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nº 4/2023
FORMAÇÃO DE
PROFESSORES CHEGA AONDE
O BRASIL MAIS PRECISA
Nº 4/2023
Diploma da UAB
transforma vida
de milhares
de brasileiros
Diploma da UAB
transforma vida
de milhares
de brasileiros
Teoria e prática
do Pibid
interagem em
sala de aula
Mestrados
profissionais
contribuem
para aprimorar
a didática
Nome de
Paulo Freire
volta à
plataforma
da educação
básica
Parfor garante
acesso à
licenciatura nas
áreas de atuação
nº 4/2023
Reconstruir a educação
é fundamental
Não há boa escola sem bons professores.
Eles formam os verdadeiros cidadãos
4
“São profissionais que se dedicam a transmitir
não apenas conhecimento prático, mas também
valores e princípios, além do pensamento crítico,
que formam os verdadeiros cidadãos.”
nº 4/2023
A nova gestão do governo federal assumiu com
um lema forte e verdadeiro: união e reconstru-
ção. Desde o primeiro dia, ficou claro que há duas
grandes áreas em que esse lema é essencial e ur-
gente: saúde e educação. Nesta última, de nossa
responsabilidade, firmamos um compromisso
prioritário com a educação básica. Afinal, só com
uma base de qualidade o futuro dos cidadãos bra-
sileiros pode atingir sua máxima potência. Em
outras palavras, apenas a educação sustenta o de-
senvolvimento, seja do indivíduo, da comunidade
ou do País.
No momento presente, os indicadores educacio-
nais nos colocam muitos desafios. Apenas 64%
dos alunos que entram no ensino fundamental
conseguem concluir o ensino médio. Isso demons-
tra que, entre outras medidas, precisamos cons-
truir um sistema de educação atrativo e criativo,
com escolas de tempo integral, escolas profissio-
nalizantes, escolas que estejam adaptadas à rea-
lidade do mundo, do trabalho e da modernidade
tecnológica.
Não há como construir boas escolas sem que haja
a formação de bons professores. São profissionais
que se dedicam a construir e transmitir não ape-
nas conhecimento prático, mas também valores
e princípios, além do pensamento crítico, que
formam os verdadeiros cidadãos. Este é um dos
motivos pelos quais nós indicamos o tema da for-
mação de professores e a valorização da carreira
docente como uma das prioridades a serem deba-
tidas pelo grupo que compõe o G20 no próximo
ano, quando o Brasil assume a presidência do co-
legiado.
Valorizar e capacitar continuamente os professo-
res de todo o Brasil, especialmente na rede públi-
ca de educação básica, é condição fundamental
para o País que queremos. É o que temos feito, em
grande parte através desta Fundação, por meio de
diversos programas de formação, tanto presen-
ciais quanto a distância.
Em março de 2023, os bolsistas de graduação em
licenciatura pela CAPES receberam um aumento
de 75% no valor de suas bolsas. O auxílio ofere-
cido pelos Programas Institucional de Iniciação à
Docência (Pibid) e Residência Pedagógica foi de
R$400 para R$700. Já nas bolsas para formado-
res, o índice aplicado foi de 40%. Por exemplo: um
tutor da Universidade Aberta do Brasil, a UAB, re-
cebia R$ 765. Com o aumento, seu auxílio irá para
R$1.100. Esse mesmo valor é destinado aos super-
visores do Pibid e aos preceptores do Residência
Pedagógica.
No exercício de 2023, estamos prevendo mais de
R$ 347 milhões para o reajuste das modalidades
de bolsas. Considerando a grande capilaridade e
interiorização desses programas, pode-se imagi-
nar a importância que os reajustes têm, de imedia-
to, na vida dessas pessoas e nas economias locais.
Outros resultados ainda poderão vir da portaria/
MEC nº 17 de 16.01.2023, que estabeleceu o rea-
juste de 14,9% no piso salarial dos professores,
passando de R$ 3.845,63 para R$ 4.420,55.
Mas esse é só o começo. Para dar continuidade
às melhorias, vamos precisar da colaboração das
três esferas de governo – federal, estadual e mu-
nicipal – e de toda a sociedade. Vamos precisar de
diálogo, de união. Da ciência e da pesquisa, tam-
bém a serviço de melhores condições para o nos-
so povo, construindo soluções para o dia a da das
pessoas. Porque precisamos construir, juntos, o
País de mais oportunidades para as nossas crian-
ças e os nossos jovens, com vida digna e um futu-
ro melhor para todos e todas. E o caminho para
isso é a educação.
Camilo Santana
Ministro de Estado da Educação
5
nº 4/2023
6
A relevância da CAPES
na formação de professores
Ao longo de mais de 15 anos, a Fundação criou e consolidou
programas importantes de difusão e indução à carreira do magistério.
“Por meio da atuação dedicada de professores
cada vez mais capacitados e motivados teremos
alunos formados com maior qualidade e com
muito mais chances de chegar ao topo da trajetória
acadêmica e científica.”
nº 4/2023
7
A CAPES é a maior agência de fomento às pesqui-
sas acadêmicas e científicas do Brasil. Mas este é
apenas o braço de atuação mais conhecido da Co-
ordenação. Falar em “aperfeiçoamento de pessoal
de nível superior” significa também dedicar ações
e programas à formação inicial e continuada dos
professores de todo o País. E não é difícil perceber
os benefícios dessa estratégia. Por meio da atuação
dedicada de professores cada vez mais capacitados
e motivados, teremos alunos formados com maior
qualidade e com muito mais chances de chegar ao
topo da trajetória acadêmica e científica.
Desde 2007, o Ministério da Educação entregou à
CAPES a missão da formação inicial e continuada
dos professores da educação básica. Ao longo des-
ses anos, a Coordenação criou e consolidou diversos
programas, que hoje são importantes instrumentos
de difusão e indução à carreira, tanto em modalida-
des presenciais quanto a distância.
Na formação presencial, temos atualmente dois:
os Programas Institucional de Iniciação à Docência
(Pibid), e o Residência Pedagógica. Ambos têm o ob-
jetivo de qualificar a formação dos licenciandos e
fortalecer a construção de suas identidades a partir
da inserção e da vivência intensiva no cotidiano es-
colar. O Pibid já beneficiou mais de 317 mil licen-
ciandos, e o Residência Pedagógica, mais de 101 mil.
Outra iniciativa da CAPES é o Programa Nacional de
Formação de Professores da Educação Básica (Par-
for), voltado aos profissionais do magistério já em
exercício nas redes públicas de educação básica, in-
clusive em comunidades indígenas. O Parfor contri-
bui para a adequação da formação dos professores
que, muitas vezes, atuam fora de sua área inicial de
licenciatura. Mais de 60 mil professores já foram
formados por ele.
Na educação a distância, a CAPES investe na interio-
rização de cursos de nível superior com o Sistema
Universidade Aberta do Brasil (UAB). Ele reserva
70% das vagas para licenciaturas em mais de 900
polos espalhados pelo País, 56% dos quais em mu-
nicípios de Índice de Desenvolvimento Humano
(IDHM) médio, baixo ou muito baixo. Outro inves-
timento consiste nos Programas de Mestrado Pro-
fissional para Qualificação de Professores da Rede
Pública de Educação Básica (ProEB). O Sistema UAB
formou 270 mil alunos e o ProEB já titulou outros
16 mil.
Este ano, a CAPES oferecerá mais 30 mil benefícios
ao Pibid e ao Residência Pedagógica nos editais que
já estão em vigência. Mais 1,2 mil professores do en-
sino superior e 3,7 mil da educação básica, respon-
sáveis pela orientação e supervisão dos projetos,
também serão beneficiados. Outras 6,5 mil bolsas
serão concedidas pelos Programas Parfor, UAB e
Proeb, além de recursos de custeio. Já no edital do
Pibid de 2023, a oferta será de 100 mil bolsas.
Ainda em 2023, lançaremos um novo Programa, o
Residência Docente, que concederá 10 mil bolsas
aos egressos de cursos de licenciatura e professores
em início de carreira, para que se especializem no
ensino voltado à educação básica. E continuaremos
trabalhando em melhorias, com a certeza de con-
tribuir para a reconstrução da educação no Brasil.
Mercedes Bustamante
Presidente da CAPES
nº 4/2023
Ajudar a Educação e a
Ciência a ir mais longe.
É isso que move a CAPES há
72 anos.
nº 4/2023
Todos sabem que a economia de uma nação só se consolida como
liderança no cenário mundial, com sustentabilidade e justiça social,
se tiver excelência em Educação e em Ciência. É justamente para
isso que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior existe e atua, desde 1951.
A CAPES investe intensamente em formação profissional de quali-
dade, tanto na pós-graduação stricto sensu quanto na capacitação
inicial e continuada dos professores da rede pública. Afinal, quanto
mais longe forem nossos pesquisadores e professores, menos
brasileiros ficarão para trás.
10
Sumário
O poder de um diploma................................................................................................12
Luta contra discriminação racial................................................................................16
UAB chega aonde o Brasil mais precisa.......................................................................18
Respeito à diversidade de público...............................................................................22
Teoria e prática interagem em sala de aula...............................................................24
Viver a escola.................................................................................................................28
Residência Docente.......................................................................................................31
Práticas pedagógicas e organização............................................................................32
Divisor de águas............................................................................................................36
Valorização do ensino de Ciências...............................................................................39
Professores contam suas experiências.......................................................................42
Capacitação profissional no exterior..........................................................................44
Liderança e gestão educacional...................................................................................46
Inglês para as escolas públicas....................................................................................48
Tecnologia a serviço da sala de aula...........................................................................50
Plataforma Freire está de volta...................................................................................53
Inédito apoio a eventos.................................................................................................56
nº 4/2023
Expediente
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Camilo Santana
Presidente da CAPES
Mercedes Bustamante
Diretor de Programas e Bolsas no País
Laerte Ferreira
Diretor de Relações Internacionais
Rui Oppermann
Diretora de Formação de Professores da
Educação Básica
Marcia Serra Ferreira
Diretora de Educação a Distância
Suzana Gomes
Diretor de Avaliação
Paulo Santos
Diretor de Gestão
Rodrigo Lamego
Diretor de Tecnologia da Informação
Adi Balbinot Junior
Assessora de Comunicação Social
Thaís Mesquita Cantanhêde
Coordenador de Comunicação Social
Edson Morais
Pauta
João Luiz Mendes
Edição
Cláudia Guerreiro
Redação
Alexandra Josias, Érica Cidade, Guilherme Pera,
João Luiz Mendes, Leandro Marshall, Lucas Lopes,
Pedro Matos
Fotografia
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Diagramação e projeto gráfico
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Infografia
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P https://www.youtube.com/c/CAPESOficial
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é autorizada desde que contenha
a assinatura CGCOM/CAPES
nº 4/2023
O poder de um diploma
Com a formação de professores da educação básica,
a UAB transformou a vida de milhares de brasileiros
Élica Natair da Silva é uma indígena da tribo Pankará, que vive entre
as serras do Arapuá e da Cacaria, no sertão de Pernambuco. Assim
como todos os membros da comunidade, ela passou sua infância em
meio à natureza exuberante de árvores, arbustos e cactos típicos da
região, como a craibeira, a aroeira, a baraúna, a coroa de frade, o
mandacaru, o xiquexique, a faveleira, o imbuzeiro e a quixabeira.
Entre lagoas, açudes e cursos d’água que sempre acabam virando
alimento para o caudaloso rio São Francisco, a menina cresceu com
um sonho: cursar uma universidade. Sua ambição era ter oportuni-
dade de vencer na vida e poder, com seu conhecimento, ajudar seu
próprio povo.
Quando a juventude chegou, ela foi atrás do que sonhara. Apesar
das dificuldades financeiras para sustentar as despesas de uma uni-
versidade, Élica traçou sua meta, e matriculou-se em um curso de
licenciatura pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) no polo de Flo-
resta (PE). Depois de quatro anos, a indígena recebeu seu diploma de
História. E, como havia planejado, passou a dar aulas aos membros
de sua tribo.
“A oportunidade de cursar o terceiro grau na minha vida foi transfor-
madora. Ter acesso à faculdade me fez despertar para o que antes se-
ria impossível: transformar o mundo através da educação”, comenta
ela, emocionada. Sem esquecer aquilo que a impulsionou a realizar
seu sonho, sempre agradece à instituição que o tornou possível: “O
acesso à UAB proporciona às pessoas oportunidades que antes eram
distantes e fora da realidade de muitos, seja por condição financeira
ou por falta de uma instituição de ensino inclusiva, que pense no
outro”, declara. “Agora eu sou uma historiadora e dou aulas numa
escola que tem como referência a valorização e a preservação das
memórias do nosso povo Pankará”, comemora, orgulhosa.
12
“Ter acesso à faculdade
me fez despertar para o que
antes seria impossível:
transformar o mundo
através da educação.”
Élica Natair da Silva
nº 4/2023
13
O poder transformador da UAB marca com a
mesma intensidade a história de Valéria da Sil-
va Lima, 47 anos, negra, nascida na periferia
de Volta Redonda (RJ), com três filhos peque-
nos e, segundo ela mesma dizia no passado,
sem qualquer esperança de conseguir cursar o
ensino superior. Entretanto, ela acreditou em
seu potencial e se matriculou em um polo da
UAB, para estudar Educação na Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
“Entrar em uma universidade foi uma experi-
ência incrível. Nunca vou esquecer o que o pro-
fessor palestrante disse na aula inaugural do
curso, em 2006. Ele falou assim: ‘Vocês não têm
ideia, nem nos sonhos, de onde podem chegar’.
Tal fala foi muito importante para mim. Eu vi
ali a oportunidade de alçar novos voos e ser
exemplo para meus filhos, podendo alcançar
de verdade a realização profissional”. Hoje, ela
é professora e pedagoga da Prefeitura de Barra
Mansa, no Rio de Janeiro, e a primeira mulher
negra a defender o doutorado profissional na
área de Ensino. Sempre que pode, repete a fala
daquele professor, ensinando que a educação
superior é um “caminho para emancipação,
para libertação e para o possível”.
nº 4/2023
“A educação superior
é um caminho para emancipação,
para a libertação e para o
possível.”
Valéria da Silva Lima
Tal transformação premiou, também, a
vida de José Souto Sarmento, de Quixera-
mobim, no Ceará. Acreditando que o impos-
sível era possível, ele se matriculou no polo
da UAB e tirou sua licenciatura em Física,
na Universidade Federal do Ceará (UFC).
Depois de muitos saltos e sobressaltos, hoje
ele é professor universitário e da rede pú-
blica de ensino. Fez mestrado em Ensino de
Ciência e Matemática, na UFC, e defendeu
doutorado em Engenharia e Ciência dos
Materiais, também na UFC, no primeiro se-
mestre de 2023. “A UAB foi um divisor de
águas na minha vida. Ela foi o ponto ini-
cial da realização do meu grande sonho de
ser um cientista”, comemora, salientando
que a Universidade Aberta do Brasil “está
transformando um filho de agricultor em
um professor-doutor e pesquisador em
Engenharia e Ciência de Materiais, com
artigos internacionais, patente depositada
e capítulos de livros publicados.” E tudo
se iniciou na UAB. “O melhor é saber que,
assim como eu, muitos foram beneficiados
com o conhecimento da Universidade, mu-
dando a vida de muita gente”.
14
“A UAB foi um divisor de águas na minha
vida. Ela foi o ponto inicial da realização do
meu grande sonho de ser um cientista.”
José Souto Sarmento
nº 4/2023
15
O sentimento de alegria e de realização profissional de José Souto é compartilhado no
outro lado do Brasil, com Berenice Maria Dalla Costa da Silva e Rosenilda Klein dos
Santos, nascidas em cidades pequenas de Mato Grosso. Berenice frequentou o polo de
Juara e Rosenilda, o polo de Sorriso. Depois de viverem uma infância humilde, as duas
acreditaram que a universidade poderia ser o grande agente transformador de suas
vidas. Hoje, Berenice é professora efetiva nas redes municipal e estadual e já concluiu
o mestrado em Educação Inclusiva. Rosenilda fez graduação, pelo Sistema da UAB, na
Universidade do Mato Grosso (Unemat), em Licenciatura em Ciências Biológicas, bem
como outras duas pós-graduações.
A Universidade Aberta do Brasil oferece cursos de graduação e pós-graduação lato sen-
su há 15 anos. São 967 polos, presentes em 850 municípios. Para isso, foram feitas par-
cerias com 139 instituições de ensino superior. No total, a UAB já formou mais de 270
mil alunos e recebe, anualmente, cerca de 120 mil novas matrículas. Do total de vagas,
87% são ocupadas por estudantes em cursos de formação de professores da educação
básica.
nº 4/2023
- PRESENTE EM 850 MUNICÍPIOS
139 IES PARCEIRAS
270 MIL ALUNOS FORMADOS
UAB
Universidade Aberta do Brasil
Distribuição de Polos UAB por Região
460 POLOS (55%) EM CIDADES COM IDH-M MUITO BAIXO, BAIXO E MÉDIO
POLOS ATIVOS NO SISTEMA UAB
838 SE
S
CO
NE
N
11,2%
34%
17,8%
26,5%
10,5%
QUANTIDADE DE POLOS
REGIÃO
94
285
149
NORTE
NORDESTE
SUL
222
88
SUDESTE
CENTRO-OESTE
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Luta contra discriminação racial
Em uma comunidade quilombola, além da língua portuguesa,
professora ensina seus alunos a combater o preconceito
Moradora e professora na Comunidade Qui-
lombola Mata Cavalo, em Nossa Senhora do
Livramento (MT), Elizabeth Maria Miguel
combate diariamente, na vida e na escola, o
preconceito racial. Além de Língua Portugue-
sa, ela ensina seus alunos a enfrentar a discri-
minação e a se orgulhar, de serem quem são e
do lugar onde vivem. Com 41 anos, ela, que já
é avó, realizou o sonho dar aulas depois de se
formar em Letras, em 2021, pela Universida-
de Aberta do Brasil (UAB), programa da CAPES
que oferece, desde 2007, graduação e especiali-
zação a distância em todo País, e que já formou
270 mil alunos.
Elizabeth, que leciona para três turmas do en-
sino médio na Escola Estadual Quilombola Te-
reza Conceição de Arruda, conta que sempre
enfrentou a discriminação racial. “Trabalho
fortemente essa questão com a minha família
e, agora, com os meus alunos, para nos fortale-
cermos enquanto negros”, ressalta. Ela destaca
que as discussões sobre o assunto fazem parte
do cotidiano da instituição. “Trato desse tema
o tempo todo em sala de aula e nas atividades
culturais, e busco informações com diversos
autores negros para a nossa abordagem na
disciplina. É uma oportunidade de valorizar-
mos e mostrarmos a nossa cultura na escola”,
afirma.
16
“Trabalho fortemente
o combate ao preconceito
racial com a minha
família e, agora,
com os meus alunos,
para nos fortalecermos
enquanto negros.”
Elizabeth Maria Miguel
nº 4/2023
Para ela, a luta de um encoraja os outros e é preciso ter conhecimento e cons-
ciência para combater a discriminação racial. “Muitos não gostam de falar. Eu
mesma falava que não tinha racismo no Brasil. A gente vai ficando mais crítico
e percebendo o racismo oculto”, constata Elizabeth, que fez o curso pela Univer-
sidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), parceira da CAPES na UAB.
A possibilidade oferecida pela Universidade Aberta do Brasil, de fazer o curso
a distância, foi um elemento facilitador para que Elizabeth concluísse o ensino
superior. Em função da sua rotina de vida, tinha dificuldade em deixar a co-
munidade em que mora, na zona rural. Ela, então, se organizava entre as aulas
remotas e as presenciais, no polo de Cuiabá, a 60 km de sua casa. “Foi um sonho
realizado que tentei muitas vezes”. Após concluir a graduação, conseguiu ter
um aumento de salário como professora. “Meu ganho financeiro melhorou mui-
to. Passava muito tempo fora de casa, ganhava pouco e ficava longe dos meus
filhos”, descreve Elizabeth, que foi aprovada no processo seletivo da Secretaria
de Educação de Mato Grosso.
