SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 18
Baixar para ler offline
Cap´ıtulo 6
Autovalores e Autovetores
6.1 Introdu¸c˜ao
Neste cap´ıtulo, apresentaremos alguns dos m´etodos utilizados para a solu¸c˜ao do problema do
autovalor, i.e., o sistema de n equa¸c˜oes lineares
Ax = λx (6.1)
para o qual procuramos um vetor solu¸c˜ao x tal que xi = 0 para pelo menos algum i, ou seja, uma
solu¸c˜ao n˜ao-trivial. Para que tal seja poss´ıvel, ´e necess´ario que
det(A − λI) = 0 (6.2)
a qual ´e uma equa¸c˜ao polinomial de grau n na vari´avel λ, chamada de equa¸c˜ao caracter´ıstica de
A; o polinˆomio det(A − λI) ´e chamado de polinˆomio caracter´ıstico de A.
As n ra´ızes de (6.2) s˜ao chamadas de autovalores, ra´ızes latentes ou valores caracter´ısticos de
A. A cada raiz λ corresponde um vetor x ∈ ICn
= 0 que satisfaz a equa¸c˜ao (6.1), o qual ´e chamado
de autovetor, vetor latente ou vetor caracter´ıstico de A. Note que, se x ´e um autovetor de A, ent˜ao
kx, onde k ∈ IR, tamb´em ´e, pois
Akx = kAx = λkx = kλx.
Costumeiramente os autovetores s˜ao normalizados, i.e. || x || = 1 em alguma norma escolhida (o
que pode ser feito pela rela¸c˜ao acima).
Se todas as ra´ızes de (6.2) s˜ao distintas entre si, ent˜ao isso implica em que a matriz A apresenta
um conjunto completo de autovetores linearmente independentes (L.I.). No entanto, mesmo para
casos em que os autovalores n˜ao s˜ao todos distintos, podemos encontrar um conjunto completo de
autovetores L.I.
Podemos tamb´em calcular os autovalores da matriz inversa de A, A−1
, a partir dos autovalores
de A. Se multiplicarmos a equa¸c˜ao (6.1) `a esquerda por A−1
, temos
x = λA−1
x
ou
A−1
x =
1
λ
x. (6.3)
Essa ´ultima equa¸c˜ao nos diz que 1
λ ´e autovalor de A−1
, onde λ ´e um autovalor de A, com o
autovetor x correspondente.
Problemas envolvendo autovalores e autovetores surgem em in´umeras aplica¸c˜oes, como pode-
mos ver nos exemplos que seguem, conforme apresentados em [6].
110
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Exemplo 6.1 O estudo das vibra¸c˜oes de sistemas dinˆamicos e de estruturas requer a solu¸c˜ao de
problemas de autovalores e autovetores. Considere, apenas para fins de explana¸c˜ao, o problema
de se determinar as vibra¸c˜oes de pequenas part´ıculas presas por um fio uniforme, sem peso, ao
qual ´e aplicada uma for¸ca
−→
F nas extremidades (cf. a figura 6.1) e no qual desconsidera-se a a¸c˜ao
da gravidade. As part´ıculas encontram-se a distˆancias iguais entre si e as vibra¸c˜oes das mesmas
s˜ao consideradas pequenas e perpendiculares `a posi¸c˜ao de descanso do fio. Escrevendo as equa¸c˜oes
Figura 6.1: O problema das vibra¸c˜oes.
diferenciais para as for¸cas atuantes em cada part´ıcula, temos:
m1
d2
x1
dt2
= −F
x1
h
+ F
x2 − x1
h
m2
d2
x2
dt2
= −F
x2 − x1
h
+ F
x3 − x2
h
m3
d2
x3
dt2
= −F
x3 − x2
h
− F
x3 − x4
h
m4
d2
x4
dt2
= +F
x3 − x4
h
− F
x4
h
Introduzindo a nota¸c˜ao
x = (x1, x2, x3, x4)T
di =
mih
F
, i = 1, 2, 3, 4
podemos escrever o sistema de equa¸c˜oes diferenciais acima na forma matricial
D
d2
x
dt2
= T x (6.4)
onde D ´e a matriz diagonal
D =




d1
d2
d3
d4




e T ´e a matriz tridiagonal
T =




−2 1 0 0
1 −2 1 0
0 1 −2 1
0 0 1 −2



 .
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 111
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Quando as part´ıculas vibram em fase ou em dire¸c˜oes opostas, i.e., em modo normal, ent˜ao a
condi¸c˜ao
d2
x
dt2
= −w2
x, w ∈ IR (6.5)
´e satisfeita. Substituindo a equa¸c˜ao (6.5) em (6.4), obtemos o problema de autovalor
Dw2
i xi = −T xi, i = 1, 2, 3, 4 (6.6)
para as freq¨uˆencias de vibra¸c˜ao w1, w2, w3 e w4 e os modos normais correspondentes, i.e., os
autovetores x1, x2, x3 e x4.
Aparentemente, se isolarmos x no lado direito da equa¸c˜ao (6.6), obter´ıamos o que se chama
de problema generalizado do autovalor, cuja forma geral ´e
(A − λB)x = 0
onde A e B s˜ao matrizes de ordem n. Por´em, se introduzirmos o vetor
y = D1/2
x
o que ´e poss´ıvel, j´a que os elementos da diagonal de D s˜ao positivos, por defini¸c˜ao, ent˜ao podemos
escrever (6.6) como
D−1/2
T D−1/2
yi = −w2
i yi
o qual recai na forma 6.1.
Exemplo 6.2 A teoria de Leontief sobre a compra e a venda de produtos ´e muito utilizada no
campo de estudo da macroeconomia; como exemplo, consideramos as vendas e compras de produtos
num setor industrial.
Seja bij as vendas da ind´ustria i para a ind´ustria j; bii representa os bens produzidos pela
ind´ustria i e retidos por ela pr´opria. As vendas de bens da ind´ustria i para o mercado ´e denotada
por yi e o total de bens produzidos por xi. Ent˜ao,
xi = yi +
j
bij (6.7)
A fim de definirmos bij, assume-se que as vendas da ind´ustria i para a j est˜ao em propor¸c˜ao
constante `a produ¸c˜ao da ind´ustria j, i.e.
bij = aijxj
onde aij s˜ao ditos coeficientes de entrada. Em uma situa¸c˜ao est´atica, podemos escrever, a partir
de (6.7),
x = y + Ax (6.8)
onde x = (x1, x2, . . . , xn)T
e y = (y1, y2, . . . , yn)T
e A ´e matriz de ordem n cujos elementos (i, j)
s˜ao os coeficientes de entrada aij. Ora, a equa¸c˜ao (6.8) pode ser reescrita como
(I − A)x = y (6.9)
onde I − A ´e chamada de matriz de Leontief. A equa¸c˜ao (6.9) pode ser resolvida calculando-
se os autovalores e autovetores de A. Sua utilidade reside no fato de que, com ela, ´e poss´ıvel
determinar-se a quantidade de bens produzidos (x) necess´arios para satisfazer a uma demanda
final (y), pr´e-estabelecida.
Se a produ¸c˜ao e a demanda n˜ao se encontram em equil´ıbrio, ent˜ao devemos considerar um
modelo dinˆamico, que leve em considera¸c˜ao a taxa de varia¸c˜ao da produ¸c˜ao. Nesse caso, usual-
mente considera-se que a produ¸c˜ao em cada ind´ustria varia a uma taxa proporcional `a diferen¸ca
entre os n´ıveis de venda e de produ¸c˜ao. Da´ı,
dx(t)
dt
= D ((A − I)x(t) + y(t)) (6.10)
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 112
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
onde D ´e uma matriz diagonal de ordem n, cujos elementos dii representam os coeficientes de
rea¸c˜ao das ind´ustrias.
A equa¸c˜ao (6.10) substitui nesse caso a equa¸c˜ao (6.8) e representa o comportamento dinˆamico
do sistema econˆomico em estudo. Uma das quest˜oes a serem estudadas, nesse caso, ´e se o sistema
´e est´avel, determinando-se os autovalores e autovetores da matriz D(A − I). Particularmente,
procura-se determinar se esses autovalores tem parte real positiva pois, como as solu¸c˜oes do
sistema de equa¸c˜oes diferenciais (6.10) s˜ao da forma eλit
, isso indicaria uma instabilidade, j´a
que a demanda x(t) cresceria exponencialmente com o tempo.
A seguir, apresentaremos dois importantes teoremas, os quais nos permitir˜ao desenvolver
t´ecnicas de determina¸c˜ao de autovalores e autovetores para um tipo espec´ıfico de matrizes.
6.2 Teoremas de limites sobre autovalores
Teorema 6.2.1 Discos de Gerschgorin: Seja A uma matriz de ordem n, e di, i = 1, 2, . . ., n
os discos cujos centros s˜ao os elementos aii e cujos raios ri s˜ao dados por
ri =
n
j=1
j=i
|aij|, i = 1, 2, . . . , n.
Seja D a uni˜ao de todos os discos di. Ent˜ao, todos os autovalores de A encontram-se contidos em
D.
Prova: Seja λ um autovalor de A e x um autovetor correspondente, tal que maxi | xi | = 1. Ent˜ao,
λx = Ax
de onde
(λ − aii)xi =
n
j=1
j=i
aijxj, i = 1, 2, . . . n
Supondo que | xk | = 1, ent˜ao
| λ − akk | ≤
n
j=1
j=i
| akj || xj |
≤
n
j=1
j=i
| akj | = rk
i.e., o autovalor λ est´a contido no disco dk e, como λ ´e arbitr´ario, ent˜ao todos os autovalores de A
devem estar contidos na uni˜ao de todos os discos, D. ♦
O exemplo a seguir apresenta uma aplica¸c˜ao do teorema 6.2.1.
Exemplo 6.3 A matriz
A =


−1 0 −1
−1 4 −1
−1 −2 10


tem como seus autovalores λ1 = 10, 3863, λ2 = 3, 8037 e λ3 = 0, 8100. Calculando os discos de
Gerschgorin, temos:
d1 = |z − 1| < |0| + | − 1| = 1
d2 = |z − 4| < | − 1| + | − 1| = 2
d3 = |z − 10| < | − 1| + | − 2| = 3
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 113
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Como todos os autovalores de A s˜ao reais, e observando (veja a figura 6.2) que em cada disco
devemos ter um autovalor, podemos dizer que:
• existe um autovalor, λ1, que est´a dentro do disco centrado em 10 e raio 3 e, de fato, 7 <
10, 3863 < 13;
• existe um autovalor, λ2, que est´a dentro do disco centrado em 4 e raio 2 e, realmente,
2 < 3, 8037 < 6;
• existe um autovalor, λ3, que est´a dentro do disco centrado em 1 e raio 1 e, com efeito,
0 < 0, 81 < 2;
A figura 6.2 ilustra esse resultado.
Figura 6.2: Discos de Gerschgorin
Uma conseq¨uˆencia do teorema de Gerschgorin ´e a determina¸c˜ao do maior disco que cont´em
todos os autovalores de A. Podemos obter, a partir dos discos, os extremos ao longo do eixo dos
n´umeros reais, i.e. o intervalo [α, ω] tal que
α = min
i
{aii − ri}, ω = max
i
{aii + ri}, i = 1, 2, . . ., n (6.11)
e o maior disco ´e justamente aquele com centro (α + ω)/2 e raio (α + ω)/2. No caso em que todos
os autovalores s˜ao reais, basta ent˜ao considerar o intervalo [α, ω].
Teorema 6.2.2 Maior e menor autovalor: Seja A uma matriz real sim´etrica de ordem n, e
x ∈ IC um vetor arbitr´ario. Ent˜ao,
λ1 = max
x=0
xT
Ax
xT x
, λn = min
x=0
xT
Ax
xT x
onde os autovalores s˜ao ordenados tais que λ1 ≥ λ2 ≥ . . . ≥ λn.
A raz˜ao
xT
Ax
xT x
, x = 0 (6.12)
´e chamada de quociente de Rayleigh correspondente a x e, juntamente com o teorema 6.2.2, nos
permitir´a estimar de forma bastante r´apida um autovalor de uma matriz sim´etrica, conforme
veremos na se¸c˜ao 6.5.
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 114
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
6.3 C´alculo de autovalores e autovetores via determinantes
J´a vimos que, por defini¸c˜ao, os autovalores de uma matriz A s˜ao as ra´ızes do polinˆomio caracte-
r´ıstico de A. Evidentemente, para matrizes de ordem n > 4, n˜ao ´e aconselh´avel que se utilize a
equa¸c˜ao (6.2) para se obter o polinˆomio caracter´ıstico, por duas raz˜oes:
1. o c´alculo de determinantes de ordem superior a 4 envolve consider´avel custo computacional;
2. o polinˆomio caracter´ıstico de uma matriz grande pode ser inst´avel numericamente.
No entanto, algumas aplica¸c˜oes de engenharia, f´ısica e outros campos do conhecimento envolvem
a determina¸c˜ao de autovalores de matrizes de ordem n = 2 ou n = 3 e, nesse caso, ´e poss´ıvel obter-
se os autovalores extraindo as ra´ızes do polinˆomio caracter´ıstico, conforme mostra o exemplo a
seguir.
Exemplo 6.4 Seja a matriz
2 5
3 −4
.
O seu polinˆomio caracter´ıstico ´e
p(λ) = det(A − λI) =
2 − λ 5
3 −4 − λ
= (2 − λ)(−4 − λ) − 15
ou p(λ) = λ2
+ 2λ − 23, cujas ra´ızes s˜ao λ1 = 3, 8990 e λ2 = −5, 8990.
Para se determinar os autovetores, utiliza-se a equa¸c˜ao (6.1) para cada autovalor λi, na forma
(A − λiI)xi = 0, como segue:
Exemplo 6.5 Calcule os autovetores do exemplo 6.4.
Solu¸c˜ao: Para o autovalor λ1 = 3, 8990, escrevemos
(A − 3, 8990I)x1 = 0
7, 8990 5
3 1, 8990
(x1)1
(x1)2
=
0
0
de onde obtemos
x1 =
k
−1, 5798k
, k = 0
O autovetor correspondente a λ2 = −5, 8990 ´e obtido de forma similar:
(A + 5, 8990I)x1 = 0
−1, 8990 5
3 −7, 8990
(x2)1
(x2)2
=
0
0
de onde obtemos
x2 =
k
0, 3798k
, k = 0
Computacionalmente, no entanto, podemos estimar o autovetor correspondente a um autovalor
utilizando os m´etodos da potˆencia com transla¸c˜ao da origem (se¸c˜ao 6.5.2) ou da itera¸c˜ao inversa
com transla¸c˜ao da origem (se¸c˜ao 6.5.3).
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 115
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
6.4 Autovalores de uma matriz tridiagonal sim´etrica
Em muitas aplica¸c˜oes surgem matrizes tridiagonais sim´etricas, das quais necessitamos extrair
autovalores e/ou autovetores. Por exemplo, ao aproximarmos a equa¸c˜ao diferencial parcial
∂u
∂t
=
∂2
u
∂x2
por diferen¸cas finitas, obtemos uma matriz




