficas. Antes de virem para o
Brasil, Capassi publicara nas Acta Eruditorum de Leipzig ensaios
247
sobre eclipses da lua e sobre satélites de Júpiter e Diogo Soares
lecionara matemática no colégio Santo Antão, de Lisboa.
248
Foto 1: Vila Boa de Goiás em 1751
Foto 2: Igreja São Francisco da Penitência
Foto 3: Peregrino da América/capa
249
Década de 1730
1730
– Carta régia estabelece caminho entre São Paulo e Goiás,
correspondendo aproximadamente ao trajeto do Anhanguera, “como o
único caminho para as minas de Goiás, e previa penas para quem
usasse desvios” (Luís Augusto Bustamante Lourenço. A Oeste das
Minas (Escravos, Índios e Homens Livres Numa Fronteira
Oitocentista: Triângulo Mineiro – 1750-1861. Uberlândia,
Universidade Federal de Uberlândia/Instituto de Geografia, 2002, p.
34).
– Organiza-se no Rio de Janeiro sociedade de mineradores, composta,
entre outros, por Luís Teixeira, Inácio de Sousa e Francisco da Costa
Nogueira, destinada a burlar o pagamento do imposto que recai sobre
a produção do ouro, para isso montando fábrica de moedas em
Paraopeba, em propriedade do guarda-mor Luís Teixeira.
– Além de outros ataques em diversas oportunidades, os índios
guaicurus matam mais de quatrocentos homens, entre eles o ouvidor
Antônio Alves Lanhas Peixoto, quando este se dirigia a São Paulo.
– Entre esse ano e 1736, os padres jesuítas e cientistas Domingos
Capassi e Diogo Soares, além de inúmeros mapas, elaboram a
Tabuada das Latitudes dos Principais Portos, Cabos e Ilhas do Mar
do Sul na América Austral e Portuguesa.
– Publicada em Lisboa a História da América Portuguesa, de
Sebastião da Rocha Pita.
250
– Elevado à categoria de vila o arraial de N. S. do Bom Sucesso das
Minas Novas do Araçuaí (Minas Novas).
– Nasce em Ouro Preto, provavelmente nesse ano (aventa-se também
o ano de 1738), Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
1731
19 de Março – Expedida carta régia atinente à mineração no Brasil.
– Denúncia partida de Lisboa determina devassa e ocupação da fábrica
clandestina de moedas em Paraopeba. A respeito do assunto, o
conselheiro José Antônio da Silva Maia, ministro de Estado no
reinado de d. Pedro I, em seu livro Memórias Sobre o Quinto do Ouro
em Minas Gerais, citado por Gustavo Barroso (Nos Bastidores da
História do Brasil, s/d., p. 81), afirma que o principal interessado
nessa fabricação de moeda falsa era “um muito próximo parente del-
rei d. João V”, o que não se apurou oficialmente!
1732
– Grande epidemia assola Pernambuco, na qual se destaca a atuação
do bispo d. José Fialho na assistência às vítimas.
– Com o término na Bahia do quatriênio excessivamente chuvoso,
segue-se outro período de quatro anos de “seca assoladora, vindo a
fome coroar a obra da ruína da agricultura” (Abreu e Lima. Sinopse
dos Fatos Mais Notáveis da História do Brasil. 2ª ed., p. 199).
251
1733
27 de Outubro – Proibida por lei a abertura de novas vias e picadas
para as minas, devendo o trânsito, entrada e saída ser realizados pelos
antigos e públicos caminhos.
– Depois de praticarem novas matanças no sul de Mato Grosso, é
mandada contra os guaicurus grande expedição que os ataca e derrota
nas ilhas do rio Paraguai, o que não os impede de promover novas
chacinas de colonizadores nos anos seguintes até 1775.
1734
24 de Março – Representação dos povos que se comprometem, para
evitar a implantação do sistema de capitação, a contribuir com cem
arrobas de ouro anualmente para a Fazenda Real. “Procurava-se o
método mais próprio a promover os interesses da Fazenda, quaisquer
que fossem os vexames que sofressem os povos. O grande problema
consistia em sugar-lhes o sangue sem se revoltarem” (Joaquim
Felício dos Santos. Memórias do Distrito Diamantino. 3ª ed. Rio de
Janeiro, edições O Cruzeiro, 1956, p. 126).
19 de Julho – Bando do conde de Galveias, então governador da
capitania de Minas Gerais, proíbe a mineração de diamantes no
distrito demarcado no Tijuco, cassando as cartas de datas para
exploração de lavras auríferas, patrulhando pelo Corpo de Dragões as
terras demarcadas e instaurando devassa contra os violadores do
bando, objetivando a medida o despovoamento do distrito dos
252
diamantes, “para que só a Coroa pudesse usufruir os seus tesouros,
quaisquer que fossem as consequências” (Joaquim Felício dos Santos,
op.cit., p. 73).
24 de Dezembro – Portaria governamental determina ao Intendente
de Diamantes do Tijuco executar “todas aquelas providências que
parecerem convenientes ao fim pretendido de manter severamente a
proibição de extraírem-se diamantes, reduzindo o distrito em que se
acharam ao estado antigo” (apud Joaquim Felício dos Santos, op. cit.,
p. 73/74).
– Nova pastoral do bispo pernambucano d. José Fialho estende a
proibição de representações de comédias em qualquer local.
– Para melhor fiscalizar a extração de diamantes no Tijuco
(Diamantina) cria-se a Intendência dos Diamantes.
– Publicado nesse ano, segundo José Aderaldo Castelo (“O
Movimento Academicista”, in A Literatura no Brasil, organizada por
Afrânio Coutinho. Rio de Janeiro, editora Sul Americana, 1955, vol. I,
tomo 1, p. 436), o Triunfo Eucarístico, de Simão Ferreira Machado,
crônica da festa celebrada por ocasião da trasladação do sacramento
da igreja do Rosário para a igreja da Senhora do Pilar em Vila Rica,
ocorrida em maio do ano anterior. Já conforme Valtencir Dutra e
Fausto Cunha (Biografia Crítica das Letras Mineiras. Rio de Janeiro,
Instituto Nacional do Livro, 1956, p. 22), esse “quase registro, em
forma de ata, daquela cerimônia, editou-se em Lisboa, no ano de
1744”.
253
1735
06 de Janeiro – Para mais diretamente controlar o Tijuco, ordem
governamental determina ao ouvidor-geral da comarca não mais
exercer nela suas atribuições, que passam ao intendente, que exercerá,
daí em diante, a jurisdição de ouvidor.
11 de Maio – O conde das Galveias, André de Melo e Castro, assume
o cargo de vice-rei do Brasil, que ocupa por catorze anos.
01 de Julho – Implantado o sistema da capitação por meio de termo
em sessão dos procuradores das Câmaras, abolindo-se o imposto do
quinto, proibido o uso da moeda, mas tendo livre curso o uso do ouro
em pó, sendo que todo habitante de Minas Gerais, mineiro ou não,
passa a pagar quatro oitavas e três quartos de ouro referente a cada
escravo que tenha, pagando-os também os forros e os oficiais de
qualquer ofício. “O método da capitação desgraçou e arruinou muitos
mineiros e roceiros, que não podendo pagar os impostos davam à
penhora, e se arrematavam, seus escravos e propriedades” (Joaquim
Felício dos Santos, op.cit., p. 129).
– Sitiada a colônia do Sacramento por tropas espanholas de Buenos
Aires, cerco que dura vinte e três meses “de refregas contínuas em
terra e no mar” (Rocha Pombo. História do Brasil. 10ª ed., p. 272).
– Editada em Lisboa a obra Erário Mineral, dividida em doze
tratados, de autoria do médico português Luís Gomes Ferreira,
destinada à divulgação em Minas Gerais, onde clinica por muitos
anos, de conhecimentos médicos em linguagem acessível, versando
principalmente a terapêutica baseada em plantas.
254
1736
14 de Fevereiro – Falece em São Paulo o padre jesuíta e cientista
Domingos Capassi, a quem se deve juntamente com o padre Diogo
Soares “o primeiro levantamento das latitudes e longitudes de grande
parte do Brasil” (Abraão de Morais, “A Astronomia no Brasil”, in As
Ciências no Brasil, vol. I, p. 104).
05 de Março – Ordem expressa do rei de Portugal para se organizar
expedição contra os caiapós, em decorrência de que a “estrada, de
Moji até Goiás, atravessava terras ocupadas pelos índios caiapós,
nação pacífica e poderosa, que irritada pelos abusos cometidos pelos
viandantes, muitas vezes interceptou o trânsito de São Paulo a Goiás”
(Alexandre de Sousa Barbosa e Silvério José Bernardes. A Estrada do
Anhanguera. Uberaba, tipografia Jardim, 1911, p. 8).
– “Os caiapós do Triângulo, em desafronta aos maus tratos recebidos,
constituíram o terror da zona, pelos seus constantes ataques a
fazendeiros estabelecidos e a viajantes” (Hildebrando Pontes. História
de Uberaba e a Civilização no Brasil Central, p. 20).
06 de Maio – Fundada no Rio de Janeiro, no palácio do governo, a
Academia dos Felizes, segunda associação literária instituída no
Brasil, compondo-se de trinta membros, organizando uma Oração
Acadêmica Panegírica, cujos originais se encontram na Biblioteca
Nacional.
19 de Setembro – Falece no arraial da Barra/GO, por ele fundado, o
Anhanguera 2º, na maior pobreza, em consequência da perseguição
que lhe moveu “em 1728 o então governador de São Paulo, Caldeira
Pimentel, célebre nos fastos da gatunice” (Alexandre Barbosa e
255
Silvério Bernardes, op. cit., p.7).
– Abertura da picada de Goiás, saída de Minas Gerais e passando do
lado oriental da serra da Canastra, terminada em 1738, ligando as
minas goianas a São João del Rei e Vila Rica.
– Comissão da Academia de Ciências da França, composta por L.
Godin, P. Bouger e Charles Marie de la Condamine, dirige-se ao Peru
com a finalidade de medir um arco do meridiano próximo ao Equador.
– Nasce em Vila Rica o futuro compositor e cantor, Inácio Parreiras
Neves, que tem duas obras recuperadas, Credo para coro misto e
orquestra e Oratório ao Menino Deus Para a Noite de Natal,
considerada, por Gérard Béhage, seu descobridor, segundo Vasco
Mariz (História da Música no Brasil. 4ª ed., p. 49), “a única obra
coral secular de Minas Gerais”.
1737
18 de Setembro – O governador nomeado para o Estado do Maranhão
toma posse em Belém por ordem expressa de Portugal, segundo Abreu
e Lima (op. cit., p. 200), o que se repetiria em 1751, criando-se, na
prática, o Estado do Grão-Pará e do Maranhão, transferindo-se a
capital de São Luís para Belém.
– Fundação pelo brigadeiro José da Silva Pais da colônia de São Pedro
ou do Rio Grande de São Pedro na margem direita da lagoa dos Patos,
posteriormente denominada Porto Alegre. Para Mirador (vol. 17, p.
9165), isso teria ocorrido em 1740.
– Publicado em Lisboa o poema sobre José de Anchieta, Orpheus
Brasilicus Sive Eximius Elementaris Mundi Harmostes: Nempe
256
Josephus de Anchieta Novi Orbis Thaumaturgus, et Brasiliae
Apóstolus, de autoria do padre jesuíta Francisco de Almeida.
1738
14 de Janeiro – Fundada no Rio de Janeiro a casa dos Expostos para
abrigo de recém-nascidos abandonados, de que se origina a primeira
fundação do país, denominada fundação Romão de Matos Duarte em
homenagem ao instituidor da referida casa.
11 de Agosto – Criada a capitania de Santa Catarina e do Rio Grande
de São Pedro (Abreu e Lima, op. cit., p. 201).
– Chega ao Rio de Janeiro para lecionar artilharia, o engenheiro
militar português, José Fernandes Pinto Alpoim, “o maior arquiteto
setecentista do Rio de Janeiro, autor de edifícios importantes, que
revelam extremo bom gosto e requinte de acabamento” (Carlos A. C.
Lemos e José Roberto Teixeira Leite, “Rio de Janeiro, o Porto do
Ouro”, in Arte no Brasil, vol. I, p. 229), projetando, entre outros, o
Paço da Cidade (praça XV de Novembro), atribuindo-se-lhe também o
projeto do convento de Santa Teresa e, em Minas Gerais, o plano
urbanístico de Mariana, construindo, em Ouro Preto, a residência dos
governadores, atual sede da escola de Minas e Metalurgia.
1739
10 de Junho – Contratados, por meio de arrematação, João Fernandes
de Oliveira e Francisco Ferreira da Silva para extração de diamantes
257
por quatro anos, tendo a assisti-la o próprio governador Gomes Freire
de Andrade.
18 de Outubro – Vítima da sanha da Inquisição, é degolado na praça
da Forca, em Lisboa, e entregue às chamas de uma fogueira, o
dramaturgo Antônio José da Silva, o Judeu, nascido no Rio de Janeiro
em 1705 e autor de diversas peças teatrais, entre as quais Guerras do
Alecrim e Manjerona.
– Instituído por José de Sousa Armeiro o hospital da Ordem Terceira
do Carmo no Rio de Janeiro.
258
Foto 1: Via Anhanguera
Foto 2: Índios Guaicurus
Foto 3: Triunfo Eucarístico
Foto 4: Erário Mineral/capa
Foto 5: Picada de Goiás
259
Década de 1740
1740
28 de Fevereiro – Extingue-se a Academia dos Felizes.
– Nasce em Vila Rica o futuro compositor, regente e trompista,
Marcos Coelho Neto, autor, entre outras obras, do hino Maria Mater
Gratiae para coro a quatro vozes.
1741
Agosto – Início no Rio de Janeiro do internamento regular de leprosos
no país, já que o lendário “Campo dos Lázaros” da Bahia constituiu
“aglomerado apenas improvisado pela força das circunstâncias”
(Pedro Sales. História da Medicina no Brasil, 1971, p. 114), nascendo
aí “o primeiro hospital para morféticos no Rio de Janeiro, e o
primeiro oficialmente instalado no Brasil” (Pedro Sales, op. cit., p.
115).
20 de Dezembro – Bula do papa Benedito XIV proíbe
terminantemente, sob pena de excomunhão, que qualquer pessoa,
secular ou eclesiástica, possua índios como escravos ou os reduza, por
qualquer forma, a cativeiro.
– Sob o comando do sargento-mor João da Silva Ferreira, autorizado
por Gomes Freire de Andrade, é desferido o primeiro ataque ao
quilombo do Ambrósio, sem conseguir derrotá-lo. Segundo Tarcísio
José Martins (no polêmico e panfletário Quilombo do Campo Grande
– A História de Minas Roubada do Povo. São Paulo, edição de A
260
Gazeta Maçônica, 1995, p. 184), esse seria o primeiro dos dois
quilombos existentes com essa denominação, situado no município de
Cristais/MG.
– O bispo do Rio de Janeiro, d. João da Cruz, ao visitar Minas Gerais
manifesta tanta avareza e interesse material, que são tirados os badalos
dos sinos para não repicarem em sua homenagem e destelhada a casa
em que reside, com o que volta ao Rio.
1742
Janeiro – A Câmara de Vila Boa (Goiás) recorre a de Cuiabá, que
contrata o coronel Antônio Pires de Campos Filho para combater os
índios caiapós estabelecidos na região do Triângulo, o que é efetivado.
Anteriormente, “pelo menos oito pedidos de socorro aflitivos foram
feitos de Vila Boa aos governadores de São Paulo, que administravam
Goiás, até dezembro de 1749” (Edelweiss Teixeira. O Triângulo
Mineiro Nos Oitocentos, 2001, op. cit., p. 38).
– Pires de Campos Filho instala as primeiras quatro aldeias indígenas
das 18 (dezoito) que, segundo Eschwege, são organizadas na região do
Triângulo, ao lado da estrada do Anhanguera, visando a proteção das
caravanas que nela trafegam.
1743
Janeiro – Procedido sob o comando do tenente Manuel Cardoso da
Silva segundo ataque ao quilombo do Ambrósio I.
261
09 de Maio – Gomes Freire de Andrade, autorizado pelo rei
português, estabelece Regimento ao cirurgião-substituto de Minas
Gerais. “Foi, com certeza, de acordo com essa lei que se licenciou
Tiradentes” (Ernesto Sales Cunha. História da Odontologia no Brasil.
3ª ed., 1963, op.cit., p. 53).
Julho – O cientista francês M. de La Condamine, enviado ao Peru
pela Academia Francesa na expedição destinada a determinar a
medida de um arco de meridiano, encerrados os trabalhos, volta para a
Europa descendo o rio Amazonas, oportunidade em que “levantou a
carta do grande rio e fez observações preciosas diretamente ligadas à
geografia, à astronomia, à navegação, à história natural e à física”
(José Veríssimo da Costa Pereira. “A Geografia no Brasil”, in As
Ciências no Brasil, vol. I, p. 327).
Setembro – Chega a Belém, vindo do Peru pelo rio Amazonas, o
cientista francês La Condamine.
01 de Novembro – La Condamine aproveita a ocorrência em Belém
de eclipse lunar para determinar latitude e longitude, encontrando,
para essa cidade, latitude: 1º28’s; longitude: 3h.24m, a oeste de Paris,
além de completar os estudos realizados no Equador atinentes à
variação da aceleração da gravidade com a altitude.
31 de Dezembro – Renovado no distrito Diamantino por mais quatro
anos o contrato de João Fernandes de Oliveira e Francisco Ferreira da
Silva.
– Organizada em São João del Rei expedição armada para defender a
região do arraial de Campanha das pretensões do governo paulista
sobre a área.
262
1744
16 de Maio – Expedido para fiscalização das várias especialidades da
medicina o Regimento aos Comissários do Físico-Mor deste Reino,
nos Estados do Brasil.
11 de Agosto – Nasce na cidade do Porto/Portugal, o futuro poeta e
conspirador mineiro Tomás Antônio Gonzaga.
– Impresso em Lisboa o livro Exame de Artilheiros, de autoria do
sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim, professor de artilharia no
Rio de Janeiro.
1745
10 de Novembro – Nasce em Goiana/PE o futuro médico José
Correia Picanço, que exercerá papel fundamental na instalação de
ensino médico no Brasil ao convencer d. João VI a promovê-lo em
caráter oficial.
– Pela bula papal Candor Lucis Eternae são criados os bispados de
São Paulo e de Mariana/MG e as prelazias de Cuiabá e Goiás.
– Nasce em São José do Rio das Mortes/MG (atual Tiradentes), o
compositor Manuel Dias de Oliveira, autor de várias obras, entre elas,
Ofício de Defuntos para coro e órgão, Magnificat e Sábado Santo de
Manhã.
– Publicado na França o livro em que La Condamine descreve a
viagem empreendida pelo rio Amazonas do Peru a Belém, intitulado
Rélation Abrégée d’Un Voyage Fait Dans l’Intérieur de l’Amérique
263
Méridionale - avec une carte du Maragnon, ou de la Rivière des
Amazones, em que, como costume nesses séculos, o longo título
representa verdadeira sinopse da obra.
– Após pelo menos quatro décadas de dúvidas e disputas entre as vilas
Rica e do Carmo para sediar diocese, o rei d. João V escolhe a vila do
Carmo, que é elevada à categoria de cidade e rebatizada de Mariana
em homenagem à rainha.
1746
01 de Junho – Bando e portaria do governador da capitania de Minas
Gerais, conde de Bobadela (Gomes Freire de Andrade) para equipar e
organizar corpo de armas que, sob o comando do capitão Antônio
João de Oliveira, ataca o quilombo do Ambrósio, que chega a ter
1.000 habitantes, situado, segundo Valdemar de Almeida Barbosa,
citado por Tarcísio J. Martins, entre os rios Quebra-Anzol e
Misericórdia, no município de Ibiá, estação de Tobati, região do
Triângulo, sendo Ambrósio aprisionado e morto nesse ano.
