SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 13
Baixar para ler offline
Equac~oes Diferenciais Parciais e o Teorema de Exist^encia e Unicidade para o 
Problema de Cauchy, caso linear 
Cristiane C. F. Cintra1y, Luciana B. Goecking2 
1Discente do curso de Matematica Licenciatura da Universidade Federal de Alfenas. 
2Docente do Instituto de Ci^encias Exatas da Universidade Federal de Alfenas. 
Resumo: Seja 
 de R2 uma regi~ao aberta, I um intervalo aberto e a equac~ao linear de primeira 
ordem n~ao homog^enea em sua forma mais geral a(x; y)ux +b(x; y)uy = c(x; y) e a condic~ao ini-cial 
u((t); (t)) = f(t) em que a, b e c s~ao de classe C1 em 
 que contem a curva suave 

 = ((t); (t)); t 2 I, chamada curva inicial do problema. Este tipo de problema e chamado 
um Problema de Cauchy. Para resolvermos este problema de Cauchy sera de import^ancia fun-damental 
o conceito das curvas caracterstica da equac~ao, pois estas representam o ponto de 
partida na busca da soluc~ao para o problema.Tambem, veremos que a forma como as curvas ca-racter 
sticas intersectam a curva inicial ((t); (t)) dada determina se o problema tera soluc~ao 
unica, in
nitas soluc~oes ou se a soluc~ao n~ao existe. Veremos o Teorema de Exist^encia e Unici-dade 
que nos da as condic~oes necessarias para a exist^encia e unicidade da soluc~ao do Problema 
de Cauchy mencionado. E 
importante observar que o Teorema de Exist^encia e Unicidade nos 
garante apenas resultados locais, ja que o comportamento das curvas caractersticas longe da 
curva inicial pode tornar-se demasiado complexo. 
Palavras-chave: Problema de valor inicial, mudanca de variaveis, curva caracterstica. 
Abstract: It 
 of R2 is a open region, I an open interval and the linear equation of
rst or-der 
non homogeneous in its most general form a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y) and the initial 
condition u((t); (t)) = f(t) that a, b and c are C1 class in 
 that contains the smoth curve 

 = ((t); (t)); t 2 I, initial curve of problem. This type of problem is called a Cauchy Pro-blem. 
To solve this Cauchy problem is fundamental the concept of characteristic curves of the 
equation, since these represent the starting point in the search for solution to the problem. Also, 
we will see that the way in which the characteristic curves intersect the initial curve ((t); (t)) 
given determines whether the problem will have unique solution, endless solutions or if the so-lution 
does not exist. We will see the Existence and Uniqueness Theorem that gives us the 
necessary conditions for the existence and uniqueness of solution of Cauchy Problem cited. It is 
important to note that the Existence and Uniqueness Theorem guarantees us just local results, 
since the behavior of the characteristic curves away from the initial curve can become to complex. 
Keywords: Initial value problem, variable changes, curve feature. 
yCorresponding author: cristiane.uai@oi.com.br. 
Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
Cintra e Goecking (2012) 45 
Introduc~ao 
As Equac~oes Diferenciais Parciais (EDP's) s~ao utilizadas para descrever acontecimentos f- 
sicos, biologicos, entre outros. Da a grande relev^ancia de seu estudo. 
De acordo com Bassanezi e Junior (1988, p. 2) ...as Equac~oes Diferenciais talvez sejam o 
ramo da matematica que tenha maior proximidade e interac~oes com outras ci^encias. 
Muitos fen^omenos que ocorrem na otica, mec^anica, biologia, entre outros, podem ser mo-delados 
por Equac~oes Diferenciais Parciais. A Elasticidade e a Din^amica dos Fluidos, [...] 
tiveram seu desenvolvimento em comum com uma grande e boa parte da teoria matematica 
destas equac~oes. (BASSANEZI; JUNIOR, 1988, p. 469). A soluc~ao de inumeros problemas de 
import^ancia pratica e cient
ca em Mec^anica do Meio Contnuo depende do desenvolvimento da 
teoria das EDP's. 
Considere a equac~ao linear de primeira ordem n~ao homog^enea 
a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y); (x; y) 2 
 
u((t); (t)) = f(t); t 2 I 
em que 
  R2 e um aberto, a; b; c 2 C1(
), I representa um intervalo aberto e 
 = ((t); (t)) 
e uma parametrizac~ao de uma curva qualquer em 
, denominada Curva Inicial do problema. 
Este tipo de problema e chamado um Problema de Cauchy. 
O Problema de Cauchy e um problema classico dentro da teoria das Equac~oes Diferenciais. 
A. L. Cauchy (1789-1857) demonstrou rigorosamente pela primeira vez, e por 
tr^es metodos diferentes, a exist^encia de soluc~oes para uma vasta classe de 
Equac~oes Diferenciais que inclui essencialmente todos os modelos conhecidos. 
(BASSANEZI; JUNIOR, 1988, p. 9). 
Vamos ver como resolver problemas de Cauchy para equac~oes lineares de primeira ordem com 
duas variaveis independentes. Para isto, estudaremos o Teorema de Exist^encia e Unicidade para 
o caso linear para o Problema de Cauchy. Este teorema nos fornecera as condic~oes necessarias 
para que este problema tenha soluc~ao e para que esta seja unica. 
Conceitos Fundamentais 
Notac~oes 
Seja 
  Rn um aberto e u : 
 ! R uma func~ao diferenciavel. Se u = u(x1; :::; xn) e uma 
func~ao de varias variaveis, usaremos diferentes notac~oes para as derivadas parciais de u. Por 
exemplo, 
(i) 
@u 
@x1 
; ux1 ; @x1u ou D1u denota a derivada parcial de u em relac~ao a primeira variavel x1. 
(ii) 
@2u 
@x2@x1 
; ux1x2 ; @x2@x1u ou D2D1u denota a derivada de u primeiro em relac~ao a x1 e 
depois a x2. 
(iii) 
@2u 
@x2i 
; uxixi ; @2 
xiu ou D2 
i u denota a derivada de segunda ordem de u com relac~ao a mesma 
variavel xi. 
Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
Cintra e Goecking (2012) 46 
Equac~ao Diferencial Parcial 
Uma Equac~ao Diferencial Parcial (EDP) e uma equac~ao que envolve variaveis independentes 
x1; x2; :::; xn e derivadas parciais de uma func~ao (variavel dependente) u = u(x1; x2; :::; xn). Uma 
EDP em n variaveis independentes x1; :::; xn e uma equac~ao da forma 
F 
 
