O documento discute o método geofísico do potencial espontâneo, que mede potenciais elétricos na superfície terrestre causados por atividade eletroquímica e eletrocinética. O método pode ser usado para mapear fluxos de água subterrânea, vazamentos, falhas geológicas e depósitos minerais. Existem diferentes arranjos de eletrodos e técnicas de aquisição de dados para realizar as medições.
O potencial espontâneo e suas aplicações na hidrogeofísica
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
DISCIPLINA: GEOFÍSICA APLICADA A ÁGUA SUBTERRÂNEA
Aluno: Ezequias Guimarães
Professora: Lorena Malta
POTENCIAL
ESPONTÂNEO
BOA VISTA, RR
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Figura 1: Os métodos
geofísicos aplicados.
Fonte: GANDOLFO, 2012.
3. INTRODUÇÃO
O método do potencial espontâneo (PE) é um método geoelétrico do tipo passivo,
baseado em medidas de potenciais elétricos observados na superfície terrestre ou no interior de
poços;
São causados por atividade eletroquímica e eletrocinética:
Potencial eletrocinético;
Potencial de difusão (junção líquida);
Potencial de Nernst (ou de folhelho);
Potencial de mineralização.
Potenciais são associados com:
Alteração de corpos de sulfetos;
Variações nas propriedades das rochas (conteúdo mineral) em contatos geológicos;
Atividade bioelétrica em material orgânico;
Corrosão;
Gradientes termais e de pressão em fluídos subterrâneos.
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4. HISTÓRICO
A primeira notícia de utilização do método SP é de 1830, quando Robert Fox usou eletrodos de
cobre e um galvanômetro objetivando delimitar e extensão de uma jazida de cobre em subsuperfície;
Desde 1920 o método tem sido empregado de maneira rotineira como método complementar na
prospecção de metais-base;
Hoje o método do potencial espontâneo desempenha um papel menor na exploração geofísica-
científica.
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5. O tipo de sobrecarga pode ter um efeito, pronunciado sobre a presença ou ausência de anomalias:
Áreas com alta teor de argila podem causar anomalias positivas, enquanto áreas com predominância de
material arenoso podem produzir anomalias negativas.
Para fissuras, casos de pequenas rachaduras e algum preenchimento (preferencialmente arenoso), a
magnitude da anomalia será suficientemente significativa para ser detectada;
No que diz respeito à salinidade, no caso da análise de vazamentos de água com alta concentração
de sal, a detecção será praticamente impossível, dado que a magnitude da anomalia do potencial
eletrocinético será quase inestimável;
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POTENCIAL NATURAL
6. FLUXO “PER DESCENSUM”
Os cátions são removidos pelo movimento das águas e, nos locais topograficamente mais elevados,
como consequência há o surgimento de núcleos eletricamente negativos.
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Figura 2: Fluxo “per descensum”.
Fonte: GALLAS, 2005.
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CARACTERÍSTICAS DA ANOMALIA
Exibem invariavelmente uma anomalia
negativa central e são estáveis por longos
períodos de tempo;
Abaixo do lençol freático, os eletrólitos dos
fluidos nos poros sofrem oxidação e liberam
elétrons;
No topo do corpo, os elétrons liberados causam
a redução dos eletrólitos;
Cria-se um circuito em que a corrente é
carregada eletroliticamente nos fluidos dos
poros;
O topo do corpo age como um terminal
negativo;
Como resultado das correntes de subsuperfície,
as diferenças de potencial são produzidas em
superfície.
Figura 3: O mecanismo das anomalias de potencial espontâneo.
Fonte: KEAREY; BROOKS; HILL, 2009.
8. PROCESSAMENTO DOS DADOS
Os resultados obtidos são apresentados em perfis e mapas de contorno de equipotenciais;
As interpretações quantitativas são geométricas, sendo calculadas as anomalias SP causadas por
fontes de geometria simples;
A interpretação qualitativa procura associar as zonas anômalas a corpos ou estruturas de interesse;
"Erro" seria todos aqueles erros irreproduzíveis associados ao próprio processo de aquisição de
dados;
"Ruído" seria todos os potenciais gerados naturalmente (ou seja, correntes telúricas) ou artificial (ou
seja, atividade humana), e cuja gênese não é ligado ao movimento da água no terreno.
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9. ERROS
Responde à variação de alguns dos parâmetros ambientais:
Temperatura;
Umidade do solo;
Química do fluido.