−2 1 0 0
1 −2 1 0
0 1 −2 1
0 0 1 −2




a qual apresenta aquela caracter´ıstica.
De forma geral, consideramos uma matriz T de ordem n,
T =









a1 b1 0 . . . 0
b1 a2
...
...
...
0
...
...
... 0
...
...
...
... bn−1
0 . . . 0 bn−1 an









(6.13)
e chamamos de Tr a matriz principal de ordem r de T , i.e.
T1 = a1 , T2 =
a1 b1
b1 a2
, T3 =


a1 b1 0
b1 a2 b2
0 b2 a3

 , . . .
Escrevendo as equa¸c˜oes caracter´ısticas p1(λ), p2(λ) e p3(λ) das matrizes T1, T2 e T3, obtemos:
p1(λ) = det(T1 − λI) = a1 − λ (6.14)
p2(λ) = det(T2 − λI) = (a2 − λ)(a1 − λ) − b2
1 = (a2 − λ)p1(λ) − b2
1 (6.15)
p3(λ) = det(T3 − λI) = (a3 − λ) (a2 − λ)(a1 − λ) − b2
1(a3 − λ) − b2
2(a1 − λ) =
= (a3 − λ)p2(λ) − b2
2p1(λ) (6.16)
de onde podemos escrever, generalizando para r,
pr(λ) = (ar − λ)pr−1(λ) − b2
r−1pr−2(λ), r = 2, 3, . . ., n, p0(λ) = 1, (6.17)
A equa¸c˜ao (6.17) nos permite avaliar o polinˆomio caracter´ıstico da matriz T de forma bastante
eficiente; no entanto, estamos preocupados em obter os autovalores de T , ou as ra´ızes de pn. O
teorema a seguir nos permitir´a escrever um algoritmo bastante eficiente para se extrair alguns ou
todos os autovalores de T .
Teorema 6.4.1 Seq¨uˆencia de Sturm: Se a matriz tridiagonal (6.13) ´e n˜ao-reduz´ıvel 1
, ent˜ao
os r − 1 autovalores µ da matriz Tr−1 separam estritamente os r autovalores λ da matriz Tr:
λr < µr−1 < λr−1 < µr−2 < · · · < λ2 < µ1 < λ1.
Mais ainda, se s(λ) representa o n´umero de trocas de sinal na seq¨uˆencia
{p0(λ), p1(λ), . . . , pn(λ)}
ent˜ao s(λ) ´e igual ao n´umero de autovalores de T menores do que λ, onde pr(λ) ´e dado por (6.17)
e assume-se que pr(λ) tem o sinal oposto de pr−1(λ) se pr(λ) = 0.
1Uma matriz A ´e dita n˜ao-reduz´ıvel se os elementos da diagonal da matriz triangular superior R, resultante de
sua fatora¸c˜ao no produto QR, s˜ao todos n˜ao-nulos, onde Q ´e uma matriz ortogonal (i.e. QT Q = I).
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 116
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
O teorema 6.4.1 ´e extremamente importante: ele nos diz que, se tivermos os n autovalores µ
de uma matriz triadiagonal Tn (de ordem n), ent˜ao entre cada par de autovalores consecutivos
µ (com exce¸c˜ao do menor e do maior), existe um e apenas um autovalor λ da matriz tridiagonal
Tn+1 (de ordem n + 1), obtida acrescentando-se uma linha e uma coluna `a matriz Tn. Devido `a
essa caracter´ıstica, podemos utilizar o algoritmo da bissec¸c˜ao (ver algoritmo 2.2.1), juntamente
com a equa¸c˜ao (6.17), para obtermos rapidamente, e com seguran¸ca, um autovalor de Tn+1, `a
partir de um intervalo que ´e um par de autovalores consecutivos de Tn.
Para obter-se o menor e o maior autovalores de Tn+1, utilizamos o teorema de Gerschgorin -
mais especificamente, calculamos o maior intervalo que engloba todos os autovalores, com a equa-
¸c˜ao (6.11). Assim, o menor autovalor ´e calculado usando-se como estimativa inicial para o m´etodo
da bissec¸c˜ao o intervalo [α, µr−1]; para o maior autovalor, utiliza-se o intervalo [µ1, ω].
Os algoritmos 6.4.1, 6.4.2 e 6.4.3 combinam as id´eias apresentadas acima. Da maneira como o
algoritmo 6.4.3 ´e apresentado, todos os autovalores s˜ao obtidos; no entanto, simples modifica¸c˜oes
do mesmo nos permitem obter apenas alguns autovalores (por exemplo, o maior e o menor, ou os
dois maiores, etc.).
O exemplo 6.6 demonstra uma situa¸c˜ao t´ıpica, resolvido utilizando-se esses algoritmos.
Algoritmo 6.4.1 Avalia polinˆomio caracter´ıstico de uma matriz
tridiagonal sim´etrica
function pol carac trid(input: x, a, b; output: p)
% a e b s˜ao os vetores contendo os elementos da
% diagonal e subdiagonal, respectivamente,
% da matriz tridiagonal
p0 ← 1
p1 ← a1 − x
p ← p1
for r ← 2, 3, . . . , n do
p ← (ar − x)p1 − b2
r−1p0
p0 ← p1
p1 ← p
endfor
endfunction
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 117
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Algoritmo 6.4.2 M´etodo da bissec¸c˜ao com polinˆomio caracte-
r´ıstico
proc bissec¸c˜ao trid(input: a, b, α, β, kmax, δ, ; output: χ)
% a e b s˜ao os vetores contendo os elementos da
% diagonal e subdiagonal, respectivamente,
% da matriz tridiagonal
u ← pol carac trid(α, a, b)
v ← pol carac trid(β, a, b)
e ← β − α
if (sign(u) = sign(v)) then
“n˜ao pode proceder”
else
k ← 1
w ← 1
while ((k ≤ kmax) AND (| e | ≥ δ) AND (| w | ≥ ))
e ← e/2
χ ← α + e
w ← pol carac trid(χ, a, b)
if (sign(w) = sign(u)) then
β ← χ
v ← w
else
α ← χ
u ← w
endif
k ← k + 1
endwhile
endif
endproc
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 118
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Algoritmo 6.4.3 Autovalores de uma matriz tridiagonal
sim´etrica
proc autovalores tridiagonal(input: a, b, n; output: λ)
% Calcula os raios dos discos de Gerschgorin, cada qual com centro a(i)
r1 ← | b1 |
for i ← 2, 3, . . ., n − 1 do
ri ← | bi−1 | + | bi |
endfor
rn ← | bn−1 |
% Calcula o intervalo [α, ω] na reta dos reais
% contendo os autovalores
α ← minn
i=1(ai − ri)
ω ← maxn
i=1(ai + ri)
% Calcula os autovalores, iniciando com o autovalor
% de T1 = [a1], µ = a1
µ1 = a1
for i ← 2, 3, . . ., n do
% Calcula os autovalores de Ti
% a. entre α e µ1
call bissec¸c˜ao trid(a, b, α, µ1, kmax, δ, , λ1)
% b. autovalores entre µ1 e µi−1
for j ← 1, 2, . . . , i − 2 do
call bissec¸c˜ao trid(a, b, µj, µj+1, kmax, δ, , λj+1)
endfor
% c. entre µi−1 e ω
call bissec¸c˜ao trid(a, b, µi−1, ω, kmax, δ, , λ1)
µ ← λ
endfor
λ ← µ
endproc
Exemplo 6.6 Seja a matriz tridiagonal
T =




