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Ensino de música na educação básica: algumas possibilidades metodológicas


Resumo: Esta comunicação apresenta um panorama de alguns desafios para a implementação do
ensino de música na educação básica, tomando como base à obrigatoriedade do ensino de música no
componente curricular para a área de arte. Trago algumas reflexões que surgem no dia a dia de
minha prática docente com o ensino de música em uma escola de educação básica da rede privada
do município de Sinop/MT1. Para este trabalho, apresento uma sugestão de estratégias
metodológicas para o ensino de música em sala de aula utilizando os avanços tecnológicos como
ferramenta para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem em música.

Palavras chave: educação musical escolar, práticas pedagógico-musical, metodologias de
ensino de música, computador

1. Introdução

         Mesmo que a minha formação musical tenha sido teórica, prática, múltipla, e
recebido uma orientação de diversos tipos de professores, assim como também ter me
tornado bacharel em composição, e recentemente então mestre em Musicologia – o que tem
sido preponderante em minha carreira musical é a atuação como professor de música há
mais de vinte e cinco anos em escolas de música, conservatórios, e escolas de educação
básica. E, na maior parte do tempo, meu olhar tem-se voltado para um ensino de música
direcionado a um público diversificado. Como professor de música apresento, neste
trabalho, algumas inquietações que surgem no dia a dia da minha atividade como docente
em uma escola de educação básica confessional no município de Sinop/MT.
         As escolas de educação básica se deparam com algumas dificuldades pontuais no
cenário nacional, como por exemplo, a ausência de profissionais preparados em número
suficiente para atuar no mercado de trabalho. Ainda assim, o grande desafio na implantação
da Lei 11.769/2008, consiste na dificuldade da implementação do ensino de música nas
séries iniciais, uma vez que nem todos os discentes têm acesso a uma formação musical.
Muitos desses professores, que fizeram o curso de pedagogia, não tiveram disciplinas que
abordam sobre o ensino de artes/música no respectivo curso. Assim, a efetiva implantação
do ensino de música, nos parâmetros da lei se afigura como um grande desafio. Portanto, tal
propósito e atividade acarretarão uma conjuntura de esforços que deverão ser praticados
pelo professor, como figura importante na retomada deste projeto da volta do ensino de

1
 Colégio Regina Pacis é uma escola de educação básica confessional, dirigida pela instrução das Damas
cristãs.
música nas escolas de educação básica, o qual deverá munir-se de estratégias
metodológicas que possam provocar a interação com o aluno. Essas inquietações têm-me
levado a pensar que o educador musical deve apropriar-se de conteúdos, metodologias,
estratégias criativas, adequando-os às mais diversas situações apresentadas, na sala de aula,
tanto por alunos, quanto pelas atividades musicais prescritas na matriz curricular das
escolas.


2. Algumas reflexões e propostas metodológicas para o ensino de música


       A educação básica corresponde a públicos distintos: educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio. Sendo que, na educação infantil, que corresponde à faixa
etária de seis a dez anos, de certa forma, tem tido algum tipo de prática musical direta ou
indireta nesta fase do ensino. Porém, para os alunos do ensino fundamental (onze a
quatorze anos) e do ensino médio (quinze a dezessete anos), o professor terá seu grande
desafio nesta transição para a estabilização da disciplina como atividade constituída.
       Diante desses desafios, questiono como desenvolver estratégias pedagógicas que
visem despertar o interesse dos alunos numa exposição coletiva, sabendo das diversidades
de suas preferências? Como ministrar conteúdos de música ou relacionados à música que
possam possibilitar o senso crítico na mente dos alunos a partir de suas preferências ou não
preferências?
       As respostas estão dentro da sala de aula, estão na forma em que o conteúdo é dado,
estão na compreensão do caráter contextual que a música pode anexar em si – entender das
relações que a música possibilita – das relações entre as pessoas que ouvem, consomem,
tocam, que produzem, e neste caso que aprendem, ou podem aprender música. As respostas
estarão também nos contextos gerais desses alunos, nos contextos de suas vivências
familiares, bem como nos corredores sociais de que estes são oriundos e ou transitam.
Portanto a família, a roda de amigos, a internet, o mp4, os shows e os artistas preferidos
compõem ambientes que possibilitam aprendizado por vivência, uma manipulação
prazerosa de conteúdos musicais. Segundo Kraemer (2000),


                        A Pedagogia da Música ocupa-se das relações entre as pessoas e as
                        músicas sob os aspectos de apropriação e de transmissão. Ao seu


                                                                                           2
campo de trabalho pertence toda a prática músico-educacional que
                         é realizada em aulas escolares e não escolares, assim como toda
                         cultura musical em processo de formação. (KRAEMER, 2000, p.
                         51).

