1. Especialização precoce:
A especialização precoce consiste essencialmente num aumento de exigência e
complexidade dos processos de treino, traduzidos num maior volume e intensidade do
mesmo. Este fenómeno pode apresentar várias consequências negativas para o atleta,
entre as quais:
- Lesões
- Elevado desgaste físico, emocional e psicológico
- Incapacidade funcional e cognitiva
- Abandono escolar
- Abandono precoce da prática desportiva
Por outras palavras, especialização precoce significa que um atleta vai desenvolver de
forma mais rápida e mais agressiva certos “atributos” comparativamente aos seus
colegas (seja física, técnica ou tacticamente) numa modalidade, e portanto, está num
patamar superior ao dos seus colegas com a sua idade. É importante salientar que não
devemos fortalecer estes acontecimentos, pois devem sempre ser respeitadas as etapas
de formação dos atletas. Uma das grandes causas deste desenvolvimento precoce, é o
facto de os jogadores serem superiores nas camadas jovens em comparação aos seus
colegas e adversários, o que faz com que dêem nas vistas muito mais cedo do que era
esperado. Mas quando estes chegam a seniores “eclipsam-se”. Temos muitos casos
desses um pouco em todos os desportos e por todo o mundo.
Papel do Treinador:
Dentro deste contexto cabe ao treinador assumir um papel preponderante no futuro dos
atletas e fazer uso das suas competências psicológicas para “resolver” certos problemas
que possam surgir, o próprio deve intervir correctamente no sentido de evitar ao
máximo situações deste tipo. O treinador deve seguir os seguintes parâmetros:
- Respeitar as etapas de formação dos atletas
- Treinos adaptados ao nível funcional e cognitivo dos jovens (não exigir demasiado)
- Respeito pelos limites (físicos, psicológicos e cognitivos) dos atletas
- Salvaguardar a importância da escola
- Ouvir os atletas
- Gerir conflitos entre pais, atletas e treinador
- Respeitar a personalidade do atleta
2. Ate que ponto os meios de comunicação podem ter influencia na especialização
precoce:
Tendo em conta a actual imprensa desportiva poderemos dizer que há uma grande
espécie de publicidade grátis para os clubes, jogadores e empresários, tudo isto envolve
muito dinheiro, pois hoje em dia no mundo do futebol tudo gira a volta do dinheiro. A
maneira mais fácil de obter o dinheiro no futebol é vendendo jogadores, comprando e
vendendo jogadores, fazendo lucros astronómicos por época mas também e
principalmente gastando todas as épocas números astronómicos que chegam quase a
milhares de milhões em algumas épocas. Tudo isto gera um clima de necessidade de
criar “craques”, “super-estrelas”, que depois possam transferir por milhões de €.
Este clima de obrigatoriedade de formação de “craques” vai ter influencia na sua
formação, e obrigar estes jovens atletas a submeterem-se a métodos de treinos
inadequados para a sua facha etária e a sua fisionomia e estes métodos são prejudiciais a
formação do jogador como jogador e como pessoa, levando muitas vezes ao abandono
por parte do atleta. Mas se olhar-mos para o caso do Cristiano Ronaldo que com 17 anos
era visto como um miúdo que tinha um futuro a sua frente brilhante e poderia vir a ser
uma das maiores estrelas de sempre de futebol (onde realmente chegou) dizemos que se
devia apostar mais vezes neste métodos de treino.
Mas nem tudo são casos de sucesso há muitos jovens a dar nas vistas e a serem
submetidos a treinos intensivos e exagerados para a sua idade de modo a que estes
evoluam mais depressa com o objectivo de obter mais um “craque”, mas depois nem
sempre é isso que acontece, quantas e quantas vezes ouvi-mos falar nos jornais ou le-
mos algo sobre um jogador promissor que com apenas 15 ou 16 ou 17 anos já estar a
dar nas vistas? E quantos desses é que nunca mais ouvi-mos falar no nome dele?
São mais os casos de jovens jogadores com carreiras brilhantes pela frente mas que pura
e simplesmente se eclipsam.