2 −1
−1 2 −1
−1 2 −1
−1 2




a qual pode ser representada de forma compacta atrav´es dos vetores
a = (2, 2, 2, 2)T
e b = (−1, −1, −1)T
Para se obter os autovalores de T , iniciamos com a matriz
T1 = a1 = 2
a qual tem como seu ´unico autovalor µ1 = a1 = 2. Al´em disso, calculamos os extremos do intervalo
de Gerschgorin, α = 0 e ω = 6, atrav´es da equa¸c˜ao (6.11).
Agora, precisamos calcular os dois autovalores λ da matriz
T2 =
a1 b1
b1 a2
=
2 −1
−1 2
os quais, pelos teoremas de Gerschgorin e 6.4.1, satisfazem
α < λ2 < µ1 < λ1 < ω
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 119
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Estipulando-se como tolerˆancias de convergˆencia para o m´etodo da bisse¸c˜ao δ = =
√
ε e um
m´aximo de 200 itera¸c˜oes, λ2 ´e obtido em 2 itera¸c˜oes utilizando-se como intervalo de busca [α, µ1] =
[0, 2], resultando no valor λ2 = 1. O autovalor λ1 tamb´em ´e obtido em 2 itera¸c˜oes, usando-se como
intervalo de busca [µ1, β] = [2, 6], com o qual obt´em-se λ1 = 3.
Antes de procedermos ao c´alculo dos autovalores de T3, fazemos uma c´opia dos λ, armazenando-
os em µ; assim, temos µ1 = 3 e µ2 = 1.
Procedemos, ent˜ao, com o c´alculo dos autovalores λ de T3; para tanto, utilizamos os intervalos
de busca
• [α, µ2] = [0, 1] para calcular o autovalor λ3;
• [µ2, µ1] = [1, 3] para calcular o autovalor λ2;
• [µ1, ω] = [3, 6] para calcular o autovalor λ1.
Os autovalores λ3, λ2 e λ1 s˜ao ent˜ao obtidos com o m´etodo da bissec¸c˜ao, utilizando-se as mesmas
tolerˆancias especificadas anteriormente, resultando em λ3 = 0, 5858, λ2 = 2 e λ1 = 3, 4142, obtidos
em 27, 2 e 27 itera¸c˜oes respectivamente.
Finalmente, basta calcularmos os autovalores de T4. Procedendo de forma similar, fazemos
µ3 = 0, 5858, µ2 = 2 e µ1 = 3, 4142 e estipulamos os intervalos de busca
• [α, µ3] = [0, 0, 5858] para calcular o autovalor λ4;
• [µ3, µ2] = [0, 5858, 2] para calcular o autovalor λ3;
• [µ2, µ1] = [2, 3, 4142] para calcular o autovalor λ2;
• [µ1, ω] = [3, 4142, 6] para calcular o autovalor λ1.
de onde, ap´os aplicarmos o algoritmo da bissec¸c˜ao a cada um desses intervalos, obtemos os
autovalores de T4 ≡ T , λ4 = 0, 3820, λ3 = 1, 3820, λ2 = 2, 6180 e λ1 = 3, 6180, ap´os 27 itera¸c˜oes
(para todos os intervalos de busca).
Note que n˜ao se obt´em, com essa t´ecnica, os autovetores correspondentes aos autovalores. Os
m´etodos apresentados na se¸c˜ao a seguir podem ser utilizados para se obter esses autovetores.
6.5 M´etodos para aproxima¸c˜ao de autovalores e autovetores
Em muitas aplica¸c˜oes, n˜ao ´e necess´ario obter-se todos os autovalores; ´e comum desejar-se, por
exemplo, obter apenas o maior autovalor e seu correspondente autovetor. Os m´etodos apresentados
nessa se¸c˜ao s˜ao indicados para o caso em que apenas um dos autovalores (e seu autovetor) necessita
ser calculado. Particularmente, tais m´etodos s˜ao iterativos e apresentam boa eficiˆencia quando a
matriz em estudo ´e grande, esparsa e apresenta uma grande separa¸c˜ao relativa entre o autovalor
desejado e os demais autovalores.
6.5.1 M´etodo da potˆencia
Seja A uma matriz de ordem n com autovalores λi tais que
|λ1| = |λ2| = . . . = |λr| > |λr+1| ≥ . . . ≥ |λn| (6.18)
Nesse caso, diz-se que A apresenta r autovalores dominantes. Por hip´otese, assumimos que existem
n autovetores linearmente independentes xi, de onde qualquer vetor arbitr´ario z0 pode ser expresso
como combina¸c˜ao linear desses autovetores, i.e.
z0 =
n
i=1
αixi (6.19)
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 120
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Considere agora o m´etodo de aproxima¸c˜ao sucessiva
zk = Azk−1, k = 1, 2, . . . (6.20)
onde z0 ´e um valor inicial, dado. Usando as equa¸c˜oes (6.1), (6.19) e escrevendo (6.20) em termos
de z0, temos
zk = Azk−1 = A2
zk−2 = . . . = Ak
z0
=
n
i=1
αiλk
i xi (6.21)
Se pelo menos um dos α1, α2, . . ., αr n˜ao ´e nulo, ent˜ao os termos correspondentes a eles, i.e.
r
i=1 αiλk
i xi ir˜ao dominar o somat´orio da equa¸c˜ao (6.21).
Suponha, por exemplo, que temos um autovalor dominante, λ1, de A. Considerando que
α1 = 0, podemos reescrever (6.21) como
zk = λk
1 α1x1 +
n
i=1
αi
λi
λ1
k
xi
Note agora que, como λ1 > λ2 ≥ . . . ≥ λn, por hip´otese, ent˜ao os termos
λi
λ1
k
tendem a zero `a medida que k cresce. Da´ı, podemos escrever
zk = λk
1(α1x1 + k) (6.22)
onde k ´e um vetor com elementos pr´oximos a zero. O vetor zk tende, ent˜ao, a aproximar o
autovetor n˜ao-normalizado x1. Essa equa¸c˜ao nos permite escrever o assim chamado m´etodo da
potˆencia.
Da equa¸c˜ao (6.22), podemos escrever
zk+1 = λk+1
1 (α1x1 + k+1)
e, dividindo a i-´esima componente da equa¸c˜ao acima pela componente correspondente de (6.22),
obtemos
(zk+1)i
(zk)i
= λ1
α1x1 + k+1
α1x1 + k
→ λ1, quando k → ∞, i = 1, 2, . . . , n (6.23)
onde (zk)i indica o elemento i do vetor zk. A equa¸c˜ao (6.23) nos diz que a taxa de convergˆencia
do m´etodo depende n˜ao s´o das constantes αi, mas principalmente das fra¸c˜oes
λ2
λ1
,
λ3
λ1
, . . . ,
λn
λ1
.
Quanto menores forem esses fra¸c˜oes, mais r´apida ´e a convergˆencia; por isso diz-se que o m´etodo
da potˆencia ´e eficiente – converge rapidamente para um autovalor – desde que este autovalor seja
dominante, i.e., relativamente distante dos demais.
De posse das equa¸c˜oes (6.20) e (6.23), podemos escrever um algoritmo para o m´etodo da
potˆencia. Uma quest˜ao que se coloca ´e: quais valores iniciais, λ0 e z0, devemos utilizar para o
autovalor dominante e seu autovetor? Para z0, consideraremos um vetor arbitr´ario, o qual ser´a
normalizado antes de se iniciar as itera¸c˜oes. Com essa escolha, valemo-nos da equa¸c˜ao (6.1) e
escrevemos
Az0 = λ0z0
... || z0 || = 1 ...
zT
0 Az0 = zT
0 λ0z0 = λ0(zT
0 z0) = λ0
Aplica-se, ent˜ao, repetidamente a equa¸c˜ao (6.20), normalizando o vetor zk a cada itera¸c˜ao, conforme
mostrado no algoritmo 6.5.1. O exemplo 6.7 mostra o funcionamento do m´etodo.
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 121
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Algoritmo 6.5.1 M´etodo da potˆencia
proc potencia(input: A, z0, , kmax; output: λk, zk)
z0 ← z0/|| z0 ||
λ0 ← zT
0 Az0
for k = 1, 2, . . ., kmax do
q ← Azk−1
zk ← q/|| q ||
λk ← zT
k Azk
if | λk − λk−1 | < then
break
endif
endfor
endproc
Exemplo 6.7 Seja a matriz
A =


8 1 2
−1 5 1
0 1 90

 ,
a qual tem como autovalores e respectivos autovetores,
λ1 = 90, 0115, λ2 = 7, 6308, λ3 = 5, 3577
x1 =


0, 0245
0, 0115
0, 9996

 , x2 =


−0, 9353
0, 3539
−0, 0043

 , x3 =


−0, 0043
−0, 0111
0, 9996

 .
Utilizando-se o m´etodo da potˆencia com um vetor com trˆes elementos escolhidos arbitrariamente
e normalizado, z0 = (0, 4394, 0, 6415, 0, 6287)T
, obt´em-se a seguinte seq¨uˆencia de valores, com uma
tolerˆancia para convergˆencia de 10−5
:
k zk λk
0 (0, 4394, 0, 6415, 0, 6287)T
40, 5408
1 (0, 0940, 0, 0590, 0, 9938)T
89, 2834
2 (0, 0313, 0, 0133, 0, 9994)T
89, 9939
3 (0, 0251, 0, 0115, 0, 9996)T
90, 0102
4 (0, 0246, 0, 0115, 0, 9996)T
90, 0114
5 (0, 0245, 0, 0115, 0, 9996)T
90, 0115
6 (0, 0245, 0, 0115, 0, 9996)T
90, 0115
onde pode-se verificar que z6 ´e uma boa aproxima¸c˜ao para x1, sujeita `aquela tolerˆancia.
Caso a matriz tenha autovalores dominantes repetidos, i.e.
λ1 = λ2 = . . . = λr
o m´etodo da potˆencia ir´a obter apenas um autovetor, o qual ser´a combina¸c˜ao linear dos autovetores
correspondentes a λ1.
O m´etodo da potˆencia diverge se A tiver autovalores diferentes, por´em de mesmo valor absoluto
como, por exemplo, um par conjugado de autovalores dominantes complexos, λ2 = λ1; o exemplo
a seguir ilustra tal situa¸c˜ao:
Exemplo 6.8 Seja a matriz
A =


1 10 2
−1 1 10
10 1 −13

 ,
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 122
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
a qual tem como autovalores e respectivos autovetores,
λ1 = −9, 4515 + 3, 8807i, λ2 = −9, 4515 − 3, 8807i, λ3 = 7, 9030
x1 =


0, 0307 − 0, 4143i
0, 2160 + 0, 5518i
−0, 4368 − 0, 5343i

 , x2 =


0, 0307 + 0, 4143i
0, 2160 − 0, 5518i
−0, 4368 + 0, 5343i

 , x3 =


0, 7897
0, 4651
0, 4000

 .
Utilizando-se o m´etodo da potˆencia com um vetor com trˆes elementos escolhidos arbitrariamente
e normalizado, z0 = (0, 4857, 0, 0197, 0, 8739)T
, obt´em-se a seguinte seq¨uˆencia de valores, com uma
tolerˆancia para convergˆencia de 10−5
:
k zk λk
0 (0, 4857, 0, 0197, 0, 8739)T
−4, 3241
1 (0, 2253, 0, 7668, −0, 6010)T
−9, 1975
2 (0, 4829, −0, 3946, 0, 7817)T
−8, 1345
3 (−0, 2066, 0, 7546, −0, 6229)T
−9, 4601
4 (0, 5786, −0, 5001, 0, 6443)T
−6, 4876
5 (−0, 4517, 0, 7731, −0, 4454)T
−6, 2931
6 (0, 8581, −0, 4338, 0, 2749)T
−1, 8886
a qual apresenta um comportamento n˜ao convergente.
6.5.2 O m´etodo da potˆencia com transla¸c˜ao da origem
Como vimos na se¸c˜ao anterior, a convergˆencia do m´etodo da potˆencia depende de | λ2/λ1 |, para
o caso de existir apenas um autovalor dominante. Se essa raz˜ao for muito pr´oxima de 1, ent˜ao a
convergˆencia ´e muito lenta.
No entanto, podemos obter a solu¸c˜ao de forma mais r´apida se procedermos a uma modifica¸c˜ao
do m´etodo da potˆencia. Essa modifica¸c˜ao baseia-se no fato de que, se λ ´e um autovalor de uma
matriz A, ent˜ao λ − σ ´e o autovalor correspondente da matriz A − σI. Dessa forma, se aplicarmos
o m´etodo da potˆencia a uma matriz A − σI, tal que λ1 − σ ainda seja dominante, a convergˆencia
do m´etodo depender´a de
λ2 − σ
λ1 − σ
o que, para um valor adequado de σ, poder´a ser menor do que | λ2/λ1 |. A esse processo, d´a-se
o nome de transla¸c˜ao da origem – ´e como se os autovalores estivessem distribu´ıdos em um novo
sistema de referˆencia cuja origem ´e σ, e n˜ao mais zero – e pode ser bastante eficaz, desde que a
escolha de σ seja criteriosa.
Obviamente, poder´ıamos calcular explicitamente a matriz A − σI e utilizar o algoritmo 6.5.1;
no entanto, pequenas modifica¸c˜oes naquele algoritmo nos permitem utilizar o processo de trans-
la¸c˜ao da origem de forma mais eficiente. Novamente, z0 ´e considerado um vetor unit´ario, de onde
podemos obter a seguinte estimativa para λ0:
(A − σI)z0 = λ0z0; pr´e-multiplicando por zT
0 ,
zT
0 Az0 − σzT
0 z0 = λ0(zT
0 z0) ... || z0 || = 1 ...
λ0 = zT
0 Az0 − σ
e, por analogia, escrevemos
λk = zT
k Azk − σ
Al´em disso, ao inv´es de calcularmos q = Azk, devemos calcular q = Azk − σzk. Ao final do
processo, devemos corrigir λk, adicionando a ele σ. Essas id´eias s˜ao apresentadas no algoritmo
6.5.2.
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 123
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Algoritmo 6.5.2 M´etodo da potˆencia (com transla¸c˜ao)
proc potencia transla¸c˜ao(input: A, z0, σ, , kmax; output: λk, zk)
z0 ← z0/|| z0 ||
λ0 ← zT
0 Az0 − σ
for k = 1, 2, . . ., kmax do
q ← Azk−1 − σzk−1
zk ← q/|| q ||
λk ← zT
k Azk − σ
if | λk − λk−1 | < then
break
endif
endfor
λk ← λk + σ
endproc
O exemplo a seguir ilustra o uso do m´etodo da potˆencia com transla¸c˜ao de origem.
Exemplo 6.9 Seja a matriz
A =


2 −1 0
−1 2 −1
0 −1 2

 ,
a qual tem como autovalores e respectivos autovetores,
λ1 = 3, 4142, λ2 = 2, λ3 = 0, 5858
x1 =


