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BIBLIOLOGIA
IBADERJ
Instituto Bíblico das Assembleias de Deus do Estado do Rio de Janeiro
Matéria 2
Desde 1975
BIBLIOLOGIA
Matéria 2
BIBLIOLOGIA: A DOUTRINA DAS ESCRITURAS
DIRETOR GERAL DO IBADERJ
Pr. Germano Soares Silva
COORDENADORES E DIRETORES DO NÚCLEO NEW JERSEY
Pr Jelson Viegas Brown
Pra Sissi Brown
Coordenador Pedagógico e Teológico do Núcleo New Jersey
Pr. Rossi Aguiar da Silva.
hesedteologia@gmail.com
BIBLIOLOGIA
3
INTRODUÇÃO
Bibliologia é o estudo dos assuntos introdutórios à Bíblia. Ela auxilia poderosamente
o estudante na compreensão da Bíblia, e é indispensável à qual quer área da Teologia,
auxiliando na elucidação dos inumeráveis fatos bíblicos. Salienta-se nesse estudo a
exposição da milagrosa história da Bíblia, a sua formação e como chegou até nós. Sendo
a Bíblia um livro divino, porém produzida por homens santos.
―A Bíblia é o Livro de Deus‖ (Is 34:16).
A palavra Bíblia (Livros) entrou para as línguas modernas por intermédio do francês,
passando primeiro pelo latim bíblia, com origem no grego biblos (folha de papiro do século
XI a.C. preparada para a escrita). Um rolo de papiro tamanho pequeno era chamado
―biblion‖, e vários destes era uma ―Bíblia‖. Portanto ―Bíblia‖ quer dizer ―coleção de vários
livros‖.
No princípio, os livros sagrados não estavam reunidos uns aos outros como os
temos agora em nossa Bíblia. O que tornou isso possível foi a invenção do papel no séc.
II pelos chineses, bem como a invenção da impressão por tipos móveis, em 1450 A.D. por
Guttenberg, tipógrafo alemão. Até então tudo era manuscrito como ocorria anteriormente
com os escribas, de modo laborioso, lento e oneroso.
Com a invenção do papel desapareceram os rolos e a palavra biblos deu origem a
―livro‖ como se vê em biblioteca (coleção de livros), bibliografia, bibliófilo (colecionador de
livros). A primeira pessoa a aplicar o nome ―Bíblia‖ foi João Crisóstomo, grande
reformador e patriarca de Constantinopla, 398-404 A.D.
1. Os Autores da Bíblia
Cerca de 40 personagens se envolveram no registro e compilação dos 66 livros que
compõem a Bíblia Sagrada (1 Ts 2:13; 1 Pedro 1:20-21). Os escritores viveram distantes
uns dos outros (11 países diferentes), em épocas e condições diferentes, não se
conheceram (na época a comunicação era praticamente impossível) pertenceram às mais
variadas camadas sociais, e tinham cultura e profissões muito diferentes.
Foram das mais diferentes categorias (19 ocupações diferentes): escritores,
estadistas, camponeses, reis, vaqueiros, pescadores, cobradores de impostos, instruídos
e ignorantes, judeus e gentios. Ex: legislador (Moisés); general (Josué); profetas (Samuel,
BIBLIOLOGIA
4
Isaías, etc.); Reis (Davi e Salomão); músico (Asafe, compôs 12 Salmos); boiadeiro
(Amós); príncipe e estadista (Daniel); sacerdote (Esdras); coletor de impostos (Mateus);
médico (Lucas); erudito (Paulo); pescadores (Pedro e João). São aproximadamente 50
gerações de homens.
2. Composição da Bíblia
A. 24 livros do cânon judaico do VT, equivalentes aos nossos 39 livros, o mesmo
que hoje é chamado de "Texto Massorético de BEN CHAYyIM" e que, depois da invenção
da Imprensa, foi impresso por Daniel Bomberg, um abastado cristão veneziano originário
da Antuérpia, em 1524-5. A edição da segunda publicação ficou a cargo de Jacob Ben
Chayyim.
B. 27 livros do cânon do NT, os mesmos que, depois da invenção da Imprensa,
foram impressos, terminando por serem conhecidos pelo nome de TR, ou "Textus
Receptus", isto é, "O Texto Recebido".
"Textus Receptus": do latim ―textum ergo habes, nunc ab amnibus receptum‖, que
significa: texto ora recebido por todos. Foi a frase escrita no prefácio da edição de 1633,
do N.T. grego dos irmãos Elzevir (impressores holandeses de origem judaica). São os 27
livros do N.T. que foram recebidos pelas igrejas do século I, das mãos dos homens
inspirados por Deus para escrevê-lo; e, também, recebido pela Reforma, das mãos das
pequeninas igrejas fiéis {perseguidas por Roma} e da Igreja Grega Ortodoxa. O T.R. foi o
texto usado pela igreja por quase 2000 anos, antes de surgirem as versões modernas e
deturpadas da Bíblia, baseadas no texto crítico, em 1881, com o surgimento do ―Novo
Texto Grego‖ de Westcott e Hort. O T.R. foi usado em todo o período bizantino (312-
1453), donde foi traduzido por Almeida e é o texto grego do N.T. que os reformadores
(Reforma Protestante) usaram no século XVI e XVII, para traduzir a Bíblia em vários
idiomas, inclusive o português.
Os nomes mais comuns dados à Bíblia são:
1. Livro do Senhor (Is 34:16).
2. Palavra de Deus (Mc 7:13; Jo 10:35; Hb 4:12).
3. Escrituras ou Sagradas Escrituras (Mt 21:42; Lc 4:21; Jo 7:38, 42; Rm 1:2; 4:3; Gl
4:30).
BIBLIOLOGIA
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4. A Verdade (Jo 17:17; Rm 15:8).
5. Lei (Sl 119); Lc 10:26; Mt 5:18).
6. Mandamentos (Sl 119).
7. A Lei e os Profetas (Mt 5:17; Lc 16:16).
8. A Lei de Moisés (Lc 24:44).
9. Oráculos de Deus (Rm 3:2).
A Palavra de Deus é: inspirada (Sl 19:7-11; 119:89; 105, 130, 160; Pv 30:5-6; Is
8:20; Jr 1:2, 4, 9; Lc 16:31; 24:25-27; 44-45; Jo 5:39, 45-47; 12:48; 14:26; 16:13; 17:17; At
1:16; 28:25; Rm 3:4; 15:4; 1 Co 2:10-13; 2 Co 2:4; Ef 6:17; 1 Ts 2:13; 2 Tm 3:16-17; 1 Pe
1:11-12; 2 Pe 1:19-23; 1 Jo 1:1-3; Ap 1:1-3; 22:19); eterna (Sl 119:89; Mt 24:35); única
regra de fé e prática (Is 8:20; Jo 12:48); suficiente para a vida cristã (Mt 4:4; Jo 12:48;
2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:3; Jd 3); lâmpada para os nosso pés (Sl 119:105); amada pelos
salvos (Sl 119:47, 72, 82, 97); purificação da vida (Sl 119:9); para ler, estudar e
examinar (Dt 17:19; Js 1:8; Jo 5:39; At 17:11); alimento espiritual (1 Pe 2:2); para a
santificação (Jo 17:17); proveitosa para toda boa obra (2 Tm 3:16); preservada (Lc
21:33); fogo consumidor (Jr 5:14); martelo (Jr 23:29); fonte de vida (Ez 37:7); poder
para a salvação (Rm 1:16); penetrante (Hb 4:12); algo a ser defendido pelos santos
(Jd 3); para ser pregada a todos (Mt 28:18-20; Mc 16:15); espelho (Tg 1:23-25);
semente (1 Pe 1:23); espada (Ef 6:17); comida (Hb 5:12-14); mel (Sl 119:103); leite (Hb
5:13); viva e atual (Jo 6:63 b; Hb 4:12; 1 Pe 1:23; 1 Jo 1:1).
3 - A Utilidade da Bíblia
―Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra.‖ 2 Tm 3:16-17. Examine ainda 1 Coríntios
10:11 e Romanos 15:4. A Bíblia é um livro para ser examinado (Jo 5:39); crido (Jo 2:22);
lido (1 Tm 4:13); recebido (1 Ts 2:13); confirmado e aceito (At 17:11).
Alguns dos objetivos da Bíblia são: avisar os crentes (1 Co 10:11); manifestar o
cuidado de Deus (1 Co 9:9, 10); ensinar e instruir (Rm 15:4); aperfeiçoar o cristão para
toda boa obra (2 Tm 3:16-17); fazer o homem sábio para a salvação (2 Tm 3:15); produzir
fé na divindade de Cristo (Jo 20:31); produzir vida eterna (Jo 5:24).
BIBLIOLOGIA
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A divisão da Bíblia em capítulos só veio acontecer no ano de 1250 A.D., pelo cardeal
Hugo de Sancto Caro, monge dominicano. Alguns pesquisadores atribuem essa divisão
também a Stephen Langton, professor da Universidade de Paris e mais tarde arcebispo
da Cantuária, em 1227. Em 1525, Jacob Ben Chayyim, na Bíblia Bomberg, em Veneza,
havia dividido o Antigo Testamento em versículos.
O Novo Testamento foi dividido em versículos em 1551, por Robert Stephanus, um
impressor de Paris, que publicou a primeira Bíblia (Vulgata Latina) dividida em capítulos e
versículos em 1555.
4. Divisão dos Livros da Bíblia
Nós, cristãos (igreja), agrupamos os 39 livros do Antigo Testamento em:
A. 5 da Lei, ou Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
B. 12 históricos (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas,
Esdras, Neemias e Ester).
C. 5 poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares).
D. 5 profetas maiores (Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel).
E. 12 profetas menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueáis, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias). A Tanakh (o A. T. dos judeus) e a
divisão de Flávio Josefo (Lc 24:44).
TEXTO MASSORÉTICO FLÁVIO JOSEFO 22 livros
TORÁH (A
Lei)
Gênesis, Êxodo, Levíticos,
Números e Deuteronômio.
Chumash (os cinco livros)
ou Pentateuco.
Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números, Deuteronômio
NEBI'IM
(Profetas)
Profetas anteriores – Josué,
Juízes, Samuel, Reis.
Profetas posteriores –
Isaías, Jeremias, Ezequiel e
Os 12 Profetas Menores.
Josué, Juízes (inclui Rute),
Samuel, Reis, Isaías, Jeremias,
Lamentações,
Ezequiel, Os 12 Profetas Menores,
Daniel, Eclesiastes, Esdras (inclui
Neemias), Ester, Crônicas.
KETHUBHIM
(Escritos)
do gr.
Hagiographos
Poesia e sabedoria –
Salmos, Jó e Provérbios.
"Megilloth" – Rute, Cantares,
Eclesiastes, Lamentações e
Ester.
História - Daniel, Esdras-
Neemias e Crônicas.
Poesia e Sabedoria – Salmos,
Provérbios, Jó e Cantares
BIBLIOLOGIA
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Divisão dos Livros do Novo Testamento
Os 27 livros do Novo Testamento são:
A. Biografia. Os 4 Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João.
B. História: Atos.
C. Doutrina. As 21 epístolas. São dividias em:
• Epístolas Doutrinárias, dirigidas às igrejas locais: Romanos, 1 e 2 Coríntios,
Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses e 1 e 2 Tessalonicenses.
• Epístolas Pastorais: 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemon, 2 e 3 João.
• Epístolas Universais: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1 João e Judas.
D. Profecia: Apocalipse.
AS LÍNGUAS E OS MATERIAIS DA BÍBLIA
1. A Era da Escrita
Parece que a escrita se desenvolveu durante o IV milênio a.C. No II milênio a.C.
várias experiências conduziram ao desenvolvimento do alfabeto e de documentos escritos
por parte dos fenícios. Tudo isso se completou antes da época de Moisés, que escreveu
alguns Livros do Pentateuco aproximadamente em 1491 a.C.
Já em 3500 a.C. os sumérios usavam tabuinhas de barro para a escrita cuneiforme,
e registraram, por exemplo, a descrição sumeriana do dilúvio (o Épico de Gilgamesh), que
teria sido gravada em 2100 a.C.
Os egípcios (em 3100 a.C.) apresentavam documentos escritos em hieróglifos
(pictografia = desenhos, pinturas).
A partir de 2500 a.C. usavam-se textos pictográficos em Biblos (Gebal) e na Síria.
Em Cnosso e em Atchana, grandes centros comerciais, apareceram registros gravados
anteriores à época de Moisés. Outros elementos correspondentes de meados a fins do II
milênio a.C. acrescentam mais evidências de que a escrita já se havia desenvolvido bem
antes da época de Moisés. Em suma, Moisés e os demais autores da Bíblia escreveram
numa época em que a humanidade estava ―alfabetizada‖, ou melhor, já podia comunicar
seus pensamentos por escrito.
BIBLIOLOGIA
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2. As Línguas Bíblicas
As línguas utilizadas no registro da revelação de Deus, a Bíblia, vieram das famílias
de línguas semíticas e indo-européias. Da família semítica, originaram-se as línguas
básicas do Antigo Testamento, quais sejam: o Hebraico e o Aramaico (Siríaco: 2 Rs
18:26; Ed 4:7; Dn 2:4). Além dessas línguas, o Latim e o Grego representam a família
indo-européia. De modo indireto, os fenícios exerceram um papel importante na
transmissão da Bíblia, ao criar o veículo básico que fez com que a linguagem escrita
fosse menos complicada do que havia sido até então: inventaram o ALFABETO.