Polarização do eletrodo;
Variações no valor de polarização no tempo;
Efeito de contato eletrodo-solo;
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10. RUÍDOS
Aqueles que geram um valor potencial bastante
estável no tempo:
Efeitos topográficos
Potenciais eletroquímicos
Efeitos de distorção do solo
Variações laterais de resistividade
Corrosão de elementos metálicos enterrados
Atividade biológica
Mudanças na vegetação
Depósitos de minerais condutores
Atividade geotérmica
Equipamentos elétricos no campo
Aqueles que geram um valor de potencial variável
ao longo do tempo:
Variações do lençol freático
Correntes telúricas
Mudanças nas propriedades do terreno
Mudanças nas propriedades do solo
Correntes elétricas devido à atividade humana
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11. METODOLOGIA
São utilizados cabos condutores e um par de eletrodos conectados via um milivoltímetro de alta
impedância;
Os eletrodos devem ser do tipo não polarizável;
Pote poroso;
Solução saturada de sulfato de cobre;
Fio de cobre mergulhado na solução.
Consiste em se manter fixo um eletrodo e deslocar o outro pelos pontos de medida;
O espaçamento entre as estações é geralmente menor que 30 metros;
O intervalo de medição varia entre 10 mV e 20 V;
A análise das medidas obtidas pelo método do potencial espontâneo é feita de forma qualitativa
através do software Surfer 6.0.
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O uso de eletrodos de metal convencionais podem gerar uma
ação eletroquímica no contato com o solo, o que resulta em
potenciais da mesma magnitude daqueles que estão sendo
medidos.
Figura 4: Metodologia do potencial espontâneo.
Fonte: SILVA et al., 2015.
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Figura 5: Método do potencial espontâneo por caminhamento elétrico..
Fonte: BRAGA, 2018.
14. ARRANJO “BASE FIXA”
Este dispositivo, no qual apenas 2 eletrodos são necessários consiste em determinar a diferença de
potencial em todas as estações de medida, em relação a uma estação em comum;
O eletrodo na estação base é denominado eletrodo de referência (ou REF) a qual assumimos
arbitrariamente potencial zero;
A localização correta desta base de referência será fundamental no momento de obter ótimos
resultados, sendo as áreas ideais para a sua localização aqueles que têm um valor potencial muito
estável ao longo do tempo;
O polo negativo do voltímetro é conectado ao eletrodo REF, enquanto o polo positivo conectado ao
eletrodo itinerante.
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15. VANTAGENS DESVANTAGENS
A utilização de um conjunto de eletrodos em
regime itinerante facilita a tomada de medidas.
A conexão permanente com a base fixa exige
cabos extensos que podem dificultar as
operações de campo.
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Figura 6: Técnica da base fixa.
Fonte: GALLAS, 2005.
16. ARRANJO “GRADIENTE”
Mede-se a diferença de potencial entre pares adjacentes de eletrodos ao longo de um perfil ou
malha;
As diferenças de potencial são posteriormente somadas de forma a reconstituir o valor do potencial
elétrico em relação a um referencial comum;
Consiste em deslocar os dois eletrodos simultaneamente, mantendo uma distância fixa entre eles;
As medidas ao longo do perfil são tomadas de forma que o eletrodo A sempre ocupe a posição
ocupada pelo B anterior.
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17. VANTAGENS DESVANTAGENS
Requer cabos curtos, que facilitam as operações
de campo e tornam mais fácil encontrar o lugar
onde temos a falha de energia.
Vulnerável a erros acumulativos, pois uma
leitura errônea afeta toda a base de dados.
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Figura 7: Técnica dos gradientes.
Fonte: GALLAS, 2005.
18. MÚLTIPLOS ELETRODOS
Através de um sistema de aquisição de dados multicanal, iremos executando automaticamente toda
a sequência de medições, com o espaçamento temporário que queremos;
Esta configuração é semelhante à configuração de base fixa, mas vamos de estação para estação
conectando o eletrodo B com o eletrodo de referência, e então medimos;
Agora temos um grande número de eletrodos, o que já estão todos conectados à base de referência
por um cabo multicondutor.
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19. VANTAGENS DESVANTAGENS
Capacidade de executar um grande número de
medições em um intervalo de tempo específico;
Permite estimar com grande precisão o desvio
dos eletrodos, bem como outras variações
temporárias do potencial.
O alto custo em comparação com as outras
duas configurações.
