2. A infância e o tempo
de brincar
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Discutir acerca do tempo de brincar das crianças.
Reconhecer que o tempo da criança não é o mesmo que o do adulto.
Analisar o tempo institucional e o tempo da criança na escola.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a importância do tempo de brincar das
crianças. Verá que, quando a criança brinca, não deve ter um tempo
exato para as brincadeiras; deve brincar livremente, interagir com os
outros, entender e transformar o mundo, pois ela tem o próprio tempo
de descoberta.
O tempo de brincar das crianças
Respeitar o tempo da criança em suas experiências, descobertas e brinca-
deiras é essencial para o desenvolvimento de cada uma delas. Nesse sentido,
brincar não deve ser entendido como uma perda de tempo, pois, assim como o
trabalho é importante para os adultos, o brincar é essencial para a criança. A
brincadeira é indispensável para o seu desenvolvimento (físico e emocional),
assim, a família deve priorizar o brincar como algo de muita importância para
as crianças, dando-lhes espaços para que brinquem livremente. Importante
frisar que a família também deve participar desses momentos de brincadeiras.
3. 2 A infância e o tempo de brincar
Brincar é um momento de prazer, em que as crianças se expressam, rela-
cionam-se com outras crianças e com o mundo que as cerca. Brincando, elas
aprendem regras, relacionam-se, constroem-se, aprendem valores e absorvem
o que está ao seu redor.
O “tempo” de brincar influencia na aprendizagem; é preciso dar tempo para
que as crianças possam criar, descobrir, inventar, observar insetos, árvores,
borboletas, escrever uma canção, organizar um jogo com os amigos. A família
deve interagir com a criança, levá-la para ver a natureza de uma maneira
diferente. A criança está sempre brincando; isso é uma forma de expressão, e
a interação familiar é muito importante. De acordo com Hoyuelos (2015, p. 48):
Dar tempo às crianças sem antecipações desnecessárias significa saber esperá-
-las ali, onde se encontram, em sua forma de aprender. Existe um verbo em
espanhol, talvez já em desuso, que define muito bem esse assunto: aguardar.
Significa esperar alguém com esperança; dar tempo ou espera a alguém,
enquanto se olha o que faz, com respeito, apreço ou estima.
Nesse sentido, compreende-se que a criança necessita ter garantido “o seu
tempo” para que a brincadeira por ela vivenciada se torne um vasto campo de
significados. Ao brincar, a criança se relaciona com brinquedos, materiais e
outras crianças que vão dialogar com ela e proporcionar condições para que
se desenvolva e avance em suas aprendizagens.
Muitas crianças têm seu tempo ocupado com várias atividades, como:
inglês, futebol, capoeira, ballet, informática, o que por muitas vezes se torna
um desgaste para elas. Percebe-se que hoje a criança é cobrada desde muito
cedo, de modo que o lúdico e o brincar acabam, muitas vezes, ficando para
segundo plano. As crianças precisam de tempo para ser crianças. Elas devem
brincar tendo seu tempo respeitado, pois os momentos lúdicos alimentam a
capacidade da criança de aprender, confiar e receber ajuda; não se deve apressar
o crescimento e o aprendizado das crianças, pois tudo tem o seu tempo.
De acordo com Dallari e Korczak (1986, p. 59-63):
Uma criança é antes de tudo um ser humano e como tal deve ser respeitado.
Uma criança é uma criança. Nem gênio, nem herói, nem astro, nem estrela,
nem boneca nem manequim, nem campeão, nem sucesso social. […] É preciso
não confundir as coisas.
4. A infância e o tempo de brincar 3
Pelas palavras dos autores (1986), a criança merece ser respeitada como
criança e viver plenamente sua infância, pois, antes de os adultos depositarem
sobre ela suas idealizações e/ou projetos para o futuro, a criança é um sujeito
que merece ser respeitado, vivendo o presente, isso é, o aqui e o agora, de
forma intensa.
Mas, afinal, o que é o tempo? Existe tempo para brincar? A criança não
tem noção de tempo, como os adultos, cronologicamente (hora, minutos,
dias); para a criança, o tempo flui, ele é mais lento, a criança sente prazer
pela repetição de um brinquedo “vai e volta” no mesmo brinquedo favorito.
Em comparação com o adulto, sua concepção é diferente.
