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rumo à
masculinidade
retomando a jornada
alan medinger
traduzido por Mestre Sábio
mestresabio972@gmail.com
Às mulheres em minha vida que me abençoaram além de qualquer medida. Ser um filho, um marido e um pai para
você é propósito o suficiente para minha masculinidade.
Com profunda gratidão por todo o seu amor e paciência: Enid, minha amada e finada mãe, Willa, minha preciosa
esposa, e Laura e Beth, minhas lindas filhas.
índice
Índice................................................................................................................................................3
Agradecimentos..............................................................................................................................4
Prefácio............................................................................................................................................5
1. A jornada...................................................................................................................................8
2. Crescer na masculinidade: essencial para a cura ................................................................15
3. Como um homem se desenvolve.........................................................................................23
4. O que aconteceu de errado em nossas vidas?....................................................................35
5. É possível para nós, hoje?.....................................................................................................45
6. O que é um homem? .............................................................................................................56
7. Compreendendo o masculino ..............................................................................................67
8. O que os homens fazem .......................................................................................................75
9. Fazendo as coisas que os homens fazem............................................................................89
10. As qualidades de um homem..............................................................................................100
11. Superando os obstáculos.....................................................................................................115
12. Superando o passado ...........................................................................................................125
13. Você é aceito.........................................................................................................................137
14. Relacionando-se com mulheres..........................................................................................141
15. Relacionando-se sexualmente com mulheres...................................................................151
16. Masculinidade plena.............................................................................................................159
Apêndice A - reflexões sobre vinte e cinco anos de cura: a história de Alan Medinger..164
Apêndice B - a coisa mais importante que você pode fazer para amadurecer na
masculinidade..............................................................................................................................169
agradecimentos
Um homem não amadurece na masculinidade sozinho. Ele precisa de pessoas que o encorajem,
bons exemplos, e amigos. A mesma coisa acontece com o trabalho formidável que é escrever um livro.
São necessárias pessoas que dêem ânimo, o apoio de outros que já realizaram o mesmo trabalho, e
amigos que o suportem ao longo da jornada. Eu fui abençoado com cada um desses, em abundância.
Minha profunda gratidão aos que demonstraram um dom especial como encorajadores em minha
vida, meu ministério, e meu trabalho como escritor: Tom Bisset, Frank Watson, Dean Schultz, e Bob
Davies, homens que sempre acreditaram em mim, e sempre expressaram isto em voz alta quando eu mais
precisava ouvir. Obrigado também a Joan Guest de Harold Shaw, o grande responsável por fazer este
livro ser publicado. Agradeço especialmente àquela que talvez seja minha maior apoiadora, minha esposa,
Willa.
Agradeço a Deus pelos homens que ele colocou em minha vida como modelos a ser seguidos.
No ministério, fui abençoado com a possibilidade de testemunhar o serviço firme e fiel de homens como
Frank Worthen, Ron Scates, Richard Lipka, Phillip Zampino, Rick Wright, e Ed Meeks. Em minha
jornada rumo à masculinidade, Deus me deu modelos de masculinidade cristã em Bob Chase, Bruce
McCutcheon, Kevin Mulligan, e David Keating. Vocês nunca saberão o quanto eu aprendi de vocês.
Ninguém poderia crescer como homem ou desenvolver um ministério sem o suporte de queridos
amigos. Mais uma vez, meu cálice transborda. Agradeço em especial à equipe do Regeneração: Jeff
Johnston, Bob Ragan, Lani Bersch, Kris Svensson, Josh Glaser, Laura Suffecool, e Marcie Schuett –
meus amigos e colegas – que foram tão pacientes durante os longos meses para escrever este livro; à
minha velha turma do colégio, que viram os meus piores lados e continuaram a me amar; e aos amigos
especiais Jack e Sue O'Neill, e Marty e Penny Hylbom.
Finalmente, agradeço a todos meus colegas de trabalho no Exodus e nos ministérios
relacionados, que me inspiraram através do seu ensino e escritos, com quem compartilhei esta
maravilhosa jornada de descobrir os planos de Deus para libertar homens e mulheres do
homossexualismo: Anita Worthen, Leanne Payne, Andy Comiskey, Joe Nicolosi, e Joe Dallas, e todos os
diretores de ministérios Exodus com quem colaborei nos últimos vinte anos. Minha oração é que este
livro complemente e suporte o incrível trabalho que vocês fizeram e têm feito.
prefácio
Era uma sala na qual eu havia estado, pela última vez, quarenta anos antes. Quando eu estudava
na Universidade John Hopkins, era o refeitório dos dormitórios. Agora, era uma sala de reunião para
organizações estudantis. Nesta tarde de sexta-feira, estava sendo utilizada pelo grupo da Associação
Cristã Hopkins InterVarsity. Dois dos seus líderes haviam se envolvido em uma controvérsia a respeito
de homossexualismo, e antes que a discussão se estendesse aos membros da comunidade gay do campus,
os estudantes cristãos queriam se informar melhor a respeito do assunto. Eu fui um dos palestrantes
escolhidos. Não apenas eu havia sido aluno da escola, mas era o fundador e diretor do Regeneração, um
dos mais antigos e maiores ministérios "ex-gay" da rede mundial de ministérios Exodus para homens e
mulheres buscando superar a homossexualidade.
Ao longo dos anos, muitas coisas haviam mudado, além da sala. A universidade tinha crescido
muito, e o corpo estudantil era muito mais diverso. Na minha época, metade dos estudantes eram rapazes
da cidade de Baltimore estudando em Hopkins, não apenas porque era uma boa escola, mas porque
nossos pais não poderiam pagar uma mudança para estudar mais longe. Agora, uma parcela relativamente
reduzida dos estudantes era de Baltimore. Quando eu estudava lá, os alunos eram todos homens e
maioria deles, brancos. Esquadrinhado os rostos dos mais de cem estudantes reunidos naquela noite de
sexta, os rapazes brancos eram minoria. Nos anos 50, não existiam organizações como o grupo
InterVarsity. Para a maioria de nós, um cristão era uma pessoa boa – como eu – que ia à igreja. Isso era
tudo que tínhamos em comum, portanto não havia muita razão para fundar uma organização.
Mas para mim, pessoalmente, as mudanças na universidade, na sala e no corpo estudantil, eram
secundárias. Parado lá, pensei no jovem que havia estado naquela sala há tantos anos atrás; um jovem em
escravidão secreta à homossexualidade, um ‘nerd’ que de alguma forma entrou em uma fraternidade, mas
vivia com terror de que seus irmãos descobrissem sua verdadeira natureza, alguém que já era um mestre
em levar uma vida dupla, um homem religioso, mas que não conhecia ao Senhor. Agora, aqui estava eu,
39 anos depois, um cristão, um marido, um pai, um avô, um homem confortável com sua masculinidade,
apto para compartilhar com alegria e confiança o que Deus havia feito em minha vida.
Por mais vibrante que fosse experimentar este extraordinário contraste, minha alegria e
entusiasmo se elevaram ainda mais ao perceber algo. No momento em que eu estava de pé diante do
grupo InterVasity da Hopkins, a 40 quilômetros dali, em frente a um grupo InterVasity muito maior na
Universidade de Delaware, estava Estevão Medinger, meu filho. Estevão, um calouro em Delaware, era
um dos líderes do grupo cristão e co-liderava as reuniões de sexta à noite. Estevão nasceu 18 meses
depois de minha libertação da homossexualidade. Pai e filho: nunca essa frase teve tanto impacto em mim.
Logicamente, eu compartilhei com o grupo de Hopkins a história dos meus 17 anos de atividade
na homossexualidade, meus esforços frustrados para mudar a mim mesmo, e minha dramática conversão
e libertação da escravidão sexual que havia sido parte de minha homossexualidade. Não havia tempo para
compartilhar com eles as outras profundas mudanças que haviam ocorrido nos anos após minha
conversão, mudanças que eu podia ver tão claramente naquela noite, mudanças que me haviam trazido à
plenitude de minha masculinidade.
Este não é um livro de testemunho (embora meu testemunho esteja incluído como apêndice A
para aqueles interessados), mas muito do que direi aqui é baseado em minha própria experiência de
crescimento e amadurecimento na masculinidade, um processo que praticamente parou quando eu era
um adolescente e que não recomeçou até depois de minha conversão, aos 38 anos.
Nós vamos examinar o quanto a homossexualidade masculina é, em seu âmago, uma questão de
masculinidade subdesenvolvida, e como a cura verdadeira requer que cresçamos – mesmo como adultos
– em nossa masculinidade. Vamos examinar como um menino normal amadurece em sua masculinidade,
e o que aconteceu de errado conosco. Uma das mensagens centrais deste livro é que qualquer homem
pode amadurecer para uma masculinidade completa, confortável e plena. Eu descreverei como isto pode
acontecer – mesmo agora. Existem dois princípios que estarão guiando tudo isto. O primeiro é que cada
homem precisa passar por determinados estágios de desenvolvimento; não há atalhos para a maturidade.
Se não chegamos a passar por estes estágios quando meninos, precisaremos passar agora. O segundo
princípio é que a masculinidade é, em grande parte, uma questão de fazer, e iremos crescer ao fazer as
coisas que os homens fazem.
No caminho, vamos pensar no que um homem é, qual é o significado do masculino, e o que os
homens fazem – não apenas no sentido cultural, mas o que os homens fazem que reflete sua
masculinidade universal, criada por Deus. Como não estamos procurando simplesmente uma
masculinidade genérica, iremos percorrer as qualidades especiais que Deus implantou nos homens, que
ele gostaria de ver manifestas em nós. Ao pensarmos nisto, creio que seu desejo por desenvolver sua
própria masculinidade irá começar a remover os seus desejos homossexuais restantes, de possuir a
masculinidade de outro homem.
Como a jornada rumo à masculinidade não é nada fácil, iremos prestar muita atenção nos
obstáculos que são encontrados na estrada rumo a este alvo, e como podem ser superados. Não se
desespere antes de ler esta parte. Conforme você pensa em todas as razões pelas quais você se desviou do
processo de crescimento quando adolescente, e percebe que muitas delas ainda estão presentes hoje,
pode ser tentador jogar as mãos para cima e declarar que, se você não conseguiu fazer a jornada antes,
também não irá conseguir agora. Mas você pode; as coisas são diferentes, agora. Quero mostrar a você
como.
Eu não compreendia exatamente o que Deus estava fazendo quando recomecei a amadurecer
para a masculinidade. Muitas vezes, ele me concedeu oportunidades para crescer, e eu lutei contra com
toda a força. Isto tornou o meu processo extremamente devagar. Minha esperança é que este livro possa
supri-lo com algumas diretrizes que façam a sua própria jornada mais rápida.
Este não é um livro completo sobre como vencer a homossexualidade. Você precisará de uma
compreensão mais ampla da homossexualidade do que a que é dada aqui, e a maioria dos leitores
precisará também passar por um processo de cura, que envolve oração e aconselhamento. Outras pessoas
escreveram sobre estes assuntos. Este livro envolve um aspecto da homossexualidade – crescimento e
maturidade – um assunto que não vejo como coberto completamente pelo que outros escreveram, mas
que estou convencido de que é essencial para a cura verdadeira da homossexualidade.
1
a jornada
A estrada rumo à masculinidade é longa. É uma estrada de constante aprendizado, de tentativas e
falhas, de novas tentativas, de vitórias e derrotas. A maioria dos rapazes nem está consciente de que está
trilhando essa estrada, e poucos percebem quando alcançam seu objetivo principal; a grande maioria,
porém, consegue chegar ao fim, com sucesso. Para a maioria dos homens, leva o tempo desde a
concepção até a juventude para que alcancem um ponto em que, em um nível profundo, interno e
indescritível, eles sabem que são homens. Eles podem não estar plenamente satisfeitos com a qualidade
de sua masculinidade, mas não têm nenhuma dúvida de que são homens; e aconteça o que acontecer,
estarão aptos a cumprir a maioria de suas responsabilidades como homens.
Alguns rapazes, entretanto, não chegam a alcançar este destino. Em algum ponto, o esforço
necessário foi grande demais, as derrotas e falhas dolorosas demais, e eles desistiram; saíram da estrada
principal e tomaram um desvio. Chegaram à idade cronológica que os classificava como homens,
pareciam ter todas as partes que faziam deles homens, mas em seu interior, no lugar de um senso de
masculinidade, havia um vazio. Eles não sentiam que eram mulheres (ao menos a maioria deles), mas, de
alguma forma, não pertenciam ao mundo dos homens.
Eu fui um desses rapazes. Não posso marcar exatamente quando e onde entrei no desvio – talvez
entre a idade de oito ou dez anos – mas sei quando voltei à estrada principal: com trinta e oito anos.
Nesse meio tempo, assim como com tantos rapazes, meu desvio me fez passar pelo mundo do
homossexualismo. Hoje, ao olhar para trás, posso perceber que busquei em outros homens a
masculinidade que desesperadamente desejava, mas acreditava que nunca teria.
Eu voltei à estrada em uma noite em novembro de 1974, quando aceitei a Cristo. Este livro não é
sobre meu testemunho, mas baseia-se na jornada que realizei, ou seja, tudo o que aconteceu comigo
depois que este “garoto” de trinta e oito anos voltou ao caminho correto. (Meu testemunho completo
está no Apêndice A.) Ao contrário da maioria dos adolescentes que atravessam o processo de
amadurecimento para a masculinidade, com pouca percepção consciente do que está acontecendo, eu
tive a vantagem de observar conscientemente a formação de grande parte de minha identidade como
homem. Meu filho, Estevão, nasceu dezoito meses depois de minha conversão, e pude vê-lo crescer da
maneira normal, para se tornar um homem cristão forte e sólido, em todos os aspectos, um homem que é
a alegria de qualquer pai. Muito do que está nesse livro é baseado em minha própria experiência, e um
pouco na de Estevão.
Apesar de não estar oferecendo minha história completa aqui, é importante que eu compartilhe
com você que houve um ponto em que percebi que meu problema de homossexualidade era, em grande
parte, de masculinidade incipiente, ou seja, não desenvolvida. Minha conversão aos 38 anos foi repentina,
dramática e incomum. A maioria das pessoas que consegue identificar um momento específico de
conversão pode apontar coisas em suas vidas que mudaram instantaneamente – seus próprios pequenos
milagres. Para mim, duas coisas especialmente dramáticas mudaram imediatamente: Eu me apaixonei
completamente pela minha esposa e passei a desejá-la fisicamente, e minha atração sexual por homens
desapareceu (observe que isso é incomum na maioria dos casos de pessoas libertas do homossexualismo.
Na maioria dos casos, trata-se de um lento processo). Compreensivelmente, eu pensei que havia sido
totalmente liberto do homossexualismo, e passei a falar isto às pessoas.
Em relação à parte sexual do homossexualismo, isto era verdade; vinte e cinco anos foram
deixados para trás. Mas o que eu não reconheci naquele momento foi que a homossexualidade é muito
mais que simplesmente uma questão do direcionamento das atrações sexuais de alguém. Ela tem outros
dois importantes componentes: as necessidades emocionais e a identidade própria. Levou muito mais
tempo para eu lidar essas duas coisas.
Nos primeiros anos após minha cura inicial, eu ainda tinha um desejo profundo e doloroso por
um homem forte que cuidasse de mim. Não era algo sexual, mas eu ainda queria estar na presença de um
homem que me amasse, valorizasse e fosse meu protetor. Por um período de cinco anos, Deus supriu
esta necessidade de maneira maravilhosa. Em meus momentos devocionais, pude estabelecer um
relacionamento profundo e pessoal com Jesus que preencheu todos estes espaços vazios dentro de mim.
Eu saí desse período com aquilo que acredito ser nada mais do que a necessidade normal de um homem
por amizade e afirmação de homens. Este foi meu “milagre de cinco anos”.
A respeito de minha identidade, foi outra história. Isto se tornou claro para mim rapidamente. De
muitas maneiras, após minha conversão, eu ainda era um garotinho de oito anos no corpo de um homem
de trinta e oito. Como um novo cristão, eu queria fazer tudo certinho, e com o poder de Deus à minha
disposição, não via razão para o fracasso. Mas não tive sucesso, especialmente ao tentar desempenhar
meus papéis de marido e pai. Quando me converti, era casado e tinha duas filhas, de dez e doze anos. Eu
lia livros sobre o que um marido e pai cristão deve fazer, mas simplesmente não conseguia. Eu tentava
realizar todas as coisas certas, ser firme, disciplinar, liderar minha família espiritualmente – mas, vez após
vez, fracassava.
Fora de casa, com exceção do trabalho, onde eu tinha um papel claramente definido, ocorreu o
mesmo. Sentia-me inadequado, especialmente em relacionamentos com outros homens cristãos.
Frequentemente, sentia-me como um garotinho na presença deles. Ao tentar viver o papel de um homem
cristão, eu me sentia como um rapazinho que faz uma tatuagem para provar que ele é um homem.
Enxergava-me como alguém ridículo, como uma criança vestida no paletó de seu pai. Constantemente,
eu me condenava pelas minhas falhas.
Esses foram tempos muito difíceis, e se eu não tivesse experimentado a realidade do Senhor e de
seu poder para me transformar, eu poderia ter desistido e simplesmente me encolhida na concha de
minha vida cristã. Mas eu sabia que o que tinha experimentado era real, então eu tentava com mais força.
Se eu falhasse no meu papel de ter disciplina para realizar devocionais regulares com minha família, eu
tentava novamente. Eu não compreendia a razão porque não conseguia realizar essas coisas, porque não
podia satisfazer os papéis que Deus deu para o homem.
Mas havia uma razão. Eu não podia fazer as coisas que os homens fazem porque, de muitas
maneiras, eu não era um homem. Eu era apenas um garotinho. Fisicamente e intelectualmente maduro,
porém com uma parte presa na pré-adolescência. Eu não poderia desempenhar minhas responsabilidades
de forma completa e efetiva como marido e pai – como homem – simplesmente porque as qualidades
necessárias para cumprir com estes papéis nunca haviam se desenvolvido em mim.
Minha primeira abençoada revelação deste fato me veio através do livro Crise Na Masculinidade
(Crisis in Masculinity), de Leanne Payne. Conforme li suas explicações a respeito de o que é um homem,
e aprendi sobre o verdadeiro masculino e feminino, percebi que simplesmente não havia crescido, não
havia me tornado maduro. Eu não fora liberto da obrigação de cumprir os papéis que Deus me dera, mas
já não precisava me condenar quando falhava. Agora, eu precisava começar a crescer. Tendo ganhado o
entendimento e auto-aceitação com o ensinamento de Leanne Payne, podia ser paciente comigo mesmo.
Que alívio!
Então, há mais de vinte anos comecei a trilhar a estrada do amadurecimento para a
masculinidade. Quero compartilhar dessa jornada com você, caminhar com você nessa estrada difícil. Se
você é como o “garotinho” de trinta e oito anos que eu era, rogo para que me deixe auxiliá-lo a caminhar
nesta estrada, e peço de todo o coração que você tente. Será uma das viagens mais difíceis que você já
fez; por vezes, a dor será excruciante, mas as vitórias trarão alegria além de qualquer medida. E a dor de
suas falhas irá durar apenas um curto tempo; mas o fruto de suas vitórias estará com você para sempre.
PO R QU E FA Z E R E S T A JO R N A D A TÃ O DI F Í C I L ?
Quer você seja alguém que está lutando com o homossexualismo (buscando mudar da
homossexualidade para a heterossexualidade) ou um homem cuja masculinidade subdesenvolvida levou à
imaturidade heterossexual, esta jornada não é obrigatória. Você pode continuar pelo resto de sua vida no
seu nível atual de maturidade. É provável que nenhum desastre lhe aconteça. Provavelmente, você ainda
terá um emprego, família e amigos. Você poderá ser ativo na igreja e na comunidade em que vive; pode
até continuar a desenvolver certos talentos e habilidades específicas. A vida pode prosseguir com poucas
mudanças. Isso acontece com inúmeros homens que não avançam até o fim no desenvolvimento de sua
masculinidade. Ninguém o obrigará a fazê-lo, e ao menos que seu comportamento atual seja de risco,
continuar assim como você está não irá ameaçar a sua sobrevivência.
Mas existem razões muito fortes para que você faça esta jornada. A primeira é que a alternativa ao
amadurecimento não é extremamente desejável; a alternativa a ter uma identidade como homem é ter
outra identidade. Qual seria ela? Alguns homens cristãos que lutam com o homossexualismo buscando se
tornar “homossexuais não-praticantes”. Esta pode ser uma opção para alguns, mas muitos descobrem
que enquanto se identificarem internamente como homossexuais, a parte “não-praticante” se torna muito
difícil, se não impossível, de manter. Alguns se apropriam e mantêm a identidade do “ex-gay”, definindo-
se por aquilo que não são, ao invés do que são. Outros buscam permanecer num estado “intermediário”.
Ficam suspensos em uma vida que Deus nunca pretendeu para ninguém, uma vida cuja maior esperança
é uma forma de assexualidade, negando sua homossexualidade, mas não se definindo como
heterossexuais. Qualquer uma destas opções provavelmente levará um homem a um estado de profundo
arrependimento, quando ele perceber como sua vida é incompleta em alguns de seus elementos mais
básicos.
Outra razão para fazer a jornada é que as recompensas no fim da estrada são muito, muito
maiores que qualquer um de nós pode imaginar. Conforme você prossegue a leitura, espero que possa
convencê-lo disto. Para mim, as recompensas de conquistar a masculinidade completa valeram cada
esforço e momento de dor; e valerão para você também.
Um garotinho parece saber instintivamente que a masculinidade é algo desejável, algo a ser
capturado. É por isso que Estevão, quando tinha cinco ou seis anos, dobrava seu cotovelo, fazendo saltar
o músculo, e pedia que eu o sentisse. Um músculo significa masculinidade, e ele queria que eu afirmasse a
dele. Um rapaz adolescente vê a masculinidade como um prêmio a ser conquistado, e persegui-la é o que
dá energia a muitas das atividades que ele faz. A masculinidade é boa, muito boa. Alcançá-la de forma
plena é estar em um lugar de segurança e paz. É sentir-se adequado – adequado a tudo o que é esperado
de você. Ser um homem é ser libertado de muitos dos medos que o cercam na vida cotidiana. É poder
tirar os olhos de si mesmo e ter a capacidade de olhar o mundo ao redor como algo empolgante,
desafiador e repleto de potencial. É para isto que a jornada pode levá-lo, e vale a pena tudo o que custa
para chegar lá.
A terceira razão para fazer a jornada é a mais importante de todas, porque tem a ver com o
propósito e o desejo de Deus para a sua vida. Um amigo meu certa vez montou uma miniatura de um
trem, com um trajeto de trilhos, uma carregadora de carvão, pequenas casinhas e lojas – tudo completo.
Quando ele pôs o projeto em execução pela primeira vez, nada funcionou direito. A locomotiva só
andava de ré, a carregadora espalhava carvão por todo lugar, e as luzes da estrada piscavam sem parar.
Ele tinha um plano de como as coisas deveriam funcionar, mas poucas ocorreram da maneira certa,
portanto ele encontrou pouca satisfação após tanto esforço.
Nós também fazemos parte de um plano. Se crermos em um Deus criador, temos também de
acreditar que ele tem um plano para como devemos funcionar como homens – o que devemos ser e
como devemos viver nossa masculinidade. Temos de acreditar que ele teve uma razão para nos fazer
diferentes das mulheres, e que nosso crescimento em direção à maturidade tem um objetivo. Ele revelou
a si próprio como Pai, e sabemos que todo bom pai deseja que seu filho cresça para a plenitude de sua
masculinidade. Poderia o Pai perfeito desejar menos para seus filhos? Podemos não concordar
totalmente em relação ao que significa masculinidade completa, porque os modelos ao nosso redor são
falhos; mesmo assim, Deus não nos deixou sem orientação em relação a isso. Podemos descobrir muito
do seu plano para nós como homens. Este é um dos propósitos deste livro.