x1; :::; xn; u; 
@u 
@xi 
; 
@2u 
@xi@xj 
; :::; 
@mu 
@xi1:::@xim 
 
= 0 (1) 
em que x = (x1; ::; xn) 2 
, que representa um subconjunto aberto de Rn, u : 
 ! R e uma 
func~ao com derivadas parciais de ordem m. 
Obs.: Um subconjunto 
 de Rn e aberto se, dado qualquer x0 2 
, existe uma bola aberta de 
raio r  0 centrada em x0 inteiramente contida em 
. 
Exemplos de EDP's: 
1) ut = uxxx + uux 
2) xux  yuy = sen(xy) 
3) (ux)2  x2 + ut = 0 
Classi
cac~ao de uma EDP 
Uma EDP pode ser classi
cada segundo sua ordem e linearidade. 
A ordem de uma EDP e dada pela sua derivada parcial de maior ordem. Dizemos que a 
EDP (1) e linear se F e linear em relac~ao a u e a todas as suas derivadas parciais; caso contrario 
a EDP e dita n~ao linear. 
O exemplo 1) e uma EDP linear de terceira ordem, no exemplo 2), temos uma EDP linear 
de primeira ordem e no exemplo 3), a EDP e n~ao linear de primeira ordem. 
Uma EDP linear de primeira ordem possui a forma geral 
Xn 
j=1 
aj(x)Dju + b(x)u + c(x) = 0; (2) 
em que algum dos coe
cientes aj n~ao e identicamente nulo. 
Ja no caso de equac~oes de segunda ordem, a forma mais geral de uma EDP linear e 
Xn 
i;j=1 
aij(x)DiDju + 
Xn 
j=1 
bj(x)Dju + c(x)u + d(x) = 0; (3) 
em que algum dos coe
cientes aij n~ao e identicamente nulo. 
Caso a EDP possua duas variaveis independentes x; y, as equac~oes (2) e (3) podem ser 
reescritas, respectivamente, 
A(x; y)ux + B(x; y)uy + C(x; y)u + D(x; y) = 0; (4) 
A(x; y)uxx + 2B(x; y)uxy + C(x; y)uyy + D(x; y)ux + E(x; y)uy + F(x; y)u + G(x; y) = 0: (5) 
Obs.: A equac~ao (5) n~ao contem o termo com uyx, pois procuramos soluc~oes u que s~ao duas 
vezes continuamente diferenciaveis na regi~ao de interesse e, para tais func~oes, uxy = uyx. 
Uma EDP linear e dita homog^enea se o termo que n~ao contem a variavel dependente e 
identicamente nulo. O exemplo 1) e de uma EDP linear homog^enea e no exemplo 2) temos uma 
EDP linear n~ao homog^enea. 
As equac~oes (4) e (5) se tornam homog^eneas quando as func~oes D(x; y) e G(x; y) s~ao res-pectivamente 
iguais a zero. 
Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
Cintra e Goecking (2012) 47 
Tr^es EDP's importantes 
1) A equac~ao de Laplace, 
@2u 
@x2 + 
@2u 
@y2 = 0; 
e uma equac~ao linear de segunda ordem homog^enea. 
2) Uma outra equac~ao importante e a equac~ao unidimensional de calor 
@u 
@t 
= 2 @2u 
@x2 ; 
onde u = u(x; t), x 2 R, t  0 e 2 e uma constante. E 
uma equac~ao de segunda ordem, 
linear e homog^enea. 
3) A equac~ao unidimensional de onda 
@2u 
@t2 = c2 @2u 
@x2 : 
e tambem linear, homog^enea e de segunda ordem. 
Obs.: O termo unidimensional faz refer^encia ao fato de x ter dimens~ao espacial 1, enquanto t 
representa o tempo. 
O Operador Diferencial Parcial L 
Consideremos uma EDP de primeira ou segunda ordem com n variaveis independentes 
x1; :::; xn. Considerando uma equac~ao do tipo 
Xn 
i;j=1 
aij(x)DiDju + 
Xn 
j=1 
bj(x)Dju + c(x)u + d(x) = 0: (6) 
Denotaremos por k a ordem da equac~ao, k = 1 ou k = 2. Note que se k = 1, ent~ao aij  0 
quaisquer que sejam i; j 2 f1; :::; ng e existe j; 1  j  n, tal que bj6 0. 
Podemos colocar a equac~ao (6) na forma 
Lu = f; (7) 
em que f(x) = d(x) e 
(Lu)(x) = 
Xn 
i;j=1 
aij(x)DiDju(x) + 
Xn 
j=1 
bj(x)Dju(x) + c(x)u(x): (8) 
A cada func~ao u corresponde uma unica func~ao Lu. Assim, de
nimos o operador ou trans-forma 
c~ao L. Considere 
 um subconjunto aberto de Rn, onde as func~oes aij ; bj e c, 1  i; j  n; 
s~ao contnuas em 
 e tomam valores reais. De
nimos, ent~ao 
L : Ck(
) ! C(
) (9) 
u7! Lu 
onde Lu e dado pela formula (8) e Ck(
) e o conjunto das func~oes u : 
7! R que s~ao k vezes 
continuamente diferenciaveis. 
O operador L representa um exemplo de um operador diferencial parcial. Como a equac~ao 
(6) e linear, temos que o operador L de

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAdriano Silva
 
Aula 14: O poço de potencial infinito
Aula 14: O poço de potencial infinitoAula 14: O poço de potencial infinito
Aula 14: O poço de potencial infinitoAdriano Silva
 
Sequencias recorrentes
Sequencias recorrentesSequencias recorrentes
Sequencias recorrentesSamuel Ribeiro
 
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Adriano Silva
 
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...JÚLIO PEIXOTO
 
Decomposições de matrizes utilizando conceitos de Auto Vetores e Auto Valores
Decomposições de matrizes utilizando conceitos de Auto Vetores e Auto ValoresDecomposições de matrizes utilizando conceitos de Auto Vetores e Auto Valores
Decomposições de matrizes utilizando conceitos de Auto Vetores e Auto ValoresFelipe Schimith Batista
 
Aula 21: Exercícios
Aula 21: ExercíciosAula 21: Exercícios
Aula 21: ExercíciosAdriano Silva
 
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodingerMarcelo de Souza
 
Análise Dinâmica de uma Viga do tipo biapoiada utilizando o Método dos Elemen...
Análise Dinâmica de uma Viga do tipo biapoiada utilizando o Método dos Elemen...Análise Dinâmica de uma Viga do tipo biapoiada utilizando o Método dos Elemen...
Análise Dinâmica de uma Viga do tipo biapoiada utilizando o Método dos Elemen...Vinicius Elias
 
Pts equilibrio
Pts equilibrioPts equilibrio
Pts equilibrioJoyce Maia
 
Quociente de rayleigh cap6
Quociente de rayleigh cap6Quociente de rayleigh cap6
Quociente de rayleigh cap6Anderson Ramos
 
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoAplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoLucas Guimaraes
 
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Adriano Silva
 
Apontamento quantica
Apontamento quanticaApontamento quantica
Apontamento quanticaRaiane Sodré
 
Novas Informações Sobre a Equação Generalizada de Euler-Tricomi
Novas Informações Sobre a Equação Generalizada de Euler-TricomiNovas Informações Sobre a Equação Generalizada de Euler-Tricomi
Novas Informações Sobre a Equação Generalizada de Euler-TricomiLossian Barbosa Bacelar Miranda
 

Mais procurados (20)

Aula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônicoAula 15: O oscilador harmônico
Aula 15: O oscilador harmônico
 
Aula 14: O poço de potencial infinito
Aula 14: O poço de potencial infinitoAula 14: O poço de potencial infinito
Aula 14: O poço de potencial infinito
 
Sequencias recorrentes
Sequencias recorrentesSequencias recorrentes
Sequencias recorrentes
 
Apostila 1 calculo i
Apostila 1 calculo iApostila 1 calculo i
Apostila 1 calculo i
 
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
 
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
FORMA ANALÍTICA E MÉTODOS DAS DIFERENÇAS FINITAS APLICADO AO POTENCIAL DENTRO...
 
