3. DR EDUARDO SHEIMBERG
• ““Muita gente que toma essas substâncias
psicodélicas sente uma conexão maior com a
natureza. Eu passei por isso nas minhas
primeiras experiências”, conta, sobre a relação
com a tradicional bebida enteógena usada por
povos indígenas.
4. A relação do neurocientista com a substância, porém, não se restringiu à
mudança de casa. Tornou-se um caminho para ele impactar a vida dos
outros, ao iniciar uma investigação sobre os benefícios do uso de
psicodélicos para tratar a saúde mental das pessoas – além do chá
preparado a partir de um cipó, inclua na lista o LSD, MDMA [sigla do
composto químico metilenodioximetanfetamina, princípio ativo do
ecstasy] e a psilocibina (presente nos cogumelos alucinógenos).
5. • Seu ponto de partida foi estudar o efeito da
ayahuasca no cérebro de voluntários
saudáveis, objeto de estudo do pós-doutorado
iniciado em 2011 na Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp). Na sequência, entre 2014
e 2015, partiu para o Imperial College de
Londres, onde foi o único brasileiro a
participar do primeiro estudo mundial que
trouxe imagens da atividade cerebral sob
efeito de LSD.
6. • Da Inglaterra, Eduardo trouxe novos conhecimentos e a
velha certeza de que fazer ciência no Brasil é lutar
diariamente. “Lá, o financiamento para a ciência é
adequado e perene, eles não vivem sob essas ameaças
de corte e de mudança de rumo a cada troca de
partido no poder. Já o cientista brasileiro vive num
estado de estresse crônico, de insegurança e incerteza.
Não há estímulo nem continuidade. Desde que voltei,
tomei 16 ‘nãos’ a financiamentos para pesquisa. É
muito difícil.” Essa situação, no entanto, não parou
Eduardo em sua busca por entender como as drogas
psicodélicas podem agir positivamente na vida das
pessoas.
7. • Muita gente que toma essas substâncias
psicodélicas sente uma conexão maior com a
natureza. Eu passei por isso nas minhas primeiras
experiências”, conta, sobre a relação com a
tradicional bebida enteógena usada por povos
indígenas.
• LEIA TAMBÉM: Neurocientista Stevens Rehen
fala sobre o efeito dos psicodélicos no cérebro e
reflete sobre o momento delicado da ciência
nacional
8. "A ciência está em tudo"
• Stevens Rehen é um dos mais importantes
cientistas do Brasil. E não apenas por suas
pesquisas de ponta sobre células tronco e
cérebros humanos, mas também pelo seu
incansável protagonismo na difusão de
conhecimento e na divulgação da ciência
brasileira pelo mundo e em território nacional.
9. • Biólogo e neurocientista, ele é diretor do
Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e professor
do Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Pioneiro no cultivo de células-tronco, dentre
seus trabalhos se destacam os estudos ligados
à esquizofrenia, a relação do vírus Zika com a
microcefalia e os efeitos dos psicodélicos no
cérebro.
10. • Colunista do programa Conversa com Bial, da
Rede Globo, na conversa com o Trip FM, ele
conta sobre suas pesquisas, reflete sobre o
momento delicado da ciência brasileira e fala
do Trip com Ciência, novo podcast aqui da Trip
que você já consegue acessar no nosso site ou
em qualquer plataforma de podcasts.
11. Era sábado de Carnaval no Rio de Janeiro, mas Stevens Rehen
estava com alguns colegas no laboratório do Instituto D’Or
trabalhando no primeiro de uma série de testes que ajudariam a
desvendar a ligação entre o vírus zika e a microcefalia. Naquele dia,
em fevereiro de 2016, o neurocientista pingou o vírus em um pouco
de tecido neural humano, criado ali mesmo.
12. • Esse e outros testes que Stevens fez com modelos
chamados de minicérebros – uma de suas
especialidades é criá-los a partir de células-tronco
– foram parte de uma mobilização muito maior,
que envolveu pesquisadores da Paraíba, de
Pernambuco, de São Paulo e do Rio de Janeiro, e
colocou o Brasil, naquele momento, na
vanguarda da pesquisa mundial sobre zika. “É um
caso que vai ficar marcado na história por
mostrar como a ciência brasileira é forte e
responde rápido a um problema”, ele diz.