Mesmo agora, você certamente tem alguma idéia a respeito daquilo que Deus criou um homem
para ser, e alguns podem sentir que não estão completamente dentro disso; talvez até muito longe. Se o
seu desejo é ser obediente a Deus e ser o filho que traz alegria ao coração do Pai, então você é chamado a
realizar esta jornada. Você deve estar disposto a amadurecer até a plenitude de sua masculinidade. Por
que ele o ama e quer o melhor para você o seu crescimento trará grande alegria a ele.
UM MA P A P A R A O CA M I N H O
Quero compartilhar com você, brevemente, os princípios que usarei para guiá-lo na estrada à
masculinidade. Estou convencido que, para a maioria dos homens que lida com este problema, a
homossexualidade é, em seu âmago, um problema de identidade. Um homem assim não se sente como
homem, da forma que ele percebe que os homens sentem a respeito de si mesmos. O Dr. Bill Consiglio
referiu-se a isto como “vazio de gênero”. Este é um termo bem descritivo, porque esse homem se sente
vazio; ele está confuso e incerto quanto à sua masculinidade. Ele não se sente como uma mulher, e pode
não ter ainda adotado a identidade de gay ou homossexual, mas ele se sente vazio em algum lugar onde
deveria ser firme e sólido. Entretanto, o problema dele não é apenas que ele não se sente como um
homem, mas que ele não é, de fato, um homem – em termos de haver passado por todos os estágios de
crescimento e amadurecimento que levam os meninos da infância à masculinidade plena. Ele achou o
processo difícil ou doloroso demais, portanto se desviou e pulou uma parte dele.
O Dr. Joseph Nicolosi, na obra Terapia Reparativa da Homossexualidade Masculina (Reparative
Therapy of Male Homosexuality), diz que eles se tornaram “meninos na janela da cozinha”. Se você foi
um desses meninos, escolheu se retirar do envolvimento ativo no mundo competitivo, áspero e físico dos
meninos, e se tornou um mero observador desse mundo, assistindo da janela da cozinha. Mas não era
apenas o mundo das praças, campos de futebol e casas na árvore que você se afastou; você removeu sua
presença do campo em que sua masculinidade seria formada. Em diversos aspectos, você colocou seu
crescimento para a masculinidade em suspenso.
Agora, quinze, vinte, ou quarenta anos depois, se quiser continuar a amadurecer, você precisará se
aventurar de volta no mundo dos meninos e dos homens. Essencialmente, você terá que desenvolver sua
masculinidade da mesma forma que os meninos fazem, através de um processo de aprendizado, testes,
falhas, levantar-se e fazer novas investidas, e finalmente triunfar. Nós amadurecemos para a plenitude de nossa
masculinidade ao fazer as coisas que os homens fazem.
Uma vez que você está em meio ao processo e já obteve alguns triunfos – independentemente
das falhas no meio – começará a obter um progresso. Conforme você fizer com sucesso as coisas que os
homens fazer, você:
• Descobrirá que está sendo afirmado pelos outros homens.
• Começará a moldar seu próprio senso interior do que um homem é.
• Começará a perceber que está se tornando o homem que Deus criou você para que fosse, e
através do Espírito Santo, você saberá que está cumprindo o seu propósito como homem.
“Fazer as coisas que os homens fazem” pode parecer algo terrivelmente superficial – e talvez, por
si só, seja mesmo – mas suas consequências, nem um pouco. Conforme você for afirmado pelos outros
homens, começar a moldar o seu próprio senso de masculinidade, e se descobrir indo em direção ao
plano de Deus para você como homem, profundas mudanças começarão a acontecer nas partes mais
profundas do seu ser. A sua identidade básica começará a ser transformada.
O objetivo deste livro é auxiliar homens a alcançarem a plena masculinidade, portanto deixe-me
explicar o que quero dizer com esta expressão. Masculinidade plena, ou apenas masculinidade, é utilizado
neste livro para expressar o estado em que:
• Podemos confortavelmente cumprir com os papéis que Deus nos deu como homens, e
podemos assumir as responsabilidades que os outros têm direito de esperar que assumamos.
Como maridos, como pais, como membros do corpo de Cristo, como cidadãos, somos
esperados a cumprir com determinados papéis. Na masculinidade plena, somos capazes de
cumprir estas obrigações. Conforme prosseguimos, falarei mais sobre quais são esses papéis e
obrigações.
• Alcançamos o ponto em que crescer como homens já não é mais o ponto central de nossa
vida. Isso não significa que nos tornamos homens perfeitos (só existiu um homem perfeito),
mas que nosso amadurecimento passará a acontecer naturalmente, durante nossa caminhada
normal como cristãos.
Apesar de este livro ter sido escrito primeiramente para pessoas que estão lutando com a
homossexualidade, se outros, homens puderem achar algumas verdades amplas que podem auxiliá-los a
desenvolver e aceitar sua própria masculinidade, ótimo. Quanto a isto, gostaria de frisar ao homem
buscando superar a homossexualidade que os outros homens podem, sim, aproveitar algo deste livro,
porque muitas das lutas que você tem também são encontradas na caminhada dos outros homens; a
principal diferença é que você – e eu – desertamos da batalha por algum tempo
Estou convencido de que todo homem, não importa quão tarde começa, não importo o quão
destituído de gênero se sinta, se ele escolhe a masculinidade e está disposto a aceitar as oportunidades e
desafios que Deus coloca diante dele, pode esperar, ainda nesta vida, experimentar a masculinidade plena.
2
crescer na masculinidade: essencial para a cura
“Eu guardei o seu número de telefone em minha gaveta por três anos. Eu ficava adiando e
adiando, mas finalmente tive que ligar para vocês”. Declarações desse tipo são ouvidas frequentemente
nos escritórios do ministério Regeneração. Regeneração é parte da coalizão mundial Exodus, de
ministérios cristãos cujo foco principal é ajudar homens e mulheres a superarem o homossexualismo. Às
vezes eu penso que, se cada cristão lidando com a homossexualidade que tem o nosso número de
telefone em sua carteira ou gaveta decidisse nos ligar no mesmo dia, nossas linhas telefônicas não
aguentariam a sobrecarga.
Este tipo de ligação sugere três coisas a respeito da pessoa. Primeiro, obviamente, em algum nível
ele está insatisfeito com a sua homossexualidade. Segundo, alguns obstáculos poderosos – normalmente
ambivalência e medo – o mantiveram resistente a pedir ajuda. E terceiro, ele finalmente chegou ao ponto
em que a sua homossexualidade lhe causou tanta angústia, que ele está disposto a enfrentar estes
obstáculos; ele está disposto a confrontar seus medos e resolver a ambivalência.
BA R R E I R A S Q U E DI F I C U L T A M BU S C A R AJ U D A
Vamos olhar para estes obstáculos e para as questões específicas que acompanham a pessoa que
está passando por isso. O primeiro deles está relacionado à natureza dos pecados de vício. Embora um
homem possa odiar a sua homossexualidade com todo seu coração e mente, ao mesmo tempo há certas
maneiras em que ele a ama. Para muitos de nós, ceder a nossos desejos foi, por anos e anos, a nossa
forma de lidar com a vida, uma forma de escape, de consolo próprio, de encontrar alívio temporário da
terrível dor e vazio que sentíamos por dentro. Nós odiávamos e ao mesmo tempo amávamos; em nossa
ambivalência, estávamos paralisados, sem saber para que lado ir.
Eu odiava minha homossexualidade. Ela me levou a fazer coisas tolas e degradantes. Ela me
impeliu a ações arriscadas que eu sabia que podiam me custar tudo: minha esposa, meus filhos, minha
carreira, até minha vida. Mas, por dez anos adentro do meu casamento, eu me apeguei a ela. Como
poderia viver sem ela?
O segundo grande obstáculo é o medo. Há o medo simples do desconhecido. “Se eu me envolver
com um ministério, o que essas pessoas vão querer que eu faça, e o que elas farão comigo? Que tipo de
pessoas são elas? São algum grupo de mente estreita e fundamentalistas, anti-gays disfarçados de cristãos,
ou mascates de alguma nova teoria psicológica maluca?” Há também o medo de se expor, um temor em
geral enraizado no orgulho ou na vergonha. “Eu já sou um cristão há dez anos. Eu deveria ser capaz de
cuidar disso sozinho. Admitir o problema e procurar ajuda significa reconhecer o grande fracasso que eu
sou como cristão. As pessoas iriam até questionar se eu sou, de fato, um cristão”. Estes medos são
normalmente mais intensos em alguém que cresceu em uma comunidade cristã conservadora, onde o
estigma do homossexualismo é mais severo.
Baixa auto-estima é uma grande parte da maior parte dos casos de homossexualidade masculinha.
Este é um dos principais assuntos do livro do Dr. William Consiglio, Homossexual, Nunca Mais (Homosex-
ual No More). Uma defesa comum contra a dor da baixa auto-estima é construir uma imagem – para nós
mesmos e para os outros – de um homem que é bom, honrado e forte. Portanto, dizer na presença de
outra pessoa: “eu sou um homossexual”, é destruir a falsa identidade que nos oferecia o único retalho de
auto-estima que possuíamos.
O PO N T O D E D I Z E R “ JÁ CH E G A ” — FO N T E S D E AN G Ú S T I A
Apesar destes obstáculos, os homens procuram ajuda. Qual é a angústia tão poderosa que um
homem considera deixar para trás os seus vícios, e estar disposto a caminhar através de um campo
minado de temores? Se o homem é um cristão – e a grande maioria dos homens que vem aos ministérios
Exodus possui algum tipo de fé ou crença na moralidade cristã – a angústia vem de uma ou duas áreas.
Primeiro, e talvez mais óbvio, é a aflição pelo seu comportamento. Ele está em um terrível conflito por
causa da contradição entre aquilo que ele acredita ser um bom comportamento, e o que ele está fazendo.
Ele se sente como Paulo, que escreveu em Romanos 7 sobre ser induzido a fazer aquilo que ele detesta.
Entretanto, ele pode sentir que os problemas de Paulo deviam ser muito menores do que os dele. Isso
será verdade especialmente se o comportamento dele foi além de masturbação e fantasia. (Neste livro, eu
incluo a fantasia e a masturbação como partes do comportamento homossexual, além da atividade sexual
com outra pessoa.) Calculo que mais de 90% dos homens que buscam ajuda nos ministérios ex-gay, o
fazem por causa do grande conflito que sentem entre seu comportamento e o que acreditam que Deus
quer para eles.
A segunda área de angústia está relacionada com a direção de suas atrações sexuais. Ele é atraído
sexualmente por homens, mas gostaria de ser atraído por mulheres. Em relação aos homens, a atração
está criando um intenso desejo que ele sente que nunca o deixará e que crê, como cristão, que jamais
poderá satisfazer. O desejo pode ser puramente sexual ou pode ser emocional. Apesar de nossa tendência
de pensar na homossexualidade masculina com foco na atração física e na homossexualidade feminina
como atração emocional, em muitos homens há um desejo quase esmagador de pertencer, ser cuidado,
amado por um homem, ou por transferência, de possuir, cuidar, amar outro homem. Eu ouvi homens
cujo grau de promiscuidade sexual seria considerado inacreditável pelos padrões heterossexuais,
derramando sua dor, e dizendo: “não era o sexo que eu realmente queria; era alguém para me amar”. Eu
acredito neles. Esta ânsia não satisfeita pode ser tão intensa quanto a sexual. É claro, os dois não podem
ser totalmente separados. Leanne Payne e outros apontaram muitas vezes como nossos desejos sexuais
são, frequentemente, desejos emocionais mais profundos, que se tornaram erotizados.
A atração pelo mesmo sexo é apenas um lado da angústia relativa à natureza de suas atrações; o
outro lado é a falta de atração pelo sexo oposto. Ele não sente absolutamente nenhuma atração
romântica e sexual por mulheres, mas quer um dia se casar e ter filhos. Como os outros homens, ele tem
uma percepção de que muito do propósito e da plenitude de vida de um homem é satisfeito através do
casamento e da paternidade. Ele quer se sentir atraído por uma mulher, mas simplesmente não há nada
onde deveria haver. A ausência de qualquer atração pelo sexo oposto está na raiz de sua percepção de
que jamais poderá viver uma vida normal, de que está preso em um ponto e jamais poderá progredir.
Existe uma terceira área de angústia, que pode não transparecer até que o homem tenha lidado
com as outras duas. Esta tem a ver com sua identidade como homem. Uma vez que ela não é tão diretamente
“sexual” como o comportamento e as atrações, ele pode a princípio não fazer uma conexão com a sua
condição homossexual. Além disso, está tão estabelecido como parte “daquilo que ele é”, que ele pode
nunca ter considerado que poderia ser mudado. Não é uma identidade que diz simplesmente: “eu sou
gay”, mas uma que, mais profundamente, diz: “eu não sou um homem”, ou, ao menos: “eu não sou um
homem como os outros homens”. Ele não está à altura. Na adolescência, e talvez até mais cedo, ele se
sentia diferente dos outros rapazes, e diferente sempre significava “menos que” ou “inferior a”. Estes
sentimentos continuaram através dos anos da adolescência e pela vida adulta. Mesmo hoje, na companhia
de outros homens, ele sente de alguma forma que não faz parte do mundo deles.
AS P E C T O S D O PR O B L E M A D E ID E N T I D A D E
Os problemas dele em relação a isto se manifestam principalmente em duas áreas da vida.
Primeiro, ele passa por um grande desconforto e embaraço na companhia de outros homens,
especialmente em grupos de homens e em situações desestruturadas. Ele sempre sente como se estivesse
fora do mundo deles, olhando para dentro. Ele não compartilha dos mesmos interesses que os outros
homens têm, e isto sustenta o seu sentimento de sempre estar desassociado deles.
Segundo, o problema da identidade é manifesto em acreditar – e, frequentemente, em provar na
prática – de que em muitas áreas, ele é incapaz de fazer as coisas que os homens fazem. Não apenas na
companhia de outros homens, mas em sua família e em tudo que é lugar, ele sente-se fortemente
inadequado em exercer as virtudes masculinas, principalmente em tomar a iniciativa e exercer autoridade.
Isto pode resultar nele assumindo um papel bastante passivo na vida, ou, no caso de alguns homens, de
adotar uma autoconfiança agressiva, que tenta cobrir sentimentos de fraqueza e insegurança.
Obviamente, estas características podem estar presentes em homens cuja orientação sexual é
heterossexual, mas há uma diferença fundamental na natureza desta deficiência nos dois tipos de homem.
No que possui orientação heterossexual, estas inseguranças se fundamentam em uma crença em geral
subconsciente: “eu sou inadequado como homem”. No homem orientado à homossexualidade,
entretanto, a crença fundamental é: “eu não sou um homem de verdade”. A maioria dos meninos e
muitos homens lutam duramente para provar – principalmente a si mesmos – que são adequados como
homens. A maioria de nós que crescemos com orientação à homossexualidade desistiu desta luta, mais
cedo. Acreditando que jamais seríamos realmente homens, começamos a buscar a masculinidade nos
outros.
Quando me pedem para descrever o que acontece na cura de um homem homossexual, eu falo
dessas três áreas que acabei de descrever: comportamento, atrações e identidade. Eu explico que o
homem que está lutando pode esperar vitória total ou quase completa na área de comportamento, uma
mudança significativa – se não completa – em suas atrações sexuais, e pode se tornar completamente
confortável e em paz com sua identidade masculina – sua masculinidade. Estou convencido de que esta
mudança é possível para qualquer homem que realmente buscá-la, e que rende a sua vida e sua
sexualidade a Jesus.
O PA P E L CE N T R A L D A ID E N T I D A D E
Apesar da cura do homem homossexual ser, de muitas maneiras, um processo indireto – como
resultado das mudanças amplas em sua vida espiritual – quase todo homem que está lutando com isso
terá de confrontar estes três elementos do problema. Nunca haverá recuperação até que o
comportamento, atrações e identidade tenham sido tratados e, até certo ponto, transformados. Apesar da
inclinação natural voltar-se ao comportamento e às atrações – pois é aí que ele sente o peso – creio que o
fruto mais rico irá brotar em sua vida ser ele escolher focar mais fortemente (e mais cedo) na área da
identidade.
E isto é verdadeiro por duas razões. Primeiro, por que a identidade é mais maleável ao ataque direto do
que o comportamento e as atrações. Nunca encontrei um homem que dissesse: “Hoje eu vou começar a ser
atraído por mulheres ao invés de homens”, e, salvo por um verdadeiro milagre, descobrisse que algo
realmente mudou. Quanto ao comportamento, embora tentar ser obediente seja uma parte essencial do
processo de cura, uma mudança no comportamento, sem uma transformação profunda na identidade,
será pouco mais que uma abstinência forçada. A identidade, por outro lado, pode ser mudada
significativamente através de um programa de escolhas conscientes e ações específicas.
A segunda razão pela qual o processo de mudança pode ser avançado significativamente ao lidar
com o problema da identidade é que a identidade masculina incompleta de um homem é o que abastece e dirige o seu
comportamento e atrações homossexuais. Esta identidade masculina quebrada ou incompleta é o mecanismo
que dá direção às atrações sexuais e o motor que alimenta o nosso comportamento pecaminoso. Vamos
examinar isto com mais detalhes.
Em relação às atrações, a essência da atração sexual parece ser as ‘diferenças’, a percepção do
‘outro’. Certamente, para o homem orientado à heterossexualidade, algo da atração sexual está no
conhecimento de que a interação do pênis dele com a vagina de uma mulher pode trazer um prazer
extraordinário. Mas todos nós sabemos que há muito mais envolvido na atração sexual do que isto. O
que dizer dos seios da mulher? Por que eles são objeto de atração sexual para um homem? Eles são
simplesmente órgãos para amamentar um bebê; eles não possuem função sexual direta. E quanto ao
traseiro, o formato arredondado e a suavidade da sua pele? O que dizer de coisas que ela faz
intencionalmente, como deixar o cabelo ficar longo ou usar batom? Por que estas coisas despertam
desejo sexual na maioria dos homens? Pode haver diversas razões. O corpo de uma mulher – seus seios,
o formato arredondado – podem atiçar o seu desejo de ser bem cuidado; as diferenças dela podem
instigar o apetite dele por mistério; a vulnerabilidade dela pode engatilhar o desejo dele por conquista.
Todos estes fazem sentido, mas o que mais atrai o homem sexualmente à mulher é que ela é a “outra”.
Ela possui coisas em si mesma que um homem não possui em si próprio.
Estas características que uma mulher possui e o homem não, que simbolizam a mulher, o atraem
a ela. Elas expressam o feminino e atraem o masculino. A parte masculina de um homem anseia pela sua
outra metade. Olhando para isso espiritualmente, o homem pode estar procurando tornar-se completo,
por restauração da parte dele que foi tirada quando a mulher foi criada. Ou talvez porque masculino e
feminino, juntos, refletem Deus mais habilmente do que apenas o homem ou mulher sozinhos – tendo
sido ambos criados à imagem de Deus – o desejo de um homem por um complemento reflita o seu
Criador de forma mais plena.
Eu sou um homem, e procuro meu complemento na mulher. Mas, e se um homem não possui
esse senso profundo de que é um homem? Ele experimentará as mesmas atrações por uma mulher? Ela
será o seu “outro”? Não, e isto é algo crítico. Se ele não se sente completo como um homem, seu
primeiro desejo não será pela mulher, mas pela masculinidade completa; ele será atraído pelo masculino
em outros homens. Este será o seu “outro”, sua costela faltando. Esse será o seu meio de se sentir
completo. Portanto, o desenvolvimento de nossa masculinidade – buscar ser completo em nós mesmos –
terá grandes benefícios, tanto no sentido de diminuir nossas atrações pelo mesmo sexo, quanto iniciar
nossa atração sexual pelas mulheres.
Eu disse que nossa identidade masculina incompleta, além determinar a direção de nossas
atrações sexuais, também é o motor que alimenta o nosso comportamento homossexual. O enorme
poder do desejo homossexual pode ser percebido nas atitudes tolas, até insanas, que muitos homens
homossexuais têm para conseguir algum tipo de contato com a masculinidade. O que leva um homem
sensível a deixar um rapaz durão que não conhece entrar no seu apartamento, sabendo muito bem dos
riscos de ser roubado, espancado ou até pior? Por que um homem de negócios ou profissional bem
sucedido arrisca ser preso ou ser humilhado publicamente ao tentar fazer contato sexual com outro
homem em um banheiro público? Por que eu fui repetidas vezes ao um bar gay em uma das principais
ruas de Baltimore, sabendo que podia ser visto por qualquer um e ter todas as minhas mentiras expostas?
Nós fizemos estas coisas por causa do desejo gigantesco que havia dentro de nós. Nós
ansiávamos por algum tipo de contato com aquilo que representasse ou simbolizasse a masculinidade:
uma aparência rígida, firme, músculos, um pênis. Todos estes são símbolos da masculinidade – a
masculinidade que não possuíamos – e pela qual éramos atraídos, até obsessivamente, a olhar, tocar,
cheirar, juntar-nos, de alguma forma. Nossa masculinidade incompleta clamava por isso, pelos seus
elementos faltando.
Leanne Payne ilustra esta ânsia pela masculinidade com sua teoria do canibalismo. Em A Imagem
Quebrada (The Broken Image) ela descreve como os canibais comem apenas as pessoas que admiram,
acreditando que desta forma podem adquirir algumas de suas características. Este desejo ‘consumidor’
pela masculinidade no homem homossexual se torna óbvio: um homem que sente a falta da
masculinidade completa satisfaz a necessidade por ela através do seu comportamento homossexual,
esperando adquirir algo da masculinidade do outro homem.
O ponto principal para se lembrar, entretanto, é que a ânsia pela masculinidade do outro só está
presente em um homem que sente que falta algo em sua própria masculinidade. Não é assim que ocorre
também com todos os tipos de cobiça? Nós desejamos as coisas que não temos, ou que pensamos não
ter. Esse desejo é tão intenso – tão intenso é o motor que pode dirigir um homem ao comportamento
homossexual – que até quando tal comportamento é completamente contrário ao seu instinto humano de
proteger a si próprio, bem como à suas crenças religiosas mais básicas, ele ainda não consegue segurar a
si próprio.
A questão da identidade se manifesta também de outra forma. Muitos de nós percebemos o
fracasso em ser aprovado pelos homens (ou, inversamente, o sentimento de termos sido rejeitados) como
um elemento chave no desenvolvimento de nossa homossexualidade. Neste ponto, o desejo
homossexual poderoso é um apelo desesperado do garotinho interior: “Alguém pode me mostrar que
tenho valor como um homem, para um homem?” Esta não é só a ânsia de aliviar a dor da baixa auto-
estima. Um homem pode ser bem valorizado pelas mulheres em sua vida, e pode reconhecer que possui
dons extraordinários em determinadas áreas, mas o clamor do menininho ainda está lá. O valor dele
precisa ser demonstrado por um homem, e a área sendo valorizada precisa expressar a masculinidade.