Decomposições de matrizes utilizando conceitos de Auto Vetores e Auto Valores
Decomposições de matrizes utilizando conceitos de Auto Vetores e Auto ValoresDecomposições de matrizes utilizando conceitos de Auto Vetores e Auto Valores
Decomposições de matrizes utilizando conceitos de Auto Vetores e Auto Valores
 
Algebra linear operações com matrizes
Algebra linear   operações com matrizesAlgebra linear   operações com matrizes
Algebra linear operações com matrizes
 
Algebra linear operações com matrizes
Algebra linear operações com matrizesAlgebra linear operações com matrizes
Algebra linear operações com matrizes
 
Aula 21: Exercícios
Aula 21: ExercíciosAula 21: Exercícios
Aula 21: Exercícios
 
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
 
Análise Dinâmica de uma Viga do tipo biapoiada utilizando o Método dos Elemen...
Análise Dinâmica de uma Viga do tipo biapoiada utilizando o Método dos Elemen...Análise Dinâmica de uma Viga do tipo biapoiada utilizando o Método dos Elemen...
Análise Dinâmica de uma Viga do tipo biapoiada utilizando o Método dos Elemen...
 
Pts equilibrio
Pts equilibrioPts equilibrio
Pts equilibrio
 
Quociente de rayleigh cap6
Quociente de rayleigh cap6Quociente de rayleigh cap6
Quociente de rayleigh cap6
 
Teorema Chinês Dos Restos
Teorema Chinês Dos RestosTeorema Chinês Dos Restos
Teorema Chinês Dos Restos
 
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempoAplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
Aplicações da equação de Schrödinger independente do tempo
 
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
Aula 18: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. 2 Pa...
 
Teorema chinês do resto
Teorema chinês do restoTeorema chinês do resto
Teorema chinês do resto
 
Apontamento quantica
Apontamento quanticaApontamento quantica
Apontamento quantica
 
Novas Informações Sobre a Equação Generalizada de Euler-Tricomi
Novas Informações Sobre a Equação Generalizada de Euler-TricomiNovas Informações Sobre a Equação Generalizada de Euler-Tricomi
Novas Informações Sobre a Equação Generalizada de Euler-Tricomi
 

Destaque

лабораторна 9
лабораторна 9лабораторна 9
лабораторна 9Galina Miniuk
 
9560 Gracemere RSA Front page only
9560 Gracemere RSA Front page only9560 Gracemere RSA Front page only
9560 Gracemere RSA Front page onlyDijon Niehaus
 
923282534
923282534923282534
923282534nessy_1
 
9月節能減碳簡報
9月節能減碳簡報9月節能減碳簡報
9月節能減碳簡報llpseng
 
חיפוש ותפיסת מסמכים בהליך האזרחי והפלילי
חיפוש ותפיסת מסמכים בהליך האזרחי והפליליחיפוש ותפיסת מסמכים בהליך האזרחי והפלילי
חיפוש ותפיסת מסמכים בהליך האזרחי והפליליartzihiba
 
9 20中国56个民族
9 20中国56个民族9 20中国56个民族
9 20中国56个民族shsszj
 
9347 floralies taipei nov 2010 japon####-c
9347 floralies taipei nov 2010 japon####-c9347 floralies taipei nov 2010 japon####-c
9347 floralies taipei nov 2010 japon####-cDominique Pongi
 
9-15-14_Recommendation Letter_KULKA
9-15-14_Recommendation Letter_KULKA9-15-14_Recommendation Letter_KULKA
9-15-14_Recommendation Letter_KULKAJim Kulka
 
9150 Warwick Drive
9150 Warwick Drive9150 Warwick Drive
9150 Warwick Drivempatakas
 
пряжинская центральная районная библиотека90лет
пряжинская центральная районная библиотека90летпряжинская центральная районная библиотека90лет
пряжинская центральная районная библиотека90летPryazha_biblioteka
 
93 z ten bi meorcha+en
93 z ten bi meorcha+en93 z ten bi meorcha+en
93 z ten bi meorcha+enZoya Sladek
 
91bis Bis Art De Papier
91bis Bis Art De Papier91bis Bis Art De Papier
91bis Bis Art De Papierwestberti71
 
คำอธิษฐานของพระเยซู 90 วันแห่งการท้าทาย
คำอธิษฐานของพระเยซู 90 วันแห่งการท้าทายคำอธิษฐานของพระเยซู 90 วันแห่งการท้าทาย
คำอธิษฐานของพระเยซู 90 วันแห่งการท้าทายBLC
 
9,10,11 the very hungry caterpillar
9,10,11 the very hungry caterpillar9,10,11 the very hungry caterpillar
9,10,11 the very hungry caterpillarMiss Andrea
 
9.00 10.15am Challenges In Implementing Perf Framework (Perczynski And Postul...
9.00 10.15am Challenges In Implementing Perf Framework (Perczynski And Postul...9.00 10.15am Challenges In Implementing Perf Framework (Perczynski And Postul...
9.00 10.15am Challenges In Implementing Perf Framework (Perczynski And Postul...icgfmconference
 

Destaque (20)

91c111
91c11191c111
91c111
 
лабораторна 9
лабораторна 9лабораторна 9
лабораторна 9
 
91pdsulsel002
91pdsulsel00291pdsulsel002
91pdsulsel002
 
9560 Gracemere RSA Front page only
9560 Gracemere RSA Front page only9560 Gracemere RSA Front page only
9560 Gracemere RSA Front page only
 
923282534
923282534923282534
923282534
 
9月節能減碳簡報
9月節能減碳簡報9月節能減碳簡報
9月節能減碳簡報
 
חיפוש ותפיסת מסמכים בהליך האזרחי והפלילי
חיפוש ותפיסת מסמכים בהליך האזרחי והפליליחיפוש ותפיסת מסמכים בהליך האזרחי והפלילי
חיפוש ותפיסת מסמכים בהליך האזרחי והפלילי
 
9.1º Notas
9.1º  Notas9.1º  Notas
9.1º Notas
 
9.04b
9.04b9.04b
9.04b
 
94769 Chineses
94769 Chineses94769 Chineses
94769 Chineses
 
9 20中国56个民族
9 20中国56个民族9 20中国56个民族
9 20中国56个民族
 
9347 floralies taipei nov 2010 japon####-c
9347 floralies taipei nov 2010 japon####-c9347 floralies taipei nov 2010 japon####-c
9347 floralies taipei nov 2010 japon####-c
 
9-15-14_Recommendation Letter_KULKA
9-15-14_Recommendation Letter_KULKA9-15-14_Recommendation Letter_KULKA
9-15-14_Recommendation Letter_KULKA
 
9150 Warwick Drive
9150 Warwick Drive9150 Warwick Drive
9150 Warwick Drive
 
пряжинская центральная районная библиотека90лет
пряжинская центральная районная библиотека90летпряжинская центральная районная библиотека90лет
пряжинская центральная районная библиотека90лет
 
93 z ten bi meorcha+en
93 z ten bi meorcha+en93 z ten bi meorcha+en
93 z ten bi meorcha+en
 
91bis Bis Art De Papier
91bis Bis Art De Papier91bis Bis Art De Papier
91bis Bis Art De Papier
 
คำอธิษฐานของพระเยซู 90 วันแห่งการท้าทาย
คำอธิษฐานของพระเยซู 90 วันแห่งการท้าทายคำอธิษฐานของพระเยซู 90 วันแห่งการท้าทาย
คำอธิษฐานของพระเยซู 90 วันแห่งการท้าทาย
 
9,10,11 the very hungry caterpillar
9,10,11 the very hungry caterpillar9,10,11 the very hungry caterpillar
9,10,11 the very hungry caterpillar
 
9.00 10.15am Challenges In Implementing Perf Framework (Perczynski And Postul...
9.00 10.15am Challenges In Implementing Perf Framework (Perczynski And Postul...9.00 10.15am Challenges In Implementing Perf Framework (Perczynski And Postul...
9.00 10.15am Challenges In Implementing Perf Framework (Perczynski And Postul...
 