Entretanto, segundo Tarcísio José Martins (História da Música no
Brasil. 4ª ed., 1994, p. 186 e seguintes), esse seria a terceiro ataque ao
quilombo do Ambrósio I, situado no município de Cristais, e nele
Ambrósio não teria sido morto.
12 de Outubro – Nasce na vila do Príncipe do Serro Frio, em Minas
Gerais, o futuro compositor José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita,
ao qual o pesquisador Curt Lange atribui a autoria de mais de
trezentas obras musicais, das quais sobrevivem, informa Vasco Mariz
(op.cit., p. 47), apenas quarenta, entre as mutiladas e completas. “José
264
Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, no entender de Curt Lange,
possuía uma técnica expressiva e avançada para sua época, bem
como notável versatilidade de temperamento artístico. Seu estilo
oscila entre Pergolesi e Mozart, embora evidencie influência
instrumental vinda da Itália. Suas obras manifestam uma invenção
melódica muito rica, senso de forma, completa identificação com a
mensagem do texto litúrgico e grande habilidade na arte da
modulação” (Vasco Mariz, op.cit., p. 48).
11 de Dezembro – Toma posse o sexto bispo do Rio de Janeiro, d.
Antônio do Desterro, cuja atuação é em tudo por tudo contrastante
com a de seu antecessor, caracterizando-se pela prudência, caridade,
virtude e assistência a indigentes e órfãos desvalidos.
– Nasce em fazenda situada entre São José do Rio das Mortes (atual
Tiradentes) e São João del Rei, Joaquim José da Silva Xavier, mais
tarde apelidado de Tiradentes por exercer a atividade de dentista
prático.
– Os paulistas tentam invasão do território de Minas, tendo a Câmara
da vila de Moji tomado posse do arraial de Santana do Sapucaí e
designado guarda-mor para administrar as concessões auríferas,
reagindo o governo mineiro e o bispo de Mariana com o envio à
região de representantes para dela tomar posse, instalando-se o
julgado de Sapucaí.
– Montada no Rio de Janeiro pelo impressor português Antônio
Isidoro da Fonseca, com permissão do governador, pequena tipografia
que a Corte portuguesa manda posteriormente abolir e queimar “para
não propagar ideias que poderiam ser contrárias aos interesses do
Estado” (Moreira de Azevedo, apud Nélson Werneck Sodré. História
265
da Imprensa no Brasil. 3ª ed., 1983, p. 17). Antes, porém, além de
outros folhetos, imprime a Relação da Entrada do Bispo Antônio do
Desterro, de Luís Antônio Rosado da Cunha, com dezessete páginas,
primeiro folheto impresso no Brasil.
1747
31 de Dezembro – O terceiro contrato de diamantes da região do
Tijuco (Diamantina), é arrematado por Felisberto Caldeira Brant.
1748
03 de Maio – Vexada por novo inverno de chuvas torrenciais,
desmorona parte de morro em Salvador destruindo todas as casas que
se lhe antepõem e matando os seus moradores, com o que os
habitantes da cidade baixa abandonam suas casas por vários dias.
09 de Maio – Criada por alvará de d. João V a capitania de Mato
Grosso.
Maio – Instituída a capitania de Goiás, desmembrada de São Paulo e
com esta dividindo, ao sul, pelo rio Grande, pelo que a região
posteriormente conhecida como Triângulo Mineiro a integra. Em
Mirador (vol. X, p. 5.366), registra-se o fato como ocorrido em 1744,
mas só efetivado em 1749, com a posse do primeiro governador.
Junho – Martim Correia de Sá, procurador do visconde de Asseca, é
impedido pela população de Campos/RJ, que cerca a Câmara, de
tomar posse da capitania da Paraíba do Sul, doada ao referido
266
visconde, população que prende os camaristas e os envia a Salvador,
ataca a casa do capitão-mor, a quem também prende após muitas
mortes, procedendo em seguida a eleição de novos vereadores. Tropa
enviada à cidade põe os revoltosos em fuga e dá posse ao citado
procurador, que fica garantido por destacamento de oitenta soldados.
02 de Agosto – Provisão expedida nessa data, “em virtude da
resolução do Conselho Ultramarino, datada de 7 de março do ano
anterior, determinando que os confins do governo de Goiás fossem da
parte sul, pelo rio Grande” (Hildebrando Pontes. História de Uberaba
e a Civilização no Brasil Central, 1970, p. 50/51).
28 de Novembro – Posse do primeiro bispo de Mariana, frei Manuel
da Cruz, oportunidade em que são lidos poemas e discursos editados
no ano seguinte em Lisboa, sob o título Aureo Throno Episcopal.
– Em razão dos caiapós terem retornado a seus ataques a fazendas e
caravanas de viajantes na região do Triângulo, Pires de Campos Filho
é novamente encarregado de combatê-los pelo governador da
província de São Paulo, Luís de Mascarenhas, sendo os índios
derrotados e dispersados para oeste, na confluência dos rios Grande e
Paranaíba.
– Nasce no Rio de Janeiro, o futuro poeta e conspirador mineiro,
Inácio José de Alvarenga Peixoto, indicando-se também os anos de
1743 e 1744 para seu nascimento.
– Bourguignon d’Anville elabora a Carte de l’Amérique Méridionale.
– Impresso em Madri o livro Exame de Bombeiros, do sargento-mor
José Fernandes Pinto Alpoim, professor de artilharia no Rio de
Janeiro.
– Falece em Minas Gerais o cientista padre jesuíta Diogo Soares.
267
1749
14 de Julho – Por ordem régia inicia-se no Pará a viagem de
expedição destinada ao rio Madeira.
25 de Setembro – A expedição originária do Pará atinge a
embocadura do rio Madeira.
17 de Dezembro – Chega às cachoeiras do rio Madeira a expedição
exploratória desse rio.
17 de Dezembro – O décimo conde de Atouguia, Luís Pedro
Peregrino de Carvalho de Meneses e Ataíde, passa a ocupar o cargo de
vice-rei do Brasil.
– Por determinação do governador de São Paulo, Luís de
Mascarenhas, já destituído do cargo, mas, sem sabê-lo, dado o atraso
da correspondência, Pires de Campos Filho instala, para proteção de
moradores e viajantes, mais 13 (treze) aldeias ao longo da estrada do
Anhanguera entre os rios Grande e Paranaíba, nelas alojando índios
mansos bororós, parecis, carajás, javaés e tapirapés, que compõem sua
tropa.
– “O papel defensivo e militar exercido pelos aldeamentos da
capitania de Goiás era evidente, não só na Farinha Podre [atual
região do Triângulo], onde foram criados explicitamente com esse
objetivo [....] Outro papel desempenhado pelos aldeamentos da
Farinha Podre, por causa de sua localização, era o de local para
pousos de tropas [....] Dispunham do apoio logístico da população
vizinha, que preparava os víveres vendidos aos viajantes” (Luís
Augusto Bustamante Lourenço. A Oeste de Minas, 2005, p. 40 e 41).
268
– Nasce em Vila Rica (atual Ouro Preto), no distrito de Santo Antônio
de Casa Branca (atual Glaura), o futuro poeta Manuel Inácio da Silva
Alvarenga, cujo célebre poema dá o nome ao distrito.
– Editado em Lisboa, a respeito da Lagoa Santa, o livro Prodigiosa
Lagoa Descoberta nas Congonhas das Minas de Sabará, do cirurgião
português João Cardoso de Miranda, monografia onde ressalta o valor
curativo de suas águas, assumindo “em relação à Lagoa Santa, no
campo da medicina, uma posição semelhante à do dr. Lund,
relativamente à paleontologia” (Pedro Sales, op.cit., p. 57).
– Editada em Lisboa a obra Anais Históricos do Maranhão, de
Bernardo Pereira de Berredo, que governou o Estado de 1718 a 1722,
em que aborda a história do Maranhão desde seu descobrimento até o
referido ano, descrevendo também, pormenorizadamente, a famosa
bandeira de Antônio Raposo Tavares.
– “Como aventura, como epopeia, a História dos Estados Unidos não
tem nada de comparável. Um Fernão Dias Pais, um Antônio Raposo
Tavares, um Borba Gato só encontram símiles entre os gigantes da
conquista do México e do Peru ou entre os conquistadores franceses
do Canadá” (Viana Moog. Bandeirantes e Pioneiros. 13ª ed., 1981, p.
168).
– Elaborado em Lisboa sob a direção do governo português e
organização de Alexandre de Gusmão, O Mapa dos Confins do Brasil
Com as Terras de Espanha na América Meridional, com base nos
trabalhos e levantamentos efetuados pelos jesuítas Diogo Soares e
Domingos Capassi e por outros cientistas, sendo que o mapa dos
citados jesuítas direciona as negociações do Tratado de Madri
269
realizado no ano seguinte, sendo considerado “a primeira carta oficial
do Brasil”.
270
Foto 1: Aureo Throno Episcopal/capa
Foto 2: Mapa dos Confins do Brasil
Foto 3: Livro de La Condamine/capa
Foto 4: Carte de l’Amérique Méridionale
271
Década de 1750
1750
13 de Janeiro – Assinado o Tratado de Madri entre Espanha e
Portugal, em cuja elaboração destaca-se Alexandre Gusmão, abolindo
“qualquer direito e ação, que possam alegar as duas Coroas por
motivo da bula do papa Alexandre VI, de feliz memória, e dos
Tratados de Tordesilhas, de Lisboa e Utrecht, da escritura de venda
outorgada em Saragoça e de outros quaisquer tratados, convenções e
promessas” (artigo I) e dispondo do artigo III ao X sobre diversos
limites, para no artigo XIII Portugal ceder “para sempre à Coroa de
Espanha a colônia do Sacramento, e todo o seu território adjacente a
ela, na margem setentrional do rio da Prata” e no XIV a Espanha
“cede para sempre à Coroa de Portugal tudo o que por parte de
Espanha se acha ocupado [....] desde o monte de Castilhos Grandes
[....] até a cabeceira, e origem principal do rio Ibicuí”, além de outras
áreas próximas, o que inclui os aldeamentos dos Sete Povos das
Missões, de onde “sairão os missionários com todos os móveis e
efeitos levando consigo os índios para os aldear em outras terras de
Espanha” (artigo XVI, apud Eugênio Vargas Garcia. Diplomacia
Brasileira e Política Externa – Documentos Históricos 1493-2008.
Rio de Janeiro, editora Contraponto, 2008), pelo que representantes de
ambas as nações procurarão demarcar as novas áreas mediante etapas
e procedimentos determinados para permutações de territórios
ocupados na vigência de tratado anterior.
272
14 de Abril – Após vencidas dezenove cachoeiras do rio Madeira e
navegar pelo Aporé, a expedição saída do Pará em 14 de julho do ano
anterior alcança as minas de Mato Grosso, seu destino. Sobre a
viagem escreve José Gonçalves da Fonseca ensaio publicado em 1826
pela Academia Real de Ciências de Lisboa.
30 de Julho – Falece o rei português d. João V, ascendendo ao trono
seu filho d. José I.
– Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro marquês de Pombal,
assume o Ministério de Negócios Estrangeiros e da Guerra por
nomeação de d. José I, “príncipe timorato, sem vontade própria,
inexperiente [....] deixou-se cegamente guiar por Sebastião José de
Carvalho, depois marquês de Pombal, a quem entregou as rédeas do
governo [....] É uma época célebre na história portuguesa, a do
ministério de Pombal; mas, déspota sanguinário, violento reformador,
orgulhoso, interesseiro, vingativo, todas as suas reformas
ressentiram-se de seu caráter, e o impulso salutar, que pretendeu dar
à sua administração, só durou com o seu governo: teve a existência
efêmera das obras do despotismo” (Joaquim Felício dos Santos.
Memórias do Distrito Diamantino. 3ª ed., 1956, p. 114).
– Representantes do rei Tegbessu, de Daomé, presenteiam o conde de
Atouguia, vice-rei do Brasil, com quatro negras.
– Iniciado o cultivo do café nas capitanias do Norte, incrementando-se
sua cultura nas capitanias do sul nos princípios do século XIX.
– Padre José de Castilho, jesuíta, funda a tida como 18ª aldeia
indígena, atual Indianópolis, na região do Triângulo.
– Por volta desse ano, chega a Belém/PA, numa das missões de
técnicos contratada ainda ao tempo de d. João V para demarcação de
273
divisas entre as colônias de Portugal e Espanha na América, o
arquiteto italiano Antônio José Landi, que deixa inúmeras obras de
real valor na capital paraense, entre elas, o palácio dos Governadores,
concluído em 1771, o Hospital Militar, inúmeras residências e igrejas,
entre estas, a igreja de São João Batista, considerada sua obra-prima e
“jóia da arquitetura brasileira e mundial” (Carlos A. C. Lemos e
José Roberto Teixeira Leite, “O Estado do Maranhão e Grão-Pará”, in
Arte no Brasil, vol. I, p. 209).
– Maria da Conceição Resende Fonseca, no ensaio A Atividade
Musical do Século XVIII na Capitania Geral de Minas Gerais
(Boletim da Biblioteca Pública Estadual, nº 2, 1971), citado por
Bruno Kiefer (op.cit., p. 36), informa que a casa da Ópera de Vila
Rica, atual teatro Municipal, foi construída antes de 1750.
Encontraram-se documentos atestando que pelo menos seis peças ou
óperas foram nela encenadas: A Ciganinha, Jogos Olímpicos,
Coriolano, Alexandre na Índia, O Mundo da Lua e Os Triunfos de São
Francisco.
Meados do Século – “No terreno da cirurgia [odontológica]
imperavam as extrações, feitas com primitivos instrumentos: o
pelicano, algumas alavancas e boticões abrutalhados, e as chaves de
Garengeot. As extrações eram feitas sem nenhum artifício para
embotar a dor. Para exercer a profissão, em primeiro lugar era
preciso ‘que o dentista fosse jovem de espírito, e cheio de coragem, e
como disse um sábio francês, tivesse o coração piedoso e a mão
cruel’ (Tratato Sopra i Denti. Antônio Campani – 1786)” (apud
Ernesto Sales Cunha. História da Odontologia no Brasil. 3ª ed., 1963,
p. 61).
274
1751
04 de Março – Regimento regula o funcionamento das casas de
fundição do ouro em Minas Gerais.
01 de Agosto – Restabelecido o imposto do quinto em Minas Gerais
24 de Setembro – Toma posse do governo do Estado do Maranhão,
na cidade de Belém, onde deve residir por ordem real, o capitão-
general Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do marquês de
Pombal.
13 de Outubro – O Brasil passa a ter duas seções judiciárias com a
criação do Tribunal da Relação do Rio de Janeiro, com jurisdição do
Espírito Santo ao Rio Grande do Sul, continuando a Relação da Bahia
com o restante da colônia. Segundo Arno e Maria José Wehling,
citados por Antônio Carlos Wolkmer (História do Direito no Brasil.
3ª ed., 2003, p. 62), o Tribunal do Rio de Janeiro era,
simultaneamente, instância recursal ao julgar apelações e agravos,
instância originária ao receber, processar e decidir ações novas, cíveis,
criminais e do patrimônio estatal, “possuindo, também, competência
avocatória” em juízo criminal.
1752
30 de Janeiro – Fundada a Academia dos Seletos no Rio de Janeiro, a
terceira do país no gênero, por iniciativa de Feliciano Joaquim de
Sousa Nunes e apoio do governador Gomes Freire de Andrade, só
275
realizando a reunião inaugural. Outra versão indica que essa
Academia teria sido fundada pelo padre jesuíta Francisco de Faria.
Abril – Enviado à Sé de Mariana pelo rei português d. José I, por
vontade de seu pai, d. João V, quando ainda vivo, órgão construído na
Alemanha no início do século.
Dezembro – Desse mês até julho de 1759, com algumas interrupções,
comissão de astrônomos enviada por Portugal, composta dos cientistas
Miguel Ângelo Blasco e Bartolomeu Panigai, realiza observações no
sul do Brasil, de Castelos Grandes até a foz do rio Ibicuí.
– Fato circunstancial desencadeia terríveis consequências para
Felisberto Caldeira Brant, o segundo contratador de diamantes,
quando o novo ouvidor do Tijuco, José Pinto de Morais Bacelar,
“comportou-se no templo, enquanto se celebravam as cerimônias
religiosas, de maneira a mais inconveniente, ostentando uma
libertinagem e falta de respeito ao culto” (Joaquim Felício dos
Santos, op.cit., p. 115). Nessa ocasião, jovem da família de Caldeira
Brant desperta-lhe a atenção e o interesse, a ponto de, em certo
momento, atirar-lhe uma flor ao colo, que é repelida, causando o fato
estupefação geral e até indignação. Caldeira Brant chama-lhe a
atenção e o espera fora de igreja, exigindo satisfação, iniciando-se
discussão culminada com punhalada que Felisberto lhe dá e que, no
entanto, não o fere por ter resvalado por botão de metal da casaca. A
partir daí, o referido ouvidor e o intendente passam a perseguir
Caldeira Brant.
– Tomás Antônio Gonzaga chega ao Brasil, acompanhando o pai
designado ouvidor-geral da capitania de Pernambuco.
276
– Publicado em Portugal aquele que é considerado o primeiro romance
escrito por brasileiro, Aventuras de Diófanes, da paulista Teresa
Margarida da Silva e Horta, sob o pseudônimo de Doroteia Engrassia
Tavareda Dalmira. Nesse mesmo ano surge Reflexões Sobre a
Vaidade dos Homens, de Matias Aires Ramos da Silva de Eça, irmão
de Teresa Margarida.
1753
20 de Fevereiro – Emitida ordem sigilosa de prisão e de sequestro de
todos os bens do contratador de diamantes Felisberto Caldeira Brant,
sob o pretexto de falta de pagamento de impostos, mas, na realidade,
vítima de perseguição do intendente e do ouvidor do Tijuco desde o
incidente havido entre este e Felisberto por motivo de comportamento
que tivera com uma de suas parentes por ocasião da semana santa do
ano anterior e vítima ainda do marquês de Pombal, já que “o que se
queria era perder o contratador, cujo poderio em Tijuco o marquês de
Pombal temia e procurava aniquilar” (Joaquim Felício dos Santos,
op. cit., p. 122).
Maio – Face à resistência oposta pelos indígenas à sua saída do
aldeamento dos Sete Povos das Missões, conforme previsto no
Tratado de Madri (1750), “resolvera-se em maio (1753) fazer pela
guerra o que não se conseguia ‘por meios pacíficos’ ” (Rocha Pombo.
História do Brasil. 10ª ed., 1961, p. 275).
01 de Junho – Por ordem régia é comprada ao donatário e
incorporada à Coroa a capitania de Paraíba do Sul.
277
11 de Agosto – Além de outras medidas drásticas visando cercear o
contrabando de diamantes, é expedida lei proibindo toda espécie de
faisqueira de ouro no distrito Diamantino, afetando principal e
diretamente a “classe pobre, que quase toda era faiscadora” (Joaquim
Felício dos Santos, op. cit., p. 131).
31 de Agosto – Chega ao Tijuco o governador da capitania para
proceder a prisão de Caldeira Brant. Como todas as pessoas de
destaque do distrito, os Caldeiras vão-lhe ao encontro e o
cumprimentam, o qual lhes responde secamente, ordenando-lhes que
se coloquem na retaguarda e como não é prontamente atendido
manda-os prender. Pretendendo Felisberto saber qual seu crime, é
separado dos seus, cercado e detido, sendo posteriormente mandado
ao Rio de Janeiro e depois a Lisboa.