13. • A vitória, porém, veio em um momento em que a
sorte da ciência brasileira começava a mudar: o
governo federal cortou mais de 40% do
orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações em 2017, e já prevê
um corte de mais de 15% para 2018. “Se a
epidemia de zika começasse hoje, a comunidade
científica não teria a menor condição de
responder às questões que conseguiu responder
em tempo recorde”, afirma o cientista.
14. • Stevens gosta de dizer que existe um
“analfabetismo científico” no país, um
desconhecimento da importância da ciência –
principalmente entre os políticos –, que se
mostra em entraves burocráticos e em cortes.
“Quando você tem as pessoas que definem leis,
que definem orçamento, que não têm ideia do
que acontece numa universidade, temos o maior
problema possível”, ele diz. “Temos que fazer um
movimento de aproximar a classe política, ou pra
educá-la ou pra constrangê-la.”
15. • Apesar do nome de gringo, Stevens, 46 anos, é
carioca, criado entre Andaraí e Tijuca, na zona
norte do Rio. “Stevens”, ele acha, foi uma
tentativa dos pais – que se chamam Clodoaldo e
Márcia – de manter a sonoridade estrangeira dos
sobrenomes, Kastrup e Rehen. (A estratégia não
se repetiu com os três irmãos: Leonardo, Lucas e
Igor.) “A primeira opção do meu pai era Darwin.
Fico muito feliz de ele ter desistido pouco antes
de eu nascer, porque provavelmente eu iria
acabar desistindo de fazer ciência”, ele ri.
16. • EXPERIMENTO SONORO
Mas a ciência não veio cedo na vida do futuro
cientista. O primeiro sonho de carreira era ser
jogador de vôlei. Depois, Stevens enveredou
pela música, como percussionista das bandas
Tyrannosaurus Reggae e A Mula Rouca. Às
vésperas do vestibular, ainda estava na dúvida
entre comunicação e veterinária, mas acabou
na biologia.
17. • Uma das coisas que o influenciaram na decisão
foram revistas de divulgação científica –
“Basicamente a Ciência Hoje e a
Superinteressante. Era o que tinha pra ler”, diz.
Tanto que Stevens acredita muito no poder desse
tipo de comunicação: ele tem um blog no UOL;
mais recentemente, pôs a cara na televisão como
colunista do programa Conversa com Bial, da
Globo; e, para 2018, está preparando o seu
próprio podcast. ,
18. • ,. E ele ainda é parte do projeto ArtBio, que faz
exposições com imagens que parecem obras
de artes, mas são na verdade resultados de
pesquisas. “A ideia desse tipo de ação é
sempre tentar levar a ciência para pessoas
que numa situação normal não iriam procurá-
la”, diz.
19. TRANSHUMANISMO
• Trip. Muito se fala, em círculos de tecnologia,
da ideia de singularidade, de que vamos nos
unir com a máquina. Uma outra visão para o
futuro é mais orgânica: alterações genéticas
para criar humanos melhores, que vivam
mais. Você acha que o futuro é mais biológico
ou mais computadorizado?
20. • Stevens Rehen. Acho que vamos fundir, inclusive,
essas tecnologias. A gente viveu, e vive ainda, um
desenvolvimento tecnológico muito acelerado. Só
que ao mesmo tempo, nos últimos cinco anos,
está acontecendo muita coisa em termos de
capacidade de manipulação genética. Já tem até
esses chamados biohackers, que estão fazendo
manipulação genética em si mesmos. Eu acho
que no futuro vamos estar de fato trabalhando
esse conceito de singularidade. ,
21. • ,Talvez não, a médio prazo, uma transferência
direta da consciência pra máquina, mas de
certa maneira a gente já se fundiu com a
máquina, né? Pelo menos com o celular. E
ainda mais agora com a ideia dos wearables,
de ter tecnologia grudada no seu corpo, ou
implantada no seu corpo. Isso vai acontecer. A
gente não consegue frear, seja a tecnologia ou
a biotecnologia.