0, 5000
−0, 7071
0, 5000

 , x2 =


0, 7071
0, 0000
−0, 7071

 , x3 =


0, 5000
0, 7071
0, 5000

 .
Note que | λ2/λ1 | = 0, 5858. Se utilizarmos o m´etodo da potˆencia, a uma tolerˆancia de 10−5
e
vetor inicial z0 = (1, 0, 0)T
, necessitaremos de 13 itera¸c˜oes para obter a aproxima¸c˜ao 3, 4142 para
o autovalor λ1.
No entanto, se usarmos o transla¸c˜ao da origem, com σ = 1, necessitamos apenas de 9 itera¸c˜oes
para obter a mesma aproxima¸c˜ao; veja que
λ2 − 1
λ1 − 1
=
1
2, 4142
= 0, 4142 < 0, 5858 =
λ2
λ1
o que sugere o menor n´umero de itera¸c˜oes.
6.5.3 M´etodo da itera¸c˜ao inversa
Como vimos, o m´etodo da potˆencia nos permite aproximar o autovalor dominante de A; suponha,
agora, que desejamos aproximar o menor autovalor (e seu correspondente autovetor) de A. Re-
lembrando que os autovalores de A−1
s˜ao o inverso dos autovalores de A (equa¸c˜ao (6.3)), ent˜ao,
se utilizarmos o m´etodo da potˆencia sobre a matriz A−1
, aproximaremos o menor autovalor de
A pois ele ´e o maior autovalor de A−1
. A essa modifica¸c˜ao do m´etodo da potˆencia chamamos de
m´etodo da itera¸c˜ao inversa.
O m´etodo da itera¸c˜ao inversa procede, basicamente, com o c´alculo sucessivo de vetores zk
dados por
zk = A−1
zk−1, k = 1, 2, . . .
mas j´a vimos (cap´ıtulo 4) que, computacionalmente, devemos evitar, se poss´ıvel, calcular a inversa
de uma matriz. Nesse caso, ´e aconselhado que se resolva o sistema
Azk = zk−1, k = 1, 2, . . .
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 124
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
atrav´es da fatora¸c˜ao LU de A (se¸c˜ao 4.3.2), uma vez que v´arias itera¸c˜oes ser˜ao necess´arias para
se aproximar o menor autovalor e respectivo autovetor.
Al´em disso, o m´etodo da itera¸c˜ao inversa ´e, normalmente, combinado com a transla¸c˜ao de
origem, o que resulta na fatora¸c˜ao LU da matriz A − σI. O algoritmo 6.5.3 apresenta o m´etodo
da itera¸c˜ao inversa, incorporando transla¸c˜ao de origem.
Algoritmo 6.5.3 M´etodo da itera¸c˜ao inversa (com transla¸c˜ao)
proc itera¸c˜ao inversa transla¸c˜ao(input: A, z0, σ, , kmax;
output: λk, zk)
Fatore A − σI no produto LU
z0 ← z0/|| z0 ||
λ0 ← zT
0 Az0 − σ
for k = 0, 1, . . ., kmax do
Resolva o sistema Ly = zk
Resolva o sistema Uq = y
zk ← q/|| q ||
λk ← zT
k Azk − σ
if | λk − λk−1 | < then
break
endif
endfor
λk ← λk + σ
endproc
Exemplo 6.10 Seja a matriz do exemplo 6.9,
A =


2 −1 0
−1 2 −1
0 −1 2

 ,
cujo menor autovalor ´e λ3 = 0, 5858 e o seu correspondente autvetor ´e x3 = (0, 5000, 0, 7071, 0, 5000)T
.
Se utilizarmos o algoritmo 6.5.3 com σ = 0, i.e. sem transla¸c˜ao da origem, a uma tolerˆancia
de 10−5
e vetor inicial z0 = (1, 0, 0)T
, necessitaremos de 7 itera¸c˜oes para obter a aproxima¸c˜ao
0, 5858 para o autovalor λ3 e (0, 5002, 0, 7071, 0, 4998)T
para o correspondente autovetor.
No entanto, se usarmos o transla¸c˜ao da origem, com σ = 0, 5, necessitamos apenas de 4
itera¸c˜oes para obter a mesma aproxima¸c˜ao; veja que
λ−1
2 − 0, 5
λ−1
3 − 0, 5
=
0
0, 0858
= 0 < 0, 2929 =
λ−1
2
λ−1
3
o que sugere o menor n´umero de itera¸c˜oes; na verdade, σ = 0, 5 ´e a melhor escolha poss´ıvel, nesse
caso.
Outro exemplo mostra como usar o m´etodo da itera¸c˜ao inversa em conjunto com o teorema de
Gerschgorin, a fim de se determinar um autovalor espec´ıfico.
Exemplo 6.11 Seja a matriz
A =


5 2 1
2 3 1
1 1 1


Os discos de Gerschgorin s˜ao:
d1 : c1 = 5, r1 = 3
d2 : c2 = 3, r2 = 3
d3 : c3 = 1, r3 = 2
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 125
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Suponha que desejamos aproximar o menor autovalor; como o disco d3 ´e aquele que se encontra
mais `a esquerda em compara¸c˜ao aos demais, podemos utilizar o seu centro como fator de transla-
¸c˜ao. Ent˜ao, utilizamos o m´etodo da itera¸c˜ao inversa com σ = 1, vetor inicial z0 =
√
3
−1
(1, 1, 1)T
e tolerˆancia 10−5
e obtemos λ = 0, 5764 e z = (−0, 0597, −0, 3380, 0, 9393)T
ap´os 10 itera¸c˜oes.
Por outro lado, se tiv´essemos utilizado σ = c3 + r3, a convergˆencia para o mesmo autovalor seria
obtida em apenas 4 itera¸c˜oes.
6.5.4 O m´etodo da itera¸c˜ao inversa e o quociente de Rayleigh
Como visto no teorema 6.2.2, o valor do autovalor dominante λ1 de uma matriz real sim´etrica
´e o m´aximo do quociente de Rayleigh, dentre todos os vetores x = 0. Isso nos permite utilizar
a express˜ao (6.12) juntamente com o m´etodo da itera¸c˜ao inversa, conforme mostra o algoritmo
6.5.4.
Algoritmo 6.5.4 M´etodo da itera¸c˜ao inversa com transla¸c˜ao via
quociente de Rayleigh)
proc itera¸c˜ao inversa transla¸c˜ao(input: A, z0, , kmax;
output: λk, zk)
z0 ← z0/|| z0 ||
for k = 0, 1, . . ., kmax do
λk =
zT
k Azk
zT
k
zk
Resolva o sistema (A − λkI)q = zk
zk ← q/|| q ||
if || zk − zk−1 || < then
break
endif
endfor
endproc
Note que, no algoritmo 6.5.4, um sistema de equa¸c˜oes diferente ´e resolvido a cada itera¸c˜ao, j´a
que uma nova estimativa λk ´e utilizada a cada itera¸c˜ao. ´E poss´ıvel, no entanto, que o sistema
A − λkI seja singular e, nesse caso, o processo deve ser terminado.
6.6 Exerc´ıcios
Exerc´ıcio 6.1 Determine os autovalores e autovetores correspondentes da matriz


1 −1 −1
0 2 5
0 0 −1

 .
Exerc´ıcio 6.2 Calcule o autovalor dominante de


10 9 8
3 5 6
7 2 −1

 .
Exerc´ıcio 6.3 Calcule o autovalor dominante e o autovetor correspondente da matriz


6 2 1
2 3 1
1 1 1

 ,
usando o m´etodo da potˆencia, com z0 = (1, 1, 1)T
e tolerˆancia 10−5
.
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 126
Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores
Exerc´ıcio 6.4 Calcule o autovalor dominante e o autovetor correspondente da matriz


0 1 1
−1 0 1
−1 −1 0

 ,
usando o m´etodo da potˆencia, com z0 = (1, 1, 1)T
e tolerˆancia 10−5
.
Exerc´ıcio 6.5 Explique o que acontece com o m´etodo da potˆencia para a matriz


2 1 −1
1 2 −1
1 −1 2

 ,
com z0 = (1, 1, 1)T
e tolerˆancia 10−5
, sabendo que os seus autovalores s˜ao 1, 2 e 3. Repita para
z0 = (1, 0, 10−6
)T
.
Exerc´ıcio 6.6 Utilize o m´etodo da itera¸c˜ao inversa para calcular o menor autovalor da matriz


2 1 −1
1 2 −1
1 −1 2

 ,
com z0 = (1, 1, 1)T
e tolerˆancia 10−5
.
Exerc´ıcio 6.7 Seja a matriz
A =


5 2 1
2 3 1
1 1 1


Explique o que ocorre com o m´etodo da itera¸c˜ao inversa utilizado com σ = 3, z0 = (1, 0, 0)T
e
tolerˆancia 10−5
. Generalize a sua resposta.
A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 127

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoAplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoLucas Guimaraes
 
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrauAula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrauAdriano Silva
 
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Adriano Silva
 
Combinação linear, autovetores e autovalores
Combinação linear, autovetores e autovaloresCombinação linear, autovetores e autovalores
Combinação linear, autovetores e autovaloresAxsell Eker Aquiles
 
Aula 19: O operador momento angular
Aula 19: O operador momento angularAula 19: O operador momento angular
Aula 19: O operador momento angularAdriano Silva
 
Algebra Linear cap 09
Algebra Linear cap 09Algebra Linear cap 09
Algebra Linear cap 09Andrei Bastos
 
Aula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAdriano Silva
 
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...JÚLIO PEIXOTO
 
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodingerMarcelo de Souza
 
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incerteza
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incertezaAula 5: Operador momento e energia e o princípio da incerteza
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incertezaAdriano Silva
 
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Adriano Silva
 
Algebra Linear cap 01
Algebra Linear cap 01Algebra Linear cap 01
Algebra Linear cap 01Andrei Bastos
 
Aula 9 - profmat - os teoremas de euler e wilson 27 10-17
Aula 9  - profmat - os teoremas de euler e wilson 27 10-17Aula 9  - profmat - os teoremas de euler e wilson 27 10-17
Aula 9 - profmat - os teoremas de euler e wilson 27 10-17Aline Guedes
 

Mais procurados (20)

Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoAplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
 
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrauAula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
Aula 8: O degrau de potencial. Caso I: Energia menor que o degrau
 
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
 
Combinação linear, autovetores e autovalores
Combinação linear, autovetores e autovaloresCombinação linear, autovetores e autovalores
Combinação linear, autovetores e autovalores
 
Aula Oral 06
Aula Oral 06Aula Oral 06
Aula Oral 06
 
Algebra kat
Algebra  katAlgebra  kat
Algebra kat
 
Aula 19: O operador momento angular
Aula 19: O operador momento angularAula 19: O operador momento angular
Aula 19: O operador momento angular
 
Algebra Linear cap 09
Algebra Linear cap 09Algebra Linear cap 09
Algebra Linear cap 09
 
Aula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônico
 
Gustavo relatorio
Gustavo relatorioGustavo relatorio
Gustavo relatorio
 
Aula 5 autovetores e autovalores
Aula 5   autovetores e autovaloresAula 5   autovetores e autovalores
Aula 5 autovetores e autovalores
 
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
 
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
 
Teorema Chinês Dos Restos
Teorema Chinês Dos RestosTeorema Chinês Dos Restos
Teorema Chinês Dos Restos
 
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incerteza
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incertezaAula 5: Operador momento e energia e o princípio da incerteza
Aula 5: Operador momento e energia e o princípio da incerteza
 
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
 
Aula 4 espaços vetoriais
Aula 4   espaços vetoriaisAula 4   espaços vetoriais
Aula 4 espaços vetoriais
 
Algebra Linear cap 01
Algebra Linear cap 01Algebra Linear cap 01
Algebra Linear cap 01
 
Aula 9 - profmat - os teoremas de euler e wilson 27 10-17
Aula 9  - profmat - os teoremas de euler e wilson 27 10-17Aula 9  - profmat - os teoremas de euler e wilson 27 10-17
Aula 9 - profmat - os teoremas de euler e wilson 27 10-17
 
Teorema chinês do resto
Teorema chinês do restoTeorema chinês do resto
Teorema chinês do resto
 

Semelhante a Autovalores e Autovetores: Introdução e Exemplos

Rodrigo de lima (uff) edo - parte 1edo
Rodrigo de lima (uff)   edo - parte 1edoRodrigo de lima (uff)   edo - parte 1edo
Rodrigo de lima (uff) edo - parte 1edoNaldo Martins
 
Livro boyce e diprima 9 th edicao capitulo 5
Livro boyce e diprima 9 th edicao   capitulo 5Livro boyce e diprima 9 th edicao   capitulo 5
Livro boyce e diprima 9 th edicao capitulo 5Bruna Brito
 
Pts equilibrio
Pts equilibrioPts equilibrio
Pts equilibrioJoyce Maia
 
Sistemas lineares
Sistemas linearesSistemas lineares
Sistemas linearescon_seguir
 
616a9aa93f9554aa9a9550f5bd9a16147866a87d
616a9aa93f9554aa9a9550f5bd9a16147866a87d616a9aa93f9554aa9a9550f5bd9a16147866a87d
616a9aa93f9554aa9a9550f5bd9a16147866a87dMariza Roberto
 