Assim como tantas outras partes da vida, especialmente áreas de profunda necessidade, esse
desejo pode ser ‘sexualizado’. A partir deste ponto, o contato sexual, ou simplesmente receber um sinal
de que outro homem o deseja, mesmo que apenas como um objeto sexual, de alguma forma satisfaz esta
ânsia, temporariamente. Isto explica muito dos ‘passeios desinteressados’ que os homens homossexuais
fazem, indo a lugares onde outros homens se aproximem deles, mesmo em um momento onde o contato
sexual não é desejado. Às vezes, vindo para casa do trabalho, quando eu sabia que não teria como
explicar chegarem casa mais de meia hora atrasado, eu ainda passava no bar gay. Eu não estava atrás de
nenhum contato, mas apenas esperava que algum homem demonstrasse que me queria.
NÃ O H Á AT A L H O S P A R A O AM A D U R E C I M E N T O
Deus poderia imediatamente pegar qualquer um de nós e dar vitória total sobre nosso pecado
sexual. Houve certa instantaneidade deste tipo em meu processo de cura, de forma que fui liberto do
desejo de sexo com homens no momento da minha conversão. Mas ele tem um plano bem melhor para
nós, e esta não é a forma que Deus opera, geralmente. Ele não se contenta apenas com a satisfação do
nosso desejo de parar com o comportamento pecaminoso, ou em fazer-nos meramente passar a desejar
mulheres sexualmente. Ele quer que nos tornemos os homens que ele nos criou para sermos, homens de
verdade em todos os sentidos. Ele pode permitir que o comportamento pecaminoso continue, de forma
que nos faça chegar ao ponto em que renderemos a ele aquilo que tem nos escravizado. Da mesma
forma, ele pode permitir que a dor da masculinidade subdesenvolvida continue, para nos tornar enfim
dispostos a atravessar o doloroso processo de amadurecer como os homens que ele nos criou para
sermos.
Quando meus filhos estavam crescendo, eu detestava vê-los se machucarem fisicamente. Mesmo
assim, eu tirei as rodinhas de apoio de suas bicicletas. Eu preferia vê-los ganhar alguns arranhões, do que
nunca poderem andar de bicicleta. Eu preferia vê-los tentar, falhar, e tentar outra vez, do que vê-los
crescendo e se tornando indivíduos medrosos.
Se estas são as suas circunstâncias, será que Deus está fazendo disso um jogo com você? Será que
ele está deixando-o afundar no lamaçal da sua homossexualidade até que você finalmente descubra o que
deve fazer? É claro que não. Uma das principais metáforas que Deus usa para descrever o
relacionamento que ele quer com nós é o de pai e filho. O que um homem deseja mais para o seu filho
do que ele cresça para a plenitude de sua masculinidade? Se nós, que somos pecadores, desejamos isto
para nossos filhos, quanto mais Deus deseja isto para nós? Ele, que plantou em cada um de nós os
atributos da masculinidade, iria querer algo menos do que esses atributos se desenvolvessem e
florescessem ao máximo? Não. E assim como um bom pai disciplina ao filho que ama, assim também o
nosso Pai nos deixa sofrer em nossa desolação até que ouçamos a sua voz e comecemos a buscar o
melhor que ele tem para nós: nossa plena masculinidade.
Deus estabeleceu a família na qual cada pai iria ensinar ao seu filho o que significa ser um
homem. Nós sabemos, entretanto, que nem sempre a vida funcionou dessa forma. O pecado entrou no
mundo, e a paternidade, assim como tudo o mais, tornou-se imperfeita. Entretanto, o plano de Deus para
nós não mudou. Embora seu plano original tenha se descumprido por causa do pecado do homem, a
redenção pode ser nossa através de Jesus Cristo. Deus será o nosso Pai, e irá caminhar conosco através
do processo que nos trará à plena masculinidade. Todas as coisas se fazem novas em Jesus Cristo.
3
como um homem se desenvolve
É possível que não vejamos, em nosso tempo de vida, uma resolução definitiva dos debates
“genética x ambiente”, que ocorrem em relação a todo o tipo de comportamento e condições humanas.
É muito difícil chegar a uma compreensão plena deste assunto, não apenas porque a interação entre
genes e ambiente é extremamente complexa, mas porque assim como ocorre com diversos tipos de
comportamento, um grande número de grupos possui um interesse intenso em promover a crença de
que um, ou outro, é o fator determinante. Por exemplo, ativistas homossexuais parecem determinados a
encontrar uma prova irrefutável de que o homossexualismo é implantado na criança, ao nascer. Pensam
que, se esta crença for aceita, a sociedade terá de reconhecer o homossexualismo como um estilo de vida
aceitável. Por outro lado, aqueles de nós que desejam que a mudança da homossexualidade para a
heterossexualidade seja possível, possuem a ânsia de promover a crença de que não nascemos assim. Em
uma questão semelhante, os antigos feministas radicais promoviam a ideia de que, exceto por certas
diferenças relacionadas às funções reprodutivas, homens e mulheres são exatamente idênticos, e todos os
papéis e diferenças comportamentais são o resultado de influências ambientais. Tais ideias extremas e
politicamente motivadas recebem bem menos aceitação hoje em dia, e as pessoas estão começando a crer
que o ambiente e a hereditariedade, de forma conjunta – em paralelo ao livre-arbítrio, como a maioria
dos cristãos crê – desempenham papéis importantes para fazer de nós o que somos.
Como meninos se tornam homens é uma parte importante deste debate, e certamente muito
relevante ao tema deste livro. Um garotinho já nasce com as peculiaridades que inevitavelmente o levarão
a assumir certos papéis, e comportar-se da forma vista como comum pela sociedade? Ou é a nossa
cultura que ordena isto a ele? Desde as primeiras semanas de suas vidas, os meninos são direcionados
pelos seus pais e pela comunidade a assumirem os mesmos papéis que seus pais tinham? Ou existe outra
coisa, algo interno, levando-os para esta direção?
Eu certamente não poderei resolver este debate em apenas um livro, mas também não posso
ignorá-lo. Ao invés disso, quero formular duas hipóteses básicas, que acredito serem aceitáveis à maioria
dos leitores. Falarei mais delas depois. No capítulo 6, vamos falar a respeito das marcas inatas de um
homem, enquanto examinamos todo o conjunto de diferenças que existe entre os corpos dos homens e
das mulheres. E ao longo do restante do livro, conforme discutimos como a masculinidade se
desenvolve, iremos considerar os fatores ambientais continuamente.
As duas hipóteses abaixo são necessárias para fundamentar o conceito de amadurecimento da
masculinidade que será desenvolvido neste livro. Espero que, para você, elas pareçam aceitáveis. Se não,
recomendo que você continue lendo mesmo assim e veja como elas se encaixam no mundo real – o
mundo real quase universal – dos meninos que estão se transformando em homens.
1. Meninos são biologicamente destinados a amadurecerem como homens; homens que são
diferentes de mulheres, em questões que vão muito além da mera anatomia e das funções
reprodutivas.
2. As estruturas sociais sempre existiram para guiar o processo de amadurecimento da infância para
a masculinidade adulta.
Juntas, estas hipóteses não representam nenhum ponto de vista que possa ser considerado
extremo. Não estou argumentando que a masculinidade seja completamente genética, nem
completamente aprendida. Se assumirmos a hipótese 2 como necessária, não apenas uma casualidade que
acontece em cada cultura, podemos levá-la um pouco adiante e dizer o seguinte: Meninos são, de fato,
geneticamente destinados a se tornarem homens, porém orientação ao longo do caminho é necessária;
caso contrário, o processo pode não ocorrer da forma esperada.
D E ME N I N O A HO M E M : O QU E E L E SE TO R N A
De um ponto de vista puramente fisiológico, quando um menino nasce, se nada vier a tirar a sua
vida de forma prematura, ele crescerá e se tornará um homem. É simplesmente um fato biológico. Ele
nasce com a matéria-prima necessária para ser um homem, e o principal elemento necessário para realizar
esta transformação é o tempo.
Durante uma parte deste tempo, alguém precisa alimentá-lo e protegê-lo de elementos hostis da
natureza, bem como quaisquer inimigos que ele venha a encontrar. Desta forma, podemos dizer que ele
se torna um homem quando puder prover para si próprio o alimento necessário, abrigo, e a defesa
pessoal.
Ele precisa se tornar um produtor ou provedor, apto para obter o necessário para suas
necessidades básicas. Qual será sua idade neste ponto? Depende. Se havia abundância de alimento
disponível, e se os elementos não eram hostis, o início da adolescência poderia marcar a sua plena
entrada na masculinidade. Entretanto, se a natureza não foi tão acomodante, e ele precisou aprender a
plantar, pescar ou esperar na fila do supermercado para sobreviver, a masculinidade seria adiada até que
ele aprendesse essas habilidades.
Mas isso não é tudo. Reconhecemos que o homem é um membro de uma espécie, portanto ele
não terá atingido plena masculinidade até ser sexualmente maduro para produzir descendentes. Isso exige
que no mínimo ele tenha passado pela puberdade.
Portanto, se a natureza não for acomodadora – e ela raramente é – os filhos que ele vier a ter irão
morrer, vindo a extinguir a espécie, se ele não estiver disposto a cuidar deles e da mãe durante os
primeiro anos, especialmente enquanto as crianças ainda forem amamentadas. Existem criaturas – como
o cervo, por exemplo – em que o pai impregna a mãe e não tem nenhum envolvimento com a sua prole.
Entretanto, dado o longo período durante o qual os infantes humanos necessitam de cuidado, a
sobrevivência da raça seria incerta se o homem não estiver pronto a assumir o papel de marido e pai.
Mas este é apenas o ponto de vista biológico do homem. Ele é mais do que uma entidade
biológica independente; ele é uma criatura social. Se formos da biologia para a sociologia ou
antropologia, descobriremos que o homem jamais, em larga escala, viveu de forma solitária ou apenas
com seu núcleo familiar. Nunca existiu uma civilização que fosse baseada em ermitãos ou em um
arquipélago de famílias em “ilhas”. Um homem estabelece conexões com outros homens ou outras
famílias, com o propósito de defesa mútua ou de organizar maneiras de prover de forma mais eficiente
para suprir as necessidades de cada família. Assim, ele é criado para funcionar dentro uma comunidade
maior, ou dentro de diferentes níveis de uma comunidade. Para ser um homem funcional, ele precisa
participar da vida de sua comunidade próxima e de sua nação, às vezes sendo chamado para defendê-la.
Hoje em dia, diríamos que ele atua como um cidadão.
Mas precisamos ir um passo além. Um homem é mais do que uma criatura biológica ou social; ele
também é espiritual. Ele não é completo até que sua vida espiritual encontre expressão. Ele precisa viver
em relacionamento com o Deus em cuja imagem ele foi criado. Primeiramente, os judeus, e depois, os
cristãos foram ensinados que este tipo de relacionamento também ocorre em comunidade. Para os
cristãos, esta comunidade é a igreja. A masculinidade plena requer que um homem seja capaz de
funcionar como membro do corpo de Cristo.
Então, quando a masculinidade plena é atingida? Podemos dizer que um menino obtém a
masculinidade quando atinge o ponto em que é capaz de ser um provedor, um marido, um pai, um
cidadão, e um membro do corpo de Cristo.
Mas existe mais uma dimensão no amadurecimento da masculinidade. Cada perspectiva dessa
formação possui um lado qualitativo. Quando Deus criou o homem, ele disse que sua criação era “muito
boa” (Gênesis 1:31). A masculinidade desejada por cada menino, cada adolescente, e cada adulto, e que
cada mãe e pai querem para os seus filhos, também possui um lado qualitativo. A própria palavra
masculinidade possui uma conotação qualitativa. A menos que estejamos falando em termos biológicos
limitados, quando dizemos que alguém é um “homem de verdade”, estamos expressando nossa opinião
da qualidade de sua masculinidade. A masculinidade é real quando não fazemos apenas o que é
necessário para que nós e nossa raça sobrevivamos, mas quando fazemos estas coisas de forma bem feita
Conquistar a masculinidade é bom por si próprio, mas a masculinidade de alguns homens é superior a de
outros. No contexto deste livro, e em linha com as aspirações da maioria dos leitores, masculinidade
plena implica em ser capaz de fazer todas as coisas que um homem faz – ser um provedor, marido, pai,
cidadão, e cristão – e fazê-las bem.
A maioria de nós concorda que não devemos criar a expectativa de fazer todas estas coisas
perfeitamente. Só existiu um homem perfeito. E fazê-las “bem” é um termo subjetivo. Acredito,
entretanto, que em geral sabemos como e quando aplicá-lo. Por exemplo, quando meu filho, Estevão,
estava fazendo 21 anos, eu sabia que ele estava pronto para ser um bom marido, pois ele era gentil e
cuidadoso com sua noiva, e realmente a amava. Ele também gostava muito de crianças. Ele escolheu ser
professor, e as crianças o adoravam. Além disso, estava claro que ele não teria problemas para ser firme
com crianças. Ele era um cristão firme, tanto no sentido de testemunhar ativamente como de discipular
aos outros no colégio. Ele era firme em suas crenças e convicções, e estava destinado e a ser um bom
cidadão. Faltavam-lhe ainda algumas coisas. Até que completasse sua educação, dentro de um ano, ele
dificilmente poderia prover o que sua família necessitava. Mesmo levando em conta minha parcialidade
como pai, acredito que podia identificar o “bom” em Estevão. Olhe ao seu redor. Você pode ver isso em
outros, e em si mesmo?
Curiosamente, esta definição de masculinidade – a capacidade de ser um provedor, marido, pai,
membro do corpo de Cristo, e cidadão, e fazer estas coisas bem – é similar ao que escrevi diversos anos
atrás no periódico Regeneration News (Notícias de Regeneração) para responder à questão: “Qual o
momento em que você foi curado da homossexualidade?” Estamos curados ao ver-nos prontos para
assumir positivamente todas as obrigações e privilégios geralmente atribuídos a um homem. No centro
destas está a habilidade de ser um pai e marido adequados. Perceba que estou utilizando a palavra
habilidade. Nós não precisamos estar vivendo ativamente estes papéis no tempo presente, e muitos
homens não irão se casar, alguns por causa das circunstâncias e outros por causa de um chamado
superior que prevalece sobre o casamento. Muitos outros não terão filhos. Mas é a capacidade de cumprir
com estes papéis de forma satisfatória que indica que alcançamos a masculinidade plena, e para muitos de
nós, a cura do homossexualismo.
É essencial que fique claro que a expressão masculinidade não é sinônima de “maioridade” no
sentido cronológico, embora masculinidade também signifique “possuir as características de um homem
adulto”. Possuir a maioridade apenas não significa masculinidade; é a maioridade, acrescida de certas
qualidades diferentes daquelas possuídas por mulheres e crianças. Além disto, estou utilizando
masculinidade e termos como masculinidade plena ou completa para identificar um ponto em nosso
amadurecimento, não a conclusão de tudo. Mesmo depois que tenhamos aprendido a fazer todas estas
coisas bem, esperamos continuar a nos desenvolverem nossos papéis apropriados, e em todas as virtudes
masculinas, pelo resto de nossas vidas.
Muitos dos que estão lendo isto e lutam contra a homossexualidade irão perceber que existem
algumas áreas nas quais vocês já alcançaram a masculinidade plena. O fato de que você possui seriedade e
sobriedade suficiente para ler um livro destes, e está disposto a trilhar a difícil estrada sugerida aqui, é um
indicador de que já ocorreu um amadurecimento considerável em sua vida. Espero que este capítulo o
tenha afirmado ainda mais em relação a isto.
Para aqueles de vocês que ainda não atingiram a plenitude de masculinidade nestes critérios, meu
desafio é que continuem lutando. Você consegue chegar lá! Você será capaz de cumprir todos os
propósitos que Deus colocou para você aqui na terra – e será capaz de cumpri-los bem.
CO M O SE CH E G A LÁ
Alcançar a masculinidade, isto é, atravessar todos os processos que nos levam da concepção até a
plena maturidade, envolve um grande número de mudanças na fisiologia, intelecto, compreensão,
sexualidade, identidade, habilidades de relacionamento, e muitos outros aspectos. As mudanças
individuais que ocorrem provavelmente são numerosas demais para listar. Ainda assim, para a maioria
dos meninos, o processo é “automático”, isto é, ele possui pouca consciência de que o processo está
acontecendo. Desta forma, a grande maioria dos meninos, se sobreviverem, irá atingir a masculinidade
adulta. Isso não significa masculinidade perfeita, ou mesmo que estejam plenamente satisfeitos consigo
mesmos, mas que se tornarão homens funcionais. Uma exceção a isto são os 2 a 5 por cento que
crescerão inaptos a funcionarem plenamente como homens. Estes são aqueles que identificamos como
homens homossexuais.
Quando pais preocupados perguntam o que devem fazer para garantir que, em uma sociedade
confusa quanto aos gêneros, seus filhos cresçam com uma identidade sexual normal e saudável, minha
primeira resposta é: “Faça o que natural e tente não cometer erros”. Isso pode soar simplista, mas possui
uma grande dose de verdade. O fato de que os pais, em todas as gerações, todas as culturas, com tudo
que é nível de educação e habilidade, tendem a criar filhos – cerca de 97% deles – com uma identidade
sexual clara, indica que o processo é razoavelmente “automático”, em grande parte uma questão de fazer
aquilo que ocorre naturalmente. É claro que pais cometem erros. Iremos lidar com alguns desses – e com
o que pode ser feito para corrigi-los – mais adiante.
Na maior parte das vezes, o processo funciona, porque Deus nos criou para sermos macho e
fêmea, e ele estabeleceu a família, na qual se criam meninos e meninas para serem homens e mulheres. O
processo funciona quase sempre, seja entre intelectuais e selvagens, entre cristãos e pagãos. Como ele flui
a partir no nosso ser físico e da estrutura da família, historicamente o homem nunca necessitou de teorias
elaboradas a respeito de como criar filhos e filhas. Entretanto, na sociedade atual, existem algumas razões
pelas quais pode ser importante entender o processo.
A primeira razão é que a sociedade em que vivemos já não possui um consenso a respeito do que
significa ser um menino ou uma menina. Portanto, esclarecimentos nesta área podem ajudar-nos a
realizar um trabalho muito melhor na hora de criar nossos filhos – e a nós mesmos, se nossa
masculinidade nunca se desenvolveu plenamente. Tanto o colapso da família, como a ausência de normas
culturais fortes, tem tornado a criação de filhos uma tarefa muito mais precária.
A segunda razão é que compreender o processo de como um homem se desenvolve nos permite
identificar o que aconteceu de errado com alguns de nós, e se houver alguma forma de corrigir este
problema, teríamos grandes benefícios. Este livro é baseado na crença de que podemos identificar
algumas destas coisas, e de que elas podem em grande parte ser corrigidas, não importa quantos anos se
passaram.
Então, vamos examinar o processo através do qual a masculinidade se desenvolve. O senso
comum, hoje em dia, é de que ele segue estágios distintos e identificáveis. Para compreender o que
aconteceu de errado em nossas vidas, e para corrigir o que ocorreu, vamos investigar estes estágios.
Apesar de existirem muitas teorias a respeito da maturidade de um menino rumo à masculinidade, a
maioria dos entendidos no assunto concordaria que, de uma maneira ou outra, o crescimento envolve os
seguintes passos:
1. Fisiológico: No nível celular, na estrutura do corpo e no funcionamento do cérebro, existem
diferenças no plano masculino e no plano feminino. O crescimento fisiológico começa na
concepção e continua ao menos até o fim da puberdade.
2. Separação da mãe: Ocorre fisicamente no processo do nascimento, relacionalmente no processo
da desmama, e psicologicamente na criação de uma identidade separada da mãe, no menino.
3. Identificação com o pai ou “o homem”: o menino observa o seu pai e percebe que de alguma
forma é semelhante a ele.
4. Seguindo o exemplo/imitando o pai: O menino quer ser como o seu pai, portanto o observa e
tenta agir de forma semelhante a ele.
5. Testando a masculinidade: Ele quer provar que é como o seu pai, portanto testa a si próprio para
receber a afirmação de que é um homem como seu pai, buscando esta afirmação primeiramente
do seu pai e em seguida de seus semelhantes.
6. Recebendo afirmação: Ele recebe uma resposta de aprovação de seu pai ou de seus semelhantes,
dizendo que ele de fato é um homem.
7. Aceitando sua masculinidade: A afirmação que recebeu é suficiente para ele aceitar, internamente,
que é um homem.
Para nossa discussão, será útil agrupar estes sete passos em três fases amplas. O primeiro passo,
da formação física, permanece sozinho como a fase fisiológica. Os próximos três passos: separar-se da
mãe, identificar-se com o pai e imitá-lo, constituem o processo de adquirir uma identidade como pessoa e
como homem. Entretanto, como veremos mais tarde, este não é um processo completo; a identidade é
provisória, neste ponto. Chamaremos esta fase de Formando uma Identidade Experimental. Os últimos
passos, de testar a masculinidade, receber afirmação e aceitá-la, representam um processo contínuo de
crescimento que acontecerá ao longo de vários anos. Chamaremos esta fase de Afirmação.
Para resumir, a masculinidade é desenvolvida conforme um menino passa pelos três estágios, que
envolvem os sete passos, conforme a figura abaixo. Vamos examinar cada fase.
Figura 1. Fases do Amadurecimento da Masculinidade
FI S I O L Ó G I C A
A formação física de um homem – que o distingue de uma mulher – será discutida com algum
detalhe no capítulo 6, portanto vou oferecer apenas algumas palavras aqui. O processo físico de
desenvolvimento de um homem começa em sua concepção e permeia sua puberdade e adolescência.
Estes processos diferenciam meninos de meninas não apenas nas capacidades genitais e reprodutivas,
mas em aspectos como altura, musculatura, gordura corporal, hemoglobina no sangue, formação do
cérebro, entre outros. O amor de Deus pela diversidade transparece entre os homens (e também entre as
mulheres) nas diferenças entre os indivíduos, mas ainda há fatores comuns que fazem dos homens,
homens, e das mulheres, mulheres.
FO R M A N D O UM A ID E N T I D A D E E X P E R I M E N T A L
Nos últimos anos, diversos livros, tanto cristãos quanto seculares, têm descrito o processo visto
como formador da identidade masculina. Resumidamente, a maioria deles tende a descrever a seguinte
Fases Passos
I. Fisiológica 1. Criação e maturidade do corpo
masculino
II. Formando uma
Identidade Experimental
2. Separar-se da mãe
3. Identificar-se com o pai ou “homem”
4. Imitar o exemplo
III. Afirmação 5. Testar sua masculinidade
6. Receber afirmação
7. Aceitar sua masculinidade
situação: um menino, ao deixar o corpo de sua mãe após o nascimento, nem possui consciência de que é
um ser distinto da mãe. Isto é compreensível; afinal, ele passou a sua existência inteira contido no corpo
dela. A amamentação e o colo dela ajudam a manter esta percepção viva por mais um tempo, mas
eventualmente a realidade chega. Há momentos em que ele é fisicamente separado dela, e há momentos
em que ela demonstra uma vontade distinta da vontade dele, portanto ele começa a perceber a separação.
Mas o que é ele, então?
A teoria diz que ele começa a procurar ao redor alguém cuja existência o revelará quem ele é. Ele
precisa de uma identidade à parte de sua mãe, e não pode simplesmente criar uma a partir do nada ou por
divagação teórica. Mas ele vê o Papai, ou um substituto para o Papai. O Papai é “outra” pessoa, mas, de
alguma forma, ele é semelhante ao Papai. O Papai demonstra interesse nele, e ele, precisando de uma
identidade, se conecta ou se identifica com o Papai. Então, uma vez que a necessidade básica de ter uma
identidade à parte da mãe é satisfeita com o pai, e considerando que ele receba respostas favoráveis do
pai em relação a isso, sua decisão é de que quer ser como o Papai. Ele começa a imitar as coisas que o
Papai faz. O Papai se tornou o seu modelo e continuará sendo, ao menos até que ele encontre outros
meninos e homens significantes em sua vida.