Semelhante a EDP linear Cauchy

Semelhante a EDP linear Cauchy (20)

A função exponencial & trigonometria e aplicações
A função exponencial & trigonometria e aplicaçõesA função exponencial & trigonometria e aplicações
A função exponencial & trigonometria e aplicações
 
Apostila 3 calculo i integrais
Apostila 3 calculo i integraisApostila 3 calculo i integrais
Apostila 3 calculo i integrais
 
Edo
EdoEdo
Edo
 
Bifurcações de Equilíbrios de Codimensão Um [Apresentação]
Bifurcações de Equilíbrios de Codimensão Um [Apresentação]Bifurcações de Equilíbrios de Codimensão Um [Apresentação]
Bifurcações de Equilíbrios de Codimensão Um [Apresentação]
 
Equações diferenciais ordinárias
Equações diferenciais ordináriasEquações diferenciais ordinárias
Equações diferenciais ordinárias
 
Calculo1 aula03
Calculo1 aula03Calculo1 aula03
Calculo1 aula03
 
Calculo1 aula03
Calculo1 aula03Calculo1 aula03
Calculo1 aula03
 
Fourier
FourierFourier
Fourier
 
Equaçoes literais
Equaçoes literaisEquaçoes literais
Equaçoes literais
 
Equações Exatas exercicios
Equações Exatas exerciciosEquações Exatas exercicios
Equações Exatas exercicios
 
Aula 6: O caso estacioário em uma dimensão
Aula 6: O caso estacioário em uma dimensãoAula 6: O caso estacioário em uma dimensão
Aula 6: O caso estacioário em uma dimensão
 
Apostila -cálculo_iv_-_equações_diferenciais_-_2010-2
Apostila  -cálculo_iv_-_equações_diferenciais_-_2010-2Apostila  -cálculo_iv_-_equações_diferenciais_-_2010-2
Apostila -cálculo_iv_-_equações_diferenciais_-_2010-2
 
Sdnotes
SdnotesSdnotes
Sdnotes
 
Aula 01
Aula 01Aula 01
Aula 01
 
Apostila 2 calculo i derivadas
Apostila 2 calculo i derivadasApostila 2 calculo i derivadas
Apostila 2 calculo i derivadas
 
Schrodinger.pdf
Schrodinger.pdfSchrodinger.pdf
Schrodinger.pdf
 
Vibracoes
VibracoesVibracoes
Vibracoes
 
Lista I
Lista ILista I
Lista I
 
Transformação linear
Transformação linearTransformação linear
Transformação linear
 
Lista 1 ed
Lista 1   edLista 1   ed
Lista 1 ed
 

Mais de 奈莫 里玛

Mais de 奈莫 里玛 (6)

12triin
12triin12triin
12triin
 
06 variavel-aleatoria
06 variavel-aleatoria06 variavel-aleatoria
06 variavel-aleatoria
 
04 probabilidade
04 probabilidade04 probabilidade
04 probabilidade
 
Apostila batidas de violao vol 2
Apostila batidas de violao   vol 2Apostila batidas de violao   vol 2
Apostila batidas de violao vol 2
 
Algebra kat
Algebra  katAlgebra  kat
Algebra kat
 
Aceleração normal e tangencial
Aceleração normal e tangencialAceleração normal e tangencial
Aceleração normal e tangencial
 