3. As Línguas do Antigo Testamento
O Hebraico é a língua principal do Antigo Testamento, especialmente adequada
para a tarefa de criar uma ligação entre a biografia do povo de Deus e o relacionamento
do Senhor com esse povo. O Hebraico se encaixou bem nessa tarefa porque é uma
língua pictórica (= desenhos). Expressa-se mediante metáforas vívidas e audaciosas,
capazes de desafiar e dramatizar a narrativa dos acontecimentos. Além disso, o Hebraico
é uma língua pessoal. Apela diretamente ao coração e às emoções, e não apenas à
mente e à razão. É uma língua em que a mensagem é mais sentida que meramente
pensada.
É chamada no A. T. de ―língua de Canaã‖ (Is 19:18) e ―língua Judaica‖ (Is 36:11-13;
Ne 13:24; 2 Rs 18:26-28). Ela, provavelmente, desenvolveu-se a partir do antigo hebraico
falado por Abraão, em Ur dos caldeus (Gênesis 14.13) e vários estudiosos creem que
esse hebraico era anterior a Abraão e que era a ―mesma língua‖ e ―a mesma fala‖ dos
tempos pré-Babel (Gênesis 11.1). Em outras palavras, criem que essa era a língua
original do homem.
A língua hebraica é conhecida como ―quadrática‖ e suplanta em beleza a todas as
outras escritas. Possui raiz triconsonantal (3 consoantes). Lê-se da direita para esquerda,
seu alfabeto se compõe de 22 letras e serve também para representar números. As 22
letras do Hebraico se encontram no Sl 119 e no Livro de Lamentações. Em Gn 31:47,
vemos Labão (vindo da Caldéia), falar em Aramaico e Jacó (vindo de Canaã), falar em
Hebraico.
O Aramaico (uma língua cognata, muito próxima do hebraico) era a língua dos sírios,
tendo sido usada em todo o período do Antigo Testamento. Na verdade, substituiu o
BIBLIOLOGIA
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hebraico no tempo do cativeiro. Era falado desde 2000 a.C., em Arã, na Síria. Tinha o
mesmo alfabeto do Hebraico, mas diferenciava no som e estrutura das palavras. Era a
língua ―comercial‖ do mundo antigo, quando a Assíria e a Babilônia dominaram o mundo
da época (cativeiros). Era a língua diplomática, no tempo de Senaqueribe (705-681 a.C.).
Depois do Cativeiro Babilônico (500 a.C.), tornou-se a língua comum naquela região.
Durante o século VI a.C., o Aramaico se tornou a língua geral de todo o Oriente
Próximo. Seu uso generalizado se refletiu nos nomes geográficos e nos textos bíblicos de
Esdras (4:8-6:18; 7:12-26), pelo fato de ser o aramaico a língua oficial do Império Persa;
um versículo em Jeremias (10:11), onde há a citação de um provérbio aramaico; e uma
parte relativamente grande do livro de Daniel (2:4 a 7:28), onde o aramaico é usado,
provavelmente, por ser uma seção inteira que trata das nações do mundo.
4. As Línguas do Novo Testamento
As línguas semíticas também foram usadas na redação do Novo Testamento. Na
verdade, Jesus e Seus discípulos falavam o Aramaico, sua língua materna, tendo sido
essa a língua falada por toda aquela região na época.
As expressões ―Talita cumi‖ (Mc 5:41); ―Eli, Eli, lamá sabactâni‖ (Mt 27:46);
―Maranata‖ (1 Co 16:22); ―Aba Pai‖ (Rm 8:15; Gl 4:6) são em Aramaico.
O Hebraico fez sentir mais sua influência mediante expressões idiomáticas, como
uma que, no português, quer dizer ―e sucedeu que‖. Outro exemplo da influência hebraica
no texto grego vemos no emprego de um segundo substantivo, em vez de um adjetivo, a
fim de atribuir uma qualidade a algo ou a alguém, como ocorre na 1 Ts 1:3. O epitáfio na
cruz de Cristo (o Nome de Deus = YHWH) é em Hebraico.
Além das línguas semíticas a influenciar o N. T., temos as indo-européias, o Latim e
o Grego. O Latim influenciou ao emprestar muitas palavras, como ―centurião‖, ―tributo‖ e
―legião‖, e pela inscrição trilíngue na cruz (em Latim, em Hebraico e em Grego).
No entanto, a língua em que se escreveu o N. T. foi o Grego. Até fins do século XIX,
cria-se que o grego do N. T. (o Grego helenístico, koinê = comercial) era a ―língua
especial‖ do Espírito Santo; mas, a partir de então, essa língua tem sido identificada como
um dos cinco estágios do desenvolvimento da língua grega.
BIBLIOLOGIA
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Esse grego koinê era a língua mais amplamente conhecida em todo o mundo do
século I. O alfabeto havia sido tomado dos fenícios. Seus valores culturais e vocabulário
cobriam vasta expansão geográfica, vindo a tornar-se a língua oficial dos reinados em que
se dividiu o grande império de Alexandre, o Grande, uma língua quase universal.
O aparecimento providencial dessa língua, ao lado de outros desenvolvimentos
culturais, políticos, sociais e religiosos, ampla rede de estradas, progresso, etc., durante o
século I a.C., fica implícito na declaração de Paulo: ―Mas, vindo a plenitude dos tempos,
Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei‖ (Gl 4:4).
Grego: 25 letras, começando no Alfa e terminando no Ômega.
Jesus Se identifica com o N.T., que foi escrito em Grego, ao declarar: ―Eu sou o Alfa
e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro‖ (Ap 22:13). O Grego do N. T. se
adaptou de modo adequado à finalidade de interpretar a revelação de Cristo em
linguagem teológica. Tinha recursos linguísticos especiais para essa tarefa, por ser um
idioma intelectual. Era a segunda língua dos escritores do N.T., com exceção de Lucas.
O Grego é um idioma da mente, mais que do coração (como o Hebraico), e os
filósofos atestam isso amplamente. O Grego tem precisão técnica de expressão não
encontrada no Hebraico. Além disso, o Grego era uma língua quase universal. A verdade
do A. T. a respeito de Deus foi revelada inicialmente a uma nação, Israel, em sua própria
língua, o Hebraico.
A revelação completa, dada por Cristo, no Novo Testamento, não veio de forma tão
restrita. Em vez disso, a mensagem de Cristo deveria ser anunciada ao mundo todo, por
isto, era necessária uma língua universal: ―... em seu nome se pregará o arrependimento
e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém‖ (Lc 24:47).
OS MATERIAIS DA ESCRITA
Os autores da Bíblia empregaram os mesmos materiais para a escrita, que estavam
em uso no mundo antigo.
O papiro foi usado na antiga Gebal (Biblos) e no Egito, por volta de 2100 a.C. Eram
folhas de uma planta, cuja popa era cortada em tiras que eram colocadas superpostas
umas às outras de forma cruzada, coladas, prensadas e depois polidas.
BIBLIOLOGIA
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Eram escritas de um lado apenas. A cor era amarelada. Foi o material que o
apóstolo João usou para escrever o Apocalipse (Ap 5:1) e suas cartas (2 Jo 12). A antiga
Gebal é atualmente a cidade de Jubayl (nome árabe) e fica a 42 km de Beirute. É
considerada a cidade mais antiga do mundo. Seu nome em Grego é Biblos, pois de lá
vinham os papiros (biblos).
O velino, o pergaminho e o couro são palavras que designam os vários estágios de
produção de um material de escrita feito de peles de animais curtida e preparada para a
escrita. Seu uso generalizado vem dos primórdios do Cristianismo, mas já era conhecido
em tempos remotos, pois temos uma menção de Isaías 34:4 sobre um livro que era
enrolado. O velino era a pele de bezerros e antílopes. O pergaminho era a pele de
ovelhas e cabras.
Tudo indica que o termo pergaminho derivou o seu nome da cidade Pérgamo, na
Ásia menor, cujo Rei, Eumenes II (159 - 197 d.C.), fez uma grande biblioteca para rivalizar
com a de Alexandria no Egito, haja vista que o Rei do Egito havia cortado o suprimento de
papiro. O Novo Testamento menciona este material gráfico em 2 Tm 4:13 e Ap 6:14. O
velino era desconhecido até 200 a.C., pelo que Jeremias teria tido em mente o couro (Jr
36:23).
O A.T. foi escrito basicamente no couro, pois o Talmude assim o exigia. O N.T. foi
escrito basicamente em papiro. No século IV A.D., foi utilizado o velino para os
manuscritos.
Outros materiais para a escrita eram o metal (Êx 28:36), a tábua recoberta de cera
(Is 30:8; Hc 2:2; Lc 1:63), as pedras preciosas (Êx 39:6-14) e os cacos de louça
(óstracos), como mostra Jó 2:8. O linho era usado no Egito, na Grécia e na Itália, embora
não tenhamos indícios de que tenha sido usado no registro da Bíblia.
A Tinta e os Instrumentos de Escrita
A tinta utilizada pelos escribas era uma mistura de carvão em pó com uma
substância líquida parecida com a goma arábica (Jr 36:18; Ez 9:2; 2 Co 3:3; 2 Jo 12; 3 Jo
13). Para a escrita em papiro e pergaminho, os escribas usavam penas de aves, pincéis
finos e um tipo de caneta feita de madeira porosa e absorvente. Para uso em cera,
utilizavam um estilete de metal (Is 30:8).
BIBLIOLOGIA
12
Alguns tipos de escrita utilizados nos manuscritos são:
A. Uncial: os mais antigos manuscritos gregos só usavam letras maiúsculas
desenhadas e sem separação entre palavras. Datam do IV século A.D.
B. Cursivo: Era o tipo de escrita onde letras minúsculas eram conectadas com
espaço entre palavras, pois, naquela época (séc. VI a X d.C.), havia maior necessidade
de cópias dos manuscritos.
C. Sinais Vocálicos: Mais ou menos ao redor dos anos 500 a 900 d.C., eruditos
judeus chamados Massoretas introduziram um sistema de pontos colocado acima, abaixo
e entre o texto consonantal do Velho Testamento, de forma a marcar a vocalização do
texto. Além disto, eles cercaram o texto de uma série de anotações chamadas Massorah
que garantiam a imutabilidade do texto. Estes pontos, chamados pontos vocálicos,
exerceriam a função de vogais, mas tinham a vantagem de nada acrescentar ou tirar do
texto consonantal inspirado. Este sistema preservou a pronúncia do Hebraico que, nesta
época, era a língua dos eruditos judeus. Foi o texto hebraico preservado por este grupo
de eruditos judeus que chegou aos dias de hoje.
INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
Por inspiração das Escrituras entendemos a influencia sobrenatural do Espirito
Santo sobre os autores das Escrituras, que converteu seus escritos em um registro
preciso da revelação ou que faz com que seus escritos sejam realmente a Palavra de
Deus.
Enquanto a revelação e a comunicação da verdade divina de Deus para a
humanidade, a inspiração diz mais respeito a transmissão dessa verdade do(s)
primeiro(s) receptor(es) para as outras pessoas, tanto na mesma época como mais tarde.
Assim, a revelação pode ser entendida como uma ação vertical e a inspiração, uma
questão horizontal. Devemos notar que, embora a revelação e a inspiração sejam em
geral consideradas em conjunto, e possível ter uma sem a outra. Houve casos de
inspiração sem revelação. O Espirito Santo, em alguns casos, levou os escritores bíblicos
a registrar palavras de descrentes, palavras que com certeza não foram reveladas por
Deus. Alguns autores das Escrituras bem podem ter registrado assuntos que não foram
BIBLIOLOGIA
13
especialmente revelados a eles, mas que eram informações de fácil acesso para qualquer
pessoa que quisesse indagar. As genealogias, tanto do Antigo Testamento como do Novo
(a listagem da linhagem de Jesus), bem podem ter esse caráter. Também havia revelação
sem inspiração: casos de revelação que não foram registrados porque o Espirito Santo
não levou ninguém a registra-los. Joao firma bem esse ponto em Joao 21.25, quando diz
acreditar que se tudo o que Jesus fez tivesse sido registrado, "nem no mundo inteiro
caberiam os livros que seriam escritos".
Ha varias maneiras pelas quais a Bíblia testemunha sua origem divina. Uma delas e
a opinião dos autores do Novo Testamento a respeito das Escrituras de sua época, que
hoje chamaríamos Antigo Testamento. Um exemplo fundamental e I Pedro 1.20,21:
"sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provem de particular
elucidação; porque jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto,
homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espirito Santo". Aqui, Pedro esta
afirmando que as profecias do Antigo Testamento não foram produzidas por vontade ou
decisão de um ser humano. Antes, as pessoas foram movidas pelo Espirito de Deus. O
ímpeto que as levou a escrever vinha do Espirito Santo.
Uma segunda referenda e a de Paulo em I Timóteo 3.16: "Toda a Escritura e
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justice". Isso e parte de uma passagem em que Paulo está exortando
Timóteo a continuar nos ensinos que havia recebido. Paulo entende que Timóteo esta
familiarizado com as "sagradas letras" (v. 15) e o encoraja a continuar nelas, já que são
inspiradas por Deus (ou, sendo mais correto, "expiradas por Deus" ou "sopradas por
Deus"). Aqui, a impressão e de que foram produzidas por Deus, assim como ele soprou o
folego da vida nos homens (Gn 2.7). Portanto, elas são importantes para edificar o crente
ate a maturidade, de modo que seja "perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra" (2Tm 3.17).