17
UAB chega aonde o Brasil mais precisa
Maioria dos polos está localizada em municípios com
médio, baixo e muito baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
Embora os polos de ensino da Univer-
sidade Aberta do Brasil (UAB), Progra-
ma da CAPES que leva graduação ou
pós-graduação a distância para todo
o País, estejam presentes em todas as
regiões, um fato ainda é muito evi-
dente, quando se olha a distribuição
geográfica dos municípios beneficia-
dos: das 838 unidades ativas, 55% es-
tão localizadas em cidades de médio,
baixo ou muito baixo Índice de Desen-
volvimento Humano (IDH). São locais
que ainda sofrem com a falta de aces-
so aos serviços de saúde, saneamen-
to, habitação, infraestrutura urbana,
energia elétrica e internet.
Esta realidade impacta o desenvolvi-
mento das cidades e do País. Compre-
endendo a dimensão do problema, a
CAPES percebeu ser essa mais uma
razão para impulsionar seus acordos
com as universidades, aumentando
ano a ano os convênios para novos
cursos e criando condições para que
cada vez mais brasileiros conquistem
seus diplomas. Em quase 20 anos de
existência, a UAB já pôs no mercado
de trabalho, aproximadamente, 270
mil brasileiros no mais alto nível do
ensino superior.
18
nº 4/2023
“A UAB impacta a vida das pessoas em to-
dos os sentidos. Sem ela, milhares de pes-
soas não teriam nenhuma alternativa para
crescer na vida”, explica a coordenadora
do polo da cidade Amajari, em Roraima, na
fronteira com a Venezuela. Por estar fixa-
da numa posição estratégica no estado, a
unidade já conseguiu formar cerca de 500
profissionais. “Aqui, pelo nosso polo, já ti-
vemos indígenas, prefeitos, vereadores e
autoridades públicas frequentando cursos
nas mais diversas modalidades”, relata.
O polo de Amajari é ligado à Universidade
Federal de Roraima (UFRR), à Universidade
Estadual de Roraima (UERR), ao Instituto de
Educação de Roraima (IER), à Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e ao Insti-
tuto Federal do Pará (IFPA). Entre os cursos,
o município de 11 mil habitantes oferece
Ciências Biológicas, Matemática e Informá-
tica. Ainda este ano, terá bacharelado em
Administração e qualificação em Insemina-
ção Artificial, Preparação de Alimentos, e
Ferimentos e Curativos. Já ofertou História,
Geografia, Pedagogia e Contabilidade.
19
“A UAB impacta a vida
das pessoas em todos
os sentidos. Sem ela,
milhares de pessoas
não teriam nenhuma
alternativa para
crescer na vida.”
Maria Natividade Silva
Formado em História pelo IFRR no polo de
Amajari, Edmar Carneiro de Araújo é profes-
sor efetivo das redes municipal e estadual de
ensino, atuando como Articulador do Selo Uni-
cef (título simbólico dado a todas as pessoas
que ajudam a aumentar os indicadores sociais
municipais) e como integrante do Programa
Busca Ativa Escolar, que serve para resgatar e
levar de volta à sala de aula os jovens que se
afastaram da escola.
“Tudo começou com a UAB. Quando fiz meu
curso de História, consegui dar um novo signi-
ficado para minha vida e ter outra visão sobre
o mundo”, comenta ele. Este mesmo sentimen-
to está sendo vivenciado pela estudante Ana
Marcilene Rodrigues Bispo, que frequenta o 8º
semestre do curso de Geografia pela UFRR. “A
UAB é um sistema que transforma a vida das
pessoas. No meu caso, eu nunca teria recursos
para frequentar um curso superior numa uni-
versidade na capital do Estado. Mas, graças à
Universidade Aberta do Brasil, estou vivendo
um processo de evolução pessoal imenso em
minha vida”.
20
“Tudo começou com a UAB.
Quando fiz meu curso de História
consegui dar um novo significado
para minha vida e ter outra visão
sobre o mundo.”
Edmar Carneiro de Araújo
“A UAB é um sistema que
transforma a vida das pessoas.”
Marcilene Rodrigues Bispo
nº 4/2023
O coordenador do polo da cidade baiana de Itapicuru, Adilson Silva San-
tos, é responsável por fazer a interlocução dos alunos e professores da
UAB com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Instituto Federal da
Bahia, a Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e a Universidade Federal
da Paraíba (UFPB), em cursos de Pedagogia, Educação Física, Administra-
ção Pública, Geografia, História, Letras, Ciência da Computação. Adilson
é um ferrenho defensor do sistema da UAB como motor de desenvolvi-
mento social e econômico. “É impressionante como a UAB veio causar um
resultado positivo no município e na região. Na nossa realidade local, tem
um enorme número de professores fazendo cursos de educação continu-
ada, para aprimorar seus conhecimentos e habilidades”, comenta.
21
AMAJARI
(RR)
QUIXERAMOBIM
(CE)
FLORESTA
(PE)
ITAPICURU
(BA)
VOLTA REDONDA
(RJ)
NOSSA SENHORA
DO LIVRAMENTO
(MT)
Respeito à diversidade de público
Produção pedagógica da UAB observa as dificuldades dos estudantes
no ensino a distância e investe para que o aluno permaneça no curso
Com longa experiência na oferta de formação a distância de profes-
sores da Educação Básica, a Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT) e a Universidade Aberta do Brasil (UAB), da CAPES, aliam
materiais pedagógicos e ferramentas tecnológicas que respeitam a
diversidade do público. A didática elaborada leva em conta, além dos
aspectos ambientais e geográficos, a realidade dos povos tradicionais
e das pessoas com deficiência e vulneráveis que vivem no estado e
buscam um curso de graduação.
A parceria UFMT e UAB também atende pessoas com dificuldades de
conciliar horários de trabalho e estudo, e aquelas que moram distan-
te das instituições que ofertam a formação de nível superior. Para
essas realidades diversas são elaborados materiais pedagógicos, edu-
cativos e tecnológicos que cumprem as especificidades exigidas pelas
aulas a distância. Investimentos na capacitação dos professores e na
equipe de designers responsável pela produção do conteúdo didático
digital são essenciais.
22
nº 4/2023
O trabalho envolve profissionais multidisciplinares e várias
plataformas tecnológicas. “Dependendo do contexto pedagógi-
co e do projeto, o material pode ser transformado em diferentes
linguagens, como uma lição eletrônica, um livro digital ou for-
mato impresso. Sempre pensando no público-alvo, nas dificul-
dades e nos desafios que têm”, explica Alexandre Martins dos
Anjos, coordenador da UAB na UFMT.
Débora Pedrotti, professora do Instituto de Biociências da UFMT
e integrante da equipe multidisciplinar da UAB, enfatiza a im-
portância dos conteúdos específicos para esses públicos. “São
materiais que os valorizam, sejam eles indígenas, quilombolas
ou pessoas com deficiência. Temos visto que essas pessoas par-
ticipam mais e se sentem realmente incluídas”, garante.
Acessibilidade
Há uma preocupação constante com a acessibilidade e a moti-
vação dos estudantes da UAB desde o seu ingresso na universi-
dade. O objetivo é incentivar a permanência nas aulas e evitar
a evasão. Por essa razão foi criado um guia com orientações.
Quando é detectada alguma dificuldade na compreensão por
parte do aluno, o material é reformulado pela equipe da UAB,
para que se torne cada vez mais acessível. “Queremos que o
conteúdo seja atrativo”, explica Marijane Silveira, professora
do curso de Tecnologia Educacional. Os estudantes também po-
dem interagir com os tutores e professores, seja de forma pre-
sencial, nos polos da UAB, ou na plataforma digital.
Com esse olhar para a diversidade, a UFMT tem conseguido le-
var, com a UAB, os cursos de formação de professores às regi-
ões mais distantes de Mato Grosso, que tem 28 polos espalhados
pelo estado. “Estamos conseguindo chegar no município que
precisa de investimento, da formação, principalmente para
professores das séries iniciais do ensino fundamental. Tem
uma abrangência muito grande, pois chega aonde as univer-
sidades não conseguiriam chegar”, afirma Alexandre Martins.
23
“Estamos conseguindo chegar
no município que precisa de
investimentos, da formação,
principalmente para professores
das séries iniciais do ensino
fundamental.”
Alexandre Martins dos Anjos
“São materiais que valorizam
os estudantes, seja eles indígenas,
quilombolas ou pessoas com
deficiência.”
Débora Pedrosa
Teoria e prática interagem em sala de aula
Com mais 300 mil alunos atendidos, Pibid se consolida como
o maior Programa de formação de futuros professores do Brasil
Já se passavam quase 60 anos da criação do Pro-
grama de Iniciação Científica, que formou dezenas
de milhares de jovens pelo Brasil, quando a CAPES
começou uma ação semelhante, dessa vez voltada
aos futuros professores da escola pública: o Progra-
ma Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(Pibid). O ano era 2007 e o Pibid deu seus primeiros
passos com pouco mais 3 mil bolsistas espalhados em
43 instituições federais de ensino superior. Sete anos
depois, em 2014, já eram mais de 90 mil beneficiários,
distribuídos em 855 campi de 284 instituições forma-
doras, públicas e privadas. Desde então, o Pibid, que
já atendeu 317 mil graduandos, se consolidou como o
maior programa do Brasil para a formação dos futu-
ros professores.
A ideia é simples: oferecer, por meio de bolsas de es-
tudo, uma experiência prática de sala de aula aos fu-
turos professores. Isso tem gerado para eles valiosas
oportunidades de complementar sua formação, em
colégios públicos de todos os cantos do País.
24
Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência
- CRIADO EM 2007
- 284 IES PARCEIRAS
- 317 MIL FORMADOS
- REAJUSTE NO VALOR DAS BOLSAS:
DE R$400 PARA R$700
PIBID
nº 4/2023
No município de Jacareacanga, no sudeste do Pará, Elisa Akai Wiui, da
etnia Mundukuru, foi bolsista do Pibid durante a licenciatura Intercultu-
ral Indígena - Ciências da Natureza e Matemática. O primeiro desafio da
professora indígena e de seus colegas foi lidar com as grandes distâncias
do estado paraense. “A terra indígena Munduruku é imensa, dividida por
regiões: a minha aldeia ficava no Alto Tapajós, tinha colegas da gradua-
ção no Baixo Tapajós, outras que vinham do rio Kabitutu, e mais”. Para
chegar à escola, Elisa precisava atravessar o Tapajós de ‘rabeta’ (pequena
embarcação a motor). Depois, pegar um caminhão da prefeitura por mais
280km até chegar em Jacareacanga e, então, atravessar mais um rio para
chegar ao destino, a escola Escola Indígena Juliano Kirixi, na aldeia Ka-
rapanatuba.
Desse longo percurso, já é possível compreender a importância da bolsa
na vida dos estudantes. O valor de R$400 do auxílio (atualizados em 2023
para R$700) era somado e utilizado de forma comunitária entre diversos
alunos. “Juntávamos e fazíamos vaquinhas para comprar alimentos, para
passar uma semana ou mais dias no Programa. Como naquela época nem
todas as minhas colegas eram professoras ainda, a gente se ajudava. Com
a bolsa comprávamos gasolina e a nossa alimentação, às vezes pedíamos
caronas para os parentes”, relembra.
Na escola indígena, Elisa foi responsável por vários projetos, como um
bingo matemático, a organização de uma feira de ciência e tecnologia,
além de um projeto sobre matemática indígena, chamado Contagem
Munduruku. “Tive muitos momentos de descobertas. Aprendi a valorizar
muito mais a educação escolar indígena, descobri a riqueza de conheci-
mento do meu próprio povo”, define a professora.
Hoje Elisa é aluna do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Edu-
cação Escolar Indígena, da Universidade Estadual do Pará, onde estuda
as relações econômicas do povo Munduruku. Ser mestra será, como ela
define, mais um sonho a ser realizado. “Devemos sempre buscar os novos
caminhos, maneiras de mostrar a importância de ensinar e aprender. E
surpreender sempre, pois só assim chamaremos a atenção daqueles que
jamais imaginaram que existiriam possibilidades de ver e ter professoras
indígenas formadas na universidade”, conclui.
25
“Tive muitos momentos
de descobertas. Aprendi
a valorizar muito mais
a educação escolar
indígena, descobri a
riqueza de conhecimento
do meu próprio povo.”
Elisa Akai Wiui
Teoria + Prática
Na periferia do Distrito Federal, em um ambiente aparente-
mente bastante distinto da aldeia Mundukuru, o professor
Thalis Alves Manso também enfrentou desafios de mobili-
dade e acesso ao curso superior. Como estudante do curso
de licenciatura em Língua Portuguesa no Instituto Federal
de Brasília (IFB) eram necessários seis ônibus diários para
o trajeto de casa, na cidade de Santa Maria, ao IF de São
Sebastião.
Foi nesse contexto que o então aluno teve contato com o Pi-
bid. “Sempre falo que o programa foi o pilar da minha prá-
tica. Sem o Pibid, na faculdade, a gente só tem a teoria. Com
o Pibid, a gente coloca o ‘pé na aula’, aprende a planejar,
produzir conteúdo, controlar o tempo”, define Thalis, que
hoje é professor do 6º e 7º anos do Ensino Fundamental da
Secretaria de Educação do Distrito Federal.
Ele lembra ainda como o programa foi importante para o
seu letramento na linguagem acadêmica e científica: “Vin-
do de escola pública, sabia muito pouco sobre isso. Logo no
primeiro semestre tivemos que fazer pesquisa e produzir
um artigo. Foi um desafio para toda a turma e um grande
aprendizado”.
Além disso, a bolsa de estudos teve uma importância fun-
damental, para garantir sua estrutura mínima para conse-
guir avançar no curso. “Quando chegou a pandemia, para
assistir às aulas de casa, foi a bolsa do Pibid que me ajudou
a comprar um telefone, colocar internet em casa e arrumar
meu computador”, conta o professor.
26
nº 4/2023
27
Permanência
Permitir as condições para se seguir no curso de licenciatura até se formar pa-
rece ser uma constante no Pibid. O relato não é apenas de quem foi bolsista en-
quanto estudante de graduação, mas também dos professores que atuam como
monitores, ao receberem os bolsistas do Programa em suas salas de aula, na
escola pública.
Carolina Bonetti é professora da rede municipal de Paranavaí, no Paraná. Ela
recebeu alunos do Pibid em sala de aula e também destaca a interação entre
teoria e prática oferecida pelo Programa: “Como supervisora do Pibid, consegui
manter meus pés na escola e fazer uso das teorias que a Universidade propor-
ciona. A inserção dos estudantes nos espaços escolares acontece de forma grada-
tiva, com orientação a cada passo e participando desses momentos como apoio
profissional”.
A professora conta o caso de superação de uma estudante que pensava em desis-
tir do curso. “Ela achava que não tinha o ‘dom’ para ser professora, que falava
baixo, era mais ‘lenta’ e que parecia que a turma não a obedecia”. Durante o
desenvolvimento das atividades do Pibid, a turma passou a confiar na aluna e
a respeitá-la. “Ela aprendeu que seu modo de trabalhar deveria estar de acor-
do com suas habilidades, temperamento e conhecimentos, tanto quanto deveria
atender às necessidades da turma. Houve uma ressignificação do método de en-
sino”, explica Carolina. Hoje, a ex-bolsista, já concursada, é professora dedicada,
continua estudando e buscando aprender mais sobre sua profissão.
Para Carolina, essa é a chave da inovação que explica o sucesso do Pibid. “Iniciar
a carreira de forma abrupta e sem o acompanhamento devido pode perpetu-
ar comportamentos inadequados. Os novos professores, muitas vezes, repetem
seus antigos professores, sem questionamento da prática com relação à teoria.
Ao combinar ambos, o Pibid proporciona para a educação básica a melhoria do
padrão de qualidade do ensino”, conclui.
nº 4/2023
“Através da vivência do
Residência Pedagógica, sou
um professor que realmente
entende a complexidade da
educação. O programa me fez
entender que a escola é muito
mais do que um prédio.”
Bruno Ficanha Basso
28
Viver a escola
Residência Pedagógica é espaço de participar dos processos decisórios,
da organização, e compreender como a escola funciona
A formação do futuro professor deve prepará-lo para as situações reais
e complexas que permeiam o cotidiano da escola e da sala de aula. Foi
com essa proposta que a CAPES criou, em 2018, o Programa Residência
Pedagógica. A iniciativa promove a imersão dos alunos de licenciatura
no ambiente escolar, para que exercitem atividades de regência e inter-
venção pedagógica em sala de aula e acompanhem as rotinas de gestão
administrativa e pedagógica. Todo esse processo se desenvolve com o
acompanhamento de um profissional com experiência na área de ensino
do licenciando e outro da instituição em que este faz o curso.
O Residência Pedagógica é voltado aos estudantes que estão na segunda
metade da licenciatura, e oferece o aprofundamento da formação teóri-
co-prática, apoiando a construção da identidade profissional dos futuros
professores. Assim como o Pibid, as bolsas de estudo são dadas aos alunos
de graduação e também aos educadores da rede pública que recebem os
residentes.
Uma das palavras-chave do programa é vivência. “Ser residente não foi
apenas estar na escola cumprindo horário, mas vivendo o universo da
educação no seu sentido mais puro e complexo. Foi viver a escola, seu
espaço, e participar dos processos decisórios e organizacionais, compre-
ender como realmente funciona o ‘chão’ da sala de aula”. Assim explica
Bruno Ficanha Basso, bolsista no município de Frederico Westphalen, no
noroeste do Rio Grande do Sul.
Bruno hoje trabalha como professor, ofício que define como “desafio
diário”, e afirma se sentir preparado para esse aprendizado constante,
justamente por ter sido residente. “Através da vivência do Residência Pe-
dagógica, sou um professor que realmente entende a complexidade da
educação. O programa me fez compreender que a escola é muito mais do
que um prédio”, afirma.
nº 4/2023
29
Trocas
A vivência só funciona bem quando há troca. Quem
compreende bem essa dinâmica é a estudante qui-
lombola Luciene Estevão Nascimento, bolsista do
Residência Pedagógica no 7º período do curso de Pe-
dagogia do Centro Universitário de Valença (Unifaa),
no sul do estado do Rio de Janeiro. “Está sendo muito
gratificante e novo, para mim, atuar em uma escola
onde eu não teria a chance de estar, de outra forma”,
afirma.
Natural do Quilombo São José da Serra, na região de
Valença, Luciene conta que a bolsa da CAPES, reajus-
tada em 2023, irá ajudar os irmãos que entraram este
ano para a faculdade. “Posso dizer que a Educação
abriu portas em minha vida e está transformando
minha família”.
O contato na escola, tanto com professores quanto
com alunos, é para a estudante a parte mais rica da
formação. “É incrível estar em contato com profissio-
nais com uma bagagem enorme de sabedoria adqui-
rida com o tempo e que passam tanta tranquilidade
a todos os residentes, com tanto amor e carinho. E,
claro, olhar nos olhos de cada uma das crianças e ver
um mundo mágico e todo colorido sendo construído
no dia a dia é lindo demais”, revela Luciene.
30
Trajetórias
A vivência, que é marca do Programa, também é composta pelo que os
residentes trazem de suas trajetórias para a escola. A história do estudan-
te Francisco Eudes de Souza, bolsista do Residência Pedagógica no curso
de Pedagogia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) no
Piauí, ilustra isso bem.
Cearense e cordelista, Francisco levou a literatura de cordel para a sala de
aula, quando residente, de outubro de 2020 a março de 2022. Ele conside-
ra que o programa não apenas aceitou, mas fortaleceu seu lado de ativista
popular. “Escrevo cordéis desde os meus 13 anos de idade. Então, minhas
ações dentro do curso de Pedagogia já eram voltadas desde o início para
a cultura popular nordestina, o saber popular, a ancestralidade e, prin-
cipalmente, a literatura de cordel, temas invisíveis na minha educação
básica”, conta.
Na Residência Pedagógica não foi diferente. “No Programa pude unir cada
vez mais a literatura de cordel com a sala de aula, utilizando os meus cor-
déis em atividades e trabalhando alfabetização e letramento, contação de
histórias e gêneros textuais, cultura nordestina e a arte da xilogravura”,
relata Franscisco.
