O documento discute uma palestra do professor Pierluigi Piazzi sobre como estudar de forma mais eficiente. Ele explica que aluno é quem assiste aulas, enquanto estudante é quem estuda ativamente. Piazzi também critica o uso excessivo de tecnologia e redes sociais, defendendo que estudar requer escrever à mão. Ele ensina a estudar todos os dias e dormir bem para fixar informações no cérebro.
1. PIERLUIGI PIAZZI
“Aluno é quem assiste aulas; estudante é quem estuda”, ensina prof. Pier
Segundo o renomado escritor Pierluigi Piazzi, inteligência se aprende e se expande, basta ativar o cérebro
e aprender a estudar
A diferença entre ser aluno e ser estudante ficou bem clara na noite de 25 de junho de 2014 durante a
palestra “Aprendendo Inteligência”, ministrada pelo renomado escritor e professor Pierluigi Piazzi - o Prof.
Pier. O encontro, promovido pela Fundação Instituto de Educação de Barueri (Fieb), foi aberto ao público e
aconteceu no Centro de Eventos do Município.
Centenas de pessoas entre estudantes, professores, concurseiros e demais interessados aprenderam
como estudar menos e com mais eficiência, além de dar boas risadas, já que a palestra foi esclarecedora
e divertida.
Professor Pier, que é autor de vários livros, dentre eles os consagrados “Aprendendo Inteligência”,
“Estimulando Inteligência”, “Ensinando Inteligência”, e “Inteligência em Concursos”, começou a palestra
explicando por que os anos na escola e nos cursos superiores não são suficientes para obter bons
resultados em provas e concursos, sendo necessários cursinhos. Segundo ele, aluno é quem assiste a
aula, e isso não é ser estudante. E faz um alerta aos pais: “Em todos os países onde os pais querem que
os filhos sejam bons alunos, a educação está no fundo do poço”.
Impulsionando a inteligência
Para ele, o erro está em estudar apenas para provas e para obter boas notas. Dessa forma, garante o
professor, o aprendizado não se fixa no cérebro. Para tanto, se baseou em princípios da neurociência -
mais uma de suas especialidades - e explicou detalhadamente como usar o cérebro de forma mais
proveitosa e impulsionar a inteligência.
Ele apontou os três principais equívocos dos alunos na seguinte ordem: 1 – grave: não saber se comportar;
2 – muito grave: não ler livros como forma de lazer; e 3 – gravíssimo: estudar para a prova.
“Aula é para entender; a famosa lição de casa é para aprender”, afirma. E sentenciou: o estudo é individual,
solitário e ativo e só pode ser feito com lápis ou caneta, já que é preciso fazer uso da escrita. “Estudar é
escrever. Quanto mais você escreve, mais você aprende. Não tenha preguiça de escrever”, disse Pier.
O especialista criticou o uso exacerbado de tecnologias como smartphones e computadores e, é claro, a
internet e as famosas redes sociais. Para ele, esses recursos, além de levarem a distrações, fazem com
que o cérebro se acomode. Para fazer o cérebro funcionar é preciso, de acordo com suas palavras, parar
de empregar máquinas e promover uma “desintoxicação de internet”, que segundo estudos, provoca queda
2. no Quociente de Inteligência (Q.I.). “Quem tem sucesso no vestibular não é quem sabe mais, é quem é
mais inteligente”, garante.
A palestra atingiu seu auge quando o professor demonstrou o funcionamento do cérebro e como fazer para
que as informações se fixem nele para sempre. Para tanto, ensinou: é preciso estudar (sozinho e
escrevendo) todos os dias, rigorosamente, e ter uma boa noite de sono, pois é só durante o sono que a
informação é transmitida para o córtex cerebral, a área que consolida informações de curto prazo em longo
prazo. E para que a lição fosse realmente aprendida, recitou o que já é uma espécie de mantra entre seus
alunos: “Aula dada... aula estudada... HOJE!”.
E foi ao som dessa lição e de um sonoro “leia!” que o prof. Pier encerrou a palestra. Mas antes, os presentes
puderam comprar seus livros com um bom desconto, ganhar autógrafos e tirar fotos com o convidado.
Sobre Pierluigi Piazzi
O palestrante é formado em Química Industrial e Física, pós-graduado em Semiologia da Imagem,
Semiologia do Cinema e Psicolinguística pela Universidade de São Paulo (USP). Foi professor do curso de
Engenharia da Escola Politécnica da USP, do curso de pós-graduação de Formação de Terapeutas
Familiares da PUC – SP, dos cursos de Ciências da Computação e Engenharia da Computação da
UNISANTA, dentre outras atividades.
Entrevista exclusiva com Prof. Pierluigi Piazzi
Aos 71 anos, o escritor e professor Pieluigi Piazzi – o famoso Prof. Pier – está mais afiado do que nunca.
Com certeza é porque ele realmente sabe como explorar seu cérebro e leva isso muito a sério, afinal, como
ele mesmo diz – e publica -, inteligência se aprende e se expande. O bom é que ele também ensina como
fazer isso.