Teorias de Inspiração
Pelo que ja vimos, podemos concluir que o testemunho uniforme dos autores das
Escrituras e que a Bíblia originou-se de Deus e de sua mensagem para a humanidade.
Esse e o fato da inspiração bíblica; agora precisamos saber os meios. E aqui que
começam a surgir as diferenças de opinião.
BIBLIOLOGIA
14
1. A teoria da intuição faz com que a inspiração seja principalmente um alto grau
de percepção. A inspiração e o funcionamento de um dom especial, talvez quase como
uma capacidade artística, que, entretanto, e um talento natural, um bem permanente. Os
autores das Escrituras eram gênios religiosos. Mas, em essência, a inspiração deles não
era diferente da inspiração de outros grandes pensadores religiosos e filosóficos, tais
como Platão, Buda e outros. A Bíblia, portanto, é uma grande literatura religiosa, refletindo
as experiências espirituais do povo hebreu.
2. A teoria da iluminação sustenta que houve uma influencia do Espirito Santo
sobre os autores das Escrituras, mas que isso implicou apenas um reforço de suas
capacidades normais, uma sensibilidade e percepção aumentadas em no que dizia
respeito a questões espirituais. Não foi diferente do efeito de estimulantes as vezes
ingeridos por estudantes para melhorar a concentração ou para amplificar os processos
mentais. Assim, o trabalho de inspiração e diferente apenas em grau, não em espécie, da
obra do Espirito em todos os que creem. O resultado desse tipo de inspiração e uma
capacidade maior de descobrir a verdade.
3. A teoria dinâmica destaca a combinação dos elementos divino e humano no
processo de inspiração da escrita da Bíblia. O trabalho do Espirito de Deus foi o de dirigir
o escritor aos pensamentos ou conceitos que ele devia ter, deixando que a própria
personalidade característica do escritor participasse da escolha das palavras e
expressões. Assim, a pessoa que escreveu expressou de um modo exclusivo,
característico dela, os pensamentos dirigidos por Deus.
4. A teoria verbal sustenta que a influencia do Espirito Santo foi além da direção
dos pensamentos, chegando a seleção das palavras usadas para transmitir a mensagem.
A obra do Espirito Santo foi tão intensa que cada palavra usada e a palavra exata
desejada por Deus naquele ponto para expressar a mensagem. Em geral, ha um grande
cuidado em insistir que não se trata, porem, de ditado.
5. A teoria do ditado é o ensino de que Deus de fato ditou a Bíblia aos escritores.
Entende-se que as passagens nas quais se narra que o Espirito diz ao autor
precisamente o que deve ser escrito aplicam-se a Bíblia inteira. Isso significa que não ha
diversidade de estilos que possa ser atribuída a diferentes autores dos livros bíblicos. O
numero de pessoas que realmente adotam esse ponto de vista e consideravelmente
menor do que se diz — a maioria dos adeptos da teoria verbal faz questão de se dissociar
BIBLIOLOGIA
15
dos defensores da teoria do ditado. Ha, no entanto, alguns que aceitam essa designação
para si.
A teoria correta da inspiração da Bíblia
É chamada de ―teoria da inspiração plenária ou verbal‖ e ensina que todas as
palavras da Bíblia foram inspiradas nos seus autógrafos originais; que os escritores não
funcionaram como máquinas inconscientes, mas houve uma cooperação vital entre eles e
o Espírito de Deus que os capacitava. Assim, aqueles homens escreveram a Bíblia com
as palavras de seu vocabulário, porém sob uma influência (inspiração) tão poderosa do
Espírito Santo que o que eles escreveram foi, de fato, a Palavra de Deus.
A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento.
Depois disso, nenhum escritor ou qualquer servo de Deus pode ser considerado inspirado
no mesmo sentido.
Aceitar a Bíblia como sendo parcialmente inspirada não é adequado para uma
interpretação correta. Devemos aceitar a Bíblia como sendo a fiel revelação de Deus e
isso abrange sua totalidade, palavra por palavra. Devemos reconhecer que a Bíblia não
contém nenhum erro nos registros dos fatos da história, da ciência e das questões
relacionadas à fé ou à conduta cristã.
Podemos descrever o nível da inspiração das Escrituras usando quatro palavras:
verbal, plenária, infalível e inerrante.
• Verbal·, todas as palavras são inspiradas.
• Plenária·, todas as partes são igualmente inspiradas.
• Infalível·, todas as questões de fé e da moral são certas.
• Inerrante: todas as questões da ciência e da história são certas.
A INERRÂNCIA DA BÍBLIA
Inerrância não é um termo popular no contexto dos estudos bíblicos atuais. Para
muitos, a inerrância é vista como uma invenção antiintelectual, motivada pelo receio dos
fundamentalistas americanos dos séculos dezenove e vinte que estavam tentando
proteger a autoridade da Bíblia da crescente onda do racionalismo iluminista. A.E. Harvey,
capta muito bem o sentimento acadêmico moderno: ―A inerrância… é tanto teológica
BIBLIOLOGIA
16
quanto filosoficamente indefensável e justamente rejeitada pela voz majoritária de uma
geração que, em relação a essa questão, realmente ‗amadureceu‖.
Infelizmente, esses tipos de críticas são muito comuns. A inerrância é retratada
como obsoleta, academicamente ingênua, intelectualmente desonesta, e (talvez de modo
mais surpreendente) até mesmo não bíblica. Em meio a tal contexto, cada vez mais
evangélicos estão se afastando da doutrina da inerrância, por medo de que sejam os
receptores infelizes de tais rótulos.
Definição De Inerrância
Então, o que é a inerrância, a qual provoca tais reações, mesmo de alguns que
professam ser evangélicos? Alguém pode pensar que a inerrância deve ser uma das
doutrinas mais absurdas já concebidas. Certamente deve ser equivalente à crença em um
universo geocêntrico (na verdade, tais comparações foram feitas). Mas, de fato, a doutrina
da inerrância é simples e, no âmbito da história da igreja, incontroversa.
De forma simples, a doutrina da inerrância é a crença de que a Bíblia é verdadeira.
Naturalmente, há muito mais do que isso a dizer sobre a definição de inerrância.
Inúmeros livros foram escritos explicando, definindo e defendendo essa doutrina, sem
mencionar as afirmações e negativas da Declaração de Chicago de 1978 sobre a
inerrância bíblica. Mas a essência da inerrância é a crença de que a Bíblia é a Palavra de
Deus e de que, quando Deus fala, Ele fala a verdade. Assim, a crença na inerrância é a
convicção de que tudo o que a Bíblia afirma é exato, seguro e confiável.
A crença de que a Bíblia é verdadeira dificilmente é uma ideia escandalosa e sem
precedentes. Na verdade, a crença na inerrância é bastante inofensiva quando
comparada com outra linguagem que os cristãos têm usado com relação à Bíblia. Os
cristãos historicamente alegaram que a Bíblia é infalível, uma afirmação ainda mais forte
do que a inerrância. Enquanto a inerrância significa simplesmente que a Bíblia é livre do
erro, a infalibilidade significa que a Bíblia é incapaz de errar, uma propriedade muito mais
precisa. Em outras palavras, a inerrância flui naturalmente de outras verdades cristãs que
já cremos (e que foram cridas ao longo da história da igreja).
Objeções À Inerrância
BIBLIOLOGIA
17
Diante dessas considerações, pode-se perguntar por que há tanto alvoroço a
respeito da inerrância. Para responder a essa pergunta, examinemos algumas das
principais acusações que têm sido feitas.
A inerrância é uma ideia nova (e americana) na história do Cristianismo. Alguns têm
insistido que a inerrância é uma invenção do fundamentalismo americano e, portanto, é
uma ideia sem precedentes na história do Cristianismo. Tal equívoco pode ser devido à
semântica, pois alguns apoiam-se na história da palavra inerrância em si. Porém, o
conceito de inerrância, a ideia de que a Bíblia é verdadeira em tudo o que afirma, não é
de modo algum uma invenção americana. Essa tem sido a visão comum ao longo da
história da igreja. No quinto século, Agostinho afirmou: ―Aprendi a honrar somente
aqueles livros chamados canônicos, de modo que creio muito firmemente que nenhum
autor nesses livros cometeu erro algum ao escrever‖.
É claro que os estudiosos são livres para sugerir que usemos uma palavra diferente
de inerrância para comunicar essa verdade fundamental sobre a Bíblia (e alguns já o
fizeram). Mas devemos lembrar que o termo inerrância não é designado para afirmar tudo
sobre a Bíblia; pelo contrário, tem o propósito de comunicar um aspecto particular da
autoridade da Bíblia, a saber, que ela não contém afirmações falsas. E, se esse é o
propósito, então o termo inerrância parece capturar muito bem essa ideia.
A inerrância é muito literalista e carece de sofisticação. Devido às conexões
percebidas entre a inerrância e o fundamentalismo, outros têm contestado a ideia com
base no fato de que a inerrância carece de nuances e sofisticação. Argumenta-se que
crer na inerrância é ignorar os diversos gêneros e modos de comunicação na Bíblia e
exigir uma precisão irreal e científica do texto. Em outras palavras, a inerrância é
racionalista, exigindo que a Bíblia fale de maneiras que um livro antigo simplesmente não
falaria.
Agora, esteja certo de que esses tipos de preocupações são legítimos e,
infelizmente, algumas interpretações da inerrância caem em tais erros. No entanto, essa
objeção não deve ignorar o fato de que gerações de estudiosos (bem como a Declaração
de Chicago) ofereceram nuances, qualificações e explicações significativas sobre
exatamente o que constitui (e o que não constitui) um ―erro‖ para documentos antigos. A
inerrância, devidamente compreendida, considera questões como gênero, simbolismo,
citações inexatas, falta de precisão, variações na ordem cronológica, linguagem
BIBLIOLOGIA
18
observacional e muito mais. Essas considerações nos lembram que a inerrância pertence
apenas às próprias alegações da Bíblia, e não às afirmações que poderíamos pensar (ou
desejar) que ela está fazendo.
A inerrância não é ensinada pela própria Bíblia. Alguns têm sugerido que não existe
um argumento exegético para a inerrância, mas apenas um argumento teológico baseado
no fato de que Deus é um Deus de verdade e não pode mentir. Quem somos nós (assim
diz o argumento) para determinar que tipo de livro Deus poderia ou não poderia inspirar?
Mas, novamente, esse argumento prova ser um espantalho.
Em primeiro lugar, não há nada impróprio sobre argumentos teológicos; algumas
doutrinas fluem naturalmente de outras doutrinas que já cremos. Por exemplo, muitas das
nossas crenças sobre a Trindade não se baseiam em simples textos de prova, mas são
reunidas a partir de uma variedade de considerações teológicas (por exemplo, Deus é
um, mas Jesus é Deus). Se cremos que a Bíblia é a própria Palavra de Deus, ou seja, que
quando a Escritura fala, Deus fala, então segue-se que o conteúdo da Bíblia é verdadeiro.
Basta considerar a própria visão de Jesus sobre o Antigo Testamento. Frequentemente
Jesus apela às passagens do Antigo Testamento e sempre as reconhece como
verdadeiras, nunca as corrigindo, criticando ou apontando inconsistências. De fato, Jesus
não apenas se absteve de corrigir as Escrituras, mas também afirmou que as Escrituras
―não podem falhar‖ (João 10.35), e que ―a Palavra de Deus é a verdade‖ (João 17.17). É
impensável que Jesus alguma vez tivesse lido uma passagem do Antigo Testamento e
declarado: ―Bem, esta passagem está realmente errada‖.
A inerrância é contrária ao fenômeno da Bíblia. É aqui que chegamos ao argumento
mais comum (e mais relevante) contra a inerrância, a saber, que é contrário não tanto ao
que a Bíblia diz, mas ao que a Bíblia faz. Dito de modo diferente, a maioria dos estudiosos
rejeita a inerrância porque acreditam que porções da Bíblia estão simplesmente erradas.
Tais alegados erros vêm em vários pacotes diferentes. Alguns erros são apenas a Bíblia
discordando de si mesma (por exemplo, uma suposta contradição entre os evangelhos);
outros erros envolvem o desacordo da Bíblia com algum outro fato supostamente ―bem
estabelecido‖ (por exemplo, alguns estudiosos afirmam que Moisés não é o autor do
Pentateuco); ou os autores bíblicos apenas poderiam ter afirmado um detalhe histórico
errado (por exemplo, a data do censo de Quirino em Lucas 2.2). Ironicamente, no entanto,
BIBLIOLOGIA
19
tais argumentos contra a inerrância são frequentemente apresentados como argumentos
bíblicos; ou seja, são supostamente derivados de como a Bíblia apresenta a si mesma.
Não é necessário dizer que este não é o lugar para resolver todas essas dificuldades
da Bíblia. Porém, é importante reconhecer que essas são questões sérias e complexas
que não devem ser desprezadas de modo leviano. Por essa razão, os estudiosos
evangélicos têm se esforçado diligentemente para demonstrar que existem soluções
razoáveis e plausíveis para esses problemas. É claro que tais soluções não serão
convincentes para todos. Inevitavelmente, os evangélicos são (e serão) acusados de
ignorar a evidência ―clara‖ em favor de compromissos teológicos a priori. Mas tais
acusações erram o alvo. Não há nada impróprio em analisar passagens problemáticas à
luz da crença na verdade da Escritura; de fato, é assim que Deus deseja que nos
aproximemos de todos os problemas da vida.