22. • A inteligência artificial está colocando em xeque
muitas profissões, e até a forma como a gente se
relaciona com a ideia de trabalho. Isso não é um
problema? Temos que aproveitar essa
oportunidade e utilizar a inteligência artificial
para, inclusive, melhorar a própria relação das
pessoas com o trabalho. Veja a situação, por
exemplo, do Japão, que tem muitos robôs e isso
não é necessariamente ruim. As pessoas vão ter,
em tese, liberdade para criarem mais. É claro que
a situação do Brasil preocupa. ,.
23. • ,O pessoal chiou à beça com a coisa de eliminar a
profissão de frentista, de trocador de ônibus. São
questões, porque nossa sociedade precisa
avançar mais. Mas não temos a menor ideia de
como vão ser as profissões daqui a 20, 30 anos.
Não adianta se prender a determinado ofício. O
que você tem que ensinar para os jovens é
inteligência emocional, capacidade de
relacionamento, resiliência. O resto a gente vai
ter que esperar.
24. • Abstract
• This article explores the nature of psychedelically induced
anomalous experiences for what they reveal regarding the nature
of “expanded consciousness” and its implications for humanistic
and transpersonal psychology, parapsychology, and the psychology
and underlying neuroscience of such experiences. Taking a
multidisciplinary approach, this essay reviews the nature of 10
transpersonal or parapsychological experiences that commonly
occur spontaneously and in relation to the use of psychedelic
substances, namely synesthesia, extradimensional percepts, out-of-
body experiences, near-death experiences, entity encounters, alien
abduction, sleep paralysis, interspecies communication, possession,
and psi (telepathy, precognition, and clairvoyance and
psychokinesis).
25. • Introduction
• Quite some prominent literature and research exists with
regards to the induction of genuine spiritual, mystical, and
peak experiences with psychedelic substances (e.g.,
Griffiths et al., 2006; Huxley, 1954), but exploration of the
associated “anomalous” experiences that commonly
accompany such pharmaco-mystical excursions is more
obscure. Nevertheless, ever since the beginning of the 20th
century when Western scientists and academics began
earnestly turning their attention to psychedelics, there has
been a clear association between the use of these
substances and both the mystical and ostensibly
paranormal experience. ,
26. • ,Indeed, those people most readily associated
with the discovery and popularization of
psychedelics also witnessed and explored both
the transpersonal and the parapsychological
dimensions that these substances induced, such
as Albert Hofmann, Humphrey Osmond, John
Smythies, Aldous Huxley, Gordon Wasson,
Timothy Leary, Ken Kesey, Duncan Blewett,
Walter Pahnke, James Fadiman, and Stanislav
Grof, to name but a few (Luke, 2006a, 2012).
27. • Leaving aside what are termed solely mystical
or spiritual experiences, this essay investigates
the relationship between psychedelic
substances and so-called anomalous
experiences. The term “anomalous,”
somewhat broader and less freighted than the
term “paranormal,” and somewhat more
neutral than the term “transpersonal,” here
refers to
28. • . . an uncommon experience (e.g., synaesthesia),
or one that, although it may be experienced by a
significant number of persons (e.g., psi
experiences), is believed to deviate from ordinary
experience or from usually accepted explanations
of reality according to Western mainstream
science. (Cardeña et al., 2014, p. 4)
• More simply, “anomalous experiences . . . are
distinct from our ordinary state of awareness or
contravene assumptions about reality” (Holt et
al., 2012, p. 2).
29. • Given the broad range of possible anomalous
experiences, numbering over a hundred in
one systematic review and categorization
(White & Brown, 1997), the current article will
focus on only a few examples typically
occurring with psychedelics, for which the
author has conducted reviews published
elsewhere (Krippner & Luke, 2009; Luke, 2010,
2011, 2012, 2014, 2017, 2019; Luke & Kittenis,
2005; Luke & Terhune, 2013). ,
30. • ,These anomalous psychedelic experiences
include synesthesia, extradimensional
percepts, out-of-body experiences (OBEs),
near-death experiences (NDEs), entity
encounters, alien abduction, sleep paralysis,
interspecies communication, possession, and
psi (telepathy, precognition, and clairvoyance
and psychokinesis).