Com a experiência adquirida, o estudante acabou por fundar um projeto,
o Entre Versos, desenvolvido na Escola de Aplicação da universidade. A
partir de oficinas que tratam de temas relacionados à cultura regional, o
projeto já atendeu 126 alunos das turmas do 1º ao 5º ano do Ensino Fun-
damental. “Minha experiência com o Residência Pedagógica reforçou no-
vamente a importância da literatura de cordel em sala de aula. Foi lindo
ver as crianças lendo e escrevendo seus cordéis, e curiosas para conhecer
a cultura nordestina”, completa.
nº 4/2023
31
Residência Docente
Foco do novo programa são professores em início de carreira
e aqueles concluíram sua licenciatura nos últimos três anos
Uma nova ação da CAPES quer estimular ainda mais o ingresso e a per-
manência de professores nas escolas públicas de educação básica. Esse
é o objetivo do Residência Docente, que se une a outros programas da
Fundação para expandir a oferta de formação de profissionais da área do
ensino em todo o País.
O público-alvo do novo programa são os professores em início de carrei-
ra, que terminaram suas licenciaturas nos últimos três anos. O Residên-
cia Docente será executado em parceria com as secretarias estaduais de
educação e instituições de ensino superior, responsáveis pelas atividades
de formação.
A meta da CAPES é ofertar 20 mil bolsas em 2024 e 2025. Com atividades
presenciais e a distância e carga de 360 horas, o novo programa utiliza-
rá o ambiente escolar onde o professor trabalha como espaço de estudo,
pesquisa e intervenção. Aqueles que concluírem a formação receberão
certificados de Especialistas em Docência na Educação Básica, na moda-
lidade pós-graduação lato sensu.
O Residência Docente tem como objetivo investir em propostas de forma-
ção adequadas à realidade da escola pública e contribuir para a união de
teoria e prática profissional, incentivando pesquisas e produções acadê-
micas cujos resultados possam ser aplicados em sala de aula.
20 MIL BOLSAS EM 2024 E 2025
RESIDÊNCIA DOCENTE
NOVO
PROGRAMA
32
Práticas pedagógicas e organização
Parfor oferece educação superior gratuita e de qualidade
e dissemina novos conhecimentos para todos
O Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor)
representa muito mais do que a oferta de cursos para os profissionais de sala
de aula. Quando o objetivo da ação entra em contato com a realidade da escola,
uma nova perspectiva se abre, para os professores e toda a comunidade.
O Parfor permite a professores que já lecionam o acesso à formação específica
em curso de licenciatura nas áreas em que ensinam. Assim, o Programa oferece
educação superior, gratuita e de qualidade, tornando-se um importante instru-
mento de difusão e indução à carreira do magistério e, também, de dissemina-
ção de novos conhecimentos para todos.
Maria José Lopes Magalhães, da etnia Kanamari, no Vale do Javari, no oeste do
Amazonas, tinha exatamente a intenção de levar às suas turmas um conheci-
mento diferente, que acrescentasse outras ideias à sabedoria adquirida pela
vivência da cultura local, da prática e dos costumes. Quando soube do Parfor,
entendeu que era a oportunidade que precisava para oferecer novos saberes
às turmas multisseriadas para as quais já dava aulas na Comunidade de Irari II.
Orgulhosa de sua formação em Pedagogia Intercultural Indígena, Maria José é
uma das 60 mil pessoas formadas pelo Parfor, cujo objetivo é estimular a oferta
de cursos de licenciatura com propostas pedagógicas que atendam às especifi-
cidades da formação inicial de professores em serviço. O Programa oferece aos
educadores da rede pública de educação básica a oportunidade de obter forma-
ção específica de nível superior na área de conhecimento em que ensinam.
Programa Nacional de Formação de
Professores da Educação Básica
60 MIL FORMADOS
PARFOR
“Planos de aula já eram
feitos, mas faltava o
entendimento sobre como
organizar o que se fazia.”
Maria José Lopes Magalhães
nº 4/2023
33
A aproximação entre a educação superior e a educação básica, ten-
do a escola onde o professor trabalha como espaço privilegiado de
formação e de pesquisa, é uma das suas condições de execução.
Para a professora que enfrentou desafios tão diversos como o des-
locamento dentro da comunidade indígena para fazer o curso e
a falta de conhecimento acadêmico prévio, formar-se pelo Parfor
trouxe melhorias no seu desempenho em sala: “Comecei a estudar
mais e a buscar as coisas novas, propor aulas e disciplinas novas”.
Além disso, o Programa possibilitou sua aprendizagem sobre a or-
ganização das aulas. “Planos de aula já eram feitos, mas faltava o
entendimento sobre como organizar o que se fazia”, avalia Maria
José.
Esse ponto também é compartilhado por Elaina Dias Castelo Bran-
co, professora na comunidade amazonense de Massapê, no Rio Ita-
guaí, há 10 anos. Formada em Pedagogia Intercultural Indígena em
2022, ela sente que cursar o Parfor a fez “uma profissional mais
capacitada, com mais informações e mais conhecimento para con-
duzir as tarefas em sala de aula com mais eficiência”.
Tanto Maria José quanto Elaina Dias destacaram que o ensino faz
parte da essência de cada uma, e também entendem que o Progra-
ma contribuiu para melhorar a prática pedagógica e a organização
das tarefas em sala de aula.
Como Maria e Elaine, Carlos Bindá Mayoruna, da Aldeia Lobo,
localizada na terra indígena Vale do Javari, em Atalaia do Norte
(AM), foi formado no curso de Pedagogia Intercultural Indígena,
em 2022. Ele destaca como melhoria evidente o progresso na sua
maneira de ensinar. “Tive dificuldade de planejamento, não sabia
como preencher diário, avaliar alunos e saber quem estava apren-
dendo ou não. Não anotava nada em cadernos”, comenta. Além
disso, começou a ler sobre outros temas. “Lia livros dos brancos, de
ciência, matemática, português”, relembra, comemorando o fato
de agora saber planejar aulas, conseguir avaliar os alunos, enten-
der como se faz um planejamento, elaborar um projeto e trabalhar
com crianças de 3 e 4 anos, entre outras conquistas.
“Cursar o Parfor
me fez uma profissional
mais capacitada,
com mais informações
e mais conhecimento
para conduzir as tarefas
em sala de aula
com mais eficiência.”
Eliane Dias Castelo Branco
“Houve um progresso na minha
maneira de ensinar.”
Carlos Bindá Mayoruna
nº 4/2023
O sistema eletrônico que reúne informações essenciais sobre a
formação de professores da Educação Básica resgata seu antigo
nome. Justa homenagem a um dos pensadores da Pedagogia mais
respeitados em todo o mundo.
E A PLATAFORMA FREIRE, TAMBÉM.
O BRASIL VOLTOU
A Plataforma Freire é um sistema gerido
pela CAPES para subsidiar a formulação de
políticas e a gestão de programas e ações
destinados à formação inicial e continuada
dos professores da Educação Básica. Ela
reúne informações sobre a execução dos
projetos apoiados pela Fundação e permite
a participação de diferentes atores
envolvidos, como Secretarias de Educação
e coordenadores de instituições de ensino
superior.
Em 2003, a Plataforma Freire completa 14
anos e retoma sua denominação original,
uma merecida homenagem ao patrono da
Educação brasileira, Paulo Freire.
Acesse em https://freire.capes.gov.br/portal/
36
Divisor de águas
Para os professores participantes,
ProEB contribui para melhorar a didática do ensino
“Divisor de águas”. Essa foi a expressão usada
pelo professor de História, Rafael da Silva As-
sis, ao falar sobre o resultado do Mestrado Pro-
fissional para Professores da Educação Básica
(ProEB) na sua trajetória acadêmica. Pensado
para oferecer aos profissionais uma evolução
constante no acesso a novas teorias e práticas
acadêmicas, o Programa segue as diretrizes
estabelecidas pelo Ministério da Educação
(MEC) para a formação continuada, stricto
sensu de educadores que estão em exercício,
além de apoiar instituições de ensino superior
e a rede de instituições associadas.
Desde 2016, quando concluiu a disciplina de
História, em Araguaína, no Tocantins, Rafael
relata que a sua maneira de ensinar mudou.
“Ao me deparar com os conteúdos do mestra-
do e depois voltar para a sala de aula, minha
didática melhorou; passei a entender que den-
tro da didática há uma teoria e uma metodo-
logia educacional que dão sustentação ao que
é ensinado”, revela. Outro ponto de destaque
para Rafael, fundamental para o seu desen-
volvimento em sala de aula, foi conseguir, a
partir do entendimento desse conteúdo, com-
preender e pôr em prática o sistema avaliati-
vo processual. Era algo de que já havia ouvido
falar, mas que não sabia como executar.
“Ao me deparar com os
conteúdos do mestrado,
e depois voltar para a sala
de aula, minha didática
melhorou, pois passei a
entender que dentro da
didática há uma teoria e uma
metodologia educacional
que dão sustentação
ao que é ensinado.”
Rafael da Silva Assis
nº 4/2023
37
“Defendo que todo
professor deveria ter a
oportunidade de fazer
o mestrado pois reflete
imediatamente na
melhoria da prática.”
Humberto Barbosa
Assim, como Rafael, titulado no ProfHistória, um dos ramos
do ProEB, cerca de 16 mil profissionais já receberam o diplo-
ma pelo Programa, que concede bolsas e fomento aos cursos
na modalidade semipresencial, no âmbito do Sistema Univer-
sidade Aberta do Brasil (UAB). Os mestrados profissionais são
oferecidos em mais de 300 instituições de ensino superior, em
diferentes áreas: Matemática (ProfMat), Ensino de Física (Pro-
Fís), Letras (ProfLetras), Artes (ProfArtes), História (ProfHistó-
ria), Ensino de Biologia (ProfBio), Química (ProfQui), Filosofia
(ProFilo), Sociologia (ProfSocio), Educação Física (ProEF), en-
sino de Geografia (ProfGeo) e Educação Inclusiva (ProfEI).
A motivação para uma nova maneira de trabalhar, descrita
por Rafael, principalmente sobre o acesso a teorias antes des-
conhecidas, é compartilhada pelo professor paraibano José
Humberto Barbosa, também titulado na área de História pelo
ProEB. Atualmente, ele leciona para jovens e adultos pelo Ceja
(Centro de Educação de Jovens e Adultos), em Araguaína (TO),
e comemora o fato de ter tido acesso a conteúdos que não ti-
nha estudado em sua graduação. Para ele, a mudança foi tão
grande, que defende que todo o professor deveria ter a opor-
tunidade de fazer o mestrado, pois reflete imediatamente na
melhoria da prática. Ele lembra que antes do ProEB trabalha-
va o “planejamento de 28 aulas semanais, para dar 40 horas/
aula de maneira muito corrida e sem tanto conhecimento”.
Além desse ponto, Humberto acredita que passar pela forma-
ção é positivo para que o profissional consiga pleitear melho-
res condições de trabalho e salários.
PROEB
Programa de Mestrado Profissional para
Professores da Educação Básica
Matemática (ProfMat) Química (ProfQui)
Física (ProFís) Filosofia (ProFilo)
Letras (ProfLetras) Sociologia (ProfSocio)
Artes (ProfArtes) Educação Física (ProEF)
História (ProfHistória) Geografia (ProfGeo)
Ensino de Biologia (ProfBio) Educação Inclusiva (ProfEI)
CURSOS DO
38
PREMIAÇÃO
Um projeto de aulas para o Ensino Fundamental, intitulado ‘Viajando pela
cultura africana’, deu a Suzi Dorneles Rocha, professora de Educação Físi-
ca, a oportunidade de ficar entre os dez vencedores do Prêmio Educador
Nota 10 em 2020. No projeto, temas como identidades africanas e afro-
-brasileiras são estudados a partir de jogos e brincadeiras de países como
Moçambique, Nigéria e Senegal. A iniciativa se desenvolveu no âmbito do
ProEB. Do seu ponto de vista, a principal motivação para o trabalho foi
a vontade de diversificar o conteúdo pedagógico sobre países africanos.
“Sempre me interessei por essas culturas, desde a formação inicial. Não
tive muitas experiências em sala de aula, para além do tema da escravi-
dão. E vai muito além disso”, observou, destacando que um dos aspectos
mais relevantes “foi o envolvimento de toda a comunidade escolar, que
participou ativamente e reconheceu a riqueza do processo”.
nº 4/2023
39
Valorização do ensino de Ciências
Programa C10! estimula o ensino por investigação e auxilia na qualidade das aulas
Mais de três mil professores no Brasil toparam o desafio de seguir os
estudos no curso de especialização do Programa Ciência é 10 (C10!),
criado pela CAPES para ajudar os profissionais que ensinam a discipli-
na para alunos dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano).
A iniciativa é realizada, na modalidade a distância, em parceria com
18 instituições de ensino superior. Uma delas é o Instituto Federal de
Pernambuco (IFPE), que teve como aluna a professora Lilian Magda
Alves, de Caruaru. A primeira graduação foi em Pedagogia. Depois,
seguiu para uma Licenciatura em Ciências Biológicas. A partir daí, fez
a especialização pelo C10!.
O curso permitiu a Liliana conciliar estudos com atividades fora da
escola. As aulas ocorriam no final de semana, e a interação com os
colegas permitia discutir as leituras e realizar investigações. “Antes do
C10!, ficava insatisfeita com a maioria das aulas e projetos. Depois do
curso, pude enxergar mais oportunidades e assim ofertar aulas com
mais qualidade. Não só contribuiu significativamente na melhoria da
minha vida profissional, mas também na vida pessoal”, lembra.
Na opinião de Liliana, essa formação precisa ganhar capilaridade no
País. “Acredito que para a melhoria da formação no Brasil, as univer-
sidades deveriam ofertar cursos de aperfeiçoamento mais flexíveis e
em mais lugares do interior”, comenta.
Também de Pernambuco, Gilmax de Lima
ensina Física na zona rural de Lagoa de Ita-
enga, a 72 km da capital, Recife. Egresso da
primeira turma do C10! do IFPE, em Carpina,
seu interesse durante o curso foi o método
de ensino por investigação. Recentemente,
ele concluiu outra especialização, desta vez
em Ensino de Astronomia e Ciências, pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE). No momento ele cursa o mestrado
em Ensino de Física, na UFPE.
Gilmax é professor do 3º ano do ensino mé-
dio nas disciplinas de Física, Robótica e Intro-
dução à Astronomia, na mesma escola onde
fez sua educação básica. Para ele, o C10! foi
um incentivo ao aperfeiçoamento constante.
“Percebemos a possibilidade de levar o ensi-
no por investigação para os nossos estudan-
tes”, conta. “Minhas aulas, que eram mais
restritas à teoria, ganharam uma perspectiva
investigativa da ciência, com reflexão sobre
o cotidiano, e isso, sem deixar de abordar o
componente matemático”.
Para os que pensam em seguir na carreira de
Ciências, Gilmax tem um recado: “Fazer a di-
ferença nas salas de aula do nosso Brasil é um
desafio muito gratificante. Busquem inovar e
apresentar as Ciências de forma dinâmica e
atrativa, levando a essência da educação, que
é transformar a vida através dos estudos”.
“Minhas aulas, que eram
mais restritas à teoria,
ganharam uma perspectiva
investigativa da ciência, com
reflexão sobre o cotidiano, e
isso sem deixar de abordar o
componente matemático.”
Gilmax de Lima
40
nº 4/2023
Na Universidade de Brasília (UnB), o Ciência é 10! tam-
bém mobilizou os professores para as novas formas de
atrair o interesse dos alunos pelas aulas. Os trabalhos
de conclusão de curso fizeram tanto sucesso que foram
publicados na revista Physicae Organum. Os textos da
edição abordam a construção de problemas significa-
tivos para o ensino de Ciências na educação básica,
assim como da reflexão para a melhoria das ações pe-
dagógicas.
Para complementar as atividades previstas pelo C10!,
a UnB desenvolveu e aplicou oficinas de Ciências, em
duas edições abertas a estudantes da educação básica,
que alcançaram cerca de 1.500 alunos. “A adesão ao
curso introduziu perspectivas interdisciplinares e fun-
damentadas em tecnologias digitais”, destaca Marcelo
Ferreira, mestre em Ensino de Física, doutor em Edu-
cação em Ciências e coordenador do C10! na universi-
dade.
O curso de especialização lato sensu é dividido em três
módulos, com uma carga total de 480 horas. O C10! tem
quatro eixos temáticos — Vida, Ambiente, Universo e
Tecnologia — e é baseado no estímulo do ensino por
investigação, com uma abordagem criativa e transver-
sal. Oferece aos professores ferramentas, conteúdos
e metodologias que auxiliam na qualidade das aulas,
propondo novos desafios e reflexões sobre a prática
pedagógica. Além das aulas a distância, uma vez por
mês os professores se reúnem nos polos da UAB, que
são espaços com estrutura de apoio pedagógico, tecno-
lógico e administrativo, para as atividades de ensino e
aprendizagem.
- 3 MIL PROFESSORES
- 19 IES PARTICIPANTES
C10!
41
42
Professores contam suas experiências
Ex-participantes do Ciência é 10! relatam como foi participar do curso
Carrinhos feitos com tampinhas e garrafinhas, movidos pelo ar de ba-
lões enchidos por estudantes, são uma forma de ensinar. Essa é par-
te da experiência de Wellington Eduardo Moreira, no Ciência é 10!
(C10!). Professor do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Ester
da Cunha Peres, escola da rede estadual de Goiás que fica em Luziâ-
nia, ele participou da primeira edição do programa de especialização
voltado para educadores que ensinam Ciências do 6º ao 9º ano do En-
sino Fundamental. “O C10! dá uma sacudida na sala de aula. A Biolo-
gia, a Física e a Química saem do quadro, o aluno põe a mão na massa
e compreende melhor”, disse.
O C10! tem módulos on-line com recursos multimídia, atividades prá-
ticas, fóruns de discussão e avaliações. O objetivo é promover a valori-
zação da ciência e da educação científica. O curso é oferecido pela Uni-
versidade Aberta do Brasil (UAB), em mais de 100 polos do Sistema.
nº 4/2023
As aulas de Wellington, que renderam um artigo,
despertaram o interesse de Lucas Henrique, es-
tudante do 9º ano do Cepi Ester da Cunha Peres,
pelo campo das Ciências. “Utilizamos materiais
recicláveis e entendemos como funciona o ar.
Muitas vezes as pessoas acham que ciência é uma
coisa muito complexa, chata, só de muito estudo,
mas quando começamos a praticar, entendemos
mais”, disse o garoto, que pensa em ser professor.
No C10!, estudantes como Lucas Henrique são
estimulados a se tornarem protagonistas de seu
aprendizado. Lucelia Andrade, professora do Cepi
Maria Ribeiro Carneiro, em Rio Verde (GO), con-
tou ter mudado o modo de atuar em sala depois de
participar da especialização. “Comecei a perceber
que eu tirava a oportunidade dos meus alunos de
questionar, de perguntar, porque eu dava as res-
postas”, relatou.
O experimento da professora consistiu em colocar
diferentes quantidades de água em garrafas de vi-
dro e pedir para os estudantes baterem nos obje-
tos com réguas. Os recipientes mais cheios faziam
um som e os mais vazios, outro. “Isso despertou
a curiosidade dos alunos. Com isso, trabalhamos
sons agudos, sons graves, comprimento de ondas
e frequência, de uma forma lúdica”, explicou Lu-
celia, que publicou um artigo em uma revista da
Universidade de Brasília (UnB) para relatar a ex-
periência.
43
“Muitas vezes as pessoas
acham que ciência é uma
coisa muito complexa,
chata, só de muito estudo,
mas quando, mas quando
começamos a pratica,
entendemos mais.”
Lucas Henrique
“No Canadá, visitei escolas
de educação infantil e ensino
fundamental, participei de
painéis com professores e
diretores de escolas, houve
uma troca de experiências
muito enriquecedora.”
Liza Iole da Silva
Capacitação profissional no exterior
Troca de experiências com outros países contribui
para o aperfeiçoamento de professores e outros trabalhadores da educação
A CAPES já apoiou a formação de 3.285 professores e outros profissionais da
educação básica no exterior. O Brasil possui acordos com países da América
do Norte — Canadá e Estados Unidos — e da Europa — Alemanha, França,
Irlanda, Portugal, Reino Unido e Suíça — para aperfeiçoamento em idio-
mas, gestão educacional, ensino de alfabetização e de disciplinas como Físi-
ca, Matemática e Química.