EDP linear Cauchy

  • 1. Equac~oes Diferenciais Parciais e o Teorema de Exist^encia e Unicidade para o Problema de Cauchy, caso linear Cristiane C. F. Cintra1y, Luciana B. Goecking2 1Discente do curso de Matematica Licenciatura da Universidade Federal de Alfenas. 2Docente do Instituto de Ci^encias Exatas da Universidade Federal de Alfenas. Resumo: Seja de R2 uma regi~ao aberta, I um intervalo aberto e a equac~ao linear de primeira ordem n~ao homog^enea em sua forma mais geral a(x; y)ux +b(x; y)uy = c(x; y) e a condic~ao ini-cial u((t); (t)) = f(t) em que a, b e c s~ao de classe C1 em que contem a curva suave = ((t); (t)); t 2 I, chamada curva inicial do problema. Este tipo de problema e chamado um Problema de Cauchy. Para resolvermos este problema de Cauchy sera de import^ancia fun-damental o conceito das curvas caracterstica da equac~ao, pois estas representam o ponto de partida na busca da soluc~ao para o problema.Tambem, veremos que a forma como as curvas ca-racter sticas intersectam a curva inicial ((t); (t)) dada determina se o problema tera soluc~ao unica, in
  • 2. nitas soluc~oes ou se a soluc~ao n~ao existe. Veremos o Teorema de Exist^encia e Unici-dade que nos da as condic~oes necessarias para a exist^encia e unicidade da soluc~ao do Problema de Cauchy mencionado. E importante observar que o Teorema de Exist^encia e Unicidade nos garante apenas resultados locais, ja que o comportamento das curvas caractersticas longe da curva inicial pode tornar-se demasiado complexo. Palavras-chave: Problema de valor inicial, mudanca de variaveis, curva caracterstica. Abstract: It of R2 is a open region, I an open interval and the linear equation of
  • 3. rst or-der non homogeneous in its most general form a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y) and the initial condition u((t); (t)) = f(t) that a, b and c are C1 class in that contains the smoth curve = ((t); (t)); t 2 I, initial curve of problem. This type of problem is called a Cauchy Pro-blem. To solve this Cauchy problem is fundamental the concept of characteristic curves of the equation, since these represent the starting point in the search for solution to the problem. Also, we will see that the way in which the characteristic curves intersect the initial curve ((t); (t)) given determines whether the problem will have unique solution, endless solutions or if the so-lution does not exist. We will see the Existence and Uniqueness Theorem that gives us the necessary conditions for the existence and uniqueness of solution of Cauchy Problem cited. It is important to note that the Existence and Uniqueness Theorem guarantees us just local results, since the behavior of the characteristic curves away from the initial curve can become to complex. Keywords: Initial value problem, variable changes, curve feature. yCorresponding author: cristiane.uai@oi.com.br. Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 4. Cintra e Goecking (2012) 45 Introduc~ao As Equac~oes Diferenciais Parciais (EDP's) s~ao utilizadas para descrever acontecimentos f- sicos, biologicos, entre outros. Da a grande relev^ancia de seu estudo. De acordo com Bassanezi e Junior (1988, p. 2) ...as Equac~oes Diferenciais talvez sejam o ramo da matematica que tenha maior proximidade e interac~oes com outras ci^encias. Muitos fen^omenos que ocorrem na otica, mec^anica, biologia, entre outros, podem ser mo-delados por Equac~oes Diferenciais Parciais. A Elasticidade e a Din^amica dos Fluidos, [...] tiveram seu desenvolvimento em comum com uma grande e boa parte da teoria matematica destas equac~oes. (BASSANEZI; JUNIOR, 1988, p. 469). A soluc~ao de inumeros problemas de import^ancia pratica e cient
  • 5. ca em Mec^anica do Meio Contnuo depende do desenvolvimento da teoria das EDP's. Considere a equac~ao linear de primeira ordem n~ao homog^enea a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y); (x; y) 2 u((t); (t)) = f(t); t 2 I em que R2 e um aberto, a; b; c 2 C1( ), I representa um intervalo aberto e = ((t); (t)) e uma parametrizac~ao de uma curva qualquer em , denominada Curva Inicial do problema. Este tipo de problema e chamado um Problema de Cauchy. O Problema de Cauchy e um problema classico dentro da teoria das Equac~oes Diferenciais. A. L. Cauchy (1789-1857) demonstrou rigorosamente pela primeira vez, e por tr^es metodos diferentes, a exist^encia de soluc~oes para uma vasta classe de Equac~oes Diferenciais que inclui essencialmente todos os modelos conhecidos. (BASSANEZI; JUNIOR, 1988, p. 9). Vamos ver como resolver problemas de Cauchy para equac~oes lineares de primeira ordem com duas variaveis independentes. Para isto, estudaremos o Teorema de Exist^encia e Unicidade para o caso linear para o Problema de Cauchy. Este teorema nos fornecera as condic~oes necessarias para que este problema tenha soluc~ao e para que esta seja unica. Conceitos Fundamentais Notac~oes Seja Rn um aberto e u : ! R uma func~ao diferenciavel. Se u = u(x1; :::; xn) e uma func~ao de varias variaveis, usaremos diferentes notac~oes para as derivadas parciais de u. Por exemplo, (i) @u @x1 ; ux1 ; @x1u ou D1u denota a derivada parcial de u em relac~ao a primeira variavel x1. (ii) @2u @x2@x1 ; ux1x2 ; @x2@x1u ou D2D1u denota a derivada de u primeiro em relac~ao a x1 e depois a x2. (iii) @2u @x2i ; uxixi ; @2 xiu ou D2 i u denota a derivada de segunda ordem de u com relac~ao a mesma variavel xi. Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 6. Cintra e Goecking (2012) 46 Equac~ao Diferencial Parcial Uma Equac~ao Diferencial Parcial (EDP) e uma equac~ao que envolve variaveis independentes x1; x2; :::; xn e derivadas parciais de uma func~ao (variavel dependente) u = u(x1; x2; :::; xn). Uma EDP em n variaveis independentes x1; :::; xn e uma equac~ao da forma F x1; :::; xn; u; @u @xi ; @2u @xi@xj ; :::; @mu @xi1:::@xim = 0 (1) em que x = (x1; ::; xn) 2 , que representa um subconjunto aberto de Rn, u : ! R e uma func~ao com derivadas parciais de ordem m. Obs.: Um subconjunto de Rn e aberto se, dado qualquer x0 2 , existe uma bola aberta de raio r 0 centrada em x0 inteiramente contida em . Exemplos de EDP's: 1) ut = uxxx + uux 2) xux yuy = sen(xy) 3) (ux)2 x2 + ut = 0 Classi
  • 7. cac~ao de uma EDP Uma EDP pode ser classi
  • 8. cada segundo sua ordem e linearidade. A ordem de uma EDP e dada pela sua derivada parcial de maior ordem. Dizemos que a EDP (1) e linear se F e linear em relac~ao a u e a todas as suas derivadas parciais; caso contrario a EDP e dita n~ao linear. O exemplo 1) e uma EDP linear de terceira ordem, no exemplo 2), temos uma EDP linear de primeira ordem e no exemplo 3), a EDP e n~ao linear de primeira ordem. Uma EDP linear de primeira ordem possui a forma geral Xn j=1 aj(x)Dju + b(x)u + c(x) = 0; (2) em que algum dos coe