Importância Da Inerrância
Quando se trata da importância da crença na veracidade da Bíblia, é difícil
superestimar a questão. Se a Bíblia realmente faz afirmações falsas, no mínimo as suas
porções equivocadas não podem ser a voz de nosso Senhor. E se a Bíblia é uma mistura
de verdade e erro, como identificamos um e outro? Nosso único recurso é confiar em
nossa própria opinião sobre tais assuntos, permitindo-nos editar a Bíblia de acordo com
algum outro padrão (seja lá qual for). Por fim, somos deixados não com a Palavra de
Deus, mas com a nossa palavra: uma Bíblia da nossa própria criação. Se quisermos
proclamar com confiança a mensagem da Bíblia a um mundo necessitado — uma
mensagem que muitas vezes é recebida com desprezo e ridículo — só podemos fazê-lo
se estivermos convencidos de que essa mensagem é, de fato, verdadeira. Portanto, no
final, a inerrância prova ser uma questão prática para cada crente. Todas as
complexidades e debates à parte, a inerrância oferece o fundamento do por que podemos
confiar e obedecer a Palavra de Deus: ela é uma rocha segura em que os cristãos podem
construir suas casas em meio a um mundo hostil (Mateus 7.25).
A FORMAÇÃO CANÔNICA DA BIBLIA
As Escrituras sendo um livro escrito e coligido ao longo de quase dois mil anos, sem
que cada autor estivesse consciente de como sua contribuição, i.e., como seu "capítulo"
se enquadraria no plano global. Cada contribuição profética era entregue ao povo de
BIBLIOLOGIA
20
Deus simplesmente com base no fato de que Deus havia falado a esse povo mediante o
profeta. De que maneira a mensagem se encaixaria na história total era algo que o profeta
desconhecia inteiramente, e até mesmo para os crentes que de início ouviam, liam e
reconheciam a mensagem. Somente a consciência dos cristãos, capazes de refletir nisso,
em época posterior, é que poderia perceber a mão de Deus movimentando cada autor,
mão que também moveria a cada um para produzir uma história global sobre a redenção
de que só Deus mesmo poderia ser o autor. Nem os profetas que compuseram os livros,
nem o povo de Deus que veio coligindo esses livros tiveram consciência de estar
edificando a unidade global dentro da qual cada livro desempenharia uma função.
Os três passos mais importantes no processo de canonização
Há três elementos básicos no processo genérico de canonização da Bíblia: a
inspiração de Deus, o reconhecimento da inspiração pelo povo de Deus e a coleção dos
livros inspirados pelo povo de Deus. Um breve estudo de cada elemento mostrará que o
primeiro passo na canonização da Bíblia (a inspiração de Deus) cabia ao próprio Deus.
Os dois passos seguintes (reconhecimento e preservação desses livros), Deus os
incumbiria a seu povo.
Inspiração de Deus. Foi Deus quem deu o primeiro passo no processo de
canonização, quando de início inspirou o texto. Assim, a razão mais fundamental por que
existem 39 livros no Antigo Testamento é que só esses livros, nesse número exato, é que
foram inspirados por Deus. É evidente que o povo de Deus não teria como reconhecer a
autoridade divina num livro, se ele não fosse revestido de nenhuma autoridade.
Reconhecimento por parte do povo de Deus. Uma vez que Deus houvesse
autorizado e autenticado um documento, os homens de Deus o reconheciam. Esse
reconhecimento ocorria de imediato, por parte da comunidade a que o documento fora
destinado originariamente. A partir do momento que o livro fosse copiado e circulado, com
credenciais da comunidade de crentes, passava a pertencer ao cânon. A igreja universal,
mais tarde, viria a aceitar esse livro em seu cânon cristão. Os escritos de Moisés foram
aceitos e reconhecidos em seus dias (Êx 24.3), como também os de Josué (Js 24.26), os
de Samuel (1Sm 10.25) e os de Jeremias (Dn 9.2). Esse reconhecimento seria
confirmado também pelos crentes do Novo Testamento, e principalmente por Jesus.
BIBLIOLOGIA
21
Coleção e preservação pelo povo de Deus. O povo de Deus entesourava a Palavra
de Deus. Os escritos de Moisés eram preservados na arca (Dt 31.26). As palavras de
Samuel foram colocadas "num livro, e o pôs perante o Senhor" (1Sm 10.25). A lei de
Moisés foi preservada no templo nos dias de Josias (2Rs 23.24). Daniel tinha uma
coleção dos "livros" nos quais se encontravam "a lei de Moisés" e "os profetas" (Dn
9.2,6,13). Esdras possuía cópias da lei de Moisés e dos profetas (Ne 9,14,26-30). Os
crentes do Novo Testamento possuíam todas as "Escrituras" do Antigo Testamento (2Tm
3.16), tanto a lei como os profetas (Mt 5.17).
A evidência da coleção progressiva dos livros proféticos. Desde o início, os escritos
proféticos foram reunidos pelo povo de Deus e reverenciados Como escritos sagrados,
autorizados, de inspiração divina. As leis de Moisés foram preservadas ao lado da arca no
tabernáculo de Deus (Dt 31.24-26) e, mais tarde, no templo (2Rs 22.8). Josué
acrescentou suas palavras "no livro da lei de Deus. Então tomou uma grande pedra, e a
erigiu ali [...] junto ao santuário do Senhor" (Js 24.26). Samuel informou os israelitas a
respeito dos deveres de seu rei "e escreveu-o num livro, e o pôs perante o Senhor" (1Sm
10.25).
A evidência da continuidade profética. Houve, pois, uma coleção crescente de
escritos proféticos: o Antigo Testamento em formação. Cada profeta que surgia ligava sua
história aos elos da história existente, narrada pelos seus predecessores, formando uma
corrente contínua de livros.
Visto que o último capítulo de Deuteronômio não se apresenta como profecia,
entendemos que Moisés não escreveu a respeito de seu próprio sepultamento. É provável
que Josué, seu sucessor nomeado por Deus, tenha registrado a morte de Moisés (Dt 34).
O primeiro versículo de Josué está ligado a Deuteronômio: "Depois da morte de Moisés,
servo do Senhor, disse o Senhor a Josué, filho de Num...". Josué acrescentou algum texto
ao de Moisés e colocou-o no tabernáculo (Js 24.26). Juízes retoma o texto no final de
Josué, dizendo: "Depois da morte de Josué, os filhos de Israel perguntaram ao Senhor...".
Todavia, o registro não ficou completo senão nos dias de Samuel. Isso se demonstra
repetidamente pela declaração:
"Naqueles dias não havia rei em Israel" (Jz 17.6; 18.1; 19.1; 21.25). A essa altura, a
continuidade profética se estabeleceu mediante uma escola dirigida por Samuel (1Sm
BIBLIOLOGIA
22
19.20). Dessa escola haveria de surgir uma série de livros proféticos que cobririam toda a
história dos reis de Israel e de Judá, como a amostragem seguinte nos ilustra:
1. A história de Davi foi escrita por Samuel (cf. 1Sm), por Nata e por Gade (1Cr
29.29).
2. A história de Salomão foi registrada pelos profetas Nata, Aías e Ido (2Cr 9.29).
3. Os atos de Roboão foram escritos por Semaías e por Ido (2Cr 12.15)
4. A história de Abias foi acrescentada pelo profeta Ido (2Cr 13.22).
5. A história do reinado de Josafá foi registrada pelo profeta Jeú (2Cr 20.34).
6. A história do reinado de Ezequias foi registrada por Isaías (2Cr 32.32).
7. A história do reinado de Manasses foi registrada por profetas anônimos (2Cr
33.19).
8.Os demais reis também tiveram suas histórias narradas pelos profetas (2Cr 35.27).
O DESENVOLVIMENTO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
A história do cânon do Novo Testamento difere da do Antigo em vários aspectos. Em
primeiro lugar, visto que o cristianismo foi desde o começo religião internacional, não
havia comunidade profética fechada que recebesse os livros inspirados e os coligisse em
determinado lugar. Faziam-se coleções aqui e ali, que se iam completando, logo no início
da igreja; não há notícia, todavia, da existência oficial de Uma entidade que controlasse
os escritos inspirados. Por isso, o processo mediante o qual todos os escritos apostólicos
se tornassem universalmente aceitos levou muitos séculos. Felizmente, dada a
disponibilidade de textos, há mais manuscritos do cânon do Novo Testamento que do
Antigo.
Outra diferença entre a história do cânon do Antigo Testamento, em comparação
com a do Novo, é que a partir do momento em que as discussões resultaram no
reconhecimento dos 27 livros canônicos do Novo Testamento, não mais houve
movimentos dentro do cristianismo no sentido de acrescentar ou eliminar livros. O cânon
do Novo Testamento encontrou acordo geral no seio da igreja universal.
Os estímulos para que se coligissem oficialmente os livros:
O estímulo eclesiástico à lista dos canônicos
BIBLIOLOGIA
23
A igreja primitiva tinha necessidades internas e externas que exigiam o
reconhecimento dos livros canônicos. Internamente havia a necessidade de saber que
livros deveriam ser lidos nas igrejas, de acordo com prática prescrita pelos apóstolos para
a igreja do Novo Testamento (1Ts 5.27). Do lado de fora da igreja estava a necessidade
de saber que livros deveriam ser traduzidos para as línguas estrangeiras das pessoas
convertidas.
O estímulo teológico à lista dos canônicos
Outro fator dentro do cristianismo primitivo estava exigindo um pronunciamento
oficial da igreja a respeito do cânon. Visto que toda a Escritura era proveitosa para a
doutrina (2Tm 3.16,17), tornou-se cada vez mais necessário definir os limites do legado
doutrinário apostólico, necessidade de saber que livros deveriam ser usados para ensinar
a doutrina. Quando o herege Marcião publicou uma lista muitíssimo abreviada dos livros
canônicos (c. 140), abarcando apenas o evangelho de Lucas e dez das cartas de Paulo
(com a omissão de 1 e 2Timóteo e de Tito), tornou-se premente a necessidade de uma
lista completa dos livros canônicos.
O estímulo político à lista dos canônicos
As forças que pressionavam a canonização culminaram na pressão política que
passou a influir na igreja primitiva. As perseguições de Diocleciano (c. 302-305)
representaram um forte motivo para a igreja definir de vez a lista dos livros canônicos. De
acordo com o historiador cristão Eusébio, houve um edito imperial da parte de
Diocleciano, de 303, ordenando que "as Escrituras fossem destruídas pelo fogo". Não
deixa de ser irônico que 25 anos antes o imperador Constantino se "convertera" ao
cristianismo e dera ordem a Eusébio para que se preparassem se distribuíssem cinquenta
exemplares da Bíblia. A perseguição motivou um exame sério da questão dos livros
canônicos: quais eram realmente canônicos e deveriam ser preservados? O pedido de
Constantino também tornou necessária a criação da lista de livros canônicos.
Em suma, existem muitas evidências de que no seio da igreja do século I havia um
processo seletivo em operação. Toda e qualquer palavra a respeito de Cristo, fosse oral,
fosse escrita, era submetida ao ensino apostólico, dotado de toda autoridade.
A circulação e a compilação dos livros. Já havia nos tempos do Novo Testamento
algo parecido com uma declaração de cânon das Sagradas Escrituras, aprovada
BIBLIOLOGIA
24
tacitamente, circulando pelas igrejas. De início nenhuma igreja detinha todas as cartas
apostólicas, mas a coleção foi crescendo à medida que se faziam cópias autenticadas
pela assinatura dos apóstolos ou de seus emissários. Não há dúvidas de que as primeiras
cópias das Escrituras surgiram dessa prática de fazer que circulassem. À medida que as
igrejas foram crescendo, a necessidade de novas cópias foi-se tornando cada vez maior,
pois mais e mais congregações desejavam ter sua compilação para as leituras regulares
e para os estudos, ao lado das Escrituras do Antigo Testamento.
O testemunho dos pais da Igreja sobre o cânon
Logo após a primeira geração, passada a era apostólica, todos os livros do Novo
Testamento haviam sido citados como dotados de autoridade por algum pai da igreja. Por
sinal, dentro de duzentos anos depois do século I, quase todos os versículos do Novo
Testamento haviam sido citados em um ou mais das mais de 36 mil citações dos pais da
igreja.
Pode se dizer que apenas os 27 livros do Novo Testamento se mostram
pertencentes àquele testemunho apostólico original e fundamental. Estes demonstraram
ser a Palavra de Deus para a igreja universal em todas as gerações. Aqui estão as
pastagens às quais as ovelhas de Cristo afluem de modo contínuo para ouvir a voz de
seu Pastor e segui-lo.
As Escrituras como a conhecemos hoje é por certo um texto inspirado por Deus e
apta a ser crida e ensinada no seio da Igreja.
QUESTIONÁRIO
1) O que é Bibliologia?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2) Quais eram os materiais da escrita?
BIBLIOLOGIA
25
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3) Quais são as Teorias de Inspiração, e qual é reconhecido pela Igreja?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
4) Dê uma definição de Inerrância.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
5) Quais são os três passos mais importantes no processo de canonização?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Bibliografia recomendada:
BRUCE, F F O Cânon das Escrituras. Ed HAGNOS, 2011.
COSTA, Herminsten M. Pereira da. A Inspiração e Inerrância das Escrituras. 1ª
Edição . São Paulo. Editora Cultura Cristã, 1998. 174 paginas.
