Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
O riso e_o_trágico_na_indústria_cultural
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
O RISO E O TRÁGICO NA INDÚSTRIA CULTURAL: A
CATARSE ADMINISTRADA
BRUNO PUCCI
Juliana Lima
Tatiane Araújo
Claudia
Fátima Santos
Jucinildo
Naiely Moreira
Tereza Raquel
Mayara
Rafaela
Emília
NAESA
Sociologia da Educação
PROFESSOR: Marcio Jocerlan
2. Introdução
Theodor Adorno, no ensaio Teoria da Semiformação
(2003), escrito em 1959, constatava que a burguesia,
quando conquistou o poder nos países europeus,
estava mais desenvolvida culturalmente que os
senhores feudais e que sua formação foi um dos
fatores fundamentais para a afirmação enquanto
classe hegemônica e para o desempenho de tarefas
econômicas e administrativas. Por outro lado, o
proletariado inicial [...] em precárias condições de vida,
não tiveram tempo e nem condições para se
dedicarem às coisas do espírito, para se formarem
culturalmente.
• “A desumanização implantada pelo processo capitalista de
produção negou aos trabalhadores todos os pressupostos para
a formação e, acima de tudo, o ócio “(Adorno, 2003, p. 06).
4. ADORNO E HORKHEIMER
criaram o conceito de
“INDÚSTRIA CULTURAL”
http://3.bp.blogspot.com/
http://www.infoescola.com/filosofia/escola-de-frankfurt/
Acesso dia 17/07/2014.
Theodor Adorno e Max Horkheimer (2002), da
famosa Escola de Frankfurt. Para estes
pensadores, a indústria cultural atua como uma
forma de padronização dos gostos e desejos dos
seres humanos, voltando-os para o consumo, a
vida para o trabalho e a diversão como forma de
alienação, como uma forma dos homens não
conseguirem reconhecer que são retirados de
sua própria existência.
5. O tempo livre, agora aparentemente liberado como uma reserva para as
coisas do espírito, se transforma em prolongamento do trabalho e se
torna plenamente preenchido pelos encantos da indústria cultural.
Exclusão do ócio ao proletariado
Revoltas e lutas do proletariado
Continuo processo de exclusão
Continuou-lhes negando as condições de formação e em seu lugar
possibilitou-lhes um arremedo de formação.(Cfr. Pucci, 1998, pp.93-94).
http://comunica-for.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html
http://esquimalenator.scoom.com/?tag=cultura Acesso dia 17/07/2014.
6. O Riso e o Trágico
• Duas manifestações humanas habilmente
trabalhadas pela indústria, dos bens culturais
para manterem as pessoas ocupadas.
• Kátharsis ( catarse) Liberação do que é estranho
– Para Platão- designa liberação da alma em relação ao
peso da materialidade corporal.
– Aristóteles – Utiliza o termo no sentido medico
– Goethe - O fenômeno conserva sua dimensão médica,
não anula as emoções humanas.
– Nietzsche - lamenta o desaparecimento, no mundo
contemporâneo, do potencial libertador da tragédia
grega.
7. A onipresença da semiformação –
a progressiva despotencialização da catarse.
•Aquilo que perturba, que é estranho ao organismo, ao espírito,
não é mais purgado, pela arte, mas antes camuflado, escondido
atrás de luzes e cores cintilantes Tem-se uma aparente e
momentânea sensação de alívio.
•Se um dos resultados benfazejos da catarse estética era gerar em seus
participantes a purgação espiritual para que pudessem aguçar os
elementos de resistência e de confronto à realidade adversa, na arte sem
sonho destinada ao consumo, o que se processa é uma catarse às avessas.
http://2.bp.blogspot.com/
Acesso dia 17/07/2014
O ator João Carlos Moreno
posou de Monalisa para a
campanha do amaciante
da Bombril, em 1998:
‘Mon Bijou deixa sua
roupa uma perfeita obra
prima’.
http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/
2012/02/12/monalisa-generica/
8. A dimensão catártica do trágico
•Nos escritos de Nietzsche (1996), particularmente no de 1871. Ao
escrever sobre a origem da tragédia grega, observa que a criação e o
desenvolvimento da arte resultam de seu duplo caráter: ela é, ao
mesmo tempo, apolínea e dionisíaca. Era essa interdependência que
dava ritmo, melodia e capacidade de arrebatamento à tragédia
grega.