  • 9. cientes aj n~ao e identicamente nulo. Ja no caso de equac~oes de segunda ordem, a forma mais geral de uma EDP linear e Xn i;j=1 aij(x)DiDju + Xn j=1 bj(x)Dju + c(x)u + d(x) = 0; (3) em que algum dos coe
  • 10. cientes aij n~ao e identicamente nulo. Caso a EDP possua duas variaveis independentes x; y, as equac~oes (2) e (3) podem ser reescritas, respectivamente, A(x; y)ux + B(x; y)uy + C(x; y)u + D(x; y) = 0; (4) A(x; y)uxx + 2B(x; y)uxy + C(x; y)uyy + D(x; y)ux + E(x; y)uy + F(x; y)u + G(x; y) = 0: (5) Obs.: A equac~ao (5) n~ao contem o termo com uyx, pois procuramos soluc~oes u que s~ao duas vezes continuamente diferenciaveis na regi~ao de interesse e, para tais func~oes, uxy = uyx. Uma EDP linear e dita homog^enea se o termo que n~ao contem a variavel dependente e identicamente nulo. O exemplo 1) e de uma EDP linear homog^enea e no exemplo 2) temos uma EDP linear n~ao homog^enea. As equac~oes (4) e (5) se tornam homog^eneas quando as func~oes D(x; y) e G(x; y) s~ao res-pectivamente iguais a zero. Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 11. Cintra e Goecking (2012) 47 Tr^es EDP's importantes 1) A equac~ao de Laplace, @2u @x2 + @2u @y2 = 0; e uma equac~ao linear de segunda ordem homog^enea. 2) Uma outra equac~ao importante e a equac~ao unidimensional de calor @u @t = 2 @2u @x2 ; onde u = u(x; t), x 2 R, t 0 e 2 e uma constante. E uma equac~ao de segunda ordem, linear e homog^enea. 3) A equac~ao unidimensional de onda @2u @t2 = c2 @2u @x2 : e tambem linear, homog^enea e de segunda ordem. Obs.: O termo unidimensional faz refer^encia ao fato de x ter dimens~ao espacial 1, enquanto t representa o tempo. O Operador Diferencial Parcial L Consideremos uma EDP de primeira ou segunda ordem com n variaveis independentes x1; :::; xn. Considerando uma equac~ao do tipo Xn i;j=1 aij(x)DiDju + Xn j=1 bj(x)Dju + c(x)u + d(x) = 0: (6) Denotaremos por k a ordem da equac~ao, k = 1 ou k = 2. Note que se k = 1, ent~ao aij 0 quaisquer que sejam i; j 2 f1; :::; ng e existe j; 1 j n, tal que bj6 0. Podemos colocar a equac~ao (6) na forma Lu = f; (7) em que f(x) = d(x) e (Lu)(x) = Xn i;j=1 aij(x)DiDju(x) + Xn j=1 bj(x)Dju(x) + c(x)u(x): (8) A cada func~ao u corresponde uma unica func~ao Lu. Assim, de
  • 12. nimos o operador ou trans-forma c~ao L. Considere um subconjunto aberto de Rn, onde as func~oes aij ; bj e c, 1 i; j n; s~ao contnuas em e tomam valores reais. De
  • 13. nimos, ent~ao L : Ck( ) ! C( ) (9) u7! Lu onde Lu e dado pela formula (8) e Ck( ) e o conjunto das func~oes u : 7! R que s~ao k vezes continuamente diferenciaveis. O operador L representa um exemplo de um operador diferencial parcial. Como a equac~ao (6) e linear, temos que o operador L de
  • 14. nido por (8) e um operador linear, isto e, L leva a func~ao identicamente nula nela mesmo e L(u + v) = Lu + Lv (10) para quaisquer u; v no domnio de L e qualquer escalar 2 R. Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 15. Cintra e Goecking (2012) 48 Curvas Caractersticas A seguir, vamos de
  • 16. nir o conceito de Curvas Caractersticas, ja que estas desempenham importante papel na obtenc~ao da soluc~ao para o Problema de Cauchy. Para isso, introduzimos o conceito do Metodo das Caractersticas cuja ideia principal para resolver equac~oes de primeira ordem consiste em obter curvas ao longo das quais a EDP se reduz a um sistema de EDO's que s~ao as curvas caractersticas da equac~ao. Em seguida, a EDO obtida e integrada ao longo das curvas caractersticas para se obter a soluc~ao. Podemos dizer que ao longo das curvas caractersticas, a EDP se comporta como uma derivada total que, provavelmente, pode ser integrada. Vamos a um exemplo simples para entendimento do conceito e de como obter as curvas caractersticas. Considere a equac~ao: ut + c(x; t)ux = 0 em R2 () Se (x(t); t) e uma curva arbitraria do plano xt, a derivada de u ao longo desta curva e dada por d dt u(x(t); t) = ut(x(t); t) + x0(t)ux(x(t); t) Por () temos que du dt = 0 ao longo das curvas em que x0(t) = c(x; t). Donde podemos concluir que u e constante ao longo das curvas x0(t) = c(x; t), ou seja, a EDP () foi reduzida a EDO u0 = 0 ao longo de curvas caractersticas da equac~ao que s~ao as curvas (x(t); t) que satisfazem a EDO x0(t) = c(x; t). Para obter a soluc~ao para o problema, basta integrar a EDO ao longo dessas curvas carac-ter sticas. Da segue a de
  • 18. nic~ao: As curvas caractersticas da equac~ao ut + c(x; t)ux = 0 s~ao as curvas soluc~oes da EDO x0(t) = c(x; t). Considerando agora o problema a(x; y)ux + b(x; y)uy = 0; (x; y) 2 u((t); (t)) = f(t); t 2 I; temos a de
  • 20. nic~ao: Seja um aberto de R2. As curvas caractersticas da equac~ao linear homog^enea de primeira ordem a(x; y)ux + b(x; y)uy = 0 com a; b 2 C1( ) s~ao as curvas C(s) = ((s);
  • 21. (s)), soluc~oes do sistema de EDO's 0(s) = a((s);
  • 22. (s))
  • 24. (s)) Exemplo: Usando o metodo das caractersticas encontre a soluc~ao para o problema n~ao ho-mog^ eneo 3ux 4uy = x2; (x; y) 2 R2 u t; 3 4 t = t3 9 ; t 2 R Primeiramente, vamos encontrar as curvas caractersticas da equac~ao homog^enea correspondente 3ux 4uy = 0. Temos que 0(s) = 3 Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 25. Cintra e Goecking (2012) 49
  • 26. 0(s) = 4 Deste sistema de EDO's, vemos que as curvas caractersticas s~ao as retas (s) = 3s + x0
  • 27. (s) = 4s + y0 Denotando por (t) = ((t); (t)) = (t; 3 4 t) a curva inicial dada, vemos que os vetores (0(t); 0(t)) e (a((t); (t)); b((t); (t))) s~ao Linearmente Independentes, para todo t 2 R, o que signi
  • 28. ca que uma unica curva caracterstica passa pelo ponto ((t); (t)). Ent~ao, podemos cobrir uma vizinhanca da curva com essas curvas caractersticas e fazer as mudancas de variaveis de (x; y) para (s; t), t 2 I, de modo que tenhamos (s) = x(s; t)
  • 29. (s) = y(s; t) tomando como pontos iniciais para estas retas caractersticas os pontos ao longo da reta inicial y = 3 4 t dada no problema, temos x(s) = 3s + t y(s) = 4s + 3 4 t Integrando d ds u(x(s); y(s)) = uxx0(s) + uyy0(s) = x2 = (3s + t)2 de 0 ate s, obtemos u(x(s); y(s)) u(x(0); y(0)) = (3s + t)3 9 t3 9 u(x(s); y(s)) = (3s + t)3 9 t3 9 + u(x(0); y(0)) = x3(s) 9 t3 9 + t3 9 = x3(s) 9 Portanto, a soluc~ao para o problema e x3 9 : O Problema de Cauchy Nesta sec~ao, estudaremos equac~oes lineares de primeira ordem. Primeiramente sera mostrado o estudo de problemas de Cauchy para equac~oes lineares sem depend^encia explcita na variavel dependente. Depois, discutiremos o caso geral de soluc~oes de equac~oes lineares. O Problema de Cauchy Estamos estudando o problema de Cauchy para a EDP linear da forma a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y); (11) em que a incognita u aparece apenas na parte principal de (11). Existe uma relac~ao entre a curva inicial e a regi~ao aberta R2, onde queremos que exista soluc~ao e que ela seja unica: deve ser coberta por caractersticas planas que intersectam em apenas um ponto. Parametrizando por ((t); (t)), t 2 I, nosso problema