       Considerando aspectos variáveis de eventos que ocorre em uma sala de aula, o
professor, ainda assim, pode contar com um norte e uma direção de atividades e
metodologias que possam contribuir, além da interação com os alunos. Essas variações
devem enriquecer, de forma que os conduza até o ponto pretendido para temática de seu
conteúdo. Urge para tal momento de implantação da Lei 11.769/2008, um conjunto de
estratégias   que    utilizem    virtudes   e   qualidades   como     tolerância,   respeito,
interdisciplinaridade, ausência de pré-conceito a gêneros musicais, interesse pelo diferente
no que tange a estilos musicais, valorização dos atributos intrínsecos e extrínsecos à música
em seus meios de produção, difusão e utilização.
       Para o ensino fundamental, é necessário pensar em estratégias metodológicas que
explorem criatividade e desafios. Essas estratégias oferecerão oportunidades de
aprendizados de conteúdos. Nesta faixa etária, ainda sim, poderão ser repetidos enunciados,
exemplos e modelos com vistas ao treinamento e fixação de ideias. Os alunos, nessa fase,
estão em transição, caminhando ou estando na adolescência. Portanto, as formas inusitadas
e dinâmicas variadas de expor um conteúdo podem oferecer progressos diante do interesse
e motivação deles em aprender música.
       Para o ensino médio, entendo que a prática e a vivência de conteúdos que abordem
música deverão tender às exposições que visem reflexão e crítica. Análises e apreciações
musicais podem ser um caminho para intersecção com outras disciplinas. Os vídeos (clipes
musicais) poderão oferecer uma opção imagética rica e atrativa. Além da análise musical de
arquivos de áudio, os vídeos anexam comportamentos e informação contextual. Avançando
em outras possibilidades, os alunos podem ter conteúdos musicais inter-relacionados com
História (datas, movimentos e compreensão sócio-cultural), Filosofia (conceitos e
pensamentos das escolas e correntes do pensamento) e Português (estilos de escrita,
gêneros literários, poesia e métrica).
       O professor assumirá o papel de articulador de ideias, provocando nos alunos a
possibilidade fértil da criação, assim como da comunicação inter-relacionada entre os
próprios alunos e ele mesmo. Tal postura de articulador não deverá ser temerária, deverá


                                                                                           3
ser motivadora e expansiva. O professor entenderá que seu conteúdo e sua metodologia
poderão ser moldados de acordo com a configuração e o cenário da aula. A comunicação e
as ideias que serão processadas e trocadas devem seguir uma linha mestra geral, mas esta
pode ser passível de ajustes, ajustes que podem ser contínuos no ambiente da aula.
Conforme Lawrence Grosseberg (1992),


                        Articulação é a construção de um conjunto de relações sobre outro
                        conjunto de relações; ela envolve o desligamento e as
                        desarticulações de conexões a favor de outras ligações e
                        rearticulações. Articulação é uma luta contínua pela reposição de
                        práticas dentro de um campo mutante de relações – o contexto – no
                        interior do qual uma prática é localizada. (LAWRENCE
                        GROSSBERG, 1992, p. 54)

       Atividades e dinâmicas variadas facilitam o interesse e a motivação dos alunos. O
professor precisa, sempre, observar as articulações positivas, deve favorecê-las, e, ao
mesmo tempo descartar as não positivas, ou aquelas que por hora não são mais positivas,
desarticulando-as e possibilitando outras conexões. A seguir, apresento algumas sugestões
de atividades e temáticas dentre tantas outras possíveis, que podem ser apresentadas aos
alunos do ensino médio:


   1) Temas e gêneros musicais de interesse dos alunos (hip hop, funk, rock, sertaneja)
   2) Música e poesia (samba, bossa nova, letras e regras da poesia clássica)
   3) Vídeos e introdução a artigos científicos (análise e discussão crítica)
   4) Práticas musicais a partir de execuções dos alunos (formação de grupos e bandas
       que contenham performances vocais instrumentais)
   5) Apreciação musical de gêneros musicais brasileiros e contemporâneos
       internacionais
   6) Música e questões culturais (origens e movimentos sócio-culturais, música de
       consumo, música como voz de protesto social contra o preconceito e dominação
       econômica)




