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Desenvolvimento e avaliação de programas de inserção profissional para o
professorado principiante
INFORME DE INVESTIGAÇÃO
AVALIAÇÃO DO CURSO SUPERIOR INDÍGENA DA UFAC- CAMPUS
FLORESTA: A VOZ DOS (FUTUROS) PROFESSORES INDÍGENAS DO
ESTADO DO ACRE1
WALKER, Maristela Rosso
maristelawalker@hotmail.com
Universidade Federal do Acre- Campus Floresta/AC
LIMA, Joelito Silva
joelito_slima@hotmail.com
Universidade Federal do Acre- Campus Floresta/AC
Palavras-chave: Formação de Professores - Perspectiva Discente - Curso Superior
Indígena- Educação Escolar Indígena - Avaliação de Curso
Resumo
A elaboração e o desenvolvimento de currículos na educação superior configura-se em
autonomia para as universidades ao mesmo tempo em que desencadeiam desafios à sua
implementação, tanto no que se refere às questões de gestão bem como para àqueles
que se submetem aos caminhos formativos que serão percorridos. Refletir e discutir
sobre a formação de professores para além da tradição acadêmica é suscitar discussões
sobre novas formas de relações dos saberes curriculares e sua aplicabilidade no campo
profissional. Nesse sentido, esse trabalho origina-se de pesquisa de PIBIC desenvolvida
na Universidade Federal do Acre (UFAC)-Campus Floresta entre os anos de 2012 e 2013
ao mesmo tempo em que tece interlocuções com a experiência de ter participado como
membro da comissão de elaboração da proposta do Curso Superior de Formação
1
Esse trabalho será apresentado, com algumas alterações, no XXII Seminário de Iniciação
Científica - PIBIC e XII Mostra de Pesquisa e Pós-Graduação da UFAC – Campus Floresta, no
período de 26 a 28 de novembro de 2013, com o título “O curso superior indígena da UFAC: teoria
e prática na perspectiva discente”.Também foi apresentado com pequenas alterações na II
JORNADA DE DIDÁTICA – DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: CAMINHOS PARA UMA
PRÁXIS TRANSFORMADORA E I SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CEMAD de 10 a 12 de
setembro de 2013, na Universidade Estadual de Londrina-PRcom o título SUBSÍDIOS DO CURSO
SUPERIOR INDÍGENA DA UFAC PARA OS FUTUROS PROFESSORES INDÍGENAS DO
ESTADO DO ACRE.
Docente para Indígenas, na referida Universidade. Descrevem-se os aspectos sócio-
político- pedagógicos da formação dos alunos do Curso de Formação Docente para
Indígenas oferecido pela Universidade. Objetiva-se investigar na perspectiva do olhar
discente, a contribuição deste Curso para a prática profissional dos professores atuantes
nas turmas do primeiro ciclo do Ensino Fundamental da educação escolar indígena
identificando os subsídios teóricos e práticos que são construídos durante a formação
para uma efetiva prática profissional. Teóricos como Hall (2003), Caleff (2003),
Nascimento (2006) e Cunha (2009) entre outros, subsidiam teoricamente as discussões
desse trabalho. Utilizam-se como instrumentos de pesquisa: análise documental,
observação participante e entrevista semiestruturada, numa abordagem qualitativa. A
partir dos dados coletados foi possível, analisar a percepção dos futuros professores
indígenas sobre as práticas diferenciadas e específicas que compõem sua formação
acadêmica, bem como subsidiar a proposição de políticas públicas educativas mais
eficientes que coadunem com as aspirações dos sujeitos sociais envolvidos neste estudo,
os próprios discentes.
Introdução
Este artigo origina-se de uma pesquisa de PIBIC intitulada “O Curso superior indígena da
UFAC: teoria e prática na perspectiva discente”, realizada durante os anos de 2012 e
2013 bem como estabelece interlocuções com a experiência advinda da participação da
autora como membro da comissão que elaborou a proposta do Curso Superior de
Formação Docente para Indígenas, do Campus Floresta, e procura compreender e
avaliar aspectos didático-pedagógicos do referido curso e sua relação com os discentes
em formação.
Essa licenciatura foi gestada no ano de 2006, a partir de movimentos sociais e se
concretizou por meio de parcerias entre a UFAC e Governo do Acre, objetivando a
formação de professores indígenas para atuarem nas suas respectivas comunidades
indigenas. Desde a sua concepção fizemos parte da elaboração da proposta, só não
atuamos como docente por motivos de licença para capacitação ( liberação para cursar
doutoramento).
Este curso possui uma carga horária total de 3765 horas aula, divididas em períodos
letivos diferenciados dos cursos de licenciatura. O curso intercala fases de formação na
universidade (períodos de 30 dias letivos, em tempo integral) com períodos de formação
nas comunidades indígenas acompanhados pelos docentes (45 dias letivos, também em
tempo integral) e períodos destinados aos recessos e férias (para respeitar as épocas de
plantio, roçados, enfim, o calendário cultural de cada etnia), configurando-se como um
curso intercultural.
Implantado em 2007, o curso atende as necessidades de professores das diferentes
etnias indígenas localizadas no Estado do Acre e no baixo Juruá, região geograficamente
localizada no Estado do Amazonas, (famílias etnolinguísticas Pano, Arawa e Aruak),
outorgando formação superior de professores para o Ensino Fundamental e Médio, com
habilitação em uma das seguintes áreas específicas: Linguagens e Artes (Língua
Portuguesa e Artes), ou Ciências Sociais e Humanidades (História e Geografia) ou
Ciências da Natureza (Biologia e Matemática).
Nesse contexto, estudos dessa natureza podem subsidiar a implementação de novas
estratégias de ensino e aprendizagem de professores indígenas. Com essa perspectiva,
este estudo busca compreender como o discente, ator social principal envolvido nesse
processo, avalia a sua formação adquirida nos quase 07 anos que esteve na UFAC.
Assim, será possível identificar quais as autorreflexões que os alunos deste curso fazem
a respeito deste processo.
O presente artigo tem como objetivo identificar pela perspectiva do olhar discente a
contribuição deste curso superior, no que concerne aos subsídios teóricos e práticos que
são construídos durante a formação para uma efetiva prática profissional dos futuros
docentes, que, na grande maioria, atuam como educadores nas turmas do primeiro ciclo
do Ensino Fundamental da educação escolar indígena.
A partir dos discentes entrevistados, procuramos compreender como foi conduzida a
formação dos professores indígenas e quais as prioridades elegidas na formação.
Indagamos sobre os subsídios que a UFAC tem oferecido ou oferecerá para a
consolidação teoria-prática dos profissionais, assim como para sua atuação frente a
“gestão escolar, o saber da língua materna, o fortalecimento da identidade, a cidadania e
o respeito a diversidade cultural. Questionamos como são difundidos os saberes na
aldeia, subsidiados pela formação acadêmica e como esse curso tem contribuído para a
efetiva prática pedagógica nas escolas indígenas. Por último, queríamos saber se houve
mudanças qualitativas em relação a identidade profissional desses professores nas suas
respectivas aldeias. Essas questões são importantes do ponto de vista educacional pois
como afirmam Florestan Fernandes (2001) e Bartolomeu Melià (1999), os povos
indígenas entendem a educação como responsabilidade coletiva.
Nesse estudo, as questões indígenas e educacionais são abordadas à luz de teóricos
como Hall (2003), Caleff (2003), Nascimento (2006) e Cunha (2009). A partir dessa
abordagem teórica, esperamos compreender a dinâmica desses profissionais, analisando
sua formação acadêmica e a contribuição dessa nova aprendizagem na sua prática
pedagógica.
Quanto à escolha metodológica da pesquisa, lançamos mão da análise documental,
observação participante e entrevista semiestruturada, numa abordagem qualitativa
(LUDKE, ANDRÉ, 1986; NEVES, 1996; MAY, 2004). A entrevista foi a estratégia mais
pertinente no processo de coleta de dados, pois gravamos em áudio as conversas para
posterior análise.
As falas dos alunos-professores aqui apresentadas revelam que o Curso de Formação de
Professores Indígenas foi de grande relevância social porque oportunizou o contato com
diversas culturas, despertando o interesse pelo revivamento de aspectos culturais
tradicionais no âmbito das comunidades indígenas que tendem a desaparecer; revigorou
os ânimos para lidar com a educação indígena; apresentou estratégias de motivação
para serem repassadas aos alunos das comunidades, promoveu a busca pela produção
de conhecimento a partir dos saberes locais. Diante dos contratempos políticos
administrativos, o resultado é positivo porque concretizou o sonho de grande parte dos
educadores que estava nas salas de aula indígenas e que aspirava por uma formação
que apresentasse novas diretrizes e métodos de ensino que motivassem o engajamento
de toda a comunidade na construção de uma escola indígena mais qualificada,
democrática e que fosse de encontro com as aspirações de cada uma, considerando o
contexto e a diversidade sócio cultural dos povos indígenas.