Esta teoria, de formar uma identidade experimental, parece fazer bastante sentido. Ela nos dá
uma explicação de como esta pequena criatura proveniente do corpo de sua mãe pode descobrir, em
poucos anos, que é uma pessoa separada, e um homem. Eu percebi isto em meu filho, Estevão. Quando
ele nasceu, tinha uma mãe e duas irmãs apaixonadas de 12 e 13 anos, quase o equivalente a três mães.
Mas em algum momento antes de completar 18 anos, começou a mostrar que era mais como eu do que
como suas irmãs ou sua mãe. Esta percepção jamais o deixou. Tenho que admitir que, com o fundo de
onde vim, tendo saído da homossexualidade apenas por um ano e meio quando ele nasceu, eu fiz tudo o
que podia para torná-lo consciente de sua masculinidade. Mas a consciência de gênero de Estevão não foi
produto de minhas preocupações. O filho de um amigo meu, que acabou de fazer dois anos, esteve
fazendo as seguintes perguntas: “Isto é um menino?” “Eu sou um menino?” “Mamãe, você é uma
menina?”
No processo de identificação com o pai, estarei me referindo como identificação, ao invés das
expressões mais utilizadas de formação de laços ou vínculos. Faço isto porque o conceito de vínculo possui
certas implicações que poderiam representar um obstáculo desnecessário ao amadurecimento tardio de
um homem para a masculinidade.
A imagem que muitos possuem de formação de laços é algo que acontece repentinamente e
sempre com algum homem específico, em geral o pai do menino. Essencialmente, ela é vista como uma
conexão imediata, da mesma forma que apaixonar-se. Em um minuto, o filho e seu pai (ou substituto) são
dois seres separados, e no momento seguinte, estão conectados. Conheci alguns jovens pais que
seguravam seus recém-nascidos intencionalmente junto ao seu peito, acreditando que algum tipo de laço
instantâneo seria formado. Esta é uma bela figura, que reflete o coração de um pai que quer muito
abençoar o seu filho, mas que apresenta a formação dos laços como um evento quase místico. Neste
contexto, a formação de laços parece ser uma ocorrência única, implicando que, se não vier a acontecer
logo no início, o menino jamais será capaz de desenvolver uma masculinidade saudável e madura. Para
mim, este conceito de formação de laços não é aceitável, por duas razões.
A primeira razão é baseada no quadro de deterioração da família na sociedade moderna,
especialmente o elevado número de meninos sendo criados sem nenhum homem adulto em suas vidas. É
verdade, muitos meninos nascidos a mães solteiras possuem o namorado da mãe, ou seu avô, com quem
podem estabelecer laços, mas um número considerável não possui tais substitutos. Eles são criados
apenas com a mãe, ou em um ambiente totalmente feminino. Apesar deste fato, não vejo nenhuma
evidência de que estejamos atravessando um grande aumento na incidência da homossexualidade
masculina. Temos que reconhecer: pode ser cedo demais para identificar tal tendência, e as restrições do
‘politicamente correto’ podem vir a desencorajar as instituições acadêmicas de investigar tal fenômeno.
Mas temos visto, literalmente, centenas de estudo no passado que reportam outras consequências
negativas em meninos criados sem um pai. No entanto, não apareceu nos resultados nenhum aumento na
incidência da homossexualidade.
Identificar-se e seguir um exemplo, em contraste à formação de laços, é quase sempre possível, e
não precisa acontecer nos primeiros dias da vida de um menino. Se não houver nenhum pai presente,
pode ser um vizinho ou amigo da família, ou, infelizmente, um personagem de televisão ou traficante de
drogas na esquina. Meninos órfãos de pai parecem frequentemente se identificar com o tipo de errado de
homens, mas até onde sabemos, eles adotam uma identidade masculina em proporções idênticas a
meninos que possuem pais ou figuras paternas.
A segunda razão pela qual questiono o conceito de que cada menino precisa formar vínculos com
o seu pai ou com a figura paterna é que, se esta fosse uma parte essencial do amadurecimento para a
masculinidade, então aqueles que não formaram laços desta forma jamais poderiam atingir a
masculinidade plena nos anos posteriores. Eu rejeito esta ideia sem temor de estar errado. Se formar
vínculos em uma idade tenra fosse absolutamente necessário, então à parte de um autêntico milagre,
nenhum de nós poderia ser curado. Após adultos, não podemos retornar e estabelecer laços como nossos
pais como um bebê poderia. Nós somos diferentes demais de uma criança. Todas as nossas experiências,
imaginações adultas e habilidades analíticas, nossas memórias de experiências passadas, nossa tendência
masculina de sexualizar os relacionamentos – todas estas coisas nos fazem radicalmente diferentes de
uma criança no ponto em que poderia firmar laços. Os laços que podemos estabelecer com um homem
hoje não se parecem em nada com a ligação que se forma entre um bebê e um adulto. Ainda assim,
muitos de nós eventualmente amadurecemos na masculinidade e vencemos a homossexualidade.
Mas algo acontece entre o momento que o menino se separa da mãe, e a época em que ele
começa a agir como seu pai ou outros homens ao seu redor. Chamo isto de “identificação”. O menino
percebe que, de algum modo, ele é diferente de sua mãe, irmãs e avó, sendo parecido com estas outras
criaturas chamadas homens. Pode ser uma compreensão lenta, ou pode também ser uma experiência
imediata (“Aha!”), mas de qualquer forma, é um ponto fundamental para direcioná-lo no
desenvolvimento de sua masculinidade.
Isto pode parecer uma discussão banal. Afinal, que importa se chamamos o que acontece de
‘formação de laços’ ou ‘identificação’? Eu creio que faz diferença, sim. Identificação é algo muito menos
misterioso do que a formação de laços, e é algo que pode ocorrer em qualquer momento, inclusiva na
idade adulta. Espero que você, ao ler este livro, caso já não o tenha feito antes, chegue a ponto em que
dirá: “É verdade! Não sou tão diferente assim dos outros homens. Eu sou um homem, e não há
nenhuma razão pela qual não posso amadurecer plenamente em minha masculinidade."
AF I R M A Ç Ã O
Eu contesto a primazia dada à formação de laços no desenvolvimento masculino por outra razão
– é que, nas lutas com a homossexualidade, precisamos desviar o nosso foco da formação de uma
identidade experimental para a afirmação. É verdade, algumas coisas deram errado nos anos iniciais de
nossas vidas, mas a maioria de nós veio a separar-se das suas mães, e a maioria de nós possuía homens
com quem podia se identificar. Se não chegamos a formar laços com nossos pais, que assim seja. Na
verdade, com a exceção do caso mais raro dos transexuais, todos nós chegamos a um ponto em que
percebemos que éramos homens. E mesmo hoje, um homem adulto que esteve passando por confusão
na identidade de gênero pela maior parte de sua vida, pode facilmente identificar-se, no nível intelectual,
como homem. Mas o que falta é a afirmação desta identificação. E é aqui que nossa ênfase deve estar. É
aqui que as maiores batalhas irão ocorrer, pois é através da afirmação que nosso senso de masculinidade
virá a preencher nossas partes mais profundas.
O processo de afirmação – o que acontece quando o menino com uma identidade experimental
masculina tem sua masculinidade aprovada, até que ele saiba no seu nível mais íntimo que é um homem –
não é linear. Ele não é uma sequência de passos “um, dois, três”, e pronto. Ele é circular, ou melhor,
espiral. O menino faz um teste, recebe afirmação, sente um pouco mais de sua masculinidade, então faz o
teste novamente com um nível um pouco mais difícil. Se ele resolver levantar pesos e possui confiança
para levantar trinta quilos, ele sobe para quarenta. É claro, às vezes ele falha no teste. Mas se o menino
possui uma identidade experimental forte e vive em um ambiente que o apóia, ele continuará tentando
até conseguir.
Meu filho, quando pequeno, não era um grande atleta. Na verdade, ele raramente era chamado
para jogar nos campeonatos de beisebol ou basquete. Mas ele adorava esportes, e tinha um nível de
confiança em si próprio que fez com que ele nunca deixasse de tentar. Ele nunca parou de gostar de
esportes. Seu zelo o levou a treinar futebol no colégio. Hoje, se outros jovens estão por perto e se ele
tiver tempo, passa horas jogando basquete, vôlei e tênis. Até certo ponto, esportes são um meio
importante de testar e ser afirmado na masculinidade para Estevão, mas suspeito que, aos 23 anos e
muito confiante em sua masculinidade, ele simplesmente adora esportes. Mais tarde, iremos discutir a
imensa significância que esportes possuem para um homem em nossa cultura, e vamos tocar na questão
de por que homens têm grande prazer em fazer coisas “físicas”.
Evidentemente, o afirmador principal dos primeiros anos é o pai. O menino vem ao pai e
flexiona o braço para mostrar o músculo, e o pai exclama: “Caramba!” Ele luta com o pai, tentando
mostrar sua força. Entrando na adolescência, Estevão sempre queria fazer quedas de braço comigo. Ele
estava sempre testando, procurando por afirmação – e eventualmente me vencendo.
Mas chega uma hora em que a afirmação do pai, apenas, não é mais suficiente. Talvez haja um
senso de “Ele precisa me aceitar; afinal, sou filho dele.” Ou talvez o pai seja do tipo que não se preocupa
muito com afirmação. Seja qual for a razão, antes da adolescência a busca por afirmação é ampliada. O
seu foco passa a ser os semelhantes, colegas, amigos. Os testes passam a ser fora de casa, em geral no
parque. O processo é competitivo e possui o potencial de resultar em alguns perdedores, bem como em
algumas dores. Por esta razão, os meninos irão procurar algum ambiente no qual o número de seus
sucessos seja superior ao de suas falhas. O processo quase sempre ocorre em um ambiente de grupo, e o
menino começará a satisfazer aquele desejo masculino estranho, quase universal, de pertencer a um
grupo de homens. A combinação de ter êxito, receber afirmação e um senso de pertencer, pode fazer
desta uma experiência maravilhosa para um garotinho.
Eu tive diversos dias preciosos em minha vida. Estes foram dias tão perfeitos, tão belos, que anos
depois ainda posso literalmente sentir grande alegria por eles. Um deles foi o dia em que Estêvão
concluiu o Ensino Fundamental. Foi um dia absolutamente lindo de junho, em que ele encerrou sua
passagem por uma excelente escolinha pública, com bem poucos daqueles problemas que ouvimos a
respeito da educação pública hoje em dia. Estevão tinha um grupo de amigos, alguns dos quais conhecera
no jardim de infância, e com os quais passara a maior parte da infância. Nós conhecíamos bem aqueles
meninos; eles haviam estado em nossa casa muitas, muitas vezes ao longo dos anos. Eles estavam muito
bonitinhos, todos vestidos para a cerimônia, e comportando-se de forma típica para os garotos dessa
idade. Até subirem para o palco durante a cerimônia, eles não paravam quietos, soqueando e correndo
uns atrás dos outros. A figura que veio à minha mente foi um grupo de filhotes de cachorro brincando
uns com os outros. Estevão simplesmente pertencia, e inconscientemente, ele amava ser um garoto. Talvez
este dia ainda brilhe em minha memória porque percebi que Estevão estava no caminho certo para a
masculinidade.
Em algum ponto, e suspeito que seja no começo da adolescência, o processo de “teste e
afirmação” parece colocar o selo final de autenticidade na masculinidade de um menino. A partir deste
ponto, a rejeição pelos colegas ou por meninas não poderá tirar a profunda percepção que ele possui, de
que é um homem. O ponto em que o processo de teste e afirmação leva o menino a um senso profundo
e sólido de que ele é um homem pode não ser reconhecido de forma consciente. Na verdade, no
momento em que ele diz o proverbial “Hoje, eu sou um homem!” provavelmente já faz um bom tempo
que ele tenha internalizado essa verdade.
O processo de teste e afirmação não se encerra com a formação de uma identidade masculina
básica. Em um sentido limitado, ele continua nos homens, às vezes mais como brincadeira, às vezes de
forma neurótica, por boa parte de suas vidas. Em homens que sabem que são homens, mas se sentem
muito inadequados, esse testar e buscar afirmação pode se expressar de formas pouco salutares:
impiedade nos negócios, crueldade em relacionamentos, prepotência, atitude de mulherengo. Para
homens adultos saudáveis, entretanto, o processo é simplesmente um exercício do desejo por triunfo,
que é dado por Deus.
O processo de teste e afirmação é base do treinamento para homens que precisam agir em
situações extremas. Um campo de treinamento militar é um exemplo disto. Homens, trabalhando em
grupo, são colocados em uma posição onde são testados vez após vez – a maior parte do tempo,
fisicamente – enfrentando desafios que serão difíceis, mas que a maioria será capaz de vencer. Esta é a
maneira através da qual a Marinha e o Exército “fazem de um recruta um homem”. O teste, e a vitória
sobre o teste, dão ao recruta a confiança de que ele poderá lutar quando for necessário. Estou
mencionando isto especialmente para mostrar que os testes e afirmação podem acontecer a qualquer
momento na vida de um homem.
Não é tarde demais para você.
4
o que aconteceu de errado em nossas vidas?
Tendo descrito o processo “normal” pelo qual a maioria dos homens passa, já listamos os passos
que os levam ao ponto em que possuem uma percepção sólida de sua masculinidade. É claro que, neste
mundo quebrado e pecador, muitos não chegam a ser homens realmente bons, ou então eles próprios
não possuem muita confiança no nível ou qualidade da sua masculinidade, mas eles possuem certeza, sem
nenhuma dúvida, de que são homens, e nada mais.
Alguns de nós, entretanto, não chegamos tão longe. Por alguma razão (ou razões), chegamos à
maturidade física sem uma percepção interna de que éramos homens; ou, se acreditávamos que éramos
homens, profundamente diferentes dos outros homens. Nossa identidade não descansava em um
fundamento de masculinidade assumida e quase inconsciente. Não sentíamos que éramos mulheres, mas
era como se nos faltasse um tipo de identidade de gênero. Talvez tenhamos nos visto como “não-
homens” ou “semi-homens”, caracterizados não pelo que éramos, mas pelo que não éramos.
Nossos amigos foram adiante e cresceram de acordo com um padrão comum. Eles possuíam
relacionamentos razoavelmente bem-sucedidos com outros homens, aparentemente livres do fardo
emocional ou sexual que frequentemente vinha à tona em nossos relacionamentos. Eles sentiam coisas
inteiramente diferentes com as garotas, e maioria deles começou a se casar e ter filhos. A vida prosseguiu
para eles da mesma forma que tem prosseguido desde o início do mundo. Para nós, entretanto, parecia
que o ciclo havia chegado a um beco sem saída. O que aconteceu?
Antes de olharmos o que houve de errado nos estágios de nosso desenvolvimento, quero falar
sobre a expressão semi-homem. Aparentemente, existem duas coisas distintas que acontecem no desvio que
leva um menino à homossexualidade adulta. A menos que ele seja propositalmente influenciado por
alguém a fazê-lo com pouca idade, ele não chega simplesmente à idade normal de aceitação de sua
masculinidade e decide: “eu sou gay”. Este é o segundo passo. O primeiro passo envolve passar pelo
período de ser um semi-homem.
Ele sabe que é, fisicamente, um homem, mas ao mesmo tempo sente-se diferente de todos os
outros meninos e homens ao seu redor. Os seus interesses, habilidade e formas de se relacionar parecem
ser muito diferentes dos que os outros meninos têm. Em determinado ponto, ele percebe que seus
colegas estão demonstrando atração sexual por mulheres, enquanto que ele é atraído por homens. Ele
não nega esta realidade, mas não consegue juntar todos os fatos para criar uma identidade para si próprio
a partir destas diferenças. Tudo que ele sabe é que ele é alguém diferente.
AS S U M I N D O U M A ID E N T I D A D E H O M O S S E X U A L
Isto pode parecer difícil de acreditar para muitos, mas há algum tempo atrás, não era incomum
para um homem claramente reconhecer seus desejos homossexuais, agir conforme eles, não possuir
nenhum sentimento romântico ou sexual para com mulheres, e ainda assim não se identificar como gay
ou homossexual. Na verdade, houve um tempo em que essa seria a norma para um homem orientado ao
homossexualismo. Toda a ideia de que homossexual é a expressão para descrever uma pessoa ao invés de um
comportamento começou a evoluir apenas cerca de 150 anos atrás. Homossexualidade como uma identidade
simplesmente não existia antes disso.
Este falta de reconhecimento da existência de uma identidade homossexual não é apenas um
fenômeno histórico. Ainda em 1971, foi descoberto que o intervalo médio entre o momento em que uma
pessoa reconhecia suas atrações pelo mesmo sexo, até o momento em que decidia que era “um
homossexual”, era de cerca de sete anos. Em meu próprio caso, posso me lembrar dos meus 35 anos,
sentado em um bar gay onde tinha ido procurar alguém para sexo, sentindo muita pena por “todos
aqueles pobres gays”. Pode parecer negação da realidade, mas eu não acreditava que eu era um. Quando
olho de volta para minha percepção daquela época, creio que eu saiba intuitivamente que todos estes
outros homens haviam definido a si próprios de uma forma que viria a estruturar e dirigir as suas vidas
inteiras. Não era o meu caso. Entretanto, com todas as mensagens afirmadoras a respeito do
homossexualismo que circulam pela mídia hoje, bem como o aumento de programas encorajando uma
visão positiva da homossexualidade em nossas escolas, certamente o intervalo entre perceber os
sentimentos homossexuais e assumir uma identidade gay tem decrescido.
Ao amadurecer na masculinidade, cada homem precisará deixar para trás esta falsa identidade,
mas este é o segundo passo, que iremos discutir no capítulo 12. Agora, quero falar sobre o primeiro
passo: o que houve de errado nos estágios iniciais de desenvolvimento, os dias em que o semi-homem
emergiu. De alguma forma, nós falhamos em atravessar todos os estágios de desenvolvimento da nossa
masculinidade. Em algum lugar, nós nos desviamos do caminho. Ou a nossa identidade experimental
masculina não se formou, ou se formou, mas em algum momento foi tirada de nós. Alguma coisa além
do primeiro passo no desenvolvimento da masculinidade não aconteceu.
OS DI F E R E N T E S TI P O S D E H O M O S S E X U A L I D A D E
Tem ocorrido uma evolução nas teorias do que aconteceu de errado, isto é, no que causa a
homossexualidade. Na homossexualidade masculina, fomos de Freud e sua teoria da mãe dominadora, a
um foco na deficiência do relacionamento de um menino com seu pai, até um modelo de múltiplas
causas, com muitas teorias menores indo e vindo.
O meu interesse aqui não é entrar no detalhe das origens da homossexualidade; entretanto, você
certamente se beneficiaria das fontes que focam de forma primária nesta área. Recomendo que você leia
os escritos de Moberly, Satinover, Davies e Rentzel, e Nicolosi. Nosso objetivo, aqui, não é oferecer um
ensino amplo sobre as causas da homossexualidade, mas identificar certas coisas específicas que
aconteceram de errado, e que podemos corrigir, compensar, desfazer, ou remediar em nós mesmos –
inclusive hoje. Para identificar as soluções, precisamos primeiro reconhecer os problemas. Ao fazermos
isto, descobriremos que aplicar a solução não é nada fácil. Veremos que nossas experiências do passado
colocaram extensos obstáculos para nossa jornada rumo à masculinidade. Mas eles não são
instransponíveis, e superá-los será uma parte importante do processo que descreverei nos próximos
capítulos.
Antes de ir adiante, entretanto, precisamos gastar um pouco de tempo olhando para um princípio
importante: a homossexualidade não é idêntica em todos. Na verdade, parecem existir diferentes tipos ou
“correntes” de homossexualidade masculina, que refletem os diferentes impulsos que os homens estão
buscando satisfazer. Estes diferentes impulsos são produzidos por causa das diferentes experiências de
vida de cada um.
Quando pensamos em homossexualidade masculina, a ideia comum que nos vem à mente é de
um homem que possui o impulso de buscar contato sexual e emocional com outro homem. Há
elementos físicos, românticos, e possivelmente de dependência emocional, em sua homossexualidade. É
neste tipo de homem que quase sempre encontraremos deficiência ou confusão na identidade de gênero.
Outro tipo de homem é o que exalta a masculinidade ao extremo. Ao mesmo tempo, ele despreza
o caráter feminino, e como consequência, enxerga um homem (geralmente mais jovem ou adolescente)
como um parceiro sexual mais desejável. Este tipo de homem raramente demonstra uma deficiência em
sua masculinidade. Ao contrário, ele pode ser do tipo ‘machão’, guerreiro. Este fenômeno foi observado
entre os gregos, romanos, e mais recentemente, nazistas. Pode haver um elemento amoroso pelo homem
mais jovem que é o objeto da atração do mais velho, mas seu impulso maior é devido à idolatria do
masculino do que por deficiência de gênero.
Existe um terceiro tipo de homossexualidade, que pode não refletir esta deficiência de identidade,
que costumo chamar de homossexualidade “fetichista”. O foco de um homem fica travado a certa parte
do corpo masculino (em geral o pênis) ou a um ato homossexual único, mas ele demonstra poucas outras
manifestações homossexuais. Não há anseio emocional por um homem. A sua identidade masculina é
razoavelmente sólida, embora ele possa ter medo de mulheres. Uma variação disto é o homem que tem
alguma dificuldade séria em sua habilidade para se relacionar com outras mulheres, portanto ele
simplesmente usa homens homossexuais para sua gratificação sexual.
Quando vemos estas diferentes formas de expressão homossexual, podemos perceber que há
diferentes padrões de desenvolvimento homossexualidade para cada um. E se o padrão de
desenvolvimento é diferente, também as correções serão. O tipo de desenvolvimento homossexual com
que estamos lidando aqui, o mais comum, parece ser evidente na grande maioria dos homens que
procuram ajuda em nosso ministério. Mas não está presente em todos, e é importante que aqueles que
não se conformam a este padrão identifiquem as verdadeiras necessidades e deficiências que estão
alimentando seus desejos homossexuais.
Entretanto, a maioria de nós seguiu uma progressão geral, na qual algo falhou em nossos
relacionamentos com nossos pais e algo importante faltou em nossa identidade como homens.
MO B E R L Y E A H O M O S S E X U A L I D A D E “ NO R M A L ”
A Dra. Elizabeth Moberly, em seu livro Homossexualidade: Uma Nova Ética Cristã (Homosexuality:
A New Christian Ethic) descreveu a homossexualidade como um impulso reparador que surge a partir de
uma falta ou deficiência de amor do mesmo sexo. A teoria da Dra. Moberly recebeu aceitação imediata
pela maioria dos ministérios de ex-gays porque se alinhava perfeitamente com aquilo que observávamos
em nossos clientes e com o que muitos de nós sentíamos em suas próprias vidas.
Ela descreve um processo que se inicia quando uma criança (meninos, em nosso exemplo)
experimenta um trauma que rompe o seu relacionamento com o genitor do mesmo sexo (o pai). O
menino percebe isto, seja verdade ou não, como rejeição da parte do seu pai. Isto é algo extremamente
doloroso para o garotinho, e para prevenir ser ferido ou rejeitado novamente, ele se afasta de seu pai. A
Dra. Moberly chama isto de separação defensiva. É como se o menino estivesse dizendo ao pai: “Eu não
vou mais me relacionar com você; assim, você não poderá mais me machucar”. Ao impedir a existência
qualquer tipo de conexão forte entre ele e seu pai, ele será muito menos sensível à rejeição.