01 de Setembro – Inicia-se o sequestro dos bens dos Caldeira Brant,
que são reduzidos à miséria.
31 de Dezembro – Falece em Lisboa, aos cinquenta e oito anos, o
diplomata brasileiro nascido em Santos, Alexandre de Gusmão,
sobrinho do padre homônimo e irmão do inventor Bartolomeu
Lourenço de Gusmão. Em Portugal, para onde se transferiu, formou-se
e fez brilhante carreira administrativa e diplomática, destacou-se como
planejador do Tratado de Madri e atuou em todos os atos relevantes da
diplomacia portuguesa de seu tempo, deixando ensaios políticos e
literários.
– João Fernandes de Oliveira arremata o quarto contrato de diamantes.
– Chega ao Brasil, o cientista e jesuíta Inácio Szentmartonyi (chamado
Sermatoni) para efetuar as demarcações de limites entre Portugal e
278
Espanha na Amazônia, levantando as coordenadas de diversas cidades
da região.
– Instalado na Sé de Mariana/MG, onde funciona e é utilizado até hoje
em cerimônias litúrgicas e atividades culturais, o órgão alemão
presenteado pelo rei português d. João V e remetido por seu filho,
então rei, d. José I.
1754
17 de Agosto – Segundo o Novo Dicionário de História do Brasil (2ª
ed., 1971, p. 614), em decorrência do retorno do vice-rei a Portugal,
novo triunvirato assume o governo, composto de José Botelho de
Matos, Manuel Antônio da Cunha Souto Maior e Lourenço Monteiro.
– O padre cientista Sermatoni efetua desse ano até 1756 em Barcelos,
antiga capital do Amazonas, as primeiras medições quantitativas no
Brasil da temperatura do ar.
– Publicado em Lisboa o livro Júbilos da América, na Gloriosa
Exaltação e Promoção do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor
Gomes Freire de Andrade, contendo trabalhos dos membros da
Academia dos Seletos.
1755
04 de Abril – Alvará de iniciativa do marquês de Pombal determina
sejam igualados os mestiços de brancos e portugueses, proibindo
“dar-se-lhes o nome de caboclos, de outros semelhantes, que se
279
possam reputar injuriosos” (apud José Ramos Tinhorão, in Marcos
Holler, op. cit., p. 160). Já Abreu e Lima informa que nesse dia é
expedida carta régia, na qual d. José I declara que “os vassalos do
reino da América, que casassem com índias, não ficariam com
infâmia alguma, antes se fariam dignos da real atenção para
empregos, honras e dignidades sem necessidade de despesa: o mesmo
seria para com as portuguesas, que se casassem com os índios”
(op.cit., p. 219).
06 de Junho – Lei dessa data ordena a observância da lei de 1680,
declarando livres os índios do Estado do Maranhão.
07 de Junho – Organizada a Companhia Geral do Comércio do Grão-
Pará e Maranhão por decreto real, dirigida por Junta sediada em
Lisboa e destinada especialmente ao tráfico de escravos. Essa
Companhia provoca reclamações, a ponto de se dirigir súplica ao rei
d. José I, cujo primeiro-ministro, marquês de Pombal, como é de seu
feitio, decreta a prisão e degredo para Marrocos do advogado João
Tomás Negreiros, redator da petição, bem como de várias outras
pessoas envolvidas no assunto.
13 de Agosto – Segundo Abreu e Lima (Sinopse dos Fatos Mais
Notáveis da História do Brasil. 2ª ed., 1983, p. 219), por alvará é
aprovado o estatuto da Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba,
associação de comerciantes dessas províncias com seus congêneres
das praças de Lisboa e Porto.
01 de Novembro – Lisboa é praticamente destruída por terremoto.
Felisberto Caldeira Brant, o contratador de diamantes do Tijuco, que
lá está preso, vê-se momentaneamente livre, mas, “tendo desabado a
prisão em consequência do terremoto e tendo morrido seu filho mais
280
velho, Caldeira apresentou-se ao marquês de Pombal referindo-lhe o
acidente e pedindo-lhe que lhe indicasse onde devesse residir. O
marquês admirou-se desse procedimento leal, porque todos os outros
presos que escaparam da catástrofe se tinham evadido. No mesmo dia
referiu o ocorrido a João Pereira Ramos, ao bispo de Coimbra e ao
general Godinho, todos brasileiros. Estes aproveitaram o ensejo para
interceder pelo infeliz Caldeira, demonstrando a sua inocência e a
intriga de que fora vítima. Pombal deu-lhe a liberdade e ordenou que
se procedesse à liquidação de suas contas e ao exame do sequestro de
seus bens” (visconde de Barbacena, filho do marquês de Barbacena e
bisneto de Felisberto, apud Joaquim Felício dos Santos, Memórias do
Distrito Diamantino. 3ª ed., 1956,, p. 125).
23 de Dezembro – Marcos de Noronha e Brito, sexto conde dos
Arcos, assume o cargo de vice-rei do Brasil, datação de que discrepa a
Mirador (vol. IV, p. 1.588), assinalando o ano anterior para a
ocorrência.
– Regressa a São Paulo, após quatro anos como escrivão da
guardamoria do distrito de Pilar, em Minas Gerais, Pedro Taques de
Almeida Pais Leme, que inicia ou retoma seus estudos de história e
genealogia, prosseguidos mesmo após várias peripécias em sua vida e
novas incumbências profissionais.
– “Até o período pombalino (1755–1777), não havia, da parte do
Estado português, o desígnio de ocupar o interior da colônia como
um fim em si mesmo, já que o papel desta, na sua concepção
mercantilista, era gerar riquezas, sobretudo auríferas [....] No
entanto, as concepções geopolíticas do reino de Portugal, relativas ao
território de sua colônia americana, mudaram muito na segunda
281
metade do século XVIII, com a emergência do ministro Sebastião José
de Carvalho e Melo, marquês de Pombal, elevado à condição de
principal figura do Estado português entre 1750 e 1777 [....] Pombal
iniciou uma obra de engenharia política e econômica, a partir de
1755 [....] Além da demarcação de fronteiras, Pombal via como
essencial o povoamento do território, como forma de preservá-lo das
ambições espanholas e estrangeiras em geral” (Luís Bustamante
Lourenço, A Oeste das Minas, 2002, p. 43, 45 e 46).
1756
– Tropas portuguesas e espanholas, arregimentadas do lado português
por Gomes Freire de Andrade, conde de Bobadela, governador do Rio
de Janeiro, e pelo coronel Tomás Luís Osório e, da parte da Espanha,
por José de Andonaégui, governador de Buenos Aires, atacam o
território das Missões para dar cumprimento ao Tratado de Madri,
dele se apossando, perdendo apenas quarto combatentes, enquanto os
guaranis, chefiados pelo cacique Nicolau Nhanguiru, perdem mil e
duzentos, no que é conhecido como Guerra Guaranítica, tema do
futuro poema O Uraguai, de José Basílio da Gama.
1757
11 de Maio – Por decreto é incorporado à província de Minas Gerais
o território de Minas-Novas de Araçuaí, pertencente à Bahia.
282
11 de Julho – Criada por decreto no alto Amazonas a província de
São José de Javari ou Rio Negro, cujo governador será subordinado ao
do Grão-Pará.
– Ataques de goitacases e botocudos nas províncias de Minas Gerais e
Rio de Janeiro nesse e nos anos seguintes, segundo Abreu e Lima
(op.cit., p. 222), são suspensos mediante a intermediação do padre
Ângelo Peçanha, promovendo aliança entre os goitacases e os
portugueses.
– Na obra Etíope Resgatado, Empenhado, Sustentado, Corrigido,
Instruído e Libertado, editada em Lisboa, o padre Manuel Ribeiro da
Rocha propugna para que se conceda a liberdade aos filhos de mães
escravas, sendo o primeiro ou um dos primeiros abolicionistas do país.
1758
07 de Maio – Empossado o primeiro governador da província de São
José do Javari ou do Rio Negro.
08 de Maio – Alvará estende as determinações de liberdade dos índios
do Maranhão a todos os índios do Brasil, sendo “esse o grande e
quase decisivo golpe dado na torpe instituição que colonos e jesuítas
exploraram por mais de dois séculos – aqueles aberta e cinicamente,
estes com o pretexto da catequese e sob o manto da filantropia
religiosa” (Martins Júnior, História do Direito Nacional. 2ª ed., 1941,
p. 211).
283
1759
19 de Janeiro – O marquês de Pombal decreta o banimento dos
jesuítas do território português, atribuindo à Companhia de Jesus a
responsabilidade por alegada conjuração contra o rei que teria
ocorrido no mês de setembro anterior.
Janeiro – A segunda comissão enviada pelo governo português para
efetuar observações astronômicas no sul do Brasil, composta dos
cientistas José Fernandes Pinto Alpoim, Antônio de Veiga e Andrade
e Manuel Pacheco de Cristo, realiza seus serviços desse mês até
dezembro de 1760, da foz do rio Ibicuí até o salto do rio Paraná.
01 de Abril – Chega à Belém, depois de segunda e longa viagem à
província do Rio Negro (atual Amazonas), como coordenador da
comissão de demarcação das fronteiras amazônicas, o governador do
Estado do Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão
do marquês de Pombal, já encontrando empossado desde o dia 02 de
março anterior seu sucessor na governadoria do Estado.
19 de Maio – Fundada em Salvador, por iniciativa do desembargador
José Mascarenhas Pacheco Pereira de Melo, a Academia Brasílica dos
Acadêmicos Renascidos, cronologicamente a quarta do país,
especialmente para elaborar história eclesiástica e secular, geográfica
e natural, política e militar da América Portuguesa, o que não é
conseguido, visto que embora protegida pelo marquês de Pombal, seu
fundador cai em desgraça por se recusar a prender e deportar os
jesuítas, permanecendo detido por muitos anos. Compõe-se de
quarenta membros efetivos e oitenta e três extranumerários brasileiros,
portugueses e espanhóis, funcionando até o ano seguinte e deixando a
284
História Militar do Brasil, do espanhol tenente-coronel José Mirales,
só publicada em 1900 nos Anais da Biblioteca do Rio de Janeiro.
08 de Junho – Portaria expedida pelo governador de Minas, 2º conde
de Bobadela (José Antônio Freire de Andrade), encarrega o capitão
Bartolomeu Bueno do Prado (e sua tropa de 400 homens) de
exterminar o quilombo Grande ou Tengo-Tengo, sucessor do
quilombo do Ambrósio ou Ambrósio-II segundo Tarcísio José
Martins, situado no município de Ibiá, na região do Triângulo,
atacando também outros quilombos na região e também seu apêndice,
o quilombo de Bambuí, “expedição que praticou contra os negros as
maiores trucidações” (Hildebrando Pontes, História de Uberaba e a
Civilização no Brasil Central, 1970, p. 47).
01 de Julho – O quinto contrato de diamantes do distrito do Tijuco é
arrematado por João Fernandes de Oliveira e dois outros indivíduos,
tendo vigência por um ano.
02 de Julho – Elaborada em Salvador a peça musical profana
Recitativo e Ária para voz, dois violinos e baixo contínuo, “a mais
antiga obra musical erudita conhecida na história da música no
Brasil” (Régis Duprat, apud Bruno Kiefer. História da Música
Brasileira, 2ª ed., 1977, p. 20), conquanto sua importância seja “mais
histórica do que estética, pois é bastante pobre musicalmente” (Bruno
Kiefer, op.cit., p. 20). O autor da peça seria o padre Caetano de Melo
Jesus, mestre de capela da Sé de Salvador, segundo o musicólogo
estadunidense Robert Stevenson, citado por Régis Duprat, por sua vez
referido por Kiefer. Caetano de Melo Jesus é considerado por Curt
Lange, “O maior teórico das Américas” (apud Vasco Mariz. História
da Música no Brasil. 4ª ed., 1994, p. 41), “sendo um dos raros
285
brasileiros citados no dicionário biográfico de José Mazza [....] José
Maria Neves considera o citado Tratado [Tratado de Escola de Canto
e Órgão, elaborado nesse ano e no seguinte pelo padre Caetano] como
o melhor produzido em português, com informações preciosas sobre
as técnicas composicionais e as bases estéticas da música moderna de
então” (Vasco Mariz, op.cit., p. 50).
17 de Julho – Autorizada por ordem real a exploração do sal em Cabo
Frio e Pernambuco, suspensa desde 1691.
28 de Julho – Prorrogado por alvará o quinto contrato de diamantes
do Tijuco.
03 de Setembro – Por lei são declarados os jesuítas desnaturalizados,
proscritos e exterminados dos territórios portugueses, em decorrência
tanto do poderio político e administrativo atingido pela Companhia de
Jesus quanto econômico, incomodando e preocupando a Coroa, além
dos privilégios de isenção de tributos, bem como sua permanente
defesa da liberdade dos índios e utilização de seu trabalho nas aldeias
em proveito próprio, comercializando os bens coletados ou produzidos
pelos índios (tese, aliás, defendida pelo historiador Mecenas Dourado,
em A Conversão do Gentio, 1968), acrescida da posição pessoal do
marquês de Pombal. Mas de seiscentos inacianos são obrigados a
deixar o país, fechando-se seus colégios e demais casas. Na Europa, os
jesuítas são confinados em aldeias portuguesas ou presos em
calabouços.
– Por essa ocasião, a Companhia de Jesus possui no país doze colégios
(Pará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco (2), Bahia, Espírito Santo, Rio
de Janeiro, São Paulo (2), Paraná e Santa Catarina), seminários (Pará,
Maranhão (2), Paraíba, Bahia (2), Minas Gerais), além de inúmeras
286
casas, missões e residências. A biblioteca do colégio em Salvador
contém cerca de quinze mil livros, sendo considerada a mais
importante do Brasil. Já a biblioteca do colégio do Rio de Janeiro tem
cerca de cinco mil e quatrocentos volumes.
Dezembro – Destruído o quilombo Grande em Bambuí/MG,
“sucessor do quilombo do Ambrósio [....] após seis meses de luta”
(Edelweiss Teixeira. O Triângulo Mineiro nos Oitocentos, 2001, p.
64).
– Iniciadas nesse ano, estendendo-se até 1780, as atividades da
Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba, instituída
pelo governo português segundo diretivas do marquês de Pombal,
intercambiando entre o Brasil, a Europa e a África produtos,
medicamentos e escravos e, daqui para lá, produtos primários.
– Segundo Arno e Maria José Wehling, citado por Antônio Carlos
Wolkmer (op.cit., p.63), “na Bahia, entre 1609 e 1759, dos 168 [cento
e sessenta e oito] desembargadores, apenas 9 [nove] eram
brasileiros”. Só se atinge a desembargadoria após atuação como juiz
de fora e, depois, ouvidor de comarca e corregedor.
– Elaborado o livro História da Companhia de Jesus na Extinta
Província do Maranhão e Pará, do padre José de Morais, porém só
editado em 1860.
287
Foto 1: Terremoto de Lisboa
Foto 2: O Uraguai/capa
Foto 3: História Militar do Brasil/capa
Foto 4: Quilombo do Ambrósio, nas imediações
do município de Ibiá, na região do Triângulo
288
Década de 1760
1760
09 de Janeiro – O primeiro marquês de Lavradio, Antônio de
Almeida Soares e Portugal, assume o cargo de vice-rei do Brasil. Será
o último dos governantes da Colônia sediado em Salvador.
04 de Julho – Por falecimento do titular, marquês do Lavradio,
assume o governo triunvirato composto de Tomás Rubim de Barros
Barreto (não aprovado pela Corte portuguesa e substituído por José de
Carvalho de Andrade), Gonçalo Xavier de Barros Alvim e, a partir de
julho de 1762, o bispo d. Manuel de Santa Inês.
04 de Agosto – Decretos reais suspendem as relações entre o reino
português e a Santa Sé e regulamentam série de procedimentos a
serem seguidos por vassalos de ambas as Cortes no território
português.
09 de Setembro – Por Carta Régia dessa data, Rio Grande de São
Pedro é elevada à categoria de capitania, separada de Santa Catarina.
– Mudas de café são transportadas do Pará para o Rio de Janeiro por
João Alberto de Castelo Branco, que providencia as primeiras
plantações no pomar da chácara dos frades barbonos.
– Iniciada a exportação de algodão produzido no Brasil pela
Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
– O esgotamento das jazidas superficiais de ouro e diamantes da
região central de Minas Gerais e o esgotamento ou mesmo destruição
do solo pelos métodos hidráulicos de mineração ocasionam
movimento centrífugo das populações dessas regiões que se espalham
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Século XVIII no Brasil: Entradas, Bandeiras, Guerra dos Mascates e ouro em Minas Gerais

  • 1. 213 SÉCULO XVIII Entradas e Bandeiras – Guerra dos Mascates –Emboabas – O Padre Voador – Capitania de São Paulo e Minas do Ouro – Corsários Franceses – Guerra Livre e Trucidação de Indígenas – Vice-Reinado do Brasil – Tratado de Utrecht – Insurreição em Vila Rica – Redivisão Territorial do Brasil – Novas Capitanias – Distrito Diamantino – Picada de Goiás – Antônio José da Silva, o Judeu – Expedição de La Condamine – Tratado de Madri – Era Pombalina – Guerra Guaranítica – Terremoto de Lisboa – Expulsão dos Jesuítas – Quilombos do Brasil Central – Movimento Centrífugo da População Mineira – Tratados de el Pardo, Paris e Santo Ildefonso – Nova Capital da Colônia – “Viagem Filosófica” à Amazônia – Proibição de Indústrias na Colônia – Conjurações Mineira, Fluminense e Baiana – Primeiras Associações Literárias – Encenações Teatrais – Artes Plásticas e Musicais Década de 1700 1700 Março - Tratado provisional entre Portugal e França dirime as controvérsias em torno dos limites fronteiriços entre o Brasil e a Guiana Francesa.