GEISLER, Norman/ William Nix. Introdução Biblica. 4ª Edição . São Paulo. Editora
Vida, 1997.
GUNDRY, R. H. Panorama do Novo Testamento. Trad. João Marques Bentes. 4.ed.
São Paulo: Fé, 1987.
HARRIS, R. LAIRD. Curso Vida Nova de Teologia básica - Vol. 1 ed Vida Nova.
OSBORNE, GRANT R.. 3 perguntas cruciais sobre a Bíblia. Ed Vida Nova.
TIMOTHY WARD. Teologia da revelação. Ed Vida Nova.
VANHOOZER, Kevin J. Autoridade bíblica pós-reforma. Ed Vida Nova.
WAYNE GRUDEM; C. JOHN COLLINS; THOMAS R. SCHREINER. Origem,
confiabilidade e significado da Bíblia; ed Vida Nova.

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  • 1. BIBLIOLOGIA IBADERJ Instituto Bíblico das Assembleias de Deus do Estado do Rio de Janeiro Matéria 2 Desde 1975
  • 2. BIBLIOLOGIA Matéria 2 BIBLIOLOGIA: A DOUTRINA DAS ESCRITURAS DIRETOR GERAL DO IBADERJ Pr. Germano Soares Silva COORDENADORES E DIRETORES DO NÚCLEO NEW JERSEY Pr Jelson Viegas Brown Pra Sissi Brown Coordenador Pedagógico e Teológico do Núcleo New Jersey Pr. Rossi Aguiar da Silva. hesedteologia@gmail.com
  • 3. BIBLIOLOGIA 3 INTRODUÇÃO Bibliologia é o estudo dos assuntos introdutórios à Bíblia. Ela auxilia poderosamente o estudante na compreensão da Bíblia, e é indispensável à qual quer área da Teologia, auxiliando na elucidação dos inumeráveis fatos bíblicos. Salienta-se nesse estudo a exposição da milagrosa história da Bíblia, a sua formação e como chegou até nós. Sendo a Bíblia um livro divino, porém produzida por homens santos. ―A Bíblia é o Livro de Deus‖ (Is 34:16). A palavra Bíblia (Livros) entrou para as línguas modernas por intermédio do francês, passando primeiro pelo latim bíblia, com origem no grego biblos (folha de papiro do século XI a.C. preparada para a escrita). Um rolo de papiro tamanho pequeno era chamado ―biblion‖, e vários destes era uma ―Bíblia‖. Portanto ―Bíblia‖ quer dizer ―coleção de vários livros‖. No princípio, os livros sagrados não estavam reunidos uns aos outros como os temos agora em nossa Bíblia. O que tornou isso possível foi a invenção do papel no séc. II pelos chineses, bem como a invenção da impressão por tipos móveis, em 1450 A.D. por Guttenberg, tipógrafo alemão. Até então tudo era manuscrito como ocorria anteriormente com os escribas, de modo laborioso, lento e oneroso. Com a invenção do papel desapareceram os rolos e a palavra biblos deu origem a ―livro‖ como se vê em biblioteca (coleção de livros), bibliografia, bibliófilo (colecionador de livros). A primeira pessoa a aplicar o nome ―Bíblia‖ foi João Crisóstomo, grande reformador e patriarca de Constantinopla, 398-404 A.D. 1. Os Autores da Bíblia Cerca de 40 personagens se envolveram no registro e compilação dos 66 livros que compõem a Bíblia Sagrada (1 Ts 2:13; 1 Pedro 1:20-21). Os escritores viveram distantes uns dos outros (11 países diferentes), em épocas e condições diferentes, não se conheceram (na época a comunicação era praticamente impossível) pertenceram às mais variadas camadas sociais, e tinham cultura e profissões muito diferentes. Foram das mais diferentes categorias (19 ocupações diferentes): escritores, estadistas, camponeses, reis, vaqueiros, pescadores, cobradores de impostos, instruídos e ignorantes, judeus e gentios. Ex: legislador (Moisés); general (Josué); profetas (Samuel,
  • 4. BIBLIOLOGIA 4 Isaías, etc.); Reis (Davi e Salomão); músico (Asafe, compôs 12 Salmos); boiadeiro (Amós); príncipe e estadista (Daniel); sacerdote (Esdras); coletor de impostos (Mateus); médico (Lucas); erudito (Paulo); pescadores (Pedro e João). São aproximadamente 50 gerações de homens. 2. Composição da Bíblia A. 24 livros do cânon judaico do VT, equivalentes aos nossos 39 livros, o mesmo que hoje é chamado de "Texto Massorético de BEN CHAYyIM" e que, depois da invenção da Imprensa, foi impresso por Daniel Bomberg, um abastado cristão veneziano originário da Antuérpia, em 1524-5. A edição da segunda publicação ficou a cargo de Jacob Ben Chayyim. B. 27 livros do cânon do NT, os mesmos que, depois da invenção da Imprensa, foram impressos, terminando por serem conhecidos pelo nome de TR, ou "Textus Receptus", isto é, "O Texto Recebido". "Textus Receptus": do latim ―textum ergo habes, nunc ab amnibus receptum‖, que significa: texto ora recebido por todos. Foi a frase escrita no prefácio da edição de 1633, do N.T. grego dos irmãos Elzevir (impressores holandeses de origem judaica). São os 27 livros do N.T. que foram recebidos pelas igrejas do século I, das mãos dos homens inspirados por Deus para escrevê-lo; e, também, recebido pela Reforma, das mãos das pequeninas igrejas fiéis {perseguidas por Roma} e da Igreja Grega Ortodoxa. O T.R. foi o texto usado pela igreja por quase 2000 anos, antes de surgirem as versões modernas e deturpadas da Bíblia, baseadas no texto crítico, em 1881, com o surgimento do ―Novo Texto Grego‖ de Westcott e Hort. O T.R. foi usado em todo o período bizantino (312- 1453), donde foi traduzido por Almeida e é o texto grego do N.T. que os reformadores (Reforma Protestante) usaram no século XVI e XVII, para traduzir a Bíblia em vários idiomas, inclusive o português. Os nomes mais comuns dados à Bíblia são: 1. Livro do Senhor (Is 34:16). 2. Palavra de Deus (Mc 7:13; Jo 10:35; Hb 4:12). 3. Escrituras ou Sagradas Escrituras (Mt 21:42; Lc 4:21; Jo 7:38, 42; Rm 1:2; 4:3; Gl 4:30).
  • 5. BIBLIOLOGIA 5 4. A Verdade (Jo 17:17; Rm 15:8). 5. Lei (Sl 119); Lc 10:26; Mt 5:18). 6. Mandamentos (Sl 119). 7. A Lei e os Profetas (Mt 5:17; Lc 16:16). 8. A Lei de Moisés (Lc 24:44). 9. Oráculos de Deus (Rm 3:2). A Palavra de Deus é: inspirada (Sl 19:7-11; 119:89; 105, 130, 160; Pv 30:5-6; Is 8:20; Jr 1:2, 4, 9; Lc 16:31; 24:25-27; 44-45; Jo 5:39, 45-47; 12:48; 14:26; 16:13; 17:17; At 1:16; 28:25; Rm 3:4; 15:4; 1 Co 2:10-13; 2 Co 2:4; Ef 6:17; 1 Ts 2:13; 2 Tm 3:16-17; 1 Pe 1:11-12; 2 Pe 1:19-23; 1 Jo 1:1-3; Ap 1:1-3; 22:19); eterna (Sl 119:89; Mt 24:35); única regra de fé e prática (Is 8:20; Jo 12:48); suficiente para a vida cristã (Mt 4:4; Jo 12:48; 2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:3; Jd 3); lâmpada para os nosso pés (Sl 119:105); amada pelos salvos (Sl 119:47, 72, 82, 97); purificação da vida (Sl 119:9); para ler, estudar e examinar (Dt 17:19; Js 1:8; Jo 5:39; At 17:11); alimento espiritual (1 Pe 2:2); para a santificação (Jo 17:17); proveitosa para toda boa obra (2 Tm 3:16); preservada (Lc 21:33); fogo consumidor (Jr 5:14); martelo (Jr 23:29); fonte de vida (Ez 37:7); poder para a salvação (Rm 1:16); penetrante (Hb 4:12); algo a ser defendido pelos santos (Jd 3); para ser pregada a todos (Mt 28:18-20; Mc 16:15); espelho (Tg 1:23-25); semente (1 Pe 1:23); espada (Ef 6:17); comida (Hb 5:12-14); mel (Sl 119:103); leite (Hb 5:13); viva e atual (Jo 6:63 b; Hb 4:12; 1 Pe 1:23; 1 Jo 1:1). 3 - A Utilidade da Bíblia ―Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.‖ 2 Tm 3:16-17. Examine ainda 1 Coríntios 10:11 e Romanos 15:4. A Bíblia é um livro para ser examinado (Jo 5:39); crido (Jo 2:22); lido (1 Tm 4:13); recebido (1 Ts 2:13); confirmado e aceito (At 17:11). Alguns dos objetivos da Bíblia são: avisar os crentes (1 Co 10:11); manifestar o cuidado de Deus (1 Co 9:9, 10); ensinar e instruir (Rm 15:4); aperfeiçoar o cristão para toda boa obra (2 Tm 3:16-17); fazer o homem sábio para a salvação (2 Tm 3:15); produzir fé na divindade de Cristo (Jo 20:31); produzir vida eterna (Jo 5:24).
  • 6. BIBLIOLOGIA 6 A divisão da Bíblia em capítulos só veio acontecer no ano de 1250 A.D., pelo cardeal Hugo de Sancto Caro, monge dominicano. Alguns pesquisadores atribuem essa divisão também a Stephen Langton, professor da Universidade de Paris e mais tarde arcebispo da Cantuária, em 1227. Em 1525, Jacob Ben Chayyim, na Bíblia Bomberg, em Veneza, havia dividido o Antigo Testamento em versículos. O Novo Testamento foi dividido em versículos em 1551, por Robert Stephanus, um impressor de Paris, que publicou a primeira Bíblia (Vulgata Latina) dividida em capítulos e versículos em 1555. 4. Divisão dos Livros da Bíblia Nós, cristãos (igreja), agrupamos os 39 livros do Antigo Testamento em: A. 5 da Lei, ou Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). B. 12 históricos (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester). C. 5 poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares). D. 5 profetas maiores (Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel). E. 12 profetas menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueáis, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias). A Tanakh (o A. T. dos judeus) e a divisão de Flávio Josefo (Lc 24:44). TEXTO MASSORÉTICO FLÁVIO JOSEFO 22 livros TORÁH (A Lei) Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio. Chumash (os cinco livros) ou Pentateuco. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio NEBI'IM (Profetas) Profetas anteriores – Josué, Juízes, Samuel, Reis. Profetas posteriores – Isaías, Jeremias, Ezequiel e Os 12 Profetas Menores. Josué, Juízes (inclui Rute), Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Os 12 Profetas Menores, Daniel, Eclesiastes, Esdras (inclui Neemias), Ester, Crônicas. KETHUBHIM (Escritos) do gr. Hagiographos Poesia e sabedoria – Salmos, Jó e Provérbios. "Megilloth" – Rute, Cantares, Eclesiastes, Lamentações e Ester. História - Daniel, Esdras- Neemias e Crônicas. Poesia e Sabedoria – Salmos, Provérbios, Jó e Cantares
  • 7. BIBLIOLOGIA 7 Divisão dos Livros do Novo Testamento Os 27 livros do Novo Testamento são: A. Biografia. Os 4 Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. B. História: Atos. C. Doutrina. As 21 epístolas. São dividias em: • Epístolas Doutrinárias, dirigidas às igrejas locais: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses e 1 e 2 Tessalonicenses. • Epístolas Pastorais: 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemon, 2 e 3 João. • Epístolas Universais: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1 João e Judas. D. Profecia: Apocalipse. AS LÍNGUAS E OS MATERIAIS DA BÍBLIA 1. A Era da Escrita Parece que a escrita se desenvolveu durante o IV milênio a.C. No II milênio a.C. várias experiências conduziram ao desenvolvimento do alfabeto e de documentos escritos por parte dos fenícios. Tudo isso se completou antes da época de Moisés, que escreveu alguns Livros do Pentateuco aproximadamente em 1491 a.C. Já em 3500 a.C. os sumérios usavam tabuinhas de barro para a escrita cuneiforme, e registraram, por exemplo, a descrição sumeriana do dilúvio (o Épico de Gilgamesh), que teria sido gravada em 2100 a.C. Os egípcios (em 3100 a.C.) apresentavam documentos escritos em hieróglifos (pictografia = desenhos, pinturas). A partir de 2500 a.C. usavam-se textos pictográficos em Biblos (Gebal) e na Síria. Em Cnosso e em Atchana, grandes centros comerciais, apareceram registros gravados anteriores à época de Moisés. Outros elementos correspondentes de meados a fins do II milênio a.C. acrescentam mais evidências de que a escrita já se havia desenvolvido bem antes da época de Moisés. Em suma, Moisés e os demais autores da Bíblia escreveram numa época em que a humanidade estava ―alfabetizada‖, ou melhor, já podia comunicar seus pensamentos por escrito.