•Apolo mostra que o mundo dos sofrimentos é necessário, para que
o indivíduo seja obrigado a criar a visão libertadora, porque só assim,
abismado na contemplação da beleza, permanecerá calmo e cheio de
serenidade, mesmo que levado na sua frágil barca por entre
as vagas do alto mar (Nietsche, 1996, pp. 59 e 109).
•A arte trágica carrega em si, pois, uma dimensão formativa,
educativa, auto reflexiva; ela faz o indivíduo sair da universalidade
viscosa do estado dionisíaco, ajudando-o a se constituir como um ser
autônomo; desenvolve e potencializa o instinto estético, ávido de
formas belas e sublimes; incita o pensamento a ir além da aparência
e a apreender o significado mais profundo das coisas (Cfr. Pucci,
2000).
http://laorquesta.mx/2013/02/page/14/ acesso dia 14/07/2014
9. A tragédia do trágico no mundo da Indústria cultural
• Os organizadores das instituições artísticas e dos estabelecimentos de
ensino se tornam "filisteus da cultura", comerciantes dos produtos do
espírito.
• O trágico,realidade constitutiva, inscrita desde os primórdios na história
desigual dos homens, é aparentemente camuflado, nas sociedades
desenvolvidas economicamente, pela atmosfera de camaradagem dos
serviços de assistência social e de filantropia.
• Na tragédia grega, os horrores da existência
eram atingidos em profundidade e
abrangência pela arte, e propiciavam um
conhecimento mais aproximado dos fatos.
• O indivíduo que participava do sofrimento
era, ao mesmo tempo, aquele que
participava da sabedoria da vida.
Final "trágico" do Rei Édipo na tragédia de Sófocles:
Édipo é consciente de sua culpa e dá facadas em
seus olhos
Origem: Wikipédia
10. Sucede, então, uma catarse às avessas:
• O indivíduo desaparece, diluído, nas malhas do
todo social, catalogado, numerado e etiquetado.
Indivíduo liquidado, trágico eliminado, catarse
dissolvida, sociedade reproduzida.
“Estou, estou na moda/ É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar
minha identidade/ trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas/
todos os logotipos do mercado./ Com que inocência demito-me de ser/ Eu que
antes era e me sabia/ tão diverso de outros, tão mim-mesmo,/ ser pensante,
sentinte e solidário/ com outros seres diversos e conscientes/ de sua humana,
invencível condição”
Drummond (1984 - p. 85).
12. A despotencialização da função catártica
do riso na indústria cultural
• Segundo Freud, o riso tem sua origem no
desenvolvimento infantil. Com a repetição de
sons e com a articulação de palavras, o jogo
verbal, daí resultante, desencadeia um prazer
ingênuo pelo balbucio do semelhante, pela
redescoberta do conhecido. Com o advento da
razão, esse prazer é reprimido.
http://www.coisasdemenina.com/videos-de-bebes-rindo.html
Acesso dia 18/07/2014
13. •O adolescente e o adulto não podem mais permitir-se o
manejo puramente lúdico dos sons e das palavras, cujo uso está
agora sujeito às leis da maioridade racional. A fim de não
renunciar totalmente a esse prazer infantil, o adulto recorre a
um substituto do jogo, a brincadeira.
Riso anti-semita – não é um riso humanizante, liberador
de energias construtivas; é, antes, um riso mórbido.