  • 30. ca: a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y); (12) u((t); (t)) = f(t); t 2 I; R2 em que e um aberto que contem : Hipoteses sobre este Problema de Cauchy: Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 31. Cintra e Goecking (2012) 50 (i) e uma curva suave. (ii) f 2 C1(I) (iii) a; b; c 2 C1( ) e a e b n~ao se anulam simultaneamente em . Para garantir a exist^encia e unicidade do problema (12) precisamos: Achar as curvas caractersticas planas de (12). Garantir que as curvas caractersticas intersectam a curva inicial em um unico ponto. Fazer algumas mudancas de variaveis que transformem o problema (12) em um problema de valor inicial para uma EDO de primeira ordem que, pode ent~ao, ser resolvida com as tecnicas de resoluc~ao para EDO's. Para resolver o problema (12) devemos, primeiramente, achar as curvas caractersticas planas da equac~ao (11). Se C e uma curva caracterstica plana parametrizada por ((s);
  • 32. (s)), ent~ao a derivada total de u ao longo se C e d ds [u((s);
  • 36. (s)); (13) e a EDP (11) ao longo de C
  • 42. (s)): (14) Logo, para que o lado esquerdo da equac~ao (14) seja igual a qualquer uma das express~oes em (13), e preciso que, exista um numero real (s)6= 0, para cada s, tal que 0(s) = a((s);
  • 45. (s))(s); Assim, a equac~ao
  • 46. ca d ds [u((s);
  • 48. (s)): (16) As condic~oes (15) signi
  • 49. cam que o vetor tangente curva C no ponto ((s);
  • 50. (s)) e para-lelo ao vetor (a((s);
  • 52. (s))). E com uma reparametrizac~ao conveniente as curvas caractersticas planas de (11) satisfazem 0(s) = a((s);
  • 55. (s)): que e um sistema de EDO's de in
  • 56. nitas soluc~oes. Dado (x0; y0) 2 e dado um par de condic~oes iniciais, o sistema (17) se torna 0(s) = a((s);
  • 60. (s0) = y0: O Teorema de Picard para EDO's garante soluc~ao unica para (18). A soluc~ao e obtida integrando-se ao longo das curvas caractersticas planas encontradas em (17). A exist^encia e unicidade do problema (12) depende de como as caractersticas encontradas acima intersectam a curva inicial . Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 61. Cintra e Goecking (2012) 51 Se nunca e tangente as curvas caractersticas planas, ou seja, se os vetores (;(t); ;(t)) e (a((t); (t)); b((t); (t))) nunca s~ao paralelos, isso garante uma unica curva caracterstica passando pelo ponto ((t); (t)), que e a soluc~ao de (18). Se uma unica caracterstica intersecta no ponto ((t); (t)), podemos cobrir uma vizinhanca da curva em exatamente um ponto. Isso nos permite fazer uma mudanca de variavel de (x; y) para (s; t). Denotando a curva caracterstica ((s);
  • 62. (s)) por (x(s; t); y(s; t)), reescrevemos (18): xs(s; t) = a(x(s; t); y(s; t)); (19) ys(s; t) = b(x(s; t); y(s; t)); x(0; t) = (t); y(0; t) = (t) alem disso, como os vetores (0(t); 0(t)) e (a((t); (t)); b((t); (t))) s~ao linearmente independentes, a mudanca de variavel sera (s; t) = u(x; y); (20) obtemos, pela regra da cadeia, @ @s (s; t) = @u @x (x(s; t); y(s; t)) @x @s + @u @y (x(s; t); y(s; t)) @y @s = = a(x(s; t); y(s; t)) @u @x (x(s; t); y(s; t)) + b(x(s; t); y(s; t)) @u @y (x(s; t); y(s; t)): (21) Substituindo a EDP (11) em (21), obtemos s = c(x(s; t); y(s; t)): Alem disso, a condic~ao inicial do problema (12)
  • 63. ca (0; t) = f(t); t 2 I; Ent~ao, o problema que satisfaz e s = c(x(s; t); y(s; t)); (22) (0; t) = f(t); t 2 I: Para cada t 2 I
  • 64. xo, o problema (22) e um problema de valor inicial para uma EDO de primeira ordem, cuja soluc~ao e obtida integrando diretamente de 0 a s. Assim, obtemos (s; t) = Z s 0 s(; t)d + (0; t) = Z s 0 c(x(; t); y(; t))d + f(t) (23) Logo, a soluc~ao no ponto (x0; y0) = (x(s0; t0); y(s0; t0)) e obtida integrando a EDP ao longo da caracterstica plana que passa por (x0; y0) de s = 0 ate s = s0. Como
  • 65. zemos uma mudanca de variavel, para voltar para u, dado (x0; y0), seja t0 = t(x0; y0) e s0 = s(x0; y0), ou seja, x0 = x(s0; t0) e y0 = y(s0; t0); substituindo (20) em (23), obtemos u(x0; y0) = f(t0) + Z s0 0 c(x(s; t0); y(s; t0))ds: (24) Se u e soluc~ao de (12), ent~ao u satisfaz (24), que por sua vez, e soluc~ao de (12), logo a soluc~ao e unica. Assim, acabamos de provar o teorema a seguir. Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 66. Cintra e Goecking (2012) 52 Teorema de Exist^encia e Unicidade Sejam R2 aberto, I R um intervalo aberto, uma curva suave em parametrizada
  • 67.
  • 68.
  • 69.
  • 70. por (t) = ((t); (t)), t 2 I, f 2 C1(I) e a; b; c 2 C1( ). Suponha que a(x; y)2 + b(x; y)26= 0, 8(x; y) 2 , e a(((t); (t)) b((t); (t)) ;(t) ;(t)
  • 71.
  • 72.
  • 73.
  • 74. 6= 0; 8t 2 I: Ent~ao o problema (12) tem uma unica soluc~ao de classe C1 em uma vizinhanca da curva em dada por (24). Obs.: Normalmente e mais facil achar as curvas caractersticas planas diretamente e integrar ao longo dessas curvas do que utilizar a formula (24). Exemplo: ux 3uy = sen(x) + cos(y) (25) u(t; t) = p(t); com t 2 R e p uma func~ao dada. Primeiramente, vamos encontrar as curvas caractersticas planas para a EDP em (25). Pro-curamos, ent~ao, curvas s7! ((s);
  • 76. 0(s) = 3 Assim, obtemos (s) = s + c ) x = s + c
  • 77. (s) = 3s + c ) y = 3s + c Portanto, as curvas caractersticas planas para a EDP em (25) s~ao as retas y = 3x + c. Como a curva inicial e a reta y = x, ela intersecta cada caracterstica plana em exatamente um ponto. Estamos, portanto, nas condic~oes do Teorema de Exist^encia e Unicidade. Dado qualquer ponto (x1; y1) 2 R2, ele esta na reta y = 3x + c onde c = y1 + 3x1, e esta reta intersecta a curva inicial no ponto (x0; y0) onde x0 = y1 + 3x1 4 Parametrizando ent~ao a reta por s7! (s;3s + c), obtemos: u(x; y) u(x0; y0) = Z x y1+3x1 4 (sen(s) + cos(3s + c)) ds ) u(x; y) = Z x y1+3x1 4 (sen(s) + cos(3s + c))ds + p(x0) Com as tecnicas de resoluc~ao de integrais, chegamos a seguinte soluc~ao: u(x; y) = cos(x) + cos y + 3x 4 1 3 sen(y) sen y + 3x 4 + p y + 3x 4 : Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 78. Cintra e Goecking (2012) 53 Soluc~ao Geral Agora, a func~ao incognita u n~ao aparece apenas na parte principal da equac~ao a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y) Considere o operador diferencial linear de primeira ordem L = a(x; y) @ @x + b(x; y) @ @y + c(x; y) isto e, Lu = a(x; y)ux + b(x; y)uy + c(x; y)u e vamos estudar a equac~ao Lu = d(x; y) (26) com a; b; c; d constantes e pertencentes a C( ): Para resolver a equac~ao (26), vamos procurar uma mudanca de variavel (s; t) que transforme esta EDP em uma equac~ao onde so apareca a derivada em relac~ao a uma das variaveis (no caso, s). Assim, poderemos resolver a equac~ao como se fosse uma EDO,