  • 8. BIBLIOLOGIA 8 2. As Línguas Bíblicas As línguas utilizadas no registro da revelação de Deus, a Bíblia, vieram das famílias de línguas semíticas e indo-européias. Da família semítica, originaram-se as línguas básicas do Antigo Testamento, quais sejam: o Hebraico e o Aramaico (Siríaco: 2 Rs 18:26; Ed 4:7; Dn 2:4). Além dessas línguas, o Latim e o Grego representam a família indo-européia. De modo indireto, os fenícios exerceram um papel importante na transmissão da Bíblia, ao criar o veículo básico que fez com que a linguagem escrita fosse menos complicada do que havia sido até então: inventaram o ALFABETO. 3. As Línguas do Antigo Testamento O Hebraico é a língua principal do Antigo Testamento, especialmente adequada para a tarefa de criar uma ligação entre a biografia do povo de Deus e o relacionamento do Senhor com esse povo. O Hebraico se encaixou bem nessa tarefa porque é uma língua pictórica (= desenhos). Expressa-se mediante metáforas vívidas e audaciosas, capazes de desafiar e dramatizar a narrativa dos acontecimentos. Além disso, o Hebraico é uma língua pessoal. Apela diretamente ao coração e às emoções, e não apenas à mente e à razão. É uma língua em que a mensagem é mais sentida que meramente pensada. É chamada no A. T. de ―língua de Canaã‖ (Is 19:18) e ―língua Judaica‖ (Is 36:11-13; Ne 13:24; 2 Rs 18:26-28). Ela, provavelmente, desenvolveu-se a partir do antigo hebraico falado por Abraão, em Ur dos caldeus (Gênesis 14.13) e vários estudiosos creem que esse hebraico era anterior a Abraão e que era a ―mesma língua‖ e ―a mesma fala‖ dos tempos pré-Babel (Gênesis 11.1). Em outras palavras, criem que essa era a língua original do homem. A língua hebraica é conhecida como ―quadrática‖ e suplanta em beleza a todas as outras escritas. Possui raiz triconsonantal (3 consoantes). Lê-se da direita para esquerda, seu alfabeto se compõe de 22 letras e serve também para representar números. As 22 letras do Hebraico se encontram no Sl 119 e no Livro de Lamentações. Em Gn 31:47, vemos Labão (vindo da Caldéia), falar em Aramaico e Jacó (vindo de Canaã), falar em Hebraico. O Aramaico (uma língua cognata, muito próxima do hebraico) era a língua dos sírios, tendo sido usada em todo o período do Antigo Testamento. Na verdade, substituiu o
  • 9. BIBLIOLOGIA 9 hebraico no tempo do cativeiro. Era falado desde 2000 a.C., em Arã, na Síria. Tinha o mesmo alfabeto do Hebraico, mas diferenciava no som e estrutura das palavras. Era a língua ―comercial‖ do mundo antigo, quando a Assíria e a Babilônia dominaram o mundo da época (cativeiros). Era a língua diplomática, no tempo de Senaqueribe (705-681 a.C.). Depois do Cativeiro Babilônico (500 a.C.), tornou-se a língua comum naquela região. Durante o século VI a.C., o Aramaico se tornou a língua geral de todo o Oriente Próximo. Seu uso generalizado se refletiu nos nomes geográficos e nos textos bíblicos de Esdras (4:8-6:18; 7:12-26), pelo fato de ser o aramaico a língua oficial do Império Persa; um versículo em Jeremias (10:11), onde há a citação de um provérbio aramaico; e uma parte relativamente grande do livro de Daniel (2:4 a 7:28), onde o aramaico é usado, provavelmente, por ser uma seção inteira que trata das nações do mundo. 4. As Línguas do Novo Testamento As línguas semíticas também foram usadas na redação do Novo Testamento. Na verdade, Jesus e Seus discípulos falavam o Aramaico, sua língua materna, tendo sido essa a língua falada por toda aquela região na época. As expressões ―Talita cumi‖ (Mc 5:41); ―Eli, Eli, lamá sabactâni‖ (Mt 27:46); ―Maranata‖ (1 Co 16:22); ―Aba Pai‖ (Rm 8:15; Gl 4:6) são em Aramaico. O Hebraico fez sentir mais sua influência mediante expressões idiomáticas, como uma que, no português, quer dizer ―e sucedeu que‖. Outro exemplo da influência hebraica no texto grego vemos no emprego de um segundo substantivo, em vez de um adjetivo, a fim de atribuir uma qualidade a algo ou a alguém, como ocorre na 1 Ts 1:3. O epitáfio na cruz de Cristo (o Nome de Deus = YHWH) é em Hebraico. Além das línguas semíticas a influenciar o N. T., temos as indo-européias, o Latim e o Grego. O Latim influenciou ao emprestar muitas palavras, como ―centurião‖, ―tributo‖ e ―legião‖, e pela inscrição trilíngue na cruz (em Latim, em Hebraico e em Grego). No entanto, a língua em que se escreveu o N. T. foi o Grego. Até fins do século XIX, cria-se que o grego do N. T. (o Grego helenístico, koinê = comercial) era a ―língua especial‖ do Espírito Santo; mas, a partir de então, essa língua tem sido identificada como um dos cinco estágios do desenvolvimento da língua grega.
  • 10. BIBLIOLOGIA 10 Esse grego koinê era a língua mais amplamente conhecida em todo o mundo do século I. O alfabeto havia sido tomado dos fenícios. Seus valores culturais e vocabulário cobriam vasta expansão geográfica, vindo a tornar-se a língua oficial dos reinados em que se dividiu o grande império de Alexandre, o Grande, uma língua quase universal. O aparecimento providencial dessa língua, ao lado de outros desenvolvimentos culturais, políticos, sociais e religiosos, ampla rede de estradas, progresso, etc., durante o século I a.C., fica implícito na declaração de Paulo: ―Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei‖ (Gl 4:4). Grego: 25 letras, começando no Alfa e terminando no Ômega. Jesus Se identifica com o N.T., que foi escrito em Grego, ao declarar: ―Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro‖ (Ap 22:13). O Grego do N. T. se adaptou de modo adequado à finalidade de interpretar a revelação de Cristo em linguagem teológica. Tinha recursos linguísticos especiais para essa tarefa, por ser um idioma intelectual. Era a segunda língua dos escritores do N.T., com exceção de Lucas. O Grego é um idioma da mente, mais que do coração (como o Hebraico), e os filósofos atestam isso amplamente. O Grego tem precisão técnica de expressão não encontrada no Hebraico. Além disso, o Grego era uma língua quase universal. A verdade do A. T. a respeito de Deus foi revelada inicialmente a uma nação, Israel, em sua própria língua, o Hebraico. A revelação completa, dada por Cristo, no Novo Testamento, não veio de forma tão restrita. Em vez disso, a mensagem de Cristo deveria ser anunciada ao mundo todo, por isto, era necessária uma língua universal: ―... em seu nome se pregará o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém‖ (Lc 24:47). OS MATERIAIS DA ESCRITA Os autores da Bíblia empregaram os mesmos materiais para a escrita, que estavam em uso no mundo antigo. O papiro foi usado na antiga Gebal (Biblos) e no Egito, por volta de 2100 a.C. Eram folhas de uma planta, cuja popa era cortada em tiras que eram colocadas superpostas umas às outras de forma cruzada, coladas, prensadas e depois polidas.
  • 11. BIBLIOLOGIA 11 Eram escritas de um lado apenas. A cor era amarelada. Foi o material que o apóstolo João usou para escrever o Apocalipse (Ap 5:1) e suas cartas (2 Jo 12). A antiga Gebal é atualmente a cidade de Jubayl (nome árabe) e fica a 42 km de Beirute. É considerada a cidade mais antiga do mundo. Seu nome em Grego é Biblos, pois de lá vinham os papiros (biblos). O velino, o pergaminho e o couro são palavras que designam os vários estágios de produção de um material de escrita feito de peles de animais curtida e preparada para a escrita. Seu uso generalizado vem dos primórdios do Cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos, pois temos uma menção de Isaías 34:4 sobre um livro que era enrolado. O velino era a pele de bezerros e antílopes. O pergaminho era a pele de ovelhas e cabras. Tudo indica que o termo pergaminho derivou o seu nome da cidade Pérgamo, na Ásia menor, cujo Rei, Eumenes II (159 - 197 d.C.), fez uma grande biblioteca para rivalizar com a de Alexandria no Egito, haja vista que o Rei do Egito havia cortado o suprimento de papiro. O Novo Testamento menciona este material gráfico em 2 Tm 4:13 e Ap 6:14. O velino era desconhecido até 200 a.C., pelo que Jeremias teria tido em mente o couro (Jr 36:23). O A.T. foi escrito basicamente no couro, pois o Talmude assim o exigia. O N.T. foi escrito basicamente em papiro. No século IV A.D., foi utilizado o velino para os manuscritos. Outros materiais para a escrita eram o metal (Êx 28:36), a tábua recoberta de cera (Is 30:8; Hc 2:2; Lc 1:63), as pedras preciosas (Êx 39:6-14) e os cacos de louça (óstracos), como mostra Jó 2:8. O linho era usado no Egito, na Grécia e na Itália, embora não tenhamos indícios de que tenha sido usado no registro da Bíblia. A Tinta e os Instrumentos de Escrita A tinta utilizada pelos escribas era uma mistura de carvão em pó com uma substância líquida parecida com a goma arábica (Jr 36:18; Ez 9:2; 2 Co 3:3; 2 Jo 12; 3 Jo 13). Para a escrita em papiro e pergaminho, os escribas usavam penas de aves, pincéis finos e um tipo de caneta feita de madeira porosa e absorvente. Para uso em cera, utilizavam um estilete de metal (Is 30:8).
  • 12. BIBLIOLOGIA 12 Alguns tipos de escrita utilizados nos manuscritos são: A. Uncial: os mais antigos manuscritos gregos só usavam letras maiúsculas desenhadas e sem separação entre palavras. Datam do IV século A.D. B. Cursivo: Era o tipo de escrita onde letras minúsculas eram conectadas com espaço entre palavras, pois, naquela época (séc. VI a X d.C.), havia maior necessidade de cópias dos manuscritos. C. Sinais Vocálicos: Mais ou menos ao redor dos anos 500 a 900 d.C., eruditos judeus chamados Massoretas introduziram um sistema de pontos colocado acima, abaixo e entre o texto consonantal do Velho Testamento, de forma a marcar a vocalização do texto. Além disto, eles cercaram o texto de uma série de anotações chamadas Massorah que garantiam a imutabilidade do texto. Estes pontos, chamados pontos vocálicos, exerceriam a função de vogais, mas tinham a vantagem de nada acrescentar ou tirar do texto consonantal inspirado. Este sistema preservou a pronúncia do Hebraico que, nesta época, era a língua dos eruditos judeus. Foi o texto hebraico preservado por este grupo de eruditos judeus que chegou aos dias de hoje. INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA Por inspiração das Escrituras entendemos a influencia sobrenatural do Espirito Santo sobre os autores das Escrituras, que converteu seus escritos em um registro preciso da revelação ou que faz com que seus escritos sejam realmente a Palavra de Deus. Enquanto a revelação e a comunicação da verdade divina de Deus para a humanidade, a inspiração diz mais respeito a transmissão dessa verdade do(s) primeiro(s) receptor(es) para as outras pessoas, tanto na mesma época como mais tarde. Assim, a revelação pode ser entendida como uma ação vertical e a inspiração, uma questão horizontal. Devemos notar que, embora a revelação e a inspiração sejam em geral consideradas em conjunto, e possível ter uma sem a outra. Houve casos de inspiração sem revelação. O Espirito Santo, em alguns casos, levou os escritores bíblicos a registrar palavras de descrentes, palavras que com certeza não foram reveladas por Deus. Alguns autores das Escrituras bem podem ter registrado assuntos que não foram
  • 13. BIBLIOLOGIA 13 especialmente revelados a eles, mas que eram informações de fácil acesso para qualquer pessoa que quisesse indagar. As genealogias, tanto do Antigo Testamento como do Novo (a listagem da linhagem de Jesus), bem podem ter esse caráter. Também havia revelação sem inspiração: casos de revelação que não foram registrados porque o Espirito Santo não levou ninguém a registra-los. Joao firma bem esse ponto em Joao 21.25, quando diz acreditar que se tudo o que Jesus fez tivesse sido registrado, "nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos". Ha varias maneiras pelas quais a Bíblia testemunha sua origem divina. Uma delas e a opinião dos autores do Novo Testamento a respeito das Escrituras de sua época, que hoje chamaríamos Antigo Testamento. Um exemplo fundamental e I Pedro 1.20,21: "sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provem de particular elucidação; porque jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espirito Santo". Aqui, Pedro esta afirmando que as profecias do Antigo Testamento não foram produzidas por vontade ou decisão de um ser humano. Antes, as pessoas foram movidas pelo Espirito de Deus. O ímpeto que as levou a escrever vinha do Espirito Santo. Uma segunda referenda e a de Paulo em I Timóteo 3.16: "Toda a Escritura e inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justice". Isso e parte de uma passagem em que Paulo está exortando Timóteo a continuar nos ensinos que havia recebido. Paulo entende que Timóteo esta familiarizado com as "sagradas letras" (v. 15) e o encoraja a continuar nelas, já que são inspiradas por Deus (ou, sendo mais correto, "expiradas por Deus" ou "sopradas por Deus"). Aqui, a impressão e de que foram produzidas por Deus, assim como ele soprou o folego da vida nos homens (Gn 2.7). Portanto, elas são importantes para edificar o crente ate a maturidade, de modo que seja "perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2Tm 3.17). Teorias de Inspiração Pelo que ja vimos, podemos concluir que o testemunho uniforme dos autores das Escrituras e que a Bíblia originou-se de Deus e de sua mensagem para a humanidade. Esse e o fato da inspiração bíblica; agora precisamos saber os meios. E aqui que começam a surgir as diferenças de opinião.