Uma das beneficiadas é Liza Iole da Silva, professora em Ribeirão das Ne-
ves (MG) desde 2015. A cidade fica a 15 quilômetros de Belo Horizonte e é
estigmatizada pela violência. Preocupada com a questão social, a educa-
dora fez um projeto, em 2019, para tentar mudar essa realidade e passou
oito semanas no Canadá pelo Programa de Desenvolvimento Profissional
de Professores da Educação Básica. Liza executou a proposta “Redescobrir e
valorizar o local onde eu vivo” na Escola Municipal Analito Pinto Monteiro.
Nas aulas, a professora levou os estudantes para uma horta (boa parte dos
pais do alunos trabalham com agricultura familiar) na igreja principal da
cidade, e mostrou a importância das mulheres na história da construção
do município, contando casos de sucesso de moradores locais. Antes depois
das atividades, ela aplicou questionários para conhecer a relação dos alu-
nos e seus familiares com o município. No começo, mais de 50% dos entre-
vistados (alunos e responsáveis pelos estudantes) disseram não gostar de
viver em Ribeirão das Neves. Ao final, este número caiu para menos de 15%.
“No Canadá, visitei escolas de educação infantil e ensino fundamental, par-
ticipei de painéis com professores e diretores de escolas, houve uma troca
de experiências muito enriquecedora”, conta Liza. O trabalho rendeu à pro-
fessora o Prêmio de Relevância Acadêmica, promovido pela Pró-Reitoria
de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2020. “A
CAPES foi um divisor de águas”, sintetiza.
44
nº 4/2023
MAIS DE
PROFESSORES
PARTICIPANTES
3MIL
45
Victor Morais, de São Roque (SP), é um
dos cem professores que participaram
do Programa de Desenvolvimento Pro-
fissional de Professores-Alfabetizado-
res em Portugal. De novembro de 2022
a janeiro deste ano, os educadores vi-
veram uma rotina de capacitação prá-
tica no Instituto Politécnico do Porto,
com aulas teóricas na Universidade do
Porto à tarde e tutoria, à noite.
O professor faz uma reflexão sobre
como a troca de experiências com
outros países pode levar a educação
brasileira a evoluir. “A proposta de
Portugal deixa claro qual é o propósito
principal do ensino nos anos iniciais:
primeiro, fazer a criança ler com flu-
ência, para depois começar a interpre-
tar. Então, a gente aprende a ler, para
depois ler para aprender”, conta.
A pandemia da COVID-19 afetou for-
temente a possibilidade de formações
presenciais no exterior. Liza Iole foi ao
Canadá antes do período de restrições
e Victor Morais esteve em Portugal de-
pois da fase mais aguda de isolamento
social. Agora, a CAPES está com três
editais em andamento. Um deles é do
Programa pelo qual Liza Iole se ca-
pacitou. Os outros dois são cursos de
liderança e gestão educacional, na Ir-
landa, e de aperfeiçoamento na língua
inglesa, nos EUA. Esses dois últimos
são os temas das próximas páginas.
46
Liderança e gestão educacional
Ação da CAPES de formação na Irlanda valoriza
o currículo dos profissionais que atuam na educação básica
Uma oportunidade única. Assim egressos do curso de lide-
rança e gestão educacional no Mary Immaculate College,
na cidade de Limerick, definem o Programa de Desenvol-
vimento de Profissionais da Educação Básica na Irlanda.
Essa é uma ação da CAPES de formação de lideranças nas
comunidades escolares, com um período de intercâmbio
em uma instituição de ensino que é referência no assunto.
Marcelo Khalil é concursado da Secretaria de Educação do
Distrito Federal. Ele já ocupava um cargo de gestão antes
da viagem para o exterior, mas a valorização do currículo
e a capacitação foram fundamentais para que ele se tor-
nasse coordenador intermediário na Regional de Ensino
do Guará, uma das regiões administrativas do DF. “Nós
tivemos aulas de inteligência emocional, de como liderar,
de como trabalhar essa parte pedagógica de forma mais
efetiva. A capacitação me ajudou muito, me preparou para
o cargo que ocupo hoje”, relata o educador.
“Nós tivemos aulas de inteligência emocional,
de como liderar, de como trabalhar essa parte
pedagógica de forma mais efetiva.
A capacitação me ajudou muito, me preparou
para o cargo que ocupo hoje.”
Marcelo Khalil
nº 4/2023
47
Antes, professor de língua inglesa no Centro Cearense de Idiomas
(CCI) de Itapipoca (CE), Felype Forte assumiu a direção do CCI de
Tianguá, outro município do Ceará. Ele teve que passar por um
processo seletivo e credita o sucesso à experiência vivida na Ir-
landa. “Além da experiência de estar em um país diferente, aca-
demicamente, para mim, foi um divisor de águas. Tive contato
com novas metodologias, outras práticas relacionadas à lideran-
ça. Estagiei em escolas de educação básica da Irlanda, ou seja,
entrei de fato em contato com o sistema educacional irlandês”,
explicou.
Os exemplos estão espalhados pelo País. Rosane Karl é coorde-
nadora administrativo-pedagógica da Secretaria Municipal de
Educação de Petrópolis (RJ). Assim como Khalil e Forte, chegou
à função depois de passar pelo curso na Irlanda. “Estagiamos em
instituições de ensino e tivemos a oportunidade de ver como fun-
cionam escolas de educação básica por lá, o acompanhamento
que os estudantes de licenciatura têm na formação, com estágio
já no primeiro semestre”, relata. “Com isso, vemos que a equida-
de educacional na educação básica por lá ocorre de fato. Estuda-
mos as diferenças com o Brasil para lutar por educação básica de
qualidade, pública e gratuita, em nosso País”.
Marcelo Khalil, Felype Forte e Rosane Karl participaram da pri-
meira turma do Programa. Agora, a seleção do Edital nº 43/2022
vai levar um novo grupo de 30 pessoas para a capacitação naque-
le país. Cento e vinte professores, coordenadores e supervisores
pedagógicos, gestores escolares e profissionais lotados nas secre-
tarias de Educação que exercem atividades de gestão educacio-
nal, ou relacionadas à formação de professores, concorrem. No
momento, eles assistem às aulas de um curso de aperfeiçoamento
em língua inglesa. Haverá um teste de nivelamento e os melho-
res serão selecionados. São três vagas para ampla concorrência e
27 a serem distribuídas igualmente entre os estados e o Distrito
Federal. As atividades são divididas em dois períodos: um on-line,
entre julho e agosto de 2023, e outro presencial na Irlanda, de
setembro de 2023 a maio de 2024.
Inglês para as escolas públicas
Programa nos Estados Unidos já atendeu cerca de 3 mil professores de língua inglesa
O Programa de Desenvolvimento Profissional de Pro-
fessores de Língua Inglesa nos Estados Unidos (PDPI) é
a principal ação no exterior da Diretoria de Educação
Básica da CAPES. O PDPI é responsável por nada me-
nos que 2.633 das 3.285 pessoas que são apoiadas em
sua formação, voltada para a educação básica, fora do
País. Isso sem contar as 357 do Edital nº 30/2019, que
voltaram dos Estados Unidos no fim de fevereiro deste
ano.
Pelo PDPI, professores de língua inglesa das redes pú-
blicas de educação básica do Brasil vão aos EUA, com
bolsas, ter aulas de aprimoramento em inglês e de
desenvolvimento de metodologias. A execução é reali-
zada pela parceria entre a CAPES e a Comissão Fulbri-
ght, do governo norte-americano. Para Luiz Loureiro,
diretor-executivo da instituição no Brasil, o Programa
tem uma importância fácil de ser explicada: “Nós in-
vestimos na formação de professores de língua ingle-
sa, que vão melhorar o ensino do idioma nas escolas
públicas brasileiras.”
Valéria de Melo Ferreira é professora da rede munici-
pal de Ceará-Mirim (RN). Em 2023, ela participou pela
segunda vez do PDPI — a primeira havia sido em 2018.
Ela esteve na Universidade Estadual de Michigan de
janeiro a fevereiro deste ano e disse que a atual edi-
ção superou suas expectativas. “Tivemos seis semanas
bem intensas de curso. A equipe à frente do centro de
línguas é muito bem preparada”, diz. “Voltei com uma
bagagem metodológica muito maior. As aulas eram di-
recionadas de uma forma muito prática”, conclui.
48
“Voltei com uma bagagem
metodológica muito maior.
As aulas eram direcionadas
de uma forma muito
prática.”
Valéria de Melo Ferreira
nº 4/2023
49
Rita Ferreira Arcenio foi para a Universidade de Temple. “Estudei teo-
rias e práticas relacionadas ao ensino da língua inglesa. Também tive
aulas de história e cultura americana, com momentos em sala de aula
e outros em campo, nos quais visitamos museus e os principais pontos
históricos da Filadélfia, assistimos a um jogo da NBA e fomos a Wa-
shington DC”, relata a professora do município de Maracanaú (CE).
Emília Gomes Barbosa, professora das redes estadual e municipal em
Castanhal (PA), leciona há 15 anos e hoje conta com cerca de 900 alu-
nos, do 6º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio. A
parte do curso que se destacou em sua experiência foi o uso de jogos
eletrônicos no ensino. “Foi interessante ver como o videogame pode
ser usado para ensinar gramática, vocabulário e desenvolver as habi-
lidades de compreensão oral e fala”, disse a educadora, que se capaci-
tou na Universidade de Delaware.
As atividades acadêmicas do PDPI incluem curso intensivo de inglês e
metodologia de ensino. Com a pandemia de COVID-19, o edital, inicia-
do em 2019, precisou ser suspenso. Foi retomado em 2022, e os profes-
sores-alunos estiveram nos EUA entre 16 de janeiro e 24 de fevereiro
de 2023, retornando ao Brasil entre os dias 24 e 26 do mesmo mês.
Os bolsistas também preparam dois relatórios: um com as atividades
realizadas nos Estados Unidos e outro com as ações de disseminação
de conhecimento no Brasil.
Criado em 2010, o PDPI é fruto de uma relação bilateral do Brasil com
Estados Unidos, concretizada em um acordo que data de 1957, entre a
CAPES e a Comissão Fulbright. É, portanto, uma parceria dos tempos
de Anísio Teixeira, idealizador e primeiro presidente da história da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (1951-
1964).
50
Tecnologia a serviço da sala de aula
Cursos entre a parceria da CAPES com a Uema
contribuem para a formação de professores em ensino on-line
Os impactos da pandemia nos processos educacionais ain-
da serão objeto de muitos estudos da área de Educação. As
crianças talvez tenham sido as que mais sentiram as con-
sequências negativas do processo de isolamento social na
aprendizagem. Um dos paradoxos desse momento, entre-
tanto, foi que a necessidade de permanência em casa veio
acompanhada de um salto tecnológico na transmissão e na
comunicação em tempo real, que afetará para sempre as es-
colas.
A partir da compreensão desse novo cenário, desde o final
de 2020, a CAPES se uniu à Universidade Estadual do Ma-
ranhão (Uema) para oferecer cursos on-line para formação
para professores, voltados ao desenvolvimento de habilida-
des e competências em tecnologias educacionais digitais.
Até março de 2023, os nove cursos em parceria já somavam
mais de 220 mil inscritos.
nº 4/2023
51
Uma das participantes é a professora Suelen Santos Facão de Sousa, que
trabalha na rede estadual de ensino no Maranhão, lecionando nos anos
iniciais do ensino fundamental. Para Suelen, os cursos CAPES/Uema aju-
daram em um dos maiores desafios atuais da profissão: a presença da tec-
nologia no ambiente escolar. “Trata-se de um desafio diário porque tanto
nós professores precisamos levar para a sala de aula, quanto os próprios
alunos nos abordam e nos cobram, a utilização das tecnologias digitais
como uma maneira de facilitar a comunicação, o que favorece a aprendi-
zagem”, explica.
Pedagoga com formação também pela Uema e especialização em Coor-
denação Pedagógica pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a
professora já fez todos os cursos oferecidos pela parceria com a CAPES.
“As capacitações me ajudaram muito na percepção e na compreensão das
metodologias ativas, me auxiliaram na atualização, na formação continu-
ada, a fim de melhorar a minha prática educativa”, explica Suelen.
Somente o curso de Psicologia da Educação concentra mais de 50 mil
inscritos no período. Também são oferecidas formações em temas como
Desenho Didático para o Ensino On-line, com mais de 33 mil inscrições, e
Como Produzir Videoaulas, que já conta com mais de 31 mil participantes.
De acordo com Suelen, os cursos também tiveram influência positiva do
ponto de vista profissional e de carreira. “A formação foi de suma impor-
tância na prova de títulos dos processos seletivos que fiz, pois a carga
horária é muito boa e as temáticas são muito atuais, vão ao encontro das
minhas necessidades e área de interesse enquanto professora”. Suelen
atualmente dá aula no Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnolo-
gia do Maranhão (Iema), em São Luís.
“As capacitações me
ajudaram muito na
percepção e compreensão
das metodologias ativas,
me auxiliaram na
atualização, formação
continuada a fim de
melhorar a minha prática
educativa.”
Suelen Santos Facão de
Sousa
52
A formação é gratuita, destinada prioritariamente a profes-
sores e gestores escolares, mas aberta ao público em geral.
“Diante da rotina de trabalho do professor, muitas vezes
não temos disponibilidade de tempo para encontros presen-
ciais. É muito bom ter a oportunidade de se capacitar gratui-
tamente, fazer o curso através do seu celular, tablet ou no-
tebook, de qualquer lugar e com horários flexíveis, através
das plataformas digitais”, relembra Suelen.
As aulas são oferecidas através da plataforma Eskada, man-
tida e desenvolvida pela Uema, que já possui experiência
de 25 anos na formação em educação a distância. Após a
conclusão, todos os participantes dos cursos recebem certi-
ficados. Ao todo, serão ofertadas 300 mil vagas. Saiba mais
em https://eskadauema.com/ .
COMO PRODUZIR VIDEOAULAS
MEDIAÇÃO EM EAD
DESENHO DIDÁTICO PARA O ENSINO ON-LINE
MULTIMEIOS EM EDUCAÇÃO
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
FORMAÇÃO PARA DOCÊNCIA DIGITAL EM REDE
GAMIFICAÇÃO NO ENSINO INCLUSIVO DE SURDOS
CURSOS INSCRITOS
GESTÃO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
*
DADOS
RETIRADOS
DA
PLATAFDORMA
ESKADA
EM:
20/03/2023
ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E
TECNOLOGIAS DIGITAIS
TOTAL
CONCLUINTES
31.683
26.590
33.628
23.626
52.494
10.496
6.484
22.622
12.824
220.447
12.007
10.023
11.945
11.163
20.822
1.856
2.808
11.418
5.233
87.275
INSCRITOS
220 MIL
NOVE
CURSOS
nº 4/2023
53
Plataforma Freire está de volta
Outro sistema é o EduCapes,
que possibilita o acesso a materiais didáticos em meio educacional aberto
À medida que as tecnologias de comunicação e informação
avançam e conquistam mentes e corações dos cidadãos, a CA-
PES trabalha dia e noite para acompanhar a velocidade das
transformações digitais e, com isso, criar ferramentas que fa-
cilitem e agilizem o acesso aos serviços prestados pela Fun-
dação. De acordo com a necessidade dos diversos públicos —
estudantes, professores, dirigentes, reitores, servidores — são
desenvolvidas diversas iniciativas que simplificam, sistemati-
zam ou agilizam a interação e a experiência dos usuários aos
seus sistemas.
Na formação para o magistério, a principal delas é a Plata-
forma Freire, um sistema eletrônico criado em 2009, com a
finalidade inicial de realizar a gestão e o acompanhamento
do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação
Básica, além de conter cerca de 700 mil currículos profissio-
nais. Em maio de 2012, o sistema foi aperfeiçoado e passou
a ser utilizado por outros Programas da Fundação. Em abril
deste ano, o Ministério da Educação e a CAPES devolveram o
nome do educador à ferramenta. Ao renomear a Plataforma
CAPES de Educação Básica como Plataforma Freire, o governo
federal presta homenagem a um brasileiro que está entre as
pessoas mais reconhecidas na área em todo o mundo.
Atualmente, o sistema conta com um conjunto de funcionali-
dades que permitem à sua equipe técnica, às instituições de
ensino superior e às secretarias de Educação participarem
do processo de planejamento, acompanhamento e gestão dos
diversos Programas geridos pelas Diretorias de Formação de
Professores da Educação Básica e de Educação a Distância da
CAPES.
O nome da Plataforma é uma homenagem ao Patro-
no da Educação Brasileira, Paulo Freire (1921-1997).
Referência mundial em Educação, tem seu pensa-
mento alicerçado na concepção de que o professor,
assim como seus alunos, está em permanente pro-
cesso de formação e aprendizado, numa construção
social permanente. Criador de um método inovador
para alfabetização de adultos e autor de A Pedago-
gia do Oprimido, obra lançada em 1968 e traduzida
para mais de 40 idiomas, Freire dedicou boa parte de
sua vida ao ensino das primeiras letras e à educação
da população a partir da consciência crítica. Com seu
trabalho reconhecido mundialmente, em 1986 rece-
beu o Prêmio Unesco de Educação para a Paz.
Na Plataforma, as Secretarias Estaduais e Municipais
de Educação aprovam inscrições de professores do
Programa Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica (Parfor) e habilitam as escolas dos
Programas Institucional de Bolsas de Iniciação à Do-
cência (Pibid) e Residência Pedagógica. Também é
nela que os coordenadores dos projetos realizam a
gestão nas instituições de ensino superior.
Jaqueline Rabelo, coordenadora institucional do Pi-
bid na Universidade Estadual do Ceará (UCE), destaca
a importância da Plataforma, na gestão e como banco
de dados, de estudantes e professores da educação
básica e das instituições que participam dos Progra-
mas de Formação da CAPES. “Acessando a platafor-
ma, conseguimos saber quem são eles, o que estão
pesquisando, e também avaliamos as necessidades
de ajustes nos programas. É um grande apoio para
quem trabalha nos programas de formação de pro-
fessores. Um olhar para as licenciaturas, para quem
forma e se forma professor neste País”, conclui.
“A Plataforma Freire um grande apoio
para quem atua nos programas de
formação de professores. Um olhar para as
licenciaturas, para quem forma e se forma
professor neste país.”
Jaqueline Rabelo
54
nº 4/2023
55
EDUCAPES
Um outro sistema valioso para toda comunidade escolar do País é o
EduCAPES. Trata-se de um portal de objetos educacionais abertos,
que compila o material didático dos cursos do sistema Universida-
de Aberta do Brasil (UAB), e pode ser acessado gratuitamente por
cidadãos de todo o Brasil. O EduCAPES possibilita o acesso univer-
sal a recursos educacionais abertos, licenciados, voltados a qual-
quer tipo de atividade acadêmica em qualquer modalidade e em
diversos formatos.
Em um mundo multifacetado de alternativas digitais, os usuários
dos sistemas da CAPES também podem acessar, de maneira gratui-
ta, o aplicativo móvel do Portal de Periódicos. Ali encontram mi-
lhares de revistas nacionais e internacionais à disposição.
Acessível para alunos ou professores da educação básica ou do en-
sino superior no Brasil, o Portal é uma ferramenta única no mun-
do, fundamental para a formação de nossos pesquisadores, por ser
a fonte mais importante para pesquisas e consultas a artigos e dis-
sertações e que também contém, além de vídeos, mapas e diversos
tipos de conteúdo.
Podem utilizar o serviço tanto os alunos de graduação e de pós-gra-
duação stricto sensu matriculados em institutos ou universidades
de educação superior, quanto os estudantes e professores da rede
de educação básica, ativos e aposentados.
56
Inédito apoio a eventos
Recursos para encontros acadêmicos, científicos, tecnológicos
e de extensão universitária
A CAPES criou o Programa de Apoio a Eventos no País
para a Educação Básica (Paep-EB). Inédita, a ação selecio-
na propostas de instituições vinculadas a programas ou
cursos de formação inicial ou continuada de professores.