Os momentos lúdicos são fundamentais no desenvolvimento e na apren-
dizagem das crianças, por isso não se deve apressar o seu crescimento e o
aprendizado, pois tudo tem o seu tempo. Nesse mesmo entendimento acerca
do tempo relacionado à infância, Fabrés (2011, p. 58-59) descreve que todos
os momentos do cotidiano da Educação Infantil são importantes e que:
[...] deveriam servir para estabelecer uma relação de cumplicidade com as
crianças. Os momentos da alimentação ou da troca de fraldas são vividos
com muita pressa, correndo, com ansiedade, com nervosismo. Realizamos
estas rotinas o mais rapidamente possível, muitas vezes como se fosse uma
“produção em série”, sem nem darmos conta da criança da qual nos ocupamos.
Fabrés (2011) destaca que para a criança, todos os momentos do seu dia
são importantes e não podem ser vistos como apenas rotineiros, passando de
forma banal e/ou despercebida. A Figura 1 traz a representação da hora de
alimentação na escola como uma “produção em série”, sendo que o objetivo
principal se resume a apenas alimentar as crianças para, logo em seguida, passar
para a próxima tarefa, como higienizar e descansar (hora do sono/repouso das
crianças), tudo com horário predeterminado para acontecer.
Em meio às inúmeras situações vivenciadas no dia a dia das crianças, o
brincar deve merecer lugar de destaque, pois é considerado como uma das
mais potentes linguagens da infância.
5. 4 A infância e o tempo de brincar
Brinco; logo, existo! é um artigo de Maria Aparecida Salmaze, o qual apresenta a brinca-
deira como a principal atividade do cotidiano infantil, devendo para isso ser assegurado
na escola o “tempo de brincar”.
https://goo.gl/y4U3ir
Figura 1. Charge sobre a “pressa” na realização de tarefasimportantes paraas crianças.
Fonte: Tonucci (2012).
6. A infância e o tempo de brincar 5
O tempo da criança não é o mesmo tempo do adulto.
“O tempo perguntou ao tempo quanto tempo que o tempo tem? E o
tempo respondeu ao tempo que o tempo tanto tempo quanto tempo
o tempo tem.” (Autor desconhecido)
Essa rima tem muito sentido quando nos perguntamos: será que as crianças
estão tendo o tempo necessário para a sua idade? Como sabemos, a criança
tem outro tempo, seu tempo é diferente do tempo do adulto. A criança cresce
em meio a um turbilhão de acontecimentos; quando cresce, ela começa a ter
noção do tempo, que é completamente diferente do sistema cronológico. Nessa
fase inicial da vida das crianças, elas querem descobrir tudo, pois tudo é novo
e reclamam quando são apressadas pelos adultos. Para as crianças, é muito
frustrante ter de parar de brincar, de ver um desenho interessante, porque os
pais têm compromisso. Quando a criança começa a ter a relação do tempo,
ela divide o tempo entre acordar, almoçar, dormir e jantar, pois essas são as
referências de uma criança pequena; ela diz que vai brincar antes do almoço,
que vai passear antes do sono, e assim sucessivamente, pois esse é o seu tempo.
Os adultos devem respeitar o ritmo da criança, porque, se o adulto organizar
sua agenda com a da criança, com certeza terão momentos em que viverão o
que é importante para os dois, ensine a criança a valorizar a hora de brincar,
imaginar. A criança deve ter liberdade de escolhas. Quando estamos fazendo
algo agradável, o tempo passa muito rápido, agora imagine para as crianças!
De acordo com Hoyuelos (2015, p. 50):
É necessário revisar o conceito de tempo das propostas e atividades e, sobre-
tudo, a organização escolar. Outro exemplo: quando, nas escolas, decidimos
mudar de atividade (dos diferentes jogos distribuídos na sala para a formação de
uma roda ou para a saída ao pátio), olhando o relógio, o mais comum é começar
a gritar: “Vamos, guardem o material”, acompanhado de algumas palmas
ou de alguma música ritual, escolhida como estímulo para esse momento.