Metodologia
Este estudo se inscreve no campo das pesquisas qualitativas seguindo a perspectiva
metodológica apresentada por Ludke e André (1986). A abordagem qualitativa é
apropriada a este estudo por permitir a compreensão dos fatos a partir das interações
efetivadas com os discentes do curso, possibilitando a interpretação das autorreflexões
feitas pelos próprios alunos-professores indígenas durante a fase final da formação
inicial.
Neste estudo, emergiu nos pesquisadores o desejo de ir ao encontro dos sujeitos da
pesquisa objetivando estabelecer relações dialógicas. Dessa maneira, conforme nos
ensina May (2004), foi possível estabelecer laços de amizade que facilitaram a aquisição
dos dados. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semi-estruturada,
gravada em áudio. Os trechos das reflexões aqui apresentados foram transcritas pelo
próprio pesquisador, a partir da compreensão da audição das falas.
Devido aos contratempos oportunizados pela greve geral dos docentes e técnicos
administrativos das universidades federais, esse estudo só foi possível em virtude da
relação amigável estabelecida em pesquisas anteriores. De fato, é importante mencionar
que não foi possível ter contato novamente com a grande maioria dos alunos
entrevistados outrora pelo fato dos alunos não habitaram na cidade e sim, nas
comunidades indígenas, onde atuam como professores. Durante o processo de coleta de
dados, poucos foram os sujeitos que tivemos acesso em virtude dos desencontros
causados pelos ajustamentos do calendário acadêmico durante o segundo semestre de
2012. Ainda em 2013, o curso vai presenciar a colação de grau de 53 (cinquenta e três)
professores. Deste total, apenas 05 (cinco) puderam ser localizados e concederam
entrevista, pouco menos de 10% da turma.
Ao todo, o curso possui vinte mulheres e trinta e três homens, mas coletamos dados
apenas com três mulheres e dois homens, da faixa-etária dos 38 a 48 anos, conforme
gráfico 1:
Gráfico 1 – Representação por gênero.
Em virtude do contato limitado com os discentes do curso para
efetuarmos as entrevistas, nem todas as etnias tiveram representatividade neste estudo,
no intuito de ouvi-los sobre os aspectos didáticos pedagógicos da formação. É fato que o
curso possui representatividade das treze etnias que coabitam o contexto do vale do
Juruá, (CUNHA, 2009) mas neste estudo contamos apenas com 02 (duas)
representantes da etnia Nawa, 01 (uma) da etnia Marubo, 01 (um) da etnia Katukina e 01
(um) da etnia Arara.
Gráfico 2 – Representatividade das etnias do Curso.
Objetivando preservar as identidades dos alunos-professores
entrevistados, neste estudo identificamos os sujeitos da pesquisa como: Acadêmica 01,
Acadêmica 02, Acadêmica 03, Acadêmico 04 e Acadêmico 05. Dentre as entrevistadas, a
Acadêmica 01 e a Acadêmica 02 afirmaram possuir contato com os Nawa do alto do rio
Moa, mas não se declararam indígenas. Segundo elas, há dez anos elas tem atuado
como professoras junto aos povos indígenas. Devido esse engajamento, elas foram
autorizadas pelo cacique da comunidade indígena a serem representantes da etnia no
curso oferecido pela UFAC. A permissão do líder das comunidades indígenas era um dos
critérios para que os discentes pudessem ter acesso ao curso, conforme o projeto
pedagógico previa, visto que em sua maioria, deveriam ser indígenas. Já a Acadêmica 03
se declarou indígena Marubo, etnia localizada no baixo rio Juruá. Ela não nasceu na
aldeia, mas é casada com nativo da tribo e seus filhos todos nasceram na aldeia. Devido
a convivência com os Marubo, ela se nomeia ou autodenomina indígena e gostaria que
todos a reconhecessem como tal. Todas as três mulheres entrevistadas optaram pela
habilitação em Linguagem e Artes. O Acadêmico 04 sente-se inserido na cultura Katukina
pelo fato de exercer a docência nessa etnia, mas não se declara indígena e sim, um
indigenista. Na época do processo seletivo para o curso ele recebeu autorização do
cacique para participar do certame porque ministrava aulas por quase 04 (quatro) anos
na Terra Indígena Katukina, localizada na BR 364, Cruzeiro do Sul. O Acadêmico 05 é
índio Arara, nascido e criado no âmbito da comunidade indígena, localizada nas Terras
Indígenas Arara do Igarapé Humaitá. Ambos, os universitários do sexo masculino
optaram pela habilitação em Ciências da Natureza.
Discussões
No contexto da América Latina, Caleff (2003) nos faz lembrar que as conquistas
alcançadas pelos indígenas estão intrinsecamente relacionadas aos movimentos
indigenistas instaurados na segunda metade do século passado. Por décadas, sempre
existiu a figura do intermediário que representava a causa indígena em diferentes esferas
da sociedade organizada. Hoje, no início do século XXI, a questão indígena no Brasil tem
permanecido em evidencia, tem se intensificado as lutas contra a marginalização imposta
pelas políticas coloniais e nacionais, mas começa haver uma mudança de paradigma na
representação desses povos. Os próprios indígenas são, agora, os mediadores e
construtores das diretrizes culturais. A partir da união e da luta pelos seus direitos é que
eles têm atingido maiores êxitos, permitindo conseguir viver cada vez mais em
consonância com o contexto social no qual estão inseridos.
Assim, a identidade indígena, em constante estado de constituição, é um processo que
avança na direção da emancipação e da auto gerência, retirando da figura do indigenista
o papel de mediador e representante perante as instituições. No contexto do Acre, mais
especificamente no tocante à educação indígena, já é uma realidade a proposição de
estratégias de ensino que seja consoante com as aspirações do contexto social das
etnias indígenas. Aos poucos, vão se tornando atribuições dos próprios índios discutirem
as estratégias de educação que mantém vivo os traços da cultura e dos saberes
tradicionais cultivados no âmbito de cada comunidade indígena. Para todos os
acadêmicos entrevistados os curso foi de extrema importância no avivamento da cultura
de cada etnia.
Na aldeia que eu trabalhava quase não se trabalhava assuntos
indígenas. Hoje, depois que nos conscientizamos da importância dos
assuntos indígenas, esse tema passou a ser discutido em sala de aula.
Agora está mais fácil discutir os assuntos indígenas. E essa estratégia
aprendi no curso (Acadêmica 02).
Nas palavras do Acadêmico 05:
Foram ministradas algumas oficinas (2 ou 3) no Centro Diocesano, com
professores de fora, onde eles faziam debates com a gente, buscando
sempre incentivar a revitalização da cultura e questão da língua. Nosso
povo foi mais priorizado a resgate da língua, pois a língua de um povo é
tudo em sua cultura, sua identidade.
De acordo com Nascimento (2006), a educação indígena deve acontecer de forma que
garanta uma formação de qualidade em todos os aspectos, prevalecendo o direito a
manutenção de suas línguas e culturas e a uma educação respeitosa, com objetivos
próprios, currículo especifico, de acordo com seu projeto próprio. Cunha (2009) também
argumenta que a educação indígena seja diferenciada e bilíngue para poder suprir as
necessidades dos educandos indígenas, de todos os níveis de ensino. A esse respeito o
Acadêmico 05 argumenta:
A meu ver, o que a gente aprende aqui, quando chega na aldeia, esse
conhecimento é um pouco rejeitado. Por que aqui, no curso, a gente
está se adaptando mais para a educação indígena, buscando revitalizar
a cultura, colocando em prática os conhecimentos tradicionais como as
dança, os gritos e desenhos. Por exemplo, levar um pajé na sala para
dar uma palestra, falar sobre a questão do entorno, das descobertas etc.
Muitos indígenas têm certa rejeição quando se trata da coisa indígena,
eles querem mais essas coisas do homem branco, computadores,
celulares da hora, os ritmos musicais do branco, o sapato da hora. Como
a cultura indígena e a branca já estão bem misturadas dentro das
aldeias, com exceção das mais distantes, os indígenas não querem
saber do reviver da cultura, querem é coisa dos brancos (Acadêmico 05).
Foi durante o curso que os acadêmicos puderam discutir essa problemática e adquiriram
estratégias para melhor mediar a questão da inserção da cultura de cada etnia como
sendo fator importante e merecedor de atenção, por parte dos próprios índios que,
segundo a Acadêmica 03, se viam inferiores em relação à cultura do branco.
O indígena se sente muito desvalorizado. Mas o curso traz um valor pra
gente. A gente via as aulas e se sentia valorizado. Porque levávamos
assuntos da nossa aldeia pra a sala de aula. Quando eu estava na aldeia
não percebia que nossa cultura estava se acabando. Meus filhos na
escola do branco sofriam preconceitos. Na escola do branco eles se
atrofiavam e não falavam mais a língua materna da aldeia. Quando
cheguei ao curso, o incentivo do professor nos levou a perceber que a
gente tinha que lutar por isso. Isso trouxe uma preocupação e ao mesmo
tempo reavivou o resgate pela língua (Acadêmica 03).