Os projetos são de eventos acadêmicos, científicos, tecno-
lógicos ou de extensão.
O Paep-EB destina recursos à produção e disseminação
do conhecimento científico, incentivando inovação, gera-
ção de conhecimentos e novas parcerias. Além disso, pro-
move a melhoria da qualidade da produção acadêmica
na formação inicial e continuada, e fortalece a coopera-
ção, financiando os encontros.
O edital apoia eventos presenciais ou semipresenciais
com diferentes níveis de abrangência: regional, que en-
volve participantes provenientes de, pelo menos, dois es-
tados da mesma região; nacional, com palestrantes de, no
mínimo, duas regiões do País, e internacional, reunindo
conferencistas vindos de dois ou mais países.
nº 4/2023
57
O repasse de valores também considera o porte das ações. Os pequenos, para até 200, pessoas rece-
bem de R$ 50 mil a R$ 90 mil. Os médios, para públicos entre 201 e 600, vão de R$ 70 mil a R$ 120 mil.
Já os grandes, para mais de 600, entre R$100 mil e R$ 160 mil. Com esses recursos é possível pagar
passagens e hospedagem dos palestrantes, confeccionar materiais e contratar diversos serviços de
apoio. Também podem ser custeadas despesas com recreação infantil para os filhos dos participan-
tes.
Podem pedir auxílio financeiro instituições de ensino superior públicas ou privadas sem fins lucrati-
vos, secretarias de Educação, escolas de governo, fóruns de formação de professores, de reitores ou
pró-reitores, entidades representativas de gestores estaduais e municipais de Educação, de pesquisa
científica ou tecnológica, e associações ou sociedades científicas e tecnológicas. Todos devem ter
vinculação com programas ou cursos de formação inicial ou continuada de professores da educação
básica.
nº 4/2023
Edição nº 4/2023

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  • 1. nº 4/2023 FORMAÇÃO DE PROFESSORES CHEGA AONDE O BRASIL MAIS PRECISA Nº 4/2023 Diploma da UAB transforma vida de milhares de brasileiros Diploma da UAB transforma vida de milhares de brasileiros Teoria e prática do Pibid interagem em sala de aula Mestrados profissionais contribuem para aprimorar a didática Nome de Paulo Freire volta à plataforma da educação básica Parfor garante acesso à licenciatura nas áreas de atuação
  • 2.
  • 4. Reconstruir a educação é fundamental Não há boa escola sem bons professores. Eles formam os verdadeiros cidadãos 4 “São profissionais que se dedicam a transmitir não apenas conhecimento prático, mas também valores e princípios, além do pensamento crítico, que formam os verdadeiros cidadãos.”
  • 5. nº 4/2023 A nova gestão do governo federal assumiu com um lema forte e verdadeiro: união e reconstru- ção. Desde o primeiro dia, ficou claro que há duas grandes áreas em que esse lema é essencial e ur- gente: saúde e educação. Nesta última, de nossa responsabilidade, firmamos um compromisso prioritário com a educação básica. Afinal, só com uma base de qualidade o futuro dos cidadãos bra- sileiros pode atingir sua máxima potência. Em outras palavras, apenas a educação sustenta o de- senvolvimento, seja do indivíduo, da comunidade ou do País. No momento presente, os indicadores educacio- nais nos colocam muitos desafios. Apenas 64% dos alunos que entram no ensino fundamental conseguem concluir o ensino médio. Isso demons- tra que, entre outras medidas, precisamos cons- truir um sistema de educação atrativo e criativo, com escolas de tempo integral, escolas profissio- nalizantes, escolas que estejam adaptadas à rea- lidade do mundo, do trabalho e da modernidade tecnológica. Não há como construir boas escolas sem que haja a formação de bons professores. São profissionais que se dedicam a construir e transmitir não ape- nas conhecimento prático, mas também valores e princípios, além do pensamento crítico, que formam os verdadeiros cidadãos. Este é um dos motivos pelos quais nós indicamos o tema da for- mação de professores e a valorização da carreira docente como uma das prioridades a serem deba- tidas pelo grupo que compõe o G20 no próximo ano, quando o Brasil assume a presidência do co- legiado. Valorizar e capacitar continuamente os professo- res de todo o Brasil, especialmente na rede públi- ca de educação básica, é condição fundamental para o País que queremos. É o que temos feito, em grande parte através desta Fundação, por meio de diversos programas de formação, tanto presen- ciais quanto a distância. Em março de 2023, os bolsistas de graduação em licenciatura pela CAPES receberam um aumento de 75% no valor de suas bolsas. O auxílio ofere- cido pelos Programas Institucional de Iniciação à Docência (Pibid) e Residência Pedagógica foi de R$400 para R$700. Já nas bolsas para formado- res, o índice aplicado foi de 40%. Por exemplo: um tutor da Universidade Aberta do Brasil, a UAB, re- cebia R$ 765. Com o aumento, seu auxílio irá para R$1.100. Esse mesmo valor é destinado aos super- visores do Pibid e aos preceptores do Residência Pedagógica. No exercício de 2023, estamos prevendo mais de R$ 347 milhões para o reajuste das modalidades de bolsas. Considerando a grande capilaridade e interiorização desses programas, pode-se imagi- nar a importância que os reajustes têm, de imedia- to, na vida dessas pessoas e nas economias locais. Outros resultados ainda poderão vir da portaria/ MEC nº 17 de 16.01.2023, que estabeleceu o rea- juste de 14,9% no piso salarial dos professores, passando de R$ 3.845,63 para R$ 4.420,55. Mas esse é só o começo. Para dar continuidade às melhorias, vamos precisar da colaboração das três esferas de governo – federal, estadual e mu- nicipal – e de toda a sociedade. Vamos precisar de diálogo, de união. Da ciência e da pesquisa, tam- bém a serviço de melhores condições para o nos- so povo, construindo soluções para o dia a da das pessoas. Porque precisamos construir, juntos, o País de mais oportunidades para as nossas crian- ças e os nossos jovens, com vida digna e um futu- ro melhor para todos e todas. E o caminho para isso é a educação. Camilo Santana Ministro de Estado da Educação 5 nº 4/2023
  • 6. 6 A relevância da CAPES na formação de professores Ao longo de mais de 15 anos, a Fundação criou e consolidou programas importantes de difusão e indução à carreira do magistério. “Por meio da atuação dedicada de professores cada vez mais capacitados e motivados teremos alunos formados com maior qualidade e com muito mais chances de chegar ao topo da trajetória acadêmica e científica.”
  • 7. nº 4/2023 7 A CAPES é a maior agência de fomento às pesqui- sas acadêmicas e científicas do Brasil. Mas este é apenas o braço de atuação mais conhecido da Co- ordenação. Falar em “aperfeiçoamento de pessoal de nível superior” significa também dedicar ações e programas à formação inicial e continuada dos professores de todo o País. E não é difícil perceber os benefícios dessa estratégia. Por meio da atuação dedicada de professores cada vez mais capacitados e motivados, teremos alunos formados com maior qualidade e com muito mais chances de chegar ao topo da trajetória acadêmica e científica. Desde 2007, o Ministério da Educação entregou à CAPES a missão da formação inicial e continuada dos professores da educação básica. Ao longo des- ses anos, a Coordenação criou e consolidou diversos programas, que hoje são importantes instrumentos de difusão e indução à carreira, tanto em modalida- des presenciais quanto a distância. Na formação presencial, temos atualmente dois: os Programas Institucional de Iniciação à Docência (Pibid), e o Residência Pedagógica. Ambos têm o ob- jetivo de qualificar a formação dos licenciandos e fortalecer a construção de suas identidades a partir da inserção e da vivência intensiva no cotidiano es- colar. O Pibid já beneficiou mais de 317 mil licen- ciandos, e o Residência Pedagógica, mais de 101 mil. Outra iniciativa da CAPES é o Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Par- for), voltado aos profissionais do magistério já em exercício nas redes públicas de educação básica, in- clusive em comunidades indígenas. O Parfor contri- bui para a adequação da formação dos professores que, muitas vezes, atuam fora de sua área inicial de licenciatura. Mais de 60 mil professores já foram formados por ele. Na educação a distância, a CAPES investe na interio- rização de cursos de nível superior com o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Ele reserva 70% das vagas para licenciaturas em mais de 900 polos espalhados pelo País, 56% dos quais em mu- nicípios de Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) médio, baixo ou muito baixo. Outro inves- timento consiste nos Programas de Mestrado Pro- fissional para Qualificação de Professores da Rede Pública de Educação Básica (ProEB). O Sistema UAB formou 270 mil alunos e o ProEB já titulou outros 16 mil. Este ano, a CAPES oferecerá mais 30 mil benefícios ao Pibid e ao Residência Pedagógica nos editais que já estão em vigência. Mais 1,2 mil professores do en- sino superior e 3,7 mil da educação básica, respon- sáveis pela orientação e supervisão dos projetos, também serão beneficiados. Outras 6,5 mil bolsas serão concedidas pelos Programas Parfor, UAB e Proeb, além de recursos de custeio. Já no edital do Pibid de 2023, a oferta será de 100 mil bolsas. Ainda em 2023, lançaremos um novo Programa, o Residência Docente, que concederá 10 mil bolsas aos egressos de cursos de licenciatura e professores em início de carreira, para que se especializem no ensino voltado à educação básica. E continuaremos trabalhando em melhorias, com a certeza de con- tribuir para a reconstrução da educação no Brasil. Mercedes Bustamante Presidente da CAPES nº 4/2023
  • 8. Ajudar a Educação e a Ciência a ir mais longe. É isso que move a CAPES há 72 anos.
  • 9. nº 4/2023 Todos sabem que a economia de uma nação só se consolida como liderança no cenário mundial, com sustentabilidade e justiça social, se tiver excelência em Educação e em Ciência. É justamente para isso que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior existe e atua, desde 1951. A CAPES investe intensamente em formação profissional de quali- dade, tanto na pós-graduação stricto sensu quanto na capacitação inicial e continuada dos professores da rede pública. Afinal, quanto mais longe forem nossos pesquisadores e professores, menos brasileiros ficarão para trás.
  • 10. 10 Sumário O poder de um diploma................................................................................................12 Luta contra discriminação racial................................................................................16 UAB chega aonde o Brasil mais precisa.......................................................................18 Respeito à diversidade de público...............................................................................22 Teoria e prática interagem em sala de aula...............................................................24 Viver a escola.................................................................................................................28 Residência Docente.......................................................................................................31 Práticas pedagógicas e organização............................................................................32 Divisor de águas............................................................................................................36 Valorização do ensino de Ciências...............................................................................39 Professores contam suas experiências.......................................................................42 Capacitação profissional no exterior..........................................................................44 Liderança e gestão educacional...................................................................................46 Inglês para as escolas públicas....................................................................................48 Tecnologia a serviço da sala de aula...........................................................................50 Plataforma Freire está de volta...................................................................................53 Inédito apoio a eventos.................................................................................................56
  • 11. nº 4/2023 Expediente Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Camilo Santana Presidente da CAPES Mercedes Bustamante Diretor de Programas e Bolsas no País Laerte Ferreira Diretor de Relações Internacionais Rui Oppermann Diretora de Formação de Professores da Educação Básica Marcia Serra Ferreira Diretora de Educação a Distância Suzana Gomes Diretor de Avaliação Paulo Santos Diretor de Gestão Rodrigo Lamego Diretor de Tecnologia da Informação Adi Balbinot Junior Assessora de Comunicação Social Thaís Mesquita Cantanhêde Coordenador de Comunicação Social Edson Morais Pauta João Luiz Mendes Edição Cláudia Guerreiro Redação Alexandra Josias, Érica Cidade, Guilherme Pera, João Luiz Mendes, Leandro Marshall, Lucas Lopes, Pedro Matos Fotografia Naiara Demarco Diagramação e projeto gráfico Miguel Araújo da Cunha Infografia Jefferson Soares Coordenação de Comunicação Social CAPES www.gov.br/capes comunicação@capes.gov.br (61) 2022- 6210 Redes sociais da CAPES E https://www.facebook.com/CAPESOficial/ w https://twitter.com/CAPES_Oficial Q https://www.instagram.com/capes_oficial/ C https://www.linkedin.com/company/capes-oficial P https://www.youtube.com/c/CAPESOficial A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CGCOM/CAPES nº 4/2023
  • 12. O poder de um diploma Com a formação de professores da educação básica, a UAB transformou a vida de milhares de brasileiros Élica Natair da Silva é uma indígena da tribo Pankará, que vive entre as serras do Arapuá e da Cacaria, no sertão de Pernambuco. Assim como todos os membros da comunidade, ela passou sua infância em meio à natureza exuberante de árvores, arbustos e cactos típicos da região, como a craibeira, a aroeira, a baraúna, a coroa de frade, o mandacaru, o xiquexique, a faveleira, o imbuzeiro e a quixabeira. Entre lagoas, açudes e cursos d’água que sempre acabam virando alimento para o caudaloso rio São Francisco, a menina cresceu com um sonho: cursar uma universidade. Sua ambição era ter oportuni- dade de vencer na vida e poder, com seu conhecimento, ajudar seu próprio povo. Quando a juventude chegou, ela foi atrás do que sonhara. Apesar das dificuldades financeiras para sustentar as despesas de uma uni- versidade, Élica traçou sua meta, e matriculou-se em um curso de licenciatura pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) no polo de Flo- resta (PE). Depois de quatro anos, a indígena recebeu seu diploma de História. E, como havia planejado, passou a dar aulas aos membros de sua tribo. “A oportunidade de cursar o terceiro grau na minha vida foi transfor- madora. Ter acesso à faculdade me fez despertar para o que antes se- ria impossível: transformar o mundo através da educação”, comenta ela, emocionada. Sem esquecer aquilo que a impulsionou a realizar seu sonho, sempre agradece à instituição que o tornou possível: “O acesso à UAB proporciona às pessoas oportunidades que antes eram distantes e fora da realidade de muitos, seja por condição financeira ou por falta de uma instituição de ensino inclusiva, que pense no outro”, declara. “Agora eu sou uma historiadora e dou aulas numa escola que tem como referência a valorização e a preservação das memórias do nosso povo Pankará”, comemora, orgulhosa. 12 “Ter acesso à faculdade me fez despertar para o que antes seria impossível: transformar o mundo através da educação.” Élica Natair da Silva
  • 13. nº 4/2023 13 O poder transformador da UAB marca com a mesma intensidade a história de Valéria da Sil- va Lima, 47 anos, negra, nascida na periferia de Volta Redonda (RJ), com três filhos peque- nos e, segundo ela mesma dizia no passado, sem qualquer esperança de conseguir cursar o ensino superior. Entretanto, ela acreditou em seu potencial e se matriculou em um polo da UAB, para estudar Educação na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). “Entrar em uma universidade foi uma experi- ência incrível. Nunca vou esquecer o que o pro- fessor palestrante disse na aula inaugural do curso, em 2006. Ele falou assim: ‘Vocês não têm ideia, nem nos sonhos, de onde podem chegar’. Tal fala foi muito importante para mim. Eu vi ali a oportunidade de alçar novos voos e ser exemplo para meus filhos, podendo alcançar de verdade a realização profissional”. Hoje, ela é professora e pedagoga da Prefeitura de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, e a primeira mulher negra a defender o doutorado profissional na área de Ensino. Sempre que pode, repete a fala daquele professor, ensinando que a educação superior é um “caminho para emancipação, para libertação e para o possível”. nº 4/2023 “A educação superior é um caminho para emancipação, para a libertação e para o possível.” Valéria da Silva Lima
  • 14. Tal transformação premiou, também, a vida de José Souto Sarmento, de Quixera- mobim, no Ceará. Acreditando que o impos- sível era possível, ele se matriculou no polo da UAB e tirou sua licenciatura em Física, na Universidade Federal do Ceará (UFC). Depois de muitos saltos e sobressaltos, hoje ele é professor universitário e da rede pú- blica de ensino. Fez mestrado em Ensino de Ciência e Matemática, na UFC, e defendeu doutorado em Engenharia e Ciência dos Materiais, também na UFC, no primeiro se- mestre de 2023. “A UAB foi um divisor de águas na minha vida. Ela foi o ponto ini- cial da realização do meu grande sonho de ser um cientista”, comemora, salientando que a Universidade Aberta do Brasil “está transformando um filho de agricultor em um professor-doutor e pesquisador em Engenharia e Ciência de Materiais, com artigos internacionais, patente depositada e capítulos de livros publicados.” E tudo se iniciou na UAB. “O melhor é saber que, assim como eu, muitos foram beneficiados com o conhecimento da Universidade, mu- dando a vida de muita gente”. 14 “A UAB foi um divisor de águas na minha vida. Ela foi o ponto inicial da realização do meu grande sonho de ser um cientista.” José Souto Sarmento
  • 15. nº 4/2023 15 O sentimento de alegria e de realização profissional de José Souto é compartilhado no outro lado do Brasil, com Berenice Maria Dalla Costa da Silva e Rosenilda Klein dos Santos, nascidas em cidades pequenas de Mato Grosso. Berenice frequentou o polo de Juara e Rosenilda, o polo de Sorriso. Depois de viverem uma infância humilde, as duas acreditaram que a universidade poderia ser o grande agente transformador de suas vidas. Hoje, Berenice é professora efetiva nas redes municipal e estadual e já concluiu o mestrado em Educação Inclusiva. Rosenilda fez graduação, pelo Sistema da UAB, na Universidade do Mato Grosso (Unemat), em Licenciatura em Ciências Biológicas, bem como outras duas pós-graduações. A Universidade Aberta do Brasil oferece cursos de graduação e pós-graduação lato sen- su há 15 anos. São 967 polos, presentes em 850 municípios. Para isso, foram feitas par- cerias com 139 instituições de ensino superior. No total, a UAB já formou mais de 270 mil alunos e recebe, anualmente, cerca de 120 mil novas matrículas. Do total de vagas, 87% são ocupadas por estudantes em cursos de formação de professores da educação básica. nº 4/2023 - PRESENTE EM 850 MUNICÍPIOS 139 IES PARCEIRAS 270 MIL ALUNOS FORMADOS UAB Universidade Aberta do Brasil Distribuição de Polos UAB por Região 460 POLOS (55%) EM CIDADES COM IDH-M MUITO BAIXO, BAIXO E MÉDIO POLOS ATIVOS NO SISTEMA UAB 838 SE S CO NE N 11,2% 34% 17,8% 26,5% 10,5% QUANTIDADE DE POLOS REGIÃO 94 285 149 NORTE NORDESTE SUL 222 88 SUDESTE CENTRO-OESTE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
  • 16. Luta contra discriminação racial Em uma comunidade quilombola, além da língua portuguesa, professora ensina seus alunos a combater o preconceito Moradora e professora na Comunidade Qui- lombola Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento (MT), Elizabeth Maria Miguel combate diariamente, na vida e na escola, o preconceito racial. Além de Língua Portugue- sa, ela ensina seus alunos a enfrentar a discri- minação e a se orgulhar, de serem quem são e do lugar onde vivem. Com 41 anos, ela, que já é avó, realizou o sonho dar aulas depois de se formar em Letras, em 2021, pela Universida- de Aberta do Brasil (UAB), programa da CAPES que oferece, desde 2007, graduação e especiali- zação a distância em todo País, e que já formou 270 mil alunos. Elizabeth, que leciona para três turmas do en- sino médio na Escola Estadual Quilombola Te- reza Conceição de Arruda, conta que sempre enfrentou a discriminação racial. “Trabalho fortemente essa questão com a minha família e, agora, com os meus alunos, para nos fortale- cermos enquanto negros”, ressalta. Ela destaca que as discussões sobre o assunto fazem parte do cotidiano da instituição. “Trato desse tema o tempo todo em sala de aula e nas atividades culturais, e busco informações com diversos autores negros para a nossa abordagem na disciplina. É uma oportunidade de valorizar- mos e mostrarmos a nossa cultura na escola”, afirma. 16 “Trabalho fortemente o combate ao preconceito racial com a minha família e, agora, com os meus alunos, para nos fortalecermos enquanto negros.” Elizabeth Maria Miguel