É claro que, neste caso, haverá algo mais que ele não receberá do seu pai – sua identidade como
homem. O estágio de identificação com o pai é abortado, ou então nunca chega a ocorrer. Ele vê o Papai
como alguém que faz sofrer, e não deseja ser como ele. Ele não olha para o Papai como um modelo, e
em alguns casos pode até reagir contra aquilo que vê no pai. Ele não incorpora os traços do seu pai que
são caracteristicamente masculinos. Quando entra no mundo dos meninos, meninos que começaram a
incorporar alguns dos traços masculinos de seus pais – agressividade, competitividade, foco no mundo
físico, o desejo de utilizar sua energia física – ele percebe que é diferente. Neste processo, surge o que a
Dra. Moberly chama de ambivalência do mesmo sexo. Ele quer aquilo que os outros garotos têm, mas ao
Rumo à Masculinidade
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Rumo à Masculinidade

  • 1. rumo à masculinidade retomando a jornada alan medinger traduzido por Mestre Sábio mestresabio972@gmail.com
  • 2. Às mulheres em minha vida que me abençoaram além de qualquer medida. Ser um filho, um marido e um pai para você é propósito o suficiente para minha masculinidade. Com profunda gratidão por todo o seu amor e paciência: Enid, minha amada e finada mãe, Willa, minha preciosa esposa, e Laura e Beth, minhas lindas filhas.
  • 3. índice Índice................................................................................................................................................3 Agradecimentos..............................................................................................................................4 Prefácio............................................................................................................................................5 1. A jornada...................................................................................................................................8 2. Crescer na masculinidade: essencial para a cura ................................................................15 3. Como um homem se desenvolve.........................................................................................23 4. O que aconteceu de errado em nossas vidas?....................................................................35 5. É possível para nós, hoje?.....................................................................................................45 6. O que é um homem? .............................................................................................................56 7. Compreendendo o masculino ..............................................................................................67 8. O que os homens fazem .......................................................................................................75 9. Fazendo as coisas que os homens fazem............................................................................89 10. As qualidades de um homem..............................................................................................100 11. Superando os obstáculos.....................................................................................................115 12. Superando o passado ...........................................................................................................125 13. Você é aceito.........................................................................................................................137 14. Relacionando-se com mulheres..........................................................................................141 15. Relacionando-se sexualmente com mulheres...................................................................151 16. Masculinidade plena.............................................................................................................159 Apêndice A - reflexões sobre vinte e cinco anos de cura: a história de Alan Medinger..164 Apêndice B - a coisa mais importante que você pode fazer para amadurecer na masculinidade..............................................................................................................................169
  • 4. agradecimentos Um homem não amadurece na masculinidade sozinho. Ele precisa de pessoas que o encorajem, bons exemplos, e amigos. A mesma coisa acontece com o trabalho formidável que é escrever um livro. São necessárias pessoas que dêem ânimo, o apoio de outros que já realizaram o mesmo trabalho, e amigos que o suportem ao longo da jornada. Eu fui abençoado com cada um desses, em abundância. Minha profunda gratidão aos que demonstraram um dom especial como encorajadores em minha vida, meu ministério, e meu trabalho como escritor: Tom Bisset, Frank Watson, Dean Schultz, e Bob Davies, homens que sempre acreditaram em mim, e sempre expressaram isto em voz alta quando eu mais precisava ouvir. Obrigado também a Joan Guest de Harold Shaw, o grande responsável por fazer este livro ser publicado. Agradeço especialmente àquela que talvez seja minha maior apoiadora, minha esposa, Willa. Agradeço a Deus pelos homens que ele colocou em minha vida como modelos a ser seguidos. No ministério, fui abençoado com a possibilidade de testemunhar o serviço firme e fiel de homens como Frank Worthen, Ron Scates, Richard Lipka, Phillip Zampino, Rick Wright, e Ed Meeks. Em minha jornada rumo à masculinidade, Deus me deu modelos de masculinidade cristã em Bob Chase, Bruce McCutcheon, Kevin Mulligan, e David Keating. Vocês nunca saberão o quanto eu aprendi de vocês. Ninguém poderia crescer como homem ou desenvolver um ministério sem o suporte de queridos amigos. Mais uma vez, meu cálice transborda. Agradeço em especial à equipe do Regeneração: Jeff Johnston, Bob Ragan, Lani Bersch, Kris Svensson, Josh Glaser, Laura Suffecool, e Marcie Schuett – meus amigos e colegas – que foram tão pacientes durante os longos meses para escrever este livro; à minha velha turma do colégio, que viram os meus piores lados e continuaram a me amar; e aos amigos especiais Jack e Sue O'Neill, e Marty e Penny Hylbom. Finalmente, agradeço a todos meus colegas de trabalho no Exodus e nos ministérios relacionados, que me inspiraram através do seu ensino e escritos, com quem compartilhei esta maravilhosa jornada de descobrir os planos de Deus para libertar homens e mulheres do homossexualismo: Anita Worthen, Leanne Payne, Andy Comiskey, Joe Nicolosi, e Joe Dallas, e todos os diretores de ministérios Exodus com quem colaborei nos últimos vinte anos. Minha oração é que este livro complemente e suporte o incrível trabalho que vocês fizeram e têm feito.
  • 5. prefácio Era uma sala na qual eu havia estado, pela última vez, quarenta anos antes. Quando eu estudava na Universidade John Hopkins, era o refeitório dos dormitórios. Agora, era uma sala de reunião para organizações estudantis. Nesta tarde de sexta-feira, estava sendo utilizada pelo grupo da Associação Cristã Hopkins InterVarsity. Dois dos seus líderes haviam se envolvido em uma controvérsia a respeito de homossexualismo, e antes que a discussão se estendesse aos membros da comunidade gay do campus, os estudantes cristãos queriam se informar melhor a respeito do assunto. Eu fui um dos palestrantes escolhidos. Não apenas eu havia sido aluno da escola, mas era o fundador e diretor do Regeneração, um dos mais antigos e maiores ministérios "ex-gay" da rede mundial de ministérios Exodus para homens e mulheres buscando superar a homossexualidade. Ao longo dos anos, muitas coisas haviam mudado, além da sala. A universidade tinha crescido muito, e o corpo estudantil era muito mais diverso. Na minha época, metade dos estudantes eram rapazes da cidade de Baltimore estudando em Hopkins, não apenas porque era uma boa escola, mas porque nossos pais não poderiam pagar uma mudança para estudar mais longe. Agora, uma parcela relativamente reduzida dos estudantes era de Baltimore. Quando eu estudava lá, os alunos eram todos homens e maioria deles, brancos. Esquadrinhado os rostos dos mais de cem estudantes reunidos naquela noite de sexta, os rapazes brancos eram minoria. Nos anos 50, não existiam organizações como o grupo InterVarsity. Para a maioria de nós, um cristão era uma pessoa boa – como eu – que ia à igreja. Isso era tudo que tínhamos em comum, portanto não havia muita razão para fundar uma organização. Mas para mim, pessoalmente, as mudanças na universidade, na sala e no corpo estudantil, eram secundárias. Parado lá, pensei no jovem que havia estado naquela sala há tantos anos atrás; um jovem em escravidão secreta à homossexualidade, um ‘nerd’ que de alguma forma entrou em uma fraternidade, mas vivia com terror de que seus irmãos descobrissem sua verdadeira natureza, alguém que já era um mestre em levar uma vida dupla, um homem religioso, mas que não conhecia ao Senhor. Agora, aqui estava eu, 39 anos depois, um cristão, um marido, um pai, um avô, um homem confortável com sua masculinidade, apto para compartilhar com alegria e confiança o que Deus havia feito em minha vida. Por mais vibrante que fosse experimentar este extraordinário contraste, minha alegria e entusiasmo se elevaram ainda mais ao perceber algo. No momento em que eu estava de pé diante do grupo InterVasity da Hopkins, a 40 quilômetros dali, em frente a um grupo InterVasity muito maior na Universidade de Delaware, estava Estevão Medinger, meu filho. Estevão, um calouro em Delaware, era
  • 6. um dos líderes do grupo cristão e co-liderava as reuniões de sexta à noite. Estevão nasceu 18 meses depois de minha libertação da homossexualidade. Pai e filho: nunca essa frase teve tanto impacto em mim. Logicamente, eu compartilhei com o grupo de Hopkins a história dos meus 17 anos de atividade na homossexualidade, meus esforços frustrados para mudar a mim mesmo, e minha dramática conversão e libertação da escravidão sexual que havia sido parte de minha homossexualidade. Não havia tempo para compartilhar com eles as outras profundas mudanças que haviam ocorrido nos anos após minha conversão, mudanças que eu podia ver tão claramente naquela noite, mudanças que me haviam trazido à plenitude de minha masculinidade. Este não é um livro de testemunho (embora meu testemunho esteja incluído como apêndice A para aqueles interessados), mas muito do que direi aqui é baseado em minha própria experiência de crescimento e amadurecimento na masculinidade, um processo que praticamente parou quando eu era um adolescente e que não recomeçou até depois de minha conversão, aos 38 anos. Nós vamos examinar o quanto a homossexualidade masculina é, em seu âmago, uma questão de masculinidade subdesenvolvida, e como a cura verdadeira requer que cresçamos – mesmo como adultos – em nossa masculinidade. Vamos examinar como um menino normal amadurece em sua masculinidade, e o que aconteceu de errado conosco. Uma das mensagens centrais deste livro é que qualquer homem pode amadurecer para uma masculinidade completa, confortável e plena. Eu descreverei como isto pode acontecer – mesmo agora. Existem dois princípios que estarão guiando tudo isto. O primeiro é que cada homem precisa passar por determinados estágios de desenvolvimento; não há atalhos para a maturidade. Se não chegamos a passar por estes estágios quando meninos, precisaremos passar agora. O segundo princípio é que a masculinidade é, em grande parte, uma questão de fazer, e iremos crescer ao fazer as coisas que os homens fazem. No caminho, vamos pensar no que um homem é, qual é o significado do masculino, e o que os homens fazem – não apenas no sentido cultural, mas o que os homens fazem que reflete sua masculinidade universal, criada por Deus. Como não estamos procurando simplesmente uma masculinidade genérica, iremos percorrer as qualidades especiais que Deus implantou nos homens, que ele gostaria de ver manifestas em nós. Ao pensarmos nisto, creio que seu desejo por desenvolver sua própria masculinidade irá começar a remover os seus desejos homossexuais restantes, de possuir a masculinidade de outro homem. Como a jornada rumo à masculinidade não é nada fácil, iremos prestar muita atenção nos obstáculos que são encontrados na estrada rumo a este alvo, e como podem ser superados. Não se desespere antes de ler esta parte. Conforme você pensa em todas as razões pelas quais você se desviou do processo de crescimento quando adolescente, e percebe que muitas delas ainda estão presentes hoje, pode ser tentador jogar as mãos para cima e declarar que, se você não conseguiu fazer a jornada antes,
  • 7. também não irá conseguir agora. Mas você pode; as coisas são diferentes, agora. Quero mostrar a você como. Eu não compreendia exatamente o que Deus estava fazendo quando recomecei a amadurecer para a masculinidade. Muitas vezes, ele me concedeu oportunidades para crescer, e eu lutei contra com toda a força. Isto tornou o meu processo extremamente devagar. Minha esperança é que este livro possa supri-lo com algumas diretrizes que façam a sua própria jornada mais rápida. Este não é um livro completo sobre como vencer a homossexualidade. Você precisará de uma compreensão mais ampla da homossexualidade do que a que é dada aqui, e a maioria dos leitores precisará também passar por um processo de cura, que envolve oração e aconselhamento. Outras pessoas escreveram sobre estes assuntos. Este livro envolve um aspecto da homossexualidade – crescimento e maturidade – um assunto que não vejo como coberto completamente pelo que outros escreveram, mas que estou convencido de que é essencial para a cura verdadeira da homossexualidade.
  • 8. 1 a jornada A estrada rumo à masculinidade é longa. É uma estrada de constante aprendizado, de tentativas e falhas, de novas tentativas, de vitórias e derrotas. A maioria dos rapazes nem está consciente de que está trilhando essa estrada, e poucos percebem quando alcançam seu objetivo principal; a grande maioria, porém, consegue chegar ao fim, com sucesso. Para a maioria dos homens, leva o tempo desde a concepção até a juventude para que alcancem um ponto em que, em um nível profundo, interno e indescritível, eles sabem que são homens. Eles podem não estar plenamente satisfeitos com a qualidade de sua masculinidade, mas não têm nenhuma dúvida de que são homens; e aconteça o que acontecer, estarão aptos a cumprir a maioria de suas responsabilidades como homens. Alguns rapazes, entretanto, não chegam a alcançar este destino. Em algum ponto, o esforço necessário foi grande demais, as derrotas e falhas dolorosas demais, e eles desistiram; saíram da estrada principal e tomaram um desvio. Chegaram à idade cronológica que os classificava como homens, pareciam ter todas as partes que faziam deles homens, mas em seu interior, no lugar de um senso de masculinidade, havia um vazio. Eles não sentiam que eram mulheres (ao menos a maioria deles), mas, de alguma forma, não pertenciam ao mundo dos homens. Eu fui um desses rapazes. Não posso marcar exatamente quando e onde entrei no desvio – talvez entre a idade de oito ou dez anos – mas sei quando voltei à estrada principal: com trinta e oito anos. Nesse meio tempo, assim como com tantos rapazes, meu desvio me fez passar pelo mundo do homossexualismo. Hoje, ao olhar para trás, posso perceber que busquei em outros homens a masculinidade que desesperadamente desejava, mas acreditava que nunca teria. Eu voltei à estrada em uma noite em novembro de 1974, quando aceitei a Cristo. Este livro não é sobre meu testemunho, mas baseia-se na jornada que realizei, ou seja, tudo o que aconteceu comigo depois que este “garoto” de trinta e oito anos voltou ao caminho correto. (Meu testemunho completo está no Apêndice A.) Ao contrário da maioria dos adolescentes que atravessam o processo de amadurecimento para a masculinidade, com pouca percepção consciente do que está acontecendo, eu tive a vantagem de observar conscientemente a formação de grande parte de minha identidade como
  • 9. homem. Meu filho, Estevão, nasceu dezoito meses depois de minha conversão, e pude vê-lo crescer da maneira normal, para se tornar um homem cristão forte e sólido, em todos os aspectos, um homem que é a alegria de qualquer pai. Muito do que está nesse livro é baseado em minha própria experiência, e um pouco na de Estevão. Apesar de não estar oferecendo minha história completa aqui, é importante que eu compartilhe com você que houve um ponto em que percebi que meu problema de homossexualidade era, em grande parte, de masculinidade incipiente, ou seja, não desenvolvida. Minha conversão aos 38 anos foi repentina, dramática e incomum. A maioria das pessoas que consegue identificar um momento específico de conversão pode apontar coisas em suas vidas que mudaram instantaneamente – seus próprios pequenos milagres. Para mim, duas coisas especialmente dramáticas mudaram imediatamente: Eu me apaixonei completamente pela minha esposa e passei a desejá-la fisicamente, e minha atração sexual por homens desapareceu (observe que isso é incomum na maioria dos casos de pessoas libertas do homossexualismo. Na maioria dos casos, trata-se de um lento processo). Compreensivelmente, eu pensei que havia sido totalmente liberto do homossexualismo, e passei a falar isto às pessoas. Em relação à parte sexual do homossexualismo, isto era verdade; vinte e cinco anos foram deixados para trás. Mas o que eu não reconheci naquele momento foi que a homossexualidade é muito mais que simplesmente uma questão do direcionamento das atrações sexuais de alguém. Ela tem outros dois importantes componentes: as necessidades emocionais e a identidade própria. Levou muito mais tempo para eu lidar essas duas coisas. Nos primeiros anos após minha cura inicial, eu ainda tinha um desejo profundo e doloroso por um homem forte que cuidasse de mim. Não era algo sexual, mas eu ainda queria estar na presença de um homem que me amasse, valorizasse e fosse meu protetor. Por um período de cinco anos, Deus supriu esta necessidade de maneira maravilhosa. Em meus momentos devocionais, pude estabelecer um relacionamento profundo e pessoal com Jesus que preencheu todos estes espaços vazios dentro de mim. Eu saí desse período com aquilo que acredito ser nada mais do que a necessidade normal de um homem por amizade e afirmação de homens. Este foi meu “milagre de cinco anos”. A respeito de minha identidade, foi outra história. Isto se tornou claro para mim rapidamente. De muitas maneiras, após minha conversão, eu ainda era um garotinho de oito anos no corpo de um homem de trinta e oito. Como um novo cristão, eu queria fazer tudo certinho, e com o poder de Deus à minha disposição, não via razão para o fracasso. Mas não tive sucesso, especialmente ao tentar desempenhar meus papéis de marido e pai. Quando me converti, era casado e tinha duas filhas, de dez e doze anos. Eu lia livros sobre o que um marido e pai cristão deve fazer, mas simplesmente não conseguia. Eu tentava realizar todas as coisas certas, ser firme, disciplinar, liderar minha família espiritualmente – mas, vez após vez, fracassava.
  • 10. Fora de casa, com exceção do trabalho, onde eu tinha um papel claramente definido, ocorreu o mesmo. Sentia-me inadequado, especialmente em relacionamentos com outros homens cristãos. Frequentemente, sentia-me como um garotinho na presença deles. Ao tentar viver o papel de um homem cristão, eu me sentia como um rapazinho que faz uma tatuagem para provar que ele é um homem. Enxergava-me como alguém ridículo, como uma criança vestida no paletó de seu pai. Constantemente, eu me condenava pelas minhas falhas. Esses foram tempos muito difíceis, e se eu não tivesse experimentado a realidade do Senhor e de seu poder para me transformar, eu poderia ter desistido e simplesmente me encolhida na concha de minha vida cristã. Mas eu sabia que o que tinha experimentado era real, então eu tentava com mais força. Se eu falhasse no meu papel de ter disciplina para realizar devocionais regulares com minha família, eu tentava novamente. Eu não compreendia a razão porque não conseguia realizar essas coisas, porque não podia satisfazer os papéis que Deus deu para o homem. Mas havia uma razão. Eu não podia fazer as coisas que os homens fazem porque, de muitas maneiras, eu não era um homem. Eu era apenas um garotinho. Fisicamente e intelectualmente maduro, porém com uma parte presa na pré-adolescência. Eu não poderia desempenhar minhas responsabilidades de forma completa e efetiva como marido e pai – como homem – simplesmente porque as qualidades necessárias para cumprir com estes papéis nunca haviam se desenvolvido em mim. Minha primeira abençoada revelação deste fato me veio através do livro Crise Na Masculinidade (Crisis in Masculinity), de Leanne Payne. Conforme li suas explicações a respeito de o que é um homem, e aprendi sobre o verdadeiro masculino e feminino, percebi que simplesmente não havia crescido, não havia me tornado maduro. Eu não fora liberto da obrigação de cumprir os papéis que Deus me dera, mas já não precisava me condenar quando falhava. Agora, eu precisava começar a crescer. Tendo ganhado o entendimento e auto-aceitação com o ensinamento de Leanne Payne, podia ser paciente comigo mesmo. Que alívio! Então, há mais de vinte anos comecei a trilhar a estrada do amadurecimento para a masculinidade. Quero compartilhar dessa jornada com você, caminhar com você nessa estrada difícil. Se você é como o “garotinho” de trinta e oito anos que eu era, rogo para que me deixe auxiliá-lo a caminhar nesta estrada, e peço de todo o coração que você tente. Será uma das viagens mais difíceis que você já fez; por vezes, a dor será excruciante, mas as vitórias trarão alegria além de qualquer medida. E a dor de suas falhas irá durar apenas um curto tempo; mas o fruto de suas vitórias estará com você para sempre. PO R QU E FA Z E R E S T A JO R N A D A TÃ O DI F Í C I L ? Quer você seja alguém que está lutando com o homossexualismo (buscando mudar da homossexualidade para a heterossexualidade) ou um homem cuja masculinidade subdesenvolvida levou à
  • 11. imaturidade heterossexual, esta jornada não é obrigatória. Você pode continuar pelo resto de sua vida no seu nível atual de maturidade. É provável que nenhum desastre lhe aconteça. Provavelmente, você ainda terá um emprego, família e amigos. Você poderá ser ativo na igreja e na comunidade em que vive; pode até continuar a desenvolver certos talentos e habilidades específicas. A vida pode prosseguir com poucas mudanças. Isso acontece com inúmeros homens que não avançam até o fim no desenvolvimento de sua masculinidade. Ninguém o obrigará a fazê-lo, e ao menos que seu comportamento atual seja de risco, continuar assim como você está não irá ameaçar a sua sobrevivência. Mas existem razões muito fortes para que você faça esta jornada. A primeira é que a alternativa ao amadurecimento não é extremamente desejável; a alternativa a ter uma identidade como homem é ter outra identidade. Qual seria ela? Alguns homens cristãos que lutam com o homossexualismo buscando se tornar “homossexuais não-praticantes”. Esta pode ser uma opção para alguns, mas muitos descobrem que enquanto se identificarem internamente como homossexuais, a parte “não-praticante” se torna muito difícil, se não impossível, de manter. Alguns se apropriam e mantêm a identidade do “ex-gay”, definindo- se por aquilo que não são, ao invés do que são. Outros buscam permanecer num estado “intermediário”. Ficam suspensos em uma vida que Deus nunca pretendeu para ninguém, uma vida cuja maior esperança é uma forma de assexualidade, negando sua homossexualidade, mas não se definindo como heterossexuais. Qualquer uma destas opções provavelmente levará um homem a um estado de profundo arrependimento, quando ele perceber como sua vida é incompleta em alguns de seus elementos mais básicos. Outra razão para fazer a jornada é que as recompensas no fim da estrada são muito, muito maiores que qualquer um de nós pode imaginar. Conforme você prossegue a leitura, espero que possa convencê-lo disto. Para mim, as recompensas de conquistar a masculinidade completa valeram cada esforço e momento de dor; e valerão para você também. Um garotinho parece saber instintivamente que a masculinidade é algo desejável, algo a ser capturado. É por isso que Estevão, quando tinha cinco ou seis anos, dobrava seu cotovelo, fazendo saltar o músculo, e pedia que eu o sentisse. Um músculo significa masculinidade, e ele queria que eu afirmasse a dele. Um rapaz adolescente vê a masculinidade como um prêmio a ser conquistado, e persegui-la é o que dá energia a muitas das atividades que ele faz. A masculinidade é boa, muito boa. Alcançá-la de forma plena é estar em um lugar de segurança e paz. É sentir-se adequado – adequado a tudo o que é esperado de você. Ser um homem é ser libertado de muitos dos medos que o cercam na vida cotidiana. É poder tirar os olhos de si mesmo e ter a capacidade de olhar o mundo ao redor como algo empolgante, desafiador e repleto de potencial. É para isto que a jornada pode levá-lo, e vale a pena tudo o que custa para chegar lá. A terceira razão para fazer a jornada é a mais importante de todas, porque tem a ver com o propósito e o desejo de Deus para a sua vida. Um amigo meu certa vez montou uma miniatura de um
  • 12. trem, com um trajeto de trilhos, uma carregadora de carvão, pequenas casinhas e lojas – tudo completo. Quando ele pôs o projeto em execução pela primeira vez, nada funcionou direito. A locomotiva só andava de ré, a carregadora espalhava carvão por todo lugar, e as luzes da estrada piscavam sem parar. Ele tinha um plano de como as coisas deveriam funcionar, mas poucas ocorreram da maneira certa, portanto ele encontrou pouca satisfação após tanto esforço. Nós também fazemos parte de um plano. Se crermos em um Deus criador, temos também de acreditar que ele tem um plano para como devemos funcionar como homens – o que devemos ser e como devemos viver nossa masculinidade. Temos de acreditar que ele teve uma razão para nos fazer diferentes das mulheres, e que nosso crescimento em direção à maturidade tem um objetivo. Ele revelou a si próprio como Pai, e sabemos que todo bom pai deseja que seu filho cresça para a plenitude de sua masculinidade. Poderia o Pai perfeito desejar menos para seus filhos? Podemos não concordar totalmente em relação ao que significa masculinidade completa, porque os modelos ao nosso redor são falhos; mesmo assim, Deus não nos deixou sem orientação em relação a isso. Podemos descobrir muito do seu plano para nós como homens. Este é um dos propósitos deste livro. Mesmo agora, você certamente tem alguma idéia a respeito daquilo que Deus criou um homem para ser, e alguns podem sentir que não estão completamente dentro disso; talvez até muito longe. Se o seu desejo é ser obediente a Deus e ser o filho que traz alegria ao coração do Pai, então você é chamado a realizar esta jornada. Você deve estar disposto a amadurecer até a plenitude de sua masculinidade. Por que ele o ama e quer o melhor para você o seu crescimento trará grande alegria a ele. UM MA P A P A R A O CA M I N H O Quero compartilhar com você, brevemente, os princípios que usarei para guiá-lo na estrada à masculinidade. Estou convencido que, para a maioria dos homens que lida com este problema, a homossexualidade é, em seu âmago, um problema de identidade. Um homem assim não se sente como homem, da forma que ele percebe que os homens sentem a respeito de si mesmos. O Dr. Bill Consiglio referiu-se a isto como “vazio de gênero”. Este é um termo bem descritivo, porque esse homem se sente vazio; ele está confuso e incerto quanto à sua masculinidade. Ele não se sente como uma mulher, e pode não ter ainda adotado a identidade de gay ou homossexual, mas ele se sente vazio em algum lugar onde deveria ser firme e sólido. Entretanto, o problema dele não é apenas que ele não se sente como um homem, mas que ele não é, de fato, um homem – em termos de haver passado por todos os estágios de crescimento e amadurecimento que levam os meninos da infância à masculinidade plena. Ele achou o processo difícil ou doloroso demais, portanto se desviou e pulou uma parte dele. O Dr. Joseph Nicolosi, na obra Terapia Reparativa da Homossexualidade Masculina (Reparative Therapy of Male Homosexuality), diz que eles se tornaram “meninos na janela da cozinha”. Se você foi
  • 13. um desses meninos, escolheu se retirar do envolvimento ativo no mundo competitivo, áspero e físico dos meninos, e se tornou um mero observador desse mundo, assistindo da janela da cozinha. Mas não era apenas o mundo das praças, campos de futebol e casas na árvore que você se afastou; você removeu sua presença do campo em que sua masculinidade seria formada. Em diversos aspectos, você colocou seu crescimento para a masculinidade em suspenso. Agora, quinze, vinte, ou quarenta anos depois, se quiser continuar a amadurecer, você precisará se aventurar de volta no mundo dos meninos e dos homens. Essencialmente, você terá que desenvolver sua masculinidade da mesma forma que os meninos fazem, através de um processo de aprendizado, testes, falhas, levantar-se e fazer novas investidas, e finalmente triunfar. Nós amadurecemos para a plenitude de nossa masculinidade ao fazer as coisas que os homens fazem. Uma vez que você está em meio ao processo e já obteve alguns triunfos – independentemente das falhas no meio – começará a obter um progresso. Conforme você fizer com sucesso as coisas que os homens fazer, você: • Descobrirá que está sendo afirmado pelos outros homens. • Começará a moldar seu próprio senso interior do que um homem é. • Começará a perceber que está se tornando o homem que Deus criou você para que fosse, e através do Espírito Santo, você saberá que está cumprindo o seu propósito como homem. “Fazer as coisas que os homens fazem” pode parecer algo terrivelmente superficial – e talvez, por si só, seja mesmo – mas suas consequências, nem um pouco. Conforme você for afirmado pelos outros homens, começar a moldar o seu próprio senso de masculinidade, e se descobrir indo em direção ao plano de Deus para você como homem, profundas mudanças começarão a acontecer nas partes mais profundas do seu ser. A sua identidade básica começará a ser transformada. O objetivo deste livro é auxiliar homens a alcançarem a plena masculinidade, portanto deixe-me explicar o que quero dizer com esta expressão. Masculinidade plena, ou apenas masculinidade, é utilizado neste livro para expressar o estado em que: • Podemos confortavelmente cumprir com os papéis que Deus nos deu como homens, e podemos assumir as responsabilidades que os outros têm direito de esperar que assumamos. Como maridos, como pais, como membros do corpo de Cristo, como cidadãos, somos esperados a cumprir com determinados papéis. Na masculinidade plena, somos capazes de cumprir estas obrigações. Conforme prosseguimos, falarei mais sobre quais são esses papéis e obrigações. • Alcançamos o ponto em que crescer como homens já não é mais o ponto central de nossa vida. Isso não significa que nos tornamos homens perfeitos (só existiu um homem perfeito), mas que nosso amadurecimento passará a acontecer naturalmente, durante nossa caminhada normal como cristãos.