  • 2. 214 15 de Abril – A Companhia Inglesa da Guiné, pretendendo estabelecer estação marítima, procede a ocupação da ilha da Trindade pelo capitão Edmond Halley, alegando estar abandonada. – No contexto da guerra, no Ceará, entre as famílias Montes e Feitosas, os índios jucás, que apoiam os Montes, chacinam os quixelôs, aldeados em São Mateus, partidários dos Feitosas. – Entre as inumeráveis entradas e bandeiras que a esse tempo incursionam pelo interior brasileiro, salienta-se, entre outras, a organizada por Manuel Borba Gato, que encontra minas na região de Sabará, em Minas Gerais. – “Deslumbrados ante a abundância do metal precioso que faiscava por todo lado e na sofreguidão de sempre buscar novos filões, os mineiros esqueceram-se do principal: ouro não se come. Foi um desastre. Entre 1697 e 1698, 1700 e 1701, e em 1713, sem plantar roçados de mandioca, feijão, abóbora e milho suficientes para o número de pessoas que continuava afluindo à Minas, os moradores de Minas morriam de fome com as mãos cheias de ouro, cravou, uma vez mais, padre Antonil. Para escapar da fome, os mineiros aprenderam ligeiro a engolir qualquer coisa: cães, gatos, ratos, raízes de paus, insetos, cobras e lagartos. Devoravam, inclusive, o perigoso bicho-de- taquara − larva branca, roliça e comprida que se encontra no interior dos bambus” (Lília M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma Biografia, 2015, p. 115). 1701 Agosto – Falece, no mar dos Açores, o cientista jesuíta Aluísio Conrado Pfeil, que além de mapas do norte do Brasil, efetua várias
  • 3. 215 “explorações geográficas na capitania do cabo Norte, com a finalidade de determinar os limites das terras de Portugal com as da Espanha e da França” (Abraão de Morais, “A Astronomia no Brasil”, in As Ciências no Brasil, vol. I, p. 103), escrevendo sobre o assunto dois ensaios que serão utilizados pelo Barão do Rio Branco na questão de limites do Brasil no Amapá. – Celebrado o Tratado de Aliança entre Portugal e a França, referendando tratado efetuado entre ambos os países no ano anterior, fixando as fronteiras entre o Amapá e a Guiana Francesa. – Em atendimento aos reclamos dos proprietários de engenho pelos estragos que o gado fazia nos canaviais, é expedida carta régia proibindo o estabelecimento de fazendas de criação no litoral brasileiro numa faixa de dez léguas da costa. 1702 03 de Julho – Rodrigo da Costa assume a governadoria-geral do Brasil, sucedendo-o mais três governadores até a instituição do vice- reinado do Brasil, ocorrida em 1714 e que perdura até 1808. 1703 – Nada menos de 4.350 (quatro mil trezentos e cinquenta) quilos de ouro brasileiro são remetidos, no ano, para Portugal, ultrapassando todo o ouro obtido pela Metrópole Portuguesa nas regiões africanas de Mina e Guiné. “Os Estados Unidos descobrem e exploram o seu ouro
  • 4. 216 em benefício próprio, quando já se haviam emancipado da Inglaterra, ao passo que o ouro brasileiro, além de quase desmontar a nossa incipiente formação agrícola, é carreado, às arrobas e às toneladas, para Portugal” (Viana Moog. Bandeirantes e Pioneiros. 13ª ed. Rio de Janeiro, editora Civilização Brasileira, 1981, p. 166). – Em decorrência da guerra entre Portugal e Espanha, o governador de Buenos Aires cerca durante seis meses a colônia portuguesa existente na costa uruguaia em frente a Buenos Aires, conhecida como colônia do Sacramento, e a ocupa, obrigando sua guarnição ir para o Rio de Janeiro. 1705 08 de Setembro – Ao encerrar o mandato de governador-geral do Brasil por ter sido nomeado vice-rei para a Índia e dar posse a Luís César de Meneses, seu sucessor, Rodrigo da Costa, entre outras medidas, ultima fábrica de salitre, organiza a de pólvora, reforma e amplia as fortificações existentes em Salvador e na ilha de Itaparica. 19 de Dezembro – Falece o cientista jesuíta Valentim Estancel, chegado ao Brasil em 1663, aqui continuando seus estudos astronômicos e elaborando várias obras científicas, todas escritas em latim e algumas delas comentadas por Leipzig em seu Acta Eruditorum, tendo também “referência a uma de suas observações, feita por Newton nos Principia Mattematica” (Abraão de Morais, op. cit., vol. I, p. 99).
  • 5. 217 – Conquanto no Tratado entre Portugal e Espanha se reafirme e se confirme o direito do primeiro à área da colônia de Sacramento, este a perde para os espanhóis de Buenos Aires. – Conforme a Mirador (vol. IV, p. 1.588), Luís César de Meneses passa a ocupar o cargo de governador-geral da colônia, enquanto o Novo Dicionário indica, para o fato, a data de 8 de setembro de 1708. – Publicada em Roma a obra Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos, do padre jesuíta Jorge Benci, reeditada no Brasil em 1954 e 1977. – Publicado em Lisboa volume de versos de autoria de Manuel Botelho de Oliveira, sob o título, ora encurtado, de Música do Parnaso. 1706 – Instala-se em Recife, sob os auspícios do governador, pequena tipografia para impressão de letras de câmbio e orações devotas. 08 de Junho – Carta régia, porém, proíbe a impressão de livros e papéis avulsos, fechando-se a tipografia. – Com o início comprovado no Rio de Janeiro nesse ano das atividades do pintor Caetano da Costa Coelho, forma-se, com o correr do século, o que se denomina Escola Fluminense de Pintura, composta ainda de José de Oliveira Rosa, João Francisco Muzzi, o escravo Manuel da Cunha – cujo proprietário o leva a Lisboa para se aperfeiçoar, sendo posteriormente alforriado – Leandro Joaquim, Manuel Dias de Oliveira, José Leandro de Carvalho e, por fim,
  • 6. 218 Francisco Pedro do Amaral, este último atuando nas primeiras décadas do século XIX. 09 de Dezembro – Falece o rei português d. Pedro II, sucedendo-o no trono seu filho d. João V, que dirigirá o país até 1750. 1707 – Chega a Pernambuco o governador Sebastião de Castro Caldas, encontrando suas duas maiores localidades, Olinda (onde residem os nobres) e Recife (simples bairro, onde pontificam os comerciantes, denominados mascates), em verdadeiro pé de guerra, tal a rivalidade que se foi formando e acentuando com o tempo entre os habitantes de uma e outra. Optando pela causa dos mascates, o governador chega a transferir quase totalmente a sede do governo de Olinda para Recife. Fim do Ano – A crescente animosidade entre forasteiros (emboabas) e paulistas, que “defendiam as minas como de direito patrimônio (sic) seu exclusivo” (Rocha Pombo, História do Brasil. 10ª ed., 1961, p. 221), marcada e agravada por incidentes diversos, gera total intranquilidade, até que surge boato de que os paulistas decidiram expulsar os adventícios, fazendo com que estes se reúnam em torno de Manuel Nunes Viana, aclamando-o “governador das minas”, o qual, por sua vez, instala seu governo numa de suas casas de Caeté, com o que debandam os paulistas, concentrando-se em Sabará, onde Nunes Viana os ataca, pondo-os em fuga. – Publica-se em Lisboa o livro Notícias do Que é o Achaque do Bicho, de autoria de Miguel Dias Pimenta, comerciante e curador recifense.
  • 7. 219 1708 20 de Abril – Carta régia determina guerra total aos índios do corso (salteadores) nas capitanias do Norte e Nordeste com o objetivo de exterminá-los, passando a fio de espada os que resistirem e vendidos como escravos os aprisionados e os que se renderem. – Nesse mesmo ano, por ordem do governador do Ceará, são exterminadas as tribos dos icós, cariris, carius e caratius. – Ao assumir o comando da região das Minas por ter sido ferido o governador Pascoal da Silva Guimarães em ataques aos paulistas, frei Francisco de Meneses e outros frades sagram Nunes Viana governador supremo (ou ditador) das Minas Gerais. – Os paulistas, após seguidas derrotas para os forasteiros, reúnem-se no arraial do Rio das Mortes e, dado seu grande número, cercam o arraial da Ponta do Morro, onde os emboabas resistem à espera do socorro de mil homens mandados de Ouro Preto sob o comando do sargento-mor Bento do Amaral Coutinho, os quais ao chegar já não encontram os paulistas, que tinham levantado o cerco e se dispersado em inúmeros grupos visando melhor se defenderem de possíveis ataques. Um desses grupos é localizado acampado distante umas quatro léguas (vinte e quatro quilômetros), onde é cercado e atacado, combatendo-se durante dois dias, após os quais os paulistas se rendem sob a promessa de garantia de vida, mas, tão logo desarmados, uns trezentos combatentes são chacinados impiedosamente, sendo o lugar onde se deu o massacre denominado daí diante de Capão da Traição.
  • 8. 220 1709 – Parte para a região conflagrada das Minas o governador do Rio de Janeiro, Fernando Martins Mascarenhas de Lancastro, com intuito ou pelo menos aparência de ir castigar os beligerantes, mas é posto a correr por Nunes Viana e seus comandados. Junho – Para dar cobro à situação convulsionada das Minas, a Corte portuguesa nomeia como governador do Sul a Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, que depois de ouvir o emissário dos emboabas, frei Miguel Ribeiro, parte com ele e pequena escolta para Caeté, dominada pelos paulistas, dali mandando emissário a Ouro Preto para intimar Nunes Viana a se apresentar em Caeté, onde este, submetendo-se à nova autoridade, presta juramento de fidelidade aos representantes do rei. Contudo, os paulistas, sob a chefia de Amador Bueno da Veiga, organizam-se e se armam para a vingança, não conseguindo Antônio de Albuquerque dissuadi-los. Fortificados em Ponta do Morro, os forasteiros são atacados pelos paulistas, combatendo-se durante uma semana, após a qual estes recuam para evitar a grande força que os iria atacar, conforme notícia que recebem, retirando-se para São Paulo, com entusiasmados forasteiros a persegui-los até certo ponto. 05 de Agosto – Exibição pública em Lisboa, na presença do rei d. João V e da Corte portuguesa, da Passarola, balão ou máquina aerostática inventado e construído pelo padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, nascido em Santos/SP em 1685 e falecido na Espanha em 1724, irmão do diplomata Alexandre de Gusmão e denominado o Padre Voador, sendo considerado por Afonso E. Taunay, “o primeiro
  • 9. 221 americano a realizar, no cenário mundial, uma invenção notável” (apud Novo Dicionário de História do Brasil, p. 326). Segundo Raimundo de Meneses (Dicionário Literário Brasileiro. 2ª ed., 1978, p. 327), Bartolomeu de Gusmão consagra-se “como o verdadeiro precursor da aeronáutica no mundo, tentando os primeiros ensaios do voo humano”. Conforme documentos existentes em arquivos portugueses e no Vaticano, a Passarola é “instrumento de caminhar pelo ar, muito mais rapidamente do que pela terra e pelo mar, fazendo, algumas vezes, mais de 200 [duzentas] léguas de caminho por dia” (Novo Dicionário de História do Brasil, p. 326). 03 de Novembro – Carta régia de d. João V desanexa Minas da capitania do Espírito Santo para formar a capitania de São Paulo e Minas do Ouro, com sede em São Paulo. 26 de Novembro – Lei opõe restrições à vinda ou visitação ao Brasil.
  • 10. 222 Foto 1: Quadro de João Francisco Muzzi Foto 2: Quadro de José de Oliveira Rosa Foto 3: Passarola Foto 4: Economia Cristã dos Senhores/capa Foto 5: Música do Parnaso.../capa Foto 6: Mapa do litoral de Pernambuco
  • 11. 223 Década de 1710 1710 04 de Março – Surge o pelourinho em praça de Recife, mandado lavrar em segredo pelo governador Sebastião de Castro Caldas, organizando-se nesse dia a Câmara de Recife, tornada vila, ou seja, município autônomo e independente de Olinda, protestando contra isso o Senado de Olinda, pelo que o governador ordena a prisão de algumas das mais importantes pessoas desta última vila. 03 de Maio – Assume Lourenço de Almada o cargo de governador- geral da Colônia. O Novo Dicionário e a Mirador registram o sobrenome de Almada. Abreu e Lima o de Almeida. Setembro – Corsários franceses, sob o comando de Jean-François Duclerc, invadem o Rio de Janeiro para se apoderarem do ouro vindo de Minas Gerais, ação propiciada pela Guerra de Sucessão na Espanha, que opõe França e Espanha contra Portugal, Grã-Bretanha e Holanda. Diversos combates são travados em várias partes da cidade, culminando com o que ocorre nas imediações da atual praça 15 de Novembro, rendendo-se Duclerc, mas massacrada força francesa estacionada no morro de Santa Teresa como reserva, calculando-se em quatrocentos os mortos e cento e cinquenta feridos do lado invasor contra cinquenta mortos e setenta feridos do lado dos brasileiros e portugueses, além de quatrocentos e quarenta franceses feitos prisioneiros.
  • 12. 224 27 de Outubro – O governador de Pernambuco, Sebastião de Castro Caldas, sofre atentado a tiro quando passa por uma das ruas, ferindo- se levemente, ordenando de imediato a prisão de inúmeras pessoas suspeitas de serem mandantes. 09 de Novembro – Entra em Recife grupo armado de dois mil homens organizado pelos nobres de Olinda para derrubar o governador, que foge para Salvador, sendo os membros da Câmara destituídos, destruído o pelourinho e outros símbolos da vila e libertados os indivíduos presos por ordem do governador. Na Bahia, o governador Castro Caldas é preso por ordem do governador-geral da colônia e remetido no ano seguinte à Lisboa. 10 de Novembro – Celebra-se em Olinda congresso com a presença da nobreza pernambucana, destacando-se, de tudo, a intervenção e proposta de Bernardo Vieira de Melo, referindo-se, pela primeira vez na colônia abertamente em reunião pública de grande relevância, em independência em relação a Portugal e em regime republicano e, mesmo que fossem derrotados, “lembrando mesmo o reduto dos Palmares, onde teriam refúgio certo contra as armas do rei [....] em qualquer caso, tudo era preferível a ficarem submissos aos forasteiros do Recife” (apud Rocha Pombo, op.cit., p. 237), sendo a proposta bastante discutida e apoiada por outros oito oradores, prevalecendo, ao final, a deliberação de invocar, primeiro, a justiça do rei, entregando- se o governo ao bispo d. Manuel Álvares da Costa, sucessor legal do governador foragido, sob as condições de perdão geral para os revoltosos, o fim da vila do Recife e outros reivindicações de natureza econômica. “Apesar de a sedição de 1710 ter sido um conflito municipal, as ideias se movimentaram além de Pernambuco. Os
  • 13. 225 sediciosos de Olinda conjugaram pela primeira vez na América portuguesa independência e autogoverno e declararam preferir a forma republicana ao governo dos reis” (Lília M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma Biografia, p. 141). Novembro – Nova assembleia se reúne em Olinda, prevalecendo a corrente dos moderados, pelo que a província continua fiel ao rei, resolvendo-se também que o bispo só assume o governo sob a condição de anistiar os revoltosos. – Enquanto o bispo procura se equilibrar entre os polos desavindos, Bernardo Vieira de Melo entra em choque com a guarnição de Recife e assume o domínio da cidade, aclamando João da Mota governador provisório, conseguindo o bispo ir para Olinda, onde reassume sua autoridade. − “A revolta de 1710 faz parte de um conjunto de eventos - de ruptura da ordem colonial e movimentação contra a autoridade régia - que a historiografia do século XIX designou como Guerra dos Mascates” (Lília M. Schwarcz e Heloísa M. Starling, op. cit., p. 140). José de Alencar, no romance histórico Guerra dos Mascates, aborda esse acontecimento. – Por volta desse ano são descobertas por paulistas ricas jazidas de ouro em Pitangui/MG. – Publicada no México a obra Luzeiro Evangélico, de frei João Batista Morelli de Castelnuevo, nome clerical de Fulgêncio Leitão, primeiro livro em língua portuguesa impresso na América. – Publicado em Lisboa o opúsculo de autoria do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão referente a outra de suas invenções: Vários Modos de Esgotar Sem Gente as Naus Que Fazem Água.
  • 14. 226 1711 02 de Janeiro – Criada pelo bispo do Rio de Janeiro a Irmandade de N.S. do Rosário dos Homens Pretos, uma das primeiras ou a primeira das diversas organizadas na Colônia. 08 de Fevereiro – No mesmo sentido de disposições anteriores, nova carta régia proíbe o comércio na colônia com estrangeiros. 19 de Fevereiro – Lei limita a vinda de estrangeiros ao Brasil. 18 de Março – Assassinado por grupo de homens mascarados o corsário francês Duclerc, que anteriormente feito prisioneiro e depois libertado residia em casa que alugara, cogitando-se em ato de vingança. 09 de Junho – Parte da França, sob o comando do corsário René Duguay-Trouin, esquadra de dezessete navios com setecentos canhões e mais de quatro mil homens de desembarque para invadir o Rio de Janeiro, sob o pretexto de vingar Duclerc. 08 de Julho – O arraial de Vila Rica (futura Ouro Preto) é transferido vinte e cinco quilômetros aproximadamente do local originário para onde está hoje e elevado à condição de vila (município) com a denominação de Vila Rica, medida confirmada por carta régia posterior. 11 de Julho – Ordem régia do rei de Portugal, d. João V, eleva a vila de São Paulo à condição de cidade, cronologicamente a oitava do país a obter essa designação, após Salvador, Rio de Janeiro, Paraíba, Olinda, São Luís, Cabo Frio e Vila Rica. 12 de Setembro – A frota comandada por Duguay-Trouin, aproveitando-se de forte nevoeiro, invade a baía da Guanabara.
  • 15. 227 13 de Setembro – Os corsários franceses ocupam a ilha das Cobras, instalando nela suas baterias. 14 de Setembro – A frota francesa desembarca quatro mil combatentes, dando inicio à ocupação do Rio de Janeiro, tendo o governador Francisco de Castro Morais concentrado suas forças no largo do Rosário e, intimado a se render, não concorda. 20 de Setembro – Os franceses iniciam o bombardeio do campo do Rosário, semeando o medo e mesmo o pânico entre seus defensores. 21 de Setembro – Diante do ataque francês, alvitra o governador e seu estado maior procurar sítio mais resguardado enquanto espera reforço de Minas, indo para Engenho Novo e depois Iguaçu, com o que debanda a população, desprotegida e apavorada, procurando se esconder nas matas. 22 de Setembro – Abandonada a cidade do Rio de Janeiro, os corsários franceses, sob o comando de Duguay-Trouin, procedem à pilhagem, arrombando mais de setenta por cento das casas e armazéns, apoderando-se do que encontram de valor. 09 de Outubro – Félix José Machado de Mendonça toma posse em Olinda como novo governador de Pernambuco, procurando nos primeiros dias conciliar as facções em conflito, soltando presos políticos e recebendo de João da Mota as fortificações recifenses que detinha. 10 de Outubro – Assinada capitulação do governador Francisco de Castro Morais ao corsário Duguay-Trouin, que exigira resgate da cidade sob a ameaça de incendiá-la totalmente, pagando-se-lhe em moeda seiscentos e dez mil cruzados, além de caixas de açúcar e bois.