Nascido na Itália em 1943, Pier chegou ao Brasil com 11 anos e, apesar de viajar o mundo, é nas terras
tupiniquins que tem dedicado seu talento nato para ensinar. Baseado nos princípios da neurociência, tem
dedicado sua vida a mostrar às pessoas como explorar de forma otimizada essa fantástica ferramenta
chamada cérebro.
Pier brinca que, depois que publicou os livros “Aprendendo Inteligência”, “Estimulando Inteligência”,
“Ensinando Inteligência” e “Inteligência em Concursos”, não teve mais sossego. Mesmo assim, lamenta que
99% das escolas brasileiras mantenham posturas errôneas que considera verdadeiros crimes, como o
3. sistema de avaliação ainda vigente, por exemplo. Mas ele não desanima e segue dando sua valiosa
contribuição a quem pretende expandir a capacidade mental e subir os degraus do conhecimento.
Após ministrar palestra sobre como estudar menos e com mais eficiência, promovida pela Fundação
Instituto de Educação de Barueri (Fieb) no dia 25 de junho de 2014, aberta ao público, cedeu uma entrevista
exclusiva em que explica sua preocupação com as novas tecnologias, o que considera erros pedagógicos,
o tempo ideal de estudo por dia, dentre outros assuntos relacionados à educação.
FIEB: O senhor é contrário às novas tecnologias?
PROF. PIER: Não, afinal, o primeiro software educacional publicado no Brasil foi de minha autoria, na
década de 80! Sou contrário, isso sim, ao uso irresponsável das novas tecnologias. Por exemplo, estudos
sérios na área de neurociências mostram que escrever A MÃO permite um grau de retenção muitíssimo
maior do que digitar. E há irresponsáveis que ignoram isso e propõem a substituição do caderno por tablet!
Esses mesmos estudos mostram que ler em uma tela que emite luz produz uma compreensão e retenção
de informação três vezes menor do que ler em papel que reflete luz. E os mesmos irresponsáveis propõem
a substituição de livros em papel por livros digitais!
FIEB: O que fazer com relação a isso, já que o uso constante da tecnologia está impregnado,
especialmente nas novas gerações?
PROF. PIER: A tecnologia está impregnada na sociedade graças à exploração desenfreada do
consumismo! Assista qualquer intervalo comercial na TV ou olhe as páginas de publicidade de qualquer
revista de grande circulação e tente avaliar o pornográfico faturamento gerado pelo incentivo ao uso dessa
tecnologia. Cabe, portanto, à escola o papel de servir como alternativa. As horas passadas na escola
deveriam estar isentas (talvez não totalmente, mas prevalentemente) da tecnologia para oferecer à criança
e ao jovem um período livre do processo de imbecilização que o consumismo está gerando.
FIEB: Cada vez mais as escolas investem em recursos tecnológicos (lousas digitais, tablets para
cada aluno, internet etc.). O que o senhor pensa sobre isso?
PROF. PIER: Penso que o sistema escolar é administrado por pessoas extremamente ignorantes! E quando
falo "ignorantes" falo no sentido de desconhecedoras da realidade científica que as neurociências estão
descobrindo a respeito do funcionamento do cérebro. As faculdades de pedagogia ficam "patinando" com
os Piagets e Paulos Freires da vida e não entendem o porquê de não conseguir sair do lugar. Ou seja, é a
fração mais ignorante de nossa intelectualidade que está encarregada de gerir o sistema escolar! Esse é o
grande paradoxo!
FIEB: O senhor criticou bastante o aluno que estuda apenas para tirar nota. O que pensa, então,
sobre as escolas que oferecem recompensas aos alunos com as melhores médias?
4. PROF. PIER: Na realidade, o pecado não está em recompensar os bons resultados. O grande problema é
COMO esses resultados foram obtidos! O sistema de avaliação adotado pela maioria das escolas brasileiras
(em todos os níveis, incluindo a pós-graduação) é que está equivocado. Qualquer escola que permita que
um aluno possa obter uma boa nota por que estudou em cima da hora (esquecendo tudo no dia seguinte)
é uma escola que está sendo criminosamente incompetente no sistema de avaliação. Estou fazendo
centenas de palestras por esse Brasil afora tentando consertar isso e muitas escolas mudaram da água
para o vinho apenas por ter alterado seus mecanismos de avaliação. Infelizmente 99% das escolas
brasileiras ainda estão "cometendo o crime"!
FIEB: Qual seria o tempo ideal de estudo, conforme o senhor explicou?
PROF. PIER: Sempre estudar de lápis na mão ESCREVENDO. Ler não é estudar, estudar é escrever!
Quando o sistema educacional brasileiro ainda funcionava a contento (quando os ignorantes que têm
ataques de pedagorréia ainda não estavam impondo suas técnicas idiotas) as crianças tinham duas
atividades fantásticas: DITADO e CÓPIA! Como a enzima que produz formação de novos dendritos durante
o estudo se esgota em aproximadamente 40 minutos de atividade cerebral intensa (ESCREVENDO), o ideal
é nunca estudar mais que meia hora seguida. Nos meus livros proponho o ritmo de blocos de meia hora
intercalados por 10 minutos de descanso. Agora, a quantidade de blocos depende do conteúdo das aulas
que devem ser estudadas. Como o exagero é muito contraproducente, meu conselho é nunca passar de 5
ou 6 blocos de meia hora por dia.