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20. APLICAÇÕES
Se os íons positivos são transportados pelos fluxos d’agua, então nos locais onde há a urgência
destas águas é de esperar-se anomalias SP positivas;
Em regiões de permeabilidade uniforme, os potenciais de fluxo tendem a refletir os contornos do
nível d’agua;
Mapeamento de vazamentos associados com barragens, diques, reservatórios subterrâneos e
outras estruturas para armazenamento;
Estudos de fluxo de água subterrânea e delineamento dos seus padrões nas vizinhanças de
encostas, poços, falhas, estruturas de drenagem, túneis e sumidouros;
Estudos geotérmicos para o mapeamento das frentes de fluxo de vapor e incêndio em minas de
carvão, uma vez que os fluxos de fluidos a temperaturas diferenciadas também são passíveis de
detecção pelo método;
Pode também ser utilizado para identificação de anomalias relacionadas à presença de
contaminantes em subsuperfície;
Detecta a presença de minerais específicos que reagem com eletrólitos presentes no solo e que dão
origem a potenciais eletroquímicos.
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Figura 8: Mapa de localização dos levantamentos geofísicos
realizados no Aterro Sanitário de Bauru – SP.
Fonte: FACHIN, 2012.
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A figura mostra o mapeamento do Potencial
Espontâneo para uma área com ocorrência de
trincas e rachaduras na superfície do terreno, onde
foi possível definir as regiões de maior potencial
(tons de amarelo a vermelho – possíveis áreas de
recarga) e as porções em que se iniciam os fluxos
da água subterrânea. Também foram extraídas as
direções e sentidos preferenciais (setas em
vermelho).
Figura 9: Escala cromática de potencial espontâneo.
Fonte: Alta Resolução Geofísica e Geologia, 2018.
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Perfil SP sobre um depósito de sulfeto
na Turquia que contém concentrações
de cobre de até 14%. A anomalia SP é
negativa e tem uma amplitude de uns
140 mV. A topografia íngreme deslocou
o mínimo de anomalia morro abaixo
em relação à real localização do corpo
de minério.
Figura 10: Perfil de anomalia por potencial espontâneo.
Fonte: KEAREY; BROOKS; HILL, 2009.
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Zonas suscetíveis a vazamentos: áreas onde ocorrem anomalias negativas, isto é, uma diminuição relativa na valor do
potencial eletrocinético.
Figura 11: Anomalias de potencial espontâneo produto de um fluxo de água.
Fonte: SILVA et al., 2015.
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26. REFERÊNCIAS
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FACHIN, S. J. S. O sinal de potencial espontâneo em investigações ambientais: fatores que
condicionam a amplitude de uma anomalia. Curso de Pós-Graduação em Geofísica. Tese de
Doutorado. Universidade de São Paulo – USP. São Paulo, 2012. 165p.
GALLAS, J. D. F. O método do potencial espontâneo – uma revisão sobre suas causas, seu uso
histórico e suas aplicações atuais. Brazilian Journal of Geophysics, 23, n.2: 133-144. 2005.
GANDOLFO, O. C. B. Métodos Geofísicos aplicados à engenharia e geotecnia. Palestra apresentada
na UNICAMP, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. IPT, maio, 2012. 243p.
KEAREY, P.; BROOKS, M.; HILL, I. Geofísica de exploração. 1ª ed. Tradução: Maria
Cristina Moreira Coelho. São Paulo: Oficina de Textos, 2009. 442p.
SILVA, J. A. M.; OLIVEIRA, A. C.; SILVEIRA, R. L.; FELIX, J. P.; ROSALES, M. J. T. Levantamento de
Eletrorresistividade e Potencial Espontâneo no Complexo Intrusivo De Lavras Do Sul (RS). Anais do
VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa, 24-26 de
Novembro de 2015. Alegrete, RS. 2p.
SILVA, J. E.; ELIS, W. R.; HIODO, F. Y.; OLIVEIRA, E. G. Utilização de Potencial Espontâneo e
Caminhamento Elétrico para detecção de vazamentos em barragem. SIGEO-Soluções Integradas em
Geotecnologias. Ninth International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 2005. 5p.
TELFORD WM, GELDART LP & SHERIFF RE. 1990. Applied geophysics. 2ª ed. Cambridge: Cambridge
University Press, 1990. 770p.
TEMA 4 - POTENCIAL ESPONTÁNEO. Acesso em 12 de setembro de 2018. Disponível em:
https://upcommons.upc.edu/bitstream/handle/2099.1/6231/08.pdf?sequence=9&isAllowed=y