Intro teoria dos numerros cap7
Intro teoria dos numerros cap7Intro teoria dos numerros cap7
Intro teoria dos numerros cap7Paulo Martins
 
Aula 1 - Sistema de Equações
Aula 1 - Sistema de EquaçõesAula 1 - Sistema de Equações
Aula 1 - Sistema de EquaçõesExplicaOnline
 
Exercitandoaula2
Exercitandoaula2Exercitandoaula2
Exercitandoaula2AlexGrift
 
Conjuntos numéricos
Conjuntos numéricosConjuntos numéricos
Conjuntos numéricosandreilson18
 
Questoes Resolvidas Exame Unificado de Fisica 2016-1.pdf
Questoes Resolvidas Exame Unificado de Fisica 2016-1.pdfQuestoes Resolvidas Exame Unificado de Fisica 2016-1.pdf
Questoes Resolvidas Exame Unificado de Fisica 2016-1.pdf17535069649
 
Matemática pga1
Matemática pga1Matemática pga1
Matemática pga1takahico
 
Monica Barros - Econometria - ENCE - 2010 - Resumo Capitulo 7 Gujarati
Monica Barros - Econometria - ENCE - 2010 - Resumo Capitulo 7 GujaratiMonica Barros - Econometria - ENCE - 2010 - Resumo Capitulo 7 Gujarati
Monica Barros - Econometria - ENCE - 2010 - Resumo Capitulo 7 GujaratiMonica Barros
 
Exercitandoaula1
Exercitandoaula1Exercitandoaula1
Exercitandoaula1AlexGrift
 
Exame unificado fisica 2010 1 solution
Exame unificado fisica 2010 1 solutionExame unificado fisica 2010 1 solution
Exame unificado fisica 2010 1 solutionMarcosPacheco65
 

Semelhante a Autovalores e Autovetores: Introdução e Exemplos (20)

Rodrigo de lima (uff) edo - parte 1edo
Rodrigo de lima (uff)   edo - parte 1edoRodrigo de lima (uff)   edo - parte 1edo
Rodrigo de lima (uff) edo - parte 1edo
 
Livro boyce e diprima 9 th edicao capitulo 5
Livro boyce e diprima 9 th edicao   capitulo 5Livro boyce e diprima 9 th edicao   capitulo 5
Livro boyce e diprima 9 th edicao capitulo 5
 
Pts equilibrio
Pts equilibrioPts equilibrio
Pts equilibrio
 
Sistemas lineares
Sistemas linearesSistemas lineares
Sistemas lineares
 
616a9aa93f9554aa9a9550f5bd9a16147866a87d
616a9aa93f9554aa9a9550f5bd9a16147866a87d616a9aa93f9554aa9a9550f5bd9a16147866a87d
616a9aa93f9554aa9a9550f5bd9a16147866a87d
 
Equaçoes literais
Equaçoes literaisEquaçoes literais
Equaçoes literais
 
Basiconumcomplex (1)
Basiconumcomplex (1)Basiconumcomplex (1)
Basiconumcomplex (1)
 
Intro teoria dos numerros cap7
Intro teoria dos numerros cap7Intro teoria dos numerros cap7
Intro teoria dos numerros cap7
 
Aula 1 - Sistema de Equações
Aula 1 - Sistema de EquaçõesAula 1 - Sistema de Equações
Aula 1 - Sistema de Equações
 
Revisaoestatistica
RevisaoestatisticaRevisaoestatistica
Revisaoestatistica
 
Exercitandoaula2
Exercitandoaula2Exercitandoaula2
Exercitandoaula2
 
Conjuntos numéricos
Conjuntos numéricosConjuntos numéricos
Conjuntos numéricos
 
Questoes Resolvidas Exame Unificado de Fisica 2016-1.pdf
Questoes Resolvidas Exame Unificado de Fisica 2016-1.pdfQuestoes Resolvidas Exame Unificado de Fisica 2016-1.pdf
Questoes Resolvidas Exame Unificado de Fisica 2016-1.pdf
 
Sistemas equacoes lineares
Sistemas equacoes linearesSistemas equacoes lineares
Sistemas equacoes lineares
 
Introdução à cadeias de markov
Introdução à cadeias de markovIntrodução à cadeias de markov
Introdução à cadeias de markov
 
Matemática pga1
Matemática pga1Matemática pga1
Matemática pga1
 
Trabalho de eletromag
Trabalho de eletromagTrabalho de eletromag
Trabalho de eletromag
 
Monica Barros - Econometria - ENCE - 2010 - Resumo Capitulo 7 Gujarati
Monica Barros - Econometria - ENCE - 2010 - Resumo Capitulo 7 GujaratiMonica Barros - Econometria - ENCE - 2010 - Resumo Capitulo 7 Gujarati
Monica Barros - Econometria - ENCE - 2010 - Resumo Capitulo 7 Gujarati
 
Exercitandoaula1
Exercitandoaula1Exercitandoaula1
Exercitandoaula1
 
Exame unificado fisica 2010 1 solution
Exame unificado fisica 2010 1 solutionExame unificado fisica 2010 1 solution
Exame unificado fisica 2010 1 solution
 

Último

Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometriajucelio7
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 

Último (20)

Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometria
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 