  • 79. xando a outra variavel. Vamos procurar a soluc~ao geral da equac~ao: ax + by + c = d (27) onde a; b; c; d 2 R e a2 + b26= 0. Vamos fazer a mudanca de variavel s = s(x; y); t = t(x; y), com t constante ao longo das caractersticas planas, de modo que a equac~ao (27)
  • 80. que em uma forma mais simples. Assim, as caractersticas planas para a equac~ao acima satisfazem x0(s) = a ) x(s) = as + c1 y0(s) = b ) y(s) = bs + c2 Portanto, as curvas caractersticas planas para a EDP em (27) s~ao as retas ay bx = k1, k1 constante e as retas ortogonais a estas s~ao as retas by +ax = k2, k2 constante. Tomando t = k1 e s = k2, obtemos: s = ax + by (28) t = bx + ay Isolando x e y em (28), obtemos: x = as bt a2 + b2 y = bs + at a2 + b2 e xs = a a2 + b2 ys = b a2 + b2 Com a mudanca de variavel w(s; t) = (x; y), temos: @w @s (s; t) = xxs + yys (29) Substituindo os valores de xs e ys em (29), a equac~ao (27)
  • 81. ca (a2 + b2)ws + cw = d: (30) Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 82. Cintra e Goecking (2012) 54 Para cada t
  • 83. xo, a equac~ao (30) e uma EDO de primeria ordem com fator integrante 1 a2 + b2 exp cs a2 + b2 ; (31) multiplicando (30) por (31), obtemos, @ @s w exp cs a2 + b2 = d a2 + b2 exp cs a2 + b2 : Se c6= 0, a soluc~ao geral de (30) e w(s; t) = d c + f(t) exp cs a2 + b2 e a soluc~ao geral de (27) e (x; y) = d c + f(bx + ay) exp : c a2 + b2 (ax + by) Agora, se c = 0, a soluc~ao geral de (30) e w(s; t) = d a2 + b2 s + f(t) e a soluc~ao geral de (27) e (x; y) = d a2 + b2 (ax + by) + f(bx + ay) onde f 2 C1(R) e arbitraria. Discuss~ao dos Resultados Nesta sec~ao, ser~ao discutidas situac~oes nas quais o Teorema de Exist^encia e Unicidade n~ao e valido para Problemas de Cauchy. Voltando ao problema (12) a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y); u((t); (t)) = f(t); t 2 I; (i) Veremos o que acontece se a curva inicial e uma curva caracterstica plana. Para tanto, primeiramente de
  • 84. niremos o que e uma curva caracterstica espacial e o que e a superfcie soluc~ao. Uma curva caracterstica para o problema (12) e uma curva suave s7! ((s);
  • 85. (s); (s)) 2 R3 que tem tangente no ponto ((s);
  • 86. (s); (s)) paralela ao vetor (a((s);
  • 90. ; satisfazem 0(s) = a((s);
  • 91. (s));
  • 93. (s)); 0(s) = c((s);
  • 94. (s)): Quando a curva inicial n~ao e tangente as curvas caractersticas planas, a superfcie soluc~ao e gerada pela curva : t 2 I7! ((t); (t); f(t)) e pelas curvas caractersticas em R3 que intersectam . Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 95. Cintra e Goecking (2012) 55 Suponha que e uma caracterstica plana. Discutiremos o caso em que e uma caracterstica e o caso em que n~ao e caracterstica. Discutiremos primeiro o caso em que e uma curva caracterstica para a EDP (12). Seja uma curva plana qualquer que nunca e tangente as caractersticas planas e que intersecta no ponto ((s0); (s0)), seja t7! (p(t); q(t)) uma parametrizac~ao de com (p(0); q(0)) = ((s0); (s0)) (32) e seja r uma func~ao arbitraria de classe C1 satisfazendo r(0) = f(s0): (33) Como ja vimos, o problema a(x; y)ux + b(x; y)uy = c(x; y) (34) u(p(t); q(t)) = r(t) tem uma unica soluc~ao u em uma vizinhanca de ; alem disso, a superfcie soluc~ao contem a curva : t7! (p(t); q(t); r(t)) e contem todas as caractersticas da EDP que intersectam . Em particular, a superfcie soluc~ao contem pois (p(o); q(0); r(0)) = ((s0); (s0); f(s0)) 2 por (32) e (33). Portanto u e soluc~ao de (12). O problema tem in
  • 96. nitas soluc~oes, pois existem uma in
  • 97. nidade de escolhas possveis para a curva e para a func~ao r. Veremos, agora, o caso em que n~ao e uma caracterstica para (12). Suponha, por absurdo, que o problema (12) tem soluc~ao nesse caso: se u e soluc~ao, qualquer que seja t 2 I, derivando a condic~ao inicial obtemos 0(t)ux((t); (t)) + 0(t)uy((t); (t)) = f0(t); (35) por outro lado, a EDP (12) no ponto ((t); (t))
  • 98. ca a((t); (t))ux((t); (t)) + b((t); (t))uy((t); (t)) = c((t); (t)); (36) comparando (35) e (36) e usando o fato que os vetores (0(t); 0(t)) e a((t); (t)); b((t); (t)) s~ao paralelos (pois e caracterstica plana), obtemos que os vetores em R3 (0(t); 0(t)) e (a((t); (t)); b((t); (t)); c((t); (t))) tambem s~ao paralelos, isto e, e uma caracterstica, o que contradiz a hipotese. Portanto, o problema (12) n~ao tem soluc~ao neste caso. (ii)Veremos agora o que acontece quando e tangente curva caracterstica plana. Vamos resolver o problema: ux(x; y) = x2 (37) u(x; x3) = f(x); x 2 R: Neste caso, as caractersticas planas s~ao as retas y = c; c 2 R, e, embora a curva inicial : t 2 R7! (t; t3) seja tangente reta y = 0 em t = 0, cada caracterstica plana intercepta em apenas um ponto. Ent~ao, para obter a soluc~ao, podemos integrar ao longo das curvas caractersticas planas: u(x; y) = Z x 3 p y t2dt + f(x) = x3 3 y 3 + f(x): Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.
  • 99. Cintra e Goecking (2012) 56 Mesmo no caso em que cada caracterstica plana intersecta em exatamente um ponto, pode ocorrer que a mudanca de variavel (s; t)7! (x; y) n~ao seja mais diferenciavel e, portanto, a soluc~ao encontrada integrando ao longo das caractersticas n~ao e de classe C1. Modi
  • 100. cando o problema (37): ux = 1 u(x; x3) = f(x); x 2 R; A soluc~ao e u(x; y) = Z x 3 p y dt + f(x) = x 3 p y + f(x): Note que as caractersticas planas s~ao as mesmas, mas essa soluc~ao n~ao e diferenciavel em y = 0. Refer^encias BASSANEZI, R. C.; JUNIOR, W. C. F. Equac~oes Diferenciais com Aplicac~oes. S~ao Paulo: Ed. Harbra Ltda., 1988. BIEZUNER, R. J. Introduc~ao as Equac~oes Diferenciais Parciais. Notas de aula. Disponvel em: http://www.mat.ufmg.br/~rodney/notas_de_aula/iedp.pdf. Acesso em: 05 out 2012. CULLEN, M. R.; ZILL, D.G. Equac~oes Diferenciais. Vol. 2, 3. ed., S~ao Paulo: Ed. Pearson, 2001. FERREIRA, A.P. Problema de Cauchy para Equac~oes Diferenciais Ordinarias. In: XI Encontro Anual de Iniciac~ao Cient
  • 101. ca, Maringa, PR: Universidade Estadual de Maringa, 2002. I ORIO, V. EDP - Um curso de Graduac~ao. Colec~ao Matematica Universitaria, 2.ed.,Rio de Janeiro: IMPA, 2007. Sigmae, Alfenas, v.1, n.1, p. 44-56. 2012.