  • 17. nº 4/2023 Para ela, a luta de um encoraja os outros e é preciso ter conhecimento e cons- ciência para combater a discriminação racial. “Muitos não gostam de falar. Eu mesma falava que não tinha racismo no Brasil. A gente vai ficando mais crítico e percebendo o racismo oculto”, constata Elizabeth, que fez o curso pela Univer- sidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), parceira da CAPES na UAB. A possibilidade oferecida pela Universidade Aberta do Brasil, de fazer o curso a distância, foi um elemento facilitador para que Elizabeth concluísse o ensino superior. Em função da sua rotina de vida, tinha dificuldade em deixar a co- munidade em que mora, na zona rural. Ela, então, se organizava entre as aulas remotas e as presenciais, no polo de Cuiabá, a 60 km de sua casa. “Foi um sonho realizado que tentei muitas vezes”. Após concluir a graduação, conseguiu ter um aumento de salário como professora. “Meu ganho financeiro melhorou mui- to. Passava muito tempo fora de casa, ganhava pouco e ficava longe dos meus filhos”, descreve Elizabeth, que foi aprovada no processo seletivo da Secretaria de Educação de Mato Grosso. 17
  • 18. UAB chega aonde o Brasil mais precisa Maioria dos polos está localizada em municípios com médio, baixo e muito baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Embora os polos de ensino da Univer- sidade Aberta do Brasil (UAB), Progra- ma da CAPES que leva graduação ou pós-graduação a distância para todo o País, estejam presentes em todas as regiões, um fato ainda é muito evi- dente, quando se olha a distribuição geográfica dos municípios beneficia- dos: das 838 unidades ativas, 55% es- tão localizadas em cidades de médio, baixo ou muito baixo Índice de Desen- volvimento Humano (IDH). São locais que ainda sofrem com a falta de aces- so aos serviços de saúde, saneamen- to, habitação, infraestrutura urbana, energia elétrica e internet. Esta realidade impacta o desenvolvi- mento das cidades e do País. Compre- endendo a dimensão do problema, a CAPES percebeu ser essa mais uma razão para impulsionar seus acordos com as universidades, aumentando ano a ano os convênios para novos cursos e criando condições para que cada vez mais brasileiros conquistem seus diplomas. Em quase 20 anos de existência, a UAB já pôs no mercado de trabalho, aproximadamente, 270 mil brasileiros no mais alto nível do ensino superior. 18
  • 19. nº 4/2023 “A UAB impacta a vida das pessoas em to- dos os sentidos. Sem ela, milhares de pes- soas não teriam nenhuma alternativa para crescer na vida”, explica a coordenadora do polo da cidade Amajari, em Roraima, na fronteira com a Venezuela. Por estar fixa- da numa posição estratégica no estado, a unidade já conseguiu formar cerca de 500 profissionais. “Aqui, pelo nosso polo, já ti- vemos indígenas, prefeitos, vereadores e autoridades públicas frequentando cursos nas mais diversas modalidades”, relata. O polo de Amajari é ligado à Universidade Federal de Roraima (UFRR), à Universidade Estadual de Roraima (UERR), ao Instituto de Educação de Roraima (IER), à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ao Insti- tuto Federal do Pará (IFPA). Entre os cursos, o município de 11 mil habitantes oferece Ciências Biológicas, Matemática e Informá- tica. Ainda este ano, terá bacharelado em Administração e qualificação em Insemina- ção Artificial, Preparação de Alimentos, e Ferimentos e Curativos. Já ofertou História, Geografia, Pedagogia e Contabilidade. 19 “A UAB impacta a vida das pessoas em todos os sentidos. Sem ela, milhares de pessoas não teriam nenhuma alternativa para crescer na vida.” Maria Natividade Silva
  • 20. Formado em História pelo IFRR no polo de Amajari, Edmar Carneiro de Araújo é profes- sor efetivo das redes municipal e estadual de ensino, atuando como Articulador do Selo Uni- cef (título simbólico dado a todas as pessoas que ajudam a aumentar os indicadores sociais municipais) e como integrante do Programa Busca Ativa Escolar, que serve para resgatar e levar de volta à sala de aula os jovens que se afastaram da escola. “Tudo começou com a UAB. Quando fiz meu curso de História, consegui dar um novo signi- ficado para minha vida e ter outra visão sobre o mundo”, comenta ele. Este mesmo sentimen- to está sendo vivenciado pela estudante Ana Marcilene Rodrigues Bispo, que frequenta o 8º semestre do curso de Geografia pela UFRR. “A UAB é um sistema que transforma a vida das pessoas. No meu caso, eu nunca teria recursos para frequentar um curso superior numa uni- versidade na capital do Estado. Mas, graças à Universidade Aberta do Brasil, estou vivendo um processo de evolução pessoal imenso em minha vida”. 20 “Tudo começou com a UAB. Quando fiz meu curso de História consegui dar um novo significado para minha vida e ter outra visão sobre o mundo.” Edmar Carneiro de Araújo “A UAB é um sistema que transforma a vida das pessoas.” Marcilene Rodrigues Bispo
  • 21. nº 4/2023 O coordenador do polo da cidade baiana de Itapicuru, Adilson Silva San- tos, é responsável por fazer a interlocução dos alunos e professores da UAB com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Instituto Federal da Bahia, a Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em cursos de Pedagogia, Educação Física, Administra- ção Pública, Geografia, História, Letras, Ciência da Computação. Adilson é um ferrenho defensor do sistema da UAB como motor de desenvolvi- mento social e econômico. “É impressionante como a UAB veio causar um resultado positivo no município e na região. Na nossa realidade local, tem um enorme número de professores fazendo cursos de educação continu- ada, para aprimorar seus conhecimentos e habilidades”, comenta. 21 AMAJARI (RR) QUIXERAMOBIM (CE) FLORESTA (PE) ITAPICURU (BA) VOLTA REDONDA (RJ) NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO (MT)
  • 22. Respeito à diversidade de público Produção pedagógica da UAB observa as dificuldades dos estudantes no ensino a distância e investe para que o aluno permaneça no curso Com longa experiência na oferta de formação a distância de profes- sores da Educação Básica, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Universidade Aberta do Brasil (UAB), da CAPES, aliam materiais pedagógicos e ferramentas tecnológicas que respeitam a diversidade do público. A didática elaborada leva em conta, além dos aspectos ambientais e geográficos, a realidade dos povos tradicionais e das pessoas com deficiência e vulneráveis que vivem no estado e buscam um curso de graduação. A parceria UFMT e UAB também atende pessoas com dificuldades de conciliar horários de trabalho e estudo, e aquelas que moram distan- te das instituições que ofertam a formação de nível superior. Para essas realidades diversas são elaborados materiais pedagógicos, edu- cativos e tecnológicos que cumprem as especificidades exigidas pelas aulas a distância. Investimentos na capacitação dos professores e na equipe de designers responsável pela produção do conteúdo didático digital são essenciais. 22
  • 23. nº 4/2023 O trabalho envolve profissionais multidisciplinares e várias plataformas tecnológicas. “Dependendo do contexto pedagógi- co e do projeto, o material pode ser transformado em diferentes linguagens, como uma lição eletrônica, um livro digital ou for- mato impresso. Sempre pensando no público-alvo, nas dificul- dades e nos desafios que têm”, explica Alexandre Martins dos Anjos, coordenador da UAB na UFMT. Débora Pedrotti, professora do Instituto de Biociências da UFMT e integrante da equipe multidisciplinar da UAB, enfatiza a im- portância dos conteúdos específicos para esses públicos. “São materiais que os valorizam, sejam eles indígenas, quilombolas ou pessoas com deficiência. Temos visto que essas pessoas par- ticipam mais e se sentem realmente incluídas”, garante. Acessibilidade Há uma preocupação constante com a acessibilidade e a moti- vação dos estudantes da UAB desde o seu ingresso na universi- dade. O objetivo é incentivar a permanência nas aulas e evitar a evasão. Por essa razão foi criado um guia com orientações. Quando é detectada alguma dificuldade na compreensão por parte do aluno, o material é reformulado pela equipe da UAB, para que se torne cada vez mais acessível. “Queremos que o conteúdo seja atrativo”, explica Marijane Silveira, professora do curso de Tecnologia Educacional. Os estudantes também po- dem interagir com os tutores e professores, seja de forma pre- sencial, nos polos da UAB, ou na plataforma digital. Com esse olhar para a diversidade, a UFMT tem conseguido le- var, com a UAB, os cursos de formação de professores às regi- ões mais distantes de Mato Grosso, que tem 28 polos espalhados pelo estado. “Estamos conseguindo chegar no município que precisa de investimento, da formação, principalmente para professores das séries iniciais do ensino fundamental. Tem uma abrangência muito grande, pois chega aonde as univer- sidades não conseguiriam chegar”, afirma Alexandre Martins. 23 “Estamos conseguindo chegar no município que precisa de investimentos, da formação, principalmente para professores das séries iniciais do ensino fundamental.” Alexandre Martins dos Anjos “São materiais que valorizam os estudantes, seja eles indígenas, quilombolas ou pessoas com deficiência.” Débora Pedrosa
  • 24. Teoria e prática interagem em sala de aula Com mais 300 mil alunos atendidos, Pibid se consolida como o maior Programa de formação de futuros professores do Brasil Já se passavam quase 60 anos da criação do Pro- grama de Iniciação Científica, que formou dezenas de milhares de jovens pelo Brasil, quando a CAPES começou uma ação semelhante, dessa vez voltada aos futuros professores da escola pública: o Progra- ma Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). O ano era 2007 e o Pibid deu seus primeiros passos com pouco mais 3 mil bolsistas espalhados em 43 instituições federais de ensino superior. Sete anos depois, em 2014, já eram mais de 90 mil beneficiários, distribuídos em 855 campi de 284 instituições forma- doras, públicas e privadas. Desde então, o Pibid, que já atendeu 317 mil graduandos, se consolidou como o maior programa do Brasil para a formação dos futu- ros professores. A ideia é simples: oferecer, por meio de bolsas de es- tudo, uma experiência prática de sala de aula aos fu- turos professores. Isso tem gerado para eles valiosas oportunidades de complementar sua formação, em colégios públicos de todos os cantos do País. 24 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - CRIADO EM 2007 - 284 IES PARCEIRAS - 317 MIL FORMADOS - REAJUSTE NO VALOR DAS BOLSAS: DE R$400 PARA R$700 PIBID
  • 25. nº 4/2023 No município de Jacareacanga, no sudeste do Pará, Elisa Akai Wiui, da etnia Mundukuru, foi bolsista do Pibid durante a licenciatura Intercultu- ral Indígena - Ciências da Natureza e Matemática. O primeiro desafio da professora indígena e de seus colegas foi lidar com as grandes distâncias do estado paraense. “A terra indígena Munduruku é imensa, dividida por regiões: a minha aldeia ficava no Alto Tapajós, tinha colegas da gradua- ção no Baixo Tapajós, outras que vinham do rio Kabitutu, e mais”. Para chegar à escola, Elisa precisava atravessar o Tapajós de ‘rabeta’ (pequena embarcação a motor). Depois, pegar um caminhão da prefeitura por mais 280km até chegar em Jacareacanga e, então, atravessar mais um rio para chegar ao destino, a escola Escola Indígena Juliano Kirixi, na aldeia Ka- rapanatuba. Desse longo percurso, já é possível compreender a importância da bolsa na vida dos estudantes. O valor de R$400 do auxílio (atualizados em 2023 para R$700) era somado e utilizado de forma comunitária entre diversos alunos. “Juntávamos e fazíamos vaquinhas para comprar alimentos, para passar uma semana ou mais dias no Programa. Como naquela época nem todas as minhas colegas eram professoras ainda, a gente se ajudava. Com a bolsa comprávamos gasolina e a nossa alimentação, às vezes pedíamos caronas para os parentes”, relembra. Na escola indígena, Elisa foi responsável por vários projetos, como um bingo matemático, a organização de uma feira de ciência e tecnologia, além de um projeto sobre matemática indígena, chamado Contagem Munduruku. “Tive muitos momentos de descobertas. Aprendi a valorizar muito mais a educação escolar indígena, descobri a riqueza de conheci- mento do meu próprio povo”, define a professora. Hoje Elisa é aluna do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Edu- cação Escolar Indígena, da Universidade Estadual do Pará, onde estuda as relações econômicas do povo Munduruku. Ser mestra será, como ela define, mais um sonho a ser realizado. “Devemos sempre buscar os novos caminhos, maneiras de mostrar a importância de ensinar e aprender. E surpreender sempre, pois só assim chamaremos a atenção daqueles que jamais imaginaram que existiriam possibilidades de ver e ter professoras indígenas formadas na universidade”, conclui. 25 “Tive muitos momentos de descobertas. Aprendi a valorizar muito mais a educação escolar indígena, descobri a riqueza de conhecimento do meu próprio povo.” Elisa Akai Wiui
  • 26. Teoria + Prática Na periferia do Distrito Federal, em um ambiente aparente- mente bastante distinto da aldeia Mundukuru, o professor Thalis Alves Manso também enfrentou desafios de mobili- dade e acesso ao curso superior. Como estudante do curso de licenciatura em Língua Portuguesa no Instituto Federal de Brasília (IFB) eram necessários seis ônibus diários para o trajeto de casa, na cidade de Santa Maria, ao IF de São Sebastião. Foi nesse contexto que o então aluno teve contato com o Pi- bid. “Sempre falo que o programa foi o pilar da minha prá- tica. Sem o Pibid, na faculdade, a gente só tem a teoria. Com o Pibid, a gente coloca o ‘pé na aula’, aprende a planejar, produzir conteúdo, controlar o tempo”, define Thalis, que hoje é professor do 6º e 7º anos do Ensino Fundamental da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Ele lembra ainda como o programa foi importante para o seu letramento na linguagem acadêmica e científica: “Vin- do de escola pública, sabia muito pouco sobre isso. Logo no primeiro semestre tivemos que fazer pesquisa e produzir um artigo. Foi um desafio para toda a turma e um grande aprendizado”. Além disso, a bolsa de estudos teve uma importância fun- damental, para garantir sua estrutura mínima para conse- guir avançar no curso. “Quando chegou a pandemia, para assistir às aulas de casa, foi a bolsa do Pibid que me ajudou a comprar um telefone, colocar internet em casa e arrumar meu computador”, conta o professor. 26
  • 27. nº 4/2023 27 Permanência Permitir as condições para se seguir no curso de licenciatura até se formar pa- rece ser uma constante no Pibid. O relato não é apenas de quem foi bolsista en- quanto estudante de graduação, mas também dos professores que atuam como monitores, ao receberem os bolsistas do Programa em suas salas de aula, na escola pública. Carolina Bonetti é professora da rede municipal de Paranavaí, no Paraná. Ela recebeu alunos do Pibid em sala de aula e também destaca a interação entre teoria e prática oferecida pelo Programa: “Como supervisora do Pibid, consegui manter meus pés na escola e fazer uso das teorias que a Universidade propor- ciona. A inserção dos estudantes nos espaços escolares acontece de forma grada- tiva, com orientação a cada passo e participando desses momentos como apoio profissional”. A professora conta o caso de superação de uma estudante que pensava em desis- tir do curso. “Ela achava que não tinha o ‘dom’ para ser professora, que falava baixo, era mais ‘lenta’ e que parecia que a turma não a obedecia”. Durante o desenvolvimento das atividades do Pibid, a turma passou a confiar na aluna e a respeitá-la. “Ela aprendeu que seu modo de trabalhar deveria estar de acor- do com suas habilidades, temperamento e conhecimentos, tanto quanto deveria atender às necessidades da turma. Houve uma ressignificação do método de en- sino”, explica Carolina. Hoje, a ex-bolsista, já concursada, é professora dedicada, continua estudando e buscando aprender mais sobre sua profissão. Para Carolina, essa é a chave da inovação que explica o sucesso do Pibid. “Iniciar a carreira de forma abrupta e sem o acompanhamento devido pode perpetu- ar comportamentos inadequados. Os novos professores, muitas vezes, repetem seus antigos professores, sem questionamento da prática com relação à teoria. Ao combinar ambos, o Pibid proporciona para a educação básica a melhoria do padrão de qualidade do ensino”, conclui. nº 4/2023
  • 28. “Através da vivência do Residência Pedagógica, sou um professor que realmente entende a complexidade da educação. O programa me fez entender que a escola é muito mais do que um prédio.” Bruno Ficanha Basso 28 Viver a escola Residência Pedagógica é espaço de participar dos processos decisórios, da organização, e compreender como a escola funciona A formação do futuro professor deve prepará-lo para as situações reais e complexas que permeiam o cotidiano da escola e da sala de aula. Foi com essa proposta que a CAPES criou, em 2018, o Programa Residência Pedagógica. A iniciativa promove a imersão dos alunos de licenciatura no ambiente escolar, para que exercitem atividades de regência e inter- venção pedagógica em sala de aula e acompanhem as rotinas de gestão administrativa e pedagógica. Todo esse processo se desenvolve com o acompanhamento de um profissional com experiência na área de ensino do licenciando e outro da instituição em que este faz o curso. O Residência Pedagógica é voltado aos estudantes que estão na segunda metade da licenciatura, e oferece o aprofundamento da formação teóri- co-prática, apoiando a construção da identidade profissional dos futuros professores. Assim como o Pibid, as bolsas de estudo são dadas aos alunos de graduação e também aos educadores da rede pública que recebem os residentes. Uma das palavras-chave do programa é vivência. “Ser residente não foi apenas estar na escola cumprindo horário, mas vivendo o universo da educação no seu sentido mais puro e complexo. Foi viver a escola, seu espaço, e participar dos processos decisórios e organizacionais, compre- ender como realmente funciona o ‘chão’ da sala de aula”. Assim explica Bruno Ficanha Basso, bolsista no município de Frederico Westphalen, no noroeste do Rio Grande do Sul. Bruno hoje trabalha como professor, ofício que define como “desafio diário”, e afirma se sentir preparado para esse aprendizado constante, justamente por ter sido residente. “Através da vivência do Residência Pe- dagógica, sou um professor que realmente entende a complexidade da educação. O programa me fez compreender que a escola é muito mais do que um prédio”, afirma.
  • 29. nº 4/2023 29 Trocas A vivência só funciona bem quando há troca. Quem compreende bem essa dinâmica é a estudante qui- lombola Luciene Estevão Nascimento, bolsista do Residência Pedagógica no 7º período do curso de Pe- dagogia do Centro Universitário de Valença (Unifaa), no sul do estado do Rio de Janeiro. “Está sendo muito gratificante e novo, para mim, atuar em uma escola onde eu não teria a chance de estar, de outra forma”, afirma. Natural do Quilombo São José da Serra, na região de Valença, Luciene conta que a bolsa da CAPES, reajus- tada em 2023, irá ajudar os irmãos que entraram este ano para a faculdade. “Posso dizer que a Educação abriu portas em minha vida e está transformando minha família”. O contato na escola, tanto com professores quanto com alunos, é para a estudante a parte mais rica da formação. “É incrível estar em contato com profissio- nais com uma bagagem enorme de sabedoria adqui- rida com o tempo e que passam tanta tranquilidade a todos os residentes, com tanto amor e carinho. E, claro, olhar nos olhos de cada uma das crianças e ver um mundo mágico e todo colorido sendo construído no dia a dia é lindo demais”, revela Luciene.
  • 30. 30 Trajetórias A vivência, que é marca do Programa, também é composta pelo que os residentes trazem de suas trajetórias para a escola. A história do estudan- te Francisco Eudes de Souza, bolsista do Residência Pedagógica no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) no Piauí, ilustra isso bem. Cearense e cordelista, Francisco levou a literatura de cordel para a sala de aula, quando residente, de outubro de 2020 a março de 2022. Ele conside- ra que o programa não apenas aceitou, mas fortaleceu seu lado de ativista popular. “Escrevo cordéis desde os meus 13 anos de idade. Então, minhas ações dentro do curso de Pedagogia já eram voltadas desde o início para a cultura popular nordestina, o saber popular, a ancestralidade e, prin- cipalmente, a literatura de cordel, temas invisíveis na minha educação básica”, conta. Na Residência Pedagógica não foi diferente. “No Programa pude unir cada vez mais a literatura de cordel com a sala de aula, utilizando os meus cor- déis em atividades e trabalhando alfabetização e letramento, contação de histórias e gêneros textuais, cultura nordestina e a arte da xilogravura”, relata Franscisco. Com a experiência adquirida, o estudante acabou por fundar um projeto, o Entre Versos, desenvolvido na Escola de Aplicação da universidade. A partir de oficinas que tratam de temas relacionados à cultura regional, o projeto já atendeu 126 alunos das turmas do 1º ao 5º ano do Ensino Fun- damental. “Minha experiência com o Residência Pedagógica reforçou no- vamente a importância da literatura de cordel em sala de aula. Foi lindo ver as crianças lendo e escrevendo seus cordéis, e curiosas para conhecer a cultura nordestina”, completa.