Autovalores e Autovetores: Introdução e Exemplos

  • 1. Cap´ıtulo 6 Autovalores e Autovetores 6.1 Introdu¸c˜ao Neste cap´ıtulo, apresentaremos alguns dos m´etodos utilizados para a solu¸c˜ao do problema do autovalor, i.e., o sistema de n equa¸c˜oes lineares Ax = λx (6.1) para o qual procuramos um vetor solu¸c˜ao x tal que xi = 0 para pelo menos algum i, ou seja, uma solu¸c˜ao n˜ao-trivial. Para que tal seja poss´ıvel, ´e necess´ario que det(A − λI) = 0 (6.2) a qual ´e uma equa¸c˜ao polinomial de grau n na vari´avel λ, chamada de equa¸c˜ao caracter´ıstica de A; o polinˆomio det(A − λI) ´e chamado de polinˆomio caracter´ıstico de A. As n ra´ızes de (6.2) s˜ao chamadas de autovalores, ra´ızes latentes ou valores caracter´ısticos de A. A cada raiz λ corresponde um vetor x ∈ ICn = 0 que satisfaz a equa¸c˜ao (6.1), o qual ´e chamado de autovetor, vetor latente ou vetor caracter´ıstico de A. Note que, se x ´e um autovetor de A, ent˜ao kx, onde k ∈ IR, tamb´em ´e, pois Akx = kAx = λkx = kλx. Costumeiramente os autovetores s˜ao normalizados, i.e. || x || = 1 em alguma norma escolhida (o que pode ser feito pela rela¸c˜ao acima). Se todas as ra´ızes de (6.2) s˜ao distintas entre si, ent˜ao isso implica em que a matriz A apresenta um conjunto completo de autovetores linearmente independentes (L.I.). No entanto, mesmo para casos em que os autovalores n˜ao s˜ao todos distintos, podemos encontrar um conjunto completo de autovetores L.I. Podemos tamb´em calcular os autovalores da matriz inversa de A, A−1 , a partir dos autovalores de A. Se multiplicarmos a equa¸c˜ao (6.1) `a esquerda por A−1 , temos x = λA−1 x ou A−1 x = 1 λ x. (6.3) Essa ´ultima equa¸c˜ao nos diz que 1 λ ´e autovalor de A−1 , onde λ ´e um autovalor de A, com o autovetor x correspondente. Problemas envolvendo autovalores e autovetores surgem em in´umeras aplica¸c˜oes, como pode- mos ver nos exemplos que seguem, conforme apresentados em [6]. 110
  • 2. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Exemplo 6.1 O estudo das vibra¸c˜oes de sistemas dinˆamicos e de estruturas requer a solu¸c˜ao de problemas de autovalores e autovetores. Considere, apenas para fins de explana¸c˜ao, o problema de se determinar as vibra¸c˜oes de pequenas part´ıculas presas por um fio uniforme, sem peso, ao qual ´e aplicada uma for¸ca −→ F nas extremidades (cf. a figura 6.1) e no qual desconsidera-se a a¸c˜ao da gravidade. As part´ıculas encontram-se a distˆancias iguais entre si e as vibra¸c˜oes das mesmas s˜ao consideradas pequenas e perpendiculares `a posi¸c˜ao de descanso do fio. Escrevendo as equa¸c˜oes Figura 6.1: O problema das vibra¸c˜oes. diferenciais para as for¸cas atuantes em cada part´ıcula, temos: m1 d2 x1 dt2 = −F x1 h + F x2 − x1 h m2 d2 x2 dt2 = −F x2 − x1 h + F x3 − x2 h m3 d2 x3 dt2 = −F x3 − x2 h − F x3 − x4 h m4 d2 x4 dt2 = +F x3 − x4 h − F x4 h Introduzindo a nota¸c˜ao x = (x1, x2, x3, x4)T di = mih F , i = 1, 2, 3, 4 podemos escrever o sistema de equa¸c˜oes diferenciais acima na forma matricial D d2 x dt2 = T x (6.4) onde D ´e a matriz diagonal D =     d1 d2 d3 d4     e T ´e a matriz tridiagonal T =     −2 1 0 0 1 −2 1 0 0 1 −2 1 0 0 1 −2     . A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 111
  • 3. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Quando as part´ıculas vibram em fase ou em dire¸c˜oes opostas, i.e., em modo normal, ent˜ao a condi¸c˜ao d2 x dt2 = −w2 x, w ∈ IR (6.5) ´e satisfeita. Substituindo a equa¸c˜ao (6.5) em (6.4), obtemos o problema de autovalor Dw2 i xi = −T xi, i = 1, 2, 3, 4 (6.6) para as freq¨uˆencias de vibra¸c˜ao w1, w2, w3 e w4 e os modos normais correspondentes, i.e., os autovetores x1, x2, x3 e x4. Aparentemente, se isolarmos x no lado direito da equa¸c˜ao (6.6), obter´ıamos o que se chama de problema generalizado do autovalor, cuja forma geral ´e (A − λB)x = 0 onde A e B s˜ao matrizes de ordem n. Por´em, se introduzirmos o vetor y = D1/2 x o que ´e poss´ıvel, j´a que os elementos da diagonal de D s˜ao positivos, por defini¸c˜ao, ent˜ao podemos escrever (6.6) como D−1/2 T D−1/2 yi = −w2 i yi o qual recai na forma 6.1. Exemplo 6.2 A teoria de Leontief sobre a compra e a venda de produtos ´e muito utilizada no campo de estudo da macroeconomia; como exemplo, consideramos as vendas e compras de produtos num setor industrial. Seja bij as vendas da ind´ustria i para a ind´ustria j; bii representa os bens produzidos pela ind´ustria i e retidos por ela pr´opria. As vendas de bens da ind´ustria i para o mercado ´e denotada por yi e o total de bens produzidos por xi. Ent˜ao, xi = yi + j bij (6.7) A fim de definirmos bij, assume-se que as vendas da ind´ustria i para a j est˜ao em propor¸c˜ao constante `a produ¸c˜ao da ind´ustria j, i.e. bij = aijxj onde aij s˜ao ditos coeficientes de entrada. Em uma situa¸c˜ao est´atica, podemos escrever, a partir de (6.7), x = y + Ax (6.8) onde x = (x1, x2, . . . , xn)T e y = (y1, y2, . . . , yn)T e A ´e matriz de ordem n cujos elementos (i, j) s˜ao os coeficientes de entrada aij. Ora, a equa¸c˜ao (6.8) pode ser reescrita como (I − A)x = y (6.9) onde I − A ´e chamada de matriz de Leontief. A equa¸c˜ao (6.9) pode ser resolvida calculando- se os autovalores e autovetores de A. Sua utilidade reside no fato de que, com ela, ´e poss´ıvel determinar-se a quantidade de bens produzidos (x) necess´arios para satisfazer a uma demanda final (y), pr´e-estabelecida. Se a produ¸c˜ao e a demanda n˜ao se encontram em equil´ıbrio, ent˜ao devemos considerar um modelo dinˆamico, que leve em considera¸c˜ao a taxa de varia¸c˜ao da produ¸c˜ao. Nesse caso, usual- mente considera-se que a produ¸c˜ao em cada ind´ustria varia a uma taxa proporcional `a diferen¸ca entre os n´ıveis de venda e de produ¸c˜ao. Da´ı, dx(t) dt = D ((A − I)x(t) + y(t)) (6.10) A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 112
  • 4. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores onde D ´e uma matriz diagonal de ordem n, cujos elementos dii representam os coeficientes de rea¸c˜ao das ind´ustrias. A equa¸c˜ao (6.10) substitui nesse caso a equa¸c˜ao (6.8) e representa o comportamento dinˆamico do sistema econˆomico em estudo. Uma das quest˜oes a serem estudadas, nesse caso, ´e se o sistema ´e est´avel, determinando-se os autovalores e autovetores da matriz D(A − I). Particularmente, procura-se determinar se esses autovalores tem parte real positiva pois, como as solu¸c˜oes do sistema de equa¸c˜oes diferenciais (6.10) s˜ao da forma eλit , isso indicaria uma instabilidade, j´a que a demanda x(t) cresceria exponencialmente com o tempo. A seguir, apresentaremos dois importantes teoremas, os quais nos permitir˜ao desenvolver t´ecnicas de determina¸c˜ao de autovalores e autovetores para um tipo espec´ıfico de matrizes. 6.2 Teoremas de limites sobre autovalores Teorema 6.2.1 Discos de Gerschgorin: Seja A uma matriz de ordem n, e di, i = 1, 2, . . ., n os discos cujos centros s˜ao os elementos aii e cujos raios ri s˜ao dados por ri = n j=1 j=i |aij|, i = 1, 2, . . . , n. Seja D a uni˜ao de todos os discos di. Ent˜ao, todos os autovalores de A encontram-se contidos em D. Prova: Seja λ um autovalor de A e x um autovetor correspondente, tal que maxi | xi | = 1. Ent˜ao, λx = Ax de onde (λ − aii)xi = n j=1 j=i aijxj, i = 1, 2, . . . n Supondo que | xk | = 1, ent˜ao | λ − akk | ≤ n j=1 j=i | akj || xj | ≤ n j=1 j=i | akj | = rk i.e., o autovalor λ est´a contido no disco dk e, como λ ´e arbitr´ario, ent˜ao todos os autovalores de A devem estar contidos na uni˜ao de todos os discos, D. ♦ O exemplo a seguir apresenta uma aplica¸c˜ao do teorema 6.2.1. Exemplo 6.3 A matriz A =   −1 0 −1 −1 4 −1 −1 −2 10   tem como seus autovalores λ1 = 10, 3863, λ2 = 3, 8037 e λ3 = 0, 8100. Calculando os discos de Gerschgorin, temos: d1 = |z − 1| < |0| + | − 1| = 1 d2 = |z − 4| < | − 1| + | − 1| = 2 d3 = |z − 10| < | − 1| + | − 2| = 3 A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 113
  • 5. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Como todos os autovalores de A s˜ao reais, e observando (veja a figura 6.2) que em cada disco devemos ter um autovalor, podemos dizer que: • existe um autovalor, λ1, que est´a dentro do disco centrado em 10 e raio 3 e, de fato, 7 < 10, 3863 < 13; • existe um autovalor, λ2, que est´a dentro do disco centrado em 4 e raio 2 e, realmente, 2 < 3, 8037 < 6; • existe um autovalor, λ3, que est´a dentro do disco centrado em 1 e raio 1 e, com efeito, 0 < 0, 81 < 2; A figura 6.2 ilustra esse resultado. Figura 6.2: Discos de Gerschgorin Uma conseq¨uˆencia do teorema de Gerschgorin ´e a determina¸c˜ao do maior disco que cont´em todos os autovalores de A. Podemos obter, a partir dos discos, os extremos ao longo do eixo dos n´umeros reais, i.e. o intervalo [α, ω] tal que α = min i {aii − ri}, ω = max i {aii + ri}, i = 1, 2, . . ., n (6.11) e o maior disco ´e justamente aquele com centro (α + ω)/2 e raio (α + ω)/2. No caso em que todos os autovalores s˜ao reais, basta ent˜ao considerar o intervalo [α, ω]. Teorema 6.2.2 Maior e menor autovalor: Seja A uma matriz real sim´etrica de ordem n, e x ∈ IC um vetor arbitr´ario. Ent˜ao, λ1 = max x=0 xT Ax xT x , λn = min x=0 xT Ax xT x onde os autovalores s˜ao ordenados tais que λ1 ≥ λ2 ≥ . . . ≥ λn. A raz˜ao xT Ax xT x , x = 0 (6.12) ´e chamada de quociente de Rayleigh correspondente a x e, juntamente com o teorema 6.2.2, nos permitir´a estimar de forma bastante r´apida um autovalor de uma matriz sim´etrica, conforme veremos na se¸c˜ao 6.5. A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 114
  • 6. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores 6.3 C´alculo de autovalores e autovetores via determinantes J´a vimos que, por defini¸c˜ao, os autovalores de uma matriz A s˜ao as ra´ızes do polinˆomio caracte- r´ıstico de A. Evidentemente, para matrizes de ordem n > 4, n˜ao ´e aconselh´avel que se utilize a equa¸c˜ao (6.2) para se obter o polinˆomio caracter´ıstico, por duas raz˜oes: 1. o c´alculo de determinantes de ordem superior a 4 envolve consider´avel custo computacional; 2. o polinˆomio caracter´ıstico de uma matriz grande pode ser inst´avel numericamente. No entanto, algumas aplica¸c˜oes de engenharia, f´ısica e outros campos do conhecimento envolvem a determina¸c˜ao de autovalores de matrizes de ordem n = 2 ou n = 3 e, nesse caso, ´e poss´ıvel obter- se os autovalores extraindo as ra´ızes do polinˆomio caracter´ıstico, conforme mostra o exemplo a seguir. Exemplo 6.4 Seja a matriz 2 5 3 −4 . O seu polinˆomio caracter´ıstico ´e p(λ) = det(A − λI) = 2 − λ 5 3 −4 − λ = (2 − λ)(−4 − λ) − 15 ou p(λ) = λ2 + 2λ − 23, cujas ra´ızes s˜ao λ1 = 3, 8990 e λ2 = −5, 8990. Para se determinar os autovetores, utiliza-se a equa¸c˜ao (6.1) para cada autovalor λi, na forma (A − λiI)xi = 0, como segue: Exemplo 6.5 Calcule os autovetores do exemplo 6.4. Solu¸c˜ao: Para o autovalor λ1 = 3, 8990, escrevemos (A − 3, 8990I)x1 = 0 7, 8990 5 3 1, 8990 (x1)1 (x1)2 = 0 0 de onde obtemos x1 = k −1, 5798k , k = 0 O autovetor correspondente a λ2 = −5, 8990 ´e obtido de forma similar: (A + 5, 8990I)x1 = 0 −1, 8990 5 3 −7, 8990 (x2)1 (x2)2 = 0 0 de onde obtemos x2 = k 0, 3798k , k = 0 Computacionalmente, no entanto, podemos estimar o autovetor correspondente a um autovalor utilizando os m´etodos da potˆencia com transla¸c˜ao da origem (se¸c˜ao 6.5.2) ou da itera¸c˜ao inversa com transla¸c˜ao da origem (se¸c˜ao 6.5.3). A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 115