31. • Somewhat beyond the scope of this article,
there are of course many more chemically
mediated anomalous or potentially peak
experiences that occur, and a broader range of
45 such experiences has been catalogued and
classified into three major and six minor
categories by Grof (2000): ,
32. • ,The three main categories being (a) experiential
extension within space-time and consensus reality
(e.g., planetary consciousness, embryonal, fetal, and
phylogenetic experiences); (b) experiential extension
beyond space-time and consensus reality (e.g., mental
mediumship, entity encounters, and cosmic
consciousness); and (c) transpersonal experiences of a
psychoid nature (i.e., having apparent physical
concomitants, e.g., physical mediumship, UFO
phenomena, and yogic siddhis). Anomalous
experiences in this article all belong to Grof’s second
category, with the exception of synesthesia, which, if
anywhere, falls into the first category.
33. • Given the interdisciplinary nature of the research relating
to these experiences, the article borrows widely, but by no
means exhaustively, from parapsychology as well as
transpersonal and religious studies, anthropology,
ethnobotany, psychopharmacology, neurobiology,
psychiatry, psychotherapy, and even critical theory.
Empirical evidence shedding light on these experiences will
be discussed, where available, for some insights on the
possible ontology of these experiences. Regarding ontology,
for the purposes of this article, experiences are regarded to
be at least subjectively genuine, though they are not
necessarily objectively genuine phenomena.
34. • Summary and Conclusions
• While there is a basic overview available here of the induction of
anomalous experiences with psychedelic substances it is clear that
systematic study in this area is at a nascent stage or, as with
extradimensional percepts, barely even started. This is somewhat
unfortunate because by exploring psychedelics there may be a lot
to be learned about the neurobiology involved in these various
anomalous experiences, as is proposed by the DMT and ketamine
models of NDE. However, one important thing seems apparent
from the data, and that is that altered states of consciousness, as
opposed to psychedelic chemicals per se, seem to be key in the
induction of such experiences, at least where they are not
congenital: for every experience presented here, and more, can also
occur in non-psychedelic states.
35. • As such, it may well be the states produced by psychedelics
and other means of inducing ASCs that are primary, not the
neurochemical action. Of course all states of consciousness
probably involve changes in brain chemistry, such as occurs
with the simple change of CO2 in blood induced by
breathing techniques or carbogen (Meduna, 1950), but
there are many states and many neurochemical pathways
and yet so many of these can give rise to the same
experience syndromes as described in this essay. Indeed, it
should be remembered that the experiential outcome of an
ASC is determined not just by substance (which could be
any ASC technique) but by set and setting too (Leary et al.,
1963).
36. • Curiously, recent brain imaging research with
psilocybin has demonstrated that, counter to
received neuroscientific wisdom, no region of the
brain was more active under the influence of this
substance but several key hub regions of the
cortex—the thalamus, anterior and posterior
cingulate cortex, and medial prefrontal cortex—
demonstrated reduced cerebral blood flow
(Carhart-Harris et al., 2012). Similar findings have
been demonstrated with other ASCs, such as with
experienced automatic writing trance mediums
(Peres et al., 2012)
37. • These findings seem to support Dietrich’s (2003)
proposal that all ASCs are mediated by a transient
decrease in prefrontal cortex activity, and that the
different induction methods—be it drugs,
drumming, dreaming, dancing, or diet—affect
how the various prefontal neural pathways steer
the experience. In this sense then, there are
many mechanisms for a general altered state, in
which many anomalous experiences are possible,
but which ultimately have their own flavor in line
with the method of induction.
38. • These brain imaging studies and other evidence (e.g.,
see Kastrup, 2012; Luke, 2012), also tentatively support
Aldous Huxley’s (1954) extension of Henri Bergson’s
idea that the brain is a filter of consciousness and,
according to Huxley, that psychedelics inhibit the
brain’s default filtering process thereby giving access to
mystical and psychical states. In any case, even if
specific neurobiological processes can be identified in
the induction of specific anomalous experiences, or
even states, does not mean to say that a reductionist
argument has prevailed, because as Huxley also stated,
psychedelics are the occasion not the cause—,
39. • the ontology of the ensuing experience still needs
fathoming whether the neurobiological mediating
factors are determined or not. Ultimately, the
importance of these anomalous experiences may
be determined by what we can learn about
ontology, consciousness and our identity as living
organisms, and by what use they may be in
psychotherapy, one’s own spiritual quest, and as
catalysts for personal transformation and healing
(Roberts & Winkelman, 2013).