  • 16. 228 11 de Outubro – Chega a Iguaçu a tropa mandada de Minas para socorrer os fluminenses com mais de cinco mil e quinhentos combatentes, sob o comando de Antônio de Albuquerque, nada mais podendo fazer diante do acordo assinado. 14 de Outubro – O terceiro conde de Castelo Melhor, Pedro de Vasconcelos e Sousa, assume a governadoria-geral da Colônia. 18 de Novembro – Félix Mendonça, novo governador de Pernambuco, surpreendentemente alinha-se aos comerciantes de Recife, dando início à devassa, ordenando a prisão dos líderes da revolta olindense do ano anterior, restaurando o pelourinho e instalando a Câmara. Vieira de Melo e um filho refugiam-se em Palmares, mas, entregando-se posteriormente, são presos e, juntamente com outros prisioneiros, remetidos à Lisboa, onde d. João V os solta e determina ao governador libertar todos os olindenses detidos e a lhes restituir os bens sequestrados. 04 de Dezembro – Efetuado o último pagamento a Duguay-Trouin dos seiscentos e dez mil cruzados acordados para resgate, quantia a que se acresce o produto da pilhagem, elevando-se a alguns milhões de cruzados o lucro dos corsários. Nesse mesmo dia partem os franceses, que na viagem têm três navios naufragados. Castro Morais é destituído do governo, processado e condenado a degredo perpétuo na Índia. – Criadas as municipalidades (vilas) mineiras de N. S. do Ribeirão do Carmo (atual Mariana) e Vila Real do Sabará. – Publicada em Lisboa a obra Cultura e Opulência do Brasil por Suas Drogas e Minas, de André João Antonil, anagrama do jesuíta italiano João Antônio Andreoni. As informações sobre minas de ouro e prata
  • 17. 229 contidas na obra servem de pretexto para o governo português determinar seu sequestro e destruição, por divulgar o segredo do Brasil aos estrangeiros. “Que lhes poderia ensinar de novo [o livro]? A verdade é outra: o livro ensinava o segredo do Brasil aos brasileiros, mostrando toda a sua possança (sic), justificando todas as suas pretensões, esclarecendo toda a sua grandeza [....] Sem amplificações, em forma tersa e severa, adunava algarismos e mostrava o Brasil tal qual se apresentava à visão de um espírito investigador e penetrante” (Capistrano de Abreu. Capítulos de História Colonial, p. 186 e 184, respectivamente). – Representada em Olinda e Recife a peça Comédias, em oportunidades comemorativas. 1712 – Nesse ano a remessa de ouro brasileiro para Portugal atinge o ápice com 14.500 (catorze mil e quinhentos) quilos. – Visita o Brasil o cientista francês Amedée-François Fresier. 1713 Agosto – No Ceará, os índios anacés atacam a vila de Aquirás, tendo a população fugido em direção à vila do Forte ou da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção de Nova Bragança, atual Fortaleza. Alcançada no caminho, tem umas duzentas pessoas mortas pelos índios. Face a isso, o governador da capitania, ouvida a junta das figuras mais
  • 18. 230 importantes, como determina provisão do rei d. João V, ordena a afixação nos edifícios públicos e igrejas do Banho de Guerra Livre aos Selvagens. Segundo Gustavo Barroso (Nos Bastidores da História do Brasil, s/d, p. 72), “Guerra de Corso era para escravizar, a de Morte para aniquilar, mas ambas realizadas por agentes do governo. A Guerra Livre podia ser feita por qualquer pessoa, como quisesse e a qualquer tempo, sem dar contas a ninguém”. – Em decorrência disso, nesse mesmo ano, são presos quatrocentos anacés, dos quais noventa e cinco são trucidados e muitos outros mortos ou escravizados, do que resulta ficarem “definitivamente destruídas, além da nação dos anacés, as dos jaguaribaras e dos canindés” (Gustavo Barroso, op.cit., p. 72). – Instituída a vila de São João del Rei. – Fim da denominada Guerra dos Bárbaros com as repressões organizadas nesse ano contra tribos indígenas cearenses. – Organizado o asilo do padre Antônio Manuel, em Pernambuco, para isolamento de leprosos, comportando trinta doentes. – Abolido o quinto de ouro, substituído pelo pagamento, por ano, de trinta arrobas, procedendo-se a repartição da cota que cada Câmara de Minas Gerais deverá contribuir. – Nomeado pelo governador da província o mestre de campo Antônio Pires de Ávila para pôr ordem no arraial de Pitangui/MG, o que não é conseguido.
  • 19. 231 1714 Abril – Fixados os limites das três primeiras comarcas criadas em Minas Gerais no início deste século, correspondentes, conforme observa Cláudia Damasceno Fonseca (Arraiais e Vilas d’el Rei – Espaço e Poder nas Minas Setecentistas. Belo Horizonte, editora da UFMG, 2011, p. 143), a três grandes bacias hidrográficas: Ouro Preto (bacia do rio Doce), Rio das Velhas (bacia do rio São Francisco) e Rio das Mortes (bacias dos rios Grande e Paraná). 11 de Junho – O marquês de Angeja e segundo conde de Vila Verde, Pedro Antônio de Noronha Albuquerque e Sousa, é nomeado vice-rei do Brasil, titulação que daí por diante prevalecerá nas futuras nomeações até a última delas, ocorrida em 1806. – Nomeado o engenheiro militar Pedro Gomes Chaves para apaziguar os habitantes de Pitangui e ao mesmo tempo cobrar as remessas do quinto não procedidas, também não obtendo êxito. – Volta ao Brasil, onde esteve em 1712, o cientista francês Amedée- François Fresier, que posteriormente inclui em suas obras mapas e estudos geográficos referentes a algumas regiões brasileiras. – Elevadas à categoria de vilas, em Minas Gerais, a Vila Nova da Rainha (atual Caeté) e Vila do Príncipe (atual Serro). 1715 06 de Fevereiro – Pelo Tratado de Utrecht é reconhecido o direito de Portugal sobre a colônia do Sacramento, retomada no ano seguinte.
  • 20. 232 09 de Junho – Criada a vila de N. S da Piedade de Pitangui a fim de facilitar a coleta de impostos, cujos métodos empregados pelos camaristas (membros da Câmara) provocam violentas reações dos habitantes. 05 de Julho – Carta régia proíbe o cativeiro injusto dos indígenas. – Lourenço de Almeida assume a governadoria de Pernambuco e procura normalizar a situação, “sem, no entanto, extinguir aquela tradicional rivalidade entre portugueses e filhos da terra” (Rocha Pombo. História do Brasil, op.cit., p. 239). – Face às queixas de atrocidades cometidas pelos índios, ordem régia mandada da metrópole determina a continuação da guerra contra eles até seu total extermínio. – Escrita pelo médico português Manuel dos Santos a Narração Histórica das Calamidades de Pernambuco, Sucedidas Desde o Ano de 1707 Até o de 1715. 1716 – Levante em Caeté/MG contra o regime de capitação na arrecadação do imposto sobre o ouro, tendo o governador determinado a volta ao sistema “da finta coletiva e fixa anual” (Rocha Pombo, op.cit., p. 228), consistindo a capitação em valor fixo a ser pago por cabeça de escravo, incidindo sobre todas as pessoas que os tinham, segundo Cláudia Damasceno Fonseca (op.cit., p. 196). – A colônia do Sacramento é devolvida pelos espanhóis aos portugueses, não sem antes procurar isolá-la, “povoando e
  • 21. 233 fortificando a região, então denominada do Monte do Vidéu” (Gustavo Barroso, op. cit., p. 65). – Finalmente encerrada a longa pendência judicial entre Duarte de Albuquerque Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, anexada em 1654 à Coroa, concedendo o rei d. João V a seus herdeiros o marquesado de Valença e oitenta mil cruzados, “pagos no rendimento daquela capitania em dez anos” (Abreu e Lima. Sinopse dos Fatos Mais Notáveis da História do Brasil, p. 175). 1717 24 de Julho – O conde de Assumar, Pedro de Almeida, nomeado governador da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, parte do Rio de Janeiro para São Paulo para tomar posse do cargo, prosseguindo viagem até Vila Rica, da qual é redigido diário por um dos membros da comitiva. “O conde de Assumar governou a capitania de 1717 a 1721 e ficou célebre por bater duro na fama de insubmissão que grassava entre os moradores, reafirmar a centralidade do poder real e garantir o exercício da autoridade administrativa metropolitana” (Lília M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma Biografia, p. 139). – A dívida da vila de Pitangui ascende a sete arrobas de ouro, que a própria Câmara, anteriormente encarregada de cobrá-la, recusa-se a fazê-lo. – Representadas em Salvador as peças El Conde de Lucanor e Effectos de Odio y Amor, ambas de autoria de Calderón.
  • 22. 234 1718 09 de Março – Provisão real, contraditoriamente, reconhece a liberdade dos índios, mas, recomenda a escravização dos que “andam nus, atropelam as leis da natureza, não fazem diferença de mãe e filha para satisfação de sua lascívia, comem-se uns aos outros” (apud Martins Júnior. História do Direito Nacional, p. 209). 06 de Abril – Passada em Lisboa a escritura de aquisição pela Coroa portuguesa por quarenta mil cruzados da capitania do Espírito Santo. 11 de Abril – Degredados do reino para Salvador diversos ciganos e ciganas com seus filhos, em decorrência de “mau e escandaloso procedimento” (Abreu e Lima, op.cit., p. 177), com proibição de usarem sua língua e gíria, designando a Câmara da cidade o bairro da Palma para sua habitação, que fica conhecido como Mouraria. 30 de Maio – Carta régia autoriza a escravização de duzentos índios para aplicar o produto de sua venda na construção de igreja no Maranhão. 21 de Agosto – No mandato do vice-rei do Brasil, o marquês de Angeja, Pedro Antônio de Noronha Albuquerque e Sousa, encerrado nessa data e transferido a Sancho de Faro e Sousa, segundo conde de Vimieiro, construíram-se a nau Padre Eterno e diversas outras, além de se ter cuidado e ampliado as fortificações da colônia e estabelecidas áreas de corte de madeira para construções. – A bandeira chefiada por Pascual Moreira Cabral Leme adentra o atual Estado de Mato Grosso, descobrindo, na região do rio Cuiabá, as minas de Caxipó-Mirim.
  • 23. 235 – “Numa carta dirigida ao vice-rei da Colônia, o conde de Assumar relatava suas dificuldades para efetuar a cobrança do quinto naquela povoação [Pitangui], que era um verdadeiro antro de rebeldes” (Cláudia D. Fonseca, op.cit., p. 158). – São José del Rei (atual Tiradentes) é elevada à categoria de vila. 1719 – O conde de Assumar nomeia o brigadeiro português João Lobo de Macedo para dirigir a vila de Pitangui. “No entanto, o grupo de paulistas que dominava a vila não aceitaria a autoridade do brigadeiro reinol, expulsando-o de Pitangui” (Cláudia D. Fonseca, op.cit., p. 159). 11 de Fevereiro – Segundo Joaquim Felício dos Santos (Memórias do Distrito Diamantino, p.57/58), lei substitui o pagamento anual de arrobas de ouro pela cobrança do quinto deduzido por ocasião da fundição, estando proibida a saída de Minas Gerais de ouro em pó, sob pena de perda do ouro, confisco de todos os bens e degredo por dez anos na Índia. 19 de Abril – Concedida pelo rei d. João V de Portugal ao padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão patente de “instrumento para voar pelos ares” (apud Novo Dicionário de História do Brasil, p. 327). 13 de Outubro – Por falecimento do vice-rei, assume o governo da Colônia triunvirato composto do arcebispo d. Sebastião Monteiro da Vide, do ouvidor Caetano de Brito e Figueiredo e do mestre de campo João de Araújo e Azevedo.
  • 24. 236 Foto 1: Cultura e Opulência do Brasil/capa Foto 2: Litografia de Ferdinand Perrot Foto 3: As Expedições de Duclerc e de Duguay-Trouin ao Rio de Janeiro/capa Foto 1: Colônia de Sacramento Foto 2: Nau Padre Eterno
  • 25. 237 Década de 1720 1720 20 de Março – Por lei é permitida a vinda ao Brasil apenas a servidores públicos para cá designados, religiosos incumbidos de missões e portugueses que “provassem com documentos irem fazer negócio considerável, com fazendas suas ou alheias, para voltarem” (apud Martins Júnior, História do Direito Nacional. 2ª ed., 1941, p. 212). 28 de Junho – Irrompe insurreição em Vila Rica contra o sistema e o excesso da cobrança do imposto sobre o ouro, expulsando-se o ouvidor e remetendo os sediciosos mensagem ao governador com várias exigências, tendo este concordado em conceder ao povo o que fosse justo desde que se restabelecesse a ordem. Conquanto acalmando o povo com essa promessa, seus líderes o coloca novamente em sedição. Contingente de uns dois mil revoltosos dirige- se ao palácio do governador, conde de Assumar, em vila do Ribeirão do Carmo (atual Mariana), onde novamente lhe apresentam reclamos e reivindicações, por ele deferidos e, por isso, aclamado. 16 de Julho – Mesmo tendo o conde de Assumar acedido às reivindicações, os revoltosos dão continuidade ao movimento, desconfiados de suas reais intenções, formulando, segundo Rocha Pombo (História do Brasil. 10ª ed., 1961, p. 231), novas exigências, pelo que se considera que seu verdadeiro intuito não é reivindicar, mas, o domínio das Minas, em decorrência do que é ordenada a prisão
  • 26. 238 dos líderes dos sediciosos, entre eles Filipe dos Santos, logo enforcado e depois amarrado à cauda de um cavalo e, como diz o próprio conde de Assumar em carta de 02 de agosto seguinte ao vice-rei do Brasil, na Bahia, “o mandei arrastar e esquartejar” (apud Gustavo Barroso. Nos Bastidores da História do Brasil, s/d., p. 97). – “A pena capital não foi aplicada contra este [Pascoal da Silva Guimarães] nem contra os outros poderosos que chefiaram a rebelião [entre eles, o brigadeiro João Lobo de Macedo], incidindo apenas sobre Filipe dos Santos, um modesto comerciante cujo papel na rebelião tinha sido secundário” (Cláudia Damasceno Fonseca. Arraiais e Vilas d’El Rei, 2011, p. 166). – “O cerco da Metrópole à Colônia se completa no fiscalismo do reino. Fiscalismo, expressão alheia aos tributos e derivada do sistema de dependência: a Colônia não vive por si, nem se identifica à Metrópole, senão que é estância provisória dos interesses sediados junto à Coroa. A rapacidade tributária, ardentemente denunciada pela generalidade dos historiadores, não passa de modalidade da rapacidade maior, definida no sistema colonial.” (Raimundo Faoro. Os Donos do Poder, 2000, vol. 01, p. 63). 23 de Novembro – Vasco Fernandes César de Meneses, futuro conde de Sabugosa, toma posse do cargo de vice-rei do Brasil, que ocupa por nada menos de quinze anos. 02 de Dezembro – Criada, por alvará, a capitania de Minas Gerais, desmembrada da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, continuando o processo iniciado em 1709, e ainda em curso, de redivisão e reorganização territorial brasileira, que, como quase tudo no país, além de processado morosamente, permanece inacabado.
  • 27. 239 – Promovida intervenção na cavalaria dos Dragões na vila de Pitangui, sob o comando do capitão José Rodrigues de Oliveira, que, após diversos combates, expulsa os rebelados, perdendo, no entanto, muitos soldados. Condenado à morte, Domingos Rodrigues do Prado, o principal líder paulista e genro do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, consegue fugir, indo ao encontro do sogro em Goiás, onde descobrem muitas minas de ouro. – Criada em Minas Gerais a quarta comarca, de Serro Frio, desmembrada da comarca do Rio das Velhas. – A bula papal Copiosus in Misericordia cria o bispado do Pará. – Elaborada planta da igreja de N. S. da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro, de autoria do engenheiro militar, tenente-coronel José Cardoso Ramalho, “primeiro exemplo nacional de solução barroca empregando planta poligonal” (Carlos A. C. Lemos e José Roberto Teixeira Leite, “Rio de Janeiro, o Porto do Ouro”, in Arte no Brasil, vol. I, p. 230). – Escrita em latim a História da Vice-Província do Maranhão do Ano de 1607 a 1700, atribuída ao padre Matias Rodrigues. 1721 21 de Janeiro – Provisão proíbe o comércio com os franceses de Caiena. 14 de Fevereiro – Carta régia autoriza a organização de bandeira para desbravar e povoar o sertão do Novo Sul, futuro Sertão da Farinha Podre, atual região do Triângulo.
  • 28. 240 19 de Março – Tempestade assola Salvador provocando verdadeiro terror na população, da qual, no entanto, só resulta desabamento de construções sem perda de vidas, pelo que é instituído, a partir daí, anualmente, nesse dia, procissão de voto de graças. Agosto – O capitão-general Lourenço de Almeida assume a governadoria da capitania das Minas Gerais como seu primeiro titular, dirigindo-a até setembro de 1732. 05 de Setembro – O capitão-general Rodrigo César de Meneses toma posse com governador da capitania de São Paulo. – A partir de novembro desse ano e continuando no ano seguinte, várias incursões oficiais contra os índios são efetuadas no Ceará sob a acusação de tropelias e roubo de gado, atingindo, entre outras tribos, os tapiais do Jaguaribe, os índios da margem do rio Acaracu ou Acaraú e das regiões de Aracatiaçu, Mundaú e Água das Velhas, bem como a tribo dos jenipapos, no Jaguaribe. “A razão maior da luta entre o colonizador e o aborígene no Nordeste do Brasil se acha no fato de este caçar e prear as reses das fazendas, como se fossem animais bravios. Ele não possuía nenhuma noção de propriedade. Via, vagando pelas várzeas atapetadas de panasco verde manadas de bois, vacas, vitelas e garrotes. Para sua fome cada uma daquelas cabeças de gado valia mais do que uma capivara e o mesmo que uma anta” (Gustavo Barroso, op.cit., p. 73). Outro fator de atritos violentos entre índios e colonos era a colheita do caju nas faixas litorâneas, ocasionando o que o mesmo historiador denomina “Guerra do Caju”.
  • 29. 241 1722 30 de Junho – Pelo regimento assinado nesse dia, decorrente da carta régia de 14 de fevereiro de 1721, Rodrigo César de Meneses, governador da província de São Paulo, assina contrato com Bartolomeu Bueno da Silva Filho (Anhanguera 2º) para descoberta de minas de ouro, prata e pedras preciosas. “Segundo os cronistas (Arquivo Público de São Paulo, vol.XII, p.61), a expedição partiu de São Paulo nesse mesmo dia 30 de junho de 1722. Na numerosa expedição, chefiada pelo Anhanguera, homem de inteligência cultivada e poderoso, se viam seu mencionado genro Ortiz, riquíssimo e audaz, Antônio Pedro Calhamares, Antônio Ferraz de Araújo e Urbano do Couto que, mais tarde, guiou a abertura da famosa picada de Goiás. Um corpo de 500 [quinhentos] homens, preparados à custa de Ortiz, formava o grosso da comitiva” (Alexandre de Sousa Barbosa e Silvério José Bernardes. A Estrada do Anhanguera, 1911, p. 06 e 07). No entanto, “organizou-se a bandeira goiana que se compunha de 152 pessoas, e não 500, como exagerou o cronista Pedro Taques” (Edelweiss Teixeira. O Triângulo Mineiro Nos Oitocentos. Uberaba, Intergraf editora, 2001, p. 23). Para Hildebrando Pontes (História de Uberaba, p. 37) e Edelweiss Teixeira (op. cit., p. 24), a partida da bandeira deu-se no dia 03 de julho seguinte. – Participante da bandeira do Anhanguera 2º, o alferes português José Peixoto da Silva Braga, avisado por ele de que estão nas proximidades do local onde corre o rio Maranhão, resolve deixá-la e com dezenove homens, catorze deles escravos, desce o referido rio e o Tocantins até
  • 30. 242 Belém do Pará, fazendo assim o percurso de ligação do sul e do Brasil central com a Amazônia, futura rota de navegação fluvial. – Nasce na atual cidade de Santa Rita Durão/MG, o futuro poeta José de Santa Rita Durão. 1723 – Descoberta a existência de diamantes no Brasil. – Por ordem do rei d. João V são transferidos inúmeros habitantes das ilhas dos Açores para Santa Catarina. 1724 04 de Janeiro – A estrondo subterrâneo segue-se rápido tremor de terra em Salvador e na ilha de Itaparica, antecedendo grande estiagem que assola a província da Bahia por quatro anos (1724 a 1728) a ponto de secar as fontes da capital. 22 de fevereiro – Carta régia portuguesa determina sejam tomadas medidas conducentes a que o país reentre na posse da ilha da Trindade, indevidamente ocupada por companhia britânica desde 1700. 07 de Março – Fundada em Salvador a primeira associação literária organizada na colônia, com apoio direto do vice-rei Vasco Fernandes César de Meneses, a Academia Brasílica dos Esquecidos, objetivando estudo da História do Brasil sob os aspectos natural, militar, eclesiástico e político, derivando sua denominação, segundo alguns,
  • 31. 243 da circunstância de seus fundadores não terem sido lembrados para compor a Academia Real de História Portuguesa de Lisboa, incentivando a entidade baiana a elaboração de diversos livros por seus membros, como a História da América Portuguesa (1730), de Rocha Pita; Dissertação Sobre as Coisas Naturais do Brasil, de Caetano Brito e Figueiredo; Dissertação Crítico–Jurídico-Histórica da Guerra Brasílica, de Inácio Barbosa Machado; e Dissertação da História Eclesiástica do Brasil, do padre Gonçalo Soares da Franca. 1725 04 de Fevereiro – A Academia Brasílica dos Esquecidos realiza sua décima-oitava e última reunião. 26 de Julho – Fundado o arraial de Vila Boa, em Goiás, pelo Anhanguera 2º. Mirador (vol. 10, p. 5365) informa que esse fato dá-se em 1727. – No sul de Mato Grosso, onde habitam, os índios guaicurus destroem frota de canoas, matando seiscentas pessoas. 1726 13 de Março – Pastoral do bispo pernambucano d. José Fialho proíbe representações teatrais no interior das igrejas, em decorrência de abusos praticados. Maio – Depois de ter chegado a São Paulo, de volta da primeira expedição, com apenas 70 (setenta) homens, o Anhanguera 2º retorna
  • 32. 244 a Goiás com “uma segunda bandeira composta de 152 pessoas” (Hildebrando Pontes, op. cit., p. 42). – Elevada à vila a povoação de Fortaleza, sob a denominação de Fortaleza de N. S. da Assunção do Ceará Grande. Mirador (vol. 09, p. 4806) indica que essa circunstância ocorre em 1699 e que em 1725 “é criado o município (sic)”, terminologia e categoria que, ao que tudo indica, não existiam. – Os índios guaicurus atacam e matam grupo de portugueses que é acompanhado de índios parecis. – Chega ao Brasil o escultor português Manuel de Brito, que, com o escultor também português, Francisco Xavier de Brito, trabalham na igreja de São Francisco da Penitência. Este último atua na capela-mor da Matriz de N. S. do Pilar, em 1746, em Ouro Preto. Segundo José Roberto Teixeira Leite e Carlos A. C. Lemos, houve em Minas Gerais, como no Rio de Janeiro, um “estilo Brito”, que chega a influenciar até mesmo Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (“Rio de Janeiro, o Porto do Ouro”, in Arte no Brasil, vol. I, p. 241). 1727 – O militar e sertanista Francisco de Melo Palheta traz de Caiena, na Guiana Francesa, sementes e mudas de café, que planta em Belém, organizando pequeno cafezal.