  • 7. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores 6.4 Autovalores de uma matriz tridiagonal sim´etrica Em muitas aplica¸c˜oes surgem matrizes tridiagonais sim´etricas, das quais necessitamos extrair autovalores e/ou autovetores. Por exemplo, ao aproximarmos a equa¸c˜ao diferencial parcial ∂u ∂t = ∂2 u ∂x2 por diferen¸cas finitas, obtemos uma matriz     −2 1 0 0 1 −2 1 0 0 1 −2 1 0 0 1 −2     a qual apresenta aquela caracter´ıstica. De forma geral, consideramos uma matriz T de ordem n, T =          a1 b1 0 . . . 0 b1 a2 ... ... ... 0 ... ... ... 0 ... ... ... ... bn−1 0 . . . 0 bn−1 an          (6.13) e chamamos de Tr a matriz principal de ordem r de T , i.e. T1 = a1 , T2 = a1 b1 b1 a2 , T3 =   a1 b1 0 b1 a2 b2 0 b2 a3   , . . . Escrevendo as equa¸c˜oes caracter´ısticas p1(λ), p2(λ) e p3(λ) das matrizes T1, T2 e T3, obtemos: p1(λ) = det(T1 − λI) = a1 − λ (6.14) p2(λ) = det(T2 − λI) = (a2 − λ)(a1 − λ) − b2 1 = (a2 − λ)p1(λ) − b2 1 (6.15) p3(λ) = det(T3 − λI) = (a3 − λ) (a2 − λ)(a1 − λ) − b2 1(a3 − λ) − b2 2(a1 − λ) = = (a3 − λ)p2(λ) − b2 2p1(λ) (6.16) de onde podemos escrever, generalizando para r, pr(λ) = (ar − λ)pr−1(λ) − b2 r−1pr−2(λ), r = 2, 3, . . ., n, p0(λ) = 1, (6.17) A equa¸c˜ao (6.17) nos permite avaliar o polinˆomio caracter´ıstico da matriz T de forma bastante eficiente; no entanto, estamos preocupados em obter os autovalores de T , ou as ra´ızes de pn. O teorema a seguir nos permitir´a escrever um algoritmo bastante eficiente para se extrair alguns ou todos os autovalores de T . Teorema 6.4.1 Seq¨uˆencia de Sturm: Se a matriz tridiagonal (6.13) ´e n˜ao-reduz´ıvel 1 , ent˜ao os r − 1 autovalores µ da matriz Tr−1 separam estritamente os r autovalores λ da matriz Tr: λr < µr−1 < λr−1 < µr−2 < · · · < λ2 < µ1 < λ1. Mais ainda, se s(λ) representa o n´umero de trocas de sinal na seq¨uˆencia {p0(λ), p1(λ), . . . , pn(λ)} ent˜ao s(λ) ´e igual ao n´umero de autovalores de T menores do que λ, onde pr(λ) ´e dado por (6.17) e assume-se que pr(λ) tem o sinal oposto de pr−1(λ) se pr(λ) = 0. 1Uma matriz A ´e dita n˜ao-reduz´ıvel se os elementos da diagonal da matriz triangular superior R, resultante de sua fatora¸c˜ao no produto QR, s˜ao todos n˜ao-nulos, onde Q ´e uma matriz ortogonal (i.e. QT Q = I). A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 116
  • 8. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores O teorema 6.4.1 ´e extremamente importante: ele nos diz que, se tivermos os n autovalores µ de uma matriz triadiagonal Tn (de ordem n), ent˜ao entre cada par de autovalores consecutivos µ (com exce¸c˜ao do menor e do maior), existe um e apenas um autovalor λ da matriz tridiagonal Tn+1 (de ordem n + 1), obtida acrescentando-se uma linha e uma coluna `a matriz Tn. Devido `a essa caracter´ıstica, podemos utilizar o algoritmo da bissec¸c˜ao (ver algoritmo 2.2.1), juntamente com a equa¸c˜ao (6.17), para obtermos rapidamente, e com seguran¸ca, um autovalor de Tn+1, `a partir de um intervalo que ´e um par de autovalores consecutivos de Tn. Para obter-se o menor e o maior autovalores de Tn+1, utilizamos o teorema de Gerschgorin - mais especificamente, calculamos o maior intervalo que engloba todos os autovalores, com a equa- ¸c˜ao (6.11). Assim, o menor autovalor ´e calculado usando-se como estimativa inicial para o m´etodo da bissec¸c˜ao o intervalo [α, µr−1]; para o maior autovalor, utiliza-se o intervalo [µ1, ω]. Os algoritmos 6.4.1, 6.4.2 e 6.4.3 combinam as id´eias apresentadas acima. Da maneira como o algoritmo 6.4.3 ´e apresentado, todos os autovalores s˜ao obtidos; no entanto, simples modifica¸c˜oes do mesmo nos permitem obter apenas alguns autovalores (por exemplo, o maior e o menor, ou os dois maiores, etc.). O exemplo 6.6 demonstra uma situa¸c˜ao t´ıpica, resolvido utilizando-se esses algoritmos. Algoritmo 6.4.1 Avalia polinˆomio caracter´ıstico de uma matriz tridiagonal sim´etrica function pol carac trid(input: x, a, b; output: p) % a e b s˜ao os vetores contendo os elementos da % diagonal e subdiagonal, respectivamente, % da matriz tridiagonal p0 ← 1 p1 ← a1 − x p ← p1 for r ← 2, 3, . . . , n do p ← (ar − x)p1 − b2 r−1p0 p0 ← p1 p1 ← p endfor endfunction A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 117
  • 9. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Algoritmo 6.4.2 M´etodo da bissec¸c˜ao com polinˆomio caracte- r´ıstico proc bissec¸c˜ao trid(input: a, b, α, β, kmax, δ, ; output: χ) % a e b s˜ao os vetores contendo os elementos da % diagonal e subdiagonal, respectivamente, % da matriz tridiagonal u ← pol carac trid(α, a, b) v ← pol carac trid(β, a, b) e ← β − α if (sign(u) = sign(v)) then “n˜ao pode proceder” else k ← 1 w ← 1 while ((k ≤ kmax) AND (| e | ≥ δ) AND (| w | ≥ )) e ← e/2 χ ← α + e w ← pol carac trid(χ, a, b) if (sign(w) = sign(u)) then β ← χ v ← w else α ← χ u ← w endif k ← k + 1 endwhile endif endproc A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 118
  • 10. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Algoritmo 6.4.3 Autovalores de uma matriz tridiagonal sim´etrica proc autovalores tridiagonal(input: a, b, n; output: λ) % Calcula os raios dos discos de Gerschgorin, cada qual com centro a(i) r1 ← | b1 | for i ← 2, 3, . . ., n − 1 do ri ← | bi−1 | + | bi | endfor rn ← | bn−1 | % Calcula o intervalo [α, ω] na reta dos reais % contendo os autovalores α ← minn i=1(ai − ri) ω ← maxn i=1(ai + ri) % Calcula os autovalores, iniciando com o autovalor % de T1 = [a1], µ = a1 µ1 = a1 for i ← 2, 3, . . ., n do % Calcula os autovalores de Ti % a. entre α e µ1 call bissec¸c˜ao trid(a, b, α, µ1, kmax, δ, , λ1) % b. autovalores entre µ1 e µi−1 for j ← 1, 2, . . . , i − 2 do call bissec¸c˜ao trid(a, b, µj, µj+1, kmax, δ, , λj+1) endfor % c. entre µi−1 e ω call bissec¸c˜ao trid(a, b, µi−1, ω, kmax, δ, , λ1) µ ← λ endfor λ ← µ endproc Exemplo 6.6 Seja a matriz tridiagonal T =     2 −1 −1 2 −1 −1 2 −1 −1 2     a qual pode ser representada de forma compacta atrav´es dos vetores a = (2, 2, 2, 2)T e b = (−1, −1, −1)T Para se obter os autovalores de T , iniciamos com a matriz T1 = a1 = 2 a qual tem como seu ´unico autovalor µ1 = a1 = 2. Al´em disso, calculamos os extremos do intervalo de Gerschgorin, α = 0 e ω = 6, atrav´es da equa¸c˜ao (6.11). Agora, precisamos calcular os dois autovalores λ da matriz T2 = a1 b1 b1 a2 = 2 −1 −1 2 os quais, pelos teoremas de Gerschgorin e 6.4.1, satisfazem α < λ2 < µ1 < λ1 < ω A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 119
  • 11. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Estipulando-se como tolerˆancias de convergˆencia para o m´etodo da bisse¸c˜ao δ = = √ ε e um m´aximo de 200 itera¸c˜oes, λ2 ´e obtido em 2 itera¸c˜oes utilizando-se como intervalo de busca [α, µ1] = [0, 2], resultando no valor λ2 = 1. O autovalor λ1 tamb´em ´e obtido em 2 itera¸c˜oes, usando-se como intervalo de busca [µ1, β] = [2, 6], com o qual obt´em-se λ1 = 3. Antes de procedermos ao c´alculo dos autovalores de T3, fazemos uma c´opia dos λ, armazenando- os em µ; assim, temos µ1 = 3 e µ2 = 1. Procedemos, ent˜ao, com o c´alculo dos autovalores λ de T3; para tanto, utilizamos os intervalos de busca • [α, µ2] = [0, 1] para calcular o autovalor λ3; • [µ2, µ1] = [1, 3] para calcular o autovalor λ2; • [µ1, ω] = [3, 6] para calcular o autovalor λ1. Os autovalores λ3, λ2 e λ1 s˜ao ent˜ao obtidos com o m´etodo da bissec¸c˜ao, utilizando-se as mesmas tolerˆancias especificadas anteriormente, resultando em λ3 = 0, 5858, λ2 = 2 e λ1 = 3, 4142, obtidos em 27, 2 e 27 itera¸c˜oes respectivamente. Finalmente, basta calcularmos os autovalores de T4. Procedendo de forma similar, fazemos µ3 = 0, 5858, µ2 = 2 e µ1 = 3, 4142 e estipulamos os intervalos de busca • [α, µ3] = [0, 0, 5858] para calcular o autovalor λ4; • [µ3, µ2] = [0, 5858, 2] para calcular o autovalor λ3; • [µ2, µ1] = [2, 3, 4142] para calcular o autovalor λ2; • [µ1, ω] = [3, 4142, 6] para calcular o autovalor λ1. de onde, ap´os aplicarmos o algoritmo da bissec¸c˜ao a cada um desses intervalos, obtemos os autovalores de T4 ≡ T , λ4 = 0, 3820, λ3 = 1, 3820, λ2 = 2, 6180 e λ1 = 3, 6180, ap´os 27 itera¸c˜oes (para todos os intervalos de busca). Note que n˜ao se obt´em, com essa t´ecnica, os autovetores correspondentes aos autovalores. Os m´etodos apresentados na se¸c˜ao a seguir podem ser utilizados para se obter esses autovetores. 6.5 M´etodos para aproxima¸c˜ao de autovalores e autovetores Em muitas aplica¸c˜oes, n˜ao ´e necess´ario obter-se todos os autovalores; ´e comum desejar-se, por exemplo, obter apenas o maior autovalor e seu correspondente autovetor. Os m´etodos apresentados nessa se¸c˜ao s˜ao indicados para o caso em que apenas um dos autovalores (e seu autovetor) necessita ser calculado. Particularmente, tais m´etodos s˜ao iterativos e apresentam boa eficiˆencia quando a matriz em estudo ´e grande, esparsa e apresenta uma grande separa¸c˜ao relativa entre o autovalor desejado e os demais autovalores. 6.5.1 M´etodo da potˆencia Seja A uma matriz de ordem n com autovalores λi tais que |λ1| = |λ2| = . . . = |λr| > |λr+1| ≥ . . . ≥ |λn| (6.18) Nesse caso, diz-se que A apresenta r autovalores dominantes. Por hip´otese, assumimos que existem n autovetores linearmente independentes xi, de onde qualquer vetor arbitr´ario z0 pode ser expresso como combina¸c˜ao linear desses autovetores, i.e. z0 = n i=1 αixi (6.19) A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 120
  • 12. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Considere agora o m´etodo de aproxima¸c˜ao sucessiva zk = Azk−1, k = 1, 2, . . . (6.20) onde z0 ´e um valor inicial, dado. Usando as equa¸c˜oes (6.1), (6.19) e escrevendo (6.20) em termos de z0, temos zk = Azk−1 = A2 zk−2 = . . . = Ak z0 = n i=1 αiλk i xi (6.21) Se pelo menos um dos α1, α2, . . ., αr n˜ao ´e nulo, ent˜ao os termos correspondentes a eles, i.e. r i=1 αiλk i xi ir˜ao dominar o somat´orio da equa¸c˜ao (6.21). Suponha, por exemplo, que temos um autovalor dominante, λ1, de A. Considerando que α1 = 0, podemos reescrever (6.21) como zk = λk 1 α1x1 + n i=1 αi λi λ1 k xi Note agora que, como λ1 > λ2 ≥ . . . ≥ λn, por hip´otese, ent˜ao os termos λi λ1 k tendem a zero `a medida que k cresce. Da´ı, podemos escrever zk = λk 1(α1x1 + k) (6.22) onde k ´e um vetor com elementos pr´oximos a zero. O vetor zk tende, ent˜ao, a aproximar o autovetor n˜ao-normalizado x1. Essa equa¸c˜ao nos permite escrever o assim chamado m´etodo da potˆencia. Da equa¸c˜ao (6.22), podemos escrever zk+1 = λk+1 1 (α1x1 + k+1) e, dividindo a i-´esima componente da equa¸c˜ao acima pela componente correspondente de (6.22), obtemos (zk+1)i (zk)i = λ1 α1x1 + k+1 α1x1 + k → λ1, quando k → ∞, i = 1, 2, . . . , n (6.23) onde (zk)i indica o elemento i do vetor zk. A equa¸c˜ao (6.23) nos diz que a taxa de convergˆencia do m´etodo depende n˜ao s´o das constantes αi, mas principalmente das fra¸c˜oes λ2 λ1 , λ3 λ1 , . . . , λn λ1 . Quanto menores forem esses fra¸c˜oes, mais r´apida ´e a convergˆencia; por isso diz-se que o m´etodo da potˆencia ´e eficiente – converge rapidamente para um autovalor – desde que este autovalor seja dominante, i.e., relativamente distante dos demais. De posse das equa¸c˜oes (6.20) e (6.23), podemos escrever um algoritmo para o m´etodo da potˆencia. Uma quest˜ao que se coloca ´e: quais valores iniciais, λ0 e z0, devemos utilizar para o autovalor dominante e seu autovetor? Para z0, consideraremos um vetor arbitr´ario, o qual ser´a normalizado antes de se iniciar as itera¸c˜oes. Com essa escolha, valemo-nos da equa¸c˜ao (6.1) e escrevemos Az0 = λ0z0 ... || z0 || = 1 ... zT 0 Az0 = zT 0 λ0z0 = λ0(zT 0 z0) = λ0 Aplica-se, ent˜ao, repetidamente a equa¸c˜ao (6.20), normalizando o vetor zk a cada itera¸c˜ao, conforme mostrado no algoritmo 6.5.1. O exemplo 6.7 mostra o funcionamento do m´etodo. A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 121