                                                                                          4
3. Os avanços tecnológicos – o computador


       O professor como articulador de conceitos e atividades deve considerar que para o
ensino, os meios instrumentais tecnológicos são ferramentas imprescindíveis pela sua
acentuada utilização nos dias de hoje. Os jovens se tornaram usuários das inovações
tecnológicas, e dessas inovações o computador é um aparelho em contínua massificação.
Como indivíduos desta sociedade, e usuários no amplo mercado de música, alunos e
professores dão projeção a esta importante ferramenta, que se afirma cada vez mais na
formação educacional e sedimentação cultural. Graças ao computador e a internet, Galízia,
(2009) diz que:

                        Nunca se consumiu tanta música quanto no momento histórico em
                        que vivemos. Em função do atual momento histórico e dos
                        argumentos apresentados, podemos pensar que a gravação,
                        produção e distribuição musicais também podem ser consideradas
                        maneiras de se lidar com música, direta ou indiretamente, mas que
                        poderiam ser levadas em consideração no ensino escolar de
                        música, já que estão presentes no cotidiano musical dos alunos
                        (GALIZIA, 2009, p. 81).



       Exige-se uma postura do professor cada vez mais aberta, não saudosista quanto ao
conteúdo e ferramenta de trabalho. Deve evitar só manipular conteúdos que lhe são
familiares e de sua preferência pessoal. Galizia alerta que “frequentemente o educador
musical pode limitar-se somente àquilo que lhe é familiar, em termos de estilos musicais,
garantindo-lhe segurança frente aos alunos”. (Galizia, 2009, p. 80). Do mesmo modo, ele
precisa exercer abertura quanto a tipo de ferramenta - as ferramentas tecnológicas – capazes
de produzir e executar música, as quais estão ao alcance dos alunos. O autor afirma ainda
que:


                        Além de permitir o consumo de muita música, esses mesmos
                        avanços tecnológicos também permitem que se produza muita
                        música. Atualmente, as crianças e jovens têm acesso a softwares
                        capazes de gravar performances musicais com a mesma qualidade
                        de um estúdio profissional, além de ferramentas e instrumentos
                        virtuais que igualmente lhes permitem recriar a execução de uma



                                                                                          5
banda inteira com apenas uma pessoa. Tudo isso em sua própria
                        casa, a um custo quase zero de produção (GALIZIA, 2009, p. 80).


       O professor precisa percorrer esse corredor dos avanços tecnológicos. Não pode
haver lentidão, saudosismo, pré-conceito, ou qualquer tipo de retardo nessa iniciativa. Esse
processo tecnológico precisa pertencer ao domínio do dia a dia do professor. Ele só poderá
estar preparado em termos básicos, se ele tornar-se um usuário das ferramentas mais
conhecidas e mais populares no computador. Os softwares só oferecem a via ferramental,
enquanto muita informação musical poderá ser produzida por eles. Assim, saber a respeito
das fontes ferramentais poderá ajudar no entendimento do produto musical (arquivos de
áudio, gravações e edições, bem como confecções de vídeos e clipes musicais, confecções
de partituras, arquivos midi). Mas sempre haverá a ressalva de que o professor precisará ser
aquele que gerenciará as direções das discussões, aquele que também caminhará no
aprendizado, e fará o aluno perceber os contextos e os valores extrínsecos à música.


4. Considerações Finais


       O professor se configura como um articulador que deverá desenvolver a proposta de
ensino musical certificando-se de um tripé importante em suas ações – uma manipulação e
aprendizado musical utilizando conteúdos vivenciados pelos alunos, uma metodologia de
atividades dinâmicas e diversificadas com vistas a ativar motivação e interesse dos alunos e
uma utilização plena dos avanços tecnológicos da atualidade - computador, internet e as
mídias disponíveis do mercado. Ao refletir sobre estratégias metodológicas de ensino de
música para a educação básica, acredito que este trabalho poderá contribuir com a área de
educação musical para se pensar algumas possibilidades práticas em sala de aula.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GALIZIA, Fernando Stanzione. Educação musical nas escolas de ensino fundamental e
médio: considerando as vivências musicais dos alunos e as tecnologias digitais. Revista da
ABEM, Porto Alegre, v. 21 p. 76-83, 2009.




                                                                                          6
LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O Ensino da Música no Ensino Fundamental: Um
Estudo Exploratório. Belo Horizonte: PUC, 2001. 241f. Dissertação (Mestrado em
Educação), Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica.
2001.

KRAEMER, R. Dimensões e funções do conhecimento pedagógico-musical. Em Pauta,
v.11, n.16/17, p.49-73, 2000.


