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AECP | Biblioteca Escolar 10 minutos a ler… Contos de fadas e contos tradicionais de todo o mundo
CONTO TRADICIONAL PORTUGUÊS
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Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas por sua vez, qual
era a mais sua amiga.
A mais velha respondeu:
– Quero mais a meu pai, do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
– Quero-lhe tanto, como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como
as outras, e pô-la fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo, e
chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira. Um dia
veio à mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou dentro
um anel muito pequeno, e de grande preço. Perguntou a todas as damas
da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes
servia: foi passando, até que foi chamada a cozinheira, e só a ela é que o
anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando
que era de família de nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e
viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar orei seu pai e ambos viram
o caso. O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina tirou
por condição que queria cozinhar pela sua mão o jantar do dia da boda.
Para as festas de noivado convidou-se o rei que tinha três filhas, e que
pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos
manjares que haviam de ser postos ao rei seu pai não botou sal de
propósito. Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que não
comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa, porque é que o rei não
comia? Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha:
– É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali
dizer porque é que não tinha botado sal na comida. Veio então a menina
vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e
confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por
sua filha, que lhe tinha dito que lhe queria tanto como a comida quer o
sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.
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