A criança tem que ter tempo de brincar, entender as coisas ao seu redor,
experimentar, é necessário ter um tempo para processar as coisas, para enten-
der, para adaptar-se, para concluir suas brincadeiras. Será que o adulto houve
as necessidades das crianças? Observem, a seguir, o que as crianças de uma
escola em Reggio Emília falam sobre as interrupções de suas brincadeiras,
as quais faziam com que terminassem bruscamente com suas brincadeiras,
7. 6 A infância e o tempo de brincar
Depois de uma acalorada e democrática discussão (como costumam ser os
embates educativos nas escolas reggianas), as crianças entenderam a neces-
sidade organizativa (para não desordenarem em excesso os tempos escolares)
de terminar uma atividade e de recolher os materiais. Somente pediram aos
professores duas coisas. A primeira, que não gritassem e que se dirigissem a
elas individualmente. A segunda, que, ao lhes pedirem para terminar, dessem,
ao menos, três minutos para fazê-lo. Por que três minutos? Porque parece que
é o tempo psicológico necessário para terminar algo com calma, com respeito
para que a própria atividade adquira sua cadência subjetiva de aparente final
e encerramento, embora seja parcial. (HOYUELOS, 2015, p. 50)
De acordo com Hoyuelos (2015) as crianças precisam ser respeitadas no
seu tempo de brincar e dessa forma os adultos devem colaborar com essa
organização, proporcionando às crianças condições para que se organizem e
concluam suas brincadeiras sem com isso antecipar e até mesmo interromper
as brincadeiras nas quais estavam envolvidas.
Quando o adulto vai sair, deve saber que o tempo de se organizar (arru-
mar) não equivale ao mesmo tempo da criança, pois esta criança tem de ter o
tempo de acordar, de se vestir, e cada criança possui um “ritual” ao acordar,
ao se arrumar. Assim, a criança precisa de mais tempo em “tudo”. Segundo
Barbosa (2006, p. 141):
Vivemos uma época de aceleração permanente do tempo e, muitas vezes, não
sabemos o exato sentido desse movimento. É o tempo do capital que assume
sua prioridade, exercendo sua hegemonia sobre os distintos tempos, como o
da família, das escolas, das crianças, provocando, assim, conflitos entre estes
modos de ver e medir os tempos.
Não dê a criança mais atividades que ela possa realizar, pois excesso de
atividade causa estresse e ansiedade. A criança precisa identificar o que é
importante para ela, e o adulto não deve exceder o limite delas. A criança
precisa de um tempo de descanso, uma pausa, até porque, se você sair com
ela de um lugar para outro sem lhe dar esse tempo, a criança vai se sentir
cansada e irritada. A vida social do adulto tem de se adaptar às necessidades
das crianças. Dê-lhes um tempo para descansar, assim as crianças se sentirão
bem melhor. A criança deve ter tempo de brincar, entender as coisas ao seu
redor, experimentar; é necessário ter um tempo para processar as coisas, para
entender, para adaptar-se. Quanto mais sossego a criança tiver, será mais
saudável, sociável, criativa. Ela estará aberta para o mundo. Será que o adulto
ouve as necessidades das crianças?
8. A infância e o tempo de brincar 7
O tempo institucional e o tempo da
criança na escola
Atualmente, desde muito cedo, as crianças ingressam na escola onde passam
a maior parte do dia. No entanto, há necessidade em refletir acerca da relação
entre o tempo das crianças e o tempo institucional (tempo da escola) que devem
se articular, a fim de que possam oferecer às crianças possibilidades de se
desenvolverem de forma integral. Dizendo de outa forma, o tempo institucional
e o tempo das crianças devem se articular, devem ser compreendidos a partir
de uma mesma lógica, ou seja, o respeito pelas crianças e pela garantia dos
direitos fundamentais da infância.
Nesse sentido, se torna fundamental pensar na organização institucional
através de uma “rotina escolar” não engessada, ou imutável, pois está neces-
sita estar de acordo, também, com as necessidades e interesses das crianças.
Segundo Barbosa (2006) a rotina pedagógica deve ser compreendida como
um elemento fundamental para a organização do tempo na escola, levando
em conta as especificidades das faixas-etárias das crianças.
A organização da rotina serve para estabelecer tempo para a realização das
atividades e organizar o ambiente escolar; a rotina também ajuda a desenvolver
a socialização, o crescimento e a autonomia. Na sala, é importante o professor
observar a criança (saber o que gosta de fazer, de brincar, como se desenvolve,
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2013, p. 94):
As crianças precisam brincar em pátios, quintais, praças, bosques, jardins,
praias, e viver experiências de semear, plantar e colher os frutos da terra,
permitindo a construção de uma relação de identidade, reverência e
respeito para com a natureza. Elas necessitam também ter acesso a
espaços culturais diversificados: inserção em práticas culturais da comu-
nidade, participação em apresentações musicais, teatrais, fotográficas e
plásticas, visitas a bibliotecas, brinquedotecas, museus, monumentos,
equipamentos públicos, parques, jardins.
A criança deve brincar sem ter um tempo cronológico marcado, a fim de vivenciar
esse momento como exclusivo e único.