GROSSBERG, Laurence. The Circulacion of cultural studies. Chicago: The University of
Chicago Press, p. 36-54.1992.


SWANWICK, Keith. Ensinando Música Musicalmente. São Paulo: Moderna 2003




                                                                                  7

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Ensino de música na educação básica: algumas possibilidades metodológicas

  • 1. Ensino de música na educação básica: algumas possibilidades metodológicas Resumo: Esta comunicação apresenta um panorama de alguns desafios para a implementação do ensino de música na educação básica, tomando como base à obrigatoriedade do ensino de música no componente curricular para a área de arte. Trago algumas reflexões que surgem no dia a dia de minha prática docente com o ensino de música em uma escola de educação básica da rede privada do município de Sinop/MT1. Para este trabalho, apresento uma sugestão de estratégias metodológicas para o ensino de música em sala de aula utilizando os avanços tecnológicos como ferramenta para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem em música. Palavras chave: educação musical escolar, práticas pedagógico-musical, metodologias de ensino de música, computador 1. Introdução Mesmo que a minha formação musical tenha sido teórica, prática, múltipla, e recebido uma orientação de diversos tipos de professores, assim como também ter me tornado bacharel em composição, e recentemente então mestre em Musicologia – o que tem sido preponderante em minha carreira musical é a atuação como professor de música há mais de vinte e cinco anos em escolas de música, conservatórios, e escolas de educação básica. E, na maior parte do tempo, meu olhar tem-se voltado para um ensino de música direcionado a um público diversificado. Como professor de música apresento, neste trabalho, algumas inquietações que surgem no dia a dia da minha atividade como docente em uma escola de educação básica confessional no município de Sinop/MT. As escolas de educação básica se deparam com algumas dificuldades pontuais no cenário nacional, como por exemplo, a ausência de profissionais preparados em número suficiente para atuar no mercado de trabalho. Ainda assim, o grande desafio na implantação da Lei 11.769/2008, consiste na dificuldade da implementação do ensino de música nas séries iniciais, uma vez que nem todos os discentes têm acesso a uma formação musical. Muitos desses professores, que fizeram o curso de pedagogia, não tiveram disciplinas que abordam sobre o ensino de artes/música no respectivo curso. Assim, a efetiva implantação do ensino de música, nos parâmetros da lei se afigura como um grande desafio. Portanto, tal propósito e atividade acarretarão uma conjuntura de esforços que deverão ser praticados pelo professor, como figura importante na retomada deste projeto da volta do ensino de 1 Colégio Regina Pacis é uma escola de educação básica confessional, dirigida pela instrução das Damas cristãs.
  • 2. música nas escolas de educação básica, o qual deverá munir-se de estratégias metodológicas que possam provocar a interação com o aluno. Essas inquietações têm-me levado a pensar que o educador musical deve apropriar-se de conteúdos, metodologias, estratégias criativas, adequando-os às mais diversas situações apresentadas, na sala de aula, tanto por alunos, quanto pelas atividades musicais prescritas na matriz curricular das escolas. 2. Algumas reflexões e propostas metodológicas para o ensino de música A educação básica corresponde a públicos distintos: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Sendo que, na educação infantil, que corresponde à faixa etária de seis a dez anos, de certa forma, tem tido algum tipo de prática musical direta ou indireta nesta fase do ensino. Porém, para os alunos do ensino fundamental (onze a quatorze anos) e do ensino médio (quinze a dezessete anos), o professor terá seu grande desafio nesta transição para a estabilização da disciplina como atividade constituída. Diante desses desafios, questiono como desenvolver estratégias pedagógicas que visem despertar o interesse dos alunos numa exposição coletiva, sabendo das diversidades de suas preferências? Como ministrar conteúdos de música ou relacionados à música que possam possibilitar o senso crítico na mente dos alunos a partir de suas preferências ou não preferências? As respostas estão dentro da sala de aula, estão na forma em que o conteúdo é dado, estão na compreensão do caráter contextual que a música pode anexar em si – entender das relações que a música possibilita – das relações entre as pessoas que ouvem, consomem, tocam, que produzem, e neste caso que aprendem, ou podem aprender música. As respostas estarão também nos contextos gerais desses alunos, nos contextos de suas vivências familiares, bem como nos corredores sociais de que estes são oriundos e ou transitam. Portanto a família, a roda de amigos, a internet, o mp4, os shows e os artistas preferidos compõem ambientes que possibilitam aprendizado por vivência, uma manipulação prazerosa de conteúdos musicais. Segundo Kraemer (2000), A Pedagogia da Música ocupa-se das relações entre as pessoas e as músicas sob os aspectos de apropriação e de transmissão. Ao seu 2