O curso, para todos os entrevistados, ajudou a repensar as mudanças que ocorrem no
âmbito de cada comunidade indígena. Para eles, é papel dos alunos-professores
indígenas trabalharem essa questão da mudança cultural no âmbito da sala de aula. Para
Hall (2002, p. 9):
Um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as
sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as
paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e
nacionalidade que, no passado, nos tinham fornecido sólidas
localizações como indivíduos sociais [...] mudando nossas identidades
pessoais, abalando a ideia que temos de nós próprios como sujeitos
integrados [...]a perda de um sentido de si estável.
Segundo Hall (2002) os problemas da constituição da identidade é um processo
constante e que toda a sociedade está a presenciar. A extensa discussão sobre a
identidade é motivada, atualmente, pelo fato de que “as velhas identidades estão em
declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui
visto como um sujeito unificado (HALL, 2002, p. 7). A crise da identidade é provocada por
mudanças globais que desestabilizaram os quadros de referência que davam aos
indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.
É possível afirmar que os discentes do curso vivenciaram mudanças identitárias
significativas. Quando alguns pensam que estão voltando para uma posição que tinham
abandonado, na verdade estão se constituindo como detentores de outra identidade.
Antes eu não tinha procurado compreender minha cultura porque eu sou
indígena, mas nasci e me criei aqui. Não foi na aldeia. Então essa
questão da cultura dos conhecimentos tradicionais do meu povo eu tinha
deixado de fora, porque antes tinha muito preconceito. Eu tinha vergonha
de falar que era indígena. Ainda hoje existe o preconceito mais é de uma
forma mais fechada. A partir do momento que eu estudo e investigo a
cultura do meu povo me sinto mais valorizado como índio. Isso depois do
curso (Acadêmico 05).
Para os acadêmicos entrevistados, a mudança ocorre pela educação voltada para os
assuntos pertinentes a causa indígena. Oliveira (2008, p.36) confirma que:
Ao privilegiar determinados conteúdos e formas de viver, a escola tem se
mostrado mais ou menos excludente, classificatória e hierarquizante,
marginalizando os conhecimentos produzidos por muitos grupos
socialmente desprestigiados. E, além de regular e selecionar
conhecimentos, a escola regula e disciplina o campo de atuação dos
“outros” [...]
Nesse sentido, procuramos compreender como foi conduzida a formação dos professores
indígenas e quais as prioridades elegidas na formação buscando perceber estratégias
que levaram a mudanças de comportamentos, de identidade e, consequentemente, de
práticas docentes dos alunos-professores.
A relação dos discentes com os aspectos didáticos Pedagógicos
Ao questionarmos sobre a condução das aulas, a relação teoria prática, os acadêmicos
nos informaram que:
Teve aulas extra sala. Inclusive pesquisa. Algumas disciplinas tinham
aulas de campo. Algumas disciplinas visavam atender as demandas do
povo indígena. Inclusive preservação da cultura. Os conteúdos de
Linguagem e Artes foram mais interessantes porque enfocava a língua
materna de algumas etnias do Vale do Juruá. A carga horária foi maior.
A gente fazia pesquisa pra identificar a língua falada nas (sic) aldeias
locais porque existem alguns índios que tem vergonha de falar a própria
língua. O objetivo era preservar a cultura desses povos, preservarem a
língua (Acadêmica 01).
De acordo com os discentes a metodologia de ensino adotada pelos professores para
ministrar as aulas, foi condizente a todos.
A maioria ocorria em sala de aula, mas tiveram diversos momentos que
foram fora da sala de aula. A gente veio para os jogos das: olimpíadas
indígenas, no Barão, que foi constado como aula. Nós fizemos alguns
trabalhos de pesquisas e algumas apresentações, também nas (sic)
Aldeias. A gente escolhia a etnia que queria e ia para a (sic) aldeia fazer
observações da cultura desse povo. Isso foi muito enriquecedor para
nosso conhecimento a respeito dos diferentes grupos indígenas que
existem na nossa região (Acadêmica 02).
Quanto aos conteúdos trabalhados, ainda há que se articular melhor o que é ensinado
com os anseios dos discentes, algo complexo porque a clientela do curso é heterogênea,
com alunos oriundos de diversas etnias.
A meu ver, todos os conteúdos tiveram sua devida importância e
priorização. Mais teve algumas disciplinas que foram assim, meio
conturbadas. Assim a agente acha que não alcançou 100% do conteúdo,
por que na maioria das vezes a gente não (sic) tinham(...) assim eu
como me formei nas educação do branco e sempre tive ligação com
conteúdo não-indígena foi mais fácil para mim. Mas os parentes que
eram indígenas e não teve tanto contato com os conteúdos dos brancos,
eles tinham o conhecimento só da cultura mesmo. Eles tinham mais
dificuldade em assimilar os conteúdos. Acho que ficou algo a desejar
neste ponto (Acadêmico 05).
Sobre as estratégias de avaliação adotadas pelos professores, os discentes discordam
ente si e alguns discordam das práticas adotadas pelos próprios professores.
Em certos casos existiam uma avaliação diferenciada. Depende de
professor para professor. Alguns usavam a velha teoria de prova,
trabalho, já outros usavam da participação, desempenho dos alunos,
sem provas, etc. Na minha opinião, a avaliação diferenciada é mais
correta para o curso, pois ele é muito complexo. Por ser um curso
indígena, às vezes a gente pensa que índio tudo é uma cultura só, uma
coisa só. Na verdade não é. Cada um tem seu jeito de viver, seu jeito de
agir. Cada etnia tem uma cultura diferente, com isso fica muito difícil de
avaliar. O professor tem que ser flexível e ao mesmo tempo tem que ter
conhecimento da cultura de cada uma para poder avaliar. Na verdade os
professores deste curso encontravam uma grande dificuldade de avaliar
os alunos (Acadêmica 02).
Essas reflexões a respeito do sistema de avaliação adotado pelos professores durante o
curso revelam que é preciso sempre levar em consideração as diversas identidades e
etnias que constituem o corpo discente do curso. É imperativo adotar estratégias de
avaliação condizente com práticas cotidianas vivenciadas pelos alunos, relacionando
sempre os conteúdos ensinados com aspectos sócio culturais dos acadêmicos do curso.
Ao indagarmos sobre os subsídios que a UFAC tem oferecido ou oferecerá para a
consolidação teoria-prática dos profissionais, assim como para sua atuação frente a
“gestão escolar, o saber da língua materna, a cidadania e o respeito à diversidade
cultural houve quase unanimidade em enfatizar os aspectos positivos. A gerência de
projetos pedagógicos e execução dos mesmos já são efetuadas pelos próprios indígenas
ou alunos do curso que vive na própria comunidade indígena, uma vez que o curso
também focou nesse aspecto: “Já venho trabalhando com área pedagógica, com o
trabalho que faço na secretaria. Então eu me sinto preparado sim para assumir a gestão
da escola na aldeia” (Acadêmico 05).
Para esse acadêmico, a experiência acumulada em outras atividades ligadas à educação
indígena, prepara-o cada vez mais para uma gestão escolar, direcionado com os anseios
da comunidade indígena. Outro acadêmico acredita que a formação continuada aliada
com as experiências já vivenciadas podem trazer resultados positivos no processo da
gestão escolar.
Dentro da área indígena sim. Até porque eu já fui gestor, já 4 anos na
nossa área, na área não indígena. Então com mais esse aprimoramento
que eu tenho do conhecimento, eu acho que tenho capacidade
futuramente de estar assumindo uma gestão de uma escola indígena.
Até porque eu estou fazendo uma pós-graduação na área de gestão
escolar (Acadêmico 04).
Mas, por outro lado, a Acadêmica 03 enfatiza que:
Não me sinto totalmente preparada. Existe a cultura de querer aprender
o português lá na (sic) Aldeia. Queremos ensinar a língua materna da
aldeia. Às vezes, encontro resistência. Eles querem aprender o
português para não (sic) ser mais enganados pelo branco. É muita coisa
pra fazer. Eu teria que começar do zero. Como que eu formada
recentemente poderia mudar toda essa concepção da (sic) aldeia? É
preciso mais força, mais pessoas pra ajudar (Acadêmica 03).
Para a acadêmica citada acima, a gestão escolar deve ser compartilhada e com ajuda de
outros atores sociais da comunidade indígena. Sem apoio de todos os envolvidos, não se
consegue êxito. Essa consciência revela que a mesma possui estratégias suficientes
para exercer o processo da gestão escolar, atividade não feita apenas por uma pessoa. E
sim, com a participação e colaboração de todos.