  • 33. 245 1728 Abril – Extraídas das minas de Cuiabá com grande sacrifício da população, são remetidas a Lisboa via São Paulo e Rio de Janeiro, sete arrobas de ouro em cunhetes fechados e selados, “onde abertos (diz-se que em presença del rei d. João V, e de alguns ministros estrangeiros, que convidara de propósito para presenciarem este ato), achou-se chumbo em grãos de munição em lugar do ouro” (Abreu e Lima. Sinopse dos Fatos Mais Notáveis da História do Brasil. 2ª ed., 1983, p. 187/188). 10 de Maio – Sublevam-se os soldados do terço velho da Bahia, ao fim de que sete de seus membros, considerados líderes da revolta, são executados e vários outros degredados. – Os índios guaicurus atacam e matam mercadores que se dirigem a Cuiabá. – Publicado o Compêndio Narrativo do Peregrino da América, de autoria do escritor baiano Nuno Marques Pereira, “uma das obras mais lidas em Portugal no século XVIII” (Mirador), constituindo um dos antecedentes do gênero ficcional na literatura brasileira. – À grande seca que abateu a Bahia segue-se período de quatro anos de rigoroso inverno, em que as chuvas destroem lavouras e engenhos, matando escravos e reses e provocando desabamentos.
  • 34. 246 1729 05 de Junho – Nasce em Ribeirão do Carmo (atual Mariana), o futuro poeta e conspirador mineiro, Cláudio Manuel da Costa. 18 de Novembro – Alvará d. João V dirigido ao vice-rei do Brasil determina “fazerem-se mapas das terras do dito Estado não só pela marinha, mas pelos sertões, com toda a distinção, para que melhor se assinalem e conheçam os distritos de cada bispado, governo, capitania, comarca e doação” (apud José Veríssimo da Costa Pereira. A Geografia no Brasil, in As Ciências no Brasil, vol. I, p. 327). – Inaugurado em Salvador o teatro da Câmara Municipal. – Levadas à cena em Salvador as peças Fineza Contra Fineza, La Fiera, El Rayo Y la Piedra e El Monstruo de Los Jardines, todas de Calderón e, ainda, La Fuerza del Natural e El Desdén Con el Desdén, ambas de Agustín Moreto y Cabaña, todas representadas nas festas de casamento de príncipes portugueses e espanhóis. – A partir desse ano intensificam-se cada vez mais as encenações teatrais no país, ocorrendo diversas delas, além de outras de que se não tem notícia, em Cuiabá, São Luís, Vila Rica, Belém, Recife, Mariana, Rio de Janeiro, São Paulo, Diamantina e Salvador. – Com a 66ª expedição dos jesuítas, chegam ao Brasil os matemáticos e astrônomos, padres Domingos Capassi e Diogo Soares, nomeados por d. João V para efetuar o levantamento cartográfico do sul da Colônia, cabendo ao primeiro a parte astronômica e ao segundo a relativa às ciências naturais e geográficas. Antes de virem para o Brasil, Capassi publicara nas Acta Eruditorum de Leipzig ensaios
  • 35. 247 sobre eclipses da lua e sobre satélites de Júpiter e Diogo Soares lecionara matemática no colégio Santo Antão, de Lisboa.
  • 36. 248 Foto 1: Vila Boa de Goiás em 1751 Foto 2: Igreja São Francisco da Penitência Foto 3: Peregrino da América/capa
  • 37. 249 Década de 1730 1730 – Carta régia estabelece caminho entre São Paulo e Goiás, correspondendo aproximadamente ao trajeto do Anhanguera, “como o único caminho para as minas de Goiás, e previa penas para quem usasse desvios” (Luís Augusto Bustamante Lourenço. A Oeste das Minas (Escravos, Índios e Homens Livres Numa Fronteira Oitocentista: Triângulo Mineiro – 1750-1861. Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia/Instituto de Geografia, 2002, p. 34). – Organiza-se no Rio de Janeiro sociedade de mineradores, composta, entre outros, por Luís Teixeira, Inácio de Sousa e Francisco da Costa Nogueira, destinada a burlar o pagamento do imposto que recai sobre a produção do ouro, para isso montando fábrica de moedas em Paraopeba, em propriedade do guarda-mor Luís Teixeira. – Além de outros ataques em diversas oportunidades, os índios guaicurus matam mais de quatrocentos homens, entre eles o ouvidor Antônio Alves Lanhas Peixoto, quando este se dirigia a São Paulo. – Entre esse ano e 1736, os padres jesuítas e cientistas Domingos Capassi e Diogo Soares, além de inúmeros mapas, elaboram a Tabuada das Latitudes dos Principais Portos, Cabos e Ilhas do Mar do Sul na América Austral e Portuguesa. – Publicada em Lisboa a História da América Portuguesa, de Sebastião da Rocha Pita.
  • 38. 250 – Elevado à categoria de vila o arraial de N. S. do Bom Sucesso das Minas Novas do Araçuaí (Minas Novas). – Nasce em Ouro Preto, provavelmente nesse ano (aventa-se também o ano de 1738), Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. 1731 19 de Março – Expedida carta régia atinente à mineração no Brasil. – Denúncia partida de Lisboa determina devassa e ocupação da fábrica clandestina de moedas em Paraopeba. A respeito do assunto, o conselheiro José Antônio da Silva Maia, ministro de Estado no reinado de d. Pedro I, em seu livro Memórias Sobre o Quinto do Ouro em Minas Gerais, citado por Gustavo Barroso (Nos Bastidores da História do Brasil, s/d., p. 81), afirma que o principal interessado nessa fabricação de moeda falsa era “um muito próximo parente del- rei d. João V”, o que não se apurou oficialmente! 1732 – Grande epidemia assola Pernambuco, na qual se destaca a atuação do bispo d. José Fialho na assistência às vítimas. – Com o término na Bahia do quatriênio excessivamente chuvoso, segue-se outro período de quatro anos de “seca assoladora, vindo a fome coroar a obra da ruína da agricultura” (Abreu e Lima. Sinopse dos Fatos Mais Notáveis da História do Brasil. 2ª ed., p. 199).
  • 39. 251 1733 27 de Outubro – Proibida por lei a abertura de novas vias e picadas para as minas, devendo o trânsito, entrada e saída ser realizados pelos antigos e públicos caminhos. – Depois de praticarem novas matanças no sul de Mato Grosso, é mandada contra os guaicurus grande expedição que os ataca e derrota nas ilhas do rio Paraguai, o que não os impede de promover novas chacinas de colonizadores nos anos seguintes até 1775. 1734 24 de Março – Representação dos povos que se comprometem, para evitar a implantação do sistema de capitação, a contribuir com cem arrobas de ouro anualmente para a Fazenda Real. “Procurava-se o método mais próprio a promover os interesses da Fazenda, quaisquer que fossem os vexames que sofressem os povos. O grande problema consistia em sugar-lhes o sangue sem se revoltarem” (Joaquim Felício dos Santos. Memórias do Distrito Diamantino. 3ª ed. Rio de Janeiro, edições O Cruzeiro, 1956, p. 126). 19 de Julho – Bando do conde de Galveias, então governador da capitania de Minas Gerais, proíbe a mineração de diamantes no distrito demarcado no Tijuco, cassando as cartas de datas para exploração de lavras auríferas, patrulhando pelo Corpo de Dragões as terras demarcadas e instaurando devassa contra os violadores do bando, objetivando a medida o despovoamento do distrito dos
  • 40. 252 diamantes, “para que só a Coroa pudesse usufruir os seus tesouros, quaisquer que fossem as consequências” (Joaquim Felício dos Santos, op.cit., p. 73). 24 de Dezembro – Portaria governamental determina ao Intendente de Diamantes do Tijuco executar “todas aquelas providências que parecerem convenientes ao fim pretendido de manter severamente a proibição de extraírem-se diamantes, reduzindo o distrito em que se acharam ao estado antigo” (apud Joaquim Felício dos Santos, op. cit., p. 73/74). – Nova pastoral do bispo pernambucano d. José Fialho estende a proibição de representações de comédias em qualquer local. – Para melhor fiscalizar a extração de diamantes no Tijuco (Diamantina) cria-se a Intendência dos Diamantes. – Publicado nesse ano, segundo José Aderaldo Castelo (“O Movimento Academicista”, in A Literatura no Brasil, organizada por Afrânio Coutinho. Rio de Janeiro, editora Sul Americana, 1955, vol. I, tomo 1, p. 436), o Triunfo Eucarístico, de Simão Ferreira Machado, crônica da festa celebrada por ocasião da trasladação do sacramento da igreja do Rosário para a igreja da Senhora do Pilar em Vila Rica, ocorrida em maio do ano anterior. Já conforme Valtencir Dutra e Fausto Cunha (Biografia Crítica das Letras Mineiras. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1956, p. 22), esse “quase registro, em forma de ata, daquela cerimônia, editou-se em Lisboa, no ano de 1744”.
  • 41. 253 1735 06 de Janeiro – Para mais diretamente controlar o Tijuco, ordem governamental determina ao ouvidor-geral da comarca não mais exercer nela suas atribuições, que passam ao intendente, que exercerá, daí em diante, a jurisdição de ouvidor. 11 de Maio – O conde das Galveias, André de Melo e Castro, assume o cargo de vice-rei do Brasil, que ocupa por catorze anos. 01 de Julho – Implantado o sistema da capitação por meio de termo em sessão dos procuradores das Câmaras, abolindo-se o imposto do quinto, proibido o uso da moeda, mas tendo livre curso o uso do ouro em pó, sendo que todo habitante de Minas Gerais, mineiro ou não, passa a pagar quatro oitavas e três quartos de ouro referente a cada escravo que tenha, pagando-os também os forros e os oficiais de qualquer ofício. “O método da capitação desgraçou e arruinou muitos mineiros e roceiros, que não podendo pagar os impostos davam à penhora, e se arrematavam, seus escravos e propriedades” (Joaquim Felício dos Santos, op.cit., p. 129). – Sitiada a colônia do Sacramento por tropas espanholas de Buenos Aires, cerco que dura vinte e três meses “de refregas contínuas em terra e no mar” (Rocha Pombo. História do Brasil. 10ª ed., p. 272). – Editada em Lisboa a obra Erário Mineral, dividida em doze tratados, de autoria do médico português Luís Gomes Ferreira, destinada à divulgação em Minas Gerais, onde clinica por muitos anos, de conhecimentos médicos em linguagem acessível, versando principalmente a terapêutica baseada em plantas.
  • 42. 254 1736 14 de Fevereiro – Falece em São Paulo o padre jesuíta e cientista Domingos Capassi, a quem se deve juntamente com o padre Diogo Soares “o primeiro levantamento das latitudes e longitudes de grande parte do Brasil” (Abraão de Morais, “A Astronomia no Brasil”, in As Ciências no Brasil, vol. I, p. 104). 05 de Março – Ordem expressa do rei de Portugal para se organizar expedição contra os caiapós, em decorrência de que a “estrada, de Moji até Goiás, atravessava terras ocupadas pelos índios caiapós, nação pacífica e poderosa, que irritada pelos abusos cometidos pelos viandantes, muitas vezes interceptou o trânsito de São Paulo a Goiás” (Alexandre de Sousa Barbosa e Silvério José Bernardes. A Estrada do Anhanguera. Uberaba, tipografia Jardim, 1911, p. 8). – “Os caiapós do Triângulo, em desafronta aos maus tratos recebidos, constituíram o terror da zona, pelos seus constantes ataques a fazendeiros estabelecidos e a viajantes” (Hildebrando Pontes. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central, p. 20). 06 de Maio – Fundada no Rio de Janeiro, no palácio do governo, a Academia dos Felizes, segunda associação literária instituída no Brasil, compondo-se de trinta membros, organizando uma Oração Acadêmica Panegírica, cujos originais se encontram na Biblioteca Nacional. 19 de Setembro – Falece no arraial da Barra/GO, por ele fundado, o Anhanguera 2º, na maior pobreza, em consequência da perseguição que lhe moveu “em 1728 o então governador de São Paulo, Caldeira Pimentel, célebre nos fastos da gatunice” (Alexandre Barbosa e
  • 43. 255 Silvério Bernardes, op. cit., p.7). – Abertura da picada de Goiás, saída de Minas Gerais e passando do lado oriental da serra da Canastra, terminada em 1738, ligando as minas goianas a São João del Rei e Vila Rica. – Comissão da Academia de Ciências da França, composta por L. Godin, P. Bouger e Charles Marie de la Condamine, dirige-se ao Peru com a finalidade de medir um arco do meridiano próximo ao Equador. – Nasce em Vila Rica o futuro compositor e cantor, Inácio Parreiras Neves, que tem duas obras recuperadas, Credo para coro misto e orquestra e Oratório ao Menino Deus Para a Noite de Natal, considerada, por Gérard Béhage, seu descobridor, segundo Vasco Mariz (História da Música no Brasil. 4ª ed., p. 49), “a única obra coral secular de Minas Gerais”. 1737 18 de Setembro – O governador nomeado para o Estado do Maranhão toma posse em Belém por ordem expressa de Portugal, segundo Abreu e Lima (op. cit., p. 200), o que se repetiria em 1751, criando-se, na prática, o Estado do Grão-Pará e do Maranhão, transferindo-se a capital de São Luís para Belém. – Fundação pelo brigadeiro José da Silva Pais da colônia de São Pedro ou do Rio Grande de São Pedro na margem direita da lagoa dos Patos, posteriormente denominada Porto Alegre. Para Mirador (vol. 17, p. 9165), isso teria ocorrido em 1740. – Publicado em Lisboa o poema sobre José de Anchieta, Orpheus Brasilicus Sive Eximius Elementaris Mundi Harmostes: Nempe
  • 44. 256 Josephus de Anchieta Novi Orbis Thaumaturgus, et Brasiliae Apóstolus, de autoria do padre jesuíta Francisco de Almeida. 1738 14 de Janeiro – Fundada no Rio de Janeiro a casa dos Expostos para abrigo de recém-nascidos abandonados, de que se origina a primeira fundação do país, denominada fundação Romão de Matos Duarte em homenagem ao instituidor da referida casa. 11 de Agosto – Criada a capitania de Santa Catarina e do Rio Grande de São Pedro (Abreu e Lima, op. cit., p. 201). – Chega ao Rio de Janeiro para lecionar artilharia, o engenheiro militar português, José Fernandes Pinto Alpoim, “o maior arquiteto setecentista do Rio de Janeiro, autor de edifícios importantes, que revelam extremo bom gosto e requinte de acabamento” (Carlos A. C. Lemos e José Roberto Teixeira Leite, “Rio de Janeiro, o Porto do Ouro”, in Arte no Brasil, vol. I, p. 229), projetando, entre outros, o Paço da Cidade (praça XV de Novembro), atribuindo-se-lhe também o projeto do convento de Santa Teresa e, em Minas Gerais, o plano urbanístico de Mariana, construindo, em Ouro Preto, a residência dos governadores, atual sede da escola de Minas e Metalurgia. 1739 10 de Junho – Contratados, por meio de arrematação, João Fernandes de Oliveira e Francisco Ferreira da Silva para extração de diamantes
  • 45. 257 por quatro anos, tendo a assisti-la o próprio governador Gomes Freire de Andrade. 18 de Outubro – Vítima da sanha da Inquisição, é degolado na praça da Forca, em Lisboa, e entregue às chamas de uma fogueira, o dramaturgo Antônio José da Silva, o Judeu, nascido no Rio de Janeiro em 1705 e autor de diversas peças teatrais, entre as quais Guerras do Alecrim e Manjerona. – Instituído por José de Sousa Armeiro o hospital da Ordem Terceira do Carmo no Rio de Janeiro.
  • 46. 258 Foto 1: Via Anhanguera Foto 2: Índios Guaicurus Foto 3: Triunfo Eucarístico Foto 4: Erário Mineral/capa Foto 5: Picada de Goiás
  • 47. 259 Década de 1740 1740 28 de Fevereiro – Extingue-se a Academia dos Felizes. – Nasce em Vila Rica o futuro compositor, regente e trompista, Marcos Coelho Neto, autor, entre outras obras, do hino Maria Mater Gratiae para coro a quatro vozes. 1741 Agosto – Início no Rio de Janeiro do internamento regular de leprosos no país, já que o lendário “Campo dos Lázaros” da Bahia constituiu “aglomerado apenas improvisado pela força das circunstâncias” (Pedro Sales. História da Medicina no Brasil, 1971, p. 114), nascendo aí “o primeiro hospital para morféticos no Rio de Janeiro, e o primeiro oficialmente instalado no Brasil” (Pedro Sales, op. cit., p. 115). 20 de Dezembro – Bula do papa Benedito XIV proíbe terminantemente, sob pena de excomunhão, que qualquer pessoa, secular ou eclesiástica, possua índios como escravos ou os reduza, por qualquer forma, a cativeiro. – Sob o comando do sargento-mor João da Silva Ferreira, autorizado por Gomes Freire de Andrade, é desferido o primeiro ataque ao quilombo do Ambrósio, sem conseguir derrotá-lo. Segundo Tarcísio José Martins (no polêmico e panfletário Quilombo do Campo Grande – A História de Minas Roubada do Povo. São Paulo, edição de A
  • 48. 260 Gazeta Maçônica, 1995, p. 184), esse seria o primeiro dos dois quilombos existentes com essa denominação, situado no município de Cristais/MG. – O bispo do Rio de Janeiro, d. João da Cruz, ao visitar Minas Gerais manifesta tanta avareza e interesse material, que são tirados os badalos dos sinos para não repicarem em sua homenagem e destelhada a casa em que reside, com o que volta ao Rio. 1742 Janeiro – A Câmara de Vila Boa (Goiás) recorre a de Cuiabá, que contrata o coronel Antônio Pires de Campos Filho para combater os índios caiapós estabelecidos na região do Triângulo, o que é efetivado. Anteriormente, “pelo menos oito pedidos de socorro aflitivos foram feitos de Vila Boa aos governadores de São Paulo, que administravam Goiás, até dezembro de 1749” (Edelweiss Teixeira. O Triângulo Mineiro Nos Oitocentos, 2001, op. cit., p. 38). – Pires de Campos Filho instala as primeiras quatro aldeias indígenas das 18 (dezoito) que, segundo Eschwege, são organizadas na região do Triângulo, ao lado da estrada do Anhanguera, visando a proteção das caravanas que nela trafegam. 1743 Janeiro – Procedido sob o comando do tenente Manuel Cardoso da Silva segundo ataque ao quilombo do Ambrósio I.