  • 3. campo de trabalho pertence toda a prática músico-educacional que é realizada em aulas escolares e não escolares, assim como toda cultura musical em processo de formação. (KRAEMER, 2000, p. 51). Considerando aspectos variáveis de eventos que ocorre em uma sala de aula, o professor, ainda assim, pode contar com um norte e uma direção de atividades e metodologias que possam contribuir, além da interação com os alunos. Essas variações devem enriquecer, de forma que os conduza até o ponto pretendido para temática de seu conteúdo. Urge para tal momento de implantação da Lei 11.769/2008, um conjunto de estratégias que utilizem virtudes e qualidades como tolerância, respeito, interdisciplinaridade, ausência de pré-conceito a gêneros musicais, interesse pelo diferente no que tange a estilos musicais, valorização dos atributos intrínsecos e extrínsecos à música em seus meios de produção, difusão e utilização. Para o ensino fundamental, é necessário pensar em estratégias metodológicas que explorem criatividade e desafios. Essas estratégias oferecerão oportunidades de aprendizados de conteúdos. Nesta faixa etária, ainda sim, poderão ser repetidos enunciados, exemplos e modelos com vistas ao treinamento e fixação de ideias. Os alunos, nessa fase, estão em transição, caminhando ou estando na adolescência. Portanto, as formas inusitadas e dinâmicas variadas de expor um conteúdo podem oferecer progressos diante do interesse e motivação deles em aprender música. Para o ensino médio, entendo que a prática e a vivência de conteúdos que abordem música deverão tender às exposições que visem reflexão e crítica. Análises e apreciações musicais podem ser um caminho para intersecção com outras disciplinas. Os vídeos (clipes musicais) poderão oferecer uma opção imagética rica e atrativa. Além da análise musical de arquivos de áudio, os vídeos anexam comportamentos e informação contextual. Avançando em outras possibilidades, os alunos podem ter conteúdos musicais inter-relacionados com História (datas, movimentos e compreensão sócio-cultural), Filosofia (conceitos e pensamentos das escolas e correntes do pensamento) e Português (estilos de escrita, gêneros literários, poesia e métrica). O professor assumirá o papel de articulador de ideias, provocando nos alunos a possibilidade fértil da criação, assim como da comunicação inter-relacionada entre os próprios alunos e ele mesmo. Tal postura de articulador não deverá ser temerária, deverá 3
  • 4. ser motivadora e expansiva. O professor entenderá que seu conteúdo e sua metodologia poderão ser moldados de acordo com a configuração e o cenário da aula. A comunicação e as ideias que serão processadas e trocadas devem seguir uma linha mestra geral, mas esta pode ser passível de ajustes, ajustes que podem ser contínuos no ambiente da aula. Conforme Lawrence Grosseberg (1992), Articulação é a construção de um conjunto de relações sobre outro conjunto de relações; ela envolve o desligamento e as desarticulações de conexões a favor de outras ligações e rearticulações. Articulação é uma luta contínua pela reposição de práticas dentro de um campo mutante de relações – o contexto – no interior do qual uma prática é localizada. (LAWRENCE GROSSBERG, 1992, p. 54) Atividades e dinâmicas variadas facilitam o interesse e a motivação dos alunos. O professor precisa, sempre, observar as articulações positivas, deve favorecê-las, e, ao mesmo tempo descartar as não positivas, ou aquelas que por hora não são mais positivas, desarticulando-as e possibilitando outras conexões. A seguir, apresento algumas sugestões de atividades e temáticas dentre tantas outras possíveis, que podem ser apresentadas aos alunos do ensino médio: 1) Temas e gêneros musicais de interesse dos alunos (hip hop, funk, rock, sertaneja) 2) Música e poesia (samba, bossa nova, letras e regras da poesia clássica) 3) Vídeos e introdução a artigos científicos (análise e discussão crítica) 4) Práticas musicais a partir de execuções dos alunos (formação de grupos e bandas que contenham performances vocais instrumentais) 5) Apreciação musical de gêneros musicais brasileiros e contemporâneos internacionais 6) Música e questões culturais (origens e movimentos sócio-culturais, música de consumo, música como voz de protesto social contra o preconceito e dominação econômica) 4