  • 14. BIBLIOLOGIA 14 1. A teoria da intuição faz com que a inspiração seja principalmente um alto grau de percepção. A inspiração e o funcionamento de um dom especial, talvez quase como uma capacidade artística, que, entretanto, e um talento natural, um bem permanente. Os autores das Escrituras eram gênios religiosos. Mas, em essência, a inspiração deles não era diferente da inspiração de outros grandes pensadores religiosos e filosóficos, tais como Platão, Buda e outros. A Bíblia, portanto, é uma grande literatura religiosa, refletindo as experiências espirituais do povo hebreu. 2. A teoria da iluminação sustenta que houve uma influencia do Espirito Santo sobre os autores das Escrituras, mas que isso implicou apenas um reforço de suas capacidades normais, uma sensibilidade e percepção aumentadas em no que dizia respeito a questões espirituais. Não foi diferente do efeito de estimulantes as vezes ingeridos por estudantes para melhorar a concentração ou para amplificar os processos mentais. Assim, o trabalho de inspiração e diferente apenas em grau, não em espécie, da obra do Espirito em todos os que creem. O resultado desse tipo de inspiração e uma capacidade maior de descobrir a verdade. 3. A teoria dinâmica destaca a combinação dos elementos divino e humano no processo de inspiração da escrita da Bíblia. O trabalho do Espirito de Deus foi o de dirigir o escritor aos pensamentos ou conceitos que ele devia ter, deixando que a própria personalidade característica do escritor participasse da escolha das palavras e expressões. Assim, a pessoa que escreveu expressou de um modo exclusivo, característico dela, os pensamentos dirigidos por Deus. 4. A teoria verbal sustenta que a influencia do Espirito Santo foi além da direção dos pensamentos, chegando a seleção das palavras usadas para transmitir a mensagem. A obra do Espirito Santo foi tão intensa que cada palavra usada e a palavra exata desejada por Deus naquele ponto para expressar a mensagem. Em geral, ha um grande cuidado em insistir que não se trata, porem, de ditado. 5. A teoria do ditado é o ensino de que Deus de fato ditou a Bíblia aos escritores. Entende-se que as passagens nas quais se narra que o Espirito diz ao autor precisamente o que deve ser escrito aplicam-se a Bíblia inteira. Isso significa que não ha diversidade de estilos que possa ser atribuída a diferentes autores dos livros bíblicos. O numero de pessoas que realmente adotam esse ponto de vista e consideravelmente menor do que se diz — a maioria dos adeptos da teoria verbal faz questão de se dissociar
  • 15. BIBLIOLOGIA 15 dos defensores da teoria do ditado. Ha, no entanto, alguns que aceitam essa designação para si. A teoria correta da inspiração da Bíblia É chamada de ―teoria da inspiração plenária ou verbal‖ e ensina que todas as palavras da Bíblia foram inspiradas nos seus autógrafos originais; que os escritores não funcionaram como máquinas inconscientes, mas houve uma cooperação vital entre eles e o Espírito de Deus que os capacitava. Assim, aqueles homens escreveram a Bíblia com as palavras de seu vocabulário, porém sob uma influência (inspiração) tão poderosa do Espírito Santo que o que eles escreveram foi, de fato, a Palavra de Deus. A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento. Depois disso, nenhum escritor ou qualquer servo de Deus pode ser considerado inspirado no mesmo sentido. Aceitar a Bíblia como sendo parcialmente inspirada não é adequado para uma interpretação correta. Devemos aceitar a Bíblia como sendo a fiel revelação de Deus e isso abrange sua totalidade, palavra por palavra. Devemos reconhecer que a Bíblia não contém nenhum erro nos registros dos fatos da história, da ciência e das questões relacionadas à fé ou à conduta cristã. Podemos descrever o nível da inspiração das Escrituras usando quatro palavras: verbal, plenária, infalível e inerrante. • Verbal·, todas as palavras são inspiradas. • Plenária·, todas as partes são igualmente inspiradas. • Infalível·, todas as questões de fé e da moral são certas. • Inerrante: todas as questões da ciência e da história são certas. A INERRÂNCIA DA BÍBLIA Inerrância não é um termo popular no contexto dos estudos bíblicos atuais. Para muitos, a inerrância é vista como uma invenção antiintelectual, motivada pelo receio dos fundamentalistas americanos dos séculos dezenove e vinte que estavam tentando proteger a autoridade da Bíblia da crescente onda do racionalismo iluminista. A.E. Harvey, capta muito bem o sentimento acadêmico moderno: ―A inerrância… é tanto teológica
  • 16. BIBLIOLOGIA 16 quanto filosoficamente indefensável e justamente rejeitada pela voz majoritária de uma geração que, em relação a essa questão, realmente ‗amadureceu‖. Infelizmente, esses tipos de críticas são muito comuns. A inerrância é retratada como obsoleta, academicamente ingênua, intelectualmente desonesta, e (talvez de modo mais surpreendente) até mesmo não bíblica. Em meio a tal contexto, cada vez mais evangélicos estão se afastando da doutrina da inerrância, por medo de que sejam os receptores infelizes de tais rótulos. Definição De Inerrância Então, o que é a inerrância, a qual provoca tais reações, mesmo de alguns que professam ser evangélicos? Alguém pode pensar que a inerrância deve ser uma das doutrinas mais absurdas já concebidas. Certamente deve ser equivalente à crença em um universo geocêntrico (na verdade, tais comparações foram feitas). Mas, de fato, a doutrina da inerrância é simples e, no âmbito da história da igreja, incontroversa. De forma simples, a doutrina da inerrância é a crença de que a Bíblia é verdadeira. Naturalmente, há muito mais do que isso a dizer sobre a definição de inerrância. Inúmeros livros foram escritos explicando, definindo e defendendo essa doutrina, sem mencionar as afirmações e negativas da Declaração de Chicago de 1978 sobre a inerrância bíblica. Mas a essência da inerrância é a crença de que a Bíblia é a Palavra de Deus e de que, quando Deus fala, Ele fala a verdade. Assim, a crença na inerrância é a convicção de que tudo o que a Bíblia afirma é exato, seguro e confiável. A crença de que a Bíblia é verdadeira dificilmente é uma ideia escandalosa e sem precedentes. Na verdade, a crença na inerrância é bastante inofensiva quando comparada com outra linguagem que os cristãos têm usado com relação à Bíblia. Os cristãos historicamente alegaram que a Bíblia é infalível, uma afirmação ainda mais forte do que a inerrância. Enquanto a inerrância significa simplesmente que a Bíblia é livre do erro, a infalibilidade significa que a Bíblia é incapaz de errar, uma propriedade muito mais precisa. Em outras palavras, a inerrância flui naturalmente de outras verdades cristãs que já cremos (e que foram cridas ao longo da história da igreja). Objeções À Inerrância
  • 17. BIBLIOLOGIA 17 Diante dessas considerações, pode-se perguntar por que há tanto alvoroço a respeito da inerrância. Para responder a essa pergunta, examinemos algumas das principais acusações que têm sido feitas. A inerrância é uma ideia nova (e americana) na história do Cristianismo. Alguns têm insistido que a inerrância é uma invenção do fundamentalismo americano e, portanto, é uma ideia sem precedentes na história do Cristianismo. Tal equívoco pode ser devido à semântica, pois alguns apoiam-se na história da palavra inerrância em si. Porém, o conceito de inerrância, a ideia de que a Bíblia é verdadeira em tudo o que afirma, não é de modo algum uma invenção americana. Essa tem sido a visão comum ao longo da história da igreja. No quinto século, Agostinho afirmou: ―Aprendi a honrar somente aqueles livros chamados canônicos, de modo que creio muito firmemente que nenhum autor nesses livros cometeu erro algum ao escrever‖. É claro que os estudiosos são livres para sugerir que usemos uma palavra diferente de inerrância para comunicar essa verdade fundamental sobre a Bíblia (e alguns já o fizeram). Mas devemos lembrar que o termo inerrância não é designado para afirmar tudo sobre a Bíblia; pelo contrário, tem o propósito de comunicar um aspecto particular da autoridade da Bíblia, a saber, que ela não contém afirmações falsas. E, se esse é o propósito, então o termo inerrância parece capturar muito bem essa ideia. A inerrância é muito literalista e carece de sofisticação. Devido às conexões percebidas entre a inerrância e o fundamentalismo, outros têm contestado a ideia com base no fato de que a inerrância carece de nuances e sofisticação. Argumenta-se que crer na inerrância é ignorar os diversos gêneros e modos de comunicação na Bíblia e exigir uma precisão irreal e científica do texto. Em outras palavras, a inerrância é racionalista, exigindo que a Bíblia fale de maneiras que um livro antigo simplesmente não falaria. Agora, esteja certo de que esses tipos de preocupações são legítimos e, infelizmente, algumas interpretações da inerrância caem em tais erros. No entanto, essa objeção não deve ignorar o fato de que gerações de estudiosos (bem como a Declaração de Chicago) ofereceram nuances, qualificações e explicações significativas sobre exatamente o que constitui (e o que não constitui) um ―erro‖ para documentos antigos. A inerrância, devidamente compreendida, considera questões como gênero, simbolismo, citações inexatas, falta de precisão, variações na ordem cronológica, linguagem
  • 18. BIBLIOLOGIA 18 observacional e muito mais. Essas considerações nos lembram que a inerrância pertence apenas às próprias alegações da Bíblia, e não às afirmações que poderíamos pensar (ou desejar) que ela está fazendo. A inerrância não é ensinada pela própria Bíblia. Alguns têm sugerido que não existe um argumento exegético para a inerrância, mas apenas um argumento teológico baseado no fato de que Deus é um Deus de verdade e não pode mentir. Quem somos nós (assim diz o argumento) para determinar que tipo de livro Deus poderia ou não poderia inspirar? Mas, novamente, esse argumento prova ser um espantalho. Em primeiro lugar, não há nada impróprio sobre argumentos teológicos; algumas doutrinas fluem naturalmente de outras doutrinas que já cremos. Por exemplo, muitas das nossas crenças sobre a Trindade não se baseiam em simples textos de prova, mas são reunidas a partir de uma variedade de considerações teológicas (por exemplo, Deus é um, mas Jesus é Deus). Se cremos que a Bíblia é a própria Palavra de Deus, ou seja, que quando a Escritura fala, Deus fala, então segue-se que o conteúdo da Bíblia é verdadeiro. Basta considerar a própria visão de Jesus sobre o Antigo Testamento. Frequentemente Jesus apela às passagens do Antigo Testamento e sempre as reconhece como verdadeiras, nunca as corrigindo, criticando ou apontando inconsistências. De fato, Jesus não apenas se absteve de corrigir as Escrituras, mas também afirmou que as Escrituras ―não podem falhar‖ (João 10.35), e que ―a Palavra de Deus é a verdade‖ (João 17.17). É impensável que Jesus alguma vez tivesse lido uma passagem do Antigo Testamento e declarado: ―Bem, esta passagem está realmente errada‖. A inerrância é contrária ao fenômeno da Bíblia. É aqui que chegamos ao argumento mais comum (e mais relevante) contra a inerrância, a saber, que é contrário não tanto ao que a Bíblia diz, mas ao que a Bíblia faz. Dito de modo diferente, a maioria dos estudiosos rejeita a inerrância porque acreditam que porções da Bíblia estão simplesmente erradas. Tais alegados erros vêm em vários pacotes diferentes. Alguns erros são apenas a Bíblia discordando de si mesma (por exemplo, uma suposta contradição entre os evangelhos); outros erros envolvem o desacordo da Bíblia com algum outro fato supostamente ―bem estabelecido‖ (por exemplo, alguns estudiosos afirmam que Moisés não é o autor do Pentateuco); ou os autores bíblicos apenas poderiam ter afirmado um detalhe histórico errado (por exemplo, a data do censo de Quirino em Lucas 2.2). Ironicamente, no entanto,
  • 19. BIBLIOLOGIA 19 tais argumentos contra a inerrância são frequentemente apresentados como argumentos bíblicos; ou seja, são supostamente derivados de como a Bíblia apresenta a si mesma. Não é necessário dizer que este não é o lugar para resolver todas essas dificuldades da Bíblia. Porém, é importante reconhecer que essas são questões sérias e complexas que não devem ser desprezadas de modo leviano. Por essa razão, os estudiosos evangélicos têm se esforçado diligentemente para demonstrar que existem soluções razoáveis e plausíveis para esses problemas. É claro que tais soluções não serão convincentes para todos. Inevitavelmente, os evangélicos são (e serão) acusados de ignorar a evidência ―clara‖ em favor de compromissos teológicos a priori. Mas tais acusações erram o alvo. Não há nada impróprio em analisar passagens problemáticas à luz da crença na verdade da Escritura; de fato, é assim que Deus deseja que nos aproximemos de todos os problemas da vida. Importância Da Inerrância Quando se trata da importância da crença na veracidade da Bíblia, é difícil superestimar a questão. Se a Bíblia realmente faz afirmações falsas, no mínimo as suas porções equivocadas não podem ser a voz de nosso Senhor. E se a Bíblia é uma mistura de verdade e erro, como identificamos um e outro? Nosso único recurso é confiar em nossa própria opinião sobre tais assuntos, permitindo-nos editar a Bíblia de acordo com algum outro padrão (seja lá qual for). Por fim, somos deixados não com a Palavra de Deus, mas com a nossa palavra: uma Bíblia da nossa própria criação. Se quisermos proclamar com confiança a mensagem da Bíblia a um mundo necessitado — uma mensagem que muitas vezes é recebida com desprezo e ridículo — só podemos fazê-lo se estivermos convencidos de que essa mensagem é, de fato, verdadeira. Portanto, no final, a inerrância prova ser uma questão prática para cada crente. Todas as complexidades e debates à parte, a inerrância oferece o fundamento do por que podemos confiar e obedecer a Palavra de Deus: ela é uma rocha segura em que os cristãos podem construir suas casas em meio a um mundo hostil (Mateus 7.25). A FORMAÇÃO CANÔNICA DA BIBLIA As Escrituras sendo um livro escrito e coligido ao longo de quase dois mil anos, sem que cada autor estivesse consciente de como sua contribuição, i.e., como seu "capítulo" se enquadraria no plano global. Cada contribuição profética era entregue ao povo de
  • 20. BIBLIOLOGIA 20 Deus simplesmente com base no fato de que Deus havia falado a esse povo mediante o profeta. De que maneira a mensagem se encaixaria na história total era algo que o profeta desconhecia inteiramente, e até mesmo para os crentes que de início ouviam, liam e reconheciam a mensagem. Somente a consciência dos cristãos, capazes de refletir nisso, em época posterior, é que poderia perceber a mão de Deus movimentando cada autor, mão que também moveria a cada um para produzir uma história global sobre a redenção de que só Deus mesmo poderia ser o autor. Nem os profetas que compuseram os livros, nem o povo de Deus que veio coligindo esses livros tiveram consciência de estar edificando a unidade global dentro da qual cada livro desempenharia uma função. Os três passos mais importantes no processo de canonização Há três elementos básicos no processo genérico de canonização da Bíblia: a inspiração de Deus, o reconhecimento da inspiração pelo povo de Deus e a coleção dos livros inspirados pelo povo de Deus. Um breve estudo de cada elemento mostrará que o primeiro passo na canonização da Bíblia (a inspiração de Deus) cabia ao próprio Deus. Os dois passos seguintes (reconhecimento e preservação desses livros), Deus os incumbiria a seu povo. Inspiração de Deus. Foi Deus quem deu o primeiro passo no processo de canonização, quando de início inspirou o texto. Assim, a razão mais fundamental por que existem 39 livros no Antigo Testamento é que só esses livros, nesse número exato, é que foram inspirados por Deus. É evidente que o povo de Deus não teria como reconhecer a autoridade divina num livro, se ele não fosse revestido de nenhuma autoridade. Reconhecimento por parte do povo de Deus. Uma vez que Deus houvesse autorizado e autenticado um documento, os homens de Deus o reconheciam. Esse reconhecimento ocorria de imediato, por parte da comunidade a que o documento fora destinado originariamente. A partir do momento que o livro fosse copiado e circulado, com credenciais da comunidade de crentes, passava a pertencer ao cânon. A igreja universal, mais tarde, viria a aceitar esse livro em seu cânon cristão. Os escritos de Moisés foram aceitos e reconhecidos em seus dias (Êx 24.3), como também os de Josué (Js 24.26), os de Samuel (1Sm 10.25) e os de Jeremias (Dn 9.2). Esse reconhecimento seria confirmado também pelos crentes do Novo Testamento, e principalmente por Jesus.