  • 49. 261 09 de Maio – Gomes Freire de Andrade, autorizado pelo rei português, estabelece Regimento ao cirurgião-substituto de Minas Gerais. “Foi, com certeza, de acordo com essa lei que se licenciou Tiradentes” (Ernesto Sales Cunha. História da Odontologia no Brasil. 3ª ed., 1963, op.cit., p. 53). Julho – O cientista francês M. de La Condamine, enviado ao Peru pela Academia Francesa na expedição destinada a determinar a medida de um arco de meridiano, encerrados os trabalhos, volta para a Europa descendo o rio Amazonas, oportunidade em que “levantou a carta do grande rio e fez observações preciosas diretamente ligadas à geografia, à astronomia, à navegação, à história natural e à física” (José Veríssimo da Costa Pereira. “A Geografia no Brasil”, in As Ciências no Brasil, vol. I, p. 327). Setembro – Chega a Belém, vindo do Peru pelo rio Amazonas, o cientista francês La Condamine. 01 de Novembro – La Condamine aproveita a ocorrência em Belém de eclipse lunar para determinar latitude e longitude, encontrando, para essa cidade, latitude: 1º28’s; longitude: 3h.24m, a oeste de Paris, além de completar os estudos realizados no Equador atinentes à variação da aceleração da gravidade com a altitude. 31 de Dezembro – Renovado no distrito Diamantino por mais quatro anos o contrato de João Fernandes de Oliveira e Francisco Ferreira da Silva. – Organizada em São João del Rei expedição armada para defender a região do arraial de Campanha das pretensões do governo paulista sobre a área.
  • 50. 262 1744 16 de Maio – Expedido para fiscalização das várias especialidades da medicina o Regimento aos Comissários do Físico-Mor deste Reino, nos Estados do Brasil. 11 de Agosto – Nasce na cidade do Porto/Portugal, o futuro poeta e conspirador mineiro Tomás Antônio Gonzaga. – Impresso em Lisboa o livro Exame de Artilheiros, de autoria do sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim, professor de artilharia no Rio de Janeiro. 1745 10 de Novembro – Nasce em Goiana/PE o futuro médico José Correia Picanço, que exercerá papel fundamental na instalação de ensino médico no Brasil ao convencer d. João VI a promovê-lo em caráter oficial. – Pela bula papal Candor Lucis Eternae são criados os bispados de São Paulo e de Mariana/MG e as prelazias de Cuiabá e Goiás. – Nasce em São José do Rio das Mortes/MG (atual Tiradentes), o compositor Manuel Dias de Oliveira, autor de várias obras, entre elas, Ofício de Defuntos para coro e órgão, Magnificat e Sábado Santo de Manhã. – Publicado na França o livro em que La Condamine descreve a viagem empreendida pelo rio Amazonas do Peru a Belém, intitulado Rélation Abrégée d’Un Voyage Fait Dans l’Intérieur de l’Amérique
  • 51. 263 Méridionale - avec une carte du Maragnon, ou de la Rivière des Amazones, em que, como costume nesses séculos, o longo título representa verdadeira sinopse da obra. – Após pelo menos quatro décadas de dúvidas e disputas entre as vilas Rica e do Carmo para sediar diocese, o rei d. João V escolhe a vila do Carmo, que é elevada à categoria de cidade e rebatizada de Mariana em homenagem à rainha. 1746 01 de Junho – Bando e portaria do governador da capitania de Minas Gerais, conde de Bobadela (Gomes Freire de Andrade) para equipar e organizar corpo de armas que, sob o comando do capitão Antônio João de Oliveira, ataca o quilombo do Ambrósio, que chega a ter 1.000 habitantes, situado, segundo Valdemar de Almeida Barbosa, citado por Tarcísio J. Martins, entre os rios Quebra-Anzol e Misericórdia, no município de Ibiá, estação de Tobati, região do Triângulo, sendo Ambrósio aprisionado e morto nesse ano. Entretanto, segundo Tarcísio José Martins (História da Música no Brasil. 4ª ed., 1994, p. 186 e seguintes), esse seria a terceiro ataque ao quilombo do Ambrósio I, situado no município de Cristais, e nele Ambrósio não teria sido morto. 12 de Outubro – Nasce na vila do Príncipe do Serro Frio, em Minas Gerais, o futuro compositor José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, ao qual o pesquisador Curt Lange atribui a autoria de mais de trezentas obras musicais, das quais sobrevivem, informa Vasco Mariz (op.cit., p. 47), apenas quarenta, entre as mutiladas e completas. “José
  • 52. 264 Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, no entender de Curt Lange, possuía uma técnica expressiva e avançada para sua época, bem como notável versatilidade de temperamento artístico. Seu estilo oscila entre Pergolesi e Mozart, embora evidencie influência instrumental vinda da Itália. Suas obras manifestam uma invenção melódica muito rica, senso de forma, completa identificação com a mensagem do texto litúrgico e grande habilidade na arte da modulação” (Vasco Mariz, op.cit., p. 48). 11 de Dezembro – Toma posse o sexto bispo do Rio de Janeiro, d. Antônio do Desterro, cuja atuação é em tudo por tudo contrastante com a de seu antecessor, caracterizando-se pela prudência, caridade, virtude e assistência a indigentes e órfãos desvalidos. – Nasce em fazenda situada entre São José do Rio das Mortes (atual Tiradentes) e São João del Rei, Joaquim José da Silva Xavier, mais tarde apelidado de Tiradentes por exercer a atividade de dentista prático. – Os paulistas tentam invasão do território de Minas, tendo a Câmara da vila de Moji tomado posse do arraial de Santana do Sapucaí e designado guarda-mor para administrar as concessões auríferas, reagindo o governo mineiro e o bispo de Mariana com o envio à região de representantes para dela tomar posse, instalando-se o julgado de Sapucaí. – Montada no Rio de Janeiro pelo impressor português Antônio Isidoro da Fonseca, com permissão do governador, pequena tipografia que a Corte portuguesa manda posteriormente abolir e queimar “para não propagar ideias que poderiam ser contrárias aos interesses do Estado” (Moreira de Azevedo, apud Nélson Werneck Sodré. História
  • 53. 265 da Imprensa no Brasil. 3ª ed., 1983, p. 17). Antes, porém, além de outros folhetos, imprime a Relação da Entrada do Bispo Antônio do Desterro, de Luís Antônio Rosado da Cunha, com dezessete páginas, primeiro folheto impresso no Brasil. 1747 31 de Dezembro – O terceiro contrato de diamantes da região do Tijuco (Diamantina), é arrematado por Felisberto Caldeira Brant. 1748 03 de Maio – Vexada por novo inverno de chuvas torrenciais, desmorona parte de morro em Salvador destruindo todas as casas que se lhe antepõem e matando os seus moradores, com o que os habitantes da cidade baixa abandonam suas casas por vários dias. 09 de Maio – Criada por alvará de d. João V a capitania de Mato Grosso. Maio – Instituída a capitania de Goiás, desmembrada de São Paulo e com esta dividindo, ao sul, pelo rio Grande, pelo que a região posteriormente conhecida como Triângulo Mineiro a integra. Em Mirador (vol. X, p. 5.366), registra-se o fato como ocorrido em 1744, mas só efetivado em 1749, com a posse do primeiro governador. Junho – Martim Correia de Sá, procurador do visconde de Asseca, é impedido pela população de Campos/RJ, que cerca a Câmara, de tomar posse da capitania da Paraíba do Sul, doada ao referido
  • 54. 266 visconde, população que prende os camaristas e os envia a Salvador, ataca a casa do capitão-mor, a quem também prende após muitas mortes, procedendo em seguida a eleição de novos vereadores. Tropa enviada à cidade põe os revoltosos em fuga e dá posse ao citado procurador, que fica garantido por destacamento de oitenta soldados. 02 de Agosto – Provisão expedida nessa data, “em virtude da resolução do Conselho Ultramarino, datada de 7 de março do ano anterior, determinando que os confins do governo de Goiás fossem da parte sul, pelo rio Grande” (Hildebrando Pontes. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central, 1970, p. 50/51). 28 de Novembro – Posse do primeiro bispo de Mariana, frei Manuel da Cruz, oportunidade em que são lidos poemas e discursos editados no ano seguinte em Lisboa, sob o título Aureo Throno Episcopal. – Em razão dos caiapós terem retornado a seus ataques a fazendas e caravanas de viajantes na região do Triângulo, Pires de Campos Filho é novamente encarregado de combatê-los pelo governador da província de São Paulo, Luís de Mascarenhas, sendo os índios derrotados e dispersados para oeste, na confluência dos rios Grande e Paranaíba. – Nasce no Rio de Janeiro, o futuro poeta e conspirador mineiro, Inácio José de Alvarenga Peixoto, indicando-se também os anos de 1743 e 1744 para seu nascimento. – Bourguignon d’Anville elabora a Carte de l’Amérique Méridionale. – Impresso em Madri o livro Exame de Bombeiros, do sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim, professor de artilharia no Rio de Janeiro. – Falece em Minas Gerais o cientista padre jesuíta Diogo Soares.
  • 55. 267 1749 14 de Julho – Por ordem régia inicia-se no Pará a viagem de expedição destinada ao rio Madeira. 25 de Setembro – A expedição originária do Pará atinge a embocadura do rio Madeira. 17 de Dezembro – Chega às cachoeiras do rio Madeira a expedição exploratória desse rio. 17 de Dezembro – O décimo conde de Atouguia, Luís Pedro Peregrino de Carvalho de Meneses e Ataíde, passa a ocupar o cargo de vice-rei do Brasil. – Por determinação do governador de São Paulo, Luís de Mascarenhas, já destituído do cargo, mas, sem sabê-lo, dado o atraso da correspondência, Pires de Campos Filho instala, para proteção de moradores e viajantes, mais 13 (treze) aldeias ao longo da estrada do Anhanguera entre os rios Grande e Paranaíba, nelas alojando índios mansos bororós, parecis, carajás, javaés e tapirapés, que compõem sua tropa. – “O papel defensivo e militar exercido pelos aldeamentos da capitania de Goiás era evidente, não só na Farinha Podre [atual região do Triângulo], onde foram criados explicitamente com esse objetivo [....] Outro papel desempenhado pelos aldeamentos da Farinha Podre, por causa de sua localização, era o de local para pousos de tropas [....] Dispunham do apoio logístico da população vizinha, que preparava os víveres vendidos aos viajantes” (Luís Augusto Bustamante Lourenço. A Oeste de Minas, 2005, p. 40 e 41).
  • 56. 268 – Nasce em Vila Rica (atual Ouro Preto), no distrito de Santo Antônio de Casa Branca (atual Glaura), o futuro poeta Manuel Inácio da Silva Alvarenga, cujo célebre poema dá o nome ao distrito. – Editado em Lisboa, a respeito da Lagoa Santa, o livro Prodigiosa Lagoa Descoberta nas Congonhas das Minas de Sabará, do cirurgião português João Cardoso de Miranda, monografia onde ressalta o valor curativo de suas águas, assumindo “em relação à Lagoa Santa, no campo da medicina, uma posição semelhante à do dr. Lund, relativamente à paleontologia” (Pedro Sales, op.cit., p. 57). – Editada em Lisboa a obra Anais Históricos do Maranhão, de Bernardo Pereira de Berredo, que governou o Estado de 1718 a 1722, em que aborda a história do Maranhão desde seu descobrimento até o referido ano, descrevendo também, pormenorizadamente, a famosa bandeira de Antônio Raposo Tavares. – “Como aventura, como epopeia, a História dos Estados Unidos não tem nada de comparável. Um Fernão Dias Pais, um Antônio Raposo Tavares, um Borba Gato só encontram símiles entre os gigantes da conquista do México e do Peru ou entre os conquistadores franceses do Canadá” (Viana Moog. Bandeirantes e Pioneiros. 13ª ed., 1981, p. 168). – Elaborado em Lisboa sob a direção do governo português e organização de Alexandre de Gusmão, O Mapa dos Confins do Brasil Com as Terras de Espanha na América Meridional, com base nos trabalhos e levantamentos efetuados pelos jesuítas Diogo Soares e Domingos Capassi e por outros cientistas, sendo que o mapa dos citados jesuítas direciona as negociações do Tratado de Madri
  • 57. 269 realizado no ano seguinte, sendo considerado “a primeira carta oficial do Brasil”.
  • 58. 270 Foto 1: Aureo Throno Episcopal/capa Foto 2: Mapa dos Confins do Brasil Foto 3: Livro de La Condamine/capa Foto 4: Carte de l’Amérique Méridionale
  • 59. 271 Década de 1750 1750 13 de Janeiro – Assinado o Tratado de Madri entre Espanha e Portugal, em cuja elaboração destaca-se Alexandre Gusmão, abolindo “qualquer direito e ação, que possam alegar as duas Coroas por motivo da bula do papa Alexandre VI, de feliz memória, e dos Tratados de Tordesilhas, de Lisboa e Utrecht, da escritura de venda outorgada em Saragoça e de outros quaisquer tratados, convenções e promessas” (artigo I) e dispondo do artigo III ao X sobre diversos limites, para no artigo XIII Portugal ceder “para sempre à Coroa de Espanha a colônia do Sacramento, e todo o seu território adjacente a ela, na margem setentrional do rio da Prata” e no XIV a Espanha “cede para sempre à Coroa de Portugal tudo o que por parte de Espanha se acha ocupado [....] desde o monte de Castilhos Grandes [....] até a cabeceira, e origem principal do rio Ibicuí”, além de outras áreas próximas, o que inclui os aldeamentos dos Sete Povos das Missões, de onde “sairão os missionários com todos os móveis e efeitos levando consigo os índios para os aldear em outras terras de Espanha” (artigo XVI, apud Eugênio Vargas Garcia. Diplomacia Brasileira e Política Externa – Documentos Históricos 1493-2008. Rio de Janeiro, editora Contraponto, 2008), pelo que representantes de ambas as nações procurarão demarcar as novas áreas mediante etapas e procedimentos determinados para permutações de territórios ocupados na vigência de tratado anterior.
  • 60. 272 14 de Abril – Após vencidas dezenove cachoeiras do rio Madeira e navegar pelo Aporé, a expedição saída do Pará em 14 de julho do ano anterior alcança as minas de Mato Grosso, seu destino. Sobre a viagem escreve José Gonçalves da Fonseca ensaio publicado em 1826 pela Academia Real de Ciências de Lisboa. 30 de Julho – Falece o rei português d. João V, ascendendo ao trono seu filho d. José I. – Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro marquês de Pombal, assume o Ministério de Negócios Estrangeiros e da Guerra por nomeação de d. José I, “príncipe timorato, sem vontade própria, inexperiente [....] deixou-se cegamente guiar por Sebastião José de Carvalho, depois marquês de Pombal, a quem entregou as rédeas do governo [....] É uma época célebre na história portuguesa, a do ministério de Pombal; mas, déspota sanguinário, violento reformador, orgulhoso, interesseiro, vingativo, todas as suas reformas ressentiram-se de seu caráter, e o impulso salutar, que pretendeu dar à sua administração, só durou com o seu governo: teve a existência efêmera das obras do despotismo” (Joaquim Felício dos Santos. Memórias do Distrito Diamantino. 3ª ed., 1956, p. 114). – Representantes do rei Tegbessu, de Daomé, presenteiam o conde de Atouguia, vice-rei do Brasil, com quatro negras. – Iniciado o cultivo do café nas capitanias do Norte, incrementando-se sua cultura nas capitanias do sul nos princípios do século XIX. – Padre José de Castilho, jesuíta, funda a tida como 18ª aldeia indígena, atual Indianópolis, na região do Triângulo. – Por volta desse ano, chega a Belém/PA, numa das missões de técnicos contratada ainda ao tempo de d. João V para demarcação de
  • 61. 273 divisas entre as colônias de Portugal e Espanha na América, o arquiteto italiano Antônio José Landi, que deixa inúmeras obras de real valor na capital paraense, entre elas, o palácio dos Governadores, concluído em 1771, o Hospital Militar, inúmeras residências e igrejas, entre estas, a igreja de São João Batista, considerada sua obra-prima e “jóia da arquitetura brasileira e mundial” (Carlos A. C. Lemos e José Roberto Teixeira Leite, “O Estado do Maranhão e Grão-Pará”, in Arte no Brasil, vol. I, p. 209). – Maria da Conceição Resende Fonseca, no ensaio A Atividade Musical do Século XVIII na Capitania Geral de Minas Gerais (Boletim da Biblioteca Pública Estadual, nº 2, 1971), citado por Bruno Kiefer (op.cit., p. 36), informa que a casa da Ópera de Vila Rica, atual teatro Municipal, foi construída antes de 1750. Encontraram-se documentos atestando que pelo menos seis peças ou óperas foram nela encenadas: A Ciganinha, Jogos Olímpicos, Coriolano, Alexandre na Índia, O Mundo da Lua e Os Triunfos de São Francisco. Meados do Século – “No terreno da cirurgia [odontológica] imperavam as extrações, feitas com primitivos instrumentos: o pelicano, algumas alavancas e boticões abrutalhados, e as chaves de Garengeot. As extrações eram feitas sem nenhum artifício para embotar a dor. Para exercer a profissão, em primeiro lugar era preciso ‘que o dentista fosse jovem de espírito, e cheio de coragem, e como disse um sábio francês, tivesse o coração piedoso e a mão cruel’ (Tratato Sopra i Denti. Antônio Campani – 1786)” (apud Ernesto Sales Cunha. História da Odontologia no Brasil. 3ª ed., 1963, p. 61).
  • 62. 274 1751 04 de Março – Regimento regula o funcionamento das casas de fundição do ouro em Minas Gerais. 01 de Agosto – Restabelecido o imposto do quinto em Minas Gerais 24 de Setembro – Toma posse do governo do Estado do Maranhão, na cidade de Belém, onde deve residir por ordem real, o capitão- general Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do marquês de Pombal. 13 de Outubro – O Brasil passa a ter duas seções judiciárias com a criação do Tribunal da Relação do Rio de Janeiro, com jurisdição do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul, continuando a Relação da Bahia com o restante da colônia. Segundo Arno e Maria José Wehling, citados por Antônio Carlos Wolkmer (História do Direito no Brasil. 3ª ed., 2003, p. 62), o Tribunal do Rio de Janeiro era, simultaneamente, instância recursal ao julgar apelações e agravos, instância originária ao receber, processar e decidir ações novas, cíveis, criminais e do patrimônio estatal, “possuindo, também, competência avocatória” em juízo criminal. 1752 30 de Janeiro – Fundada a Academia dos Seletos no Rio de Janeiro, a terceira do país no gênero, por iniciativa de Feliciano Joaquim de Sousa Nunes e apoio do governador Gomes Freire de Andrade, só
  • 63. 275 realizando a reunião inaugural. Outra versão indica que essa Academia teria sido fundada pelo padre jesuíta Francisco de Faria. Abril – Enviado à Sé de Mariana pelo rei português d. José I, por vontade de seu pai, d. João V, quando ainda vivo, órgão construído na Alemanha no início do século. Dezembro – Desse mês até julho de 1759, com algumas interrupções, comissão de astrônomos enviada por Portugal, composta dos cientistas Miguel Ângelo Blasco e Bartolomeu Panigai, realiza observações no sul do Brasil, de Castelos Grandes até a foz do rio Ibicuí. – Fato circunstancial desencadeia terríveis consequências para Felisberto Caldeira Brant, o segundo contratador de diamantes, quando o novo ouvidor do Tijuco, José Pinto de Morais Bacelar, “comportou-se no templo, enquanto se celebravam as cerimônias religiosas, de maneira a mais inconveniente, ostentando uma libertinagem e falta de respeito ao culto” (Joaquim Felício dos Santos, op.cit., p. 115). Nessa ocasião, jovem da família de Caldeira Brant desperta-lhe a atenção e o interesse, a ponto de, em certo momento, atirar-lhe uma flor ao colo, que é repelida, causando o fato estupefação geral e até indignação. Caldeira Brant chama-lhe a atenção e o espera fora de igreja, exigindo satisfação, iniciando-se discussão culminada com punhalada que Felisberto lhe dá e que, no entanto, não o fere por ter resvalado por botão de metal da casaca. A partir daí, o referido ouvidor e o intendente passam a perseguir Caldeira Brant. – Tomás Antônio Gonzaga chega ao Brasil, acompanhando o pai designado ouvidor-geral da capitania de Pernambuco.