  • 14. Apesar de este livro ter sido escrito primeiramente para pessoas que estão lutando com a homossexualidade, se outros, homens puderem achar algumas verdades amplas que podem auxiliá-los a desenvolver e aceitar sua própria masculinidade, ótimo. Quanto a isto, gostaria de frisar ao homem buscando superar a homossexualidade que os outros homens podem, sim, aproveitar algo deste livro, porque muitas das lutas que você tem também são encontradas na caminhada dos outros homens; a principal diferença é que você – e eu – desertamos da batalha por algum tempo Estou convencido de que todo homem, não importa quão tarde começa, não importo o quão destituído de gênero se sinta, se ele escolhe a masculinidade e está disposto a aceitar as oportunidades e desafios que Deus coloca diante dele, pode esperar, ainda nesta vida, experimentar a masculinidade plena.
  • 15. 2 crescer na masculinidade: essencial para a cura “Eu guardei o seu número de telefone em minha gaveta por três anos. Eu ficava adiando e adiando, mas finalmente tive que ligar para vocês”. Declarações desse tipo são ouvidas frequentemente nos escritórios do ministério Regeneração. Regeneração é parte da coalizão mundial Exodus, de ministérios cristãos cujo foco principal é ajudar homens e mulheres a superarem o homossexualismo. Às vezes eu penso que, se cada cristão lidando com a homossexualidade que tem o nosso número de telefone em sua carteira ou gaveta decidisse nos ligar no mesmo dia, nossas linhas telefônicas não aguentariam a sobrecarga. Este tipo de ligação sugere três coisas a respeito da pessoa. Primeiro, obviamente, em algum nível ele está insatisfeito com a sua homossexualidade. Segundo, alguns obstáculos poderosos – normalmente ambivalência e medo – o mantiveram resistente a pedir ajuda. E terceiro, ele finalmente chegou ao ponto em que a sua homossexualidade lhe causou tanta angústia, que ele está disposto a enfrentar estes obstáculos; ele está disposto a confrontar seus medos e resolver a ambivalência. BA R R E I R A S Q U E DI F I C U L T A M BU S C A R AJ U D A Vamos olhar para estes obstáculos e para as questões específicas que acompanham a pessoa que está passando por isso. O primeiro deles está relacionado à natureza dos pecados de vício. Embora um homem possa odiar a sua homossexualidade com todo seu coração e mente, ao mesmo tempo há certas maneiras em que ele a ama. Para muitos de nós, ceder a nossos desejos foi, por anos e anos, a nossa forma de lidar com a vida, uma forma de escape, de consolo próprio, de encontrar alívio temporário da terrível dor e vazio que sentíamos por dentro. Nós odiávamos e ao mesmo tempo amávamos; em nossa ambivalência, estávamos paralisados, sem saber para que lado ir. Eu odiava minha homossexualidade. Ela me levou a fazer coisas tolas e degradantes. Ela me impeliu a ações arriscadas que eu sabia que podiam me custar tudo: minha esposa, meus filhos, minha carreira, até minha vida. Mas, por dez anos adentro do meu casamento, eu me apeguei a ela. Como poderia viver sem ela?
  • 16. O segundo grande obstáculo é o medo. Há o medo simples do desconhecido. “Se eu me envolver com um ministério, o que essas pessoas vão querer que eu faça, e o que elas farão comigo? Que tipo de pessoas são elas? São algum grupo de mente estreita e fundamentalistas, anti-gays disfarçados de cristãos, ou mascates de alguma nova teoria psicológica maluca?” Há também o medo de se expor, um temor em geral enraizado no orgulho ou na vergonha. “Eu já sou um cristão há dez anos. Eu deveria ser capaz de cuidar disso sozinho. Admitir o problema e procurar ajuda significa reconhecer o grande fracasso que eu sou como cristão. As pessoas iriam até questionar se eu sou, de fato, um cristão”. Estes medos são normalmente mais intensos em alguém que cresceu em uma comunidade cristã conservadora, onde o estigma do homossexualismo é mais severo. Baixa auto-estima é uma grande parte da maior parte dos casos de homossexualidade masculinha. Este é um dos principais assuntos do livro do Dr. William Consiglio, Homossexual, Nunca Mais (Homosex- ual No More). Uma defesa comum contra a dor da baixa auto-estima é construir uma imagem – para nós mesmos e para os outros – de um homem que é bom, honrado e forte. Portanto, dizer na presença de outra pessoa: “eu sou um homossexual”, é destruir a falsa identidade que nos oferecia o único retalho de auto-estima que possuíamos. O PO N T O D E D I Z E R “ JÁ CH E G A ” — FO N T E S D E AN G Ú S T I A Apesar destes obstáculos, os homens procuram ajuda. Qual é a angústia tão poderosa que um homem considera deixar para trás os seus vícios, e estar disposto a caminhar através de um campo minado de temores? Se o homem é um cristão – e a grande maioria dos homens que vem aos ministérios Exodus possui algum tipo de fé ou crença na moralidade cristã – a angústia vem de uma ou duas áreas. Primeiro, e talvez mais óbvio, é a aflição pelo seu comportamento. Ele está em um terrível conflito por causa da contradição entre aquilo que ele acredita ser um bom comportamento, e o que ele está fazendo. Ele se sente como Paulo, que escreveu em Romanos 7 sobre ser induzido a fazer aquilo que ele detesta. Entretanto, ele pode sentir que os problemas de Paulo deviam ser muito menores do que os dele. Isso será verdade especialmente se o comportamento dele foi além de masturbação e fantasia. (Neste livro, eu incluo a fantasia e a masturbação como partes do comportamento homossexual, além da atividade sexual com outra pessoa.) Calculo que mais de 90% dos homens que buscam ajuda nos ministérios ex-gay, o fazem por causa do grande conflito que sentem entre seu comportamento e o que acreditam que Deus quer para eles. A segunda área de angústia está relacionada com a direção de suas atrações sexuais. Ele é atraído sexualmente por homens, mas gostaria de ser atraído por mulheres. Em relação aos homens, a atração está criando um intenso desejo que ele sente que nunca o deixará e que crê, como cristão, que jamais poderá satisfazer. O desejo pode ser puramente sexual ou pode ser emocional. Apesar de nossa tendência
  • 17. de pensar na homossexualidade masculina com foco na atração física e na homossexualidade feminina como atração emocional, em muitos homens há um desejo quase esmagador de pertencer, ser cuidado, amado por um homem, ou por transferência, de possuir, cuidar, amar outro homem. Eu ouvi homens cujo grau de promiscuidade sexual seria considerado inacreditável pelos padrões heterossexuais, derramando sua dor, e dizendo: “não era o sexo que eu realmente queria; era alguém para me amar”. Eu acredito neles. Esta ânsia não satisfeita pode ser tão intensa quanto a sexual. É claro, os dois não podem ser totalmente separados. Leanne Payne e outros apontaram muitas vezes como nossos desejos sexuais são, frequentemente, desejos emocionais mais profundos, que se tornaram erotizados. A atração pelo mesmo sexo é apenas um lado da angústia relativa à natureza de suas atrações; o outro lado é a falta de atração pelo sexo oposto. Ele não sente absolutamente nenhuma atração romântica e sexual por mulheres, mas quer um dia se casar e ter filhos. Como os outros homens, ele tem uma percepção de que muito do propósito e da plenitude de vida de um homem é satisfeito através do casamento e da paternidade. Ele quer se sentir atraído por uma mulher, mas simplesmente não há nada onde deveria haver. A ausência de qualquer atração pelo sexo oposto está na raiz de sua percepção de que jamais poderá viver uma vida normal, de que está preso em um ponto e jamais poderá progredir. Existe uma terceira área de angústia, que pode não transparecer até que o homem tenha lidado com as outras duas. Esta tem a ver com sua identidade como homem. Uma vez que ela não é tão diretamente “sexual” como o comportamento e as atrações, ele pode a princípio não fazer uma conexão com a sua condição homossexual. Além disso, está tão estabelecido como parte “daquilo que ele é”, que ele pode nunca ter considerado que poderia ser mudado. Não é uma identidade que diz simplesmente: “eu sou gay”, mas uma que, mais profundamente, diz: “eu não sou um homem”, ou, ao menos: “eu não sou um homem como os outros homens”. Ele não está à altura. Na adolescência, e talvez até mais cedo, ele se sentia diferente dos outros rapazes, e diferente sempre significava “menos que” ou “inferior a”. Estes sentimentos continuaram através dos anos da adolescência e pela vida adulta. Mesmo hoje, na companhia de outros homens, ele sente de alguma forma que não faz parte do mundo deles. AS P E C T O S D O PR O B L E M A D E ID E N T I D A D E Os problemas dele em relação a isto se manifestam principalmente em duas áreas da vida. Primeiro, ele passa por um grande desconforto e embaraço na companhia de outros homens, especialmente em grupos de homens e em situações desestruturadas. Ele sempre sente como se estivesse fora do mundo deles, olhando para dentro. Ele não compartilha dos mesmos interesses que os outros homens têm, e isto sustenta o seu sentimento de sempre estar desassociado deles. Segundo, o problema da identidade é manifesto em acreditar – e, frequentemente, em provar na prática – de que em muitas áreas, ele é incapaz de fazer as coisas que os homens fazem. Não apenas na
  • 18. companhia de outros homens, mas em sua família e em tudo que é lugar, ele sente-se fortemente inadequado em exercer as virtudes masculinas, principalmente em tomar a iniciativa e exercer autoridade. Isto pode resultar nele assumindo um papel bastante passivo na vida, ou, no caso de alguns homens, de adotar uma autoconfiança agressiva, que tenta cobrir sentimentos de fraqueza e insegurança. Obviamente, estas características podem estar presentes em homens cuja orientação sexual é heterossexual, mas há uma diferença fundamental na natureza desta deficiência nos dois tipos de homem. No que possui orientação heterossexual, estas inseguranças se fundamentam em uma crença em geral subconsciente: “eu sou inadequado como homem”. No homem orientado à homossexualidade, entretanto, a crença fundamental é: “eu não sou um homem de verdade”. A maioria dos meninos e muitos homens lutam duramente para provar – principalmente a si mesmos – que são adequados como homens. A maioria de nós que crescemos com orientação à homossexualidade desistiu desta luta, mais cedo. Acreditando que jamais seríamos realmente homens, começamos a buscar a masculinidade nos outros. Quando me pedem para descrever o que acontece na cura de um homem homossexual, eu falo dessas três áreas que acabei de descrever: comportamento, atrações e identidade. Eu explico que o homem que está lutando pode esperar vitória total ou quase completa na área de comportamento, uma mudança significativa – se não completa – em suas atrações sexuais, e pode se tornar completamente confortável e em paz com sua identidade masculina – sua masculinidade. Estou convencido de que esta mudança é possível para qualquer homem que realmente buscá-la, e que rende a sua vida e sua sexualidade a Jesus. O PA P E L CE N T R A L D A ID E N T I D A D E Apesar da cura do homem homossexual ser, de muitas maneiras, um processo indireto – como resultado das mudanças amplas em sua vida espiritual – quase todo homem que está lutando com isso terá de confrontar estes três elementos do problema. Nunca haverá recuperação até que o comportamento, atrações e identidade tenham sido tratados e, até certo ponto, transformados. Apesar da inclinação natural voltar-se ao comportamento e às atrações – pois é aí que ele sente o peso – creio que o fruto mais rico irá brotar em sua vida ser ele escolher focar mais fortemente (e mais cedo) na área da identidade. E isto é verdadeiro por duas razões. Primeiro, por que a identidade é mais maleável ao ataque direto do que o comportamento e as atrações. Nunca encontrei um homem que dissesse: “Hoje eu vou começar a ser atraído por mulheres ao invés de homens”, e, salvo por um verdadeiro milagre, descobrisse que algo realmente mudou. Quanto ao comportamento, embora tentar ser obediente seja uma parte essencial do processo de cura, uma mudança no comportamento, sem uma transformação profunda na identidade,
  • 19. será pouco mais que uma abstinência forçada. A identidade, por outro lado, pode ser mudada significativamente através de um programa de escolhas conscientes e ações específicas. A segunda razão pela qual o processo de mudança pode ser avançado significativamente ao lidar com o problema da identidade é que a identidade masculina incompleta de um homem é o que abastece e dirige o seu comportamento e atrações homossexuais. Esta identidade masculina quebrada ou incompleta é o mecanismo que dá direção às atrações sexuais e o motor que alimenta o nosso comportamento pecaminoso. Vamos examinar isto com mais detalhes. Em relação às atrações, a essência da atração sexual parece ser as ‘diferenças’, a percepção do ‘outro’. Certamente, para o homem orientado à heterossexualidade, algo da atração sexual está no conhecimento de que a interação do pênis dele com a vagina de uma mulher pode trazer um prazer extraordinário. Mas todos nós sabemos que há muito mais envolvido na atração sexual do que isto. O que dizer dos seios da mulher? Por que eles são objeto de atração sexual para um homem? Eles são simplesmente órgãos para amamentar um bebê; eles não possuem função sexual direta. E quanto ao traseiro, o formato arredondado e a suavidade da sua pele? O que dizer de coisas que ela faz intencionalmente, como deixar o cabelo ficar longo ou usar batom? Por que estas coisas despertam desejo sexual na maioria dos homens? Pode haver diversas razões. O corpo de uma mulher – seus seios, o formato arredondado – podem atiçar o seu desejo de ser bem cuidado; as diferenças dela podem instigar o apetite dele por mistério; a vulnerabilidade dela pode engatilhar o desejo dele por conquista. Todos estes fazem sentido, mas o que mais atrai o homem sexualmente à mulher é que ela é a “outra”. Ela possui coisas em si mesma que um homem não possui em si próprio. Estas características que uma mulher possui e o homem não, que simbolizam a mulher, o atraem a ela. Elas expressam o feminino e atraem o masculino. A parte masculina de um homem anseia pela sua outra metade. Olhando para isso espiritualmente, o homem pode estar procurando tornar-se completo, por restauração da parte dele que foi tirada quando a mulher foi criada. Ou talvez porque masculino e feminino, juntos, refletem Deus mais habilmente do que apenas o homem ou mulher sozinhos – tendo sido ambos criados à imagem de Deus – o desejo de um homem por um complemento reflita o seu Criador de forma mais plena. Eu sou um homem, e procuro meu complemento na mulher. Mas, e se um homem não possui esse senso profundo de que é um homem? Ele experimentará as mesmas atrações por uma mulher? Ela será o seu “outro”? Não, e isto é algo crítico. Se ele não se sente completo como um homem, seu primeiro desejo não será pela mulher, mas pela masculinidade completa; ele será atraído pelo masculino em outros homens. Este será o seu “outro”, sua costela faltando. Esse será o seu meio de se sentir completo. Portanto, o desenvolvimento de nossa masculinidade – buscar ser completo em nós mesmos – terá grandes benefícios, tanto no sentido de diminuir nossas atrações pelo mesmo sexo, quanto iniciar nossa atração sexual pelas mulheres.