  • 13. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Algoritmo 6.5.1 M´etodo da potˆencia proc potencia(input: A, z0, , kmax; output: λk, zk) z0 ← z0/|| z0 || λ0 ← zT 0 Az0 for k = 1, 2, . . ., kmax do q ← Azk−1 zk ← q/|| q || λk ← zT k Azk if | λk − λk−1 | < then break endif endfor endproc Exemplo 6.7 Seja a matriz A =   8 1 2 −1 5 1 0 1 90   , a qual tem como autovalores e respectivos autovetores, λ1 = 90, 0115, λ2 = 7, 6308, λ3 = 5, 3577 x1 =   0, 0245 0, 0115 0, 9996   , x2 =   −0, 9353 0, 3539 −0, 0043   , x3 =   −0, 0043 −0, 0111 0, 9996   . Utilizando-se o m´etodo da potˆencia com um vetor com trˆes elementos escolhidos arbitrariamente e normalizado, z0 = (0, 4394, 0, 6415, 0, 6287)T , obt´em-se a seguinte seq¨uˆencia de valores, com uma tolerˆancia para convergˆencia de 10−5 : k zk λk 0 (0, 4394, 0, 6415, 0, 6287)T 40, 5408 1 (0, 0940, 0, 0590, 0, 9938)T 89, 2834 2 (0, 0313, 0, 0133, 0, 9994)T 89, 9939 3 (0, 0251, 0, 0115, 0, 9996)T 90, 0102 4 (0, 0246, 0, 0115, 0, 9996)T 90, 0114 5 (0, 0245, 0, 0115, 0, 9996)T 90, 0115 6 (0, 0245, 0, 0115, 0, 9996)T 90, 0115 onde pode-se verificar que z6 ´e uma boa aproxima¸c˜ao para x1, sujeita `aquela tolerˆancia. Caso a matriz tenha autovalores dominantes repetidos, i.e. λ1 = λ2 = . . . = λr o m´etodo da potˆencia ir´a obter apenas um autovetor, o qual ser´a combina¸c˜ao linear dos autovetores correspondentes a λ1. O m´etodo da potˆencia diverge se A tiver autovalores diferentes, por´em de mesmo valor absoluto como, por exemplo, um par conjugado de autovalores dominantes complexos, λ2 = λ1; o exemplo a seguir ilustra tal situa¸c˜ao: Exemplo 6.8 Seja a matriz A =   1 10 2 −1 1 10 10 1 −13   , A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 122
  • 14. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores a qual tem como autovalores e respectivos autovetores, λ1 = −9, 4515 + 3, 8807i, λ2 = −9, 4515 − 3, 8807i, λ3 = 7, 9030 x1 =   0, 0307 − 0, 4143i 0, 2160 + 0, 5518i −0, 4368 − 0, 5343i   , x2 =   0, 0307 + 0, 4143i 0, 2160 − 0, 5518i −0, 4368 + 0, 5343i   , x3 =   0, 7897 0, 4651 0, 4000   . Utilizando-se o m´etodo da potˆencia com um vetor com trˆes elementos escolhidos arbitrariamente e normalizado, z0 = (0, 4857, 0, 0197, 0, 8739)T , obt´em-se a seguinte seq¨uˆencia de valores, com uma tolerˆancia para convergˆencia de 10−5 : k zk λk 0 (0, 4857, 0, 0197, 0, 8739)T −4, 3241 1 (0, 2253, 0, 7668, −0, 6010)T −9, 1975 2 (0, 4829, −0, 3946, 0, 7817)T −8, 1345 3 (−0, 2066, 0, 7546, −0, 6229)T −9, 4601 4 (0, 5786, −0, 5001, 0, 6443)T −6, 4876 5 (−0, 4517, 0, 7731, −0, 4454)T −6, 2931 6 (0, 8581, −0, 4338, 0, 2749)T −1, 8886 a qual apresenta um comportamento n˜ao convergente. 6.5.2 O m´etodo da potˆencia com transla¸c˜ao da origem Como vimos na se¸c˜ao anterior, a convergˆencia do m´etodo da potˆencia depende de | λ2/λ1 |, para o caso de existir apenas um autovalor dominante. Se essa raz˜ao for muito pr´oxima de 1, ent˜ao a convergˆencia ´e muito lenta. No entanto, podemos obter a solu¸c˜ao de forma mais r´apida se procedermos a uma modifica¸c˜ao do m´etodo da potˆencia. Essa modifica¸c˜ao baseia-se no fato de que, se λ ´e um autovalor de uma matriz A, ent˜ao λ − σ ´e o autovalor correspondente da matriz A − σI. Dessa forma, se aplicarmos o m´etodo da potˆencia a uma matriz A − σI, tal que λ1 − σ ainda seja dominante, a convergˆencia do m´etodo depender´a de λ2 − σ λ1 − σ o que, para um valor adequado de σ, poder´a ser menor do que | λ2/λ1 |. A esse processo, d´a-se o nome de transla¸c˜ao da origem – ´e como se os autovalores estivessem distribu´ıdos em um novo sistema de referˆencia cuja origem ´e σ, e n˜ao mais zero – e pode ser bastante eficaz, desde que a escolha de σ seja criteriosa. Obviamente, poder´ıamos calcular explicitamente a matriz A − σI e utilizar o algoritmo 6.5.1; no entanto, pequenas modifica¸c˜oes naquele algoritmo nos permitem utilizar o processo de trans- la¸c˜ao da origem de forma mais eficiente. Novamente, z0 ´e considerado um vetor unit´ario, de onde podemos obter a seguinte estimativa para λ0: (A − σI)z0 = λ0z0; pr´e-multiplicando por zT 0 , zT 0 Az0 − σzT 0 z0 = λ0(zT 0 z0) ... || z0 || = 1 ... λ0 = zT 0 Az0 − σ e, por analogia, escrevemos λk = zT k Azk − σ Al´em disso, ao inv´es de calcularmos q = Azk, devemos calcular q = Azk − σzk. Ao final do processo, devemos corrigir λk, adicionando a ele σ. Essas id´eias s˜ao apresentadas no algoritmo 6.5.2. A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 123
  • 15. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Algoritmo 6.5.2 M´etodo da potˆencia (com transla¸c˜ao) proc potencia transla¸c˜ao(input: A, z0, σ, , kmax; output: λk, zk) z0 ← z0/|| z0 || λ0 ← zT 0 Az0 − σ for k = 1, 2, . . ., kmax do q ← Azk−1 − σzk−1 zk ← q/|| q || λk ← zT k Azk − σ if | λk − λk−1 | < then break endif endfor λk ← λk + σ endproc O exemplo a seguir ilustra o uso do m´etodo da potˆencia com transla¸c˜ao de origem. Exemplo 6.9 Seja a matriz A =   2 −1 0 −1 2 −1 0 −1 2   , a qual tem como autovalores e respectivos autovetores, λ1 = 3, 4142, λ2 = 2, λ3 = 0, 5858 x1 =   0, 5000 −0, 7071 0, 5000   , x2 =   0, 7071 0, 0000 −0, 7071   , x3 =   0, 5000 0, 7071 0, 5000   . Note que | λ2/λ1 | = 0, 5858. Se utilizarmos o m´etodo da potˆencia, a uma tolerˆancia de 10−5 e vetor inicial z0 = (1, 0, 0)T , necessitaremos de 13 itera¸c˜oes para obter a aproxima¸c˜ao 3, 4142 para o autovalor λ1. No entanto, se usarmos o transla¸c˜ao da origem, com σ = 1, necessitamos apenas de 9 itera¸c˜oes para obter a mesma aproxima¸c˜ao; veja que λ2 − 1 λ1 − 1 = 1 2, 4142 = 0, 4142 < 0, 5858 = λ2 λ1 o que sugere o menor n´umero de itera¸c˜oes. 6.5.3 M´etodo da itera¸c˜ao inversa Como vimos, o m´etodo da potˆencia nos permite aproximar o autovalor dominante de A; suponha, agora, que desejamos aproximar o menor autovalor (e seu correspondente autovetor) de A. Re- lembrando que os autovalores de A−1 s˜ao o inverso dos autovalores de A (equa¸c˜ao (6.3)), ent˜ao, se utilizarmos o m´etodo da potˆencia sobre a matriz A−1 , aproximaremos o menor autovalor de A pois ele ´e o maior autovalor de A−1 . A essa modifica¸c˜ao do m´etodo da potˆencia chamamos de m´etodo da itera¸c˜ao inversa. O m´etodo da itera¸c˜ao inversa procede, basicamente, com o c´alculo sucessivo de vetores zk dados por zk = A−1 zk−1, k = 1, 2, . . . mas j´a vimos (cap´ıtulo 4) que, computacionalmente, devemos evitar, se poss´ıvel, calcular a inversa de uma matriz. Nesse caso, ´e aconselhado que se resolva o sistema Azk = zk−1, k = 1, 2, . . . A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 124
  • 16. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores atrav´es da fatora¸c˜ao LU de A (se¸c˜ao 4.3.2), uma vez que v´arias itera¸c˜oes ser˜ao necess´arias para se aproximar o menor autovalor e respectivo autovetor. Al´em disso, o m´etodo da itera¸c˜ao inversa ´e, normalmente, combinado com a transla¸c˜ao de origem, o que resulta na fatora¸c˜ao LU da matriz A − σI. O algoritmo 6.5.3 apresenta o m´etodo da itera¸c˜ao inversa, incorporando transla¸c˜ao de origem. Algoritmo 6.5.3 M´etodo da itera¸c˜ao inversa (com transla¸c˜ao) proc itera¸c˜ao inversa transla¸c˜ao(input: A, z0, σ, , kmax; output: λk, zk) Fatore A − σI no produto LU z0 ← z0/|| z0 || λ0 ← zT 0 Az0 − σ for k = 0, 1, . . ., kmax do Resolva o sistema Ly = zk Resolva o sistema Uq = y zk ← q/|| q || λk ← zT k Azk − σ if | λk − λk−1 | < then break endif endfor λk ← λk + σ endproc Exemplo 6.10 Seja a matriz do exemplo 6.9, A =   2 −1 0 −1 2 −1 0 −1 2   , cujo menor autovalor ´e λ3 = 0, 5858 e o seu correspondente autvetor ´e x3 = (0, 5000, 0, 7071, 0, 5000)T . Se utilizarmos o algoritmo 6.5.3 com σ = 0, i.e. sem transla¸c˜ao da origem, a uma tolerˆancia de 10−5 e vetor inicial z0 = (1, 0, 0)T , necessitaremos de 7 itera¸c˜oes para obter a aproxima¸c˜ao 0, 5858 para o autovalor λ3 e (0, 5002, 0, 7071, 0, 4998)T para o correspondente autovetor. No entanto, se usarmos o transla¸c˜ao da origem, com σ = 0, 5, necessitamos apenas de 4 itera¸c˜oes para obter a mesma aproxima¸c˜ao; veja que λ−1 2 − 0, 5 λ−1 3 − 0, 5 = 0 0, 0858 = 0 < 0, 2929 = λ−1 2 λ−1 3 o que sugere o menor n´umero de itera¸c˜oes; na verdade, σ = 0, 5 ´e a melhor escolha poss´ıvel, nesse caso. Outro exemplo mostra como usar o m´etodo da itera¸c˜ao inversa em conjunto com o teorema de Gerschgorin, a fim de se determinar um autovalor espec´ıfico. Exemplo 6.11 Seja a matriz A =   5 2 1 2 3 1 1 1 1   Os discos de Gerschgorin s˜ao: d1 : c1 = 5, r1 = 3 d2 : c2 = 3, r2 = 3 d3 : c3 = 1, r3 = 2 A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 125
  • 17. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Suponha que desejamos aproximar o menor autovalor; como o disco d3 ´e aquele que se encontra mais `a esquerda em compara¸c˜ao aos demais, podemos utilizar o seu centro como fator de transla- ¸c˜ao. Ent˜ao, utilizamos o m´etodo da itera¸c˜ao inversa com σ = 1, vetor inicial z0 = √ 3 −1 (1, 1, 1)T e tolerˆancia 10−5 e obtemos λ = 0, 5764 e z = (−0, 0597, −0, 3380, 0, 9393)T ap´os 10 itera¸c˜oes. Por outro lado, se tiv´essemos utilizado σ = c3 + r3, a convergˆencia para o mesmo autovalor seria obtida em apenas 4 itera¸c˜oes. 6.5.4 O m´etodo da itera¸c˜ao inversa e o quociente de Rayleigh Como visto no teorema 6.2.2, o valor do autovalor dominante λ1 de uma matriz real sim´etrica ´e o m´aximo do quociente de Rayleigh, dentre todos os vetores x = 0. Isso nos permite utilizar a express˜ao (6.12) juntamente com o m´etodo da itera¸c˜ao inversa, conforme mostra o algoritmo 6.5.4. Algoritmo 6.5.4 M´etodo da itera¸c˜ao inversa com transla¸c˜ao via quociente de Rayleigh) proc itera¸c˜ao inversa transla¸c˜ao(input: A, z0, , kmax; output: λk, zk) z0 ← z0/|| z0 || for k = 0, 1, . . ., kmax do λk = zT k Azk zT k zk Resolva o sistema (A − λkI)q = zk zk ← q/|| q || if || zk − zk−1 || < then break endif endfor endproc Note que, no algoritmo 6.5.4, um sistema de equa¸c˜oes diferente ´e resolvido a cada itera¸c˜ao, j´a que uma nova estimativa λk ´e utilizada a cada itera¸c˜ao. ´E poss´ıvel, no entanto, que o sistema A − λkI seja singular e, nesse caso, o processo deve ser terminado. 6.6 Exerc´ıcios Exerc´ıcio 6.1 Determine os autovalores e autovetores correspondentes da matriz   1 −1 −1 0 2 5 0 0 −1   . Exerc´ıcio 6.2 Calcule o autovalor dominante de   10 9 8 3 5 6 7 2 −1   . Exerc´ıcio 6.3 Calcule o autovalor dominante e o autovetor correspondente da matriz   6 2 1 2 3 1 1 1 1   , usando o m´etodo da potˆencia, com z0 = (1, 1, 1)T e tolerˆancia 10−5 . A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 126
  • 18. Introdu¸c˜ao ao C´alculo Num´erico Autovalores e Autovetores Exerc´ıcio 6.4 Calcule o autovalor dominante e o autovetor correspondente da matriz   0 1 1 −1 0 1 −1 −1 0   , usando o m´etodo da potˆencia, com z0 = (1, 1, 1)T e tolerˆancia 10−5 . Exerc´ıcio 6.5 Explique o que acontece com o m´etodo da potˆencia para a matriz   2 1 −1 1 2 −1 1 −1 2   , com z0 = (1, 1, 1)T e tolerˆancia 10−5 , sabendo que os seus autovalores s˜ao 1, 2 e 3. Repita para z0 = (1, 0, 10−6 )T . Exerc´ıcio 6.6 Utilize o m´etodo da itera¸c˜ao inversa para calcular o menor autovalor da matriz   2 1 −1 1 2 −1 1 −1 2   , com z0 = (1, 1, 1)T e tolerˆancia 10−5 . Exerc´ıcio 6.7 Seja a matriz A =   5 2 1 2 3 1 1 1 1   Explique o que ocorre com o m´etodo da itera¸c˜ao inversa utilizado com σ = 3, z0 = (1, 0, 0)T e tolerˆancia 10−5 . Generalize a sua resposta. A.L. de Bortoli, C. Cardoso, M.P.G. Fachin, R.D. da Cunha 127