“Rir-se de alguma coisa é sempre ridicularizar (Horkheimer
e Adorno, 1986, p. 132)”.
14. De expressão feliz de humanidade e de resistência, se
transformou, na era dos regimes fascistas, em manifestação
explícita de agressividade, e na era da cultura de massas, em
sinal de concordância dócil com o estabelecido.
15. • O riso gerado pela indústria do entretenimento é um riso
sintético
• Esse riso se torna uma farsa ridícula do prazer e do gozo,
outrora propiciadores de momentos de liberação.
• As contínuas piadas maliciosas, geradoras de risadas
estrondosas, expressam às avessas a profundidade da
insatisfação das pulsões instintivas reprimidas, não
realizadas.
• O riso da conciliação com o poder é um riso “liberalizante”,
que expressa o alívio imediato de se ter escapado,
aparentemente, é verdade, das garras da lógica e da
repressão.
"Rimos do fato de que não há nada de que se rir (Horkheimer e Adorno, 1986,
p.131)."
16. São cada vez menores as fendas na
estrutura da ordem estabelecida, por
onde o riso catártico possa ainda
espalhar sua essência e auxiliar o
indivíduo e suas circunstâncias na
administração das tensões e de tudo
aquilo que os incomoda.
• Se a barbárie perdura na sociedade de hoje em outras
formas, de outras maneiras, potencializada ainda mais
pelo alcance das novas tecnologias em seu conluio com
o capital global, a proposta de Adorno (1995, p. 155) de
que “desbarabarizar tornou-se a questão mais urgente
da educação hoje em dia”.
17. Ação Educativa Escolar
• É preciso e urgente que a escola tome ou retome em
suas mãos o processo de formação cultural (die
Bildung), que favoreça o esclarecimento, a reflexão
crítica e as formas de resistência ao império cada vez
mais dominante das máquinas sobre as pessoas.
• Partimos do pressuposto, à semelhança do pensador
frankfurtiano, de que na luta desigual entre formação
e informação, o elemento mais frágil é o ponto de
apoio para uma possível emancipação [...]E quem
sabe – nessa perspectiva – o riso da vida e o choro
trágico da morte readquiram sua dimensão catártica
18. Referências
CARVALHO, Alonso Bezerra de; SILVA, Carlos Lima da (Orgs.). Sociologia e Educação: leituras e interpretações.PUCCI,Bruno. Cap. 6.O riso e
o trágico na indústria cultural: a catarse administrada. São Paulo/SP: Avercamp, 2006. P. 97-109.
REFERENCIAS COMPLEMENTARES
VÍDEOS
http://youtu.be/775-6n3nzgk
http://youtu.be/vJhsifISBEI
http://youtu.be/_4PtvbM2Tok
IMAGENS
Tragicomédia
http://laorquesta.mx/2013/02/page/14/
http://www.infoescola.com/filosofia/escola-de-frankfurt/
http://juanpiva.blogspot.com.br/2011/01/industria-cultural.html
Esquema indústria cultural
http://2.bp.blogspot.com/-cZZu_tz4QY4/Ue81ZhVfX_I/AAAAAAAAAFI/xqAkT740ckQ/s1600/esquema+ind%C3%BAstria+cultural.JPG
mensagens-de-theodor-adorno-1
http://mensagens.culturamix.com/frases/mensagens-de-theodor-adorno
Indústria cultural
http://esquimalenator.scoom.com/?tag=cultura
Globo lavagem cerebral
http://comunica-for.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html
Barras
http://nasescrivaninhas.blogspot.com.br/2012/08/de-onde-vem-expressao-industria-cultural.html
Bebê rindo
http://www.coisasdemenina.com/videos-de-bebes-rindo.html
1998-monalisa-carlos-moreno-bombril
http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/2012/02/12/monalisa-generica/
http://nasescrivaninhas.blogspot.com.br/2012/08/de-onde-vem-expressao-industria-cultural.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3focles