  • 20. Eu disse que nossa identidade masculina incompleta, além determinar a direção de nossas atrações sexuais, também é o motor que alimenta o nosso comportamento homossexual. O enorme poder do desejo homossexual pode ser percebido nas atitudes tolas, até insanas, que muitos homens homossexuais têm para conseguir algum tipo de contato com a masculinidade. O que leva um homem sensível a deixar um rapaz durão que não conhece entrar no seu apartamento, sabendo muito bem dos riscos de ser roubado, espancado ou até pior? Por que um homem de negócios ou profissional bem sucedido arrisca ser preso ou ser humilhado publicamente ao tentar fazer contato sexual com outro homem em um banheiro público? Por que eu fui repetidas vezes ao um bar gay em uma das principais ruas de Baltimore, sabendo que podia ser visto por qualquer um e ter todas as minhas mentiras expostas? Nós fizemos estas coisas por causa do desejo gigantesco que havia dentro de nós. Nós ansiávamos por algum tipo de contato com aquilo que representasse ou simbolizasse a masculinidade: uma aparência rígida, firme, músculos, um pênis. Todos estes são símbolos da masculinidade – a masculinidade que não possuíamos – e pela qual éramos atraídos, até obsessivamente, a olhar, tocar, cheirar, juntar-nos, de alguma forma. Nossa masculinidade incompleta clamava por isso, pelos seus elementos faltando. Leanne Payne ilustra esta ânsia pela masculinidade com sua teoria do canibalismo. Em A Imagem Quebrada (The Broken Image) ela descreve como os canibais comem apenas as pessoas que admiram, acreditando que desta forma podem adquirir algumas de suas características. Este desejo ‘consumidor’ pela masculinidade no homem homossexual se torna óbvio: um homem que sente a falta da masculinidade completa satisfaz a necessidade por ela através do seu comportamento homossexual, esperando adquirir algo da masculinidade do outro homem. O ponto principal para se lembrar, entretanto, é que a ânsia pela masculinidade do outro só está presente em um homem que sente que falta algo em sua própria masculinidade. Não é assim que ocorre também com todos os tipos de cobiça? Nós desejamos as coisas que não temos, ou que pensamos não ter. Esse desejo é tão intenso – tão intenso é o motor que pode dirigir um homem ao comportamento homossexual – que até quando tal comportamento é completamente contrário ao seu instinto humano de proteger a si próprio, bem como à suas crenças religiosas mais básicas, ele ainda não consegue segurar a si próprio. A questão da identidade se manifesta também de outra forma. Muitos de nós percebemos o fracasso em ser aprovado pelos homens (ou, inversamente, o sentimento de termos sido rejeitados) como um elemento chave no desenvolvimento de nossa homossexualidade. Neste ponto, o desejo homossexual poderoso é um apelo desesperado do garotinho interior: “Alguém pode me mostrar que tenho valor como um homem, para um homem?” Esta não é só a ânsia de aliviar a dor da baixa auto- estima. Um homem pode ser bem valorizado pelas mulheres em sua vida, e pode reconhecer que possui
  • 21. dons extraordinários em determinadas áreas, mas o clamor do menininho ainda está lá. O valor dele precisa ser demonstrado por um homem, e a área sendo valorizada precisa expressar a masculinidade. Assim como tantas outras partes da vida, especialmente áreas de profunda necessidade, esse desejo pode ser ‘sexualizado’. A partir deste ponto, o contato sexual, ou simplesmente receber um sinal de que outro homem o deseja, mesmo que apenas como um objeto sexual, de alguma forma satisfaz esta ânsia, temporariamente. Isto explica muito dos ‘passeios desinteressados’ que os homens homossexuais fazem, indo a lugares onde outros homens se aproximem deles, mesmo em um momento onde o contato sexual não é desejado. Às vezes, vindo para casa do trabalho, quando eu sabia que não teria como explicar chegarem casa mais de meia hora atrasado, eu ainda passava no bar gay. Eu não estava atrás de nenhum contato, mas apenas esperava que algum homem demonstrasse que me queria. NÃ O H Á AT A L H O S P A R A O AM A D U R E C I M E N T O Deus poderia imediatamente pegar qualquer um de nós e dar vitória total sobre nosso pecado sexual. Houve certa instantaneidade deste tipo em meu processo de cura, de forma que fui liberto do desejo de sexo com homens no momento da minha conversão. Mas ele tem um plano bem melhor para nós, e esta não é a forma que Deus opera, geralmente. Ele não se contenta apenas com a satisfação do nosso desejo de parar com o comportamento pecaminoso, ou em fazer-nos meramente passar a desejar mulheres sexualmente. Ele quer que nos tornemos os homens que ele nos criou para sermos, homens de verdade em todos os sentidos. Ele pode permitir que o comportamento pecaminoso continue, de forma que nos faça chegar ao ponto em que renderemos a ele aquilo que tem nos escravizado. Da mesma forma, ele pode permitir que a dor da masculinidade subdesenvolvida continue, para nos tornar enfim dispostos a atravessar o doloroso processo de amadurecer como os homens que ele nos criou para sermos. Quando meus filhos estavam crescendo, eu detestava vê-los se machucarem fisicamente. Mesmo assim, eu tirei as rodinhas de apoio de suas bicicletas. Eu preferia vê-los ganhar alguns arranhões, do que nunca poderem andar de bicicleta. Eu preferia vê-los tentar, falhar, e tentar outra vez, do que vê-los crescendo e se tornando indivíduos medrosos. Se estas são as suas circunstâncias, será que Deus está fazendo disso um jogo com você? Será que ele está deixando-o afundar no lamaçal da sua homossexualidade até que você finalmente descubra o que deve fazer? É claro que não. Uma das principais metáforas que Deus usa para descrever o relacionamento que ele quer com nós é o de pai e filho. O que um homem deseja mais para o seu filho do que ele cresça para a plenitude de sua masculinidade? Se nós, que somos pecadores, desejamos isto para nossos filhos, quanto mais Deus deseja isto para nós? Ele, que plantou em cada um de nós os atributos da masculinidade, iria querer algo menos do que esses atributos se desenvolvessem e
  • 22. florescessem ao máximo? Não. E assim como um bom pai disciplina ao filho que ama, assim também o nosso Pai nos deixa sofrer em nossa desolação até que ouçamos a sua voz e comecemos a buscar o melhor que ele tem para nós: nossa plena masculinidade. Deus estabeleceu a família na qual cada pai iria ensinar ao seu filho o que significa ser um homem. Nós sabemos, entretanto, que nem sempre a vida funcionou dessa forma. O pecado entrou no mundo, e a paternidade, assim como tudo o mais, tornou-se imperfeita. Entretanto, o plano de Deus para nós não mudou. Embora seu plano original tenha se descumprido por causa do pecado do homem, a redenção pode ser nossa através de Jesus Cristo. Deus será o nosso Pai, e irá caminhar conosco através do processo que nos trará à plena masculinidade. Todas as coisas se fazem novas em Jesus Cristo.
  • 23. 3 como um homem se desenvolve É possível que não vejamos, em nosso tempo de vida, uma resolução definitiva dos debates “genética x ambiente”, que ocorrem em relação a todo o tipo de comportamento e condições humanas. É muito difícil chegar a uma compreensão plena deste assunto, não apenas porque a interação entre genes e ambiente é extremamente complexa, mas porque assim como ocorre com diversos tipos de comportamento, um grande número de grupos possui um interesse intenso em promover a crença de que um, ou outro, é o fator determinante. Por exemplo, ativistas homossexuais parecem determinados a encontrar uma prova irrefutável de que o homossexualismo é implantado na criança, ao nascer. Pensam que, se esta crença for aceita, a sociedade terá de reconhecer o homossexualismo como um estilo de vida aceitável. Por outro lado, aqueles de nós que desejam que a mudança da homossexualidade para a heterossexualidade seja possível, possuem a ânsia de promover a crença de que não nascemos assim. Em uma questão semelhante, os antigos feministas radicais promoviam a ideia de que, exceto por certas diferenças relacionadas às funções reprodutivas, homens e mulheres são exatamente idênticos, e todos os papéis e diferenças comportamentais são o resultado de influências ambientais. Tais ideias extremas e politicamente motivadas recebem bem menos aceitação hoje em dia, e as pessoas estão começando a crer que o ambiente e a hereditariedade, de forma conjunta – em paralelo ao livre-arbítrio, como a maioria dos cristãos crê – desempenham papéis importantes para fazer de nós o que somos. Como meninos se tornam homens é uma parte importante deste debate, e certamente muito relevante ao tema deste livro. Um garotinho já nasce com as peculiaridades que inevitavelmente o levarão a assumir certos papéis, e comportar-se da forma vista como comum pela sociedade? Ou é a nossa cultura que ordena isto a ele? Desde as primeiras semanas de suas vidas, os meninos são direcionados pelos seus pais e pela comunidade a assumirem os mesmos papéis que seus pais tinham? Ou existe outra coisa, algo interno, levando-os para esta direção? Eu certamente não poderei resolver este debate em apenas um livro, mas também não posso ignorá-lo. Ao invés disso, quero formular duas hipóteses básicas, que acredito serem aceitáveis à maioria dos leitores. Falarei mais delas depois. No capítulo 6, vamos falar a respeito das marcas inatas de um
  • 24. homem, enquanto examinamos todo o conjunto de diferenças que existe entre os corpos dos homens e das mulheres. E ao longo do restante do livro, conforme discutimos como a masculinidade se desenvolve, iremos considerar os fatores ambientais continuamente. As duas hipóteses abaixo são necessárias para fundamentar o conceito de amadurecimento da masculinidade que será desenvolvido neste livro. Espero que, para você, elas pareçam aceitáveis. Se não, recomendo que você continue lendo mesmo assim e veja como elas se encaixam no mundo real – o mundo real quase universal – dos meninos que estão se transformando em homens. 1. Meninos são biologicamente destinados a amadurecerem como homens; homens que são diferentes de mulheres, em questões que vão muito além da mera anatomia e das funções reprodutivas. 2. As estruturas sociais sempre existiram para guiar o processo de amadurecimento da infância para a masculinidade adulta. Juntas, estas hipóteses não representam nenhum ponto de vista que possa ser considerado extremo. Não estou argumentando que a masculinidade seja completamente genética, nem completamente aprendida. Se assumirmos a hipótese 2 como necessária, não apenas uma casualidade que acontece em cada cultura, podemos levá-la um pouco adiante e dizer o seguinte: Meninos são, de fato, geneticamente destinados a se tornarem homens, porém orientação ao longo do caminho é necessária; caso contrário, o processo pode não ocorrer da forma esperada. D E ME N I N O A HO M E M : O QU E E L E SE TO R N A De um ponto de vista puramente fisiológico, quando um menino nasce, se nada vier a tirar a sua vida de forma prematura, ele crescerá e se tornará um homem. É simplesmente um fato biológico. Ele nasce com a matéria-prima necessária para ser um homem, e o principal elemento necessário para realizar esta transformação é o tempo. Durante uma parte deste tempo, alguém precisa alimentá-lo e protegê-lo de elementos hostis da natureza, bem como quaisquer inimigos que ele venha a encontrar. Desta forma, podemos dizer que ele se torna um homem quando puder prover para si próprio o alimento necessário, abrigo, e a defesa pessoal. Ele precisa se tornar um produtor ou provedor, apto para obter o necessário para suas necessidades básicas. Qual será sua idade neste ponto? Depende. Se havia abundância de alimento disponível, e se os elementos não eram hostis, o início da adolescência poderia marcar a sua plena entrada na masculinidade. Entretanto, se a natureza não foi tão acomodante, e ele precisou aprender a plantar, pescar ou esperar na fila do supermercado para sobreviver, a masculinidade seria adiada até que ele aprendesse essas habilidades.
  • 25. Mas isso não é tudo. Reconhecemos que o homem é um membro de uma espécie, portanto ele não terá atingido plena masculinidade até ser sexualmente maduro para produzir descendentes. Isso exige que no mínimo ele tenha passado pela puberdade. Portanto, se a natureza não for acomodadora – e ela raramente é – os filhos que ele vier a ter irão morrer, vindo a extinguir a espécie, se ele não estiver disposto a cuidar deles e da mãe durante os primeiro anos, especialmente enquanto as crianças ainda forem amamentadas. Existem criaturas – como o cervo, por exemplo – em que o pai impregna a mãe e não tem nenhum envolvimento com a sua prole. Entretanto, dado o longo período durante o qual os infantes humanos necessitam de cuidado, a sobrevivência da raça seria incerta se o homem não estiver pronto a assumir o papel de marido e pai. Mas este é apenas o ponto de vista biológico do homem. Ele é mais do que uma entidade biológica independente; ele é uma criatura social. Se formos da biologia para a sociologia ou antropologia, descobriremos que o homem jamais, em larga escala, viveu de forma solitária ou apenas com seu núcleo familiar. Nunca existiu uma civilização que fosse baseada em ermitãos ou em um arquipélago de famílias em “ilhas”. Um homem estabelece conexões com outros homens ou outras famílias, com o propósito de defesa mútua ou de organizar maneiras de prover de forma mais eficiente para suprir as necessidades de cada família. Assim, ele é criado para funcionar dentro uma comunidade maior, ou dentro de diferentes níveis de uma comunidade. Para ser um homem funcional, ele precisa participar da vida de sua comunidade próxima e de sua nação, às vezes sendo chamado para defendê-la. Hoje em dia, diríamos que ele atua como um cidadão. Mas precisamos ir um passo além. Um homem é mais do que uma criatura biológica ou social; ele também é espiritual. Ele não é completo até que sua vida espiritual encontre expressão. Ele precisa viver em relacionamento com o Deus em cuja imagem ele foi criado. Primeiramente, os judeus, e depois, os cristãos foram ensinados que este tipo de relacionamento também ocorre em comunidade. Para os cristãos, esta comunidade é a igreja. A masculinidade plena requer que um homem seja capaz de funcionar como membro do corpo de Cristo. Então, quando a masculinidade plena é atingida? Podemos dizer que um menino obtém a masculinidade quando atinge o ponto em que é capaz de ser um provedor, um marido, um pai, um cidadão, e um membro do corpo de Cristo. Mas existe mais uma dimensão no amadurecimento da masculinidade. Cada perspectiva dessa formação possui um lado qualitativo. Quando Deus criou o homem, ele disse que sua criação era “muito boa” (Gênesis 1:31). A masculinidade desejada por cada menino, cada adolescente, e cada adulto, e que cada mãe e pai querem para os seus filhos, também possui um lado qualitativo. A própria palavra masculinidade possui uma conotação qualitativa. A menos que estejamos falando em termos biológicos limitados, quando dizemos que alguém é um “homem de verdade”, estamos expressando nossa opinião da qualidade de sua masculinidade. A masculinidade é real quando não fazemos apenas o que é
  • 26. necessário para que nós e nossa raça sobrevivamos, mas quando fazemos estas coisas de forma bem feita Conquistar a masculinidade é bom por si próprio, mas a masculinidade de alguns homens é superior a de outros. No contexto deste livro, e em linha com as aspirações da maioria dos leitores, masculinidade plena implica em ser capaz de fazer todas as coisas que um homem faz – ser um provedor, marido, pai, cidadão, e cristão – e fazê-las bem. A maioria de nós concorda que não devemos criar a expectativa de fazer todas estas coisas perfeitamente. Só existiu um homem perfeito. E fazê-las “bem” é um termo subjetivo. Acredito, entretanto, que em geral sabemos como e quando aplicá-lo. Por exemplo, quando meu filho, Estevão, estava fazendo 21 anos, eu sabia que ele estava pronto para ser um bom marido, pois ele era gentil e cuidadoso com sua noiva, e realmente a amava. Ele também gostava muito de crianças. Ele escolheu ser professor, e as crianças o adoravam. Além disso, estava claro que ele não teria problemas para ser firme com crianças. Ele era um cristão firme, tanto no sentido de testemunhar ativamente como de discipular aos outros no colégio. Ele era firme em suas crenças e convicções, e estava destinado e a ser um bom cidadão. Faltavam-lhe ainda algumas coisas. Até que completasse sua educação, dentro de um ano, ele dificilmente poderia prover o que sua família necessitava. Mesmo levando em conta minha parcialidade como pai, acredito que podia identificar o “bom” em Estevão. Olhe ao seu redor. Você pode ver isso em outros, e em si mesmo? Curiosamente, esta definição de masculinidade – a capacidade de ser um provedor, marido, pai, membro do corpo de Cristo, e cidadão, e fazer estas coisas bem – é similar ao que escrevi diversos anos atrás no periódico Regeneration News (Notícias de Regeneração) para responder à questão: “Qual o momento em que você foi curado da homossexualidade?” Estamos curados ao ver-nos prontos para assumir positivamente todas as obrigações e privilégios geralmente atribuídos a um homem. No centro destas está a habilidade de ser um pai e marido adequados. Perceba que estou utilizando a palavra habilidade. Nós não precisamos estar vivendo ativamente estes papéis no tempo presente, e muitos homens não irão se casar, alguns por causa das circunstâncias e outros por causa de um chamado superior que prevalece sobre o casamento. Muitos outros não terão filhos. Mas é a capacidade de cumprir com estes papéis de forma satisfatória que indica que alcançamos a masculinidade plena, e para muitos de nós, a cura do homossexualismo. É essencial que fique claro que a expressão masculinidade não é sinônima de “maioridade” no sentido cronológico, embora masculinidade também signifique “possuir as características de um homem adulto”. Possuir a maioridade apenas não significa masculinidade; é a maioridade, acrescida de certas qualidades diferentes daquelas possuídas por mulheres e crianças. Além disto, estou utilizando masculinidade e termos como masculinidade plena ou completa para identificar um ponto em nosso amadurecimento, não a conclusão de tudo. Mesmo depois que tenhamos aprendido a fazer todas estas
  • 27. coisas bem, esperamos continuar a nos desenvolverem nossos papéis apropriados, e em todas as virtudes masculinas, pelo resto de nossas vidas. Muitos dos que estão lendo isto e lutam contra a homossexualidade irão perceber que existem algumas áreas nas quais vocês já alcançaram a masculinidade plena. O fato de que você possui seriedade e sobriedade suficiente para ler um livro destes, e está disposto a trilhar a difícil estrada sugerida aqui, é um indicador de que já ocorreu um amadurecimento considerável em sua vida. Espero que este capítulo o tenha afirmado ainda mais em relação a isto. Para aqueles de vocês que ainda não atingiram a plenitude de masculinidade nestes critérios, meu desafio é que continuem lutando. Você consegue chegar lá! Você será capaz de cumprir todos os propósitos que Deus colocou para você aqui na terra – e será capaz de cumpri-los bem. CO M O SE CH E G A LÁ Alcançar a masculinidade, isto é, atravessar todos os processos que nos levam da concepção até a plena maturidade, envolve um grande número de mudanças na fisiologia, intelecto, compreensão, sexualidade, identidade, habilidades de relacionamento, e muitos outros aspectos. As mudanças individuais que ocorrem provavelmente são numerosas demais para listar. Ainda assim, para a maioria dos meninos, o processo é “automático”, isto é, ele possui pouca consciência de que o processo está acontecendo. Desta forma, a grande maioria dos meninos, se sobreviverem, irá atingir a masculinidade adulta. Isso não significa masculinidade perfeita, ou mesmo que estejam plenamente satisfeitos consigo mesmos, mas que se tornarão homens funcionais. Uma exceção a isto são os 2 a 5 por cento que crescerão inaptos a funcionarem plenamente como homens. Estes são aqueles que identificamos como homens homossexuais. Quando pais preocupados perguntam o que devem fazer para garantir que, em uma sociedade confusa quanto aos gêneros, seus filhos cresçam com uma identidade sexual normal e saudável, minha primeira resposta é: “Faça o que natural e tente não cometer erros”. Isso pode soar simplista, mas possui uma grande dose de verdade. O fato de que os pais, em todas as gerações, todas as culturas, com tudo que é nível de educação e habilidade, tendem a criar filhos – cerca de 97% deles – com uma identidade sexual clara, indica que o processo é razoavelmente “automático”, em grande parte uma questão de fazer aquilo que ocorre naturalmente. É claro que pais cometem erros. Iremos lidar com alguns desses – e com o que pode ser feito para corrigi-los – mais adiante. Na maior parte das vezes, o processo funciona, porque Deus nos criou para sermos macho e fêmea, e ele estabeleceu a família, na qual se criam meninos e meninas para serem homens e mulheres. O processo funciona quase sempre, seja entre intelectuais e selvagens, entre cristãos e pagãos. Como ele flui a partir no nosso ser físico e da estrutura da família, historicamente o homem nunca necessitou de teorias
  • 28. elaboradas a respeito de como criar filhos e filhas. Entretanto, na sociedade atual, existem algumas razões pelas quais pode ser importante entender o processo. A primeira razão é que a sociedade em que vivemos já não possui um consenso a respeito do que significa ser um menino ou uma menina. Portanto, esclarecimentos nesta área podem ajudar-nos a realizar um trabalho muito melhor na hora de criar nossos filhos – e a nós mesmos, se nossa masculinidade nunca se desenvolveu plenamente. Tanto o colapso da família, como a ausência de normas culturais fortes, tem tornado a criação de filhos uma tarefa muito mais precária. A segunda razão é que compreender o processo de como um homem se desenvolve nos permite identificar o que aconteceu de errado com alguns de nós, e se houver alguma forma de corrigir este problema, teríamos grandes benefícios. Este livro é baseado na crença de que podemos identificar algumas destas coisas, e de que elas podem em grande parte ser corrigidas, não importa quantos anos se passaram. Então, vamos examinar o processo através do qual a masculinidade se desenvolve. O senso comum, hoje em dia, é de que ele segue estágios distintos e identificáveis. Para compreender o que aconteceu de errado em nossas vidas, e para corrigir o que ocorreu, vamos investigar estes estágios. Apesar de existirem muitas teorias a respeito da maturidade de um menino rumo à masculinidade, a maioria dos entendidos no assunto concordaria que, de uma maneira ou outra, o crescimento envolve os seguintes passos: 1. Fisiológico: No nível celular, na estrutura do corpo e no funcionamento do cérebro, existem diferenças no plano masculino e no plano feminino. O crescimento fisiológico começa na concepção e continua ao menos até o fim da puberdade. 2. Separação da mãe: Ocorre fisicamente no processo do nascimento, relacionalmente no processo da desmama, e psicologicamente na criação de uma identidade separada da mãe, no menino. 3. Identificação com o pai ou “o homem”: o menino observa o seu pai e percebe que de alguma forma é semelhante a ele. 4. Seguindo o exemplo/imitando o pai: O menino quer ser como o seu pai, portanto o observa e tenta agir de forma semelhante a ele. 5. Testando a masculinidade: Ele quer provar que é como o seu pai, portanto testa a si próprio para receber a afirmação de que é um homem como seu pai, buscando esta afirmação primeiramente do seu pai e em seguida de seus semelhantes. 6. Recebendo afirmação: Ele recebe uma resposta de aprovação de seu pai ou de seus semelhantes, dizendo que ele de fato é um homem. 7. Aceitando sua masculinidade: A afirmação que recebeu é suficiente para ele aceitar, internamente, que é um homem.