  • 21. BIBLIOLOGIA 21 Coleção e preservação pelo povo de Deus. O povo de Deus entesourava a Palavra de Deus. Os escritos de Moisés eram preservados na arca (Dt 31.26). As palavras de Samuel foram colocadas "num livro, e o pôs perante o Senhor" (1Sm 10.25). A lei de Moisés foi preservada no templo nos dias de Josias (2Rs 23.24). Daniel tinha uma coleção dos "livros" nos quais se encontravam "a lei de Moisés" e "os profetas" (Dn 9.2,6,13). Esdras possuía cópias da lei de Moisés e dos profetas (Ne 9,14,26-30). Os crentes do Novo Testamento possuíam todas as "Escrituras" do Antigo Testamento (2Tm 3.16), tanto a lei como os profetas (Mt 5.17). A evidência da coleção progressiva dos livros proféticos. Desde o início, os escritos proféticos foram reunidos pelo povo de Deus e reverenciados Como escritos sagrados, autorizados, de inspiração divina. As leis de Moisés foram preservadas ao lado da arca no tabernáculo de Deus (Dt 31.24-26) e, mais tarde, no templo (2Rs 22.8). Josué acrescentou suas palavras "no livro da lei de Deus. Então tomou uma grande pedra, e a erigiu ali [...] junto ao santuário do Senhor" (Js 24.26). Samuel informou os israelitas a respeito dos deveres de seu rei "e escreveu-o num livro, e o pôs perante o Senhor" (1Sm 10.25). A evidência da continuidade profética. Houve, pois, uma coleção crescente de escritos proféticos: o Antigo Testamento em formação. Cada profeta que surgia ligava sua história aos elos da história existente, narrada pelos seus predecessores, formando uma corrente contínua de livros. Visto que o último capítulo de Deuteronômio não se apresenta como profecia, entendemos que Moisés não escreveu a respeito de seu próprio sepultamento. É provável que Josué, seu sucessor nomeado por Deus, tenha registrado a morte de Moisés (Dt 34). O primeiro versículo de Josué está ligado a Deuteronômio: "Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, disse o Senhor a Josué, filho de Num...". Josué acrescentou algum texto ao de Moisés e colocou-o no tabernáculo (Js 24.26). Juízes retoma o texto no final de Josué, dizendo: "Depois da morte de Josué, os filhos de Israel perguntaram ao Senhor...". Todavia, o registro não ficou completo senão nos dias de Samuel. Isso se demonstra repetidamente pela declaração: "Naqueles dias não havia rei em Israel" (Jz 17.6; 18.1; 19.1; 21.25). A essa altura, a continuidade profética se estabeleceu mediante uma escola dirigida por Samuel (1Sm
  • 22. BIBLIOLOGIA 22 19.20). Dessa escola haveria de surgir uma série de livros proféticos que cobririam toda a história dos reis de Israel e de Judá, como a amostragem seguinte nos ilustra: 1. A história de Davi foi escrita por Samuel (cf. 1Sm), por Nata e por Gade (1Cr 29.29). 2. A história de Salomão foi registrada pelos profetas Nata, Aías e Ido (2Cr 9.29). 3. Os atos de Roboão foram escritos por Semaías e por Ido (2Cr 12.15) 4. A história de Abias foi acrescentada pelo profeta Ido (2Cr 13.22). 5. A história do reinado de Josafá foi registrada pelo profeta Jeú (2Cr 20.34). 6. A história do reinado de Ezequias foi registrada por Isaías (2Cr 32.32). 7. A história do reinado de Manasses foi registrada por profetas anônimos (2Cr 33.19). 8.Os demais reis também tiveram suas histórias narradas pelos profetas (2Cr 35.27). O DESENVOLVIMENTO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO A história do cânon do Novo Testamento difere da do Antigo em vários aspectos. Em primeiro lugar, visto que o cristianismo foi desde o começo religião internacional, não havia comunidade profética fechada que recebesse os livros inspirados e os coligisse em determinado lugar. Faziam-se coleções aqui e ali, que se iam completando, logo no início da igreja; não há notícia, todavia, da existência oficial de Uma entidade que controlasse os escritos inspirados. Por isso, o processo mediante o qual todos os escritos apostólicos se tornassem universalmente aceitos levou muitos séculos. Felizmente, dada a disponibilidade de textos, há mais manuscritos do cânon do Novo Testamento que do Antigo. Outra diferença entre a história do cânon do Antigo Testamento, em comparação com a do Novo, é que a partir do momento em que as discussões resultaram no reconhecimento dos 27 livros canônicos do Novo Testamento, não mais houve movimentos dentro do cristianismo no sentido de acrescentar ou eliminar livros. O cânon do Novo Testamento encontrou acordo geral no seio da igreja universal. Os estímulos para que se coligissem oficialmente os livros: O estímulo eclesiástico à lista dos canônicos
  • 23. BIBLIOLOGIA 23 A igreja primitiva tinha necessidades internas e externas que exigiam o reconhecimento dos livros canônicos. Internamente havia a necessidade de saber que livros deveriam ser lidos nas igrejas, de acordo com prática prescrita pelos apóstolos para a igreja do Novo Testamento (1Ts 5.27). Do lado de fora da igreja estava a necessidade de saber que livros deveriam ser traduzidos para as línguas estrangeiras das pessoas convertidas. O estímulo teológico à lista dos canônicos Outro fator dentro do cristianismo primitivo estava exigindo um pronunciamento oficial da igreja a respeito do cânon. Visto que toda a Escritura era proveitosa para a doutrina (2Tm 3.16,17), tornou-se cada vez mais necessário definir os limites do legado doutrinário apostólico, necessidade de saber que livros deveriam ser usados para ensinar a doutrina. Quando o herege Marcião publicou uma lista muitíssimo abreviada dos livros canônicos (c. 140), abarcando apenas o evangelho de Lucas e dez das cartas de Paulo (com a omissão de 1 e 2Timóteo e de Tito), tornou-se premente a necessidade de uma lista completa dos livros canônicos. O estímulo político à lista dos canônicos As forças que pressionavam a canonização culminaram na pressão política que passou a influir na igreja primitiva. As perseguições de Diocleciano (c. 302-305) representaram um forte motivo para a igreja definir de vez a lista dos livros canônicos. De acordo com o historiador cristão Eusébio, houve um edito imperial da parte de Diocleciano, de 303, ordenando que "as Escrituras fossem destruídas pelo fogo". Não deixa de ser irônico que 25 anos antes o imperador Constantino se "convertera" ao cristianismo e dera ordem a Eusébio para que se preparassem se distribuíssem cinquenta exemplares da Bíblia. A perseguição motivou um exame sério da questão dos livros canônicos: quais eram realmente canônicos e deveriam ser preservados? O pedido de Constantino também tornou necessária a criação da lista de livros canônicos. Em suma, existem muitas evidências de que no seio da igreja do século I havia um processo seletivo em operação. Toda e qualquer palavra a respeito de Cristo, fosse oral, fosse escrita, era submetida ao ensino apostólico, dotado de toda autoridade. A circulação e a compilação dos livros. Já havia nos tempos do Novo Testamento algo parecido com uma declaração de cânon das Sagradas Escrituras, aprovada
  • 24. BIBLIOLOGIA 24 tacitamente, circulando pelas igrejas. De início nenhuma igreja detinha todas as cartas apostólicas, mas a coleção foi crescendo à medida que se faziam cópias autenticadas pela assinatura dos apóstolos ou de seus emissários. Não há dúvidas de que as primeiras cópias das Escrituras surgiram dessa prática de fazer que circulassem. À medida que as igrejas foram crescendo, a necessidade de novas cópias foi-se tornando cada vez maior, pois mais e mais congregações desejavam ter sua compilação para as leituras regulares e para os estudos, ao lado das Escrituras do Antigo Testamento. O testemunho dos pais da Igreja sobre o cânon Logo após a primeira geração, passada a era apostólica, todos os livros do Novo Testamento haviam sido citados como dotados de autoridade por algum pai da igreja. Por sinal, dentro de duzentos anos depois do século I, quase todos os versículos do Novo Testamento haviam sido citados em um ou mais das mais de 36 mil citações dos pais da igreja. Pode se dizer que apenas os 27 livros do Novo Testamento se mostram pertencentes àquele testemunho apostólico original e fundamental. Estes demonstraram ser a Palavra de Deus para a igreja universal em todas as gerações. Aqui estão as pastagens às quais as ovelhas de Cristo afluem de modo contínuo para ouvir a voz de seu Pastor e segui-lo. As Escrituras como a conhecemos hoje é por certo um texto inspirado por Deus e apta a ser crida e ensinada no seio da Igreja. QUESTIONÁRIO 1) O que é Bibliologia? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 2) Quais eram os materiais da escrita?
  • 25. BIBLIOLOGIA 25 ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 3) Quais são as Teorias de Inspiração, e qual é reconhecido pela Igreja? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 4) Dê uma definição de Inerrância. ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 5) Quais são os três passos mais importantes no processo de canonização? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Bibliografia recomendada: BRUCE, F F O Cânon das Escrituras. Ed HAGNOS, 2011. COSTA, Herminsten M. Pereira da. A Inspiração e Inerrância das Escrituras. 1ª Edição . São Paulo. Editora Cultura Cristã, 1998. 174 paginas. GEISLER, Norman/ William Nix. Introdução Biblica. 4ª Edição . São Paulo. Editora Vida, 1997. GUNDRY, R. H. Panorama do Novo Testamento. Trad. João Marques Bentes. 4.ed. São Paulo: Fé, 1987. HARRIS, R. LAIRD. Curso Vida Nova de Teologia básica - Vol. 1 ed Vida Nova. OSBORNE, GRANT R.. 3 perguntas cruciais sobre a Bíblia. Ed Vida Nova. TIMOTHY WARD. Teologia da revelação. Ed Vida Nova. VANHOOZER, Kevin J. Autoridade bíblica pós-reforma. Ed Vida Nova. WAYNE GRUDEM; C. JOHN COLLINS; THOMAS R. SCHREINER. Origem, confiabilidade e significado da Bíblia; ed Vida Nova.