  • 31. nº 4/2023 31 Residência Docente Foco do novo programa são professores em início de carreira e aqueles concluíram sua licenciatura nos últimos três anos Uma nova ação da CAPES quer estimular ainda mais o ingresso e a per- manência de professores nas escolas públicas de educação básica. Esse é o objetivo do Residência Docente, que se une a outros programas da Fundação para expandir a oferta de formação de profissionais da área do ensino em todo o País. O público-alvo do novo programa são os professores em início de carrei- ra, que terminaram suas licenciaturas nos últimos três anos. O Residên- cia Docente será executado em parceria com as secretarias estaduais de educação e instituições de ensino superior, responsáveis pelas atividades de formação. A meta da CAPES é ofertar 20 mil bolsas em 2024 e 2025. Com atividades presenciais e a distância e carga de 360 horas, o novo programa utiliza- rá o ambiente escolar onde o professor trabalha como espaço de estudo, pesquisa e intervenção. Aqueles que concluírem a formação receberão certificados de Especialistas em Docência na Educação Básica, na moda- lidade pós-graduação lato sensu. O Residência Docente tem como objetivo investir em propostas de forma- ção adequadas à realidade da escola pública e contribuir para a união de teoria e prática profissional, incentivando pesquisas e produções acadê- micas cujos resultados possam ser aplicados em sala de aula. 20 MIL BOLSAS EM 2024 E 2025 RESIDÊNCIA DOCENTE NOVO PROGRAMA
  • 32. 32 Práticas pedagógicas e organização Parfor oferece educação superior gratuita e de qualidade e dissemina novos conhecimentos para todos O Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) representa muito mais do que a oferta de cursos para os profissionais de sala de aula. Quando o objetivo da ação entra em contato com a realidade da escola, uma nova perspectiva se abre, para os professores e toda a comunidade. O Parfor permite a professores que já lecionam o acesso à formação específica em curso de licenciatura nas áreas em que ensinam. Assim, o Programa oferece educação superior, gratuita e de qualidade, tornando-se um importante instru- mento de difusão e indução à carreira do magistério e, também, de dissemina- ção de novos conhecimentos para todos. Maria José Lopes Magalhães, da etnia Kanamari, no Vale do Javari, no oeste do Amazonas, tinha exatamente a intenção de levar às suas turmas um conheci- mento diferente, que acrescentasse outras ideias à sabedoria adquirida pela vivência da cultura local, da prática e dos costumes. Quando soube do Parfor, entendeu que era a oportunidade que precisava para oferecer novos saberes às turmas multisseriadas para as quais já dava aulas na Comunidade de Irari II. Orgulhosa de sua formação em Pedagogia Intercultural Indígena, Maria José é uma das 60 mil pessoas formadas pelo Parfor, cujo objetivo é estimular a oferta de cursos de licenciatura com propostas pedagógicas que atendam às especifi- cidades da formação inicial de professores em serviço. O Programa oferece aos educadores da rede pública de educação básica a oportunidade de obter forma- ção específica de nível superior na área de conhecimento em que ensinam. Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica 60 MIL FORMADOS PARFOR “Planos de aula já eram feitos, mas faltava o entendimento sobre como organizar o que se fazia.” Maria José Lopes Magalhães
  • 33. nº 4/2023 33 A aproximação entre a educação superior e a educação básica, ten- do a escola onde o professor trabalha como espaço privilegiado de formação e de pesquisa, é uma das suas condições de execução. Para a professora que enfrentou desafios tão diversos como o des- locamento dentro da comunidade indígena para fazer o curso e a falta de conhecimento acadêmico prévio, formar-se pelo Parfor trouxe melhorias no seu desempenho em sala: “Comecei a estudar mais e a buscar as coisas novas, propor aulas e disciplinas novas”. Além disso, o Programa possibilitou sua aprendizagem sobre a or- ganização das aulas. “Planos de aula já eram feitos, mas faltava o entendimento sobre como organizar o que se fazia”, avalia Maria José. Esse ponto também é compartilhado por Elaina Dias Castelo Bran- co, professora na comunidade amazonense de Massapê, no Rio Ita- guaí, há 10 anos. Formada em Pedagogia Intercultural Indígena em 2022, ela sente que cursar o Parfor a fez “uma profissional mais capacitada, com mais informações e mais conhecimento para con- duzir as tarefas em sala de aula com mais eficiência”. Tanto Maria José quanto Elaina Dias destacaram que o ensino faz parte da essência de cada uma, e também entendem que o Progra- ma contribuiu para melhorar a prática pedagógica e a organização das tarefas em sala de aula. Como Maria e Elaine, Carlos Bindá Mayoruna, da Aldeia Lobo, localizada na terra indígena Vale do Javari, em Atalaia do Norte (AM), foi formado no curso de Pedagogia Intercultural Indígena, em 2022. Ele destaca como melhoria evidente o progresso na sua maneira de ensinar. “Tive dificuldade de planejamento, não sabia como preencher diário, avaliar alunos e saber quem estava apren- dendo ou não. Não anotava nada em cadernos”, comenta. Além disso, começou a ler sobre outros temas. “Lia livros dos brancos, de ciência, matemática, português”, relembra, comemorando o fato de agora saber planejar aulas, conseguir avaliar os alunos, enten- der como se faz um planejamento, elaborar um projeto e trabalhar com crianças de 3 e 4 anos, entre outras conquistas. “Cursar o Parfor me fez uma profissional mais capacitada, com mais informações e mais conhecimento para conduzir as tarefas em sala de aula com mais eficiência.” Eliane Dias Castelo Branco “Houve um progresso na minha maneira de ensinar.” Carlos Bindá Mayoruna
  • 34.
  • 35. nº 4/2023 O sistema eletrônico que reúne informações essenciais sobre a formação de professores da Educação Básica resgata seu antigo nome. Justa homenagem a um dos pensadores da Pedagogia mais respeitados em todo o mundo. E A PLATAFORMA FREIRE, TAMBÉM. O BRASIL VOLTOU A Plataforma Freire é um sistema gerido pela CAPES para subsidiar a formulação de políticas e a gestão de programas e ações destinados à formação inicial e continuada dos professores da Educação Básica. Ela reúne informações sobre a execução dos projetos apoiados pela Fundação e permite a participação de diferentes atores envolvidos, como Secretarias de Educação e coordenadores de instituições de ensino superior. Em 2003, a Plataforma Freire completa 14 anos e retoma sua denominação original, uma merecida homenagem ao patrono da Educação brasileira, Paulo Freire. Acesse em https://freire.capes.gov.br/portal/
  • 36. 36 Divisor de águas Para os professores participantes, ProEB contribui para melhorar a didática do ensino “Divisor de águas”. Essa foi a expressão usada pelo professor de História, Rafael da Silva As- sis, ao falar sobre o resultado do Mestrado Pro- fissional para Professores da Educação Básica (ProEB) na sua trajetória acadêmica. Pensado para oferecer aos profissionais uma evolução constante no acesso a novas teorias e práticas acadêmicas, o Programa segue as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC) para a formação continuada, stricto sensu de educadores que estão em exercício, além de apoiar instituições de ensino superior e a rede de instituições associadas. Desde 2016, quando concluiu a disciplina de História, em Araguaína, no Tocantins, Rafael relata que a sua maneira de ensinar mudou. “Ao me deparar com os conteúdos do mestra- do e depois voltar para a sala de aula, minha didática melhorou; passei a entender que den- tro da didática há uma teoria e uma metodo- logia educacional que dão sustentação ao que é ensinado”, revela. Outro ponto de destaque para Rafael, fundamental para o seu desen- volvimento em sala de aula, foi conseguir, a partir do entendimento desse conteúdo, com- preender e pôr em prática o sistema avaliati- vo processual. Era algo de que já havia ouvido falar, mas que não sabia como executar. “Ao me deparar com os conteúdos do mestrado, e depois voltar para a sala de aula, minha didática melhorou, pois passei a entender que dentro da didática há uma teoria e uma metodologia educacional que dão sustentação ao que é ensinado.” Rafael da Silva Assis
  • 37. nº 4/2023 37 “Defendo que todo professor deveria ter a oportunidade de fazer o mestrado pois reflete imediatamente na melhoria da prática.” Humberto Barbosa Assim, como Rafael, titulado no ProfHistória, um dos ramos do ProEB, cerca de 16 mil profissionais já receberam o diplo- ma pelo Programa, que concede bolsas e fomento aos cursos na modalidade semipresencial, no âmbito do Sistema Univer- sidade Aberta do Brasil (UAB). Os mestrados profissionais são oferecidos em mais de 300 instituições de ensino superior, em diferentes áreas: Matemática (ProfMat), Ensino de Física (Pro- Fís), Letras (ProfLetras), Artes (ProfArtes), História (ProfHistó- ria), Ensino de Biologia (ProfBio), Química (ProfQui), Filosofia (ProFilo), Sociologia (ProfSocio), Educação Física (ProEF), en- sino de Geografia (ProfGeo) e Educação Inclusiva (ProfEI). A motivação para uma nova maneira de trabalhar, descrita por Rafael, principalmente sobre o acesso a teorias antes des- conhecidas, é compartilhada pelo professor paraibano José Humberto Barbosa, também titulado na área de História pelo ProEB. Atualmente, ele leciona para jovens e adultos pelo Ceja (Centro de Educação de Jovens e Adultos), em Araguaína (TO), e comemora o fato de ter tido acesso a conteúdos que não ti- nha estudado em sua graduação. Para ele, a mudança foi tão grande, que defende que todo o professor deveria ter a opor- tunidade de fazer o mestrado, pois reflete imediatamente na melhoria da prática. Ele lembra que antes do ProEB trabalha- va o “planejamento de 28 aulas semanais, para dar 40 horas/ aula de maneira muito corrida e sem tanto conhecimento”. Além desse ponto, Humberto acredita que passar pela forma- ção é positivo para que o profissional consiga pleitear melho- res condições de trabalho e salários. PROEB Programa de Mestrado Profissional para Professores da Educação Básica Matemática (ProfMat) Química (ProfQui) Física (ProFís) Filosofia (ProFilo) Letras (ProfLetras) Sociologia (ProfSocio) Artes (ProfArtes) Educação Física (ProEF) História (ProfHistória) Geografia (ProfGeo) Ensino de Biologia (ProfBio) Educação Inclusiva (ProfEI) CURSOS DO
  • 38. 38 PREMIAÇÃO Um projeto de aulas para o Ensino Fundamental, intitulado ‘Viajando pela cultura africana’, deu a Suzi Dorneles Rocha, professora de Educação Físi- ca, a oportunidade de ficar entre os dez vencedores do Prêmio Educador Nota 10 em 2020. No projeto, temas como identidades africanas e afro- -brasileiras são estudados a partir de jogos e brincadeiras de países como Moçambique, Nigéria e Senegal. A iniciativa se desenvolveu no âmbito do ProEB. Do seu ponto de vista, a principal motivação para o trabalho foi a vontade de diversificar o conteúdo pedagógico sobre países africanos. “Sempre me interessei por essas culturas, desde a formação inicial. Não tive muitas experiências em sala de aula, para além do tema da escravi- dão. E vai muito além disso”, observou, destacando que um dos aspectos mais relevantes “foi o envolvimento de toda a comunidade escolar, que participou ativamente e reconheceu a riqueza do processo”.
  • 39. nº 4/2023 39 Valorização do ensino de Ciências Programa C10! estimula o ensino por investigação e auxilia na qualidade das aulas Mais de três mil professores no Brasil toparam o desafio de seguir os estudos no curso de especialização do Programa Ciência é 10 (C10!), criado pela CAPES para ajudar os profissionais que ensinam a discipli- na para alunos dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). A iniciativa é realizada, na modalidade a distância, em parceria com 18 instituições de ensino superior. Uma delas é o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), que teve como aluna a professora Lilian Magda Alves, de Caruaru. A primeira graduação foi em Pedagogia. Depois, seguiu para uma Licenciatura em Ciências Biológicas. A partir daí, fez a especialização pelo C10!. O curso permitiu a Liliana conciliar estudos com atividades fora da escola. As aulas ocorriam no final de semana, e a interação com os colegas permitia discutir as leituras e realizar investigações. “Antes do C10!, ficava insatisfeita com a maioria das aulas e projetos. Depois do curso, pude enxergar mais oportunidades e assim ofertar aulas com mais qualidade. Não só contribuiu significativamente na melhoria da minha vida profissional, mas também na vida pessoal”, lembra. Na opinião de Liliana, essa formação precisa ganhar capilaridade no País. “Acredito que para a melhoria da formação no Brasil, as univer- sidades deveriam ofertar cursos de aperfeiçoamento mais flexíveis e em mais lugares do interior”, comenta.
  • 40. Também de Pernambuco, Gilmax de Lima ensina Física na zona rural de Lagoa de Ita- enga, a 72 km da capital, Recife. Egresso da primeira turma do C10! do IFPE, em Carpina, seu interesse durante o curso foi o método de ensino por investigação. Recentemente, ele concluiu outra especialização, desta vez em Ensino de Astronomia e Ciências, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). No momento ele cursa o mestrado em Ensino de Física, na UFPE. Gilmax é professor do 3º ano do ensino mé- dio nas disciplinas de Física, Robótica e Intro- dução à Astronomia, na mesma escola onde fez sua educação básica. Para ele, o C10! foi um incentivo ao aperfeiçoamento constante. “Percebemos a possibilidade de levar o ensi- no por investigação para os nossos estudan- tes”, conta. “Minhas aulas, que eram mais restritas à teoria, ganharam uma perspectiva investigativa da ciência, com reflexão sobre o cotidiano, e isso, sem deixar de abordar o componente matemático”. Para os que pensam em seguir na carreira de Ciências, Gilmax tem um recado: “Fazer a di- ferença nas salas de aula do nosso Brasil é um desafio muito gratificante. Busquem inovar e apresentar as Ciências de forma dinâmica e atrativa, levando a essência da educação, que é transformar a vida através dos estudos”. “Minhas aulas, que eram mais restritas à teoria, ganharam uma perspectiva investigativa da ciência, com reflexão sobre o cotidiano, e isso sem deixar de abordar o componente matemático.” Gilmax de Lima 40
  • 41. nº 4/2023 Na Universidade de Brasília (UnB), o Ciência é 10! tam- bém mobilizou os professores para as novas formas de atrair o interesse dos alunos pelas aulas. Os trabalhos de conclusão de curso fizeram tanto sucesso que foram publicados na revista Physicae Organum. Os textos da edição abordam a construção de problemas significa- tivos para o ensino de Ciências na educação básica, assim como da reflexão para a melhoria das ações pe- dagógicas. Para complementar as atividades previstas pelo C10!, a UnB desenvolveu e aplicou oficinas de Ciências, em duas edições abertas a estudantes da educação básica, que alcançaram cerca de 1.500 alunos. “A adesão ao curso introduziu perspectivas interdisciplinares e fun- damentadas em tecnologias digitais”, destaca Marcelo Ferreira, mestre em Ensino de Física, doutor em Edu- cação em Ciências e coordenador do C10! na universi- dade. O curso de especialização lato sensu é dividido em três módulos, com uma carga total de 480 horas. O C10! tem quatro eixos temáticos — Vida, Ambiente, Universo e Tecnologia — e é baseado no estímulo do ensino por investigação, com uma abordagem criativa e transver- sal. Oferece aos professores ferramentas, conteúdos e metodologias que auxiliam na qualidade das aulas, propondo novos desafios e reflexões sobre a prática pedagógica. Além das aulas a distância, uma vez por mês os professores se reúnem nos polos da UAB, que são espaços com estrutura de apoio pedagógico, tecno- lógico e administrativo, para as atividades de ensino e aprendizagem. - 3 MIL PROFESSORES - 19 IES PARTICIPANTES C10! 41
  • 42. 42 Professores contam suas experiências Ex-participantes do Ciência é 10! relatam como foi participar do curso Carrinhos feitos com tampinhas e garrafinhas, movidos pelo ar de ba- lões enchidos por estudantes, são uma forma de ensinar. Essa é par- te da experiência de Wellington Eduardo Moreira, no Ciência é 10! (C10!). Professor do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Ester da Cunha Peres, escola da rede estadual de Goiás que fica em Luziâ- nia, ele participou da primeira edição do programa de especialização voltado para educadores que ensinam Ciências do 6º ao 9º ano do En- sino Fundamental. “O C10! dá uma sacudida na sala de aula. A Biolo- gia, a Física e a Química saem do quadro, o aluno põe a mão na massa e compreende melhor”, disse. O C10! tem módulos on-line com recursos multimídia, atividades prá- ticas, fóruns de discussão e avaliações. O objetivo é promover a valori- zação da ciência e da educação científica. O curso é oferecido pela Uni- versidade Aberta do Brasil (UAB), em mais de 100 polos do Sistema.
  • 43. nº 4/2023 As aulas de Wellington, que renderam um artigo, despertaram o interesse de Lucas Henrique, es- tudante do 9º ano do Cepi Ester da Cunha Peres, pelo campo das Ciências. “Utilizamos materiais recicláveis e entendemos como funciona o ar. Muitas vezes as pessoas acham que ciência é uma coisa muito complexa, chata, só de muito estudo, mas quando começamos a praticar, entendemos mais”, disse o garoto, que pensa em ser professor. No C10!, estudantes como Lucas Henrique são estimulados a se tornarem protagonistas de seu aprendizado. Lucelia Andrade, professora do Cepi Maria Ribeiro Carneiro, em Rio Verde (GO), con- tou ter mudado o modo de atuar em sala depois de participar da especialização. “Comecei a perceber que eu tirava a oportunidade dos meus alunos de questionar, de perguntar, porque eu dava as res- postas”, relatou. O experimento da professora consistiu em colocar diferentes quantidades de água em garrafas de vi- dro e pedir para os estudantes baterem nos obje- tos com réguas. Os recipientes mais cheios faziam um som e os mais vazios, outro. “Isso despertou a curiosidade dos alunos. Com isso, trabalhamos sons agudos, sons graves, comprimento de ondas e frequência, de uma forma lúdica”, explicou Lu- celia, que publicou um artigo em uma revista da Universidade de Brasília (UnB) para relatar a ex- periência. 43 “Muitas vezes as pessoas acham que ciência é uma coisa muito complexa, chata, só de muito estudo, mas quando, mas quando começamos a pratica, entendemos mais.” Lucas Henrique
  • 44. “No Canadá, visitei escolas de educação infantil e ensino fundamental, participei de painéis com professores e diretores de escolas, houve uma troca de experiências muito enriquecedora.” Liza Iole da Silva Capacitação profissional no exterior Troca de experiências com outros países contribui para o aperfeiçoamento de professores e outros trabalhadores da educação A CAPES já apoiou a formação de 3.285 professores e outros profissionais da educação básica no exterior. O Brasil possui acordos com países da América do Norte — Canadá e Estados Unidos — e da Europa — Alemanha, França, Irlanda, Portugal, Reino Unido e Suíça — para aperfeiçoamento em idio- mas, gestão educacional, ensino de alfabetização e de disciplinas como Físi- ca, Matemática e Química. Uma das beneficiadas é Liza Iole da Silva, professora em Ribeirão das Ne- ves (MG) desde 2015. A cidade fica a 15 quilômetros de Belo Horizonte e é estigmatizada pela violência. Preocupada com a questão social, a educa- dora fez um projeto, em 2019, para tentar mudar essa realidade e passou oito semanas no Canadá pelo Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores da Educação Básica. Liza executou a proposta “Redescobrir e valorizar o local onde eu vivo” na Escola Municipal Analito Pinto Monteiro. Nas aulas, a professora levou os estudantes para uma horta (boa parte dos pais do alunos trabalham com agricultura familiar) na igreja principal da cidade, e mostrou a importância das mulheres na história da construção do município, contando casos de sucesso de moradores locais. Antes depois das atividades, ela aplicou questionários para conhecer a relação dos alu- nos e seus familiares com o município. No começo, mais de 50% dos entre- vistados (alunos e responsáveis pelos estudantes) disseram não gostar de viver em Ribeirão das Neves. Ao final, este número caiu para menos de 15%. “No Canadá, visitei escolas de educação infantil e ensino fundamental, par- ticipei de painéis com professores e diretores de escolas, houve uma troca de experiências muito enriquecedora”, conta Liza. O trabalho rendeu à pro- fessora o Prêmio de Relevância Acadêmica, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2020. “A CAPES foi um divisor de águas”, sintetiza. 44
  • 45. nº 4/2023 MAIS DE PROFESSORES PARTICIPANTES 3MIL 45 Victor Morais, de São Roque (SP), é um dos cem professores que participaram do Programa de Desenvolvimento Pro- fissional de Professores-Alfabetizado- res em Portugal. De novembro de 2022 a janeiro deste ano, os educadores vi- veram uma rotina de capacitação prá- tica no Instituto Politécnico do Porto, com aulas teóricas na Universidade do Porto à tarde e tutoria, à noite. O professor faz uma reflexão sobre como a troca de experiências com outros países pode levar a educação brasileira a evoluir. “A proposta de Portugal deixa claro qual é o propósito principal do ensino nos anos iniciais: primeiro, fazer a criança ler com flu- ência, para depois começar a interpre- tar. Então, a gente aprende a ler, para depois ler para aprender”, conta. A pandemia da COVID-19 afetou for- temente a possibilidade de formações presenciais no exterior. Liza Iole foi ao Canadá antes do período de restrições e Victor Morais esteve em Portugal de- pois da fase mais aguda de isolamento social. Agora, a CAPES está com três editais em andamento. Um deles é do Programa pelo qual Liza Iole se ca- pacitou. Os outros dois são cursos de liderança e gestão educacional, na Ir- landa, e de aperfeiçoamento na língua inglesa, nos EUA. Esses dois últimos são os temas das próximas páginas.