Questionamos como são difundidos os saberes na aldeia, subsidiados pela formação
acadêmica e como esse curso tem contribuído para a efetiva prática pedagógica nas
escolas indígenas. Obtivemos as seguintes respostas:
Meu trabalho é voltado para as comidas tradicionais da etnia Nukini.
Muitos estão esquecendo as práticas de alimentação dessa (sic) aldeia.
Os indígenas mais novos não estão querendo mais comer a alimentação
tradicional. Esse estudo procura resgatar essa prática (Acadêmica 01).
Meu Trabalho de Conclusão de Curso é uma cartilha sobre as comidas
tradicionais do povo Nukini. Já estamos com 129 páginas
escritas...Neste trabalho eu procuro contribuir com a produção de
material didático para as escola dentro da (sic) aldeia (Acadêmica 02).
Estou trabalhando com os grafismos. Antes achava que sabia de tudo
sobre o grafismo. Quando comecei estudar me apaixonei. O significado
de cada uma. Que vem do passado, dos ancestrais. Gente, eu precisei
resumir o TCC porque era muita coisa. Ele tem contribuído para a
preservação da cultura. Muitas escolas realizam esse trabalho. Pretendo
também fazer um dicionário. Eu e meu esposo somos tradutores da
língua. Às vezes me sinto impotente pra tanta coisa. Tudo é desafio.
Mais sempre quero fazer mais e mais, principalmente depois que
cheguei ao curso e identifiquei as necessidades da (sic) aldeia
(Acadêmica 03).
É salutar o quanto as identidades desses alunos-professores foram se constituindo ao
longo do curso. O contexto social local adentrou o ambiente da sala de aula,
ressignificando o papel de cada um como cidadãos indígenas ou indigenistas. O
engajamento com as questões locais de cada comunidade indígena repercutiu fortemente
na formação de cada um.
Por último, queríamos saber se houve mudanças qualitativas em relação a identidade
profissional desses professores nas suas respectivas comunidades indígenas:
A maneira de ensinar, por exemplo, antes eu não motivava muito meus
alunos. Agora me sinto na obrigação de motivar. A sala de aula é o ponto
primordial para aprender algo. O professor como o principal mediador
para os alunos conquistarem o objetivo. Acho que a educação é o ponto
chave de todas as coisas. Sem educação não se vai a lugar algum. Para
crescer profissionalmente é preciso de educação (Acadêmica 01).
Sinto-me mais preparada por que aprendi muitas coisas novas que só
facilitam minhas aulas. Minha prática e conhecimento melhoraram muito
depois do curso. Sinto-me mais confiante e preparada, com melhor
domínio de conteúdo e de sala. Antes eu via sala de aula com um
obstáculo, com toda essa preparação que tive este obstáculo, ficou mais
fácil superá-lo e fazer um bom trabalho (Acadêmica 02).
A sala de aula era algo cansativo. Cumprir os horários. Hoje, vejo que a
criatividade vem quando ficamos mais à vontade. Estudei muito pra lidar
com a escola indígena. Posso atuar na escola do branco também. Tenho
mais técnicas, ferramentas, material voltado para a (sic) aldeia. Sinto-me
mais valorizada e preparada. Sei que preciso mais (Acadêmica 03).
Na questão da sala de aula indígena, hoje eu tenho uma nova visão, até
mesmo dos povos indígenas. Como eu trabalhava com os Katukina na
época que ingressei neste curso eu trabalhava somente utilizando o
português. Hoje, a partir do momento que assumi a sala de aula vou
trabalhar de forma bilíngue (Acadêmico 04).
Antes eu não tinha conhecimento de tradição, do que é educação
escolar indígena e educação escolar normal. Não sabia como diferenciar
essas coisas e através do curso a gente foi se adaptando e criando
novos conceitos e técnicas, a partir das discussões e debates em sala
(Acadêmico 05).
Analisando as respostas acima, é notório que o curso apresentou metodologias e
estratégias de ensino que buscam valorizar os conhecimentos tradicionais aliados com os
científicos. A identidade desses alunos-professores foi se constituindo ao longo do curso
e, muitas vezes, se confrontava com as identidades outras que cada um já tinha. Suas
crenças, práticas docentes, enfim, tudo foi alterado, pois as identidades, de fato, estão
sempre em constante estado de fluxo e mudança.
A formação inicial foi um processo que alterou profundamente a forma de pensar e de
agir desses alunos-professores que já encaram a formação continuada como o próximo
passo a ser dado.
Conclusões
Esta pesquisa nos permitiu compreender o quanto a formação do docente pode contribuir
para o fortalecimento da identidade de um povo, portanto, esse curso tem sido de grande
relevância social para as comunidades indígenas da região. Com esse estudo, a partir
dos dados coletados pelas entrevistas, foi possível traçar um perfil dos alunos-
professores desse curso bem como analisar a percepção dos mesmos sobre formação
que o curso oportunizou. Foi possível visualizar o quanto foi importante a formação
superior destes alunos-professores que entrevistamos. Na opinião desses acadêmicos, a
formação superior forneceu mecanismos que irão melhorar a prática docente no âmbito
escolar da comunidade indígena de cada etnia, diferentemente do que era antes,
imprimindo novas práticas educativas e alterando constantemente a identidade destes
docentes.
Consequentemente, a relevância social do curso justifica as árduas modificações que o
mesmo sofreu durante esse período de formação da primeira turma. Bem como os
desafios encarados por professores e alunos-professores demonstram que a luta não foi
em vão.
Diante do exposto, sugerimos que “dar voz aos professores” como descreve Nóvoa
(2009) é uma das estratégias formadoras de professores, pois possibilita conhecer suas
práticas pedagógicas cotidianas e identificar as necessidades dos mesmos. Isso
dinamiza o currículo, amplia os saberes docentes, conecta os alunos e professores em
torno de conhecimentos necessários. A presença dos professores nas decisões políticas
do currículo confere melhora qualitativa da prática pedagógica e faz com que aja
renovação pedagógica.
A desestruturação do espaço e do tempo curricular como evidenciados pelo Curso
Superior de Formação Docente para Indígenas possibilita olhar o currículo de forma
integrada, ampliando a autonomia dos professores, atendendo as características e
especificidades dos alunos-professores e suas comunidades. Essa forma de conceber o
currículo com espaços e tempos diferenciados pode servir de exemplo para outras
licenciaturas, quem sabe buscando a religação dos saberes como aconselha Morin
(2004).
Conforme detectamos muitos desafios ainda vão ser lançados, muitos obstáculos
deverão ser superados. É preciso que outras turmas sejam implantadas visando a
continuidade desse trabalho. Esse estudo poderá subsidiar a proposição de políticas
públicas educativas mais eficientes que coadunam com as aspirações dos principais
sujeitos sociais envolvidos neste estudo, os alunos-professores.
Novos estudos envolvendo os alunos de ensino médio e fundamental das comunidades
indígenas poderão identificar a reais mudanças que esses alunos-professores e sua
formação intercultural realmente trouxeram para o âmbito da escola indígena e,
consequentemente, para toda a comunidade indígena em que estes estão inseridos.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação.(2002). Referenciais para a formação de professores
indíngenas/ Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC; SEF.
CALEFF, Paulo.(2003). O que é ser índio hoje? A questão indígena na América
Latina/Brasil no ínico do século XXI. In SIDEKUN, Antônio. (2003). Alteridade e
multiculturalismo. Ijuí: Ed. Unijuí.
CUNHA, M. C. da. (2009). Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify.
CUNHA, Manoel Estébio Cavalcante.(2009). O Acre e a educação escolar indígena,
intercultural, diferenciada e bilíngue. 170f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Letras
– Linguagem e Identidade) Universidade Federal do Acre, Rio Branco – Acre, 2009.
RIBEIRO, D.(2001). O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2.ed.São Paulo:
Companhia das Letras.
HALL, S.(2002). A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva
e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A.
LIMA, Joélito da Silva; PINTO, Maria Dolores de Oliveira Soares; MARTINS, Francisca
Ádma de Oliveira.(2012) Curso superior indígena da UFAC: perspectiva discente.
Monografia de Iniciação de Pesquisa Cientifica/PIBIC. Universidade Federal do Acre,
Campus Floresta.
LÜDKE, M. e ANDRÉ, M. E. D.A.(2001) Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.
6. reimp. São Paulo: EPU.
MAY, T. Pesquisa social (2004). 3. ed. Porto Alegre: Artmed.
MELIÀ, B.(1999). Educação indígena na escola. Cadernos Cedes, Campinas, ano XIX,
n.49, p.11-17, dez.
MORIN, E.(2004). A religação dos saberes, o desafio do século XXI. São Paulo: Bertrand
Brasil.
NASCIMENTO, R.(2006). Educação Escolar dos Indios: o consenso e dissensos no
projeto de formação docente Tapeba, Pintaguary e Jenipapo-Kanidé.. 121f. Dissertação
de Mestrado (Mestado em Educação, Centro de Ciencias Sociais Aplicadas, Programa de
Pós-Graduação em Educação), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
2006.
