1. Ana Paula Vedoato Torres
ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO
As narrativas contidas no novo testamento também comunicam um significado
moral e ético, pois as pessoas quando ouvem a história se veem no personagem e
acabam tendo que fazer a escolha entre o bem e o mal.
Desta forma, o ouvinte grava rapidamente a história, pois ela exerce um efeito
hipnótico. A narrativa, de maneira simples, induz o leitor a escolher um lado. Um exemplo
está na pregação de Jesus, que induz o leitor a escolher um lado: arrepender-se e crer
no Evangelho ou não crer.
O Evangelho de Marcos inicia mostrando que Jesus é o Filho de Deus, aquele da
qual Isaías cita nas escrituras. Apesar do Reino de Deus não ser muito enfático no antigo
testamento, ele está subentendido nos livros. O anúncio do Reino de Deus se torna
presente na vinda de Cristo, pois o reinado escatológico de Deus prometido no antigo
testamento já está fazendo sua aparição.
Mas como identificar que o Reino de Deus é chegado? Primeiro, nas ações
poderosas de Jesus, depois das parábolas encontradas no capítulo quatro, onde Jesus
explica que o Reino de Deus já se faz presente de maneira oculta para os que creem.
Divide-se, pois, o universo moral do Evangelho de Marcos, entre os que estão
dentro e os que estão fora. O primeiro grupo é composto dos que creem em Jesus, que
creem na proclamação que Jesus faz do seu reinado e o segundo não crê.
Torna-se claro que a pregação de Jesus do Reino de Deus, como se apresenta
em Marcos, tem muitas dimensões. Em continuidade com conceito do antigo testamento
da realeza de Deus, refere-se ao governo dinâmico e salvífico de Deus sobre a criação
e a história.
Mas o aspecto distintivo da pregação de Jesus é a dimensão presente do Reino:
o governo de Deus já faz sua aparição. O desfio moral está em arrepender-se e crer
porque o reinado oculto está presente.
O anúncio de que está a mão o reinado de Deus exige uma resposta dos que
ouvem o Evangelho. Eles devem ter fé para se arrepender, e estes dois elementos não
2. podem se separar. Arrependimento consiste em deixar para trás o modo de vida para
abraçar outro.
Todavia, vemos como o exemplo dos discípulos nos mostra a nossa realidade.
Seu arrependimento não é completo, pois eles podem ser covardes, destituídos de
compreensão, interessados em status sociais, e etc mas a resposta inicial que eles dão
proporciona um paradigma para entender o que se envolve no arrependimento:
rompimento com passado para abraçar o reinado de Deus, que contradiz muitas vezes
os valores e padrões deste mundo. Os discípulos são desafiados a adotarem essa nova
forma de avaliar o que é bom e importante.
Dentro do Evangelho de Marcos, o chamado ao arrependimento significa alinhar
o próprio ponto de vista como ponto de vista de Deus. Adotar o ponto de vista de Deus
resulta em viver sob seu reinado.
Outro aspecto além do arrependimento é a fé, que está intimamente relacionada
com a pessoa de Jesus. Assim, os que creem nessa boa nova veem e entendem que os
atos de poder de Jesus são manifestações do reinado de Deus.
O autor aborda ainda aspectos como o que é ser puro impuro, divórcio e posses,
e as controvérsias em Jerusalém e faz sua análise da ética em cada assunto.
Portanto, Jesus define sua família como está vontade de Deus, através do
arrependimento e da fé no Evangelho. O Evangelho de Marcos também proporciona a
seus leitores poderosos motivos para fazer A vontade de Deus: a esperança de
recompensa e o temor do castigo.
A conduta de Jesus também nos ensina, pois Jesus é uma pessoa que retém os
mandamentos de Deus e conclama seus discípulos a observarem a vontade original de
Deus tal como se expressa na Escritura.
O desejo de Jesus de fazer a vontade de Deus se expressa de forma clara
quando ele instruir os discípulos acerca de sua sorte como o Filho do Homem, pois ele
deveria sofrer, ser rejeitado pelos anciãos e pelos sumos sacerdotes e ainda ser
entregue nas mãos de pecadores, que o matariam. Isso tudo para cumprir com a vontade
de Deus: proclamar a boa nova do reinado de Deus, sofrer, ser rejeitado, morrer e
ressuscitar os mortos.