9. 8 A infância e o tempo de brincar
o que mais chama a sua atenção durante a rotina diária), assim poderá inserir
o projeto político-pedagógico dentro do ritmo da criança. As crianças também
podem participar desse momento dizendo de que mais gostam de participar,
pois adoram dar ideias.
É interessante o professor fazer um quadro de atividades para as crianças
saberem o que estão fazendo e em qual momento estão; o tempo da criança
na escola tem de ser usado a seu favor. Na educação infantil, o tempo é algo
muito importante, e esse tempo é o tempo de estar junto, de estar presente de
dar tranquilidade à criança. Desse modo, o professor deve respeitar o ritmo e
o tempo de cada criança como um ser individual.
A seguir, será descrita uma sugestão de organização do tempo que respeite
o direito de a criança viver o seu tempo na escola. É importante não esquecer
que cada um possui seu tempo e seu ritmo, e estes devem ser entendidos pelo
professor mediador como uma característica própria de cada criança.
Acolhida: a sala deve ter um canto com atividades diversas com livros,
jogos e brinquedos que fiquem à disposição da criança; esse cantinho é
essencial, pois as crianças podem ficar ocupadas brincando com o que
querem até que todos os coleguinhas cheguem na sala. É necessário
o professor analisar com o que as crianças estão brincando e, se for
necessário, estender o tempo da brincadeira. Mesmo com a chegada de
todos, se estiverem muito motivados e interessados, por que não começar
um dia diferente, pelas brincadeiras? A criança se realiza quando está
fazendo algo do seu agrado. Fica a dica ao professor para inserir essa
atividade em sua rotina. E lembre-se de que nesse momento de espera
o professor é um mediador.
Rodinha: as crianças são colocadas em círculo ou do modo que o pro-
fessor achar melhor. É um momento de diálogo, no qual a criança fica à
vontade no ambiente escolar e poderá falar de suas atividades em casa,
do que ela gostaria de fazer na escola, entre outros. O professor deve
aproveitar esse tempo para expor às crianças o que fará, quais atividades
eles realizarão no decorrer do dia, além de realizar uma canção para
iniciar as atividades. Esse momento de conversa é fundamental para o
desenvolvimento da criança.
Lanche: é uma hora que satisfaz a criança, pois ela adora fazer o lanche
com os amigos. Durante as refeições devemos dar o tempo de que cada
criança precisar, pois em casa cada uma tem sua rotina, umas comem
10. A infância e o tempo de brincar 9
Assista ao vídeo em que a professora Luiza Almeirão
aborda a questão do tempo, de como a criança vê esse
tempo diferente do adulto.
https://goo.gl/WcJDez
mais rápido, outras mais devagar, e isso deve ser respeitado. Além disso,
o ambiente deve ser adequado e se necessário deve ficar um profissional
até o término da refeição com essa criança.
Repouso: nem todos dormem, mas, para os menores que participam
dessa atividade, deve haver um espaço organizado para esse soninho,
com luminosidade escura e som calmo.
Higiene: é importante o reconhecimento do próprio corpo, para realizar
corretamente a higiene.
Atividade dirigida: é onde a criança deixa a sua impressão, deve ser
uma atividade que chame a atenção dela. Ocorre, porém, que muitas
vezes as crianças não conseguem concluir essas atividades devido
ao tempo, mas o professor pode e deve dizer à criança que depois ela
pode terminar, deixando-a tranquila com a possibilidade de concluir
sua atividade.
Atividade livre: inclui brincadeiras livres no pátio, jogos, atividades
que permitem estimular a autonomia e a socialização da criança, bem
como a autonomia.
Despedida: quando é a hora de ir embora, também deve haver um
espaço para as crianças ficarem mais tranquilas. Elas devem terminar
as atividades para entrar em outro momento, um momento livre para
aguardar os familiares.
A rotina apresentada mostra que é possível organizar nas escolas os tem-
pos/espaços que sejam promotores de aprendizagens, respeitando os direitos
fundamentais das crianças desde bem pequenas.
11. 10 A infância e o tempo de brincar
BARBOSA, M. C. S. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
DALLARI, D. A.; KORCZAK, J. O direitoda criançaaorespeito. São Paulo: Summus, 1986.
FABRÉS, M. No dia a dia, nada é rotina. Infância Latino americana Reflexões Pedagó-
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TONUCCI, F (2012). Charges. Para além do cuidar (blog). Disponível em: <http://pa-
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Leituras recomendadas
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TIBA, N. O lúdico tem espaço sempre. YouTube, 4 jan. 2016. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=1vXXNh4EaMM>. Acesso em: 19 abr. 2018.