NÓVOA, A. (2009). Professores: imagens do futuro presente. Lisboa, PT: EDUCA.
SEVERINO, A. J. (2000). Metodologia do trabalho científico. 21. ed. rev. e ampl. São
Paulo: Cortez.
TARDIF, M. (2002). Saberes docentes e formação profissional. 5. ed. Petrópolis: Vozes.
UFAC. Projeto Político Pedagógico do Curso de Formação Docente para Indígenas,
Campus Floresta, 2007.

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AVALIAÇÃO DO CURSO SUPERIOR INDÍGENA DA UFAC- CAMPUS FLORESTA: A VOZ DOS (FUTUROS) PROFESSORES INDÍGENAS DO ESTADO DO ACRE1

  • 1. Desenvolvimento e avaliação de programas de inserção profissional para o professorado principiante INFORME DE INVESTIGAÇÃO AVALIAÇÃO DO CURSO SUPERIOR INDÍGENA DA UFAC- CAMPUS FLORESTA: A VOZ DOS (FUTUROS) PROFESSORES INDÍGENAS DO ESTADO DO ACRE1 WALKER, Maristela Rosso maristelawalker@hotmail.com Universidade Federal do Acre- Campus Floresta/AC LIMA, Joelito Silva joelito_slima@hotmail.com Universidade Federal do Acre- Campus Floresta/AC Palavras-chave: Formação de Professores - Perspectiva Discente - Curso Superior Indígena- Educação Escolar Indígena - Avaliação de Curso Resumo A elaboração e o desenvolvimento de currículos na educação superior configura-se em autonomia para as universidades ao mesmo tempo em que desencadeiam desafios à sua implementação, tanto no que se refere às questões de gestão bem como para àqueles que se submetem aos caminhos formativos que serão percorridos. Refletir e discutir sobre a formação de professores para além da tradição acadêmica é suscitar discussões sobre novas formas de relações dos saberes curriculares e sua aplicabilidade no campo profissional. Nesse sentido, esse trabalho origina-se de pesquisa de PIBIC desenvolvida na Universidade Federal do Acre (UFAC)-Campus Floresta entre os anos de 2012 e 2013 ao mesmo tempo em que tece interlocuções com a experiência de ter participado como membro da comissão de elaboração da proposta do Curso Superior de Formação 1 Esse trabalho será apresentado, com algumas alterações, no XXII Seminário de Iniciação Científica - PIBIC e XII Mostra de Pesquisa e Pós-Graduação da UFAC – Campus Floresta, no período de 26 a 28 de novembro de 2013, com o título “O curso superior indígena da UFAC: teoria e prática na perspectiva discente”.Também foi apresentado com pequenas alterações na II JORNADA DE DIDÁTICA – DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: CAMINHOS PARA UMA PRÁXIS TRANSFORMADORA E I SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CEMAD de 10 a 12 de setembro de 2013, na Universidade Estadual de Londrina-PRcom o título SUBSÍDIOS DO CURSO SUPERIOR INDÍGENA DA UFAC PARA OS FUTUROS PROFESSORES INDÍGENAS DO ESTADO DO ACRE.
  • 2. Docente para Indígenas, na referida Universidade. Descrevem-se os aspectos sócio- político- pedagógicos da formação dos alunos do Curso de Formação Docente para Indígenas oferecido pela Universidade. Objetiva-se investigar na perspectiva do olhar discente, a contribuição deste Curso para a prática profissional dos professores atuantes nas turmas do primeiro ciclo do Ensino Fundamental da educação escolar indígena identificando os subsídios teóricos e práticos que são construídos durante a formação para uma efetiva prática profissional. Teóricos como Hall (2003), Caleff (2003), Nascimento (2006) e Cunha (2009) entre outros, subsidiam teoricamente as discussões desse trabalho. Utilizam-se como instrumentos de pesquisa: análise documental, observação participante e entrevista semiestruturada, numa abordagem qualitativa. A partir dos dados coletados foi possível, analisar a percepção dos futuros professores indígenas sobre as práticas diferenciadas e específicas que compõem sua formação acadêmica, bem como subsidiar a proposição de políticas públicas educativas mais eficientes que coadunem com as aspirações dos sujeitos sociais envolvidos neste estudo, os próprios discentes. Introdução Este artigo origina-se de uma pesquisa de PIBIC intitulada “O Curso superior indígena da UFAC: teoria e prática na perspectiva discente”, realizada durante os anos de 2012 e 2013 bem como estabelece interlocuções com a experiência advinda da participação da autora como membro da comissão que elaborou a proposta do Curso Superior de Formação Docente para Indígenas, do Campus Floresta, e procura compreender e avaliar aspectos didático-pedagógicos do referido curso e sua relação com os discentes em formação. Essa licenciatura foi gestada no ano de 2006, a partir de movimentos sociais e se concretizou por meio de parcerias entre a UFAC e Governo do Acre, objetivando a formação de professores indígenas para atuarem nas suas respectivas comunidades indigenas. Desde a sua concepção fizemos parte da elaboração da proposta, só não atuamos como docente por motivos de licença para capacitação ( liberação para cursar doutoramento). Este curso possui uma carga horária total de 3765 horas aula, divididas em períodos letivos diferenciados dos cursos de licenciatura. O curso intercala fases de formação na universidade (períodos de 30 dias letivos, em tempo integral) com períodos de formação nas comunidades indígenas acompanhados pelos docentes (45 dias letivos, também em tempo integral) e períodos destinados aos recessos e férias (para respeitar as épocas de plantio, roçados, enfim, o calendário cultural de cada etnia), configurando-se como um curso intercultural. Implantado em 2007, o curso atende as necessidades de professores das diferentes etnias indígenas localizadas no Estado do Acre e no baixo Juruá, região geograficamente localizada no Estado do Amazonas, (famílias etnolinguísticas Pano, Arawa e Aruak), outorgando formação superior de professores para o Ensino Fundamental e Médio, com habilitação em uma das seguintes áreas específicas: Linguagens e Artes (Língua
  • 3. Portuguesa e Artes), ou Ciências Sociais e Humanidades (História e Geografia) ou Ciências da Natureza (Biologia e Matemática). Nesse contexto, estudos dessa natureza podem subsidiar a implementação de novas estratégias de ensino e aprendizagem de professores indígenas. Com essa perspectiva, este estudo busca compreender como o discente, ator social principal envolvido nesse processo, avalia a sua formação adquirida nos quase 07 anos que esteve na UFAC. Assim, será possível identificar quais as autorreflexões que os alunos deste curso fazem a respeito deste processo. O presente artigo tem como objetivo identificar pela perspectiva do olhar discente a contribuição deste curso superior, no que concerne aos subsídios teóricos e práticos que são construídos durante a formação para uma efetiva prática profissional dos futuros docentes, que, na grande maioria, atuam como educadores nas turmas do primeiro ciclo do Ensino Fundamental da educação escolar indígena. A partir dos discentes entrevistados, procuramos compreender como foi conduzida a formação dos professores indígenas e quais as prioridades elegidas na formação. Indagamos sobre os subsídios que a UFAC tem oferecido ou oferecerá para a consolidação teoria-prática dos profissionais, assim como para sua atuação frente a “gestão escolar, o saber da língua materna, o fortalecimento da identidade, a cidadania e o respeito a diversidade cultural. Questionamos como são difundidos os saberes na aldeia, subsidiados pela formação acadêmica e como esse curso tem contribuído para a efetiva prática pedagógica nas escolas indígenas. Por último, queríamos saber se houve mudanças qualitativas em relação a identidade profissional desses professores nas suas respectivas aldeias. Essas questões são importantes do ponto de vista educacional pois como afirmam Florestan Fernandes (2001) e Bartolomeu Melià (1999), os povos indígenas entendem a educação como responsabilidade coletiva. Nesse estudo, as questões indígenas e educacionais são abordadas à luz de teóricos como Hall (2003), Caleff (2003), Nascimento (2006) e Cunha (2009). A partir dessa abordagem teórica, esperamos compreender a dinâmica desses profissionais, analisando sua formação acadêmica e a contribuição dessa nova aprendizagem na sua prática pedagógica. Quanto à escolha metodológica da pesquisa, lançamos mão da análise documental, observação participante e entrevista semiestruturada, numa abordagem qualitativa (LUDKE, ANDRÉ, 1986; NEVES, 1996; MAY, 2004). A entrevista foi a estratégia mais pertinente no processo de coleta de dados, pois gravamos em áudio as conversas para posterior análise. As falas dos alunos-professores aqui apresentadas revelam que o Curso de Formação de Professores Indígenas foi de grande relevância social porque oportunizou o contato com diversas culturas, despertando o interesse pelo revivamento de aspectos culturais tradicionais no âmbito das comunidades indígenas que tendem a desaparecer; revigorou os ânimos para lidar com a educação indígena; apresentou estratégias de motivação para serem repassadas aos alunos das comunidades, promoveu a busca pela produção de conhecimento a partir dos saberes locais. Diante dos contratempos políticos administrativos, o resultado é positivo porque concretizou o sonho de grande parte dos educadores que estava nas salas de aula indígenas e que aspirava por uma formação que apresentasse novas diretrizes e métodos de ensino que motivassem o engajamento de toda a comunidade na construção de uma escola indígena mais qualificada,
  • 4. democrática e que fosse de encontro com as aspirações de cada uma, considerando o contexto e a diversidade sócio cultural dos povos indígenas. Metodologia Este estudo se inscreve no campo das pesquisas qualitativas seguindo a perspectiva metodológica apresentada por Ludke e André (1986). A abordagem qualitativa é apropriada a este estudo por permitir a compreensão dos fatos a partir das interações efetivadas com os discentes do curso, possibilitando a interpretação das autorreflexões feitas pelos próprios alunos-professores indígenas durante a fase final da formação inicial. Neste estudo, emergiu nos pesquisadores o desejo de ir ao encontro dos sujeitos da pesquisa objetivando estabelecer relações dialógicas. Dessa maneira, conforme nos ensina May (2004), foi possível estabelecer laços de amizade que facilitaram a aquisição dos dados. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semi-estruturada, gravada em áudio. Os trechos das reflexões aqui apresentados foram transcritas pelo próprio pesquisador, a partir da compreensão da audição das falas. Devido aos contratempos oportunizados pela greve geral dos docentes e técnicos administrativos das universidades federais, esse estudo só foi possível em virtude da relação amigável estabelecida em pesquisas anteriores. De fato, é importante mencionar que não foi possível ter contato novamente com a grande maioria dos alunos entrevistados outrora pelo fato dos alunos não habitaram na cidade e sim, nas comunidades indígenas, onde atuam como professores. Durante o processo de coleta de dados, poucos foram os sujeitos que tivemos acesso em virtude dos desencontros causados pelos ajustamentos do calendário acadêmico durante o segundo semestre de 2012. Ainda em 2013, o curso vai presenciar a colação de grau de 53 (cinquenta e três) professores. Deste total, apenas 05 (cinco) puderam ser localizados e concederam entrevista, pouco menos de 10% da turma. Ao todo, o curso possui vinte mulheres e trinta e três homens, mas coletamos dados apenas com três mulheres e dois homens, da faixa-etária dos 38 a 48 anos, conforme gráfico 1:
  • 5. Gráfico 1 – Representação por gênero. Em virtude do contato limitado com os discentes do curso para efetuarmos as entrevistas, nem todas as etnias tiveram representatividade neste estudo, no intuito de ouvi-los sobre os aspectos didáticos pedagógicos da formação. É fato que o curso possui representatividade das treze etnias que coabitam o contexto do vale do Juruá, (CUNHA, 2009) mas neste estudo contamos apenas com 02 (duas) representantes da etnia Nawa, 01 (uma) da etnia Marubo, 01 (um) da etnia Katukina e 01 (um) da etnia Arara. Gráfico 2 – Representatividade das etnias do Curso. Objetivando preservar as identidades dos alunos-professores entrevistados, neste estudo identificamos os sujeitos da pesquisa como: Acadêmica 01, Acadêmica 02, Acadêmica 03, Acadêmico 04 e Acadêmico 05. Dentre as entrevistadas, a Acadêmica 01 e a Acadêmica 02 afirmaram possuir contato com os Nawa do alto do rio
  • 6. Moa, mas não se declararam indígenas. Segundo elas, há dez anos elas tem atuado como professoras junto aos povos indígenas. Devido esse engajamento, elas foram autorizadas pelo cacique da comunidade indígena a serem representantes da etnia no curso oferecido pela UFAC. A permissão do líder das comunidades indígenas era um dos critérios para que os discentes pudessem ter acesso ao curso, conforme o projeto pedagógico previa, visto que em sua maioria, deveriam ser indígenas. Já a Acadêmica 03 se declarou indígena Marubo, etnia localizada no baixo rio Juruá. Ela não nasceu na aldeia, mas é casada com nativo da tribo e seus filhos todos nasceram na aldeia. Devido a convivência com os Marubo, ela se nomeia ou autodenomina indígena e gostaria que todos a reconhecessem como tal. Todas as três mulheres entrevistadas optaram pela habilitação em Linguagem e Artes. O Acadêmico 04 sente-se inserido na cultura Katukina pelo fato de exercer a docência nessa etnia, mas não se declara indígena e sim, um indigenista. Na época do processo seletivo para o curso ele recebeu autorização do cacique para participar do certame porque ministrava aulas por quase 04 (quatro) anos na Terra Indígena Katukina, localizada na BR 364, Cruzeiro do Sul. O Acadêmico 05 é índio Arara, nascido e criado no âmbito da comunidade indígena, localizada nas Terras Indígenas Arara do Igarapé Humaitá. Ambos, os universitários do sexo masculino optaram pela habilitação em Ciências da Natureza. Discussões No contexto da América Latina, Caleff (2003) nos faz lembrar que as conquistas alcançadas pelos indígenas estão intrinsecamente relacionadas aos movimentos indigenistas instaurados na segunda metade do século passado. Por décadas, sempre existiu a figura do intermediário que representava a causa indígena em diferentes esferas da sociedade organizada. Hoje, no início do século XXI, a questão indígena no Brasil tem permanecido em evidencia, tem se intensificado as lutas contra a marginalização imposta pelas políticas coloniais e nacionais, mas começa haver uma mudança de paradigma na representação desses povos. Os próprios indígenas são, agora, os mediadores e construtores das diretrizes culturais. A partir da união e da luta pelos seus direitos é que eles têm atingido maiores êxitos, permitindo conseguir viver cada vez mais em consonância com o contexto social no qual estão inseridos. Assim, a identidade indígena, em constante estado de constituição, é um processo que avança na direção da emancipação e da auto gerência, retirando da figura do indigenista o papel de mediador e representante perante as instituições. No contexto do Acre, mais especificamente no tocante à educação indígena, já é uma realidade a proposição de estratégias de ensino que seja consoante com as aspirações do contexto social das etnias indígenas. Aos poucos, vão se tornando atribuições dos próprios índios discutirem as estratégias de educação que mantém vivo os traços da cultura e dos saberes tradicionais cultivados no âmbito de cada comunidade indígena. Para todos os acadêmicos entrevistados os curso foi de extrema importância no avivamento da cultura de cada etnia. Na aldeia que eu trabalhava quase não se trabalhava assuntos indígenas. Hoje, depois que nos conscientizamos da importância dos assuntos indígenas, esse tema passou a ser discutido em sala de aula.