  • 5. 3. Os avanços tecnológicos – o computador O professor como articulador de conceitos e atividades deve considerar que para o ensino, os meios instrumentais tecnológicos são ferramentas imprescindíveis pela sua acentuada utilização nos dias de hoje. Os jovens se tornaram usuários das inovações tecnológicas, e dessas inovações o computador é um aparelho em contínua massificação. Como indivíduos desta sociedade, e usuários no amplo mercado de música, alunos e professores dão projeção a esta importante ferramenta, que se afirma cada vez mais na formação educacional e sedimentação cultural. Graças ao computador e a internet, Galízia, (2009) diz que: Nunca se consumiu tanta música quanto no momento histórico em que vivemos. Em função do atual momento histórico e dos argumentos apresentados, podemos pensar que a gravação, produção e distribuição musicais também podem ser consideradas maneiras de se lidar com música, direta ou indiretamente, mas que poderiam ser levadas em consideração no ensino escolar de música, já que estão presentes no cotidiano musical dos alunos (GALIZIA, 2009, p. 81). Exige-se uma postura do professor cada vez mais aberta, não saudosista quanto ao conteúdo e ferramenta de trabalho. Deve evitar só manipular conteúdos que lhe são familiares e de sua preferência pessoal. Galizia alerta que “frequentemente o educador musical pode limitar-se somente àquilo que lhe é familiar, em termos de estilos musicais, garantindo-lhe segurança frente aos alunos”. (Galizia, 2009, p. 80). Do mesmo modo, ele precisa exercer abertura quanto a tipo de ferramenta - as ferramentas tecnológicas – capazes de produzir e executar música, as quais estão ao alcance dos alunos. O autor afirma ainda que: Além de permitir o consumo de muita música, esses mesmos avanços tecnológicos também permitem que se produza muita música. Atualmente, as crianças e jovens têm acesso a softwares capazes de gravar performances musicais com a mesma qualidade de um estúdio profissional, além de ferramentas e instrumentos virtuais que igualmente lhes permitem recriar a execução de uma 5
  • 6. banda inteira com apenas uma pessoa. Tudo isso em sua própria casa, a um custo quase zero de produção (GALIZIA, 2009, p. 80). O professor precisa percorrer esse corredor dos avanços tecnológicos. Não pode haver lentidão, saudosismo, pré-conceito, ou qualquer tipo de retardo nessa iniciativa. Esse processo tecnológico precisa pertencer ao domínio do dia a dia do professor. Ele só poderá estar preparado em termos básicos, se ele tornar-se um usuário das ferramentas mais conhecidas e mais populares no computador. Os softwares só oferecem a via ferramental, enquanto muita informação musical poderá ser produzida por eles. Assim, saber a respeito das fontes ferramentais poderá ajudar no entendimento do produto musical (arquivos de áudio, gravações e edições, bem como confecções de vídeos e clipes musicais, confecções de partituras, arquivos midi). Mas sempre haverá a ressalva de que o professor precisará ser aquele que gerenciará as direções das discussões, aquele que também caminhará no aprendizado, e fará o aluno perceber os contextos e os valores extrínsecos à música. 4. Considerações Finais O professor se configura como um articulador que deverá desenvolver a proposta de ensino musical certificando-se de um tripé importante em suas ações – uma manipulação e aprendizado musical utilizando conteúdos vivenciados pelos alunos, uma metodologia de atividades dinâmicas e diversificadas com vistas a ativar motivação e interesse dos alunos e uma utilização plena dos avanços tecnológicos da atualidade - computador, internet e as mídias disponíveis do mercado. Ao refletir sobre estratégias metodológicas de ensino de música para a educação básica, acredito que este trabalho poderá contribuir com a área de educação musical para se pensar algumas possibilidades práticas em sala de aula. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GALIZIA, Fernando Stanzione. Educação musical nas escolas de ensino fundamental e médio: considerando as vivências musicais dos alunos e as tecnologias digitais. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 21 p. 76-83, 2009. 6
  • 7. LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O Ensino da Música no Ensino Fundamental: Um Estudo Exploratório. Belo Horizonte: PUC, 2001. 241f. Dissertação (Mestrado em Educação), Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica. 2001. KRAEMER, R. Dimensões e funções do conhecimento pedagógico-musical. Em Pauta, v.11, n.16/17, p.49-73, 2000. GROSSBERG, Laurence. The Circulacion of cultural studies. Chicago: The University of Chicago Press, p. 36-54.1992. SWANWICK, Keith. Ensinando Música Musicalmente. São Paulo: Moderna 2003 7