  • 64. 276 – Publicado em Portugal aquele que é considerado o primeiro romance escrito por brasileiro, Aventuras de Diófanes, da paulista Teresa Margarida da Silva e Horta, sob o pseudônimo de Doroteia Engrassia Tavareda Dalmira. Nesse mesmo ano surge Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens, de Matias Aires Ramos da Silva de Eça, irmão de Teresa Margarida. 1753 20 de Fevereiro – Emitida ordem sigilosa de prisão e de sequestro de todos os bens do contratador de diamantes Felisberto Caldeira Brant, sob o pretexto de falta de pagamento de impostos, mas, na realidade, vítima de perseguição do intendente e do ouvidor do Tijuco desde o incidente havido entre este e Felisberto por motivo de comportamento que tivera com uma de suas parentes por ocasião da semana santa do ano anterior e vítima ainda do marquês de Pombal, já que “o que se queria era perder o contratador, cujo poderio em Tijuco o marquês de Pombal temia e procurava aniquilar” (Joaquim Felício dos Santos, op. cit., p. 122). Maio – Face à resistência oposta pelos indígenas à sua saída do aldeamento dos Sete Povos das Missões, conforme previsto no Tratado de Madri (1750), “resolvera-se em maio (1753) fazer pela guerra o que não se conseguia ‘por meios pacíficos’ ” (Rocha Pombo. História do Brasil. 10ª ed., 1961, p. 275). 01 de Junho – Por ordem régia é comprada ao donatário e incorporada à Coroa a capitania de Paraíba do Sul.
  • 65. 277 11 de Agosto – Além de outras medidas drásticas visando cercear o contrabando de diamantes, é expedida lei proibindo toda espécie de faisqueira de ouro no distrito Diamantino, afetando principal e diretamente a “classe pobre, que quase toda era faiscadora” (Joaquim Felício dos Santos, op. cit., p. 131). 31 de Agosto – Chega ao Tijuco o governador da capitania para proceder a prisão de Caldeira Brant. Como todas as pessoas de destaque do distrito, os Caldeiras vão-lhe ao encontro e o cumprimentam, o qual lhes responde secamente, ordenando-lhes que se coloquem na retaguarda e como não é prontamente atendido manda-os prender. Pretendendo Felisberto saber qual seu crime, é separado dos seus, cercado e detido, sendo posteriormente mandado ao Rio de Janeiro e depois a Lisboa. 01 de Setembro – Inicia-se o sequestro dos bens dos Caldeira Brant, que são reduzidos à miséria. 31 de Dezembro – Falece em Lisboa, aos cinquenta e oito anos, o diplomata brasileiro nascido em Santos, Alexandre de Gusmão, sobrinho do padre homônimo e irmão do inventor Bartolomeu Lourenço de Gusmão. Em Portugal, para onde se transferiu, formou-se e fez brilhante carreira administrativa e diplomática, destacou-se como planejador do Tratado de Madri e atuou em todos os atos relevantes da diplomacia portuguesa de seu tempo, deixando ensaios políticos e literários. – João Fernandes de Oliveira arremata o quarto contrato de diamantes. – Chega ao Brasil, o cientista e jesuíta Inácio Szentmartonyi (chamado Sermatoni) para efetuar as demarcações de limites entre Portugal e
  • 66. 278 Espanha na Amazônia, levantando as coordenadas de diversas cidades da região. – Instalado na Sé de Mariana/MG, onde funciona e é utilizado até hoje em cerimônias litúrgicas e atividades culturais, o órgão alemão presenteado pelo rei português d. João V e remetido por seu filho, então rei, d. José I. 1754 17 de Agosto – Segundo o Novo Dicionário de História do Brasil (2ª ed., 1971, p. 614), em decorrência do retorno do vice-rei a Portugal, novo triunvirato assume o governo, composto de José Botelho de Matos, Manuel Antônio da Cunha Souto Maior e Lourenço Monteiro. – O padre cientista Sermatoni efetua desse ano até 1756 em Barcelos, antiga capital do Amazonas, as primeiras medições quantitativas no Brasil da temperatura do ar. – Publicado em Lisboa o livro Júbilos da América, na Gloriosa Exaltação e Promoção do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Gomes Freire de Andrade, contendo trabalhos dos membros da Academia dos Seletos. 1755 04 de Abril – Alvará de iniciativa do marquês de Pombal determina sejam igualados os mestiços de brancos e portugueses, proibindo “dar-se-lhes o nome de caboclos, de outros semelhantes, que se
  • 67. 279 possam reputar injuriosos” (apud José Ramos Tinhorão, in Marcos Holler, op. cit., p. 160). Já Abreu e Lima informa que nesse dia é expedida carta régia, na qual d. José I declara que “os vassalos do reino da América, que casassem com índias, não ficariam com infâmia alguma, antes se fariam dignos da real atenção para empregos, honras e dignidades sem necessidade de despesa: o mesmo seria para com as portuguesas, que se casassem com os índios” (op.cit., p. 219). 06 de Junho – Lei dessa data ordena a observância da lei de 1680, declarando livres os índios do Estado do Maranhão. 07 de Junho – Organizada a Companhia Geral do Comércio do Grão- Pará e Maranhão por decreto real, dirigida por Junta sediada em Lisboa e destinada especialmente ao tráfico de escravos. Essa Companhia provoca reclamações, a ponto de se dirigir súplica ao rei d. José I, cujo primeiro-ministro, marquês de Pombal, como é de seu feitio, decreta a prisão e degredo para Marrocos do advogado João Tomás Negreiros, redator da petição, bem como de várias outras pessoas envolvidas no assunto. 13 de Agosto – Segundo Abreu e Lima (Sinopse dos Fatos Mais Notáveis da História do Brasil. 2ª ed., 1983, p. 219), por alvará é aprovado o estatuto da Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba, associação de comerciantes dessas províncias com seus congêneres das praças de Lisboa e Porto. 01 de Novembro – Lisboa é praticamente destruída por terremoto. Felisberto Caldeira Brant, o contratador de diamantes do Tijuco, que lá está preso, vê-se momentaneamente livre, mas, “tendo desabado a prisão em consequência do terremoto e tendo morrido seu filho mais
  • 68. 280 velho, Caldeira apresentou-se ao marquês de Pombal referindo-lhe o acidente e pedindo-lhe que lhe indicasse onde devesse residir. O marquês admirou-se desse procedimento leal, porque todos os outros presos que escaparam da catástrofe se tinham evadido. No mesmo dia referiu o ocorrido a João Pereira Ramos, ao bispo de Coimbra e ao general Godinho, todos brasileiros. Estes aproveitaram o ensejo para interceder pelo infeliz Caldeira, demonstrando a sua inocência e a intriga de que fora vítima. Pombal deu-lhe a liberdade e ordenou que se procedesse à liquidação de suas contas e ao exame do sequestro de seus bens” (visconde de Barbacena, filho do marquês de Barbacena e bisneto de Felisberto, apud Joaquim Felício dos Santos, Memórias do Distrito Diamantino. 3ª ed., 1956,, p. 125). 23 de Dezembro – Marcos de Noronha e Brito, sexto conde dos Arcos, assume o cargo de vice-rei do Brasil, datação de que discrepa a Mirador (vol. IV, p. 1.588), assinalando o ano anterior para a ocorrência. – Regressa a São Paulo, após quatro anos como escrivão da guardamoria do distrito de Pilar, em Minas Gerais, Pedro Taques de Almeida Pais Leme, que inicia ou retoma seus estudos de história e genealogia, prosseguidos mesmo após várias peripécias em sua vida e novas incumbências profissionais. – “Até o período pombalino (1755–1777), não havia, da parte do Estado português, o desígnio de ocupar o interior da colônia como um fim em si mesmo, já que o papel desta, na sua concepção mercantilista, era gerar riquezas, sobretudo auríferas [....] No entanto, as concepções geopolíticas do reino de Portugal, relativas ao território de sua colônia americana, mudaram muito na segunda
  • 69. 281 metade do século XVIII, com a emergência do ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, marquês de Pombal, elevado à condição de principal figura do Estado português entre 1750 e 1777 [....] Pombal iniciou uma obra de engenharia política e econômica, a partir de 1755 [....] Além da demarcação de fronteiras, Pombal via como essencial o povoamento do território, como forma de preservá-lo das ambições espanholas e estrangeiras em geral” (Luís Bustamante Lourenço, A Oeste das Minas, 2002, p. 43, 45 e 46). 1756 – Tropas portuguesas e espanholas, arregimentadas do lado português por Gomes Freire de Andrade, conde de Bobadela, governador do Rio de Janeiro, e pelo coronel Tomás Luís Osório e, da parte da Espanha, por José de Andonaégui, governador de Buenos Aires, atacam o território das Missões para dar cumprimento ao Tratado de Madri, dele se apossando, perdendo apenas quarto combatentes, enquanto os guaranis, chefiados pelo cacique Nicolau Nhanguiru, perdem mil e duzentos, no que é conhecido como Guerra Guaranítica, tema do futuro poema O Uraguai, de José Basílio da Gama. 1757 11 de Maio – Por decreto é incorporado à província de Minas Gerais o território de Minas-Novas de Araçuaí, pertencente à Bahia.
  • 70. 282 11 de Julho – Criada por decreto no alto Amazonas a província de São José de Javari ou Rio Negro, cujo governador será subordinado ao do Grão-Pará. – Ataques de goitacases e botocudos nas províncias de Minas Gerais e Rio de Janeiro nesse e nos anos seguintes, segundo Abreu e Lima (op.cit., p. 222), são suspensos mediante a intermediação do padre Ângelo Peçanha, promovendo aliança entre os goitacases e os portugueses. – Na obra Etíope Resgatado, Empenhado, Sustentado, Corrigido, Instruído e Libertado, editada em Lisboa, o padre Manuel Ribeiro da Rocha propugna para que se conceda a liberdade aos filhos de mães escravas, sendo o primeiro ou um dos primeiros abolicionistas do país. 1758 07 de Maio – Empossado o primeiro governador da província de São José do Javari ou do Rio Negro. 08 de Maio – Alvará estende as determinações de liberdade dos índios do Maranhão a todos os índios do Brasil, sendo “esse o grande e quase decisivo golpe dado na torpe instituição que colonos e jesuítas exploraram por mais de dois séculos – aqueles aberta e cinicamente, estes com o pretexto da catequese e sob o manto da filantropia religiosa” (Martins Júnior, História do Direito Nacional. 2ª ed., 1941, p. 211).
  • 71. 283 1759 19 de Janeiro – O marquês de Pombal decreta o banimento dos jesuítas do território português, atribuindo à Companhia de Jesus a responsabilidade por alegada conjuração contra o rei que teria ocorrido no mês de setembro anterior. Janeiro – A segunda comissão enviada pelo governo português para efetuar observações astronômicas no sul do Brasil, composta dos cientistas José Fernandes Pinto Alpoim, Antônio de Veiga e Andrade e Manuel Pacheco de Cristo, realiza seus serviços desse mês até dezembro de 1760, da foz do rio Ibicuí até o salto do rio Paraná. 01 de Abril – Chega à Belém, depois de segunda e longa viagem à província do Rio Negro (atual Amazonas), como coordenador da comissão de demarcação das fronteiras amazônicas, o governador do Estado do Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do marquês de Pombal, já encontrando empossado desde o dia 02 de março anterior seu sucessor na governadoria do Estado. 19 de Maio – Fundada em Salvador, por iniciativa do desembargador José Mascarenhas Pacheco Pereira de Melo, a Academia Brasílica dos Acadêmicos Renascidos, cronologicamente a quarta do país, especialmente para elaborar história eclesiástica e secular, geográfica e natural, política e militar da América Portuguesa, o que não é conseguido, visto que embora protegida pelo marquês de Pombal, seu fundador cai em desgraça por se recusar a prender e deportar os jesuítas, permanecendo detido por muitos anos. Compõe-se de quarenta membros efetivos e oitenta e três extranumerários brasileiros, portugueses e espanhóis, funcionando até o ano seguinte e deixando a
  • 72. 284 História Militar do Brasil, do espanhol tenente-coronel José Mirales, só publicada em 1900 nos Anais da Biblioteca do Rio de Janeiro. 08 de Junho – Portaria expedida pelo governador de Minas, 2º conde de Bobadela (José Antônio Freire de Andrade), encarrega o capitão Bartolomeu Bueno do Prado (e sua tropa de 400 homens) de exterminar o quilombo Grande ou Tengo-Tengo, sucessor do quilombo do Ambrósio ou Ambrósio-II segundo Tarcísio José Martins, situado no município de Ibiá, na região do Triângulo, atacando também outros quilombos na região e também seu apêndice, o quilombo de Bambuí, “expedição que praticou contra os negros as maiores trucidações” (Hildebrando Pontes, História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central, 1970, p. 47). 01 de Julho – O quinto contrato de diamantes do distrito do Tijuco é arrematado por João Fernandes de Oliveira e dois outros indivíduos, tendo vigência por um ano. 02 de Julho – Elaborada em Salvador a peça musical profana Recitativo e Ária para voz, dois violinos e baixo contínuo, “a mais antiga obra musical erudita conhecida na história da música no Brasil” (Régis Duprat, apud Bruno Kiefer. História da Música Brasileira, 2ª ed., 1977, p. 20), conquanto sua importância seja “mais histórica do que estética, pois é bastante pobre musicalmente” (Bruno Kiefer, op.cit., p. 20). O autor da peça seria o padre Caetano de Melo Jesus, mestre de capela da Sé de Salvador, segundo o musicólogo estadunidense Robert Stevenson, citado por Régis Duprat, por sua vez referido por Kiefer. Caetano de Melo Jesus é considerado por Curt Lange, “O maior teórico das Américas” (apud Vasco Mariz. História da Música no Brasil. 4ª ed., 1994, p. 41), “sendo um dos raros
  • 73. 285 brasileiros citados no dicionário biográfico de José Mazza [....] José Maria Neves considera o citado Tratado [Tratado de Escola de Canto e Órgão, elaborado nesse ano e no seguinte pelo padre Caetano] como o melhor produzido em português, com informações preciosas sobre as técnicas composicionais e as bases estéticas da música moderna de então” (Vasco Mariz, op.cit., p. 50). 17 de Julho – Autorizada por ordem real a exploração do sal em Cabo Frio e Pernambuco, suspensa desde 1691. 28 de Julho – Prorrogado por alvará o quinto contrato de diamantes do Tijuco. 03 de Setembro – Por lei são declarados os jesuítas desnaturalizados, proscritos e exterminados dos territórios portugueses, em decorrência tanto do poderio político e administrativo atingido pela Companhia de Jesus quanto econômico, incomodando e preocupando a Coroa, além dos privilégios de isenção de tributos, bem como sua permanente defesa da liberdade dos índios e utilização de seu trabalho nas aldeias em proveito próprio, comercializando os bens coletados ou produzidos pelos índios (tese, aliás, defendida pelo historiador Mecenas Dourado, em A Conversão do Gentio, 1968), acrescida da posição pessoal do marquês de Pombal. Mas de seiscentos inacianos são obrigados a deixar o país, fechando-se seus colégios e demais casas. Na Europa, os jesuítas são confinados em aldeias portuguesas ou presos em calabouços. – Por essa ocasião, a Companhia de Jesus possui no país doze colégios (Pará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco (2), Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo (2), Paraná e Santa Catarina), seminários (Pará, Maranhão (2), Paraíba, Bahia (2), Minas Gerais), além de inúmeras
  • 74. 286 casas, missões e residências. A biblioteca do colégio em Salvador contém cerca de quinze mil livros, sendo considerada a mais importante do Brasil. Já a biblioteca do colégio do Rio de Janeiro tem cerca de cinco mil e quatrocentos volumes. Dezembro – Destruído o quilombo Grande em Bambuí/MG, “sucessor do quilombo do Ambrósio [....] após seis meses de luta” (Edelweiss Teixeira. O Triângulo Mineiro nos Oitocentos, 2001, p. 64). – Iniciadas nesse ano, estendendo-se até 1780, as atividades da Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba, instituída pelo governo português segundo diretivas do marquês de Pombal, intercambiando entre o Brasil, a Europa e a África produtos, medicamentos e escravos e, daqui para lá, produtos primários. – Segundo Arno e Maria José Wehling, citado por Antônio Carlos Wolkmer (op.cit., p.63), “na Bahia, entre 1609 e 1759, dos 168 [cento e sessenta e oito] desembargadores, apenas 9 [nove] eram brasileiros”. Só se atinge a desembargadoria após atuação como juiz de fora e, depois, ouvidor de comarca e corregedor. – Elaborado o livro História da Companhia de Jesus na Extinta Província do Maranhão e Pará, do padre José de Morais, porém só editado em 1860.
  • 75. 287 Foto 1: Terremoto de Lisboa Foto 2: O Uraguai/capa Foto 3: História Militar do Brasil/capa Foto 4: Quilombo do Ambrósio, nas imediações do município de Ibiá, na região do Triângulo
  • 76. 288 Década de 1760 1760 09 de Janeiro – O primeiro marquês de Lavradio, Antônio de Almeida Soares e Portugal, assume o cargo de vice-rei do Brasil. Será o último dos governantes da Colônia sediado em Salvador. 04 de Julho – Por falecimento do titular, marquês do Lavradio, assume o governo triunvirato composto de Tomás Rubim de Barros Barreto (não aprovado pela Corte portuguesa e substituído por José de Carvalho de Andrade), Gonçalo Xavier de Barros Alvim e, a partir de julho de 1762, o bispo d. Manuel de Santa Inês. 04 de Agosto – Decretos reais suspendem as relações entre o reino português e a Santa Sé e regulamentam série de procedimentos a serem seguidos por vassalos de ambas as Cortes no território português. 09 de Setembro – Por Carta Régia dessa data, Rio Grande de São Pedro é elevada à categoria de capitania, separada de Santa Catarina. – Mudas de café são transportadas do Pará para o Rio de Janeiro por João Alberto de Castelo Branco, que providencia as primeiras plantações no pomar da chácara dos frades barbonos. – Iniciada a exportação de algodão produzido no Brasil pela Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão. – O esgotamento das jazidas superficiais de ouro e diamantes da região central de Minas Gerais e o esgotamento ou mesmo destruição do solo pelos métodos hidráulicos de mineração ocasionam movimento centrífugo das populações dessas regiões que se espalham