  • 7. Agora está mais fácil discutir os assuntos indígenas. E essa estratégia aprendi no curso (Acadêmica 02). Nas palavras do Acadêmico 05: Foram ministradas algumas oficinas (2 ou 3) no Centro Diocesano, com professores de fora, onde eles faziam debates com a gente, buscando sempre incentivar a revitalização da cultura e questão da língua. Nosso povo foi mais priorizado a resgate da língua, pois a língua de um povo é tudo em sua cultura, sua identidade. De acordo com Nascimento (2006), a educação indígena deve acontecer de forma que garanta uma formação de qualidade em todos os aspectos, prevalecendo o direito a manutenção de suas línguas e culturas e a uma educação respeitosa, com objetivos próprios, currículo especifico, de acordo com seu projeto próprio. Cunha (2009) também argumenta que a educação indígena seja diferenciada e bilíngue para poder suprir as necessidades dos educandos indígenas, de todos os níveis de ensino. A esse respeito o Acadêmico 05 argumenta: A meu ver, o que a gente aprende aqui, quando chega na aldeia, esse conhecimento é um pouco rejeitado. Por que aqui, no curso, a gente está se adaptando mais para a educação indígena, buscando revitalizar a cultura, colocando em prática os conhecimentos tradicionais como as dança, os gritos e desenhos. Por exemplo, levar um pajé na sala para dar uma palestra, falar sobre a questão do entorno, das descobertas etc. Muitos indígenas têm certa rejeição quando se trata da coisa indígena, eles querem mais essas coisas do homem branco, computadores, celulares da hora, os ritmos musicais do branco, o sapato da hora. Como a cultura indígena e a branca já estão bem misturadas dentro das aldeias, com exceção das mais distantes, os indígenas não querem saber do reviver da cultura, querem é coisa dos brancos (Acadêmico 05). Foi durante o curso que os acadêmicos puderam discutir essa problemática e adquiriram estratégias para melhor mediar a questão da inserção da cultura de cada etnia como sendo fator importante e merecedor de atenção, por parte dos próprios índios que, segundo a Acadêmica 03, se viam inferiores em relação à cultura do branco. O indígena se sente muito desvalorizado. Mas o curso traz um valor pra gente. A gente via as aulas e se sentia valorizado. Porque levávamos assuntos da nossa aldeia pra a sala de aula. Quando eu estava na aldeia não percebia que nossa cultura estava se acabando. Meus filhos na escola do branco sofriam preconceitos. Na escola do branco eles se atrofiavam e não falavam mais a língua materna da aldeia. Quando cheguei ao curso, o incentivo do professor nos levou a perceber que a gente tinha que lutar por isso. Isso trouxe uma preocupação e ao mesmo tempo reavivou o resgate pela língua (Acadêmica 03). O curso, para todos os entrevistados, ajudou a repensar as mudanças que ocorrem no âmbito de cada comunidade indígena. Para eles, é papel dos alunos-professores
  • 8. indígenas trabalharem essa questão da mudança cultural no âmbito da sala de aula. Para Hall (2002, p. 9): Um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais [...] mudando nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós próprios como sujeitos integrados [...]a perda de um sentido de si estável. Segundo Hall (2002) os problemas da constituição da identidade é um processo constante e que toda a sociedade está a presenciar. A extensa discussão sobre a identidade é motivada, atualmente, pelo fato de que “as velhas identidades estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado (HALL, 2002, p. 7). A crise da identidade é provocada por mudanças globais que desestabilizaram os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. É possível afirmar que os discentes do curso vivenciaram mudanças identitárias significativas. Quando alguns pensam que estão voltando para uma posição que tinham abandonado, na verdade estão se constituindo como detentores de outra identidade. Antes eu não tinha procurado compreender minha cultura porque eu sou indígena, mas nasci e me criei aqui. Não foi na aldeia. Então essa questão da cultura dos conhecimentos tradicionais do meu povo eu tinha deixado de fora, porque antes tinha muito preconceito. Eu tinha vergonha de falar que era indígena. Ainda hoje existe o preconceito mais é de uma forma mais fechada. A partir do momento que eu estudo e investigo a cultura do meu povo me sinto mais valorizado como índio. Isso depois do curso (Acadêmico 05). Para os acadêmicos entrevistados, a mudança ocorre pela educação voltada para os assuntos pertinentes a causa indígena. Oliveira (2008, p.36) confirma que: Ao privilegiar determinados conteúdos e formas de viver, a escola tem se mostrado mais ou menos excludente, classificatória e hierarquizante, marginalizando os conhecimentos produzidos por muitos grupos socialmente desprestigiados. E, além de regular e selecionar conhecimentos, a escola regula e disciplina o campo de atuação dos “outros” [...] Nesse sentido, procuramos compreender como foi conduzida a formação dos professores indígenas e quais as prioridades elegidas na formação buscando perceber estratégias que levaram a mudanças de comportamentos, de identidade e, consequentemente, de práticas docentes dos alunos-professores.
  • 9. A relação dos discentes com os aspectos didáticos Pedagógicos Ao questionarmos sobre a condução das aulas, a relação teoria prática, os acadêmicos nos informaram que: Teve aulas extra sala. Inclusive pesquisa. Algumas disciplinas tinham aulas de campo. Algumas disciplinas visavam atender as demandas do povo indígena. Inclusive preservação da cultura. Os conteúdos de Linguagem e Artes foram mais interessantes porque enfocava a língua materna de algumas etnias do Vale do Juruá. A carga horária foi maior. A gente fazia pesquisa pra identificar a língua falada nas (sic) aldeias locais porque existem alguns índios que tem vergonha de falar a própria língua. O objetivo era preservar a cultura desses povos, preservarem a língua (Acadêmica 01). De acordo com os discentes a metodologia de ensino adotada pelos professores para ministrar as aulas, foi condizente a todos. A maioria ocorria em sala de aula, mas tiveram diversos momentos que foram fora da sala de aula. A gente veio para os jogos das: olimpíadas indígenas, no Barão, que foi constado como aula. Nós fizemos alguns trabalhos de pesquisas e algumas apresentações, também nas (sic) Aldeias. A gente escolhia a etnia que queria e ia para a (sic) aldeia fazer observações da cultura desse povo. Isso foi muito enriquecedor para nosso conhecimento a respeito dos diferentes grupos indígenas que existem na nossa região (Acadêmica 02). Quanto aos conteúdos trabalhados, ainda há que se articular melhor o que é ensinado com os anseios dos discentes, algo complexo porque a clientela do curso é heterogênea, com alunos oriundos de diversas etnias. A meu ver, todos os conteúdos tiveram sua devida importância e priorização. Mais teve algumas disciplinas que foram assim, meio conturbadas. Assim a agente acha que não alcançou 100% do conteúdo, por que na maioria das vezes a gente não (sic) tinham(...) assim eu como me formei nas educação do branco e sempre tive ligação com conteúdo não-indígena foi mais fácil para mim. Mas os parentes que eram indígenas e não teve tanto contato com os conteúdos dos brancos, eles tinham o conhecimento só da cultura mesmo. Eles tinham mais dificuldade em assimilar os conteúdos. Acho que ficou algo a desejar neste ponto (Acadêmico 05). Sobre as estratégias de avaliação adotadas pelos professores, os discentes discordam ente si e alguns discordam das práticas adotadas pelos próprios professores. Em certos casos existiam uma avaliação diferenciada. Depende de professor para professor. Alguns usavam a velha teoria de prova, trabalho, já outros usavam da participação, desempenho dos alunos, sem provas, etc. Na minha opinião, a avaliação diferenciada é mais
  • 10. correta para o curso, pois ele é muito complexo. Por ser um curso indígena, às vezes a gente pensa que índio tudo é uma cultura só, uma coisa só. Na verdade não é. Cada um tem seu jeito de viver, seu jeito de agir. Cada etnia tem uma cultura diferente, com isso fica muito difícil de avaliar. O professor tem que ser flexível e ao mesmo tempo tem que ter conhecimento da cultura de cada uma para poder avaliar. Na verdade os professores deste curso encontravam uma grande dificuldade de avaliar os alunos (Acadêmica 02). Essas reflexões a respeito do sistema de avaliação adotado pelos professores durante o curso revelam que é preciso sempre levar em consideração as diversas identidades e etnias que constituem o corpo discente do curso. É imperativo adotar estratégias de avaliação condizente com práticas cotidianas vivenciadas pelos alunos, relacionando sempre os conteúdos ensinados com aspectos sócio culturais dos acadêmicos do curso. Ao indagarmos sobre os subsídios que a UFAC tem oferecido ou oferecerá para a consolidação teoria-prática dos profissionais, assim como para sua atuação frente a “gestão escolar, o saber da língua materna, a cidadania e o respeito à diversidade cultural houve quase unanimidade em enfatizar os aspectos positivos. A gerência de projetos pedagógicos e execução dos mesmos já são efetuadas pelos próprios indígenas ou alunos do curso que vive na própria comunidade indígena, uma vez que o curso também focou nesse aspecto: “Já venho trabalhando com área pedagógica, com o trabalho que faço na secretaria. Então eu me sinto preparado sim para assumir a gestão da escola na aldeia” (Acadêmico 05). Para esse acadêmico, a experiência acumulada em outras atividades ligadas à educação indígena, prepara-o cada vez mais para uma gestão escolar, direcionado com os anseios da comunidade indígena. Outro acadêmico acredita que a formação continuada aliada com as experiências já vivenciadas podem trazer resultados positivos no processo da gestão escolar. Dentro da área indígena sim. Até porque eu já fui gestor, já 4 anos na nossa área, na área não indígena. Então com mais esse aprimoramento que eu tenho do conhecimento, eu acho que tenho capacidade futuramente de estar assumindo uma gestão de uma escola indígena. Até porque eu estou fazendo uma pós-graduação na área de gestão escolar (Acadêmico 04). Mas, por outro lado, a Acadêmica 03 enfatiza que: Não me sinto totalmente preparada. Existe a cultura de querer aprender o português lá na (sic) Aldeia. Queremos ensinar a língua materna da aldeia. Às vezes, encontro resistência. Eles querem aprender o português para não (sic) ser mais enganados pelo branco. É muita coisa pra fazer. Eu teria que começar do zero. Como que eu formada recentemente poderia mudar toda essa concepção da (sic) aldeia? É preciso mais força, mais pessoas pra ajudar (Acadêmica 03). Para a acadêmica citada acima, a gestão escolar deve ser compartilhada e com ajuda de outros atores sociais da comunidade indígena. Sem apoio de todos os envolvidos, não se consegue êxito. Essa consciência revela que a mesma possui estratégias suficientes