  • 29. Para nossa discussão, será útil agrupar estes sete passos em três fases amplas. O primeiro passo, da formação física, permanece sozinho como a fase fisiológica. Os próximos três passos: separar-se da mãe, identificar-se com o pai e imitá-lo, constituem o processo de adquirir uma identidade como pessoa e como homem. Entretanto, como veremos mais tarde, este não é um processo completo; a identidade é provisória, neste ponto. Chamaremos esta fase de Formando uma Identidade Experimental. Os últimos passos, de testar a masculinidade, receber afirmação e aceitá-la, representam um processo contínuo de crescimento que acontecerá ao longo de vários anos. Chamaremos esta fase de Afirmação. Para resumir, a masculinidade é desenvolvida conforme um menino passa pelos três estágios, que envolvem os sete passos, conforme a figura abaixo. Vamos examinar cada fase. Figura 1. Fases do Amadurecimento da Masculinidade FI S I O L Ó G I C A A formação física de um homem – que o distingue de uma mulher – será discutida com algum detalhe no capítulo 6, portanto vou oferecer apenas algumas palavras aqui. O processo físico de desenvolvimento de um homem começa em sua concepção e permeia sua puberdade e adolescência. Estes processos diferenciam meninos de meninas não apenas nas capacidades genitais e reprodutivas, mas em aspectos como altura, musculatura, gordura corporal, hemoglobina no sangue, formação do cérebro, entre outros. O amor de Deus pela diversidade transparece entre os homens (e também entre as mulheres) nas diferenças entre os indivíduos, mas ainda há fatores comuns que fazem dos homens, homens, e das mulheres, mulheres. FO R M A N D O UM A ID E N T I D A D E E X P E R I M E N T A L Nos últimos anos, diversos livros, tanto cristãos quanto seculares, têm descrito o processo visto como formador da identidade masculina. Resumidamente, a maioria deles tende a descrever a seguinte Fases Passos I. Fisiológica 1. Criação e maturidade do corpo masculino II. Formando uma Identidade Experimental 2. Separar-se da mãe 3. Identificar-se com o pai ou “homem” 4. Imitar o exemplo III. Afirmação 5. Testar sua masculinidade 6. Receber afirmação 7. Aceitar sua masculinidade
  • 30. situação: um menino, ao deixar o corpo de sua mãe após o nascimento, nem possui consciência de que é um ser distinto da mãe. Isto é compreensível; afinal, ele passou a sua existência inteira contido no corpo dela. A amamentação e o colo dela ajudam a manter esta percepção viva por mais um tempo, mas eventualmente a realidade chega. Há momentos em que ele é fisicamente separado dela, e há momentos em que ela demonstra uma vontade distinta da vontade dele, portanto ele começa a perceber a separação. Mas o que é ele, então? A teoria diz que ele começa a procurar ao redor alguém cuja existência o revelará quem ele é. Ele precisa de uma identidade à parte de sua mãe, e não pode simplesmente criar uma a partir do nada ou por divagação teórica. Mas ele vê o Papai, ou um substituto para o Papai. O Papai é “outra” pessoa, mas, de alguma forma, ele é semelhante ao Papai. O Papai demonstra interesse nele, e ele, precisando de uma identidade, se conecta ou se identifica com o Papai. Então, uma vez que a necessidade básica de ter uma identidade à parte da mãe é satisfeita com o pai, e considerando que ele receba respostas favoráveis do pai em relação a isso, sua decisão é de que quer ser como o Papai. Ele começa a imitar as coisas que o Papai faz. O Papai se tornou o seu modelo e continuará sendo, ao menos até que ele encontre outros meninos e homens significantes em sua vida. Esta teoria, de formar uma identidade experimental, parece fazer bastante sentido. Ela nos dá uma explicação de como esta pequena criatura proveniente do corpo de sua mãe pode descobrir, em poucos anos, que é uma pessoa separada, e um homem. Eu percebi isto em meu filho, Estevão. Quando ele nasceu, tinha uma mãe e duas irmãs apaixonadas de 12 e 13 anos, quase o equivalente a três mães. Mas em algum momento antes de completar 18 anos, começou a mostrar que era mais como eu do que como suas irmãs ou sua mãe. Esta percepção jamais o deixou. Tenho que admitir que, com o fundo de onde vim, tendo saído da homossexualidade apenas por um ano e meio quando ele nasceu, eu fiz tudo o que podia para torná-lo consciente de sua masculinidade. Mas a consciência de gênero de Estevão não foi produto de minhas preocupações. O filho de um amigo meu, que acabou de fazer dois anos, esteve fazendo as seguintes perguntas: “Isto é um menino?” “Eu sou um menino?” “Mamãe, você é uma menina?” No processo de identificação com o pai, estarei me referindo como identificação, ao invés das expressões mais utilizadas de formação de laços ou vínculos. Faço isto porque o conceito de vínculo possui certas implicações que poderiam representar um obstáculo desnecessário ao amadurecimento tardio de um homem para a masculinidade. A imagem que muitos possuem de formação de laços é algo que acontece repentinamente e sempre com algum homem específico, em geral o pai do menino. Essencialmente, ela é vista como uma conexão imediata, da mesma forma que apaixonar-se. Em um minuto, o filho e seu pai (ou substituto) são dois seres separados, e no momento seguinte, estão conectados. Conheci alguns jovens pais que seguravam seus recém-nascidos intencionalmente junto ao seu peito, acreditando que algum tipo de laço
  • 31. instantâneo seria formado. Esta é uma bela figura, que reflete o coração de um pai que quer muito abençoar o seu filho, mas que apresenta a formação dos laços como um evento quase místico. Neste contexto, a formação de laços parece ser uma ocorrência única, implicando que, se não vier a acontecer logo no início, o menino jamais será capaz de desenvolver uma masculinidade saudável e madura. Para mim, este conceito de formação de laços não é aceitável, por duas razões. A primeira razão é baseada no quadro de deterioração da família na sociedade moderna, especialmente o elevado número de meninos sendo criados sem nenhum homem adulto em suas vidas. É verdade, muitos meninos nascidos a mães solteiras possuem o namorado da mãe, ou seu avô, com quem podem estabelecer laços, mas um número considerável não possui tais substitutos. Eles são criados apenas com a mãe, ou em um ambiente totalmente feminino. Apesar deste fato, não vejo nenhuma evidência de que estejamos atravessando um grande aumento na incidência da homossexualidade masculina. Temos que reconhecer: pode ser cedo demais para identificar tal tendência, e as restrições do ‘politicamente correto’ podem vir a desencorajar as instituições acadêmicas de investigar tal fenômeno. Mas temos visto, literalmente, centenas de estudo no passado que reportam outras consequências negativas em meninos criados sem um pai. No entanto, não apareceu nos resultados nenhum aumento na incidência da homossexualidade. Identificar-se e seguir um exemplo, em contraste à formação de laços, é quase sempre possível, e não precisa acontecer nos primeiros dias da vida de um menino. Se não houver nenhum pai presente, pode ser um vizinho ou amigo da família, ou, infelizmente, um personagem de televisão ou traficante de drogas na esquina. Meninos órfãos de pai parecem frequentemente se identificar com o tipo de errado de homens, mas até onde sabemos, eles adotam uma identidade masculina em proporções idênticas a meninos que possuem pais ou figuras paternas. A segunda razão pela qual questiono o conceito de que cada menino precisa formar vínculos com o seu pai ou com a figura paterna é que, se esta fosse uma parte essencial do amadurecimento para a masculinidade, então aqueles que não formaram laços desta forma jamais poderiam atingir a masculinidade plena nos anos posteriores. Eu rejeito esta ideia sem temor de estar errado. Se formar vínculos em uma idade tenra fosse absolutamente necessário, então à parte de um autêntico milagre, nenhum de nós poderia ser curado. Após adultos, não podemos retornar e estabelecer laços como nossos pais como um bebê poderia. Nós somos diferentes demais de uma criança. Todas as nossas experiências, imaginações adultas e habilidades analíticas, nossas memórias de experiências passadas, nossa tendência masculina de sexualizar os relacionamentos – todas estas coisas nos fazem radicalmente diferentes de uma criança no ponto em que poderia firmar laços. Os laços que podemos estabelecer com um homem hoje não se parecem em nada com a ligação que se forma entre um bebê e um adulto. Ainda assim, muitos de nós eventualmente amadurecemos na masculinidade e vencemos a homossexualidade.
  • 32. Mas algo acontece entre o momento que o menino se separa da mãe, e a época em que ele começa a agir como seu pai ou outros homens ao seu redor. Chamo isto de “identificação”. O menino percebe que, de algum modo, ele é diferente de sua mãe, irmãs e avó, sendo parecido com estas outras criaturas chamadas homens. Pode ser uma compreensão lenta, ou pode também ser uma experiência imediata (“Aha!”), mas de qualquer forma, é um ponto fundamental para direcioná-lo no desenvolvimento de sua masculinidade. Isto pode parecer uma discussão banal. Afinal, que importa se chamamos o que acontece de ‘formação de laços’ ou ‘identificação’? Eu creio que faz diferença, sim. Identificação é algo muito menos misterioso do que a formação de laços, e é algo que pode ocorrer em qualquer momento, inclusiva na idade adulta. Espero que você, ao ler este livro, caso já não o tenha feito antes, chegue a ponto em que dirá: “É verdade! Não sou tão diferente assim dos outros homens. Eu sou um homem, e não há nenhuma razão pela qual não posso amadurecer plenamente em minha masculinidade." AF I R M A Ç Ã O Eu contesto a primazia dada à formação de laços no desenvolvimento masculino por outra razão – é que, nas lutas com a homossexualidade, precisamos desviar o nosso foco da formação de uma identidade experimental para a afirmação. É verdade, algumas coisas deram errado nos anos iniciais de nossas vidas, mas a maioria de nós veio a separar-se das suas mães, e a maioria de nós possuía homens com quem podia se identificar. Se não chegamos a formar laços com nossos pais, que assim seja. Na verdade, com a exceção do caso mais raro dos transexuais, todos nós chegamos a um ponto em que percebemos que éramos homens. E mesmo hoje, um homem adulto que esteve passando por confusão na identidade de gênero pela maior parte de sua vida, pode facilmente identificar-se, no nível intelectual, como homem. Mas o que falta é a afirmação desta identificação. E é aqui que nossa ênfase deve estar. É aqui que as maiores batalhas irão ocorrer, pois é através da afirmação que nosso senso de masculinidade virá a preencher nossas partes mais profundas. O processo de afirmação – o que acontece quando o menino com uma identidade experimental masculina tem sua masculinidade aprovada, até que ele saiba no seu nível mais íntimo que é um homem – não é linear. Ele não é uma sequência de passos “um, dois, três”, e pronto. Ele é circular, ou melhor, espiral. O menino faz um teste, recebe afirmação, sente um pouco mais de sua masculinidade, então faz o teste novamente com um nível um pouco mais difícil. Se ele resolver levantar pesos e possui confiança para levantar trinta quilos, ele sobe para quarenta. É claro, às vezes ele falha no teste. Mas se o menino possui uma identidade experimental forte e vive em um ambiente que o apóia, ele continuará tentando até conseguir.
  • 33. Meu filho, quando pequeno, não era um grande atleta. Na verdade, ele raramente era chamado para jogar nos campeonatos de beisebol ou basquete. Mas ele adorava esportes, e tinha um nível de confiança em si próprio que fez com que ele nunca deixasse de tentar. Ele nunca parou de gostar de esportes. Seu zelo o levou a treinar futebol no colégio. Hoje, se outros jovens estão por perto e se ele tiver tempo, passa horas jogando basquete, vôlei e tênis. Até certo ponto, esportes são um meio importante de testar e ser afirmado na masculinidade para Estevão, mas suspeito que, aos 23 anos e muito confiante em sua masculinidade, ele simplesmente adora esportes. Mais tarde, iremos discutir a imensa significância que esportes possuem para um homem em nossa cultura, e vamos tocar na questão de por que homens têm grande prazer em fazer coisas “físicas”. Evidentemente, o afirmador principal dos primeiros anos é o pai. O menino vem ao pai e flexiona o braço para mostrar o músculo, e o pai exclama: “Caramba!” Ele luta com o pai, tentando mostrar sua força. Entrando na adolescência, Estevão sempre queria fazer quedas de braço comigo. Ele estava sempre testando, procurando por afirmação – e eventualmente me vencendo. Mas chega uma hora em que a afirmação do pai, apenas, não é mais suficiente. Talvez haja um senso de “Ele precisa me aceitar; afinal, sou filho dele.” Ou talvez o pai seja do tipo que não se preocupa muito com afirmação. Seja qual for a razão, antes da adolescência a busca por afirmação é ampliada. O seu foco passa a ser os semelhantes, colegas, amigos. Os testes passam a ser fora de casa, em geral no parque. O processo é competitivo e possui o potencial de resultar em alguns perdedores, bem como em algumas dores. Por esta razão, os meninos irão procurar algum ambiente no qual o número de seus sucessos seja superior ao de suas falhas. O processo quase sempre ocorre em um ambiente de grupo, e o menino começará a satisfazer aquele desejo masculino estranho, quase universal, de pertencer a um grupo de homens. A combinação de ter êxito, receber afirmação e um senso de pertencer, pode fazer desta uma experiência maravilhosa para um garotinho. Eu tive diversos dias preciosos em minha vida. Estes foram dias tão perfeitos, tão belos, que anos depois ainda posso literalmente sentir grande alegria por eles. Um deles foi o dia em que Estêvão concluiu o Ensino Fundamental. Foi um dia absolutamente lindo de junho, em que ele encerrou sua passagem por uma excelente escolinha pública, com bem poucos daqueles problemas que ouvimos a respeito da educação pública hoje em dia. Estevão tinha um grupo de amigos, alguns dos quais conhecera no jardim de infância, e com os quais passara a maior parte da infância. Nós conhecíamos bem aqueles meninos; eles haviam estado em nossa casa muitas, muitas vezes ao longo dos anos. Eles estavam muito bonitinhos, todos vestidos para a cerimônia, e comportando-se de forma típica para os garotos dessa idade. Até subirem para o palco durante a cerimônia, eles não paravam quietos, soqueando e correndo uns atrás dos outros. A figura que veio à minha mente foi um grupo de filhotes de cachorro brincando uns com os outros. Estevão simplesmente pertencia, e inconscientemente, ele amava ser um garoto. Talvez
  • 34. este dia ainda brilhe em minha memória porque percebi que Estevão estava no caminho certo para a masculinidade. Em algum ponto, e suspeito que seja no começo da adolescência, o processo de “teste e afirmação” parece colocar o selo final de autenticidade na masculinidade de um menino. A partir deste ponto, a rejeição pelos colegas ou por meninas não poderá tirar a profunda percepção que ele possui, de que é um homem. O ponto em que o processo de teste e afirmação leva o menino a um senso profundo e sólido de que ele é um homem pode não ser reconhecido de forma consciente. Na verdade, no momento em que ele diz o proverbial “Hoje, eu sou um homem!” provavelmente já faz um bom tempo que ele tenha internalizado essa verdade. O processo de teste e afirmação não se encerra com a formação de uma identidade masculina básica. Em um sentido limitado, ele continua nos homens, às vezes mais como brincadeira, às vezes de forma neurótica, por boa parte de suas vidas. Em homens que sabem que são homens, mas se sentem muito inadequados, esse testar e buscar afirmação pode se expressar de formas pouco salutares: impiedade nos negócios, crueldade em relacionamentos, prepotência, atitude de mulherengo. Para homens adultos saudáveis, entretanto, o processo é simplesmente um exercício do desejo por triunfo, que é dado por Deus. O processo de teste e afirmação é base do treinamento para homens que precisam agir em situações extremas. Um campo de treinamento militar é um exemplo disto. Homens, trabalhando em grupo, são colocados em uma posição onde são testados vez após vez – a maior parte do tempo, fisicamente – enfrentando desafios que serão difíceis, mas que a maioria será capaz de vencer. Esta é a maneira através da qual a Marinha e o Exército “fazem de um recruta um homem”. O teste, e a vitória sobre o teste, dão ao recruta a confiança de que ele poderá lutar quando for necessário. Estou mencionando isto especialmente para mostrar que os testes e afirmação podem acontecer a qualquer momento na vida de um homem. Não é tarde demais para você.
  • 35. 4 o que aconteceu de errado em nossas vidas? Tendo descrito o processo “normal” pelo qual a maioria dos homens passa, já listamos os passos que os levam ao ponto em que possuem uma percepção sólida de sua masculinidade. É claro que, neste mundo quebrado e pecador, muitos não chegam a ser homens realmente bons, ou então eles próprios não possuem muita confiança no nível ou qualidade da sua masculinidade, mas eles possuem certeza, sem nenhuma dúvida, de que são homens, e nada mais. Alguns de nós, entretanto, não chegamos tão longe. Por alguma razão (ou razões), chegamos à maturidade física sem uma percepção interna de que éramos homens; ou, se acreditávamos que éramos homens, profundamente diferentes dos outros homens. Nossa identidade não descansava em um fundamento de masculinidade assumida e quase inconsciente. Não sentíamos que éramos mulheres, mas era como se nos faltasse um tipo de identidade de gênero. Talvez tenhamos nos visto como “não- homens” ou “semi-homens”, caracterizados não pelo que éramos, mas pelo que não éramos. Nossos amigos foram adiante e cresceram de acordo com um padrão comum. Eles possuíam relacionamentos razoavelmente bem-sucedidos com outros homens, aparentemente livres do fardo emocional ou sexual que frequentemente vinha à tona em nossos relacionamentos. Eles sentiam coisas inteiramente diferentes com as garotas, e maioria deles começou a se casar e ter filhos. A vida prosseguiu para eles da mesma forma que tem prosseguido desde o início do mundo. Para nós, entretanto, parecia que o ciclo havia chegado a um beco sem saída. O que aconteceu? Antes de olharmos o que houve de errado nos estágios de nosso desenvolvimento, quero falar sobre a expressão semi-homem. Aparentemente, existem duas coisas distintas que acontecem no desvio que leva um menino à homossexualidade adulta. A menos que ele seja propositalmente influenciado por alguém a fazê-lo com pouca idade, ele não chega simplesmente à idade normal de aceitação de sua masculinidade e decide: “eu sou gay”. Este é o segundo passo. O primeiro passo envolve passar pelo período de ser um semi-homem. Ele sabe que é, fisicamente, um homem, mas ao mesmo tempo sente-se diferente de todos os outros meninos e homens ao seu redor. Os seus interesses, habilidade e formas de se relacionar parecem
  • 36. ser muito diferentes dos que os outros meninos têm. Em determinado ponto, ele percebe que seus colegas estão demonstrando atração sexual por mulheres, enquanto que ele é atraído por homens. Ele não nega esta realidade, mas não consegue juntar todos os fatos para criar uma identidade para si próprio a partir destas diferenças. Tudo que ele sabe é que ele é alguém diferente. AS S U M I N D O U M A ID E N T I D A D E H O M O S S E X U A L Isto pode parecer difícil de acreditar para muitos, mas há algum tempo atrás, não era incomum para um homem claramente reconhecer seus desejos homossexuais, agir conforme eles, não possuir nenhum sentimento romântico ou sexual para com mulheres, e ainda assim não se identificar como gay ou homossexual. Na verdade, houve um tempo em que essa seria a norma para um homem orientado ao homossexualismo. Toda a ideia de que homossexual é a expressão para descrever uma pessoa ao invés de um comportamento começou a evoluir apenas cerca de 150 anos atrás. Homossexualidade como uma identidade simplesmente não existia antes disso. Este falta de reconhecimento da existência de uma identidade homossexual não é apenas um fenômeno histórico. Ainda em 1971, foi descoberto que o intervalo médio entre o momento em que uma pessoa reconhecia suas atrações pelo mesmo sexo, até o momento em que decidia que era “um homossexual”, era de cerca de sete anos. Em meu próprio caso, posso me lembrar dos meus 35 anos, sentado em um bar gay onde tinha ido procurar alguém para sexo, sentindo muita pena por “todos aqueles pobres gays”. Pode parecer negação da realidade, mas eu não acreditava que eu era um. Quando olho de volta para minha percepção daquela época, creio que eu saiba intuitivamente que todos estes outros homens haviam definido a si próprios de uma forma que viria a estruturar e dirigir as suas vidas inteiras. Não era o meu caso. Entretanto, com todas as mensagens afirmadoras a respeito do homossexualismo que circulam pela mídia hoje, bem como o aumento de programas encorajando uma visão positiva da homossexualidade em nossas escolas, certamente o intervalo entre perceber os sentimentos homossexuais e assumir uma identidade gay tem decrescido. Ao amadurecer na masculinidade, cada homem precisará deixar para trás esta falsa identidade, mas este é o segundo passo, que iremos discutir no capítulo 12. Agora, quero falar sobre o primeiro passo: o que houve de errado nos estágios iniciais de desenvolvimento, os dias em que o semi-homem emergiu. De alguma forma, nós falhamos em atravessar todos os estágios de desenvolvimento da nossa masculinidade. Em algum lugar, nós nos desviamos do caminho. Ou a nossa identidade experimental masculina não se formou, ou se formou, mas em algum momento foi tirada de nós. Alguma coisa além do primeiro passo no desenvolvimento da masculinidade não aconteceu.
  • 37. OS DI F E R E N T E S TI P O S D E H O M O S S E X U A L I D A D E Tem ocorrido uma evolução nas teorias do que aconteceu de errado, isto é, no que causa a homossexualidade. Na homossexualidade masculina, fomos de Freud e sua teoria da mãe dominadora, a um foco na deficiência do relacionamento de um menino com seu pai, até um modelo de múltiplas causas, com muitas teorias menores indo e vindo. O meu interesse aqui não é entrar no detalhe das origens da homossexualidade; entretanto, você certamente se beneficiaria das fontes que focam de forma primária nesta área. Recomendo que você leia os escritos de Moberly, Satinover, Davies e Rentzel, e Nicolosi. Nosso objetivo, aqui, não é oferecer um ensino amplo sobre as causas da homossexualidade, mas identificar certas coisas específicas que aconteceram de errado, e que podemos corrigir, compensar, desfazer, ou remediar em nós mesmos – inclusive hoje. Para identificar as soluções, precisamos primeiro reconhecer os problemas. Ao fazermos isto, descobriremos que aplicar a solução não é nada fácil. Veremos que nossas experiências do passado colocaram extensos obstáculos para nossa jornada rumo à masculinidade. Mas eles não são instransponíveis, e superá-los será uma parte importante do processo que descreverei nos próximos capítulos. Antes de ir adiante, entretanto, precisamos gastar um pouco de tempo olhando para um princípio importante: a homossexualidade não é idêntica em todos. Na verdade, parecem existir diferentes tipos ou “correntes” de homossexualidade masculina, que refletem os diferentes impulsos que os homens estão buscando satisfazer. Estes diferentes impulsos são produzidos por causa das diferentes experiências de vida de cada um. Quando pensamos em homossexualidade masculina, a ideia comum que nos vem à mente é de um homem que possui o impulso de buscar contato sexual e emocional com outro homem. Há elementos físicos, românticos, e possivelmente de dependência emocional, em sua homossexualidade. É neste tipo de homem que quase sempre encontraremos deficiência ou confusão na identidade de gênero. Outro tipo de homem é o que exalta a masculinidade ao extremo. Ao mesmo tempo, ele despreza o caráter feminino, e como consequência, enxerga um homem (geralmente mais jovem ou adolescente) como um parceiro sexual mais desejável. Este tipo de homem raramente demonstra uma deficiência em sua masculinidade. Ao contrário, ele pode ser do tipo ‘machão’, guerreiro. Este fenômeno foi observado entre os gregos, romanos, e mais recentemente, nazistas. Pode haver um elemento amoroso pelo homem mais jovem que é o objeto da atração do mais velho, mas seu impulso maior é devido à idolatria do masculino do que por deficiência de gênero. Existe um terceiro tipo de homossexualidade, que pode não refletir esta deficiência de identidade, que costumo chamar de homossexualidade “fetichista”. O foco de um homem fica travado a certa parte do corpo masculino (em geral o pênis) ou a um ato homossexual único, mas ele demonstra poucas outras manifestações homossexuais. Não há anseio emocional por um homem. A sua identidade masculina é
  • 38. razoavelmente sólida, embora ele possa ter medo de mulheres. Uma variação disto é o homem que tem alguma dificuldade séria em sua habilidade para se relacionar com outras mulheres, portanto ele simplesmente usa homens homossexuais para sua gratificação sexual. Quando vemos estas diferentes formas de expressão homossexual, podemos perceber que há diferentes padrões de desenvolvimento homossexualidade para cada um. E se o padrão de desenvolvimento é diferente, também as correções serão. O tipo de desenvolvimento homossexual com que estamos lidando aqui, o mais comum, parece ser evidente na grande maioria dos homens que procuram ajuda em nosso ministério. Mas não está presente em todos, e é importante que aqueles que não se conformam a este padrão identifiquem as verdadeiras necessidades e deficiências que estão alimentando seus desejos homossexuais. Entretanto, a maioria de nós seguiu uma progressão geral, na qual algo falhou em nossos relacionamentos com nossos pais e algo importante faltou em nossa identidade como homens. MO B E R L Y E A H O M O S S E X U A L I D A D E “ NO R M A L ” A Dra. Elizabeth Moberly, em seu livro Homossexualidade: Uma Nova Ética Cristã (Homosexuality: A New Christian Ethic) descreveu a homossexualidade como um impulso reparador que surge a partir de uma falta ou deficiência de amor do mesmo sexo. A teoria da Dra. Moberly recebeu aceitação imediata pela maioria dos ministérios de ex-gays porque se alinhava perfeitamente com aquilo que observávamos em nossos clientes e com o que muitos de nós sentíamos em suas próprias vidas. Ela descreve um processo que se inicia quando uma criança (meninos, em nosso exemplo) experimenta um trauma que rompe o seu relacionamento com o genitor do mesmo sexo (o pai). O menino percebe isto, seja verdade ou não, como rejeição da parte do seu pai. Isto é algo extremamente doloroso para o garotinho, e para prevenir ser ferido ou rejeitado novamente, ele se afasta de seu pai. A Dra. Moberly chama isto de separação defensiva. É como se o menino estivesse dizendo ao pai: “Eu não vou mais me relacionar com você; assim, você não poderá mais me machucar”. Ao impedir a existência qualquer tipo de conexão forte entre ele e seu pai, ele será muito menos sensível à rejeição. É claro que, neste caso, haverá algo mais que ele não receberá do seu pai – sua identidade como homem. O estágio de identificação com o pai é abortado, ou então nunca chega a ocorrer. Ele vê o Papai como alguém que faz sofrer, e não deseja ser como ele. Ele não olha para o Papai como um modelo, e em alguns casos pode até reagir contra aquilo que vê no pai. Ele não incorpora os traços do seu pai que são caracteristicamente masculinos. Quando entra no mundo dos meninos, meninos que começaram a incorporar alguns dos traços masculinos de seus pais – agressividade, competitividade, foco no mundo físico, o desejo de utilizar sua energia física – ele percebe que é diferente. Neste processo, surge o que a Dra. Moberly chama de ambivalência do mesmo sexo. Ele quer aquilo que os outros garotos têm, mas ao