  • 46. 46 Liderança e gestão educacional Ação da CAPES de formação na Irlanda valoriza o currículo dos profissionais que atuam na educação básica Uma oportunidade única. Assim egressos do curso de lide- rança e gestão educacional no Mary Immaculate College, na cidade de Limerick, definem o Programa de Desenvol- vimento de Profissionais da Educação Básica na Irlanda. Essa é uma ação da CAPES de formação de lideranças nas comunidades escolares, com um período de intercâmbio em uma instituição de ensino que é referência no assunto. Marcelo Khalil é concursado da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Ele já ocupava um cargo de gestão antes da viagem para o exterior, mas a valorização do currículo e a capacitação foram fundamentais para que ele se tor- nasse coordenador intermediário na Regional de Ensino do Guará, uma das regiões administrativas do DF. “Nós tivemos aulas de inteligência emocional, de como liderar, de como trabalhar essa parte pedagógica de forma mais efetiva. A capacitação me ajudou muito, me preparou para o cargo que ocupo hoje”, relata o educador. “Nós tivemos aulas de inteligência emocional, de como liderar, de como trabalhar essa parte pedagógica de forma mais efetiva. A capacitação me ajudou muito, me preparou para o cargo que ocupo hoje.” Marcelo Khalil
  • 47. nº 4/2023 47 Antes, professor de língua inglesa no Centro Cearense de Idiomas (CCI) de Itapipoca (CE), Felype Forte assumiu a direção do CCI de Tianguá, outro município do Ceará. Ele teve que passar por um processo seletivo e credita o sucesso à experiência vivida na Ir- landa. “Além da experiência de estar em um país diferente, aca- demicamente, para mim, foi um divisor de águas. Tive contato com novas metodologias, outras práticas relacionadas à lideran- ça. Estagiei em escolas de educação básica da Irlanda, ou seja, entrei de fato em contato com o sistema educacional irlandês”, explicou. Os exemplos estão espalhados pelo País. Rosane Karl é coorde- nadora administrativo-pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Petrópolis (RJ). Assim como Khalil e Forte, chegou à função depois de passar pelo curso na Irlanda. “Estagiamos em instituições de ensino e tivemos a oportunidade de ver como fun- cionam escolas de educação básica por lá, o acompanhamento que os estudantes de licenciatura têm na formação, com estágio já no primeiro semestre”, relata. “Com isso, vemos que a equida- de educacional na educação básica por lá ocorre de fato. Estuda- mos as diferenças com o Brasil para lutar por educação básica de qualidade, pública e gratuita, em nosso País”. Marcelo Khalil, Felype Forte e Rosane Karl participaram da pri- meira turma do Programa. Agora, a seleção do Edital nº 43/2022 vai levar um novo grupo de 30 pessoas para a capacitação naque- le país. Cento e vinte professores, coordenadores e supervisores pedagógicos, gestores escolares e profissionais lotados nas secre- tarias de Educação que exercem atividades de gestão educacio- nal, ou relacionadas à formação de professores, concorrem. No momento, eles assistem às aulas de um curso de aperfeiçoamento em língua inglesa. Haverá um teste de nivelamento e os melho- res serão selecionados. São três vagas para ampla concorrência e 27 a serem distribuídas igualmente entre os estados e o Distrito Federal. As atividades são divididas em dois períodos: um on-line, entre julho e agosto de 2023, e outro presencial na Irlanda, de setembro de 2023 a maio de 2024.
  • 48. Inglês para as escolas públicas Programa nos Estados Unidos já atendeu cerca de 3 mil professores de língua inglesa O Programa de Desenvolvimento Profissional de Pro- fessores de Língua Inglesa nos Estados Unidos (PDPI) é a principal ação no exterior da Diretoria de Educação Básica da CAPES. O PDPI é responsável por nada me- nos que 2.633 das 3.285 pessoas que são apoiadas em sua formação, voltada para a educação básica, fora do País. Isso sem contar as 357 do Edital nº 30/2019, que voltaram dos Estados Unidos no fim de fevereiro deste ano. Pelo PDPI, professores de língua inglesa das redes pú- blicas de educação básica do Brasil vão aos EUA, com bolsas, ter aulas de aprimoramento em inglês e de desenvolvimento de metodologias. A execução é reali- zada pela parceria entre a CAPES e a Comissão Fulbri- ght, do governo norte-americano. Para Luiz Loureiro, diretor-executivo da instituição no Brasil, o Programa tem uma importância fácil de ser explicada: “Nós in- vestimos na formação de professores de língua ingle- sa, que vão melhorar o ensino do idioma nas escolas públicas brasileiras.” Valéria de Melo Ferreira é professora da rede munici- pal de Ceará-Mirim (RN). Em 2023, ela participou pela segunda vez do PDPI — a primeira havia sido em 2018. Ela esteve na Universidade Estadual de Michigan de janeiro a fevereiro deste ano e disse que a atual edi- ção superou suas expectativas. “Tivemos seis semanas bem intensas de curso. A equipe à frente do centro de línguas é muito bem preparada”, diz. “Voltei com uma bagagem metodológica muito maior. As aulas eram di- recionadas de uma forma muito prática”, conclui. 48 “Voltei com uma bagagem metodológica muito maior. As aulas eram direcionadas de uma forma muito prática.” Valéria de Melo Ferreira
  • 49. nº 4/2023 49 Rita Ferreira Arcenio foi para a Universidade de Temple. “Estudei teo- rias e práticas relacionadas ao ensino da língua inglesa. Também tive aulas de história e cultura americana, com momentos em sala de aula e outros em campo, nos quais visitamos museus e os principais pontos históricos da Filadélfia, assistimos a um jogo da NBA e fomos a Wa- shington DC”, relata a professora do município de Maracanaú (CE). Emília Gomes Barbosa, professora das redes estadual e municipal em Castanhal (PA), leciona há 15 anos e hoje conta com cerca de 900 alu- nos, do 6º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio. A parte do curso que se destacou em sua experiência foi o uso de jogos eletrônicos no ensino. “Foi interessante ver como o videogame pode ser usado para ensinar gramática, vocabulário e desenvolver as habi- lidades de compreensão oral e fala”, disse a educadora, que se capaci- tou na Universidade de Delaware. As atividades acadêmicas do PDPI incluem curso intensivo de inglês e metodologia de ensino. Com a pandemia de COVID-19, o edital, inicia- do em 2019, precisou ser suspenso. Foi retomado em 2022, e os profes- sores-alunos estiveram nos EUA entre 16 de janeiro e 24 de fevereiro de 2023, retornando ao Brasil entre os dias 24 e 26 do mesmo mês. Os bolsistas também preparam dois relatórios: um com as atividades realizadas nos Estados Unidos e outro com as ações de disseminação de conhecimento no Brasil. Criado em 2010, o PDPI é fruto de uma relação bilateral do Brasil com Estados Unidos, concretizada em um acordo que data de 1957, entre a CAPES e a Comissão Fulbright. É, portanto, uma parceria dos tempos de Anísio Teixeira, idealizador e primeiro presidente da história da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (1951- 1964).
  • 50. 50 Tecnologia a serviço da sala de aula Cursos entre a parceria da CAPES com a Uema contribuem para a formação de professores em ensino on-line Os impactos da pandemia nos processos educacionais ain- da serão objeto de muitos estudos da área de Educação. As crianças talvez tenham sido as que mais sentiram as con- sequências negativas do processo de isolamento social na aprendizagem. Um dos paradoxos desse momento, entre- tanto, foi que a necessidade de permanência em casa veio acompanhada de um salto tecnológico na transmissão e na comunicação em tempo real, que afetará para sempre as es- colas. A partir da compreensão desse novo cenário, desde o final de 2020, a CAPES se uniu à Universidade Estadual do Ma- ranhão (Uema) para oferecer cursos on-line para formação para professores, voltados ao desenvolvimento de habilida- des e competências em tecnologias educacionais digitais. Até março de 2023, os nove cursos em parceria já somavam mais de 220 mil inscritos.
  • 51. nº 4/2023 51 Uma das participantes é a professora Suelen Santos Facão de Sousa, que trabalha na rede estadual de ensino no Maranhão, lecionando nos anos iniciais do ensino fundamental. Para Suelen, os cursos CAPES/Uema aju- daram em um dos maiores desafios atuais da profissão: a presença da tec- nologia no ambiente escolar. “Trata-se de um desafio diário porque tanto nós professores precisamos levar para a sala de aula, quanto os próprios alunos nos abordam e nos cobram, a utilização das tecnologias digitais como uma maneira de facilitar a comunicação, o que favorece a aprendi- zagem”, explica. Pedagoga com formação também pela Uema e especialização em Coor- denação Pedagógica pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a professora já fez todos os cursos oferecidos pela parceria com a CAPES. “As capacitações me ajudaram muito na percepção e na compreensão das metodologias ativas, me auxiliaram na atualização, na formação continu- ada, a fim de melhorar a minha prática educativa”, explica Suelen. Somente o curso de Psicologia da Educação concentra mais de 50 mil inscritos no período. Também são oferecidas formações em temas como Desenho Didático para o Ensino On-line, com mais de 33 mil inscrições, e Como Produzir Videoaulas, que já conta com mais de 31 mil participantes. De acordo com Suelen, os cursos também tiveram influência positiva do ponto de vista profissional e de carreira. “A formação foi de suma impor- tância na prova de títulos dos processos seletivos que fiz, pois a carga horária é muito boa e as temáticas são muito atuais, vão ao encontro das minhas necessidades e área de interesse enquanto professora”. Suelen atualmente dá aula no Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnolo- gia do Maranhão (Iema), em São Luís. “As capacitações me ajudaram muito na percepção e compreensão das metodologias ativas, me auxiliaram na atualização, formação continuada a fim de melhorar a minha prática educativa.” Suelen Santos Facão de Sousa
  • 52. 52 A formação é gratuita, destinada prioritariamente a profes- sores e gestores escolares, mas aberta ao público em geral. “Diante da rotina de trabalho do professor, muitas vezes não temos disponibilidade de tempo para encontros presen- ciais. É muito bom ter a oportunidade de se capacitar gratui- tamente, fazer o curso através do seu celular, tablet ou no- tebook, de qualquer lugar e com horários flexíveis, através das plataformas digitais”, relembra Suelen. As aulas são oferecidas através da plataforma Eskada, man- tida e desenvolvida pela Uema, que já possui experiência de 25 anos na formação em educação a distância. Após a conclusão, todos os participantes dos cursos recebem certi- ficados. Ao todo, serão ofertadas 300 mil vagas. Saiba mais em https://eskadauema.com/ . COMO PRODUZIR VIDEOAULAS MEDIAÇÃO EM EAD DESENHO DIDÁTICO PARA O ENSINO ON-LINE MULTIMEIOS EM EDUCAÇÃO PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO FORMAÇÃO PARA DOCÊNCIA DIGITAL EM REDE GAMIFICAÇÃO NO ENSINO INCLUSIVO DE SURDOS CURSOS INSCRITOS GESTÃO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA * DADOS RETIRADOS DA PLATAFDORMA ESKADA EM: 20/03/2023 ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E TECNOLOGIAS DIGITAIS TOTAL CONCLUINTES 31.683 26.590 33.628 23.626 52.494 10.496 6.484 22.622 12.824 220.447 12.007 10.023 11.945 11.163 20.822 1.856 2.808 11.418 5.233 87.275 INSCRITOS 220 MIL NOVE CURSOS
  • 53. nº 4/2023 53 Plataforma Freire está de volta Outro sistema é o EduCapes, que possibilita o acesso a materiais didáticos em meio educacional aberto À medida que as tecnologias de comunicação e informação avançam e conquistam mentes e corações dos cidadãos, a CA- PES trabalha dia e noite para acompanhar a velocidade das transformações digitais e, com isso, criar ferramentas que fa- cilitem e agilizem o acesso aos serviços prestados pela Fun- dação. De acordo com a necessidade dos diversos públicos — estudantes, professores, dirigentes, reitores, servidores — são desenvolvidas diversas iniciativas que simplificam, sistemati- zam ou agilizam a interação e a experiência dos usuários aos seus sistemas. Na formação para o magistério, a principal delas é a Plata- forma Freire, um sistema eletrônico criado em 2009, com a finalidade inicial de realizar a gestão e o acompanhamento do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica, além de conter cerca de 700 mil currículos profissio- nais. Em maio de 2012, o sistema foi aperfeiçoado e passou a ser utilizado por outros Programas da Fundação. Em abril deste ano, o Ministério da Educação e a CAPES devolveram o nome do educador à ferramenta. Ao renomear a Plataforma CAPES de Educação Básica como Plataforma Freire, o governo federal presta homenagem a um brasileiro que está entre as pessoas mais reconhecidas na área em todo o mundo. Atualmente, o sistema conta com um conjunto de funcionali- dades que permitem à sua equipe técnica, às instituições de ensino superior e às secretarias de Educação participarem do processo de planejamento, acompanhamento e gestão dos diversos Programas geridos pelas Diretorias de Formação de Professores da Educação Básica e de Educação a Distância da CAPES.
  • 54. O nome da Plataforma é uma homenagem ao Patro- no da Educação Brasileira, Paulo Freire (1921-1997). Referência mundial em Educação, tem seu pensa- mento alicerçado na concepção de que o professor, assim como seus alunos, está em permanente pro- cesso de formação e aprendizado, numa construção social permanente. Criador de um método inovador para alfabetização de adultos e autor de A Pedago- gia do Oprimido, obra lançada em 1968 e traduzida para mais de 40 idiomas, Freire dedicou boa parte de sua vida ao ensino das primeiras letras e à educação da população a partir da consciência crítica. Com seu trabalho reconhecido mundialmente, em 1986 rece- beu o Prêmio Unesco de Educação para a Paz. Na Plataforma, as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação aprovam inscrições de professores do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) e habilitam as escolas dos Programas Institucional de Bolsas de Iniciação à Do- cência (Pibid) e Residência Pedagógica. Também é nela que os coordenadores dos projetos realizam a gestão nas instituições de ensino superior. Jaqueline Rabelo, coordenadora institucional do Pi- bid na Universidade Estadual do Ceará (UCE), destaca a importância da Plataforma, na gestão e como banco de dados, de estudantes e professores da educação básica e das instituições que participam dos Progra- mas de Formação da CAPES. “Acessando a platafor- ma, conseguimos saber quem são eles, o que estão pesquisando, e também avaliamos as necessidades de ajustes nos programas. É um grande apoio para quem trabalha nos programas de formação de pro- fessores. Um olhar para as licenciaturas, para quem forma e se forma professor neste País”, conclui. “A Plataforma Freire um grande apoio para quem atua nos programas de formação de professores. Um olhar para as licenciaturas, para quem forma e se forma professor neste país.” Jaqueline Rabelo 54
  • 55. nº 4/2023 55 EDUCAPES Um outro sistema valioso para toda comunidade escolar do País é o EduCAPES. Trata-se de um portal de objetos educacionais abertos, que compila o material didático dos cursos do sistema Universida- de Aberta do Brasil (UAB), e pode ser acessado gratuitamente por cidadãos de todo o Brasil. O EduCAPES possibilita o acesso univer- sal a recursos educacionais abertos, licenciados, voltados a qual- quer tipo de atividade acadêmica em qualquer modalidade e em diversos formatos. Em um mundo multifacetado de alternativas digitais, os usuários dos sistemas da CAPES também podem acessar, de maneira gratui- ta, o aplicativo móvel do Portal de Periódicos. Ali encontram mi- lhares de revistas nacionais e internacionais à disposição. Acessível para alunos ou professores da educação básica ou do en- sino superior no Brasil, o Portal é uma ferramenta única no mun- do, fundamental para a formação de nossos pesquisadores, por ser a fonte mais importante para pesquisas e consultas a artigos e dis- sertações e que também contém, além de vídeos, mapas e diversos tipos de conteúdo. Podem utilizar o serviço tanto os alunos de graduação e de pós-gra- duação stricto sensu matriculados em institutos ou universidades de educação superior, quanto os estudantes e professores da rede de educação básica, ativos e aposentados.
  • 56. 56 Inédito apoio a eventos Recursos para encontros acadêmicos, científicos, tecnológicos e de extensão universitária A CAPES criou o Programa de Apoio a Eventos no País para a Educação Básica (Paep-EB). Inédita, a ação selecio- na propostas de instituições vinculadas a programas ou cursos de formação inicial ou continuada de professores. Os projetos são de eventos acadêmicos, científicos, tecno- lógicos ou de extensão. O Paep-EB destina recursos à produção e disseminação do conhecimento científico, incentivando inovação, gera- ção de conhecimentos e novas parcerias. Além disso, pro- move a melhoria da qualidade da produção acadêmica na formação inicial e continuada, e fortalece a coopera- ção, financiando os encontros. O edital apoia eventos presenciais ou semipresenciais com diferentes níveis de abrangência: regional, que en- volve participantes provenientes de, pelo menos, dois es- tados da mesma região; nacional, com palestrantes de, no mínimo, duas regiões do País, e internacional, reunindo conferencistas vindos de dois ou mais países.
  • 57. nº 4/2023 57 O repasse de valores também considera o porte das ações. Os pequenos, para até 200, pessoas rece- bem de R$ 50 mil a R$ 90 mil. Os médios, para públicos entre 201 e 600, vão de R$ 70 mil a R$ 120 mil. Já os grandes, para mais de 600, entre R$100 mil e R$ 160 mil. Com esses recursos é possível pagar passagens e hospedagem dos palestrantes, confeccionar materiais e contratar diversos serviços de apoio. Também podem ser custeadas despesas com recreação infantil para os filhos dos participan- tes. Podem pedir auxílio financeiro instituições de ensino superior públicas ou privadas sem fins lucrati- vos, secretarias de Educação, escolas de governo, fóruns de formação de professores, de reitores ou pró-reitores, entidades representativas de gestores estaduais e municipais de Educação, de pesquisa científica ou tecnológica, e associações ou sociedades científicas e tecnológicas. Todos devem ter vinculação com programas ou cursos de formação inicial ou continuada de professores da educação básica.
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