  • 11. para exercer o processo da gestão escolar, atividade não feita apenas por uma pessoa. E sim, com a participação e colaboração de todos. Questionamos como são difundidos os saberes na aldeia, subsidiados pela formação acadêmica e como esse curso tem contribuído para a efetiva prática pedagógica nas escolas indígenas. Obtivemos as seguintes respostas: Meu trabalho é voltado para as comidas tradicionais da etnia Nukini. Muitos estão esquecendo as práticas de alimentação dessa (sic) aldeia. Os indígenas mais novos não estão querendo mais comer a alimentação tradicional. Esse estudo procura resgatar essa prática (Acadêmica 01). Meu Trabalho de Conclusão de Curso é uma cartilha sobre as comidas tradicionais do povo Nukini. Já estamos com 129 páginas escritas...Neste trabalho eu procuro contribuir com a produção de material didático para as escola dentro da (sic) aldeia (Acadêmica 02). Estou trabalhando com os grafismos. Antes achava que sabia de tudo sobre o grafismo. Quando comecei estudar me apaixonei. O significado de cada uma. Que vem do passado, dos ancestrais. Gente, eu precisei resumir o TCC porque era muita coisa. Ele tem contribuído para a preservação da cultura. Muitas escolas realizam esse trabalho. Pretendo também fazer um dicionário. Eu e meu esposo somos tradutores da língua. Às vezes me sinto impotente pra tanta coisa. Tudo é desafio. Mais sempre quero fazer mais e mais, principalmente depois que cheguei ao curso e identifiquei as necessidades da (sic) aldeia (Acadêmica 03). É salutar o quanto as identidades desses alunos-professores foram se constituindo ao longo do curso. O contexto social local adentrou o ambiente da sala de aula, ressignificando o papel de cada um como cidadãos indígenas ou indigenistas. O engajamento com as questões locais de cada comunidade indígena repercutiu fortemente na formação de cada um. Por último, queríamos saber se houve mudanças qualitativas em relação a identidade profissional desses professores nas suas respectivas comunidades indígenas: A maneira de ensinar, por exemplo, antes eu não motivava muito meus alunos. Agora me sinto na obrigação de motivar. A sala de aula é o ponto primordial para aprender algo. O professor como o principal mediador para os alunos conquistarem o objetivo. Acho que a educação é o ponto chave de todas as coisas. Sem educação não se vai a lugar algum. Para crescer profissionalmente é preciso de educação (Acadêmica 01). Sinto-me mais preparada por que aprendi muitas coisas novas que só facilitam minhas aulas. Minha prática e conhecimento melhoraram muito depois do curso. Sinto-me mais confiante e preparada, com melhor domínio de conteúdo e de sala. Antes eu via sala de aula com um obstáculo, com toda essa preparação que tive este obstáculo, ficou mais fácil superá-lo e fazer um bom trabalho (Acadêmica 02). A sala de aula era algo cansativo. Cumprir os horários. Hoje, vejo que a criatividade vem quando ficamos mais à vontade. Estudei muito pra lidar com a escola indígena. Posso atuar na escola do branco também. Tenho mais técnicas, ferramentas, material voltado para a (sic) aldeia. Sinto-me mais valorizada e preparada. Sei que preciso mais (Acadêmica 03).
  • 12. Na questão da sala de aula indígena, hoje eu tenho uma nova visão, até mesmo dos povos indígenas. Como eu trabalhava com os Katukina na época que ingressei neste curso eu trabalhava somente utilizando o português. Hoje, a partir do momento que assumi a sala de aula vou trabalhar de forma bilíngue (Acadêmico 04). Antes eu não tinha conhecimento de tradição, do que é educação escolar indígena e educação escolar normal. Não sabia como diferenciar essas coisas e através do curso a gente foi se adaptando e criando novos conceitos e técnicas, a partir das discussões e debates em sala (Acadêmico 05). Analisando as respostas acima, é notório que o curso apresentou metodologias e estratégias de ensino que buscam valorizar os conhecimentos tradicionais aliados com os científicos. A identidade desses alunos-professores foi se constituindo ao longo do curso e, muitas vezes, se confrontava com as identidades outras que cada um já tinha. Suas crenças, práticas docentes, enfim, tudo foi alterado, pois as identidades, de fato, estão sempre em constante estado de fluxo e mudança. A formação inicial foi um processo que alterou profundamente a forma de pensar e de agir desses alunos-professores que já encaram a formação continuada como o próximo passo a ser dado. Conclusões Esta pesquisa nos permitiu compreender o quanto a formação do docente pode contribuir para o fortalecimento da identidade de um povo, portanto, esse curso tem sido de grande relevância social para as comunidades indígenas da região. Com esse estudo, a partir dos dados coletados pelas entrevistas, foi possível traçar um perfil dos alunos- professores desse curso bem como analisar a percepção dos mesmos sobre formação que o curso oportunizou. Foi possível visualizar o quanto foi importante a formação superior destes alunos-professores que entrevistamos. Na opinião desses acadêmicos, a formação superior forneceu mecanismos que irão melhorar a prática docente no âmbito escolar da comunidade indígena de cada etnia, diferentemente do que era antes, imprimindo novas práticas educativas e alterando constantemente a identidade destes docentes. Consequentemente, a relevância social do curso justifica as árduas modificações que o mesmo sofreu durante esse período de formação da primeira turma. Bem como os desafios encarados por professores e alunos-professores demonstram que a luta não foi em vão. Diante do exposto, sugerimos que “dar voz aos professores” como descreve Nóvoa (2009) é uma das estratégias formadoras de professores, pois possibilita conhecer suas práticas pedagógicas cotidianas e identificar as necessidades dos mesmos. Isso dinamiza o currículo, amplia os saberes docentes, conecta os alunos e professores em torno de conhecimentos necessários. A presença dos professores nas decisões políticas do currículo confere melhora qualitativa da prática pedagógica e faz com que aja renovação pedagógica. A desestruturação do espaço e do tempo curricular como evidenciados pelo Curso Superior de Formação Docente para Indígenas possibilita olhar o currículo de forma integrada, ampliando a autonomia dos professores, atendendo as características e
  • 13. especificidades dos alunos-professores e suas comunidades. Essa forma de conceber o currículo com espaços e tempos diferenciados pode servir de exemplo para outras licenciaturas, quem sabe buscando a religação dos saberes como aconselha Morin (2004). Conforme detectamos muitos desafios ainda vão ser lançados, muitos obstáculos deverão ser superados. É preciso que outras turmas sejam implantadas visando a continuidade desse trabalho. Esse estudo poderá subsidiar a proposição de políticas públicas educativas mais eficientes que coadunam com as aspirações dos principais sujeitos sociais envolvidos neste estudo, os alunos-professores. Novos estudos envolvendo os alunos de ensino médio e fundamental das comunidades indígenas poderão identificar a reais mudanças que esses alunos-professores e sua formação intercultural realmente trouxeram para o âmbito da escola indígena e, consequentemente, para toda a comunidade indígena em que estes estão inseridos. Referências BRASIL. Ministério da Educação.(2002). Referenciais para a formação de professores indíngenas/ Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC; SEF. CALEFF, Paulo.(2003). O que é ser índio hoje? A questão indígena na América Latina/Brasil no ínico do século XXI. In SIDEKUN, Antônio. (2003). Alteridade e multiculturalismo. Ijuí: Ed. Unijuí. CUNHA, M. C. da. (2009). Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify. CUNHA, Manoel Estébio Cavalcante.(2009). O Acre e a educação escolar indígena, intercultural, diferenciada e bilíngue. 170f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Letras – Linguagem e Identidade) Universidade Federal do Acre, Rio Branco – Acre, 2009. RIBEIRO, D.(2001). O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2.ed.São Paulo: Companhia das Letras. HALL, S.(2002). A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A. LIMA, Joélito da Silva; PINTO, Maria Dolores de Oliveira Soares; MARTINS, Francisca Ádma de Oliveira.(2012) Curso superior indígena da UFAC: perspectiva discente. Monografia de Iniciação de Pesquisa Cientifica/PIBIC. Universidade Federal do Acre, Campus Floresta. LÜDKE, M. e ANDRÉ, M. E. D.A.(2001) Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 6. reimp. São Paulo: EPU. MAY, T. Pesquisa social (2004). 3. ed. Porto Alegre: Artmed. MELIÀ, B.(1999). Educação indígena na escola. Cadernos Cedes, Campinas, ano XIX, n.49, p.11-17, dez. MORIN, E.(2004). A religação dos saberes, o desafio do século XXI. São Paulo: Bertrand Brasil. NASCIMENTO, R.(2006). Educação Escolar dos Indios: o consenso e dissensos no projeto de formação docente Tapeba, Pintaguary e Jenipapo-Kanidé.. 121f. Dissertação de Mestrado (Mestado em Educação, Centro de Ciencias Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Educação), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006. NÓVOA, A. (2009). Professores: imagens do futuro presente. Lisboa, PT: EDUCA.
  • 14. SEVERINO, A. J. (2000). Metodologia do trabalho científico. 21. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez. TARDIF, M. (2002). Saberes docentes e formação profissional. 5. ed. Petrópolis: Vozes. UFAC. Projeto Político Pedagógico do Curso de Formação Docente para Indígenas, Campus Floresta, 2007.